Ousado Amor

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Traduzido do original em inglês Reckless Love © Copyright 2019 por Daniel Kolenda. CfaN Brasil Editora © 2019.

CRISTO PARA TODAS AS NAÇÕES

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Alguém lhe deu este pequeno livro por alguma razão. Há um propósito em ação na sua vida agora mesmo, muito além de qualquer coisa que você possa imaginar. Você sabe disso e pode senti-lo. É como se o próprio universo estivesse tentando lhe enviar uma mensagem. Você está em busca de um sinal. E aqui está! Tenha certeza de uma coisa: não estou tentando lhe vender nada. Mas este pequeno livro de leitura breve tem uma mensagem poderosa capaz de transformar sua vida — basta você baixar a guarda por um instante. O que vou compartilhar ao longo das próximas páginas é uma história que tem sido contada há milhares de anos. Relatos tão antigos são mais do que meras histórias. Eles têm sido passados de geração em geração por alguma razão. A história contida neste livro resistiu ao teste do tempo porque contém a verdade que transcende a cultura, o gênero, a religião, a raça, a etnia, a localização geográfica e o tempo. Ela é uma verdade que toca o próprio coração de homens e mulheres de uma maneira mais profunda do que jamais poderemos entender.


O Retorno do Filho Prรณdigo Rembrandt - Pintor

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Na verdade, esta história é tão importante, especialmente na cultura ocidental, que tem sido tema de livros, obras dramáticas, sermões e obras de arte — como a pintura de Rembrandt retratada na página ao lado. Rembrandt, a propósito, é considerado um dos maiores artistas visuais da história,1 e essa pintura, conhecida como O Retorno do Filho Pródigo, é apontada como sua maior obra. O famoso historiador da arte Kenneth Clark afirmou que não é somente a maior pintura de Rembrandt, mas “a maior pintura já feita em todos os tempos” (grifo nosso).2 A maior pintura de todos os tempos sobre uma das maiores histórias já contadas. Com certeza esta é uma história com a qual toda pessoa instruída e culta deveria se familiarizar mais! Para ser mais exato, este livro é sobre uma história da Bíblia — como você já deve ter percebido. Isso poderia imediatamente afastar algumas pessoas, mas não se preocupe, não tem nada a ver com entrar para determinada igreja ou para uma denominação específica. Na verdade, não se trata de religião, portanto, relaxe. Este pequeno relato é sobre uma das histórias mais poderosas e memoráveis da Bíblia, comumente conhecida como “O Filho Pródigo”. Ora, você pode ter ouvido a história do “filho pródigo” antes. Você pode tê-la ouvido mil vezes. Talvez você tenha crescido na igreja e a conheça de cor. Quero desafiá-lo a simplesmente continuar lendo ao longo dos próximos minutos, porque você vai ver uma coisa que nunca viu antes. 5


Por outro lado, talvez você não conheça bem a história, mas ouviu dizer algo sobre ela. Talvez você tenha visto representações como a famosa pintura de Rembrandt e tenha se perguntado do que se tratava. Ou você não faça ideia do que estou falando e esteja tomando conhecimento disso agora. Melhor ainda! Você está prestes a descobrir uma das maiores histórias que já foram contadas! A parábola do filho pródigo (a mesma representada naquela famosa pintura de Rembrandt) foi contada originalmente por Jesus — um homem que se destaca de todos os demais como um diamante resplandecente em contraste com a escuridão da história humana. Dizer que Ele é uma personalidade notável é subestimar demais.

Foi dito sobre Jesus Cristo: Ele nunca escreveu um livro. Ele nunca ocupou um cargo. Ele nunca teve uma família nem possuiu uma casa. Ele não frequentou a universidade. Ele nunca viveu em uma cidade grande. Ele nunca viajou para mais de trezentos quilômetros de distância do lugar onde nasceu. Ele não fez nenhuma das coisas que geralmente tem a ver com a grandeza. Ele não tinha nenhuma credencial a não ser Ele mesmo...


