O MARGINAL #2

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#2 - OUTUBRO - 2015



HELOÍSA RIBEIRO + WESLEY S. ESTÁCIO [CAPIVARA LABS]


n 01. CAMALEÃO GAMUT M. RAY n 02. SANGUE EM TERRAS DE GUARANI-KAIOWÁ HELOISA RIBEIRO + WESLEY S.ESTÁCIO n 06.

MARGINÁLIA: AS RÃS PEDEM UM REI MICHELLE MENDONÇA

n 08. PIXO + GRAFFITI CAPIM n 12.

A LIBERDADE É UMA ILUSÃO RODRIGO BARBOM

n 16.

ENTRE O CÉU DE AGORA E O DE SEMPRE MARIANA GALLI

n 22. ABISMOS DA NORTE: BREVE ENSAIO DA SEGREGAÇÃO CULTURAL MUNICIPAL DIEGO MODESTO

n 26.

TUDO SABE MESMO DE LONGE A CINZAS + LA MER TOUJOURS RECOMMENCÉE JUNO GRIZ

n 29.

E BEBER TODA SUA MENTIRA MAYANA VIEIRA

n 34.

COLETIVO CAPIVARA LABS HELOÍSA RIBEIRO + HÉLIO KANAME + M. RAY + WESLEY S. ESTÁCIO

n 36.

DA CONDIÇÃO EXISTENCIAL HUMANA OU PUTA QUE PARIU PRECISO TRAMPAR MANO JR.

n 38. YOUNG AMERICANS - OR HOW INDIA’S BOY LOOK TO AN OCCIDENTAL WOMAN PAULA MELLO

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ARTE

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ARTIGO


n 45.

O BURACO ALEXANDRE FELIPE DE OLIVEIRA

n 46.

FRIDA + DONA DA MINHA LIBERDADE ANA CAROLINA CABRAL

n 48. CARTAS AGONIZANTES FELIPE BAILUNI n 49.

UM MUNDO RESUMIDO EM FOTOGRAFIAS BRUNA FERREIRA

n 50.

A DITADURA DO MEU PAÍS + POEMA PARA RIO PRETO + A SAGA DO EUROPEU RAMIRO PEREIRA

n 52.

ATO EM APOIO AOS ÍNDIOS GUARANI-KAIOWÁ RAMIRO PEREIRA MICHELLE MENDONÇA

n 60.

SEM TÍTULO RODRIGO ASSIS

n 61.

ESOTÉRICO NATHÁLIA NOLLI SOSSO

n 60.

JANELAS ALAN OJU

n 72.

CRÍTICA AO NEOPENTECOSTAIS BRENO ARAGON

n 74.

AUTORES DESCONHECIDOS YURI KHAUAN

n 76.

AS GRANDES LUPAS DO MUNDO ROGÉRIO MARIA

n 78.

SERVENTIA DO ESTADO ANDRÉ SILVA


MARGINÁLIA: AS RÃS PEDEM UM REI MICHELLE MENDONÇA

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A principal questão que torna o anarquismo “impraticável” está centrada na ideia da não autoridade. Podemos citar diversos argumentos, inclusive a forma em que o poder está intrínseco em nossas vidas, ele está para nós assim como o ar está para os nossos pulmões. “Quem quer reinar sobre os homens procura rebaixá-los, abolir pela intriga sua resistência e seus direitos até tê-los impotentes diante de si como animais. Utiliza-os como se fossem animais; embora não lhes diga, ele sempre sabe, no fundo de si mesmo, quão pouco eles representam para ele, chamá-los-ás de carneiros e de rebanho diante de seus familiares. Seu objetivo último é sempre de transformá-los em presa devorada e esvaziada. Pouco lhe importa o que deles resta. Quanto mais os maltratou mais os despreza. Quando não servem mais para nada, descarta-se furtivamente deles, como de seus próprios excrementos, e cuidam para que não empesteiem o ar da casa” (Elias CANETTI, Masse et puissance, p.222) Para promover estruturas sociais pautadas no anarquismo, deveríamos primeiramente pensar no seres sociais como seres autônomos, dotados de entendimento sobre sua própria liberdade. Historicamente a força exercida do homem sobre o homem data de seus ancestrais. A postura dominador/dominado tem origem na propriedade e consequentemente na detenção dos meios de produção (trabalho).Não muito longe do modelo em que vivemos atualmente ter a posse de um objeto ou de outra pessoa é reconhecido e fundado como prática comum social, inclusive estimulada também como exercício dessa autoridade. “Propriedade e autoridade são duas noções correlativas a primeira fazendo referência ao que é externo e a segunda ao que é interno” (Michel LOBROT, A favor ou contra a autoridade,pag. 16) Todos os sistemas que conhecemos

consistem na necessidade da autoridade para seu funcionamento, os quais dificilmente são questionados. As censuras, opressões e doutrinações atuam justamente para perpetuação deste poderio. Porém, podemos citar diversos momentos históricos em que o anarquismo se fez presente; A Comuna de Paris, Os Mártires de Haymarket, Formação de sindicatos,Revolução Russa, Ocupação de fábricas na Itália e Revolução Espanhola. Nos tempos atuais existem estudos que dizem estarmos vivendo o pós-capitalismo; não esquecendo que o próprio capitalismo tem origem na idade média com a instituição da propriedade, monopólios econômicos e servidão pela detenção dos meios de produção. Então o que mudou além do nome? Os valores estão sendo revistos e sendo criadas formas de economia colaborativa, bem como o acesso livre ao conhecimento,formas de produção de bens de consumo de maneira sustentável; ou até mesmo a estruturação de uma sociedade menos consumista e competitiva. Segundo o livro A favor ou contra a autoridade, a liberdade pode ser identificada como: Liberdade basal; escolhas através de nossos atos, liberdade adaptativa no que se refere as escolhas pautadas na existência, e a liberdade criativa que pode ser entendida como uma realidade descoberta ou criada. A qual está diretamente ligada à anarquia, no sentido de movimento social e não da palavra nos dicionários. Desta forma está sendo concebida uma nova percepção sobre o anarquismo e suas aplicações, além da ideia da destruição física de mecanismos opressores como era entendido pelos praticantes do movimento, hoje fundamentalmente ele está sendo utilizado como agente de revolução na hipermodernidade.

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BANG BANG


PIXO + GRAFFITI CAPIM

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CAPIM, CONTE UM POUCO PARA NÓS COMO FOI SUA INICIAÇÃO NA ARTE URBANA. CAPIM: Ao longo deste tempo no mundo da Pixação Paulistana, fui fazendo amizades de norte a sul e de leste à oeste de São Paulo. Com o passar dos anos e toda dificuldade financeira fui ficando migrando para a arte de rua, conhecida como graffiti.

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QUAIS OS CAMINHOS QUE VOCÊ ENCONTROU PARA DESENVOLVER SUA ARTE? CAPIM: Uma vez que ja tinha noção de manejo e técnicas com os sprays por ter me tornado um pixador, migrei sem medo e sem receio para o graffiti e comecei fazendo a arte nos muros da cidades ao invés de pixar, mais sempre que pudia acabava pichando algum lugar devido ao vício [risadas].


ATUALMENTE, QUAL SUA RELAÇÃO COM A ARTE URBANA? CAPIM: Segui em frente na minha caminhada . E devido as condições financeira não pude fazer um curso ou uma faculdade concluir o dom que Deus me deu com um diploma, ou seja, tudo que sei hoje e aprendi com meus trabalhos comerciais, foi a rua quem me ensinou. Um verdadeiro artista de rua formado nas dificuldades e sem oportunidades, mas senpre aprendendo com o passar dos anos. Hoje trabalho como pintor artístico e Graffititeiro, e carrego comigo a essência de um pixador aposentado que uma hora ou outra, acaba espalhando o seu Pixo por ai . Vivo da arte e sobrevivo dela.





