Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 8

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da Meia-Noite

Mateus 25.6

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AGOSTO DE 2006 • Ano 37 • Nº 8 • R$ 3,50



Chamada da Meia-Noite Publicação mensal Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Preços (em R$): Assinatura anual ................................... 31,50 - semestral ............................ 19,00 Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 28.00 Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf

Índice Prezados Amigos

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A Última Porta a Caminho do Arrebatamento

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O Movimento Ecumênico no Contexto das Esperanças Para o Futuro

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Do Nosso Campo Visual

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Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial Edições Internacionais A revista “Chamada da Meia-Noite” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, italiano, holandês, francês, coreano, húngaro e cingalês.

• O Campeão do Mundo - 15

As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. “Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6). A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é uma missão sem fins lucrativos, com o objetivo de anunciar a Bíblia inteira como infalível e eterna Palavra de Deus escrita, inspirada pelo Espírito Santo, sendo o guia seguro para a fé e conduta do cristão. A finalidade da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é: 1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares; 2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo; 3. preparar cristãos para Sua segunda vinda; 4. manter a fé e advertir a respeito de falsas doutrinas Todas as atividades da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” são mantidas através de ofertas voluntárias dos que desejam ter parte neste ministério.

Aconselhamento Bíblico • O que é o “sinal” do Senhor Jesus

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Nos primeiros dias de junho participei da Conferência de Aconselhamento Bíblico realizada pela Organização Palavra da Vida em Atibaia (SP). Além da animada e abençoada comunhão com nosso genro Cláudio e nossa filha Beate e com os numerosos congressistas vindos de todo o país, me alegrei imensamente com a orientação claramente bíblica das palestras dos preletores americanos. Eles não se cansaram de reafirmar a plena suficiência da Palavra de Deus no aconselhamento espiritual. E se o aconselhamento é bíblico, então de forma alguma pode haver uma mistura entre a Bíblia e a psicoterapia. Há muitos anos também cheguei a pensar que deveria me informar mais sobre as modernas técnicas de aconselhamento e comprei alguns livros, aliás difíceis de entender. Com o passar do tempo continuei a me defrontar com o assunto. Realmente, as vozes em favor da psicoterapia foram se tornando cada vez mais fortes. E no meio de todas essas manifestações de apoio à psicoterapia, alguns cristãos destemidos tiveram a coragem de nadar contra a correnteza e levantaram suas vozes para proclamar que a Palavra de Deus é suficiente para nossa cura espiritual. Será que foi preciso que chegasse um homem como Sigmund Freud (1856-1939), desenvolvendo sua psicanálise, para finalmente livrar as pessoas de seus “problemas interiores”? Infelizmente o inimigo de Deus conseguiu desviar muitos pastores, muitas igrejas e muitos crentes para a trilha errada! Mesmo com toda a ajuda psicológica disponível, jamais houve tantos enfermos emocionalmente como nos dias de hoje, enfermos que a psicoterapia não tem conseguido ajudar. Isso realmente é compreensível, pois “existem mais de 450 diferentes sistemas de psicoterapia (freqüentemente contraditórios e completamente bizarros), e milhares de métodos e técnicas”.* Há algum tempo decidi seguir unicamente o que diz a conhecida passagem de 2 Timóteo 3.16-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Quando alguém quer dirigir um carro, precisa freqüentar uma auto-escola. Quando alguém deseja servir ao Senhor, inclusive através do aconselhamento bíblico, deve usar a inspirada

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Palavra de Deus! O apóstolo Pedro também salienta que todo o aconselhamento espiritual deve vir do Senhor, através de Sua Palavra, para que não seja o conselheiro a receber a honra mas o próprio Senhor. “Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas. Se alguém fala, faça-o como quem transmite a Palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado...” (1 Pe 4.10-11, NVI). Uma mulher nos perguntou recentemente: “Qual a razão pela qual existimos?” Existimos para ter comunhão com o Criador! A existência de Enoque foi um exemplo disso: “Andou Enoque com Deus...” (Gn 5.24). E vemos Deus falando a Abraão, um senhor já idoso de 99 anos: “Anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1). Por andar com Deus, Abraão foi chamado de “amigo de Deus” (2 Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23). O Senhor quer que também nós sejamos amigos Seus: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo 15.14). Portanto, o alvo de todo e qualquer aconselhamento bíblico deve ser um só: conduzir as pessoas a Deus, levá-las a reatarem ou estreitarem seu relacionamento com o Senhor através de Jesus Cristo. Para isso, a Bíblia, com seus 66 livros, é o livro-texto mais especializado e plenamente suficiente! Sabendo da importância de conhecer a fundo a Palavra do Senhor e de aplicá-la na nossa vida e nas vidas daqueles que procuram ajuda para seus problemas existenciais, a Chamada da MeiaNoite mais uma vez realiza seu Congresso anual sobre a Palavra Profética. Esperamos reencontrar muitos dos irmãos em Poços de Caldas! Unidos no Senhor Jesus, saúdo cordialmente Dieter Steiger *Extraído do livro Aconselhamento – Integrando a Psicoterapia e a Bíblia?, de Martin & Deidre Bobgan e T.A. McMahon. Pedidos: 0300 789.5152 www.Chamada.com.br


No livro do Apocalipse encontramos as cartas de Jesus às sete igrejas (Ap 2-3), que iluminam profeticamente os tempos em que vivemos. Na minha opinião, a carta dirigida à igreja de Laodicéia fala da última porta a caminho do Arrebatamento. As cartas às primeiras três igrejas tratam da apostasia, do afastamento de Deus e de Sua Palavra. Éfeso perdeu o primeiro amor (característica marcante do tempo pós-apostólico). Em Esmirna (que representa a igreja perseguida pelo Império Romano), falsos judeus estavam operando. A igreja de Pérgamo tornouse estatal (simbolizando a igreja clerical atrelada ao poder político). Nesse tempo muitas verdades bíblicas se perderam, por exemplo, a espera pela volta de Jesus, a doutrina do Arrebatamento, as promessas a Israel e outras realidades escatológicas. Esse período vai de 100 a 800 d.C.

O fundo do poço foi alcançado pela quarta igreja, de Tiatira (800 a 1517 d.C. – a escuridão da Idade Média, ou seja, o predomínio do catolicismo). Nas duas igrejas seguintes houve um retorno à Palavra de Deus. Sardes descreve o tempo da Reforma e Filadélfia representa a época dos grandes avivamentos e da fundação de muitas agências missionárias. O resultado desse retorno à Bíblia veio acompanhado do resgate de doutrinas bíblicas relevantes como o Arrebatamento e a restauração de Israel. Laodicéia caracteriza a condição da última era da Igreja. Através dela temos uma ilustração do tempo final da Igreja imediatamente antes do Arrebatamento. Ela é um símbolo do estado final da cristandade em geral, voltada exclusivamente para os interesses deste mundo. Para os cristãos nominais, que prevalecem na nossa época, o que conta

são valores materiais, mesmo que estejamos às portas do Arrebatamento. Essa é a Igreja que perdeu a visão de que Jesus pode voltar a qualquer momento. Um ideário mundano e secular infiltrou-se em seu meio.

As três fontes da riqueza de Laodicéia Como já vimos no capítulo anterior, a riqueza de Laodicéia era sua vida financeira, sua indústria têxtil e a fabricação de colírio. Mas Laodicéia não possuía abastecimento de água próprio. Esses quatro elementos de seu cotidiano foram usados por Jesus e simbolicamente transformados em mensagem espiritual, apresentando à igreja de Laodicéia sua situação interior.

1. Ouro refinado Em Apocalipse 3.18 o Senhor aconselha os moradores de Laodi-

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Para os cristãos nominais, que prevalecem na nossa época, o que conta são valores materiais, mesmo que estejamos às portas do Arrebatamento.