Vinte séculos se passaram, e hoje Ele é a figura central da raça humana. Não estou exagerando quando digo que todos os exércitos que já marcharam, todas as esquadras que já navegaram, todos os parlamentos que já se reuniram, todos os reis que já reinaram — juntos — não afetaram tanto a vida do homem nesta terra quanto esta única vida.3 O famoso evangelista Billy Sunday disse: O efeito do Seu ensinamento sobre o mundo foi maravilhoso. Lembre-se de que Ele não deixou grandes faculdades que propagassem Suas doutrinas, mas entregou-as a alguns pescadores humildes, cujos nomes agora são os mais ilustres de toda a história. Se olhássemos unicamente pelo lado humano, como seria grande a probabilidade de tudo o que Ele disse ser esquecido dentro de alguns anos. Ele nunca escreveu um sermão. Ele não publicou nenhum livro. Nada do que Ele disse foi gravado sobre pedra ou impresso sobre o metal, no entanto, Suas doutrinas têm persistido há dois mil anos. Elas percorreram os confins da terra e realizaram milagres por onde quer que fossem. Elas ergueram nações das trevas, da degradação e do pecado, e fizeram o deserto florescer como a rosa... Quando Jesus alimentou os cinco mil com alguns pães e peixes e curou a pobre mulher que tocou a orla das Suas vestes, não existia uma igreja, ou um hospital, ou um asilo para loucos, ou outra [instituição de 7


caridade] no mundo, e agora elas são tão numerosas quanto os grãos de areia da praia. Quando a nuvem resplandecente o ocultou do olhar daqueles que o amavam com uma devoção que os levou ao martírio, o único registro das Suas palavras foi gravado no coração deles, mas agora bibliotecas inteiras se dedicam a esquadrinhá-las. Nenhuma palavra teve tanto peso ou foi tão considerada tanto quanto as que foram ditas por Aquele que era tão pobre que não tinha onde reclinar a cabeça. A erudição do mundo sentou-se aos Seus pés com a cabeça desnuda, e foi compelida a dizer vez após vez: “Nunca, jamais, alguém falou como Ele”. Seus discursos foram traduzidos em todos os idiomas conhecidos e levaram cura em suas asas por onde quer que fossem. Nenhum outro livro jamais teve um décimo da circulação daquele que contêm Suas palavras; e não apenas isso, mas os Seus pensamentos e a história da Sua vida estão tão interligados em toda a literatura que se um homem jamais lesse uma única linha da Bíblia, porém fosse um leitor em geral, ele não 4 poderia permanecer ignorante quanto a Cristo. Sem dúvida, você aprendeu sobre grandes personalidades na escola. Com certeza você leu livros excelentes de autores famosos. Mas quão profundo é o seu conhecimento acerca das palavras, das histórias e dos ensinamentos de Jesus Cristo — o homem mais influente que já viveu — o homem cujas palavras literalmente moldaram a civilização ocidental e transformaram o mundo?


Encontramos “O Filho Pródigo” no capítulo quinze do livro de Lucas. Jesus disse:

...Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao seu pai: “Pai, quero a minha parte da herança”. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente. Lucas 15:11-13

O caçula da família fez algo muito inusitado. Ele basicamente disse: “Pai, sei que você ainda não morreu, mas não posso esperar mais. Quero minha herança agora”. O pai não tinha obrigação de atender a essa exigência irracional, mas surpreendentemente ele fez como o filho pediu: dividiu sua riqueza e deu a porção de direito ao filho mais moço. Alguns dias depois, o filho pegou todo o seu dinheiro e saiu da cidade. Foi para a cidade grande. Embora a Bíblia não entre em detalhes sobre o que ele fez ali, ela diz que ele “desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente”. Isso significa que ele estava vivendo de maneira imprudente. Ele estava vivendo apenas o momento. Vivendo para o agora. Isso me lembra de uma passagem do filme Velozes e Furiosos, onde o personagem principal, um piloto de 9


