02 o demónio branco

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– Quem te disse a ti que não os matei? Precisava de uma bebida, mas havia gente a mais por aqui. De qualquer forma, foi há mais de cem anos, ninguém me vai reconhecer. Estremeci com o seu riso mordaz. – E quem me diz a mim que não vais fazer o mesmo agora? Não estamos algemados, não consigo controlar-te. – Nunca estive verdadeiramente algemado a ti, lembras-te? A minha impetuosidade está concentrada em ti desde que recebi o teu orbe e me encontrei contigo no farol. O meu descontrolo vai todo para ti, não te preocupes. – Já devia saber que não posso confiar num demónio mentiroso. Vou deixar de te fazer perguntas. – Suspirei, divertindo-me com a forma como gozava com ele. A forma como os nossos dois tipos de humor negro dançavam dava-me um imenso prazer. O bar era extremamente iluminado e com uma enjoativa música alegre a corromper um ambiente que deveria ser discreto. Havia pessoas espalhadas por mesas com roletas e jogos de cartas que me lembraram um casino. Sentámo-nos ao balcão, atraindo alguns olhares curiosos das «fadas sem asas» que apreciavam as suas bebidas ali. Sentei-me com ele ao balcão e depois do pedido feito, recebemos um licor de triganjas para mim e um uísque triplo para Sebastian. Puxou de mais um cigarro numa conjugação de vícios nada danosos para um demónio eterno. Uma voz conhecida fez-me virar para trás. Belladonna entrava no bar com Lorelei a seu lado. Pareciam bastante alegres, embora com um pequeno indício de preocupação no olhar. De todos os locais de Orbias, tive a sorte de o nosso destino coincidir naquele local. Ficaram surpreendidas quando nos viram, mas correram para mim até terminarmos num abraço forte. Quando repararam que eu não 393


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