RICARDO XAVIER apelido artistico CAPIM. Formado atraves da Pixaçao Paulistana no ano de 1989 seguindo as tradiçoes artisticas ds rua , migrou da Pixação para o Graffiti de rua e do graffiti para o mundo comercial da arte . Nascido no dia 23 de setembro de 1975 em São Paulo capital , filho de mae espanhola e pai baiano aos 5 anos já gostava de pintar tudo que via em especial as paredes de casa . Sem recursos e vivendo nas condiçoes da classe baixa continuou estudando sempre em escola publica e aos 12 anos ja tinha interesse nas caligrafias e e pichaçoes de rua , aos 14 convidado por um amigo a fazer parte da Grife Capim que o mesmo ja Pichava pelas ruas de São Paulo e periferias das zona sul principalmente. Sem condições financeiras para seguir um curso de arte e ate mesmo para diversao , mergulhou no vicio da Pichaçao .


A LIBERDADE É UMA ILUSÃO RODRIGO BARBOM

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Lembro-me de assistir estarrecido aos quadros do mágico estadunidense David Copperfield em minha infância, desejando ser um ilusionista tão poderoso quanto ele o era. Na ociosidade criativa de criança, eu tentava descobrir como poderia ser possível realizar aqueles feitos. Os leitores mais jovens devem me perdoar, pois naquela época não havia a internet para me ajudar a desvendar o mistério, o que tornava o espetáculo ainda mais mirabolante. Esse sentimento sempre me acompanhou durante toda a minha vida até aqui. Sou um observador crítico da realidade que me cerca. Assalta-me com a mesma intensidade a estranheza quando me defronto com muitos temas pertinentes de nossa geração. Impressiona-me o quanto a humanidade avançou no estudo das quebras dos elementos subatômicos, sem ter o mesmo sucesso na quebra dos preconceitos e dos tabus que assombram essa sociedade insossa. Desde o surgimento do primeiro livro contundente sobre o assunto da homossexualidade nas diversas espécies do reino animal intitulado Biological Exuberance de Bruce Bagemihl em 1999, a ideia até então amplamente difundida de que tal comportamento era apenas encontrado nos seres humanos foi total-

mente desmistificada. Sempre respaldada pela religião cristã no mundo ocidental, a homossexualidade recebia o status de prática subversiva, pecaminosa, antinatural e ameaçadora da sociedade. Aqueles que mantinham tais atitudes eram marginalizados, perseguidos, reduzidos em seu valor humano, julgados, condenados, obliterados e, na melhor das hipóteses para a situação, taxados como caricaturas para a diversão do povo. Porém, a homossexualidade é natural em toda a natureza, ao contrário do preconceito que parece ser apenas humano. Mas engana-se aquele que imagina o homossexual como único alvo da ira moral da sociedade. Todo aquele que não se encaixa na visão heterossexual cristã conservadora de relacionamentos é marginalizado. A sexualidade é tão vasta e rica quanto a Arte que nos encanta e nos causa estranhamento nas exposições. Existem muitos caminhos para a sexualidade e a homoafetividade é apenas uma delas. Outro erro comum é associar a sexualidade ao sexo em si. Sexualidade é uma experiência individual, de descoberta e de busca pelo prazer, que pode estar ou não associada à prática do sexo. Aceitação e compreensão da própria sexualidade são partes indispensáveis do desenvolvimento humano e devem ser respeitadas pelos demais membros de uma sociedade justa, fraternal e progressista. Mas os episódios de ódio e in-

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tolerância tão comuns ao nosso redor nos trazem à mente a triste realidade: A liberdade é uma ilusão. Seria muito ingênuo imaginar que a solução para o preconceito e a discriminação sexual seria simples como a invenção de um novo fármaco ou como a criação de uma nova arma de guerra. Aquilo que afronta a visão enraizada da família e da heterossexualidade cristã conservadora causa comoção e ódio. O ser humano quase nunca responde positivamente ao desconhecido. Tudo que joga luz ao diferente, ao alternativo, ao desconhecido gera uma reação de defesa. A fim de defender o minúsculo mundo em que vivem, tais pessoas condenam sem apreciar, excluem sem observar criticamente, abominam sem refletir nas liberdades individuais e nos direitos garantidos a cada cidadão, ensinam seus filhos sem nenhuma base científica e lutam para perpetuar sua ignorância a despeito dos avanços da psicologia, da filosofia, da ciência e da sociologia. Diante de um famoso anúncio em um out-door religioso que acusava a homossexualidade de ser uma ameaça à preservação da espécie humana, indagava-me preocupado sobre o que seria uma ameaça maior ou real para nossa humanidade: Dois ou três presidentes heterossexuais intolerantes e radicais de nações com armamentos nucleares ou milhares de casais homoafetivos que apenas querem

aquilo que já é garantido aos demais cidadãos. Seria pior para a humanidade um grupo religioso que impõe suas doutrinas forçosamente através da política aos outros compatriotas ou estender a todos o direito de viver junto e constituir família, independente de sua configuração de gênero? É muito mais fácil ver casais homoafetivos consertando os erros de casais heterossexuais ao adotarem seus filhos do que ver essa grande bancada política religiosa contribuindo para o progresso de nosso país. Como bem demonstrado pelo jornalista Paulo Lopes, mais da metade da famigerada bancada evangélica responde por processos na justiça por diversos crimes, mesmo ela sendo a “porta voz da moral e dos bons costumes”. Já que somos rotulados e escravizados pela posição social, pelas ideologias e religiões, pela cor de nossa pele, pela forma de nossa linguagem e pela nossa sexualidade, como eu poderia acreditar que a liberdade existe e faz parte da nossa vida? Assim como as ilusões daquele grande mágico me faziam passar noites em claro a pensar, a ilusão da liberdade me pasma cada vez mais.

RODRIGO BARBOM é professor, teólogo e escritor com dois livros publicados.


ENTRE O CÉU DE AGORA E O DE SEMPRE MARIANA GALLI

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SÉRIE: ENTRE O CÉU DE AGORA E O DE SEMPRE CONCEITO E REGISTRO: MARIANA GALLI FOTOGRAFADOS: THAYLISE BECKER E THIAGO SOUSA JULHO DE 2015 CIRCUITO UNIVERSITÁRIO DA BIENAL INTERNACIONAL DE CURITIBA

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A série de fotografias “Entre o céu de agora e o de sempre” construir uma narrativa sobre a história de Iansã “a mulher- búfalo”, e Ogum o impiedoso “guerreiro senhor dos metais e da guerra”, que um dia apaixona-se por Iansã, ao encontrá-la tomando banho na cachoeira em sua forma mortal sem suas vestes de búfalo. Procuro através diferentes momentos de um processo de pesquisa em poéticas visuais que revela possíveis entrelaçamentos entre o pessoal, o subjetivo, o íntimo e o autobiográfico em movimentos de aproximação e afastamento através do uso de imagens e fragmentos de poesias que são geradoras de novas ações e novas imagens.