corrida de rua, diz: “Levo a minha vida um quilômetro de cada vez, nada mais importa, durante aqueles dez segundos ou menos 5 eu sou livre!”. Trata-se de uma atitude imprudente que coloca o prazer e a gratificação instantânea acima de tudo. Nada importa, a não ser o frenesi passageiro de alguns segundos de êxtase. A família não importava. A saúde não importava. O trabalho, a reputação, o exemplo que ele dava aos outros, o impacto que causaria no mundo e nas pessoas que o cercavam, nada disso importava — ele só queria aquele “barato”. Ele queria aquela sensação. Era para isso que estava vivendo. Essa é uma atitude que é glorificada nos filmes e na maneira como muitas pessoas vivem, no entanto é um jeito terrível de pensar e viver! É incrivelmente egoísta e irresponsável. Trata-se de uma visão superficial, imatura e destrutiva, e leva exatamente para onde levou o filho pródigo.

Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade. Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos. Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. Lucas 15:14-16

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“Levo a minha vida um quilômetro de cada vez, nada mais importa, durante aqueles dez segundos ou menos eu sou livre!”

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Aquele jovem acabou completamente privado de recursos. Ele não tinha um centavo no bolso. O dinheiro havia acabado. Todos os seus amigos o deixaram. E, para piorar ainda mais as coisas, houve fome na terra! As pessoas ao redor estavam morrendo de fome — e ele não podia sequer ajudar a si mesmo. Eis para onde esse tipo de estilo de vida irresponsável leva. É divertido enquanto dura, mas quando as dificuldades da vida vêm, você se torna uma pessoa miserável, ressentida, vingativa, que não tem utilidade alguma para si mesmo nem para ninguém. Em vez de aliviar o sofrimento do mundo, você se torna parte do problema. É um lugar terrível para estar. Veja bem, o estilo de vida egoísta deixou esse jovem vazio e necessitado. Não é irônico que ele tenha gasto tudo o que possuía tentando satisfazer anseios e caprichos egoístas, e em vez de ficar satisfeito, ele tenha acabado mais necessitado do que estava antes? Ele causou exatamente aquilo que estava tentando evitar. Sua cura se tornou sua doença. Depois de gastar cada centavo, ele estava mais faminto do que nunca — e a fome é uma motivadora poderosa. Então, ele tinha de encontrar cada vez mais maneiras de se satisfazer. O fundo de poço foi quando se viu obrigado a aceitar um emprego terrível — alimentando porcos e vivendo com os animais na pocilga. Ora, sei que isso não parece atraente para ninguém. Ninguém gosta da ideia de viver com porcos. Mas você precisa entender que Jesus contou essa parábola para uma audiência judaica. O filho pródigo era um garoto judeu, e 12


quando você entende isso, a história ganha um novo significado. Para um garoto judeu religioso, viver com os porcos era muito mais do que apenas nojento... Era a imagem definitiva da imundície e da sujeira. Os judeus não têm permissão para comer carne de porco, mas mais que isso, eles evitam qualquer associação com os porcos. Tocar na carcaça de um porco tornaria um judeu cerimonialmente impuro, de modo que o fato de o rapaz estar vivendo com os porcos era uma imagem clara do quanto ele havia caído. Ele estava totalmente debilitado — física, financeira, social e espiritualmente.

Ele não apenas estava vivendo com os porcos, o versículo 16 diz que ele ansiava por encher o estômago com a comida dos porcos. As pessoas que alimentam porcos e vivem com porcos logo começam a agir como porcos também. A fome daquele jovem o levou a um lugar de desespero. Ele estava disposto até a comer a comida mais vil e repugnante, na tentativa frenética de autogratificação. Mas mesmo assim ele não conseguia saciar sua fome. No começo, ele tentava encontrar aventura, sucesso, amor e prazer. Mas sua busca o havia levado a um beco sem saída. Depois de ter desperdiçado tudo o que possuía, ele chegou ao fundo do poço e ainda não estava satisfeito!


