TFG Arquitetura e Urbanismo | UFPR

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casa afro-brasileira

curitiba | pr

brenda lais de castro orientador prof. marco dudeque

arquitetura e urbanismo


casa afro-brasileira

catalisador

empoderamento + autoconhecimento black money incentivo ao consumo

respeito ascenção social reconhecimento fortalecimento de laços


_setor referenciais para a cultura negra curitibana acesso + feira do largo demanda urgente de

Terreno de projeto


zoneamento zh-1

normal av. jaime reis (39,0m) rua kellers (56,1m)

4 metros de declive

3247m

francisco




como a arquitetura pode reduzir as desigualdades? fortalecimento da comunidade negra


a casa afro-brasileira


REFERENCIAIS NA ARQUITETURA AFRICANA E AS INTERSECÇÕES ESPACIAIS BRASIL-ÁFRICA

A fim de pensar um espaço que respondesse ativamente contra o preconceito e as desigualdades raciais, o projeto da Casa Afro-brasileira em Curitiba propõe-se a reinterpretar a distribuição de renda e a consequente valorização das manifestações culturais afro brasileiras. Assim, este projeto confere uma das ferramentas para alcance da emancipação da comunidade negra nos tempos atuais. O fortalecimento a comunidade se dá capacitando e instrumentalizando jovens e autônomos, gerando emprego, ampliando renda, fomentando crédito e oportunizando a criação e desenvolvimento dos próprios empreendimentos e indústrias. Com o estímulo ao afroempreendedorismo, mais empresas focadas na cultura preta podem ajudar na criação de novas referências para o povo, resgatando costumes e estéticas que refletem suas verdadeiras origens.


LOTE E REFERÊNCIA HISTÓRICA A Casa Afro-brasileira estabelece seu próprio universo, potente e autossuficiente. O conjunto é aberto e fechado - convida e abriga, pertencendo tanto à rua quanto à comunidade que ali se concentra. A disposição dos elementos cria uma densidade que permite que os programas e funções coexistam no espaço e tempo, conformando mudanças e fluxos diversos ao longo do dia.

LUGAR

ACOMODAÇÃO

A morfologia da cidade, a carga cultural do centro histórico curitibano e as referências para a população negra definem a escala e inserção do projeto. A Casa está localizada em Curitiba, em um ponto estratégico do Largo da Ordem - em frente à Praça João Cândido, a poucos metros do Clube Treze de Maio, Igreja do Rosário e Ruínas de São Francisco - pontos importantes na história negra da cidade. A inserção no circuito cultural da cidade, a centralidade e a urgência de revitalização do setor histórico também são critérios da escolha do lote.

PROPOSTA

ACESSO EM NÍVEL

ABERTURAS PARA A CIDADE

INSTALAÇÕES COMUM

ESPAÇOS COMUNS COMUM

CULTURAL

ESPAÇOS CULTURAIS LAB

CULTURAL

CULTURAL

INST. LAB

LABORATÓRIOS E ESPAÇOS DE TRABALHO COLABORATIVO O programa é bem definido, com áreas distintas entre si. No entanto, agrupar todas elas em um edifício único criaria dificuldades de fluxos, acessos e leitura espacial.

CULTURAL

INST. LAB

Ao dividir o programa em volumes separados para programas específicos, permite-se que os fluxos aconteçam de maneira clara e, inclusive, entre edifícios. Cria-se um átrio comum entre eles e os edificios permanecem acessíveis por diversas faces, sendo facilmente percebidos.

LAB Cada volume corresponde a um programa que demanda um acesso e materialização ideal. A área cultural está voltada à Praça João Cândido - mais visível, enquanto a área de inovação e empreendedorismo está aos fundos do terreno. O auditório, por sua vez, encontra-se na esquina entre o terreno e o Museu Paranaense - link de espaços culturais.

O lote está posicionado em esquina com outras duas testadas. A maior delas está alinhada à Rua Des. Ermelino de Leão - voltada à praça. Ao norte, o terreno é conformado pela Av. Jaime Reis e ao sul, pela Rua Kellers - apresentando um declive de quatro metros entre elas. Hoje, há uma edificação no local que havia abrigado a sociedade beneficente protetora dos operários até a década de 1980. No entanto, o edifício social está bastante descaracterizado e subutilizado. A CULTURA E INOVAÇÃO O espaço tem um cárater voltado ao desenolvimento da comunidade afrocuritibana, mas contemplando o público geral para atividades específicas. Assim, o complexo conjunto engloba frentes distintas, mas conectadas: um edifício cultural e educativo, um pequeno auditório e um centro de inovação. A combinação desses três programas resulta em uma estrutura víva que abrange uma ampla gama de atividades durante todo o dia.

A ESCALA URBANA E O PÁTIO INTERNO Este complexo é uma resposta à escala e à história existente. A densidade constrói uma experiência espacial que remete às formas e cores da tradicionalidade africana, com força e ousadia, mas capaz de respeitar a inserção no centro histórico da cidade, repleto de demais edifícios tombados e/ou preservados. O forte conceito utilizado como base para este projeto é congregar e reunir a potência negra da cidade. Isto fez jus à uma configuração espacial tradicional na arquitetura africana - os grandes núcleos centrais para reuniões familiares ou da tribo. Conformados por edificações ao redor, todo o programa conta com uma única regra. Essa ordem recém-estabelecida transforma a diversidade de funções em um conjunto comum, com acessos e visuais descomplicados que funcionam como marcos, a fim de gerar fluidez, comunicação e interação com o ambiente externo.

