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considerada uma nova forma de brecha digital, que está presente não apenas no acesso às redes e aos dispositivos, mas também nas atividades realizadas e no desenvolvimento de competências e habilidades digitais. Essas diferenças tornam-se marcantes, por exemplo, quando se investiga o número de crianças e adolescentes que utilizam o celular como único dispositivo para acesso à internet: são principalmente os jovens que residem em áreas rurais (49%) e nas regiões Norte (53%) e Nordeste (39%), pertencentes às classes de menor renda –55% destes jovens estão nas classes DE, enquanto estes percentuais entre os usuários de internet das classes AB são de 12% e da classe C, de 34%. Por um lado, o uso do celular atribui a estes jovens maior autonomia de acesso às TIC do que se eles dependessem dos dispositivos presentes na escola, na biblioteca ou em centros públicos de acesso, que geralmente impõem restrições de uso, como filtros de conteúdos e horários específicos para utilização. Contudo, a desigualdade quanto ao acesso a diferentes dispositivos pode ser marcante em termos de desenvolvimento de competências e habilidades (Hargittai, 2010). Danah Boyd (2014) atenta ainda para o fato de que, mesmo entre os jovens que já possuem acesso a dispositivos, redes e conteúdos digitais, muitas vezes, o desenvolvimento de competências e habilidades para uma leitura crítica dos conteúdos digitais não está difundido. Como os adolescentes nasceram e cresceram em um mundo em que a internet sempre existiu, assume-se que são capazes de apropriar-se automaticamente das novas tecnologias e de enfrentar os riscos que elas proporcionam –pressuposto bastante difundido pelo conceito de “nativos digitais” (Prensky, 2001). Esta visão, entretanto, encobre as desigualdades de acesso e uso da rede entre os jovens.