Isso me lembra daquela canção dos Rolling Stones, “I Can't Get No Satisfaction” (Nada Me Satisfaz). Meu amigo, conheço muitas pessoas que estão em uma pocilga, enchendo a barriga com as coisas mais vis na tentativa de saciar o anseio profundo de seus corações. Mas por mais que tentem elas continuam solitárias, desesperadas e insatisfeitas. Estão famintas por algo que ninguém tem sido capaz de lhes dar. Algumas pessoas pulam de um relacionamento para o outro em busca de satisfação, e continuam sempre em situações abusivas. Elas continuam sendo feridas e as pessoas continuam se aproveitando delas, no entanto a profunda fome de amor e aceitação que elas têm as leva de volta à pocilga. Muitas pessoas se envolvem com pornografia e com outras formas de decadência sexual na tentativa de suprir alguma necessidade profunda. Elas logo descobrem que aquilo em que se envolveram não satisfaz tanto. Não conseguem mais se excitar com a Playboy. Agora precisam de algo mais distorcido, mais pervertido, mais vil. Logo elas se veem nos lugares mais escuros, nas profundezas do inferno — e, ainda assim, não estão satisfeitas.


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Então, o que você deve fazer quando se encontrar nesse lugar escuro? Bem, a história do filho pródigo nos dá a resposta:

Caindo em si, ele disse: “Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: 'Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados'.” A seguir, levantou-se e foi para seu pai. Lucas 15:17-20a

A Palavra diz “caindo em si”. Este é o momento que toda pessoa precisa ter. Um momento de clareza. Um momento de sobriedade. Um momento em que você pensa: Espere um instante. O que estou fazendo aqui? O que eu me tornei? Quem sou eu? Por que estou vivendo assim? Deve haver algo melhor, algo mais do que isto na vida! Quando eu tinha cerca de doze anos, meu primo começou a fumar. Eu achava muito legal ficar com aquela pose de James Dean em Rebelde Sem Causa, com a gola virada para cima, encostado na parede, com um cigarro na mão. Eu queria ser assim. Então, perguntei ao meu primo se ele 16


poderia me dar um cigarro e, para minha surpresa, ele me deu um maço inteiro! Eu nunca subi na vida tão depressa. Em um piscar de olhos, deixei de ser um bobalhão comum e passei a me sentir popular. Mas havia um problema. Se meu pai me apanhasse fumando eu estaria encrencado. E ele seria gentil se comparado ao que minha mãe faria comigo. Então, peguei o maço e saí para o bosque. Sentei-me no chão atrás de um grande arbusto e acendi um cigarro. É claro, comecei a tossir e a me engasgar feito um louco. A coisa ficou bem feia, na verdade, mas pensei: Bem, este é o preço para ser popular, então vale a pena. De fato, eu não sabia como estava me saindo, porque o cigarro durou muito mais do que deveria. Eu estava decidido a ir até o fim, como um homem de verdade. Eu estava decidido a fumar a coisa inteira. Mas de repente, tive um momento de clareza. Pensei comigo mesmo: Espere um instante. Estou fumando este cigarro não porque gosto, e sim para ser legal. Mas escondido aqui no bosque ninguém pode me ver. E se ninguém pode me ver, ninguém pode me achar legal. Se ninguém me acha legal, qual é o sentido disso? Estou passando por tudo isso para nada. Apaguei o cigarro, joguei o maço fora e nunca mais fumei outro desde então. Essa história não é sobre fumar; é sobre aquele momento de clareza. É preciso cair em si! Talvez você tenha crescido na igreja ou tenha seguido Jesus um dia. Você precisa entender que, sejam quais forem as ideias ingênuas que o fizeram se afastar de Deus e o levaram a correr atrás das


coisas deste mundo, elas não deram resultado. Você não encontrou a paz, a alegria, a satisfação e a realização que estava procurando. Você nem ficou tão legal assim. O que você está fazendo? É hora de voltar para casa! Talvez você nunca tenha ouvido essas coisas que estou lhe dizendo. Talvez você não soubesse que havia uma solução para o inferno em vida em que você está vivendo. Talvez você não soubesse que Deus tem um remédio para o pecado, a doença, o vício e as trevas que estão tentando sufocar você.