“pobre” (Ap 3.17) e miserável. Que contraste marcante! Ouro puro é uma imagem do céu e da glória de Deus. Essa glória divina não se refletia na vida da igreja de Laodicéia. Nela havia ouro falso, ouro com baixo grau de pureza. Pedro escreve em relação à autenticidade da fé: “para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1.7). Apenas a verdadeira fé subsistirá quando provada pelo fogo. Nossa vida reflete a glória de Deus ou a nossa própria glória? Tudo o que não tem valor perene, que não tem valor celestial, não é autêntico e um dia se irá.

2. Vestiduras brancas céia que comprem dEle “ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres”. As pessoas de Laodicéia eram tão orgulhosas de suas especializações que afirmavam poder reconhecer o grau de pureza do ouro com um simples olhar. Mas o Senhor teve de aconselhá-los a comprar dEle ouro refinado para serem verdadeiramente ricos. Em Laodicéia apenas o ouro absolutamente puro ao passar pelo fogo recebia o selo de qualidade. O mesmo acontecerá diante do Tribunal de Cristo, onde tudo será apurado pelo fogo: “Contudo, se alguém edifica sobre o fundamento que é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará” (1 Co 3.12-13). O Senhor diz a essa igreja extraordinariamente rica, cuja moeda corrente era o ouro, que ela era

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ça de Deus, ou seja, pela fé na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Conseguir as vestes brancas com obras próprias está fora de cogitação. Essas vestiduras aqui descritas, que podem ser compradas e enriquecem, são “os atos de justiça dos santos”, que brotam da fé em Jesus Cristo (Ap 19.8). É por essa razão que Jesus continua dizendo aos laodicenses: “a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez”. O que significa isso? Afinal, Jesus está falando a Sua Igreja. Onde e quando será manifesta nossa nudez? Onde tudo dentro da Igreja será revelado um dia? Diante do Tribunal de Cristo! Ali “manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1 Co 3.13-15). Um cristão cujas obras “se queimam” perdeu seu galardão e somente “salvará a própria pele”. No dia do “Tribunal” tudo será revelado, inclusive a

Porém, não era apenas ouro puro que a igreja de Laodicéia devia comprar do Senhor. Ele manda que compre também “vestiduras brancas” (Ap 3.18) para se vestir, “a fim de que não seja manifesta a vergonha” de sua nudez. A indústria têxtil da cidade de Laodicéia produzia principalmente tecidos Em Laodicéia apenas o ouro absolutamente puro ao passar brilhantes tingipelo fogo recebia o selo de qualidade. O mesmo acontecerá diante do Tribunal de Cristo, onde tudo dos de preto. Em será apurado pelo fogo. gritante contraste com a cor escura dos tecidos, o Senhor manda que comprem dEle vestiduras brancas. Entretanto, as vestes brancas da justiça em Cristo não podem ser compradas, somente aceitas como presente da gra-


3. Colírio

A igreja de Laodicéia era cega: Mas não é somen- ela não tinha uma visão espiritual te ouro e vestiduras de Jesus e de Sua volta. Podemos brancas que a igreja diagnosticar a doença dos olhos de de Laodicéia deve Laodicéia? Sim. Os cristãos dessa comprar do Senhor. igreja eram míopes. Como é possíEle diz que os cristãos vel afirmar isso? Dizemos que eles daquela cidade de- eram míopes porque se ocupavam vem adquirir também apenas com o que estava perto, ao “colírio para ungir os seu redor, não enxergando a volta olhos, a fim de que de Jesus, mesmo ela sendo muito vejam” (Ap 3.18). importante. Eles, que eram produtores de colírio, O que é miopia eram os que mais preA indústria têxtil da cidade de Laodicéia produzia espiritual? cisavam dessa mediprincipalmente tecidos brilhantes tingidos de preto. Miopia espiritual, figuradamente cação. Em gritante contraste com a cor escura dos tecidos, o Senhor manda que comprem dEle vestiduras brancas. A riqueza através falando, é quando alguém consegue do ouro que o Senhor enxergar nitidamente o que está por nos dá e as vestiduras perto, dentro do seu foco de visão, vergonha de nossa nudez. Por isso, brancas para nos cobrir simbolizam mas não consegue ver o que está somos alertados: “...nada julgueis eventos ainda por acontecer, diante mais longe. Isso é um símbolo antes do tempo, até que venha o Se- do Tribunal de Cristo. “...para te apropriado da miopia espiritual, nhor, o qual não somente trará à plena enriqueceres” com relação ao futuro quando não existe a visão da volta luz as coisas ocultas das trevas, mas e “...para te vestires, a fim de que não de Jesus. também manifestará os desígnios dos seja manifesta a vergonha da tua nuUm cristão espiritualmente míocorações; e, então, cada um receberá o dez” (Ap 3.18) diante de Cristo. pe não consegue ver a amplitude da seu louvor da parte de Deus” (1 Co Mas ao falar do colírio, o tempo vida espiritual, uma vez que vive 4.5). “Porque importa que todos nós da ação é o presente. “Aconselho-te apenas para o aqui e agora e não compareçamos perante o tribunal de que de mim compres... colírio para un- percebe que o Senhor está às portas. Cristo, para que cada um receba se- gires os olhos, a fim de que vejas” (Ap O que nos torna cegos para Jegundo o bem ou o mal que tiver feito 3.18). Hoje, aqui e agora, precisa- sus, o que rouba de nós a visão das por meio do corpo” (2 Co 5.10). mos enxergar a Laodicéia é a última igreja men- Jesus com nitidez, cionada antes do Arrebatamento ao pois diante do Ao falar do colírio, o tempo da ação é o presente. “Aconselho-te que de mim qual é feita, na minha opinião, uma Tribunal de Criscompres... colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas” referência simbólica em Apocalipse to será tarde de(Ap 3.18). Hoje, aqui e agora, precisamos enxergar a Jesus com nitidez, pois diante do Tribunal de Cristo será tarde 4.1. Vejamos: mais para abrirdemais para abrirmos os olhos! • João é convidado a subir ao mos os olhos! Socéu, representando a Igreja que mente o Espírito também será levada ao céu por oca- de Deus, que é a sião do Arrebatamento. unção (1 Jo • A João foi mostrado o que iria 2.20,27), pode acontecer “depois destas coisas”, ou nos convencer de seja, depois da Era da Igreja, repre- nossa pobreza e sentada pelas sete cartas, das quais de nossa nudez Laodicéia recebeu a última. São espiritual. E apejustamente esses fatos que tornam a nas Ele pode nos mensagem de Cristo à igreja de mostrar a verdaLaodicéia tão importante e tão deira riqueza em atual. Cristo.

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coisas espirituais e nos impede de ver a volta do Senhor? Existem alguns fatores: 1. Quando ficamos flertando com o mundo e deixamos que as coisas terrenas se tornem tão importantes para nós que ofuscam nosso olhar, impedindo que enxerguemos o Reino de Deus, o que, por sua vez, nos tomará a visão de futuro, a expectativa da volta de Cristo e de Seu Tribunal. 2. Quando praticamos o pecado, nossa visão espiritual fica embaçada, pois o Espírito Santo está entristecido. Jeremias fala dessa realidade em suas lamentações: “Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós, porque pecamos! Por isso, caiu doente o nosso coração; por isso, se escureceram os nossos olhos” (Lm 5.16-17). 3. Quando falta um discipulado prático na nossa vida. Paulo escreve que devemos empenhar toda a nossa diligência para crescer no conhecimento, na fé e na virtude, no domínio próprio, na perseverança, na piedade, na fraternidade e no amor. Então ele conclui: “Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora” (2 Pe 1.9).

