Revista Brasil Social II

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revistaBRASILsocial Profissionalizar O 3º setor se organiza

EXCLUSIVO

FORTALEZA

Entrevista com o americano que há 25 anos fundou a Ashoka, hoje presente em mais de 60 Países,

E PROJETOS SOCIAIS

BILL DRAYTON

No 2 - 2007

Tem sol, mar

25 anos de ASHOKA A ASHOKA reuniu na Argentina Fellows de 13 Países da América Latina

Ação Saúde Médicos na guerra contra a desigualdade


O Projeto CASA DA CRIANÇA é uma organização sem fins lucrativos com reconhecimento federal, classificada como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Atua em rede nas diferentes regiões do País. As ações do Projeto promovem a união das classes dos arquitetos, construtores e empresários da construção, que desde 1999 vêm reformando e construindo espaços de atendimento a crianças e adolescentes socialmente desfavorecidos, como abrigos, creches, espaços de adolescentes, spaços de atendimento a crianças com câncer, dentre outros. A iniciativa, que começou em Recife com a reforma de um abrigo público expandiu-se para mais de 30 instituições nas diversas regiões do País. Hoje, são mais de 2.000 arquitetos e decoradores, 1.000 construtores e mais de 20 mil empresas que doam seus serviços e produtos, acreditando que é reformando o presente que se constrói o futuro!

Abrangência NACIONAL do PROJETO CASA DA CRIANÇA:

O Projeto CASA DA CRIANÇA desenvolve ações visando defender os direitos das crianças e adolescentes socialmente desfavorecidas em território nacional através de: √ Intervenções Físicas - Reformas e construções de unidades de atendimento a crianças e adolescentes a ações de interesse nacional que primam pela qualidade do atendimento, como o Programa Cia dos Anjos; √ Intervenções Humanas - Programa CIA DOS ANJOS que fortalece o atendimento nas unidades após as intervenções; √ Influência nas políticas públicas - Cobrando junto aos governos suas responsabilidades para com a infância; √ Combate ao Câncer infanto-juvenil - Atuação na melhoria do atendimento ao câncer infanto-juvenil, junto com o Parceiro Instituto Ronald McDonald;

√ Núcleo de Tecnologia do Projeto CASA DA CRIANÇA - Elabora tecnologias sociais que possibilitam disseminar ações e beneficiar milhares de crianças nas diferentes regiões do País; √ FNICS – Fórum Nacional da Indústria da Construção Social que mobiliza os setores da construção, Arquitetura e Urbanismo a favor da construção de um País mais justo e igualitário; √ Revista BRASIL SOCIAL que é distribuída em 15 estados de todas as regiões do País, e objetiva a divulgação das ações sociais do Brasil e do Projeto CASA DA CRIANÇA; √ Dentre outras atuações que primam pela conscientização da sociedade, através da união entre os diversos setores privados, governamentais e não-governamentais.


NA VIDA DAS CRIANÇAS

O IMPACTO Dentre os resultados obtidos*, podemos destacar:

ÁREA DE SAÚDE Significativo aumento da imunidade das crianças e conseqüente diminuição de casos de asma e bronquite, além de quadros alérgicos após as intervenções físicas nas instituições. As unidades antes das reformas apresentavam inúmeras infiltrações, mofos e goteiras em ambientes onde as crianças passavam boa parte do tempo, a exemplo de muitos dormitórios e salas de aulas. Com as reformas, obteve-se a redução dos problemas de saúde das crianças atendidas.

ÁREA DE EDUCAÇÃO Melhor desempenho escolar, fruto do maior interesse nos estudos, agora proporcionado em ambientes lúdicos e bem preparados.

AUT0-ESTIMA Apontada em 100% das unidades diagnosticadas, a elevada auto-estima das crianças e dos funcionários.

CONSUMO Economia no consumo de água e de energia elétrica em virtude da substituição do sistema hidráulico e elétrico nas unidades atendidas.

