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O Cortiço.

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tidos ; outras já promptas para seguir, a espera do animal, «• outras enfim com os braços para o ar, como se acabassem de ser despejadas naquelle instante. Homens labutavam. V esquerda, por cima de um vestígio de rio, que parecia ler sido bebido de um trago por aquelle sol sedento, havia uma ponte de taboas, onde três pequenos, quasi nus, conversavam assentados, sem fazer sombra, illuminados a prumo pelo sol do meio dia. Para adiante, na mesma direcção, corria um vasto telheiro, velho e sujo, firmado sobre columnas de pedra tosca ; abi muitos portuguezes trabalhavam de canteiro, ao barulho metálico do picão que feria o granito. Logo em seguida, surgia uma ofiicina de ferreiro, toda atravancada de destroços e objectos quebrados, entre os quaes avultavam rodas de carro; em volta da bigorna dois homens, de corpo nú, banhados de suor e aluiniados de vermelho como dons diabos, martellavam cadenciosamente sobre um pedaço de ferro em brasa ; e ali mesmo, perto delles, a forja escancarava uma guela infernal, donde sabiam pequenas lingoas de fogo, irriquietaae gulosas. João Romão parou á entrada da officina e gritou para um dos ferreiros : — 0' Bruno ! Não se esqueça do varal da lanterna do portão ! Os dois homens suspenderam por um instante o trabalho. — Já li fui ver, respondeu o Bruno. Não vai á pena coifcertal-o; está todo comido de ferrugem ! Faz-se-lhe um novo, que é melhor! o. c—5


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