Catalogo tesouros

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Tesouros do museu de artes decorativaS



O Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo (MADVC), integrando a Rede Portuguesa de Museus desde 2002, possui colecções de qualidade excepcional e o seu espólio contribui decisivamente para um profundo conhecimento da identidade cultural da cidade e da região. Partindo das esculturas em gesso de Serafim Neves, passando pela arte cíngalo-portuguesa, do séc. XVI, pela emblemática caixa de pesos-padrão, do séc. XV, pelos delicados desenhos a tinta sépia ou a sanguínea, pelo mobiliário indo-português do séc. XVII, pelas faianças das fábricas do Porto, Gaia, Darque, Lisboa e Coimbra, pelos icónicos azulejos, desaguamos numa colecção de caravelas e naus executadas por João Gonçalves Pinto “Calafate”. O MADVC está de parabéns! Comemoram-se os 90 anos da sua existência ao serviço dos vianenses e de todos os que o visitam! Mas comemora-se, sobretudo, a sua capacidade de se revigorar, de se inovar e de nos seduzir com os seus tesouros!

A VEREADORA DA CULTURA Maria José Guerreiro

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Escultura Gesso Séc. XIX 120x34cm Ass.: Serafim Neves Serafim Sousa Neves nasceu em Rio Tinto, Gondomar, em 1856. Formado em Belas-Artes, sendo discípulo e amigo do escultor Soares dos Reis. Enveredou pela carreira de professor na Academia Portuense de Belas Artes e foi Diretor da Escola Industrial Nuno Alvares de Viana do Castelo. Em 1923, Serafim S. Neves juntamente com o colecionador Luís Augusto Oliveira, participaram na instalação do museu no palacete Barbosa Maciel com a abertura de duas salas, expondo objetos das suas coleções. O gosto pelas artes e a paixão colecionista tornaram-no um dos principais colecionadores da antiga louça de Darque Viana. Na segunda metade do século XX, dezenas de peças de louça, da sua coleção, viriam a ser incorporadas neste museu.

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Bustos Terracota Séc. XIX 32x25cm | 25x10cm Ass.: F. J. Resende,1884, Porto

Santa Ana Madeira policromada Séc. XVIII 30x19cm

Inscrição: modelo pª os conversados da Maia Francisco José Resende nasceu no Porto, a 9 de Dezembro de 1825. Frequentou a aula do Professor Francisco Pereira Leite e, com dezasseis anos de idade, inscreveu-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde cursou Desenho e Pintura Histórica. Foi pintor, escultor e professor de belas-artes, sendo um dos mais distintos artistas do Romantismo e Naturalismo em Portugal.

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Figuras Populares Gesso Patinado Séc. XX 38x17cm Ass.: Branca Alarcão

Escultura “Argaceiras” Gesso patinado 1940 49,5x38cm Ass.: Martins Correia

Inscrição: Branca Alarcão - Salgueiro de Préstimo, 1932. Branca Alarcão nasceu em Lisboa a 1902. Discípula do mestre Teixeira Lopes, dedicou-se à representação de pessoas autóctones de regiões de Portugal em estatuetas de gesso com cerca de 30cm de altura. A sua obra passou a constituir documentos iconográficos minuciosos de usos e costumes, como indumentária e atividades rurais.

Martins Correia nasceu na Golegã, em 1910. Frequentou Escola de Belas Artes de Lisboa, onde se matriculou no curso de desenho, mas diplomou-se em escultura. Começou a expor no ano de 1938, distinguindo-se no campo das artes plásticas em Portugal, principalmente na escultura. Em 1940, os seus trabalhos mereceram destaque na exposição da IV Missão Estética de Viana do Castelo. Em 1957, a obra “Argaceiras,” da sua autoria, foi exposta na exposição de Pintura e Escultura – “Como alguns Artistas viram Viana do Castelo”.