4. Quando não vemos mais o próximo e não amamos mais aos outros. O problema da igreja de Laodicéia era ver somente a si mesma: “pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma” (Ap 3.17). Em 1 João 2.9 e 11 está escrito: “Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas”. Em outros idiomas “estar nas trevas” é traduzido como “ter seus olhos ofuscados pela escuridão”. Esses quatro pontos deixam explícito que a igreja de Laodicéia possuía uma escala de valores falsa e enganosa.

A volta do Senhor está às portas

O Senhor repreendeu a igreja de Laodicéia, pois era urgente que ela se arrependesse: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19). É o amor do Senhor que nos repreende e é Sua preocupação com nossa saúde espiritual e com nosso futuro que O leva a nos disciplinar. A possibilidade de arrependimento que Ele nos concede, a chance de estabelecer um relacionamento completamente novo e profundo com Ele descortina uma maravilhosa perspectiva diante de nossos Um cristão espiritualmente míope não consegue ver a olhos. É sobre essa amplitude da vida espiritual, uma vez que vive apenas para o aqui e agora e não percebe perspectiva que Ele que o Senhor está às portas. fala logo em seguida: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3.20-21).

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Deus não quer que nenhum dos Seus filhos caia na ruína. Ele deseja que todos sejam vencedores e se assentem com Seu Filho no Seu trono. No passado, quem era especialmente honrado pelo rei recebia a permissão de sentar com ele no seu trono. “Eis que estou à porta...”, ou “fora da porta” é uma declaração de Jesus que costuma ser usada evangelisticamente, ilustrando que Ele está fora da vida da pessoa, que está batendo em seu coração e quer entrar nele. Na verdade, porém, essas palavras foram ditas a uma igreja, a crentes. Observando o contexto, percebemos que elas se referem em primeiro lugar à volta de Cristo. Não deixa de ser um sinal característico da nossa época que essa afirmação de Jesus não esteja sendo interpretada conforme ao que Ele realmente se referiu: Sua volta iminente. • A primeira porta para o Arrebatamento é a porta do nosso coração. Devemos abri-la e convidar o Senhor Jesus para entrar em nossa vida. Quem tiver feito isso pertence à Sua Igreja e participará do Arrebatamento. A condição básica para ser arrebatado consiste da conversão a Jesus Cristo: “Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem” (1 Ts 4.14). “...depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (v.17). “...transformados seremos todos” (veja 1 Co 15.51-52). • A segunda porta para o Arrebatamento consiste em nos deixarmos preparar para esse acontecimento grandioso, permitindo que Jesus ocupe o centro de nossa vida, de modo que Ele possa dirigir cada detalhe de nossa existência.


Para a última geração de membros da Igreja, a vinda do Senhor está às portas. Ele bate e diz: “Ouçam! Eu virei em breve!” Quem abre a porta demonstra que está vigilante e pronto para a chegada do Senhor, que vive direcionado para o encontro com Ele e que leva a Palavra de Deus a sério. Quando alguém vem bater à nossa porta, isso significa que está bem perto e quer entrar em nosso lar. Analisando esse bater do Noivo Celestial à nossa porta, tanto do nosso coração como da IgrejaNoiva, somos lembrados da passagem de Cantares: “Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: Abreme, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha...” (Ct 5.2). Resumindo, Jesus manda que compremos dEle: – “ouro refinado pelo fogo...”, para o futuro diante do Tribunal de Cristo. – “...vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez”. Também com relação ao Tribunal de Cristo, quando teremos as vestes de justiça, que são as obras que fizemos “em Cristo”. – “...e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas”. Isso significa abrir os olhos para vermos o futuro em Sua glória. É por isso que a Bíblia diz: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso...” (2 Pe 1.19). A volta do Senhor está às portas, e com ela as Bodas do Cordeiro e nossa entrada na eternidade: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo” (Ap 3.20). Essa comunhão, esse encontro com o Senhor, vai

proporcionar-nos o privilégio de sentar em Seu trono (v.21), tendo eterna comunhão com Ele e recebendo as recompensas que nos cabem depois de julgados sem termos sido envergonhados diante de Seu Tribunal.

A porta aberta no céu

mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias... Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas” (Tg 5.3,9). Em Seu Sermão Profético no Monte das Oliveiras, o Senhor Jesus declarou acerca de Sua volta: “Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas” (Mt 24.32-33). A volta de Jesus para o Arrebatamento de Sua Igreja é iminente. Esse é o conteúdo da mensagem a Laodicéia: “Eis que estou à porta...” Estejamos preparados! Dediquemos nossa vida ao Senhor, esperando diariamente por Ele, pois Ele certamente virá e virá sem demora! Abramos a porta, dando-Lhe sinal de que estamos ouvindo Sua voz e dispostos e preparados para entrar no céu para celebrar as Bodas do Cordeiro. “Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus” (Ap 19.9). “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 3.22)!

Extremamente esclarecedor acerca do que nos espera é que logo depois da mensagem à igreja de Laodicéia – “eis que estou à porta e bato” – encontramos a exortação de ouvir o que o Espírito diz às igrejas: “Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas” (Ap 4.1). João representa a Igreja, que será arrebatada na época de “Laodicéia” e do ressoar da última trombeta. Nesse momento ele passa para o céu e vê “o que deve acontecer depois destas coisas”. João vê a sala do trono e o livro selado com sete selos – os juízos que estão se aproximando (Ap 4.2-6.17). Altamente interessante e muito sério é o fato de Tiago igualmente denunciar a riqueza dos últimos dias e depois afirmar (quase com as mesmas palavras que o Senhor dirigiu à igreja Esta mensagem foi de Laodicéia extraída do novo livro A Última Porta a Caminho através de do Arrebatamento João): “o Faça agora mesmo sua encomenda e vosso ouro e divulgue-o em sua igreja. Ajude a reacender entre seus irmãos a a vossa prata bendita esperança da volta de Jesus foram gastos para o arrebatamento da Sua Noiva! de ferrugens, Pedidos: e a sua ferru0300 789.5152 www.Chamada.com.br gem há de ser testemunho contra vós

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Ao examinar mais cuidadosamente as publicações do Movimento Ecumênico – e os textos de igrejas e denominações acerca do assunto – chama a atenção que sua temática envolve basicamente questões terrenas e o futuro da humanidade neste mundo. O que esse movimento busca é a proteção da natureza e a justiça para todos. Seu sonho é ver as pessoas vivendo juntas em harmonia, estabelecendo a união entre o cristianismo e as demais religiões. Todas essas visões e tendências fazem crer que o futuro deste mundo depende da capacidade humana, de políticas inteligentes e de diálogos estratégicos. Neste momento, cabe a pergunta: será que o homem tem, de fato, a competência última de planejar e moldar o futuro deste mundo conforme sua imaginação e seus planos? E que papel desempenha Jesus Cristo nesses planos? Ao menos da parte das igrejas evangélicas independentes deveríamos esperar uma resposta a essa pergunta e uma posição clara sobre o desenvolvimento do mundo e o futuro da humanidade de acordo com o que a Bíblia diz. Em Apocalipse 5.1-7 encontramos o comovente testemunho sobre Aquele que tem a real competência de desvendar e fazer acontecer o futuro: “Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos. Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e

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de lhe desatar os selos? Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos”.