O edifício da Casa Afro-brasileira compreende uma sequência progressiva de volumes, de dimensões em expansão. O projeto desdobra-se através dos níveis que compreende. Há um rasgo entre os três edifícios que levam à praça central, permitindo vários acessos e fluxos. Todos os três edifícios são transitáveis, com exceção do fablab e coworking que têm seus acessos controlados. Assim, uma estrutura dinâmica é estabelecida, empregando as relações entre cheios e vazios, aberto e fechado.


CONCEPÇÃO

ISOMÉTRICA SETORIZAÇÃO E ESQUEMA ESTRUTURAL

O projeto tripartido do complexo decorre da variedade de programas que se pretendia realizar no seu interior. O volume voltado à Praça João Cândido - principal visual do edifício, é o cultural. Como continuação do mesmo, o prédio do auditório foi inserido na esquina sul, também em caráter cultural. Sua volumetria opaca e com paredes angulares aumenta a dimensão da esquina, provocando uma visual mais constante para a praça. Já o prédio de inovação se dispôs na fachada não ativa do edifício por abrigar um conjunto de atividades mais centrado e diferente ao entorno, configurando a outra face da praça interna. Compreende-se que os “dois térreos” são capazes de criar uma conexão entre as fachadas do terreno, a partir do aproveitamento do subsolo. Ao entrar pela Rua Kellers, o pavimento se dispõe no andar inferior àquele com acesso pela Av. Jaime Reis - o verdadeiro térreo. Este abriga a entrada monumental ao tronco de pirâmide em concreto perfurado. Trata-se de um marco denso para ressaltar a força histórica da comunidade negra, a inserção de fato na cidade e a bravura dos antepassados. Isso permite que a abertura e amplitude dos demais espaços internos e externos sejam contrariados com a densidade e volumetria do tronco de pirâmide que “rasga” todas lajes, sendo visível àqueles fora do prédio e àqueles que estão dentro, refletindo sobre materialidade e escala.

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ESTRUTURA MUSEU PARANAENSE

ISOMÉTRICA ENTORNO

A estrutura de todos edifícios é majoritariamente mista, com núcleos de concreto armado portante e em determinados espaços, sistemas de vigas e pilares também em concreto armado, garantindo vãos de até 10 metros. A carga vertical é transferida para baixo através de sistemas de compressão, e as forças horizontais são transferidas para os núcleos de concreto armado através das lajes protendidas. No edifício cultural, por exemplo, o próprio tronco de pirâmide e as paredes da fachada conferem apoio estrutural para as lajes, criando vãos para exposições e instalações livres de pilares. Assim, a estrutura dos edifícios adere à estrutura subjacente das relações espaciais.Os dois sistemas construtivos se sobrepõem parcialmente em um ponto, garantindo a unidade espaço-construtiva. O sistema de cobertura é simples, composto por um conjunto de vigas e laje impermeabilizada para um terraço transitável.


0

55

10

10

IMPLANTAÇÃO ELEVAÇÃO 01 * RUA KELLERS

ELEVAÇÃO 02 * RUA DES. ERMELINO DE LEÃO

ELEVAÇÃO 03 * AV. JAIME REIS

ESC.: 1/500

25

20

50

40

ESC.: 1/500


CORTE AA’ ESC.: 1/250

D1

PLANTA SUBSOLO

ESC.: 1/250


D1

PLANTA PAVIMENTO TÉRREO

ESC.: 1/250


D1

CORTE BB’ ESC.: 1/250

MATERIALIDADE E TECTÔNICA Seguindo o conceito base do projeto, as fachadas foram desenhadas de acordo com o princípio da unidade com a diversidade. Buscou-se referências na cultura, arte e arquitetura africana, mas com a intenção de reconstruir tal padrão para a especificidade do local, evitando caracterização extrema. Uma fachada de concreto pigmentado em tom terracota domina o envoltório angulado de todos edifícios, em referência ao tom terra e as paredes de taipa, comuns na arquitetura afrobrasileira. A cor vermelha enfatiza a originalidade e destaca o caráter monolítico do edifício. As dimensões do volume permanecem reconhecíveis do lado externo, quase amplificando a aparência massiva da estrutura. As grandes fachadas são destacadas por uma elegante combinação de recortes triangulares envidraçados, tornando os edifícios fluidos e com diferentes visuais para quem está dentro e para quem vê de fora, enfatizando sua forma escultórica e abstrata. Ao mesmo tempo, as demais paredes são densas e sólidas, com pequenas aberturas em formato quadrangular, também em referência à cultura que aqui se exalta, em lembrança aos cobogós comuns na arquitetura brasileira. Conformam-se jogos de luzes e sombras interessantes construindo o olhar e também controlando o sol, aumentando significativamente a eficiência energética dos edifícios. Durante o dia, as grandes aberturas triangulares estabelecem um contraste forte e rítmico com a fachada densa de concreto vermelho. À noite, quando os edifícios são iluminados internamente, as áreas envidraçadas e os pequenos rasgos são iluminados de forma convidativa e, analisando o tronco de pirâmide de mais de 20 metros, cria-se uma interação impressionante entre o interior e exterior com ângulos de visão continuamente variáveis.

PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO

ESC.: 1/250


D1

CORTE CC’ ESC.: 1/250

PLANTA TERCEIRO PAVIMENTO

ESC.: 1/250


D1

PLANTA COBERTURA

ESC.: 1/250

D1 * DETALHE CONSTRUTIVO ESC.: 1/25




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