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Beijo de Judas Alabastro Fabrico de Nottingham Séc. XVI 40x25,5cm O alabastro foi utilizado desde a antiguidade, tendo nos séculos XIV e XV o seu período áureo, e sendo trabalhado em larga escala nas oficinas Inglesas dos “alablastermen”. O alabastro é uma rocha calcária, relativamente macia, fácil de trabalhar. Utilizava-se principalmente na execução de placas destinadas a retábulos, como em escultura de imagens.

Descida da Cruz Terracota policromada Séc. XVIII 55,5x35cm Atribuído à Escola Machado de Castro

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Amor Divino - Amor Profano Arte Cíngalo-Portuguesa Marfim, Ceilão Séc. XVI 26x21,5cm Inscrições: O Amor Divino vence o Amor Profano Na parte superior: MOSTRAS DE QUEM HÉ Ao cimo da cruz: IHS, monograma de IESUS SALVATOR HOMINUM /Jesus Salvador dos Homens, com uma cruz sobre o H, a qual foi usada como emblema pelos religiosos da Companhia de Jesus; Na tarja segurada pela pomba (Espírito Santo): IGNEM VENI MITERE IN TERAM / vim trazer o fogo à terra; Na auréola do anjo: DIVINUS AMOR /Divino Amo); Na Faixa enrolada ao pé da cruz: AMOR MEUS CRUXIFIXUS /o meu amor foi cruxificado; Venda que tapa os olhos de Cupido (símbolo do amor carnal): CUPIDO; No rodapé: DIVINUS AMOR POSTQUAM IMPURUM SUBIECIT AMOREM / IMBUIT INNOCUAS REDIVIVO FONTE SAGITTAS / FREGIT ET INSTYGIIS SPICULA NATA PLAGIS / VIVIFICOQUE IETU CORDA FERIRE PARAT / PANDE SINUS PIA TURBA DEO SACRA VULNERA PERFER / VIVERE ET ODISCAS SAUCIA UT ANTEMORI

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Tradução Amor Divino depois que submeteu o impuro amor / Embebe as inócuas setas na fonte da vida / Quebrou também as setas nascidas nas praias infernais / E com lance vivificador se prepara para ferir os corações / Multidão piedosa, abre o peito, prefere as sagradas chagas / Aprende a viver assim ferida como antes de morrer

Escultura em baixo relevo: arte cíngalo-portuguesa (Ceilão), formada por duas placas de marfim justapostas, emolduradas num caixilho do século XIX, com embutidos de madeiras exóticas, a condizer. Composição alegórica: a figura central do quadro é o Amor Divino, representao por um anjo coroado e aureolado, com a alijava a tiracolo, o arco na mão esquerda e, na direita, as setas que embebe no sangue que emana da chaga aberta do peito de Cristo crucificado. Subjugado pelo Amor Divino, jaz o Cupido, representação alegórica do amor pagão, de mãos atadas e com setas quebradas aos pés. Ao fundo, assiste uma multidão, constituída pelos anjos, no Céu, e, na terra missionárias e fieis convertidos ao Amor Divino.



Caixa de pesos – padrão Bronze, Séc. XV D. 24,5cm No corpo da caixa, circunscrevendo-a, duas legendas epigráficas: 1ª Linha: * O MVITO*ALTO *EIXELENTISIMO * REI**/*DOM * EMANVEL * O PRIMEIRO * DE PVRTVGAL * Interpretação: o muito alto e excelentíssimo rei D. Manuel o primeiro de Portugal 2ª Linha: ME *MANDOV * FAZERE* ANO * DO NCMTO* DE * NOSO * SNOR *IHV * XPO * D * 1499 Interpretação: me mandou fazer no ano do nascimento de nosso senhor Jesus Cristo de 1499.