O que é aguardado no céu e na terra? No céu se espera pelo cumprimento do Plano de Salvação, pela revelação final da vitória sobre a morte, o inferno e o pecado, e pela chegada dos salvos. Na terra também se aguarda. O quê? Espera-se a realização dos sonhos da humanidade: a cura de

doenças, o fim das guerras e a harmonia na família humana. Sobre o tempo em que vivemos a Bíblia diz realisticamente: “...haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos céus serão abalados” (Lc 21.26). Com otimismo inquebrantável, o ser humano sempre esperou por tempos melhores, mas atualmente cresce o número daqueles que não esperam grandes mudanças para suas vidas. Mesmo que o desejo de globalização dos poderosos continue a falar de paz, justiça e proteção da natureza, individualmente os homens começam a questionar qual será seu futuro. Muitos ainda crêem que o futuro pertence aos de mente aberta, aos modernos e tolerantes, à tecnologia e à ciência, à paz e à união de todos.


xar dúvidas nos corações e nas mentes dos ouvintes de que somos pessoas cujas expectativas de futuro são esperanças celestiais. E estas são encontradas na Bíblia e não em pesquisas de opinião ou em levantamentos estatísticos, e muito menos em avaliações de tendências mercadológicas. Na terra espera-se a realização dos sonhos da Por isso, o texto de Apohumanidade: a cura de doenças, o fim das calipse 5 que citamos pode guerras e a harmonia na família humana. nos dar, de forma clara, uma resposta em relação ao futuro. O que temos de Os esotéricos esperam que, pela aguardar, o que todas as pessoas entrada na era de Aquário, a salva- devem esperar do futuro, não são ção do homem pelo homem se apenas eventos, mas uma Pessoa aproxime cada vez mais. Será que que está por vir. nosso futuro será marcado por mais Da pessoa de Jesus Cristo, o humanidade e um mundo melhor, Vindouro, pouco se fala no Movisegundo sua expectativa? mento Ecumênico. Ele recebe pouOs carismáticos aguardam para quíssimo espaço, mesmo sendo logo o derramamento do Espírito Aquele que não apenas interfere no Santo sobre toda a cristandade. curso dos acontecimentos, mas que Eles se baseiam em Joel 2.28, des- é o supremo Soberano, que rege tuconsiderando que essa passagem es- do e sobre todos até alcançar Seu tá relacionada ao restante do capí- alvo final. tulo 2, que evidentemente refere-se Todas as mentiras acerca de ao povo de Israel. Deus se calam diante dessa passagem bíblica. Mesmo assim, dizem que Ele A incumbência da – está ausente Igreja de Jesus – é impotente No céu se espera – e na terra – está morto também se aguarda. Para nós, sal– é a projeção de desejos humanos vos por Jesus e que somos a Igreja – é o mesmo em todas as relido Senhor, há somente uma única giões. tarefa a realizar: harmonizar as esO céu está em compasso de esperanças celestiais com as nossas pera e anseia por ver desmascaradas esperanças terrenas. Não podemos todas as mentiras que foram ditas oferecer aos homens promessas de sobre Deus. A criação geme e sufuturo que não tenham qualquer porta angústias esperando sua refundamento bíblico. denção (veja Rm 8.22). O Noivo Precisamos, sim, ter uma respos- celestial espera finalmente conduzir ta final e conclusiva acerca do futu- Sua Noiva para casa. ro. E uma das tarefas das igrejas loO maligno e todos os poderes cais deve ser justamente esta: forne- das trevas esperam com temor e cer respostas às questões acerca do tremor o final de seu domínio. O que está por vir. Não podemos dei- Pai nos céus espera por receber

Seus filhos. O mundo angelical anseia por finalmente ver a revelação do mistério da Igreja. O arcanjo Miguel espera para interferir em favor de Israel na batalha final. E aí vemos a humanidade, arrogante, aguardando sempre por tempos melhores, por felicidade, dinheiro, amor e poder. Vemos os políticos esperando por circunstâncias paradisíacas quando a globalização estiver consolidada. Vemos os cientistas esperando pelos resultados de novas pesquisas que solucionarão os problemas da fome, da água e da energia. Vemos milhões de pacientes esperando por novos medicamentos. E vemos os teólogos esperando pela unificação de todas as igrejas e religiões, para que finalmente haja paz no mundo. “Querido mundo”, gostaríamos de dizer, “fique sabendo que no céu também se espera”.

No céu se conhecem coisas que não são conhecidas aqui na terra O ser humano não tem autoridade para fazer afirmações consistentes sobre o futuro, e mesmo com o poder do seu conhecimento e da tecnologia que tem à disposição, não pode garantir o que trará o dia de amanhã. Mesmo que tivesse todo o conhecimento e toda a experiência, seus prognósticos em relação ao futuro seriam sempre provisórios. Seja o clima, as catástrofes naturais, como terremotos e maremotos, o crescimento demográfico, reservas energéticas ou fronteiras políticas: tudo o que alguém disser a respeito será sempre provisório e de curto prazo. No céu é diferente. A questão da autoridade sobre o desenrolar dos fatos futuros não depende do poder

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Vemos milhões de pacientes esperando por novos medicamentos.

da mente ou da inteligência. No contexto divino e celestial, a grande pergunta que se impõe em relação ao futuro não é “Quem é capaz?” mas “Quem é digno?”: “Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?” (Ap 5.2). Esse livro selado é o livro do futuro, a única fonte que tem autoridade para predizer alguma coisa em relação ao mundo e ao sagrado plano de Deus. No céu, depois de ecoar a pergunta “Quem é digno...”, houve primeiramente um significativo silêncio. Isso demonstra que a questão do futuro da terra não está nas mãos de quaisquer revolucionários que se propõem a mudar o mundo. Se o céu se cala por alguns momentos quando é levantada essa questão, é porque o homem não tem respostas a oferecer. Propostas e sugestões para um mundo melhor existem em abundância. A maior parte parece lógica e pertinente: acabar com a fome no mundo, com a pobreza e a doença, criar a paz e restabelecer a justiça entre os homens. Todo político que se preze e cada partido que pretende ser sério desenvolve e dispõe de programas para nosso futuro, seja ele próximo

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ou distante. E todos eles parecem bastante lógicos e realizáveis. De certa forma, todos nós temos responsabilidade diante de muitos aspectos da vida aqui na terra. Os esforços humanos por um futuro melhor, mais justo e mais seguro têm sua razão de ser. Mas jamais houve uma discrepância tão grande como a que vemos hoje entre o planejamento do futuro e a maneira como esse processo está sendo conduzido. Por quê? Porque apesar de toda a capacidade humana, ninguém é digno. A questão não é poder, é autoridade verdadeira. Está fora de qualquer cogitação a idéia de que nós, como filhos de Deus, possamos fechar nossos olhos para a fome, a miséria e a doença que vemos ao nosso redor. Mas não devemos nos entregar à ilusão de que a solução definitiva dos problemas esteja em mãos humanas e que o homem tenha a resposta para as questões relativas ao futuro. Mas qual é, então, a resposta final em relação ao futuro, tanto da terra como da humanidade que habita nela? A concepção de que o mundo se tornaria mais e mais pacífico se todas as religiões se tornassem uma só é, na melhor das hipóteses, apenas uma teoria sem qualquer base bíblica. Está fora de questão que Jesus Cristo, por Seu poder, irá estabelecer um reino em que haverá condições praticamente ideais. Mas esse Reino não terá relação alguma com religiões e com “sermos todos irmãos”. A questão final e definitiva que fica depois de todas as considerações tem uma única resposta – e é esta questão que interessa!

“Qual a posição do homem diante de Deus?” O que os melhores programas econômicos, as mais abrangentes

propostas de ajuda ao indivíduo e à humanidade como um todo, poderiam contribuir no que diz respeito à posição que alguém detém diante de Deus? As visões que João teve do futuro, inspiradas pelo próprio Deus, fornecem uma única e definitiva resposta: somente o próprio Deus tem a solução para os maiores e mais profundos problemas do ser humano. Como o próprio Jesus é o caminho, Ele tem condições de indicar como sair da crise. E Ele sabe que a solução dos problemas não está na mudança das condições em que as pessoas vivem, mas na mudança de sua posição diante de Deus. Essa mudança somente podia ser realizada através de um sacrifício: foi o próprio Jesus Cristo que se identificou pessoalmente com o pecado deste mundo e com a falência dos planos de todos os que querem melhorar o mundo por seus próprios meios.