MARIANA GALLI, artista visual e estudante do ultimo ano do curso de Licenciatura Artes Visuais na Faculdade de Artes do Paraná, foi estagiária e mediadora no espaço cultural Casa Andrade Muricy junto à Secretaria da Cultura do Governo do Paraná, fazendo parte da equipe de Ações Educativas, participou do grupo de estudos GESTA do Pólo Arte Na Escola, período no qual desenvolveu estudos sobre mulheres artistas sua visibilidade e não-visibilidade , ao mesmo tempo em que realizou projetos paralelos sobre arte afro-brasileira . Desenvolve uma pesquisa poética em fotografia, performance, instalações e vídeoarte expostos em eventos junto à Faculdade de Artes do Paraná. Participou com trabalhos de fotografia selecionados e expostos pelo CUBIC- Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba 2013. Selecionada em 2015 junto à 25 jovens artistas de Curitiba para participar do Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba em 2015. Contato: galllimari@gmail.com


ABISMOS DA NORTE: BREVE ENSAIO SOBRE A SEGREGACÃO MUNICIPAL DIEGO MODESTO

Nem é necessário evocar a estereotipagem ordinária, as perguntas insidiosas são automáticas, surgem por mágica: - Você mora na Z.N. né? Não é muito perigoso lá? Morre e mata muita gente de lá? Como é viver com bandidos? Dizem que todos de lá ou entraram para o tráfico, ou consomem drogas, ou são assaltantes, ou mesmo são pobres! Você já recebeu quantos tiros? Ainda cobram pedágio lá no Parque da Cidadania? Eu assisti hoje no jornal do almoço que mataram e/ou prenderam alguém do Maria Lúcia! Explica-se o uso insistente do “lá”: é um tabu suscitar nomes de bairros que compreendem a região nortista de Rio Preto; sempre o recomendado, às graças duma generalização esdrúxula e perniciosa, é abocanhar o aglomerado diverso e untá-los numa única e irredutível nomenclatura, exalando eufemismos. Os antigos pés-vermelhos (pois a região foi uma das últimas a serem asfaltadas), quiçá agora apelidados de pés(mãos)de-chumbo, moradores de bairros com patente de altos índices de criminalidade (e quando assim denomino, é pela contingência de boletins policiais e segundo o

que se reverbera nos sensacionalistas e bem famigerados telejornais do meio-dia; canônica programação do rio-pretense mediano), de tráfico e, frisa-se, de mão-de-obra não-especializada, das quais muitas, senão grande maioria, fazem números de empregos informais - um índice peculiar não menos ilustrativo é o fato da linha exclusiva interbairros, cujo itinerário principia-se na zona burguesa do Débora Cristina, passando pelos condomínios, completa o trajeto normativo no Santo Antônio, isto é, já na Zona Norte, refazendo o percurso (muitos dos utilitários são trabalhadores dos Dahma’s; tendo classificações muito distintivas quanto às incumbências, porém, raramente saindo do eixo jardinagem e serviços gerais, no caso dos homens, e domésticas e cozinheiras no das mulheres), quebrando a promessa e utilizando uma terminologia marxista, incorporam-se, principalmente nos tempos de aguda crise e recessão econômica, ao exército de reserva. Fins de afiançar-me a um painel mais ímpar e elucidativo à paisagem pitoresca (que, aposto, alguns leitores nunca a conheceram por medo de serem

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roubados, mortos ou sequestrados; quando não a si próprios feridos ou ameaçados, seus bens materiais e simbólicos: Iphones, smartphones, carros e demais artigos; conquanto o risco vale a pena no momento que tencionam render lucros ao tráfico de drogas da região), descrevo uma típica avenida nortista: de cabo a rabo à cada 200 metros uma igreja evangélica, predominante e imponente à cada esquina. Inclusive, disputando territorialmente, metro a metro, com outra instituição da mesma ramificação religiosa, professando os mesmos versos, arrebatando um rebanho uniforme e, seus pastores, arrecadando as mesmas vultosas quantias que a resignação e sofreguidão daquela terra rende. Numa metragem maior mas não menos escassa, encontram-se os bares, ofertando, a baixo estipêndio e esforço, uma outra válvula de escape do ócio fugidio e da alegria Se delinearmos uma topografia da região, não obstante a onerosa tarefa, poderemos perceber uma verdade insofismável: a região Norte tem carestia de cultura. Apesar de levar em conta a acepção do senso-comum quanto a “cultura”, refiro-me a uma outra mais abrangente, não necessariamente versada neste ou naquele parâmetro, mas sim, a acessibili-

dade à riqueza e à diversidade da produção humana. Neste aspecto, os bares, as igrejas católicas e os templos evangélicos (afora as televisões domésticas) monopolizam as alternativas de gozo da plebe; não por escolha real e consciente, mas quando a alienação do ser, mediante a extinta oportunidade de protagonizar, inserir-se e reproduzir-se dentro de tal meio, grita mais alto, insuflando a letargia, o consumismo fácil e acrítico, de valores abstratos e concretos alheios à realidade vivida - produzindo, desta maneira, o simulacro; primogênito de toda a pobreza intelectual e, consequentemente, vitalícia. Engendra-se os polos de canalização energética: vai-se ao bar beber, a igreja orar ou, o mais comumente aos jovens, à boca se drogar. As escolas, a despeito da eminente importância na formação do indivíduo enquanto cidadão, são arquipélagos isolados, distantes. Ainda existem os programas excelentes, como o “Escola da Família” e o pessoal independente do Hip Hop, dignos de menção; os mesmos, todavia, funcionam em horários um pouco restritivos e eventuais, nada fixo - fins de semana, principiando às oito horas e fechando-se às cinco da tarde, menos aos feriados -


e arrazoando: as formas de divulgação e interação são carentes, porque torna-se complicado inovar e acolher enquanto jugados por uma intrincada burocracia escolar, subordinada, ainda, ao município e a um véu hermético e a ínfima disponibilidade espacial e material. A sujeição latente ao individualismo, a baixa eticidade e o apelo ao consumo desenfreado e enevoado pela imperiosa necessidade externa frívola, aliadas a esse painel de parca oferta cultural, orquestra a polifônica canção do caos: os rolêzinhos no Terminal Urbano e nos Shopping Centers caracterizam-se e exteriorizam a ótica do rebanho que, desprovida do senso crítico (por mecanismos intencionais, cientes e deliberativos do que fazem), explodem num cenário anômalo e opressivo às suas reivindicações de espaço e consumo. A ebulição desnuda as contradições classistas - as normas morais, suprimidas, afloram à caça hedônica, construindo o temeroso e tão em voga “relativismo ético” .O conflito eclode, não por mero acaso, no centro das teias de socialização: o Terminal Urbano, espaço sublimado pela relação ao acesso à urbe, encontro de recreação e agrupamento de um novo coletivo, estruturado por elementos jovens e de forte simbolismo consumista; a forte vigência da expressividade que uma marca acumula na representatividade, a

exemplo das vodkas Askov, os modernos smartphones, as vestimentas suntuosas, carregadas de um forte apelo ao fausto, a luxúria e a ostentação, amiúde ligadas a imagem pessoal, ao sexo fácil e a prevalência do “ter” antes do ser, como se somente conseguisse a definição da personalidade (posto que a época da puberdade os concita a isto) pelos meios de tomada de consumo; a subjetividade é inócua, porque eles acabam compelidos ao contato da irmandade, e, uma vez nela incluídos, a sedução associa-se, inerentemente, ao valor substancial de afeto, coesão. Fazer-se de um coletivo, sentimento de pertencimento. Casualidades da religião mais professada no mundo: a mercadológica. Contrapondo-se às críticas e oposições paradigmáticas ao fenômeno - às quais, com raras exceções, baseando-se numa faceta parcial, alocando, pois, a questão apenas a responsabilidade educacional e estrutura familiar como únicas premissas pertinentes à discussão do “por quê”, à medida do tempo, os jovens aderem-se exponencial e fervorosamente e os rolêzinhos arraigam-se mais e mais, dominando espaços historicamente segregados e limitados a certas camadas sociais é capital salientar os efeitos cosmológicos do sistema capitalista, da grande mídia, do ambiente de vivência e, sobretudo, dos mei-


