A arte potuguesa até aos anos 1960

Page 1

A ARTE PORTUGUESA ATÉ AOS ANOS 60: pintura, escultura e arquitectura


A ARTE PORTUGUESA ATÉ AOS ANOS 60: pintura, escultura e arquitectura • A arte portuguesa na 1ª metade do século XX registava um grande desfasamento cronológico em relação à Europa. • Causas: - instabilidade política ( queda da 1ª República em 1926; instauração do Estado Novo a partir de 1932) - atraso económico, social e cultural. •

Em termos culturais havia uma grande resistência à mudança estética, persistindo o gosto pelo Naturalismo, protagonizado por Columbano e José Malhoa.

Os artistas portugueses no início do século XX, continuavam a deslocarse ao estrangeiro beneficiando de bolsas e alguns absorviam as novidades introduzidas pelas vanguardas. Era a lenta penetração da modernidade.


• O 1º sinal de mudança, surgiu em 1911, quando da exposição de Arte Livre ,organizada por Manuel Bentes e pintores que tinham passado por Paris, como Eduardo Viana, Francis Smith e Emérito Nunes. • Nessa exposição já era visível alguma distanciação em relação à arte vigente. • Seguiu-se-lhe o 1º SALÃO DOS HUMORISTAS em 1912 e em 1915 a 1ª EXPOSIÇÃO DOS HUMORISTAS E MODERNISTAS onde foi usada pela 1ª vez a palavra MODERNISMO. •

A revista ORFEU fundada por Fernando Pessoa, José Pacheco, Mário de Sá Carneiro, aos quais se juntaram Almada Negreiros, Santa-Rita entre outros, contribuiu igualmente para alterar modificar a vida artística portuguesa.


1º número da revista ORFHEU e os seus principais colaboradores: Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro , Almada Negreiros


2º número da revista “ ORFHEU”, e excerto do poema” Manucure “de Mário de Sá Carneiro


• A eclosão da primeira guerra Mundial , contribuiu para o regresso de um grupo de artistas que tinha convivido com as vanguardas modernistas.

Entre eles encontravam-se Amadeu Souza-Cardoso, Santa –Rita, José Pacheko e Eduardo Viana, que trouxe consigo o casal Robert Delaunay e Sónia Trek, mentores do Orfismo, e que se refugiam durante um período em Portugal.

Foram estes artistas que introduziram o Modernismo e o Futurismo em Portugal.


Constituindo um grupo heterogéneo de pintores, escritores, poetas e músicos, incomodaram os meios mais conservadores da sociedade, através de manifestos, exposições, publicações e secções públicas vanguardistas de entre as quais se destacam:

• O MANIFESTO ANTI-DANTAS de Almada(1915); • a exposição “ ABSTRACCIONISMO” de Amadeu; • a revista PORTUGAL FUTURISTA (1917) de Almada; • a actuação dos BALLETS RUSSOS de Diaghliev, em Lisboa, • assim como os BAILADOS PORTUGUESES de Ruy Coelho em 1918, no Teatro São Carlos.


À PRIMEIRA GERAÇÃO MODERNISTA • Pertenceram : Eduardo Viana Amadeu de Souza – Cardoso Santa Rita Almada Negreiros

José Pacheko Cristiano Cruz • A polémica levantada por estes “ modernistas” agitou os meios artísticos portugueses, contribuindo para a renovação da pintura. • Influenciados pelas vanguardas, apresentaram obras verdadeiramente inovadoras.


• A estes pintores do 1º modernismo em Portugal, podem-se juntar ainda os pintores Carlos Botelho, Dórdio Gomes, Mário Eloy, e escultores como Jorge Barradas, António Duarte, Barata Feyo etc. • Há ainda a acrescentar o papel desempenhado pelas revistas “ Seara Nova” e “Presença”, na mudança de mentalidades. • Porém, o desenvolvimento cultural que se estava a processar, estagnou a partir dos anos 30, quando foi criado o Secretariado da Propaganda Nacional e o Estado novo passou a controlar a produção intelectual, criando uma arte nacionalista que se manteve para além dos anos 60.

• Apesar do efeito coercivo exercido pelo poder, houve sempre uma arte produzida à margem do regime , vivendo paredes-meias com a arte nacionalista.