O único que é digno Jesus Cristo não é apenas competente e tem a autoridade – Ele é digno! João chorou quando viu que “nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele” (Ap 5.3). Ninguém seria digno? Sim! Digno é “...o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, [que] venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (v.5). Nosso tempo entrou em uma fase decisiva. Mais do que nunca, é fundamental analisar qual o objeto de nossa esperança, que deve ser Cristo. Será que a pior situação imaginável não é ver homens, mulheres e crianças indo para o inferno, sem uma perspectiva real de futuro? Uma humanidade que se agarra às promessas daqueles que aparentam saber o rumo é uma humanidade enganada. Não são apenas os astrólogos e adivinhos que nutrem falsas esperanças. Quantas


vezes os prognósticos dos economistas, banqueiros internacionais e operadores da Bolsa de Valores deveriam ser revistos! Falsas análises produziram multidões de enganados, decepcionados e desesperados mundo afora. A dura verdade é que todas as promessas que a política, a economia, a sociedade e as igrejas ecumênicas nos fazem são promessas vazias, destituídas de qualquer base sólida. A questão do que vem amanhã não se decide sobre a terra, mas no céu. Mais do que nunca deveríamos reconhecer que é Deus quem prepara um futuro maravilhoso para a humanidade, pois é Ele quem determina e executa Seus planos. A perspectiva básica e primordial dos planos de Deus para nós é o consolo e não a destruição e a ruína. As atividades destruidoras que danificam o mundo em que vivemos partirão daquele homem que virá no lugar de Cristo. Existe consolo real e verdadeiro unicamente para os que deixam seu futuro incondicionalmente nas mãos de Deus. O Ungido do Senhor está no centro da História mundial. Na perspectiva bíblica, no trono e diante do trono de Deus é o local onde se decide o curso do mundo. O afastamento de Deus só pode ter o caos total como resultado. E é justamente isso que diz o livro selado (Ap 6). Os sete selos serão: um falso Cristo, guerra, fome, morte, um remanescente de mártires, um grande terremoto e os sete juízos das trombetas.

O Cordeiro de Deus e o Leão de Judá Deus reina, e nesta fase Ele entregou tudo nas mãos do Filho (Mt 11.27) para que Este sujeitasse todas as coisas ao domínio de Deus (1 Co 15.24-25).

Pela cruz Jesus tornou-se o verdadeiro configurador do futuro. Por isso, o Leão de Judá é apresentado a João primeiro como o Cordeiro (veja Ap 5.5-6). Só o Cordeiro é digno de desatar os selos do futuro. A cruz de Cristo é, por isso, o ponto alto da História da Salvação, a culminância e o absoluto ponto de virada da História mundial. Essa mesma razão faz dEle o núcleo de nossa existência e da história das nossas vidas. Na cruz foram colocadas as bases decisivas e absolutas da conclusão perfeita da História. E na cruz você e eu também encontramos o final feliz para nossas vidas e o sentido da nossa história pessoal. Existe um só futuro, e este se chama JESUS CRISTO. Por isso “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).

Salvação e perdição

pendentemente da idade ou da geração a que pertencemos, não continuamos olhando para a direção errada? Procuramos por homens poderosos, cercados de uma aura de suficiência e capacidade, aptos a trazer paz e salvação ao mundo? Buscamos por pessoas que tomem o leme nas mãos e conduzam o barco da humanidade na direção certa? Talvez esperamos, sem nos dar conta, por aquele que ocupará o lugar de Cristo? Existem, de fato, personalidades políticas que aparentam capacidade e eficiência. Alguns atores, cantores, cientistas, médicos, pesquisadores, pedagogos e psicólogos são ídolos de muitos. Mas eles têm a melhor mensagem naquilo que dizem e escrevem? E, antes de tudo, eles são dignos de falar sobre seu próprio futuro? E sobre o futuro dos outros?

O maior engano Um dia virá aquele que será tão simpático e carismático que tornará quase impossível fugir de seu encanto. Ele entusiasmará a humanidade com promessas pacifistas e palavras humanas, oferecendo solução para os problemas e uma perspecti-

Existe um futuro para você, um futuro em que lhe será dito: Você está salvo!? Mesmo que os passageiros do luxuoso transatlântico Titanic fossem oriundos das mais diversas camadas sociais, desde ricos banqueiros até simples caldeiristas, a questão final fiQuantas vezes os prognósticos dos economiscou reduzida a uma só: tas, banqueiros internacionais e operadores da quem se perdeu e quem se Bolsa de Valores deveriam ser revistos! Falsas análises produziram multidões de enganados, salvou do naufrágio. decepcionados e desesperados mundo afora. O que você espera do futuro? Tempos melhores, paz entre os homens, união das igrejas, felicidade e satisfação? Precisamos mais do que isso! Bem no fundo, o que mais ansiamos é uma certeza real do que nos espera. O que ou quem nos salvará? Será que todos nós, inde-

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va de um futuro melhor e absolutamente viável. Mas ele igualmente não será digno, uma vez que é o fracasso em pessoa. Querido leitor, querida leitora, precisamos nos voltar para Aquele que é digno de concretizar o futuro do mundo e de nossas vidas, e esse é Jesus Cristo. Não existe uma reforma total do mundo através de superexecutivos, pois ela é impossível. Todos os reformadores do mundo falharam. Muitos que desfrutavam da simpatia da sociedade foram uma frustração, normalmente devido à sua ânsia por poder e domínio. O Movimento Ecumênico também acabará por falhar porque o Todo-Poderoso tem planos distintos dos seus. É lamentável que muitos dos líderes de igrejas e denominações cristãs não tenham conhecimento dos planos de Deus a respeito deste mundo. E o fato deles próprios trabalharem e contribuírem para que o palco do Anticristo seja montado só pode ser chamado de trágico. Enquanto o ser humano estiver sujeito à lei do pecado, não poderá mudar a situação que essa sujeição ocasiona. Isso acontece porque os poderes destrutivos não podem ser excomungados por pessoas sujeitas a esses mesmos poderes. Uma administração esperta não afugenta as forças destruidoras do mal. Somente através da luta haverá vitória.

O Homem impotente da cruz será o Consumador do mundo Por quê? Por seguir com determinação o plano do Todo-Poderoso. As bases deste mundo balançam. Quem quiser estar seguro no futuro, deve, no presente, agarrarse firmemente em Jesus Cristo.

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As excitantes notícias mundiais, Não devemos olhar o mundo constantemente novas, não podem com pessimismo e sim com realismo. e não devem condicionar nosso E realisticamente existe hoje uma agir, pensar e julgar. Já é suficiente- única mensagem: há futuro para nós, mente abalador termos de digerir a para você e para mim. Você tem fuavalanche diária de informações turo! Talvez falte apenas uma única que se abatem sobre nós e diante coisa para que você possa ter essa das quais somos absolutamente im- certeza: clamar ao Senhor Jesus por potentes! salvação! Diga-Lhe que você recoA consciência nacionalista está nhece que é pecador. E admita dianse fortalecendo mundialmente. Em te dEle que você precisa de perdão! contraste, vemos os esforços globaJesus Cristo é seu futuro, pois lizantes de agregar e unificar a tudo apenas Ele está em condições de e a todos. perdoar sua culpa. Ele é digno de O Cordeiro de Deus, que abrirá anunciar o futuro e de concretizá-lo o livro com os sete selos, prediz sé- junto dEle! rios conflitos e tensões. Somem-se a Em alguns versículos após o texeles a desgraça das heresias, os ca- to bíblico que citamos no início está minhos de salvação pretensamente escrito que “...toda criatura que há novos, os novos profetas e a sedu- no céu e sobre a terra, debaixo da terra ção ecumênica da Igreja, e teremos e no mar, e tudo o que neles há, estava o quadro completo. dizendo: Àquele que está sentado no Não serão as igrejas e organiza- trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a ções religiosas que nos protegerão, honra, e a glória, e o domínio pelos sépois elas se esfacelarão. Deus não se culos dos séculos” (Ap 5.13). interessa por igrejismo e poder denoNão confie em lemas ou prominacional. As igrejas e denomina- messas de ídolos e enganadores. ções parecem ser sempre mais sábias Confie somente em Jesus Cristo, que o mundo na solução dos proble- que está voltando! Ele salva e só Ele mas mundiais, mas justamente por is- é digno! so falharão, pois se servem e se servirão de programas seculares para alcançar as pessoas. Não devemos olhar o mundo com pessimismo e sim A Igreja de Jesus com realismo. E realisticamente existe hoje uma única mensagem: há futuro para nós, para você e para não tem a tarefa de mim. Talvez falte apenas uma única coisa para que melhorar o mundo você possa ter essa certeza: clamar ao Senhor Jesus por salvação! mas de pregar o Evangelho de Jesus Cristo a todos. Nisso reside seu poder e sua força, e nesse propósito há promessa de sucesso. Somente cumprindo esse propósito, estabelecido por Deus em Sua Palavra, a Igreja poderá exercer o ministério de amor entre os oprimidos e ameaçados.