* Os resultados obtidos têm como base o Diagnóstico dos Resultados, fruto de um trabalho desenvolvido pelo Projeto CASA DA CRIANÇA com o apoio da AVINA (instituição suíça que apóia projetos sociais na América Latina), e a NASSAU (Patrocinador Nacional), no qual foram diagnosticados aspectos nas mudanças físicas e humanas das instituições atendidas de 1999 a 2004.

ÁREA AMBULATORIAL “ Você não sabe como hoje me sinto forte para continuar a luta que venho enfrentando. Não é fácil ver minha filha sofrer, estar longe de casa, da família... Quando vi a quantidade de pessoas aqui, unidas para ajudar a gente, vi que não estou só e senti uma força muito grande para continuar. Se Deus quiser, tudo vai dar certo. Não vou dizer que estar num hospital, mesmo lindo assim, é bom, mas ao menos vamos esquecer um pouco a tristeza do hospital porque vocês deixaram tudo muito diferente, muito mais alegre, nem parece um hospital”. Depoimento da mãe de uma paciente

Conheça mais sobre o Projeto CASA DA CRIANÇA acessando o site: www.projetocasadacrianca.com.br



ed it or ia l

IRONICAMENTE: CRIANÇAS SOCIALMENTE DESFAVORECIDAS

DOS FILHOS DESTE SOLO

ÉS MÃE GENTIL? NESTE EDITORIAL PEÇO PERDÃO A VOCÊS, LEITORES, POR USAR ESTE ESPAÇO não para falar da revista, mas para falar de um momento de indignação nacional. Da revista, espero do fundo da alma que gostem, tirem algo de bom, e que sigam os tantos bons exemplos que aqui expressamos e que estes possam nos ajudar a construir o Brasil que queremos. É um prazer imensurável contextualizar um material como este. Tomo aqui emprestado o hino nacional, em nome do povo brasileiro que se deparou com a crueldade, barbaridade, o impossível de se imaginar que poderia acontecer, aconteceu ao pequeno João Hélio, da mesma idade do meu filho João. Tento traduzir a dor de tantas mães como eu indignadas, e pior, o sentimento que temos de impotência e medo devido ao estado de insegurança a que o Brasil chegou. Crianças socialmente desfavorecidas, entendendo o termo como “de baixa renda”, mas cabe aqui uma ratificação a popularização do termo, em nome das crianças como o João Hélio de 6 anos, o Vinícius

de 5 anos, que foi “queimado vivo”. Casos pesados? Realmente de embrulhar o estômago, ou melhor, a alma! Essas e tantas outras crianças “socialmente desfavorecidas”, desfavorecidas pela sociedade que está em guerra, pela política que é de corrupções e não foca com veemência os problemas reais do País, pela justiça que não é justa! Desfavorecidas do DIREITO DE VIVER, desfavorecidas de brincar livres nas ruas, andar de bicicleta pelos quarteirões das cidades, jogar bola, sair de suas casas. Crianças das favelas com medo dos “tanques de guerra” que estão lá para “protegê-las”! Onde então chegamos? Onde está o nosso Brasil, de um povo heróico? Onde está o sol da liberdade? Onde está o brilho do céu da nossa pátria? Em teu seio, a falta de liberdade e atos que nos desafiam até a morte! E nos fazem questionar indignados, abalados, incrédulos: dos filhos deste solo, és mãe gentil? Não é possível ficarmos a mercê de novas barbaridades, por isso expresso aqui, em nome da família Projeto CASA DA CRIANÇA e de todas as mães do Brasil, o

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luto para não deixar calar a dor, para que se entenda que medidas precisam e devem ser tomadas imediatamente. Não se pode “esperar passar o momento de comoção em que o País se encontra” estamos no momento do Brasil de amor eterno, que João Hélio seja símbolo! Que se erga a justiça, se não pudemos ter glória no passado, que tenhamos paz no futuro. A João Hélio, que a imagem do cruzeiro represente a sua cruz, que Deus o abençoe e a sua família, que tenham a luz mais forte do céu profundo, e que nós brasileiros possamos dizer BRASIL DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLO. É preciso que se ouça a sociedade gritar:

“Brasil, Pátria amada, SALVEM! SALVEM!