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os culturais - intangíveis, abstratos. O Sesc, grande manancial cultural regional, embora oferte um vasto cardápio, concentra-se numa região nobre da cidade, limitada não somente ao requisito de transporte a priori como, demais, restrita a um público específico. Não é exagero dizer que a uma classe social específica. O mais próximo ponto de encontro eleito pelos jovens de camadas mais baixas, não por acaso, é o Rio Preto Shopping; as proposições, sutilmente elencadas, concluem que, independente do contingente, o rolêzinho é uma ritualística sessão fetichista; o porquê dos terminais urbanos terem deslocado tal agrupamento, incide na proibição (seleção) que as empresas responsáveis deliberaram para o grupo caracterizado – não obstante idealizações românticas do banditismo e certo carregamento de estigmas, o ato foi justificável, na certa medida. Subjazem, destarte, o abismos culturais que, seus previsíveis corolários, resultam na segregação cultural, na desvinculação do indivíduo com sua essência ante o sugestionável culto à mercadoria e a inalienável forma de protagonizar-se como agente cultural, empoderado e cioso de sua individualidade como nau no oceano da diversidade; a solidão e os mistérios da complexidade do painel social exige a base ética como precondição, e os veículos mais propícios

a veiculação destes valores perdidos são, sobretudo, a cultura e a arte ferramentas para construção da personalidade e do contato estético e relacional com o mundo interior e exterior; um constante diálogo, entre autor e obra. O prefeito Valdomiro Lopes atrapalha duplamente: primeiro, concedendo aval ao aumento de um transporte coletivo, já precário e sucateado; segundo, subtraindo gastos no investimento público aos eventos culturais populares. Enquanto essas áreas periféricas continuarem à mercê de insignificantes intervenções (infelizmente, salvo mediante a mão e, consequentemente, autopromoção política) e famintas de cultura e arte populares (teatro, cinema nacional, Hip Hop, poéticas e artísticas) de empoderamento, o grito marginal continuará sendo sufocado, reprimido e calado. Cabe a nós, de uma proposta coletiva, sermos independentes e coadunarmos com nichos artísticos, no fito de engendrar essa coalização, atraído nossos jovens e canalizando a gigantesca energia da juventude aos museus, casas da cultura, saraus, palcos, telas de cinema e de pintura; ao mesmo tempo, retirarmo-los, livrarmo-los e roubarmo-los das algemas, casas de detenção, das odes ao consumo, das massas de manobra e, o mais fundamental e premente, das biqueiras.

DIEGO MODESTO, 20 anos; assíduo leitor, ama videogames, livros e a solidão.


TUDO SABE MESMO DE LONGE A CINZAS + LA MER TOUJOURS RECOMMENCテ右 JUNO GRIZ

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JUNO GRIZ テゥ feminista, amante de comida vegana e de antropologias. Participa da coletiva de papeis Maracujテ。 Roxa no Rio de Janeiro e publica o fanzine Ciborgue de Pele, onde tenta habitar outras formas de existテェncia. contato: junogriz@gmail.com / grrricha.tumblr.com




E BEBER TODA SUA MENTIRA MAYANA VIEIRA

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JUNO GRIZ

EU LHE DEDICO TODOS OS SILÊNCIOS DAS SENHORAS TRISTES DAS CALÇADAS Ê LAROIÊ A TODAS PADILHAS DA CIDADE DE SÃO PAULO ENTRE O MURO CHEIO DE COR E O CINZA QUE APAGOU A ARTE JURO A TI TODAS AS ANTÍTESES EM VOZ ALTA EU GRITO NO PALCO DE LUTA DE SUAS AVENIDAS: MORRE A MÃE MORRE A PUTA! REZAM AS SANTAS... E TEUS FILHOS CONTINUAM A SORRIR!

MAYANA MARQUES VIEIRA, 19 anos, nascida e criada no extremo sul de São Paulo, na região do Grajaú. Estudante do segundo semestre de letras. Filha de baiano com cearense. Sangue quente rs. Enfim, sou apenas uma "cidadã comum com vontade de vencer".


COLETIVO CAPIVARA LABS

HELOÍSA RIBEIRO + HÉLIO KANAME + M. RAY + WESLEY S. ESTÁCIO

Grupo de artistas, de São José do Rio Preto que decidiram se unir para trabalhar com ilustrações, quadrinhos e games independentes. Somos 8 pessoas, com 8 cabeças, 16 mãos e 1 objetivo simples, mas direto: produzir arte baseado em nossos diferentes estilos, alcançando o maior número de pessoas possível. Só temos que agradecer ao pessoal responsável pela publicação de O MARGINAL pelo espaço concedido. Os capivaras Heloísa Ribeiro, Hélio Kaname, Letícia M. Ray e Wesley S. Estácio deram o seu máximo para contribuir com a publicação e empoderando o cenário alternativo dos cidadãos da cidade!!

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www.facebook.com/capivara.labs

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HELOÍSA RIBEIRO, um dos membros fundadores do Coletivo Capivara Labs, iniciou-se nas artes na infância. Começou bebendo da fonte do mangá e agora se aventura nas aguadas de nanquim e paisagens em perspectiva. Suas histórias em quadrinhos e ilustrações costumam retratar diversos temas como: liberdade de expressão, falácias e algum comentário sobre o cenário político. Em seu trabalho colaborativo com a revista, ela e seu amigo Wesley S. Estácio abordam o tema sobre a chacina dos índios Guarani-Kaiowa e o total desinteresse dos veículos de comunicação para nos entregar essa tragédia.

HÉLIO KANAME, membro fundador do Coletivo Capivara Labs, é um autor de renome na região com seu divertido personagem Chapolin Mau, paródia do nosso herói de infância Chapolim Colorado. Sempre gostou de trabalhar e explorar os mais diversos temas atuais com muito humor, e contar histórias simples do nosso dia a dia. Nessa edição, você confere o trabalho de Hélio com seu mais novo projeto: Quadrinhos Azuis.

WESLEY S. ESTÁCIO é um dos membros mais recentes do coletivo, Wesley S. Estácio sempre participa de eventos, projetos colaborativos e atualmente, trabalha para finalizar suas primeiras produções. Ele escreve o blog semanal do coletivo e é um dos integrantes mais experientes do grupo, por sempre buscar não se copiar em cada trabalho, o que o permite passear por vários estilos de arte. Nessa edição, Wesley traz um pouco de seu conhecimento em Publicidade e Propaganda numa HQ de 2 páginas, explorando o tema “Prótese Digital”.






DA CONDIÇÃO EXISTENCIAL HUMANA OU PUTA QUE PARIU PRECISO TRAMPAR MANO JR.