O Campeão do Mundo Todo o mundo foi envolvido pela febre do futebol. A Copa é o maior acontecimento esportivo da atualidade e monopoliza a atenção geral. Durante os jogos as ruas ficaram desertas enquanto os estádios, as salas de TV e os bares estavam cheios de torcedores empolgados. A ansiedade atingiu seu ponto máximo e o orgulho nacional nunca foi tão evidente como nessas semanas em que a bola rolou nos gramados. Muitos pastores talvez tenham ficado com certa inveja das arquibancadas lotadas, pensando: “Como seria bom se as igrejas e as reunões cristãs tivessem uma platéia tão numerosa!” E eles têm todos os motivos para desejar um público maior para a pregação do Evangelho. Veja as razões:

O campeão Enquanto as nações lutam pela vitória que vale por apenas quatro anos, Alguém conquistou a vitória definitiva. Jesus Cristo venceu o mundo para sempre, por todos os tempos, por todas as épocas e por toda a eternidade. O que Ele fez não estava relacionado a um simples jogo, pois era uma decisão entre a vida e a morte. Jesus veio ao mundo, morreu na cruz por nossa culpa e reviveu triunfalmente dentre os mortos. Quem faz parte do Seu “time” é participante dessa vitória e pode declarar pela fé: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.57). Por essa razão João escreveu: “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão

aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.4-5).

O vencido Nosso Senhor Jesus Cristo mostrou o cartão vermelho para o Diabo e o expulsou do campo. Por Seu precioso sangue, Ele o derrotou para sempre. O Diabo é o perdedor, e o máximo que ele ainda pode fazer é gritar de fora do gramado tentando atrapalhar o jogo. Os cristãos no campo do mundo não precisam se impressionar com as tentativas de interferência dele. Eles devem jogar até o final da partida e “completar a carreira” (veja 2 Tm 4.7). Todos os crentes podem participar da vitória de Jesus sobre o Diabo, que foi derrotado completamente. A Bíblia diz que Jesus, “despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2.15).

A fama Sabemos que a fama dos melhores jogadores de futebol dura pouco. Seus nomes são conhecidos e aclamados por alguns anos e depois caem no esquecimento. Hoje estão em alta, amanhã já estarão no banco de reservas e depois de amanhã serão tirados do time. O que fica são as lembranças de suas glórias passadas. Poucos ainda mencionam seus nomes, porque outros já ocuparam seus lugares e são celebrados pelos seus gols vibrantes. Depois da Copa de 1954, a maior parte dos jogadores da seleção alemã morreu pelo consumo de álcool ou por doenças. Esses esportistas aparentemente vitoriosos falharam vergonhosa-

A taça da Fifa.

mente em suas vidas particulares depois de terem ganhado a Copa do Mundo. No Brasil, muitos ex-jogadores, famosos em sua época, morreram na pobreza e na indigência. Com Jesus Cristo é diferente: quem faz dEle seu capitão no campo da vida e joga conforme Suas regras receberá a coroa da vitória: “Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível” (1 Co 9.25). Esses cristãos são os vitoriosos batalhadores da fé mencionados no último livro da Bíblia: “Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estãos coroas de ouro” (Ap 4.4).

O verdadeiro Salvador Quando Jürgen Klinsmann foi nomeado técnico da seleção alemã, uma conhecida revista apresentou em sua capa a manchete: “Klinsi, salve-nos!” As semanas seguintes mostraram que ele, mesmo tendo melhorado o desempenho do seu time, não conseguiu le-

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Do Nosso Campo Visual empenho, à garra e à motivação dos jogadores. Milagres verdadeiros acontecem somente através de Jesus. Ele é o “Maravilhoso” de Isaías 9.6, um Deus que faz prodígios e maravilhas. Ele tem poNosso Senhor Jesus Cristo mostrou o cartão vermelho para o der para restaurar Diabo e o expulsou do campo. corações partidos, curar feridas emocionais e nos convá-lo à vitória final. Depois dos jogos duzir à vitória. Ele concede perdão e o sempre surgem novos desafios, discus- novo nascimento através do Espírito sões e desavenças. Sempre haverá Santo. Ele ressuscita os mortos e conperdedores e os comentaristas terão duz ao céu. Em seu sermão no dia de Pentecostes, Pedro declarou: “Varões do que reclamar. O verdadeiro Salvador age em ou- israelitas, atendei a estas palavras: tro lugar, que é o campo do mundo. Jesus, o Nazareno, varão aprovado Ele traz uma salvação real e duradou- por Deus diante de vós com milagres, ra a todos os que crêem em Seu Nome prodígios e sinais, os quais o próprio e depositam sua confiança nEle. Paulo Deus realizou por intermédio dele enescreve em Romanos 3.22-24 que a tre vós, como vós mesmos sabeis” (At “justiça de Deus” é “mediante a fé 2.22). em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há Sem impedimento distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justifiO impedimento tem sido um grancados gratuitamente, por sua graça, de problema para alguns jogadores. mediante a redenção que há em Cris- Quem está impedido ouve o apito do to Jesus”. Jesus liberta o pecador de juiz e não pode fazer gol, pois esseu passado vergonhoso e da ligação tá fora da posição permitida. Atacom o Diabo. Jó tinha consciência cantes em posição de impedimento desse Salvador poderoso quando ex- ficam isolados dos companheiros e clamou: “Porque eu sei que o meu Re- sozinhos. Com Jesus é diferente. Ele retira dentor vive e por fim se levantará sopessoas da posição de impedimento, bre a terra” (Jó 19.25). da solidão e do desalento. Onde existem pessoas isoladas, sozinhas, em O milagre posições erradas, lá está Jesus para Na Alemanha, a Copa de 1954 buscá-las. Jogadores impedidos no joentrou para a história como “o mila- go da vida podem experimentar o que gre de Berna”, porque a seleção ale- está escrito em Jeremias 31.3: “De mã foi campeã contra todas as expec- longe se me deixou ver o Senhor, ditativas. Na época, o que houve foi me- zendo: Com amor eterno eu te amei; nos um milagre e mais sorte aliada ao por isso, com benignidade te atraí”.

