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Cadernos MARISTAS
Ele não diz quase nada dos Estados Gerais e da tomada da Bastilha (maio – 14 de julho de 1789). Por outro lado, ele relata o Grande Medo que atingiu Lavalla na tarde de 28 de julho: os sinos dão o sinal de alarme; os mais corajosos se organizam em tropa armada, outros se escondem ou ocultam seus bens; as mulheres se reúnem em grupo para orar. O caso termina em tragicomédia: a tropa armada desce a Saint Chamond onde é aclamada e tranquilizada. Bebe-se e discute-se (cap. 1). Mas agora “cada cidade e povoado se protegem montando guarda alternadamente e fazendo patrulha” (cap. I). A Revolução instaura intensa vida política no povoado: o primeiro administrador do município que Barge leia, os numerosos decretos da Assembleia Nacional, no final da missa dominical. Em 28 de fevereiro de 1790 realizam-se na igreja as primeiras eleições municipais: isso ocasiona um tumulto, pois os habitantes da parte baixa do município, voltados para Saint Chamond, têm seu candidato, e aqueles da parte alta, cujo centro é Saint Etienne, têm o seu. Finalmente a parte alta do município ganha: o prefeito Pierre Tardy é do Bessat. Com ele são eleitos cinco conselheiros municipais. Barge é nomeado secretário. O colapso da velha ordem libera poderosas tendências anárquicas: como já dissemos, a esplêndida flo-
resta de Lavalla é devastada por exploradores sem direitos, que não hesitam em cometer atos violentos, quando se quer reprimi-los. Quantos aos bens de valor e os bens eclesiásticos, são vendidos. Mas em Lavalla são preservados os prados da paróquia e da fábrica, talvez por respeito para com a Igreja, mas especialmente porque são considerados como bens municipais.
2.2. A divisão religiosa Barge dedica uma grande parte à Constituição Civil do Clero. O pároco Gaumond e o vigário Robin se recusam a prestar o juramento e a reconhecer a legitimidade do arcebispo constitucional de Lião, Lamourette. É a ocasião de uma violenta discussão entre o pároco e Barge que, do partido da Revolução, parece bastante isolado (cap. VII). Em agosto de 1791, Jean-Marie Berne, seminarista, parte para ser ordenado no exterior pelo arcebispo de Lião, exilado, Dom de Marbeuf. Em 2 de outubro de 1791 celebra publicamente a missa em Lavalla, o que é tido como provocação e inquieta a municipalidade . Mas a autoridade do pároco parece sempre preponderante, e Barge o acusa de querer demiti-lo de seu posto.
2.4. Barge decepcionado pela revolução Em abril de 1792, começa a guerra entre a Europa e a França revolucionária e surge o problema dos
9 J. B. Galley, Saint Etienne pendant la Révolution, t. 2, St Etienne, 1906, p. 690. Sobre uma lista de 28 padres refratários: “Berne, dito Balaire, de la Valla, vigário de Graix”.
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I. As desordens da revolução e do império