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DESPERTADOR DESPERTA ESTADO DE ALERTA SONHOS RESPINGAM NO TRAVESSEIRO CORPO SEM GPS BREVEMENTE ADORMECE E SE VAI ARRASTANDO PARA O CHUVEIRO POR DINHEIRO? MUITO POUCO, NÃO COMPENSA POUCO OU MUITO, A GENTE NEM PENSA TEM A VITRINE E A DISPENSA E NO MEIO, UMA FERIDA ALGUNS CHAMAM DE VIDA É ENORME, IMENSA TODO DIA A GENTE FAZ TUDO IGUAL WORK SONG BY CHICO IN COTIDIANO QUER FICAR RICO MEU MANO? ENTÃO CUIDADO O CAMINHO INDICADO PODE SER UM ENGANO MAS NÃO ME ATREVO QUEM SE ATREVE? A LUTA NÃO É UM TREVO O SENTIDO É A GREVE JUSTIÇA? É O DIREITO À PREGUIÇA! VIRAR PARA O LADO FAZER AMOR DEMORADO TOMAR CAFÉ E ASSISTIR DESENHO ANIMADO ATRASADO? ME PERDI NOS DEVANEIOS COMI O PÃO SEM RECHEIO, MAS COM RECEIO POIS ESTOU DE SACO CHEIO TÔ UM CACO, NÃO CREIO

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QUE ESSE SEJA NOSSO PADRÃO DE EXCELÊNCIA JORNADA DE OITO: DEPRIMENTE PRECISO MOSTRAR MINHA COMPETÊNCIA PARA OS INCOMPETENTES ESSA GENTE... QUE DIZ, MANDA E DESMANDA LEI MAIOR: OFERTA E DEMANDA MAS Ó! SOZINHO NÃO ANDA PRECISA DAS MINHAS PERNAS E BRAÇOS NUNCA DA MINHA OPINIÃO E GOSTO DO QUE FAÇO ME REALIZO TEM EFEITO DE ABRAÇO SABOR DE SORRISO UNIVERSO EM CONTRADIÇÃO CONTRA A ADIÇÃO DE QUEM NOS SUBTRAI BABY NO CRY BABILÔNIA CAI A VIDA SE ESVAI AI, AI, AI POR QUE RECLAMO? É NECESSÁRIO? É O QUE EU AMO E AINDA RECEBO SALÁRIO TENHO UM EMPREGO, UM CARRO, UMA CASA E A SENSAÇÃO DE QUE UM DIA EU TIVE ASAS

MANO JR (ANTONIO DE AZEVEDO JÚNIOR) é professor de sociologia e rapper nas horas vagas ou o contrário, já não sabemos. Reivindica-se anarquista, mas é facilmente comprável com guloseimas de padaria.


YOUNG AMERICANS - OR HOW INDIA’S BOYS LOOK TO AN OCCIDENTAL WOMAN PAULA MELLO

A escolha do título em inglês demonstra o estranhamento de onde parte a série de retratos tirados por uma fotógrafa brasileira ao longo de 40 dias na Índia. A comunicação foi sempre mediada por duas línguas: inglês e olhares. A primeira, não natural de ambos os lados; a segunda, o vínculo silencioso, quase estarrecedor. Olhares de um povo que habita um dos países mais an-

tigos do mundo, que agora passa por um momento econômico marcado pela abertura ao mercado exterior, vivenciados por uma nativa de um país tão novo quanto o Brasil. O estranhamento sempre foi diverso, do encantamento ao horror do diferente ao novo… Relatos das histórias que vivi. São retratos não de como vi a Índia, mas sim de como fui vista lá.

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PAULA MELLO, 1987, natural de Lins/SP, é fotógrafa, artista visual e pesquisadora sobre imagem como graduanda em filosofia na Unesp de Marília. Atua como arte educadora sempre com enfoque em trabalhos autorais. É curadora e idealizadora da Expo-Intervenção Internacional de Arte Urbana “Cola Aqui! Stick here!”, que conta com a participação de artistas de mais de trinta e cinco países e que já colaborou com a direção de arte do cenário do programa “Manos e Minas” da TV Cultura. Expôs em salões e coletivas no Brasil; participa do projeto Circulando em Outras Dimensões, presente no SP Estampa 2012 e no circuito paralelo da 31ª Bienal de São Paulo. Entre as individuais, destacam-se as últimas em Beja - Portugal (jun-dez 2014) e no Sesc de Uberlândia/MG em abril deste ano. Também em 2015 foi artista residente na Fundação Sanskriti em Nova Deli, na Índia onde realizou exposições, instalações e intervenções urbanas.


O BURACO

ALEXANDRE FELIPE DE OLIVEIRA 44

Hoje eu vou falar do Buraco. Buraco? É sim, senhoras e senhores, do Bu-ra-co. Era uma vez uma comunidade pobre na qual suas ruas só não tinham mais buracos pela falta de espaço. Os buracos se emendavam uns nos outros, formando um grande amontoado de vazio. Vazio este que se estendeu aos moradores do lugar, que tinham suas casas esburacadas por marcas de balas de revólver. O mesmo revólver que fez buraco na cabeça do preto pobre que roubou pra se mostrar vivo. O que ninguém contou é que, antes de roubar, roubaram-lhe seu sonho. Fizeram um buraco no seu futuro promissor, na sua perspectiva de vida e na sua esperança de ser grande. Ladrão que rouba ladrão não tem cem anos de perdão? Nesta mesma comunidade, morando em um buraco qualquer, tinha um tal de João. Mas não é assim que o chamavam. Ele era carinhosamente apelidado de bichinha, maricona, veado, depravado, abominável, "morde-fronha", pervertido... Ufa! Se cada um sente prazer pelo buraco que deseja, porque ele foi tão rejeitado? Fizeram um buraco no coração dele (e não é o buraco que o amor faz quando

a gente está apaixonado). Foi um buraco de um punhal que estava na mão de um acovardado que tinha na cabeça nada mais que um buraco: o buraco da intolerância. Pobre João, ele foi mais um zero na estatística. Espere aí, zero tem formado de buraco. O mesmo buraco que fazem pra enterrar muitos Joãos e Marias que são vítimas de crimes de ódio, esse mesmo ódio que é disfarçado de moral religiosa, machismo encubado e desejo internalizado. E o buraco da hipocrisia deixa rastro de sangue, de uma vermelho vivo de gente morta, no asfalto esburacado. Essa comunidade pobre, de que tanto falei, está dentro de cada um de nós. Que possamos preencher os nossos buracos com sentimentos de vitória, amor universal e glória. E que a nossa voz seja instrumento de protesto por um mundo igual pra todos, sem distinção de gênero, condição social e raça. Tá, a minha voz sai da minha boca, que é um buraco. Então que os nossos buracos sejam bem utilizados em benefício do próximo. Ah! Se cada um sente prazer pelo buraco que deseja, então use sem moderação! E viva o buraco!

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ALEXANDRE FELIPE DE OLIVEIRA, de 33 anos, é Analista Financeiro, formado em Administração de Empresas e atualmente faz faculdade de Psicologia. É fascinado no ser humano e suas complexidades.



FRIDA + DONA DA MINHA LIBERDADE ANA CAROLINA CABRAL

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ANA CAROLINA CABRAL (16), São José do Rio Preto, São Paulo. Estudante, militante feminista classista, artista, amante e sonhadora.


"Dona da minha liberdade, caminho por mim. N達o sou propriedade, sozinha, feliz assim."