AMADEU DE SOUZACARDOSO ( 1887-1918) •Caracterizou-se pela experimentação de várias correntes, do NATURALISMO ao EXPRESSIONISMO e ao CUBO-FUTURISMO; •Em França privou com pintores como Modigliani e Brancusi;

•Participou em exposições em Paris, Berlim, Nova Iorque; •Contactou com personalidades como Picasso , Braque, o casal Delaunay.


• A sua obra reflecte influências das várias tendências artísticas.

Do Cubismo apropriou-se da geometrização das formas, transformadas em planos facetados, quase sempre intensamente coloridos, restringindo e distorcendo a perspectiva e interligando as figuras através de superfícies delineadas ou de riscos oblíquos e da introdução de letras ou outros materiais.

• Aplicou os discos órficos de Robert Delaunay, nas suas paisagens.

• Ficou célebre pelas máscaras e pelas naturezas-mortas, assim como pelas paisagens onde são visíveis as influências do folclore português. • A mistura harmoniosa do CUBISMO, do FUTURISMO, do EXPRESSIONISMO e do ABSTRACCIONISMO, torna difícil classificar as suas obras.


• Foi inovador pelo uso dos materiais ( pasta de óleo e areias) e pelo recurso à colagem ( fósforos, ganchos de cabelo, espelhos etc.). • Morreu precocemente aos 31 anos.


ALGUNS DADOS BIOGRÁFICOS SOBRE AMADEO SOUZA CARDOSO Saber mais sobre este pintor

• A sua família era rica e influenciou-o a ingressar no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Depressa desistiu do curso e mudou-se para o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa em 1905. O curso não satisfaz o seu génio criativo, por isso parte para Paris em 1906, instalando-se em Montparnasse com a intenção de continuar a estudar. As suas primeiras experiências artísticas conhecidas foram desenhos e caricaturas. Depois, dedicou-se à pintura. Poder-se-á dizer que foi um pintor impressionista, expressionista, cubista, futurista, mas sempre recusou qualquer rótulo. Apesar das múltiplas influências, procurava a originalidade e a criatividade na sua obra. Em 1908, instala-se no número catorze da Cité de Falguière. Frequentou ateliers preparatórios para a Academia das Beaux-Arts e a Academia Viti do pintor catalão Anglada Camarasa mas, apesar disso, não chegou a ser admitido. Em 1910, esteve alguns meses em Bruxelas e, em 1911, expôs trabalhos no Salon des Indépendants, em Paris, aproximando-se progressivamente das vanguardas e de artistas como Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris e Robert Delaunay


• . Em 1912, publicou um álbum com vinte desenhos e, em seguida, copiou o conto de Gustave Flaubert "La Légende de Saint Julien l'Hospitalier", trabalhos ignorados pelos apreciadores de arte. •

Depois de participar com oito trabalhos numa exposição realizada em 1913 no Armory Show (Estados Unidos da América), voltou a Portugal, onde teve a ousadia de fazer duas exposições, respectivamente no Porto e em Lisboa. Nesse ano, participou ainda no Herbstsalon da Galeria Der Sturm, em Berlim. Em 1914, encontra-se em Barcelona com Antoni Gaudí e parte para Madrid, onde é surpreendido pelo início da I Guerra Mundial.

Regressa então a Portugal, onde inicia uma meteórica carreira na experimentação de novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância, ao ponto de, em 1916, expor no Porto, sob o título "Abstraccionismo", 114 obras, que serão também expostas em Lisboa, num e noutro caso com novidade e algum escândalo.


• A estadia forçada de Amadeo em Portugal não foi sinónimo de apatia criativa. Se ainda em Paris a sua obra explorara os domínios da abstracção e, depois, enveredara por vias de compromisso expressionismo, o exílio em Portugal acabará por constituir-se como um momento de plena maturação da sua pintura que se aproximará então de muitas das questões equacionadas no domínio colagem. • Em 1915, o isolamento de Amadeo em Amarante foi quebrado pelo contacto com Sonia e Robert Delaunay que a Guerra fizera também, inesperadamente, aportar a Vila do Conde. • Por esta via, o círculo das suas relações recupera Eduardo Viana alarga-se a Almada Negreiros. No seio deste núcleo de amizades geram-se diversos projectos, nomeadamente a criação de uma Corporation Nouvelle destinada a promover exposições internacionais itinerantes, ideia que nunca chegou a concretizar-se. Entretanto, através de Almada, Amadeo entra em contacto com o grupo dos “Futuristas” lisboetas, reunidos inicialmente em torno da revista Orpheu.


