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AMBIENTE AGRICULTURA BIOLÓGICA CRESCE EM CASCAIS Projeto Hortas Comunitárias reúne cada vez mais adeptos Texto e fotos: Laís Castro

Batatas, cenouras, pimentos, malaguetas, tomates, ervas aromáticas, ervilhas, brócolos, feijão, nabiças... Um sem-fim de hortícolas anda a brotar dos cerca de 80 talhões das quatro Hortas Comunitárias do concelho, um programa lançado pela autarquia através da Agenda Cascais 21. As hortas comunitárias são uma forma de criar espaços de convívio, lazer e aprendizagem em alguns espaços públicos verdes urbanos. São locais onde as várias gerações aprendem ou relembram a importância da terra. É o caso de Pedro Ribeiro que, apesar de novo nestas andanças, já fala com paixão do talhão que tem no Alto da Parede; e de Alberto Caetano, que ao longo das oito décadas de vida, sempre teve um bocadinho de terra para cultivar.

LAZER E SUSTENTABILIDADE Atualmente existem quatro Hortas Comunitárias no concelho de Cascais: Alto dos Gaios (Estoril), Outeiro de Polima (S. Domingos de Rana), Bairro de S. João da Rebelva (Carcavelos) e Alto da Parede (Parede). No total, são cerca de 80 talhões atribuídos a munícipes de várias faixas etárias e género: “Aproximadamente 40 por cento dos hortelãos são mulheres”, explica André Miguel, gestor do programa Hortas de Cascais. Os participantes são escolhidos de acordo com a ordem de inscrição e a proximidade de residência em relação à horta. Segundo o responsável, “de acordo com esses critérios, há uma lista de espera em cada freguesia”. No total, 450 munícipes estão

a aguardar um talhão. Para responder à demanda, a autarquia está a desenvolver esforços para garantir que cada freguesia tem, pelo menos, uma Horta Comunitária. “Tal ainda não foi possível porque em alguns casos (especificamente em Cascais e Alcabideche), temos que ultrapassar dificuldades técnicas e/ou burocráticas nos locais das futuras hortas”, explica André. Mesmo assim, estão já programadas mais sete Hortas Comunitárias: Bairro 16 Novembro (S. Domingos de Rana), S. Pedro do Estoril (Estoril), Murtal (Parede), Lombos Sul (Carcavelos), Alto da Castelhana (Alcabideche), Quinta dos Gafanhotos (S. Domingos de Rana) e Bairro dos Sete Castelos (S. Domingos de Rana).

EM DISCURSO DIRETO “Eu nasci debaixo de uma couve”

“Posso aproveitar para cultivar as minhas próprias hortícolas e manter a tradição”

É assim que o Sr. Alberto Caetano começa por explicar a sua ligação à terra. Nascido numa aldeia de Bragança, relembra que “antigamente, a terra era o único sustento das pessoas; não tínhamos mais nada. Por isso, quando surgiu a oportunidade de ter uma horta perto de casa, candidatei-me logo”. Hoje, tem um talhão na Horta Comunitária do Outeiro de Polima: “O projeto é muito bom. No meu caso, posso aproveitar para cultivar as minhas próprias hortícolas e manter a tradição. Mas a iniciativa é também importante por causa dos mais novos. Aos sábados, por exemplo, os casais vêm cá passear com os filhos para mostrar-lhes como e onde nascem as cenouras, as batatas, os morangos... Os miúdos ficam todos contentes! Por isso, é um projeto que também ensina a importância da terra às gerações mais novas”. Tal como a maioria dos outros hortelãos, também é ao fim de semana que este munícipe dedica mais

tempo ao seu talhão. “Tenho aqui couves, ervilhas (olhe, esta está muito bonita, pronta para comer), ali há favas, acolá nabiças... E tenho aqui uma coisa especial: physalis. Alguns já estão bem docinhos”. Como explica, neste momento, esta é uma horta de Inverno: “Ainda há muitas couves de Natal. Hoje ao almoço comi um cozido que estava uma categoria!”. Mas acrescenta que daqui a uns dias vai arrancar a maioria das hortícolas e começar a plantar a horta de Primavera, “com tomates, alfaces, morangos e outras hortaliças e frutos”. Quando questionado sobre como a terra é tratada, o Sr. Caetano afirma categoricamente: “Tudo o que aqui está é biológico, não leva qualquer tipo de químicos. A terra é adubada com estrume de cavalo, e as minhocas fazem a maior parte do trabalho”. Agarrando num dos bicharocos com a naturalidade de quem sempre pôs as mãos na terra, o Sr. Caetano remata: “É por isso que a comida sabe sempre melhor!”.


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