CARTAS AGONIZANTES FELIPE BAILUNI

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FELIPE BAILUNI: Niteroiense, artista e poeta, nas horas vagas e n達o-vagas. Graduando em Artes pela Universidade Federal Fluminense e pelas colagens de cada dia. Contato: facebook.com/antiantiarte


UM MUNDO RESUMIDO EM FOTOGRAFIA BRUNA FERREIRA

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Hoje em dia com a mídia espalhando estórias, sobre o corpo feminino, o mundo perfeito das mulheres, como devemos nos comportar, como conquistar aquele carinha que você tanto quer. Chegando assim o espirito, os desejos e as vontades de uma mulher que vive no mundo “normal”. Não sou aquele tipo de mulher que segue o que a sociedade demanda, acredito fielmente nos meus gostos, sonhos e desejos, e tento realiza-los várias vezes, sem que obstáculos midiáticos me atrapalhem. Admito que sim, fui uma adolescente que gostava de comprar as revistas da Atrevida e Todateen, percebo que só fazia isso para me sentir um complemento de algo maior, uma garota normal, que curtia coisas de meninas normais, que gostava de falar sobre carinhas, ou qual a última roupa da moda, e o melhor filme de crepúsculo. Eu tentava enganar a mim mesma, e quem eu era. Desejava ser aquelas garotas que via nas revistas, desejava ter um cabelo perfeito, lisinho, olhos claros, um corpo perfeito sem estrias e celulites. Quanto tempo eu perdi tentando ser alguém que eu não era. No fundo eu já sabia que nunca mudaria, mesmo fingindo ser outro alguém. Eu era aquela garota que preferia livros do que fofocas, que preferia conversar com pessoas mais velhas, do que meninas da minha idade que só pensavam em roupas ou maquiagem. Eu era este tipo de garota, e apesar de todos os meus esforços para ser outra pessoa, eu sempre voltava ao ponto inicial, ao meu eu. Quando comecei a fotografar, achei que fazer um pouco de cada área seria interessante, leigo engano. As coisas

que tentei fazer não batiam com meus desejos, e isso me lembrou dos tempos de escola, que eu me anulava para ser o que a sociedade desejava, e o que eu achava ser o certo. Resolvi que com a fotografia, eu me libertaria de todas estas amarras sociáveis, e criaria o que quisesse como quisesse. Foi assim que eu descobri a fotografia retratista, e me identifiquei intensamente com ela. Eu olhava aquelas obras de arte, e pensava como uma pessoa pode traduzir tanta beleza de uma mulher, através de uma câmera fotográfica. Onde está o segredo? Queria saber, desejava saber. E foi o que fiz, sai em busca de informações e conheci pessoas que literalmente abriram meus olhos para um mundo mais fantástico e mais profundo ainda. Eu penso na fotografia retratista como um mundo de redescobrimento, pois foi aqui que consegui me encontrar, retratando e traduzindo a beleza feminina reprimida pela mídia, através de um olhar sensível e especial. Porque quando olho para estas mulheres que são reprimidas pela sociedade, eu me vejo nelas, me vejo em seus desejos de serem perfeitas, desejos estes que não condizem com nossa realidade, pois já somos perfeitas do jeito que somos, magras, gordas, com estrias, celulites, negras, morenas, amarelas, brancas, entre tantas outras raças, cores, jeitos, tamanhos. Somos o que somos, e nos amar e nos aceitar é o nosso maior desafio na sociedade opressora. Quero mostrar a todas o quanto somos lindas, e o quanto somos perfeitas por dentro e por fora de nosso ser. Quebrar um tabu enorme, de que mulher tem que ser perfeita nos padrões.


A DITADURA DO MEU PAÍS + POEMA PARA RIO PRETO + A SAGA DO EUROPEU RAMIRO PEREIRA

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A DITADURA DO MEU PAÍS

A DITADURA DO MEU PAÍS LEMBROU O DIA EM QUE EU ESTAVA PRESO NO QUARTO. ALI, ESCURECI OS OLHOS, NUM LONGO ENGAJAMENTO QUE ME SEPARAVA.

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A DITADURA DO MEU PAÍS LEMBROU A ESCRAVIDÃO QUE ESCORRIA NO MEU HISTÓRICO SANGUE. A DITADURA QUE PESOU EM MIM DESENGANOU-ME, E ME TROUXE DE VOLTA A ECONOMIA DOS SERES.


POEMA PARA RIO PRETO OLHANDO A CIDADE VEJO SÃO JOSÉ DO AUSENTE DE ÁGUAS, DE GENTE QUE NÃO

DE BAIXO, RIO PRETO MAS CHEIA TEM TETO.

OLHANDO A CIDADE DE CIMA NÃO CONSIGO MAIS VER DIREITO SE A CIDADE É SÓ DESERTO OU SE É SÃO JOSÉ DO RIO PRETO.

A SAGA DO EUROPEU (DEDICADO AO POVO GUARANI KAIOWÁ) O EUROPEU CHEGOU A AMÉRICA BUSCANDO RIQUEZAS. ENCONTROU O ÍNDIO. ALIÁS, DEU ESSE NOME POR QUE NA ÉPOCA O EUROPEU NÃO DOMINAVA A GEOGRAFIA. PARA O ÍNDIO, A GEOGRAFIA ERA O CORPO DE UMA ÁRVORE, QUE O EUROPEU LEVOU.


ATO EM APOIO AOS GUARANI-KAIOWÁ MICHELLE MENDONÇA

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MASP, Sテグ PAULO - 17 DE SETEMBRO DE 2015







MICHELLE MENDONÇA é poetisa e fotógrafa vive em São Paulo e por aí,produz arte de forma intimista. É colaboradora da Revista Escrita Pulsante e teve seus trabalhos publicados na Diversos Afins e Revista Zunài. Atualmente estuda astrofotografia.


RODRIGO ASSIS


ESOTÉRICO

NATÁLIA NOLLI SASSO

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Na esteira das bagagens ela encontra a mala suja de terra rolando torta, e sente vibrar a notificação de uma mensagem desencontrada. A mala é azul de um marinho gasto, salino demais, alças surradas por empurrões de funcionários mal humorados em seus afazeres, tecido desbotado por trânsitos longos, mal cuidado em viagens às pressas, rodas tortas por calçadas de pedras. A mensagem é o fim de uma história de amor que poderia ter sido escrita em verso, um dia quem sabe? Ali parecia apenas um folhetim, ou com algum esforço de abstração, uma prosa curta, muito sensata, com desfecho ruim. Pensou, então, que amor e sensatez não costumam dar as mãos para atravessar rua. E que amantes apaixonados esquecem perfumes, desdorantes. E seguem, olhos vivos, corpos em chamas, mãos dedilhantes. Voltou à esteira, à mensagem, e toda aquela bobeira. Se perguntou como foi que chegamos aqui? Em voz baixa seguiu perguntando por onde andamos, com que pernas bambas e bobas, com que ideias falsas, pequenas mentiras e falácias, e alguma mesquinharia? e agora uma mensagem em um aplicativo ágil avisa quão frágil é viver assim. Quando o amor tem um sorriso breve e rima ruim. Olhos ressecados, deixou que lavassem um filete de lágrimas que não tentou esconder no saguão do aeroporto. Falou baixo consigo, chorou sem óculos até a escada rolante, até ouvir que o ponto de táxi ficava à direita, e lembrou que amantes não são como funcionários, porque visionários de um país a ser inventado para

si. País particular, ilha exótica em algum lugar perto, deserto ou aqui, mar de águas claras, turbulentas e nem sempre pacífico. Mas magnífico. Infernal e paradisíaco. Porque amantes são pouco lúcidos, porque dançam entregues, porque amam precariamente sob noites de febres, porque não é assim que se escreve, quarenta e cinco toques, na moldura pobre de um celular, assim como quem breve encerra, sai à francesa, e cria para si a velha fábula do não há tempo para amar, nem para o café e a sobremesa, assim como quem não vê asas para voar. Ela desligou seu três gê, entrou no táxi, se abandonou no banco de trás como alguém assiste um drama criado para tevê, e pensou que era bom voltar para casa suja de terra, olhos inchados, e coração apertado. Apesar de tudo. Porque era bom chegar em casa, mesmo e apesar de um conto curto, sobre ser o amor um cristal bruto, avesso ao muito civilizado, um tanto tumulto, um tanto extraordinário, contrário ao ritual e rotina de um funcionário.

