01 os garotos corvos raven cycle maggie stiefvate

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mas Blue não disse nada. Ronan disse: — Faz você parecer um perdedor. — Ronan — disse Gansey. — Eu preciso que todos se sentem! — gritou Maura. Foi uma coisa tão alarmante ouvir Maura gritar que quase todo mundo obedeceu, afundando ou se jogando nos móveis descombinados da sala de leitura. Adam esfregou a mão sobre a maçã do rosto, como se pudesse remover o hematoma. Gansey se sentou em uma cadeira de braços na ponta da mesa, com as mãos estendidas sobre cada um, como o presidente de um conselho, uma sobrancelha erguida enquanto olhava para o rosto emoldurado de Steve Martin. Apenas Calla e Ronan permaneceram em pé, trocando olhares cautelosos. Parecia que a casa nunca estivera tão cheia, o que era uma inverdade. Era possivelmente verdade que nunca houvera tantos homens ali antes. Certamente nunca tantos garotos corvos. Blue sentiu como se a própria presença deles roubasse algo dela. Eles haviam feito a família dela parecer sombria. — Está terrivelmente barulhento aqui — disse Maura. A maneira como ela o disse, no entanto, pressionando um dedo na pulsação logo abaixo do maxilar, dizia a Blue que não eram as vozes que estavam altas demais. Era algo que ela estava ouvindo dentro de sua cabeça. Persephone também estava se contraindo. — Preciso sair? — perguntou Blue, apesar de ser a última coisa que ela quisesse fazer. Não entendendo do que se tratava, Gansey imediatamente perguntou: — Por que você teria de sair? — Ela torna as coisas mais discerníveis para nós — disse Maura, franzindo o cenho para todos, como se estivesse tentando entender a situação. — E vocês três já são... muito ruidosos. A pele de Blue estava quente. Ela podia imaginar a si mesma esquentando como um condutor elétrico, com faíscas de todas as partes viajando através dela. O que estaria acontecendo àqueles garotos corvos a ponto de ensurdecer sua mãe? Seria a conjunção de todos eles ou simplesmente Gansey, sua energia gritando a contagem regressiva para sua morte? — O que você quer dizer com muito ruidosos? — perguntou Gansey. Estava claro que ele era o líder daquele pequeno bando, pensou Blue. Todos seguiam olhando para ele, para suas pistas de como interpretar a situação. — O que quero dizer é que tem algo na energia de vocês que é muito... — disse Maura, deixando a frase morrer e perdendo o interesse em sua própria explicação. Ela se virou para Persephone, e Blue reconheceu a troca de olhares entre elas. Era um: O que está acontecendo? — Como vamos fazer isso? A maneira como ela o perguntou, distraída e vaga, fez o estômago de Blue se apertar de nervosismo. Sua mãe estava derrotada. Pela segunda vez, uma leitura parecia empurrá-la para um lugar onde ela não se sentia confortável. — Um de cada vez? — sugeriu Persephone, com a voz quase inaudível.


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