• Amadeo morreu em Espinho em Outubro de 1918 vítima da epidemia de pneumónica que deflagrou nesse ano. Tinha apenas 31 anos.


AMADEO-”Máscara de olho verde”


“ A Cozinha de Manhufe”


Fig .2- Entrada, 1917


Pintura, 1913


Prociss達o do Corpus Christi, 1913


Os Cavaleiros, 1913


Menina dos Cravos, 1913



Barcos, 1913; Cabeรงa, 1913


EDUARDO VIANA

• Inicialmente foi um pintor naturalista de cenas de costumes, mas cedo enveredou pelo protocubismo cezanniano. • Após a sua estadia em Paris e de contactar intimamente com o casal Delaunay, aderiu ao Orfismo. • Foi também influenciado pelo Fauvismo.


K4 Quadrado Azul • O tema corresponde à apropriação do título de uma novela de José de Almada Negreiros e da própria capa do livro, também da sua responsabilidade gráfica, que surge integrada e plasticamente articulada com a representação de uma natureza-morta


Eduardo Viana: AS TRÊS ABÓBORAS


Nu, 1926


Eduardo Viana “ A REVOLTA DAS BONECAS

Em trabalhos como A Revolta das Bonecas ( [1916]) há uma influência nítida do casal Delaunay; uma figuração muito diluída de bonecos de reminiscência folclórica é integrada em movimentos circulares, desconstruções espaciais e densas sobreposições de fragmentos coloridos que tornam a composição um exemplo de pura dinâmica, raro na sua obra


DADOS BIOGRÁFICOS SOBRE EDUARDO VIANA Saber mais sobre este pintor •Nasceu em Lisboa em 1881. Após ter frequentado a Escola Nacional de BelasArtes, entre 1896 e 1905, e desiludido com o ensino académico em Portugal, partiu para Paris, cidade onde residiu entre 1905 e 1915.

Participou na I Exposição Livre, em 1911 (Salão Bobone), com seis trabalhos enviados de Paris, naquela que foi considerada a primeira grande exposição antiacadémica em Portugal.

O seu regresso em plena guerra coincidiu com a estada em Portugal de Amadeo de Souza-Cardoso e do casal Delaunay, todos eles, e de diferentes maneiras, num exílio forçado entre Manhufe e Vila do Conde. Esta proximidade geográfica e um natural sentimento de solidão foram fundamentais para alimentar o convívio intenso deste pequeno grupo e para a partilha de experiências cubistas e simultaneístas . Foi neste contexto português que o artista ensaiou e levou ao limite as suas possibilidades de ruptura com a representação plástica tradicional.


•Sinal dessa consciência de partilha de valores modernistas, espécie de homenagem a esse convívio alargado ao grupo futurista, Eduardo Viana realiza por volta de 1916, a pintura K4 Quadrado Azul . •. Pinturas como O Homem das Louças (1919) inscrevem os círculos órficos e a geometrização do vestuário e do espaço envolvente própria do primeiro Cubismo num conjunto de concessões à representação mais convencional, principalmente do rosto.

•Nas suas paisagens e naturezas-mortas, Viana aproximou-se de facto das revoluções modernistas, mas negou-as em muitos aspectos, e, apesar do fascínio pela simplificação, não pôde prescindir do peso e da presença anatómica, da fisicalidade exuberante dos modelos.


Depois destas breves experiências, Eduardo Viana regressou à prática de uma figuração reordenada a partir das influências fauves e cezannianas.

As paisagens (do Minho ao Algarve), de expressão cromática intensa e exuberante, são claramente influenciadas por Cézanne. As naturezas-mortas recordam, pela iconografia representada e pelo tratamento formal, a influência inicial do cubismo de Braque e Picasso.

