Ensaio
A MULTIPLICID
Serie Multiplas: O luto 1
O
poder de crescer sem limites e se dividir em infinitas facetas se tornou algo recorrente em minha pesquisa. Eu não me contento em fazer só uma coisa e ser só uma. Cada imagem, cada poema ou peça de cerâmica compõe uma grande colcha de retalhos que estendo sobre meu corpo - este se posiciona no centro de tudo o que eu faço, de tudo que me atravessa. Assim como Perséfone, a deusa grega da primave-
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ra e rainha do submundo, eu vivo nos opostos. De um lado, me sinto a filha que corre pelos campos e acende as fogueiras da primavera. Do outro, sou a impiedosa rainha de um reino invisível e inefável. Elas se misturam: posso ser as duas, ao mesmo tempo. E posso ser muitas outras também. No fim, tudo é um ciclo, viver, morrer e renascer. Trabalho principalmente com autorretratos e poesia. Há algo de sublime em se fotografar: primeiramente, é um jeito de explorar artisticamente nossa identidade ao
2020,
novembro/dezembro
- RevistaCasagaleria