O cruzamento das influências metrológicas, Romana, Árabe e Medieval, dividira o país em pequenos universos de diferenças, tanto nos sistemas de ponderação, como nos valores atribuíveis às unidades, múltiplos e submúltiplos dos pesos e medidas. Várias tentativas de reforma até ao reinado de D. Manuel, foram levadas a cabo mas acabaram por fracassar, face ao poder dos concelhos e dos seus costumes. A Reforma Manuelina (1499) tentou pôr termo à desigualdade e confusão dos pesos e medidas que continuavam a vigorar em Portugal. Para simplificar as trocas comerciais definiram-se os múltiplos, os submúltiplos e os seus valores em relação à unidade padrão. Esta iniciativa resultou na padronização dos pesos, posta em prática a partir de 1499 com a execução de padrões em bronze. A caixa propriamente dita, troncocónico, serve para guardar, no seu interior, as gamelas dos restantes pesos, submúltiplos da caixa. As gamelas, que também têm a forma da caixa, encastram todas umas nas outras e pesam sempre o dobro do conjunto de pesos que se segue, tal como a caixa vale o dobro de todas as gamelas que contém. A tampa articula-se ao corpo, onde estão representadas a esfera armilar manuelina e as armas de Portugal. A argola ou pega tem forma polilobada. O fecho termina com a figura de um animal.

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Alegoria Desenho à pena, a tinta sépia Atribuído a Pedro Alexandrino (1729-1810) 28,5x19,8cm Pedro Alexandrino de Carvalho, nasceu em 1729, em Lisboa. Foi discípulo de André Gonçalves e acabou por se tornar diretor da Academia de Desenho, intitulada «do Nu». As suas obras, incluindo óleos, têmperas e frescos, encontram-se, na sua maioria, em igrejas da capital.

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Alegoria Desenho à pena com aguada a cinza. João Glama Strobërle (1708-1792) 26,6x26,6cm Ass.: glama João Glama Strobërle nasceu em Lisboa, a 1708. Fixou-se no Porto por volta de 1788, e apesar de viver pouco tempo no norte de Portugal, deixa trabalhos de âmbito profano e religioso.

Alegoria Desenho a sanguínea Atribuído a Vieira Lusitano (1699-1783) 36,8x26,5cm Francisco Vieira de Matos nasceu em Lisboa em 1699. Em Itália, privou com grandes mestres da pintura, como Benedetto Lutti e Francesco Trevisani. Muitos dos seus trabalhos perderam-se com o terramoto de 1755. Os restantes encontram-se no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, no Museu de Évora e integrados em monumentos diversos, como a Sé Catedral de Évora. 13


Génio da Gratidão Óleo sobre madeira Séc. XIX 56x45cm Inscrição no verso: Domingos António Sequeira a fez no ano de 1807.

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Duas irmãs Desenho a lápis Séc. XIX 42,3x39,7cm Ass.: Francisco J. Resende


Cristo flagelado Esmalte de Limoges Séc. XVI 32x24cm

S. Jerónimo Pintura sob vidro Séc. XVIII 31x20cm

As oficinas de Limoges, França, foram o centro cerâmico europeu mais importante na produção de esmaltes vítreos sobre suportes em cobre. O brilho dos esmaltes era conseguido através de uma técnica que consistia em aplicar sobre o cobre uma primeira camada de prata.

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Contador de pousar Arte indo – portuguesa India, Séc. XVII 32,8x25,2cm Utilizados geralmente como cofres, estes contadores de pequenas dimensões eram sobretudo apreciados pelo requinte que lhes era transmitido pelos materiais empregues. Com estrutura de madeiras exóticas e revestido a placas de tartaruga, sobre folhas de ouro, é complementado com pinturas de animais por entre decoração vegetalista de ramos e flores.

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Relógio Madeira acharoada Séc. XVIII 42,5x34,2cm Fabrico Nacional Relógio de mesa com caixa de madeira de castanho acharoada.