NATALIA NOLLI SASSO é poeta, inquieta e mulher brasileira. Trabalha com curadoria e programação de artes performativas, e é mestranda em Artes-Teatro (Unesp). Tem sol e lua em peixes, e acredita que a expedição pra Marte vai ser um tédio aos tripulantes. Reúne e edita seus escritos emnatalianolli.wix. com/natalianollisasso


JANELAS

ALAN OJU 62

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Em 'Janelas' proponho uma discussão acerca da arquitetura urbana e das paisagens alteradas pelo homem, problematizando a onipresença dos muros em nossa sociedade e suas funcionalidades ambíguas, na medida em que protegem e delimitam não só a passagem, mas também o olhar. A partir da ambivalência de tais estruturas passei a utiliza-las como suporte para discutir sobre sua própria presença. O processo de construção deste trabalho inicia-se com saídas pelas ruas em busca de horizontes interrompidos por muros na metrópole paulista, após localiza-los, o próximo passo se dava com um salto para transpor a barreira do muro e alcançar o ouro lado, afim de registrar através da fotografia o que havia por trás e que até então estava oculto.

Em outra etapa do trabalho, retornava ao mesmo local com a fotografia impressa e a colava na face pública do muro, e junto fixava também uma moldura de madeira sobre o lambe-lambe, constituindo assim, a intervenção que faz alusão a uma janela ao mostrar o que há do outro lado.

Além das questões acerca da arquitetura e da paisagem urbana, este trabalho tem em si diversas outras questões, entre elas a discussão do público e do privado, pois o muro em si já é um símbolo da propriedade privada, e esta questão é potencializado no trabalho com a inserção da moldura, um objeto característico deo espaço privado que passa a provocar estranhamento ao estar fixado no espaço público.


JANELAS (2013 - 2014) EXPOSIÇÕES 2014 - MIS-SP (MUSEU DE IMAGEM E SOM) EXPOSIÇÃO COLETIVA "SOBRE LUGARES E GESTOS" 2014 - SESC RIBEIRÃO PRETO EXPOSIÇÃO COLETIVA "25A. MOSTRA DE ARTE DA JUVENTUDE"









WWW.OJU.COM.BR


CRÍTICA AOS NEOPENTECOSTAIS BRENO ARAGON

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QUE DEUS É BOM E QUER O BEM! TODOS JÁ SABIAM! MAS VOCÊ SE VESTIU DE SOCIAL ATERRORIZOU USANDO O MAL PARA PEGAR REBANHOS DE DESESPERADOS! TÃO FORTES FORAM SUAS PALAVRAS DITAS PELO NÃO DITO ENQUANTO PREGAVA! (AAVA) VOCÊ LAVOU AS MENTES E TAMBÉM MILHÕES A SUA ROUPA É CARA (AARA) E VEIO DO SENHOR ! SÓ VEJO VOCÊ FALAR DO MAL E NUNCA DO AMOR.

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AINDA HÁ ESPERANÇA AINDA HÁ ESPERANÇA QUANDO EU VEJO NO SORRISO SEM VERDADES E MENTIRAS DE UMA CRIANÇA AINDA HÁ ESPERANÇA AINDA HÁ ESPERANÇA QUANDO EU VEJO NO SORRISO SEM VERDADES E MENTIRAS DE UMA CRIANÇA NÃO HOUVE EVOLUÇÃO! E NEM BIG BANG! APENAS A PALAVRA PROS FIÉIS DIZEREM AMÉM! CONTRIBUO COM O MEU SUOR PRA SUA CAUSA E SUA GANÂNCIA EM TROCA DE VOCÊ VENDER UM LUGAR NO CÉU E UM OBJETIVO E UMA CHAMA! AINDA HÁ ESPERANÇA AINDA HÁ ESPERANÇA QUANDO EU VEJO NO SORRISO


SEM VERDADES E MENTIRAS DE UMA CRIANÇA AINDA HÁ ESPERANÇA AINDA HÁ ESPERANÇA QUANDO EU VEJO NO SORRISO SEM VERDADES E MENTIRAS DE UMA CRIANÇA VOCÊ DIZ QUE SUA OBRA É PRO SENHOR DENTRO IMPORTADO QUE VOCÊ NÃO CONQUISTOU CAIO DO CÉU! DO CÉU DO SENHOR! E QUEM VAI GARANTIR QUE VOCÊ ESTÁ CERTO QUE SEU CAMINHO É SEMPRE RETO? ONDE ESTÃO OS POR QUÊS? QUE VOCÊ ESCONDEU! DIZENDO SER O ESCOLHIDO POR NOSSO SENHOR E DEUS! NÃO ACREDITO EM CÉU OU INFERNO NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTÁ CERTO! ACREDITO É NO AMOR, E NÃO NESSE DIABO! NÃO NESSE TERROR! VOCÊ LAVOU AS MENTES E TAMBÉM MILHÕES A SUA ROUPA É CARA (AARA) E VEIO DO SENHOR ! SÓ VEJO VOCÊ FALAR DO MAL E NUNCA DO AMOR! AINDA HÁ ESPERANÇA AINDA HÁ ESPERANÇA QUANDO EU VEJO NO SORRISO SEM VERDADES E MENTIRAS DE UMA CRIANÇA ....


AUTORES DESCONHECIDOS YURI KHAUAN

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É no brilho do bico do coturno que o medo se revira em suas entranhas e o silêncio se reproduz gritante e rápido. Sobre a capa de couro com letras douradas repousa um grande NÃO ! Prensado em folha de papel de seda, a tinta inorgânica condena a morte mais uma alma. Sobre a consciência coletiva perante um deus coletivo e inalcançavel esperamos o milagre da redenção, o dia em que seremos curados desta doença maldita ou queimaremos no lago de fogo e enxofre. É o que escuto desde meus dois anos. É o que aprendi e recebo a cada esquina por ver em um semelhante alguém pra se ter a vida. Ou dar a vida. Aliás, ninguém deu a vida à ninguém aqui ! Ela nos foi tirada ! Nossa identidade descansa suja e fétida e marginalizada e e transfigurada sobre o sangue do cordeiro que agora em contato com o oxigênio fede. Fede a seus pecados, seu ódio. Me remetem aos versículos que recitavam com autoridade e perfuravam meus tímpanos sangrando-me e eu me encolhia no banco frio feito de marmore. Logo após tamanha crueldade, cantávamos um hino pedindo perdão e misericórdia, sabedoria e compaixão porque o mundo não nos respeitava ! E vocês ? Respeitavam ? Eu me manti calado até o dia em que minhas primaveras se ramificaram e na minha independência eu pude revelar a toda viva alma. Eu sou pecado, eu vivo o pecado !

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A repulsa é minha mãe e a monstruosidade de se amar a um semelhante... É minha outra mãe também ! Já meus pais ? Ah... esses são faceiros. São oa beijos e cada contato ou qualquer adjetivo de baixo calão. Usa-se gay ou mais comulmente VIADO. Nós fomos adotados. Tivemos a gestação mais curta que qualquer ser vivente já teve. Genesis. E a morte mais lenta testemunhada. Eu morria em cada palavra. Os tempos estão mudando e as correntes oxidadas se quebram a cada novo movimento. A cada desabroxar da flor um feixo de esperança nos consome e no berço de plenitude e bondade de alguns coraçoes habitamos e continuamos a caminhada. Nós viveremos para assistir o nascer do novo sol !