Foi por isso que alguém colocou este livro em suas mãos! Esse é o seu chamado a um despertar! É hora de voltar para casa! E foi exatamente isso que o filho pródigo fez. Ele decidiu que iria se humilhar e voltar para seu pai. Ele se ofereceria para se tornar um dos servos contratados pelo pai (porque até os servos do pai viviam melhor do que ele estava vivendo).

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Esta é a minha parte favorita da história. Enquanto aquele jovem se arrastava de volta para casa, um passo pesado de cada vez, ele se apavorava com a ideia do momento em que ficaria face a face com o pai. Ele estava muito preocupado com a maneira como o pai reagiria à sua vida imatura e negligente. Não tinha certeza quanto à maneira como se explicaria quando o pai lhe perguntasse o que havia feito com todo o dinheiro que lhe dera. Enquanto isso, o pai estava sentado na varanda da frente de casa, com os olhos apertados focados na direção para a qual o filho havia partido. Todos os dias, ele ficava sentado ali, olhando, desejando, esperando, aguardando que um dia seu filho retornasse. Finalmente, ele viu a silhueta do filho aparecer no horizonte, e o homem idoso não conseguiu se conter: levantou-se e correu para receber o filho de volta!

... Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou. Lucas 15:20b


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Essa é a cena retratada naquela pintura de Rembrandt. O pai está inclinado com as mãos abertas para receber o filho, que se ajoelha diante dele e se prepara para receber o abraço do pai. Que bela imagem de reconciliação, aceitação, perdão, graça e misericórdia! O pai não está irado. Ele não está julgando o filho. Ele não está amargo e vingativo. Ele é um bom pai — cheio de compaixão pelos filhos que ama. Todas as coisas com as quais o filho pródigo havia se preocupado tanto eram apenas uma miragem. O pai não o repreendeu, não o puniu, nem o mandou morar com os servos. Todos os dias, enquanto aquele jovem vivia na pocilga, o pai estava sentado na varanda da frente esperando que ele voltasse para casa! Mas isso não era tudo. O pai não o recebeu de volta relutantemente. Ele o abraçou, beijou e encheu de presentes como se fosse uma manhã de Natal. Ele até matou o bezerro cevado e deu uma festa. A pintura de Rembrandt retrata as vestes esfarrapadas e os sapatos velhos do filho, tão gastos que um deles havia caído e o outro mal estava preso ao pé. Esses objetos de vergonha serão substituídos por presentes de amor: vestes novas, sapatos novos, um anel no dedo e uma festa de boas-vindas!


Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16

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O filho lhe disse: “Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho”. Mas o pai disse aos seus servos: “Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e comemorar. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado”. E começaram a festejar. Lucas 15:11-13

Foi aqui que vi uma coisa que eu nunca havia visto antes. Normalmente, a ênfase desta história está no filho. Popularmente essa parábola é conhecida como a do “Filho Pródigo” (como já mencionei muitas vezes); no entanto, não creio que Jesus tenha pretendido que a ênfase estivesse no filho. Creio que a ênfase deveria estar, o tempo todo, no pai. Observe que quando Jesus iniciou a história (no versículo 11) ele não começou dizendo: “Era uma vez um filho”. Em vez disso, Ele começa assim: “Certo homem tinha dois filhos” (grifo nosso). Rembrandt também conseguiu capturar lindamente essa ênfase no pai. Observe que o foco da pintura é o pai. Na verdade, só vemos as costas do filho. Era o homem — o pai — o protagonista. A história não é sobre o filho, mas sim sobre o pai!