Na obra Nu (Mulher Deitada), de 1925, pertencente à colecção do CAMJAP, a expressividade e explosão cromáticas, de reconhecida influência fauvista, dão origem a corpos de presença opulenta e sensual.


Até 1940, fará largas temporadas em Paris e na Bélgica e várias viagens pela Europa. Realizou a sua primeira exposição individual no Porto (1920), que apresentou no ano seguinte em Lisboa. Em Janeiro de 1925, foi o impulsionador do I Salão de Outono, a mais considerável manifestação pública dos pintores modernistas portugueses nos anos 20, onde expôs oito trabalhos, entre os quais as telas para o café A Brasileira. Entre 1930 e 1940, viveu sobretudo em Bruxelas, onde realizou uma obra escassa. Mas a partir de 1935 estará presente nos salões de Arte Moderna do SNI (Secretariado Nacional de Informação). Regressou definitivamente a Portugal, onde aperfeiçoou tecnicamente a sua pintura, utilizando a cor com grande sabedoria, e disso são excelentes exemplos as naturezas-mortas dos anos 50 e 60.


Participou na 25.ª Bienal de Veneza (1950), na 3.ª Bienal de São Paulo (1955) e na exposição colectiva Vinte Pintores Portugueses, na Galeria de Março em Lisboa (1952).

Em 1957, atingiu o seu período de consagração, obtendo o “Grande Prémio de Pintura” na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian e, em 1965, o “Prémio Nacional de Arte do SNI”. Perfeccionista, corrigia e repintava vezes sem conta um mesmo quadro, pelo que a sua obra é quantitativamente limitada. Um “clássico do modernismo”, como lhe chamou António Ferro, morreu em Lisboa em 1967, deixando várias obras inacabadas.

MARIA ALMEIDA LIMA


GUILHERME SANTA-RITA • Conhecido por Santa-Rita pintor. • Grande adepto dos ideias futuristas de Marinetti, proclamava” Futurista declarado há só um, que sou eu.” • Ficou célebre pelas suas atitudes polémicas e provocatórias. • Colaborou activamente nas revistas “ Orfheu e Portugal Futurista”. • Da obra produzida, se a houve pouco restou. A seu pedido , todos os trabalhos foram destruídos após a sua morte, restando uma CABEÇA CUBO-FUTURISTA, que lhe é atribuída . • O mais marcante da sua personalidade foi a procura da originalidade, da diferença, de uma linguagem que exprimisse a simultaneidade dos estados de alma.


Guilherme Santa Rita


Esta obra reflecte a influência cubista. Tida como uma obra cubo-futurista, é um quadro inacabado, sem data nem assinatura, de cores cinzentoazuladas e ocres, e traços fortes, quase todos curvilíneos.


Obras de Santa Rita Pintor nas Revistas Orfheu e Portugal Futurista “ Orfheu dos Infernos”


“Perspectiva Dinâmica de um quarto ao acordar”


“Perspectiva Dinâmica de um quarto ao acordar”


ALMADA NEGREIROS • Caracterizou-se pela personalidade excêntrica e original. • Sobre Amadeo afirmou.” Amadeo é a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX”. • Foi poeta, pintor, cenógrafo, bailarino, caricaturista, dinamizador das revistas Orpheu e Portugal Futurista. • Ao nível da sua produção pictórica foi influenciado pela Arte Nova, pela abstracção, pelo futurismo, sem esquecer as raízes portuguesas. • Após a 1ª guerra, diz-se descontente com o ambiente em Portugal e vai para Paris onde se deixa influenciar pelo cubismo. • De volta a Portugal executa com outros pintores como Eduardo Viana, Pacheko, Stuart Carvalhais, várias decorações na Brasileira do Chiado e no Bristol Club. • Nos anos 30, cada vez mais conservador e nacionalista trabalhou com Pardal Monteiro, na “ Igreja de Nossa Senhora de Fátima” em Lisboa, onde realizou vitrais; no edifício do Diário de Notícias onde pintou alguns frescos; e nas gares marítimas de Alcântara e na Rocha Conde de Óbidos


Almada Negreiros onde reproduziu temas do folclore nacional e da história de Portugal, reflectindo-se em alguns influencias cubistas. • Almada também participou como cenógrafo e pintor na Exposição do Mundo Português, em 1940. • Fez igualmente um painel de grandes dimensões para a Gulbenkian, de recorte abstracto. • ( LEITURA E ANÁLISE DO CASO PRÁTICO “ Ultimatum

Futurista…” da página 250 do manual)


QUESTÕES SOBRE O ULTIMATUM FUTURISTA…

• A) Qual a posição de Almada perante o Portugal Contemporâneo?