YURI KHAUAN, 18 anos. Estou no segundo semestre de psicologia e escrevo a tanto tempo que nem lembro a data. Escrevo pois gosto de sentir o contraste das palavras no papel e o real sentimento que elas transmitem. Meus textos abordam em sua maioria temas de caráter pessoal como relacionamentos e vida cotidiana, mas também gosto muito de escrever sobre causas sociais. Gosto muito de Augusto dos Anjos e em algumas de minhas obras procuro me espelhar em sua didática.


AS GRANDES LUPAS DO MUNDO ROGÉRIO MARIA

O que mais se observa nos dias atuais é uma tolerância a tudo, exceto pela religião. Muitos bons mocinhos do "politicamente correto" não tem respeito algum pelas religiões, assim como muitos religiosos também não guardam respeito algum para com eles. Não existe concórdias entre esses dois grupos de pessoas, mas o que quero corrigir aqui são os pensamentos dos cristãos acerca disso e mostrar o que tem de errado nos dois lados. Começarei puxando a orelha do cristão. Você que é cristão, mas vive sua fé de forma hipócrita, sem oração, sem se mortificar e se doar para os outros, vocês não passam de amebas, então tirem a ramela do seu olho primeiro antes de tentar tirar de seu próximo. Assim como muitos que parecem ser um poço de santidade por fora mas por dentro são pura podridão. Sejam santos de dentro para fora, façam a caridade de dentro para fora, ame o próximo, corrija-o quando você voltar aos trilhos e viver uma vida de fé, devoção e caridade. O cristianismo é estilo de vida e não ideologia. Faça como Cristo, imite-o em santidade, cuidado com o orgulho e cuidado com as inconstâncias da vida. Seja firme. Agora a correção vai para o homem do mundo. Você que costuma dizer que a Igreja é preconceituosa, passe a rever seus conceitos. A Igreja teve variados cientistas como Roger Bacon, Lemaitre entre outros que

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influenciaram a história do mundo e a ciência, assim como Newton. Reconheça o valor dela pelo menos em sociedade. Não adianta você, homem, ficar apontando os erros que alguns cristãos fizera. Você sabe que a doutrina cristã era contra esses erros, você sabe que a doutrina cristã odeia os erros dos homens. Os erros dos quais eles patinam são os mesmos erros dos quais muitos homens fora da Igreja patinam também. Então não me venha com falso "moralismo", até porque vocês estão fundando um novo valor dogmatista. Não seja orgulhoso de falar que você foge de dogmas, pois o próprio ato de fugir de dogmas já se torna um dogma. O dogma do fujão. O grande problema dos revolucionários é não poder almoçar com Adam Smith na mesma mesa que Marx, o grande problema dos revolucionários é não poder tomar chá numa mesa em que está Voltaire e Rosseau, o grande problema dos revolucionários é não poder beber em um botequim com Huxley e Bakunin juntos. Por último, seu grande defeito é não permitir que todas essas ideologias tenham uma ligação dentro de seu coração, uma ligação unitária e multifacetada. Não sabem ligar os melhores pontos do universo sublime. Não contém a ousadia de rasgar os céus com Nietzsche e a ousadia de ficar em paz com Tolstói. Não se tem a criatividade de Shakespeare e nem a forma analítica de Poe. Não se tem nem a ciência de

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Lemaitre, muito menos a de Stephen Hawking. Resumindo, não contém neles a visão cosmológica e a multifacetada. Só são universais de pegar uma ideologia e levá-la para bem longe. Na utopia de suas cabeças e nos altares dos quais queimam incensos a si mesmos. A sociedade só será uma quando passar a ser a concórdia de um ao outro. Quando todos acharem o equilíbrio entre todas as filosofias. O equilíbrio precisa existir entre o eunuco e o ninfomaníaco, pois um sabe o prazer do sexo e o outro sabe o prazer de viver em santidade, entre o guerreiro e o monge, pois um sente um prazer enorme em lutar e o outro sente prazer enorme em ficar em contemplação contínua, entre o atleta estudante do corpo e o psiquiatra estudioso da mente, pois ambos sabem como viver uma vida mais saudável, entre o rico e o pobre, pois a virtude de um é saber administrar economias, a virtude do outro é saber mostrar a humildade. A vida só será a vida quando homens espirituais que desejam o céu reconhecer o valor da Terra e a recíproca ser verdadeira. Viva o equilíbrio, viva esse grande paradoxo chamado... Vida!


SERVENTIA DO ESTADO + NA PONTA DA CANETA ANDRÉ SILVA

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SERVENTIA DO ESTADO QUANDO SE ANDA, SOZINHO À NOITE, CONJUNTIVITE: ENQUADRO. OLHOS IRRITADOS, BORRACHA: CONVITE. EM SOAR DE SIRENE, MARIMBONDO: DENTRO DO CRÂNIO A FERROAR PROCURA DE UMA SAÍDA PARA ASSIM PODER VOAR. NA PONTA DA CANETA NA ESCOLA, JOSHUA NÃO QUERIA LUTAR. POR UMA OCASIÃO. ACABOU ACHANDO INIMIGO EM OUTRA NAÇÃO... NA PONTA DA CANETA, VIU EM MENOR GRAU; O PRECURSOR DE TRISTEZA. VERMELHO É O QUE EXTERNARÁ, SEM O MENOR CONSENTIMENTO DO QUE LHE HAVIA POR DENTRO. SUA CARTEIRA BALANÇOU, A CANETA ESCORREGOU, O SINAL NÃO DESPERTOU... E ELE PERCEBENDO O PÁSSARO QUE DO LADO DE FORA DA JANELA, PAIROU. DECIDIU POR SEGUI-LO...

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BANG BANG


17 DE OUTUBRO DE 2015 16H - CENTRO CULTURAL BRADO SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP


O MARGINAL OMARGINAL@OUTLOOK.COM FACEBOOK.COM/OMARGINALZINE

ARTICULAÇÃO

DIEGO MODESTO

DIREÇÃO DE ARTE REVISÃO

CAMILA MOROTTI

RODRIGO BARBOM

MENDONÇA

REVISÃO FINAL MICHELLE MENDONÇA MENDONÇA COLABORADORES ALAN OJU + ALEXANDRE OLIVEIRA + ANA CABRAL + ANDRÉ SILVA + ANTÔNIO DE AZEVEDO JUNIOR [MANO JR.] + BRENO ARAGON + BRUNA FERREIRA + CAMILA MOROTTI + DIEGO MODESTO + FELIPE BAILUNI + JUNO GRIZ + HELOÍSA RIBEIRO + HÉLIO KANAME + LETÍCIA M. RAY + MARIANA GALLI + MAYANA VIEIRA + MICHELLE MENDONÇA + NATÁLIA NOLLI SASSO + PAULA MELLO + RICARDO [CAPIM] + ROGÉRIO MARIA + RODRIGO ASSIS + RODRIGO BARBOM + WESLEY ESTÁCIO + YURI KHAUAN GRATIDÃO! PRODUÇÃO

CASA ROSA EDITORA casarosaeditora@gmail.com


CONTATO: facebook.com/CASAROSAEDITORA medium.com/@casarosaeditora casarosaeditora@gmail.com


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