E tem mais, a palavra pródigo significa “esbanjador, negligente, extravagante; quem dá ou gasta com profusão; excessivo ou abundante”.6 Dizemos que essa história é sobre o filho pródigo porque estamos focados na maneira como o filho desperdiçou seu dinheiro com negligência. Mas creio que Jesus pretendia chamar nossa atenção para o pai, que derramou amor e graça de maneira liberal e extravagante, e sim, até descuidadamente, sobre o filho que não merecia! Acho que você poderia dizer que essa é a história do “Pai Pródigo”.7 Em outras palavras, é uma história sobre “Ousado Amor” do pai. Quando reflete sobre sua vida, talvez você pense nas vezes em que foi esbanjador e pouco sábio. Você enxerga seus erros, suas falhas e suas imperfeições. Mas entenda uma coisa: não se trata de você. Não é sobre o quanto você se afastou e o quanto se desviou. É sobre um Pai amoroso que o ama tanto que deu tudo por você. É sobre um amor ousado que faria qualquer coisa para alcançar você! Não é sobre sua vida negligente; é sobre o amor ousado de Deus! Um dos meus versículos favoritos da Bíblia é Romanos 8:32: “Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?”. Deus deu Seu Filho sabendo que muitas pessoas cuspiriam no rosto dele, o rejeitariam e até zombariam do Seu presente de amor. Mas Deus deu liberal, abundante e altruistamente o melhor que tinha para você. 25


Isso é um amor ousado. Se Deus deu o próprio Filho por você, pode ter certeza de que Ele está disposto a lhe dar qualquer coisa e tudo o mais que você possa necessitar. Esse versículo mostra que a cruz é a evidência máxima do amor ousado de Deus. Na cruz, Jesus aceitou o pior que a humanidade tinha a oferecer — injustiça, ódio, preconceito, orgulho, violência, traição e morte. Sem lutar, Ele levou os pecados do mundo sobre Si. Em troca, Ele deu o melhor que Deus tinha a oferecer — perdão, humildade, mansidão, generosidade, fidelidade, verdade, salvação e amor. Mas a cruz foi mais que um símbolo; ela é o próprio meio pelo qual Deus é capaz de estender misericórdia e justiça enquanto permanece completamente justo. Se Deus tivesse simplesmente ignorado nosso pecado, isso teria sido injusto. Mas se todos nós recebêssemos a justiça que merecíamos, estaríamos todos condenados.


Em vez disso, Jesus levou nossa punição sobre Si (justiça) e nos ofereceu o perdão e a paz com Deus em troca (misericórdia).

Como meu mentor Reinhard Bonnke escreveu com relação à cruz de Cristo: Jesus, o Carpinteiro de Nazaré, transformou o madeiro da cruz na porta para a vida. Este é o cerne das boas novas — a cruz tem o poder de nos transformar. Menos se transforma em mais, negativo em positivo. Na cruz, as trevas se transformam em luz, a morte em vida, o ódio em amor, as cadeias em liberdade, o medo em fé, o desespero em alegria, o quebrantamento em plenitude, o inferno em céu...

Jesus ainda está vivo! Ele está aqui hoje para reverter toda maldição e para cancelar a obra maligna de Satanás. Os pecadores são perdoados. Os doentes são curados. Os relacionamentos quebrados são restaurados. Contra o poder de Jesus na cruz, as forças do mal são finalmente derrotadas. 27


É por isso que a cruz é o símbolo ou a marca da fé cristã. Ela pertence somente a Jesus. Nenhum fundador ou líder de outra religião ousaria usar essa marca porque ela representa algo que eles mesmos nunca fizeram! Nenhum deles foi crucificado pelos pecados do mundo. Nenhum deles pode nos dar o socorro que tão desesperadamente necessitamos. Só Jesus pode nos salvar. Como Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” 8 (João 14:6).

Na pintura de Rembrandt, o pai e o filho são iluminados contra um fundo escuro de um vazio infinito. Foi dali que o filho pródigo saiu. Ele estava em um mundo de trevas, um mundo destituído de luz e calor. Este é um mundo no qual muitas pessoas se encontram agora. Algumas se acostumaram tanto com a escuridão que gostam dela. Como zumbis com medo de saírem para a luz, o mundo está cheio de gente que perambula na noite, que se acostumou com a escuridão. João 3:19 diz: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más”. 28


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Mas na parábola do filho pródigo, Jesus está nos chamando das trevas para a luz e o calor do abraço de Deus. Você não precisa mais viver uma vida sem sentido. Você não precisa mais perambular no exílio. Você pode voltar para casa, para uma lareira e um banquete — para o amor e a aceitação. Você é convidado para uma família à qual você pertence e é amado. Esse é o Evangelho.