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Sem banco de reservas Para um jogador é triste e decepcionante ter de ficar no banco de reservas. Ele fica chateado e frustrado por não ser usado no time. Essa frustração facilmente se transmite a seus familiares, e todos sofrem com a situação. Pela mídia podemos acompanhar o drama entre ser escalado para fazer parte dos onze felizardos ou ficar esperando na reserva. Vimos a alegria dos escolhidos e a tristeza dos que ficaram de fora da seleção. Os reservas sempre anseiam pela chance de jogar. Mas dois jogadores não podem ficar na mesma posição e a goleira não comporta dois goleiros. Com Jesus, ninguém precisa ficar no banco de reservas. Ninguém é excluído. Jesus pode usar a todos. Cada cristão recebeu pelo menos um dom e deveria usá-lo para a edificação do reino de Deus. Qualquer membro da Igreja de Jesus pode ser útil à causa do Senhor e realizar alguma tarefa para ganhar almas. Todo cristão é chamado a cooperar, seja no aconselhamento, ensinando crianças, em sua própria família, na proclamação da Palavra de Deus, na diaconia, na hospitalidade ou no discipulado. Jesus quer nos usar e trabalhar através de nós: “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (1 Ts 5.24).

Todo gol conta Cada gol não é importante apenas para quem o faz mas para o time inteiro, pois no final todos são contabilizados e decidem entre a vitória ou a derrota. Importante é a soma final e a cooperação de todo o time, uma vez que a maioria dos gols é feita quando a equipe aproveita uma chance. Tanto os jogadores do ataque como os da defesa são importantes para que o gol se concretize. Se todos ocuparem seu lugar e se empenharem pelo grupo, será alcançada a vitória final.


Do Nosso Campo Visual Os dons e os ministérios em uma igreja local são distintos: alguns cristãos ficam diretamente diante do público, pregando e ganhando almas, enquanto outros oram pelo trabalho, o apóiam materialmente ou ajudam nos preparativos para que tudo dê certo. No final, o fruto é de todos os que participaram. O importante é que se produzam muitos frutos espirituais e eternos: “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos” (Jo 15.8).

Aproveitar as chances Os jogadores devem aproveitar todas as oportunidades, jogar concentrados e atentos, sempre de olhos bem abertos. Todos eles deveriam render o máximo sem ficar fazendo corpo mole ou desperdiçando o tempo. Desistir e entregar o jogo antes da hora não convém. Tanto o treinador como o público esperam que o time jogue com dedicação até o apito final. Podemos aplicar muito bem essa realidade à situação da Igreja, pois está escrito: “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1). E: “remindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5.16).

Sem prorrogação Há equipes que jogam conscientemente esperando a prorrogação porque acham que terão melhores chances nesses minutos adicionais depois que o tempo regulamentar tiver terminado. Certamente é muito melhor alcançar a vitória nos noventa minutos, sem ficar esperando por um tempo extra no final. A Bíblia diz que hoje, agora, é o tempo de se converter a Je-

sus: “...eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2 Co 6.2). Em relação ao serviço cristão, a Palavra de Deus ordena: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças...” (Ec 9.10). Robert Moffat afirmou com acerto: “Teremos toda a eternidade para celebrar nossas vitórias, mas apenas um breve momento para alcançá-las”. Em relação à volta iminente de Cristo também não devemos nos comportar como se houvesse prorrogação. Não deveríamos viver pensando que “meu senhor demora-se” (Mt 24.48). Precisamos contar com Sua volta a qualquer momento, pois “não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3.9).

A defesa O que mais gostamos num jogo de futebol é ver nosso time sempre bem perto da goleira adversária. Mas uma boa defesa é imprescindível, especialmente quando o contra-ataque é rápido. Impedir o avanço do adversário em direção à nossa goleira é tão importante para ganhar o jogo quanto os chutes contra a goleira dele. Na Igreja de Jesus é semelhante. Não são importantes apenas os cristãos de destaque, aqueles que brilham, que são conhecidos e reconhecidos. Todos os cristãos são importantes e necessários, inclusive aqueles que nunca aparecem, que trabalham nos bastidores, fazendo os trabalhos mais simples ou executando tarefas que jamais serão vistas pelos outros. A equipe de apoio, que fica na retaguarda, freqüentemente é a maior responsável pelo sucesso de uma evangelização, de um culto ou de algum outro evento

realizado para a salvação de almas perdidas. Como filhos de Deus não devemos estar mais preocupados com resultados imediatos do que com a uma base firme e sólida, defendendo os valores e ensinamentos da Palavra de Deus. Precisamos vigiar e levantar uma defesa forte para que o inimigo não faça gols. De tanto correr, muitos esquecem de fechar a defesa, e aí são derrotados. É imperioso que haja, dentro da igreja, irmãos que zelem pela doutrina e mantenham as vitórias já alcançadas, que vigiem para que o inimigo não entre e se aposse de alguma área. Líderes idôneos são essenciais, mas a tarefa de defender e zelar pela igreja é de todos os membros. Todos devem orar, vigiar e resistir ao inimigo para que este não tenha a menor chance de vitória. Recebemos todas as condições para nossa defesa espiritual: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do Diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6.11-13).

Sem medo do inimigo Existem os adversários “matadores”, aqueles que assustam e que são difíceis de enfrentar. Antes da Copa sempre há muitas especulações, e os times enumeram as seleções fortes, aquelas que preferem não ter como adversárias. As perguntas se repetem: “Quem estará na nossa chave? Quem será nosso primeiro adversário? Um time fraco ou um favorito? Uma equipe conhecida por seu jogo sujo ou por jogar lealmente? Quais seus jogadores

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Do Nosso Campo Visual de ponta?” É importante analisar o inimigo, mas não demais. Preocupar-se demasiadamente com o adversário pode nos encher de medo e facilitar nossa própria derrota. Uma avaliação equilibrada da situação é o ideal. A Bíblia nos ensina que não devemos temer os homens. Também o Diabo, apesar de poderoso (não devemos menosprezá-lo ou fazer pouco caso dele), é um inimigo já derrotado. Não devemos enfrentá-lo achando que já ganhamos, mas também não podemos ficar desanimados quando vemos o seu poder em ação, pois o Vencedor está do nosso lado! O próprio Deus disse: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hb 13.5-6).

As regras do jogo Todos os jogadores devem obedecer às regras e jogar segundo as normas. Quem faz uma falta ou reclama injustamente durante o jogo recebe

É importante analisar o inimigo, mas não demais. Preocupar-se demasiadamente com o adversário pode nos encher de medo e facilitar nossa própria derrota.

cartão amarelo. Se a infração for mais pesada, o jogador recebe cartão vermelho e é expulso de campo. Por isso, todos os jogadores precisam conhecer todas as regras, para que a equipe vença. Uma falha pode afetar o resultado final. As regras para os cristãos estão na Bíblia, a infalível Palavra de Deus. Portanto, é de extrema importância ler e estudar o que ela diz. Mas igualmente importante é obedecer e cumprir o que ela ordena. Essa obediência deve ser exata, sem desvios. Quantos prejuízos já houve porque os crentes se afastaram dos parâmetros bíblicos! Muitos “capitães” de equipe, que não se atêm às declarações bíblicas ou que arrancam textos de seu contexto, transformaram seus liderados em seitas e infiltraram heresias na igreja. Membros de igrejas também são advertidos ou disciplinados quando suas vidas não estão de acordo com a Palavra de Deus, quando conhecem as regras mas vivem como se não as conhecessem ou estão em franca rebelião contra elas. Mas graças a Deus pelo Seu perdão! Seu amor sempre permite um novo começo, de acordo com Sua Palavra! Na Carta aos Colossenses somos exortados: “Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus” (Cl 2.1819). Também está escrito em 2 Timóteo 3.16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”.