• B) Quais pensa serem as ideias essenciais expressas no manifesto?

• C) Que ideias preconizou no sentido de modernizar Portugal?







ALMADA NEGREIROS- Frescos da Gare Marítima da Rocha de Conde de Óbidos


ALMADA NEGREIROS- Frescos da Gare Marítima da Rocha de Conde de Óbidos


ALMADA- “ GARE MARÍTIMA DE ALCANTARA”


Vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fรกtima


Vitrais de Almada Negreiros





ALGUNS DADOS BIOGRÁFICOS SOBRE ALMADA NEGREIROS Saber mais sobre este pintor Uma das figuras marcantes da geração modernista de "Orpheu". Nasceu em São Tomé e Príncipe a 7 de Abril morreu em Lisboa a 15 de Junho de 1970.

de

1893;

Filho do tenente de cavalaria António Lobo de Almada Negreiros, administrador do concelho de S. Tomé e de Elvira Sobral, foi educado no Colégio de Campolide, dos Jesuítas, e mais tarde, devido à extinção do Colégio em 1910, e por pouco tempo, no Liceu de Coimbra . Em 1911 ingressa na Escola Internacional de Lisboa, que tem um ensino mais moderno, e onde lhe proporcionam um espaço que lhe vai servir de oficina. e publica o primeiro desenho n'A Sátira. Em 1912 redige e ilustra integralmente o jornal manuscrito A Paródia, reproduzido a copiógrafo na Escola, expõe no I Salão dos Humoristas Portugueses, e colabora com desenhos para várias publicações. Em 1913 realiza a primeira exposição individual, apresentando cerca de 90 desenhos na Escola Internacional, e conhece Fernando Pessoa, que escrevera uma crítica à exposição n'A Águia. Continua a colaborar como ilustrador para várias publicações, e em 1914 torna-se director artístico do semanário monárquico Papagaio Real.


No ano seguinte, escreve a novela A Engomadeira, publicada em 1917, onde aplica o interseccionismo teorizado por Fernando Pessoa, abeirando-se do surrealismo.

Colabora no primeiro número da revista Orpheu, depreciado por Júlio Dantas, que afirma que não há justificação para o sucesso da revista e para a publicidade feita ao seu redor, afirmando que os autores são pessoas sem juízo.

Ainda nesse ano de 1915, Almada realiza o bailado O Sonho da Rosa.


Em 21 de Outubro publica o Manifesto Anti-Dantas .

"O Manifesto Anti-Dantas tornou-se famoso na obra de Almada Negreiros por várias razões: Primeiro porque é dirigido contra um escritor que dominava a literatura conservadora em Portugal e que mantinha o trono da dramaturgia de sucesso entre a classe dominante em Portugal. Júlio Dantas (1876-1962) é um médico, poeta, jornalista, dramaturgo e académico prestigiado entre a intelectualidade portuguesa, figura de presença variada em vários géneros literários, e uma figura controvertida. Em segundo lugar, pela violenta mordacidade e ironia com que Almada tenta desmontar o prestígio literário de Dantas. Em terceiro lugar, porque é uma peça onde aparecem ricos elementos de estudo não só do perfil do modernismo literário português, mas também da crítica literária em Portugal.


O Manifesto causa algum impacto nos meios artísticos. Almada começa a corresponder-se com Sonia Delaunay, refugiada em Portugal com o marido por motivo da Guerra que assola a Europa. Publica o Manifesto da exposição de Amadeo de Souza Cardoso, com o título Primeira Descoberta de Portugal na Europa no Século XX.

Em 1917 realiza, vestido de operário, a conferência Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, e publica a novela K4 O Quadrado Azul, que inspirou o quadro homónimo de Eduardo Viana. 1918, é quase inteiramente dedicado ao bailado integrando o grupo de Helena de Castelo Melhor. Em 1919, com o fim da Primeira Guerra Mundial, parte para Paris, onde exerce actividades de sobrevivência, e escreve Histoire du Portugal para coeur, publicada em 1922, mas regressa no ano seguinte.