Há mais um detalhe na pintura mais famosa de Rembrandt do qual a maioria das pessoas não está ciente. O filho pródigo na pintura é um autorretrato de Rembrandt. Ele se inseriu na história. Ele está dizendo: “Eu sou o filho pródigo”. Esse é o verdadeiro ponto do “filho pródigo”. Jesus não estava apenas contando uma parábola sobre um judeu qualquer — Ele estava contando a nossa história. Essa é a minha história. É a sua história. É um convite para você se inserir no maior drama de todos os tempos. Onde quer que esteja — se você está em uma terra distante, se está tentando encher a alma com coisas que não satisfazem, se está vivendo com os porcos ou com saudades de casa — hoje é o seu dia. Oro para que você tenha aquele momento de clareza que o filho pródigo teve na pocilga: que você caia em si e perceba que não precisa mais viver assim.


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Independentemente de onde esteja agora, por mais que tenha se distanciado ou por mais perdido que se sinta, você pode voltar para casa hoje! A Bíblia diz que há duas coisas que você precisa fazer — arrepender-se e crer no Evangelho (as boas novas).

Arrependei-vos e crede no evangelho! Marcos 1:15b (ARA)

Arrepender-se significa dar meia-volta. Se está andando na direção errada, você precisa parar, dar meia-volta e começar a se mover na direção certa. O filho pródigo teve de mudar de direção — parar de se afastar do pai e começar a andar na direção de casa. Mas, o que é ainda mais importante, ele teve de mudar a maneira de pensar. Ele pensava no pai como alguém duro e julgador. Ele temia voltar até que percebeu que, se voltasse para casa, até a pior hipótese era melhor que a situação atual. Também é isto que o arrependimento significa: não apenas uma mudança de direção, mas uma mudança na maneira de pensar. A Bíblia nos dá uma nova maneira de pensar sobre Deus e sobre nós mesmos, e quando adotamos essa nova maneira de pensar, isso é arrependimento. 32


Então, qual é essa nova maneira de pensar? Em primeiro lugar, precisamos mudar a ideia que temos a respeito de nós mesmos; precisamos nos ver como Deus nos vê. A maioria das pessoas se acha boa. Elas com certeza não pensam que estão perdidas ou que precisam de ajuda. Mas a Bíblia diz sobre o coração do homem: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9). A Bíblia diz que nós nos desviamos como ovelhas perdidas (Isaías 53:6), que nenhum de nós é justo e nenhum de nós merece a misericórdia de Deus (Romanos 3:10), e que somos todos pecadores necessitados de um Salvador. O filho pródigo disse ao pai: “Pai, pequei contra o céu e contra ti”. Ele entendeu que não era digno de perdão, mas lançou-se sobre a misericórdia do pai. Quando nos vemos como pecadores necessitados da graça imerecida e da misericórdia de Deus, estamos na posição de receber o perdão. Tiago 4:6 diz que “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. Em segundo lugar, precisamos mudar de ideia sobre Deus. Ele não é um personagem de conto de fadas. Ele não é um velho barbudo que está no céu. Ele não é um tirano esperando para castigar você pelos seus erros. Ele é aquele pai amoroso da parábola que anseia por vê-lo voltar para casa. Ele criou você. Ele enviou Seu Filho para morrer por você. Você pertence a Ele, e Ele vai recebê-lo de volta à casa de braços abertos!


Crer não é simplesmente concordar mentalmente sobre uma ideia. No contexto bíblico, crer significa confiar plenamente. Uma excelente ilustração disso vem de John G. Payton, um missionário das Novas Hébridas. Ele estava traduzindo a Bíblia para o idioma local e procurava a palavra certa para traduzir crer do inglês para a língua nativa. Payton se esforçou por algum tempo, porque sabia que a palavra tinha de indicar mais do que aceitar uma ideia como verdadeira. Precisava indicar confiança total. Certo dia, depois de retornar de uma longa caçada, ele despencou, exausto, sobre uma cadeira. Quando um dos nativos viu isso, ele disse: “É bom se esticar e descansar quando estamos cansados”. De repente, Payton teve uma epifania. Ele pegou essas palavras “esticar e descansar” e usou-as para traduzir a 9 palavra crer na língua nativa. Na verdade, é isso que a palavra crer significa para nós também. Deus nos convida a nos “esticar e descansar” na obra que Jesus fez por nós na cruz. Quando o filho pródigo retornou para casa, ele estava sem nada. Não tinha um centavo. As próprias roupas do corpo estavam em frangalhos. Ele não tinha nada a oferecer ao pai a não ser a si mesmo. É somente nesse estado que podemos ir a Deus. Ele só recebe aqueles que entendem que não têm nada a oferecer a não ser a si mesmos. Aqueles que pensam que são dignos estão