O treinamento diário O treinamento também é vital. Cada jogador é convocado a compare-

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cer regularmente aos treinos e não deve ficar preguiçosamente em casa ou seguindo outros compromissos. Quem quer entrar no jogo precisa treinar, e quem treina mantém seu condicionamento, sendo útil ao time. Aplicando esse aspecto à Igreja de Jesus, deveríamos estar presentes em todos os cultos e reuniões de oração e de estudo bíblico. Nesse “treinamento em equipe”, aprendendo da Palavra de Deus, somos levados a nos centrar em Jesus e nos mantemos espiritualmente sadios. O “treinamento” cristão nos fortifica, desperta dons e capacidades, corrige erros e previne fraquezas. Durante o treinamento, muitas vezes percebemos qual a melhor posição para cada um dentro da equipe, que lugar devemos ocupar e que incumbências cabem a cada um. Nosso treinador é o Espírito Santo, que inspirou a Palavra de Deus, que nos esclarece seu conteúdo e nos conduz ao alvo. Outro aspecto de nosso treinamento diz respeito ao Arrebatamento, que está próximo e é chamado de Dia de Jesus Cristo. Em relação a esse dia somos exortados pela Palavra: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimular ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.24-25).

A união União e espírito de equipe são muito importantes para um time. Muitos jogos já foram perdidos porque os jogadores não estavam dispostos a ajudar uns aos outros e o time não era coeso. Em muitos campeonatos já vimos que as equipes mais unidas foram mais longe. Quando um ajuda ao outro, quando um corrige os erros do outro e se empenha pessoalmente pela equipe, as chances de vitória são


Do Nosso Campo Visual maiores e aumentam as possibilidades de subir de colocação na tabela. Mas o egoísmo é um dos maiores empecilhos para alcançar um alvo comum. O pior é quando alguém se acha o máximo e quer ser a superestrela, que brilha mais que os outros, quer fazer tudo sozinho, não passa a bola para os companheiros e pensa que ninguém pode fazer gols como ele. Onde cada um joga para si, as chances de vitória vão se perdendo. E quando há discussões e diferenças dentro do time, a força vai se acabando, falta concentração para o jogo e os gols contra começam a acontecer. Os crentes são conclamados a buscar a união com seus irmãos em Cristo: “esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4.3). Junto com essa convocação à unidade a Bíblia também dá a receita de como ela deve ocorrer na prática: “Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.2-3).

Evitando as faltas Faltas são feias, desagradáveis e, muitas vezes, traiçoeiras, atrapalhando o fluxo do jogo. Muitos jogadores já foram expulsos de campo porque fizeram outro jogador sair do jogo carregado em uma maca. Depois de uma falta muitos jogadores ficam perturbados e não conseguem se concentrar. Perde-se tempo, os prejuízos podem ser grandes e todo o time acaba sofrendo. Na Igreja de Jesus, infelizmente, também se cometem “faltas”. Falar pelas costas e acusar injustamente são exemplos de faltas graves. Muitas ve-

zes a inveja também entra no jogo. Mas o correto seria uma disposição sincera de ajudar os outros. Nenhum cristão renascido deveria faltar para com seu irmão ou irmã em Cristo, mas praticar o que diz Gálatas 6.2: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”. Um cristão deveria viver como ensina a Carta aos Efésios: “assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor... e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef 1.4; 5.2).

A torcida Claro, existe ainda a torcida! Aquele povo todo que, nas arquibancadas, sabe dar palpites e criticar o que é feito em campo. “Mas como! Assim não dá! Por que não faz assim ou assado?” E se esses palpiteiros estivessem em campo? Como se comportariam? Certamente a maioria iria falhar vergonhosamente como jogador de futebol. Nas igrejas cristãs, nas obras missionárias e nas organizações evangélicas costuma acontecer o mesmo. Como a vida dos pastores, missionários, obreiros, anciãos e diáconos é dificultada por aqueles membros que gostam de dar sugestões ou que pensam conhecer a melhor maneira de fazer o trabalho! Os líderes são obrigados a ouvir críticas, sugestões e palpites, suas decisões são questionadas, suas pregações nunca estão boas, seu relacionamento com os membros não é satisfatório. Curioso é que os ataques geralmente vêm daqueles que não ajudam, não põem a mão no arado. Muitos evangelistas abençoados, que têm apenas o desejo de pregar o claro Evangelho de Cristo, de levar muitas almas a Jesus, de propagar o amor de Deus,

Na Igreja de Jesus, infelizmente, também se cometem “faltas”. Falar pelas costas e acusar injustamente são exemplos de faltas graves.

são freqüentemente criticados de forma extrema, como se nada de bom houvesse em sua pessoa e em seu ministério. O que eles pregam está errado, seus colaboradores não são os certos, seus métodos não agradam e tudo o que fazem não é correto. As missões que trabalham como o público gosta não ouvem muitas críticas, mas ai delas se não corresponderem às idéias pré-concebidas de seus ouvintes ou leitores! Uma enxurrada de e-mails, cartas e telefonemas desaba sobre elas! De repente, tudo o que fizeram de bom passa a ser desconsiderado, as ofensas são generalizadas, e o desânimo se abate sobre os obreiros. Se reprovações e críticas tão duras acontecessem por erros graves, pela transgressão de normas claramente bíblicas, a indignação seria justificada, mas geralmente a insatisfação diz respeito a ninharias e coisas secundárias ou a simples diferenças de opinião. Para aqueles que sempre pensam saber tudo, a Palavra diz: “Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé,

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porque o seu Senhor é poderoso para o suster” (Rm 14.4).

O retorno A seleção vencedora é entusiasticamente recebida por toda a nação quando volta para casa. Os repórteres lotam o aeroporto e entrevistam os membros da equipe. Muitas vezes o próprio presidente faz um discurso. O povo delira! Durante alguns dias a mídia exalta e enaltece a seleção vitoriosa. Mas toda essa glória não é nada se comparada à glória de Jesus Cristo quando Ele voltar em triunfo para receber Seu povo. O mundo todo ficará em suspenso, e os que O esperam romperão em júbilo “quando vier pa-

ra ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho)” (2 Ts 1.10). “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações” (1 Pe 1.6). Não esqueçamos que somente uma seleção pode ser a campeã do mundo! Mas o verdadeiro Vencedor é e continuará sendo apenas Jesus Cristo! (Norbert Lieth)

União e espírito de equipe são muito importantes para um time. Os crentes são conclamados a buscar a união com seus irmãos em Cristo.

O que é o “sinal” do Senhor Jesus? Pergunta: “Quando Jesus voltar, qual será o Seu “sinal”? Meu filho acha que Ele mesmo, o próprio Senhor Jesus, será esse sinal. Eu penso que se trata da Sua cruz. Qualquer que seja a resposta, ela não mudará em nada minha certeza de salvação. Apenas desejo conhecer sua opinião”.

Resposta: Ficamos contentes em saber que a resposta não vai abalar sua certeza de salvação. Realmente, sempre devemos avaliar se nossas perguntas e dúvidas – especialmente quando as analisamos com outras pessoas – têm qualquer relação com a salvação. Isso evitaria muitas discussões acaloradas e desentendimentos. É preciso defender

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com intransigência o que é essencial para a salvação. Por outro lado, as questões secundárias devem ser tratadas com mais brandura. Sua pergunta refere-se a Mateus 24.30. Nesse capítulo, Jesus descreve inicialmente os sinais que caracterizarão os tempos finais: engano, guerras e rumores de guerras, falsos profetas e falsos cristos (vv. 4-14). Tudo isso conduzirá à Grande Tribulação (vv. 15-28) e “então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem” (v. 30). Esse sinal será Sua glória indescritível, que resplandecerá no céu escuro. Ela corresponde à shekinah (a nuvem da presença do Senhor) no Antigo Testamento. A glória de Jesus que aparecerá no céu levará Israel a reconhecer

quem Ele realmente é: “...e todas as tribos da terra (de Israel) se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (v. 30, Bíblia de Estudo Profética). (Elsbeth Vetsch, Norbert Lieth)

Recomendamos:

Pedidos: 0300 789.5152 www.Chamada.com.br



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