A princesa de gelo camila lackberg

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virar para a sala que a viu. Por alguns segundos, seu coração parou de bater. Ele se sentiu como se tivesse dez anos de idade, tentando puxar seu rabo de cavalo. Um segundo depois, tinha quinze anos de idade e tentava convencêla a pular na sua moto para darem uma volta juntos. Tinha vinte anos quando abandonou toda esperança ao ver que ela se mudaria para Gotemburgo. Após um rápido cálculo mental, concluiu que fora pelo menos há seis anos que a tinha visto pela última vez. Ela não mudara nada. Alta e com curvas. Seu cabelo encaracolado alcançava os ombros em vários tons de loiro que se mesclavam, resultando numa cor quente. Mesmo quando era uma garotinha, Erica tinha sido vaidosa, e ele podia ver que ainda dava muita importância aos detalhes de sua aparência. Seu rosto se iluminou de surpresa ao vê-lo, mas Mellberg estava lançando um olhar duro a fim de que se sentasse, então ele apenas pôde gesticular um ‘olá’. Era um grupo de pessoas tensas que estava sentado diante dele. A mãe de Alexandra Wijkner era pequena e magra e usava joias de ouro pesadas demais para o seu gosto. Seu penteado era impecável e ela estava muitíssimo bemvestida, mas suas enormes olheiras denunciavam seu sofrimento. Seu genro não mostrava os mesmos sinais de sofrimento. Patrik deu uma olhada nos documentos que continham suas informações pessoais. Henrik Wijkner, um homem de negócios bem-sucedido em Gotemburgo e herdeiro de uma considerável fortuna que vinha de várias gerações. Percebia-se. Não por causa da aparência claramente cara de suas roupas ou do aroma da fina loção pós-barba que pairava no ar, mas era algo mais difícil de se definir. Uma segurança inquestionável de que achava que tinha direito a um lugar de destaque no mundo, que provinha do fato de nunca ter tido desvantagens na vida. Apesar de Henrik parecer tenso, Patrik podia perceber que ele tinha o controle da situação. Mellberg estava “se achando” atrás de sua mesa. Na verdade, tinha conseguido enfiar sua camisa dentro da calça, mas sua estampa multicolor estava manchada com pingos de café. Enquanto observava cada um dos convocados com um silêncio estudado, passou a mão direita sobre seu penteado, que tinha pendido demais para um lado. Patrik, por sua vez, estava se esforçando para não olhar para Erica. Para tanto, concentrava-se em uma das manchas na camisa de Mellberg. “Bem, vocês devem estar cientes da razão pela qual os chamei aqui.” Mellberg fez uma longa pausa para aumentar o efeito. “Sou o delegado Bertil Mellberg, chefe da delegacia de Tanumshede, e este é Patrik Hedström, que me ajudará nesta investigação.” Ele acenou para Patrik, que estava sentado um pouco distante do semicírculo formado por Erica, Henrik e Birgit em frente à mesa de Mellberg.


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