desqualificados. Isso porque não podemos conquistar a salvação, e nunca poderemos ser bons o bastante para merecermos a salvação. Só podemos recebê-la como um presente gratuito

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8-9 ...porque “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Romanos 10:13

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Se é isso que você deseja, eu gostaria de convidá-lo a orar, em suas palavras ou usando a oração a seguir:

Deus e Pai, venho a Ti como um pecador que precisa de salvação. Não posso salvar a mim mesmo, mas eu me lanço sobre a Tua misericórdia. Toma o meu pecado, a minha vergonha, os meus vícios e a minha escuridão. Dá-me a Tua justiça, a Tua libertação, a Tua luz e o Teu amor. Confesso com minha boca o que creio em meu coração que Jesus é Senhor e que Deus o ressuscitou dentre os mortos. Coloco minha fé e minha confiança em Jesus Cristo somente. Recebo o Teu dom gratuito da salvação através de Jesus Cristo. Enche-me agora com o Teu Espírito Santo e faz de mim um filho de Deus. A partir de hoje, pertenço a Jesus e Jesus me pertence. Creio nisso e eu o recebo e o confesso. Em nome de Jesus. Amém!

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Se você se voltou para Deus arrependido e com fé, agora você faz parte da “família de Deus” — a maior família do mundo. Milhares de pessoas tomaram a mesma decisão de seguir Jesus. A Bíblia diz: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios 5:17). Você pode ter certeza de que Deus ouviu sua oração. Este é o primeiro dia do resto da sua vida. O melhor ainda está por vir!

Se você recebeu Jesus como seu Salvador hoje, converse com a pessoa que lhe deu esse livreto ou procure uma igreja próxima a sua casa. Você vai começar uma linda caminhada de relacionamento com Deus. Leia a Bíblia todos os dias e se fortaleça ma fé.


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1.Wikipedia, “Rembrandt”, Wikipedia, A Enciclopédia Livre, Disponível em: <https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Rembrandt&oldid=837989202>. Acesso em: 13 maio 2018. 2.Kenneth Clark citado em John I. Durham, The Biblical Rembrandt: Human Painter in a Landscape of Faith (Macon: Mercer University Press, 2004), 183. 3.O autor é desconhecido, mas em geral é atribuído a James Allen Francis citado em Suzy Platt, Respectfully Quoted: A Dictionary of Quotations (New York: Dorset Press, 1989), 175-176. 4.Elijah P. Brown, The Real Billy Sunday: The Life and Work of Rev. William Ashley Sunday, D. D., the Baseball Evangelist (Dayton: Otterbein Press, 1914), 280-282. 5.Velozes e Furiosos, dirigido por Rob Cohen (Universal City, Universal Pictures, 2001), DVD. 6.pródigo. Dictionary.com. Dictionary.com Unabridged. Random House, Inc. Disponível em: <http://www.dictionary.com/browse/prodigal>. Acesso em: 13 maio 2018. 7.Ideia popularizada no livro de Tim Keller, The Prodigal God: Recovering the Heart of the Christian Faith (New York: Penguin Group, 2008). 8.Reinhard Bonnke, From Minus to Plus: The Epic of Christ's Cross (Reinhard Bonnke Ministries, Inc., 1996). 9.Kenneth O. Gangel, Holman New Testament Commentary, Vol. 4: John (Nashville: Broadman & Holman Publishers, 2000), 53.


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