VIH-SIDA: Un llamado a la acción.

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DICIEMBRE 2004 elas têm, do casamento, e a realidade por elas vivida. Também constatamos a existência de uma aproximação entre o ideal das mulheres e a proposta que a Igreja Católica tem sobre o casamento.

Sexualidade: ruptura entre o dia e a noite

O discurso sobre a família, sobre a dona de casa, casada, reforçou a falsa crença de que estas mulheres estariam mais seguras, menos expostas ao vírus dentro de casa, que eram as(os) outras(os) que estariam mais propensos ao vírus.

experiência de amor e, segundo a Igreja, essa aliança de amor deve perdurar “até que a morte os separe”. É a partir de vivências concretas de casamentos que o ideário da Igreja vem sendo questionado. O problema não é a questão de o ideário da Igreja ser ou não levado à prática; o conflito se coloca no ocultamento que os valores propostos fazem das estruturas androcêntricas revestidas, neste caso, de pressupostos religiosos que fragilizam, muito mais, as mulheres, pelo desenvolvimento de relações desiguais e destrutivas.

A abordagem da família, referência importante do catolicismo, lugar que favorece a manutenção e a criação de valores, revelanos que, em geral, as mulheres, pelo que esta instituição representa para elas, não se sentem em situação de risco, porque não se consideram promíscuas, a casa lhes brinda segurança, o casamento é a prova do amor e respeito que o marido tem por elas.

Para as mulheres portadoras do vírus HIV/AIDS que falam sobre este assunto, viver o sacramento do casamento supunha amor, respeito, união, sacrifício, abnegação, fidelidade, etc. que tentam incorporar na sua vida de casada. Não obstante, a realidade as decepcionou, as levou a perder a confiança e até a questionar a viabilidade do sacramento do casamento no qual elas acreditavam.

Quando se fala de prevenção a partir dos valores atribuídos à família, temos que pensar se, de fato, as mulheres, dentro de suas casas, estão experimentando esses valores.

O que chama a atenção é que, apesar de a realidade estar mostrando que o casamento não é garantia de felicidade, ainda assim as mulheres acreditam nele, fortemente, como um ideal; elas o sabem a partir das próprias experiências e das experiências de outras mulheres.

muitas vezes, danos às consciências e no campo da saúde, conforme o revela a realidade da AIDS, danos na vida espiritual das pessoas católicas, especialmente na das mulheres, já que a Igreja Católica tem legislado bastante sobre elas.

Casamento: segurança e risco para as mulheres O casamento aparece como um tema importante, quando discutimos sobre família, segundo a Igreja Católica é um primeiro caminho para a constituição da mesma. O casamento representa, para as mulheres, uma aliança feita com um homem a partir de uma

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Nas mulheres pesquisadas, o desejo de um “casamento feliz”, “com uma pessoa legal”, ainda é um ideal; e a AIDS, é um revelador concreto da nãorealização desse ideal. Existe um sentimento de frustração generalizado nas mulheres, ao constatar a distância existente entre a representação que

No catolicismo existe uma longa tradição de conflito com a sexualidade, conflito que se tem agudizado, ainda mais, com o aparecimento da AIDS. É o corpo o lugar de manifestação de nossos desejos, de nossa afetividade. É ele o lugar privilegiado onde se concretizaram os discursos negativos sobre a sexualidade. Foi o corpo da mulher que se desprezou com mais força e vigor, trazendo, como conseqüência, sobre ele, o desconhecimento e o silêncio. Como afirmamos anteriormente, os estudos mostram que a tradição histórica da Igreja Católica tem apresentado uma visão negativa e restritiva da sexualidade. Com o aparecimento da AIDS, a Igreja Católica volta, com muito mais força, a pregar a necessidade da castidade e da abstinência como soluções radicais para enfrentar este problema, sem levar em conta estudos e pesquisas que revelam que o campo da sexualidade não é algo isolado na vida das pessoas, mas está condicionado por uma multiplicidade de fatores que o fazem muito mais complexo do que parece. Neste sentido, a proposta que faz a Igreja, da abstinência, como prevenção da AIDS, sem levar em conta a realidade concreta, pode levar ao contágio e à morte, especialmente das mulheres, que, como elas mesmas se percebem, estão muito mais abertas a receber seus ensinamentos: O vírus HIV e a AIDS encontram, na sexualidade desprotegida, uma das principais vias de entrada no corpo feminino. Essa sexualidade situa-se num corpo construído por uma cultura, por crenças, valores e subjetividades. As condições biológicas do corpo feminino são um fator de vulnerabilidade ao vírus HIV e à AIDS,


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