Sem Barganhas com Deus

Page 186

Além disso, a Reforma ainda foi um movimento de dis-secação da verdade do ponto de vista da observação da Escritura conforme o método grego!371

Daí seu principal legado ter sido de natureza doutrinária e não uma espiritualidade que também remetesse para a dimensão mística e transcendente da fé. Ainda eram almas religiosas, doutas, impactadas pela Graça, porém, condicionadas a perceber a Verdade como algo cartesianamente sistematizável. 372 371

Para os gregos a razão era o espírito, portanto, tudo o que daí procede já nasce fechado nos limites da Razão. Assim, a fé proposta pelo Evangelho lhes ser, filo-sófica-mente, loucura! Loucura maior, todavia, foi entregar a Escritura para que ela fosse sistematizada a partir da Razão grega, que gera seres vocacionados para viver num aquário, afinal, a Razão precisa de si mesma para ser e ter razão, criando, assim, o sistema. Então crê-se que é possível “estudar Deus”. 372 Assim, o Inexplicáve-Inegociável vira Dogma. Se a importância do Dogma não for vista como essencial, então surgem as doutrinas, cada uma delas conforme a imagem e semelhança do pressuposto filosófico-hermenêutico que as pré-condicionou. O pressuposto filosófico-hermenêutico surge, assim, como uma espécie de genoma teo-lógico do sistema, que, como sistema, uma vez fechado como pacote lógico, equivale ao código genético do ser em formação. A Ética deve ser sua formação e a Moral deve designar seu corpo visível, sendo o equivalente físico-sensorial da Estética, que na religião é o Comportamento, conforme o código geno-teo-lógico que define o ser que nasce no berço das Institutas da Religião, não importando em que “família” ele se enxergue na Árvore Genealógica conforme o seu DNA doutrinário, que não precisa ser calvinista, pois, as faces são diferentes, mas o sistema, da concepção ao nascimento, obedece à mesma cadeia sistemática do método filosófico-teológico de in-seminação inventado pelos gregos. Ou seja, tem a ver, no nível da vivência religiosa institucional, com aquilo que chamamos de “Igreja” ou até mesmo de “Corpo de Cristo”, mas que, de fato, é apenas o reconhecimento de pertencimento, em afinidade com o DNA Dogmático, Teológico, Doutrinário, Ético, Moral, Estético e Sócio-Cultural de Algo nascido não na Manjedoura de Belém, nem na Alemanha de Lutero, nem tampouco na Genebra, de Calvino, porém, no laboratório do Doutor Aristóteles, na Antiga Grécia! E que teve no Cristianismo Constantiniano a sua ama-seca!

186


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.