Oratório indo-português Madeira | marfim Séc. XVII 75,5x36cm Oratório acharoado, de frontão polilobado com o Sol e a Lua, elementos indispensáveis na temática religiosa indo-portuguesa, com as portas decoradas em relevo, que apresentam as armas dominicanas. Ao centro, a Nª Srª do Rosário em marfim, com vestígios de policromia e dourado.

Pia de Água Benta Fabrico de Brioso | Coimbra Faiança Séc. XVII 80x47cm

Pia de água benta, de grandes dimensões, decorada em relevo, tendo no centro a imagem de santo, em cuja peanha se lia a data de 1689, já desaparecida.

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Caneca Fábrica de Darque- Viana Faiança Séc. XIX 27x20cm Inscrição: SON DE DN JOSE DOMES CVRGAM 1822

Talha de 4 asas Fabrico de Coimbra |Lisboa Faiança Séc. XVII 31x31cm Notória influência chinesa “desenho miúdo” com multiplicidade de elementos decorativos apresentando no bojo, cartela com o nome VIEIRA.

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Boião Fabrico de Coimbra | Lisboa Faiança 1641 31x12cm


Prato Fabrico de Delft Faiança Séc. XVIII D. 23cm | D. 23cm Pratos decorados com motivos orientalizantes “chinoiseries” produzidos na cidade de Delf, Holanda, inspirados nos exemplares que vinham da China. A produção de Delft influenciou toda a cerâmica europeia produzida na centúria de setecentos.

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Prato Fabrico de Manises Faiança Séc. XVI D. 37,4cm Manises, situada em Valência, tornou-se o centro de produção cerâmica cujas peças eram exportadas para os países do Mediterrâneo, na segunda metade do século XV. Este prato, de mera função decorativa, é ornamentado com a técnica em dourados com reflexos metálicos.

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Prato Grés fino Séc. XX D. 34cm Ass.: Ezequiel Augusto Fábrica Jerónimo Pereira Campos Em 1945, no lugar da Senhora da Ajuda, Meadela, foi fundada a “ Fabrica de Louça de Viana, Lda.”, para a produção de louça artística e peças de decoração. Em 1949, a fábrica foi vendida à firma Jerónimo Pereira Campos e Filhos, de Aveiro, que tentou reproduzir, sem grande êxito, modelos e motivos decorativos das peças da Antiga Louça de Darque. A partir dos anos cinquenta, António Pedro (Ceramista, Poeta, Pintor), cria novos modelos e decorações em grés fino, influenciando outros pintores entre eles, Ezequiel Augusto.


Arca Madeira de Angelim (?) e Ferro Séc. XVII (?) 150x80cm Proveniência: Delegação Aduaneira de Viana do Castelo, 1923.

Viana Marinheira Madeira Séc. XX 150x80cm Reconstrução de uma caravela quinhentista executado por João Gonçalves Pinto “Calafate”

Arca em madeira cintada verticalmente, com nove lâminas de ferro e cujos cantos são reforçados por três cintas horizontais fixadas com cravejamento de rebites. Tem três pingentes com as respectivas fechaduras frontais, quatro pegas laterais (duas em cada lado). A madeira apresenta uma tonalidade castanha avermelhada, podendo tratar-se de angelim vermelho, muito comum na Índia.

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Azulejos Hispano - Mouriscos, sec. XVI

Técnica de “aresta” Conjunto de azulejos com esquema radial

Técnica de “aresta” Conjunto de azulejos com motivos vegetalistas

Técnica de “corda seca” Padrão de laçarias.

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Técnica de “corda seca fendida”, Padrão geométrico dos “alicatados”


Azulejos de figura avulsa, séc. XVII

Azulejo português Motivo singelo

Azulejo português Ironia caricatural

Azulejos holandeses Paisagens

Azulejo português Motivo “solto”

Azulejo holandês Motivo de um cavaleiro

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MUSEU DE ARTES DECORATIVAS Largo de S. Domingos Tel. 258 809 305


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