Em 1921 começa a colaboração com António Ferro, que o apresenta quando Almada realiza a conferência A Invenção do Corpo, como "o imaginário na terra dos cegos", e posteriormente o convida para desenhar para a Ilustração Portuguesa. Em 1923 Almada desenhará a capa do livro de Ferro, A Arte de Bem Morrer, continuando a produzir ilustrações para revistas, cartazes para empresas e publicando peças como Pierrot e Arlequim (1924), romances como Nome de Guerra (1925)(…) De 1927 a 1932 vive em Espanha, e em 1934 casa com a pintora Sarah Afonso. Começa a ser solicitado regularmente para a realização de trabalhos de índole oficial, e sobretudo começa os estudos para os vitrais a colocar na Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, que concluirá em 1938.

Esta colaboração com a «Política do Espírito» de António Ferro culmina em 1941, quando o S.P.N. organiza a exposição Almada - Trinta Anos de Desenho, e o convida a participar na 6.ª Exposição de Arte Moderna e na exposição Artistas Portugueses apresentada no Rio de Janeiro, no Brasil e lhe atribui, em 1942, o Prémio Columbano.


De 1943 a 1948 a sua actividade incide na realização dos frescos das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, sendo-lhe atribuído o Prémio Domingos Sequeira em 1946. Regressa à realização de vitrais em 1951, desenhando os da Igreja do Santo Condestável, Lisboa, e os da Capela de S. Gabriel, em Vendas Novas, e à pintura em 1954, quando pinta o Retrato de Fernando Pessoa. A sua actividade, no final dos anos 50, incide na decoração de obras de arquitectura, como sejam: - painéis para o Bloco (Edifício) das Águas Livres e frescos para a Escola Patrício Prazeres (1956); - decoração das fachadas dos edifícios da Cidade Universitária (1957); cartões de tapeçaria para a Exposição de Lausanne, o Tribunal de Contas e o Hotel de Santa Luzia de Viana do Castelo (1958) e o Palácio da Justiça de Aveiro (1962); Realiza as suas últimas obras em 1969 - o painel Começar no átrio da Fundação Calouste Gulbenkian, começado no ano anterior, e os frescos Verão na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Em 15 de Junho de 1970 morre no Hospital de São Luís dos Franceses, no mesmo quarto em que tinha morrido Fernando Pessoa.

Retirado do Portal da História


O SEGUNDO MODERNISMO • A situação de estagnação provocada pelo Estado Novo ao nível artístico, levou, principalmente a partir de 1940, a várias reacções por parte dos artistas: • uns emigraram ( como Vieira da Silva); • outros adquiriram o estatuto de” artista apolítico “ que lhes permitiu sobreviver; • outros lutaram dentro dos limites do possível por conhecer e acompanhar as novidades artísticas internacionais, sendo autores de importantes exposições onde se reflectem as influências do: - Expressionismo ( anos 30/40), - do Neo-Realismo, - do Surrealismo - do Abstraccionismo e do Neofigurativismo ( anos 50/60), num espírito de oposição à ditadura. - outros desenvolveram uma arte figurativa dentro dos parâmetros estabelecidos pelo regime.


EXEMPLOS DE ALGUMAS OBRAS E ARTISTAS SIGNIFICATIVOS DOS ANOS 30/40- Carlos Botelho; M谩rio Eloy; D贸rdio Gomes



EXEMPLOS DE ALGUMAS OBRAS E ARTISTAS SIGNIFICATIVOS DOS ANOS 30/40- EXPRESSIONISMO Mรกrio Eloy


D贸rdio Gomes, Casa de Malakoff, 1923 Pont du Carroussel, 1922


Dominguez Alvarez


Dominguez Alvarez


Sara Afonso


Álvaro Cunhal – “ NEO-REALISMO”


NEO-REALISMO- Júlio Pomar e Abel Salazar


SURREALISMO- António Dacosta; Vespeira; Moniz Pereira;Vários”Cadavre Exquis”


TĂŠcnica brutalista/ informalista com colagens e frottages- MĂĄrio Cesariny


ABSTRACCIONISMO – Vieira da Silva; Nadir Afonso


A ESCULTURA EM PORTUGAL- obedeceu em larga medida ás exigências da encomenda pública e às concepções ideológicas dominantes. A aproximação ao modernismo faz-se a partir de finais dos anos 50 com o Surrealismo, o Neo-Realismo e o Abstraccionismo. AS IMAGENS DO REGIME


Leopoldo de Almeida; Francisco Franco ; Barata Feyo


A partir de 1950 regista-se uma aproximação ao modernismo, com Barata Feio, Marcelino Vespeira, Jorge Vieira


A ARQUITECTURA PORTUGUESA ATÉ 1930/1940. As várias tendências. A Casa Portuguesa de Raul Lino No início do século XX havia em Portugal: Uma produção arquitectónica marcada por uma corrente cosmopolita e urbana e inspirada em modelos historicistas; e outra que pretendia revalorizar a tradição e as raízes culturais mais representativas da identidade nacional e que nos remete para a “ casa portuguesa”. Dentro da 1ª tendência temos o Prédio de Arrendamento na Rua Alexandre Herculano e o “ Palacete Viscondessa de Valmor” e na 2ª a “Casa do Cipreste” em Sintra e a “ Casa O’ Neil”, no Estoril.


Ventura Terra, influĂŞncias Arte Nova


VENTURA TERRA, Palacete Viscondessa de Valmor


VENTURA TERRA- Liceu Cam천es e Maternidade Alfredo da Costa


Segundo Raul Lino na construção da “casa portuguesa” dever-se-ia ter em conta: - a cobertura arrematada por beiral - o alpendre - os vãos guarnecidos de cantaria - ser caiada de branco e com azulejos . Para além destes elementos, Raul Lino, preocupou-se: - com a integração da construção na paisagem; - com a modelação orgânica dos volumes adequando-os às irregularidades do terreno; - E na concepção do projecto como um todo sendo influenciado pelo Movimento Arts and Crafts.


“Casa do Cipreste”, em Sintra Raul Lino


Elementos identificativos da “ Casa Portuguesa�


O Edifício do Diário de Notícias, o Instituto Superior Técnico e a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, de Pardal Monteiro, marcam o advento da racionalidade e geometrização e da aplicação dos novos materiais ( ferro, vidro e betão)


Instituto Superior TĂŠcnico

Igreja de Nossa Senhora de FĂĄtima


A partir de 1925/30, podem-se encontrar influências da ART DÉCO, de Le Corbusier , da Bauhaus. Um dos principais arquitectos deste período foi Cassiano Branco. Cinema Éden, Cassiano Branco


Coliseu no Porto, Cassiano Branco


Casa de Serralves, José Marques da Silva ( Arte Déco)


PROJECTO DE URBANIZAÇÃO DA COSTA DA CAPARICA, Cassiano Branco


Paralelamente, há ainda a referir a ARQUITECTURA NACIONAL, lançada pelo Estado Novo e baseada no ideário artístico e político defendido por António Ferro. Alguns aspectos desta arquitectura:

• Imposição de um estilo único com tipologias próprias. • Projectos de equipamento social.

• Construção de obras monumentais, simétricas, austeras, de grande verticalidade, com vocabulário neoclássico ( colunas, escadarias monumentais ), que demonstrassem a força do regime, a sua capacidade de concretização e o sentido da autoridade e da ordem, concretizadas nos edifícios públicos tribunais, câmaras etc. • De entre os arquitectos do regime podemos destacar Pardal Monteiro, Cristino da Silva, Carlos Ramos, Jorge Segurado


Pardal Monteiro, “ Diário de Notícias” e “ Instituto Superior Técnico”


Jorge Segurado, “ Casa da Moeda” e Cristino da Silva, ” Praça do Areeiro”


Fonte D. Afonso Henriques



Criam-se novos bairros sociais como o Bairro de Alvalade.


Após a segunda guerra mundial, realizou-se o 1º Congresso Nacional dos Arquitectos em 1948. Após este período destacaram-se Keil do Amaral ( autor do Aeroporto de Lisboa e do Pavilhão da Feira Internacional de Lisboa).



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.