Patrícia Chalaça Presidente Fundadora Projeto CASA DA CRIANÇA


su m ár io 8 você sabia?

PROFISSIONALIZAÇÃO DO 3º SETOR

O setor social vem ganhando espaço no mercado e no mundo moderno. Mas é

36 3º Setor AVINA

Uma organização suíça que incentiva o desenvolvimento sustentável da América Latina

capa

23 participação

EMPRESAS RESPONSÁVEIS SOCIALMENTE

11 entrevista

BILL DRAYTON, FUNDADOR DA ASHOKA

Em entrevista exclusiva para a Brasil Social, o americano Bill Drayton fala sobre a sua experiência no terceiro setor

15 enquete

DEPOIMENTO DOS FRANQUEADOS SOCIAIS DO PROJETO CASA DA CRIANÇA

As pessoas que fazem o CASA DA CRIANÇA em todas as regiões do Brasil falam do significado deste projeto em suas vidas

19 artigo

UMA REFLEXÃO SOBRE A DESIGUALDADE,

por Marcelo Souza Leão

Empresas como Havaianas, McDonald´s e Pizza Hut, entre outras, unem esforços com organizações sociais para melhorar o mundo

26 multiplicação

UNIDADES ATENDIDAS PELO PROJETO

A Brasil Social mostra de perto mais uma unidade que recebeu a intervenção do Projeto CASA DA CRIANÇA

32 ação fórum

43 aconteceu

FÓRUM NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO SOCIAL

Um fórum que convoca o setor da construção civil para a construção de um Brasil melhor

34 ação saúde

25 ANOS DA ASHOKA - I ENCONTRO LATINOAMERICANO DE EMPREENDEDORES SOCIAIS & ASHOKA JOVEM

A comemoração de 25 anos de fundação da Ashoka reuniu 224 líderes de 13 Países da América Latina

EAPE - ESPAÇO DE ATENDIMENTO PROVISÓRIO ESPECIAL, EM BELÉM - PA

Todos os espaços de atendimento que o Projeto CASA DA CRIANÇA reformou ou construiu nestes 7 anos de atuação no Brasil

MÉDICOS QUE FAZEM SUA PARTE

20 ESPECIAL

40 um exemplo

Médicos que compraram a briga contra a doença da desigualdade: Dra. Islane Verçosa, no Ceará, previne a cegueira infantil em crianças de baixa renda; e os médicos do SOS Mão Criança, em Pernambuco, cuidam de má-formações congênitas nos membros superiores e inferiores

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ÚLTIMAS NOVIDADES DO PROJETO, SEUS PARCEIROS E DAS UNIDADES ATENDIDAS


ex pe di en te revistaBRASILsocial

é uma publicação semestral da Associação Projeto CASA DA CRIANÇA.

Presidente: Patrícia Chalaça Vice-Presidente: Marcelo Souza Leão Redação: Rua Dr. Raul Lafayette, 191 – Sl. 1401 – Boa Viagem – Recife – PE. Cep. 51021-220 Tel: (81) 3467-9968 Site: www.projetocasadacrianca.com.br Email: contato@projetocasadacrianca.com.br

EQUIPE REVISTA BRASIL SOCIAL

COLABORADORES

EDITORA:

MARIA ISABELA ARAÚJO ANDRADE, Pedagoga

PATRICIA CHALAÇA MOREIRA, arquiteta e

(UNAMA / PA); Psicomotricista Relacional (CIAR / PR); Diretora do Centro de Desenvolvimento Psicomotor Peixinho Dourado.

urbanista (FAUPE). Fundadora e presidente do Projeto CASA DA CRIANÇA.

45 prêmios & homenagens

TEXTOS:

Empreendedores que tiveram seus trabalhos reconhecidos

assistente social (UFPE). Arquiteta e urbanista (FAUPE). Núcleo de Desenvolvimento de Tecnologias Sociais do Projeto CASA DA CRIANÇA

PRÊMIOS DO TERCEIRO SETOR NO BRASIL E NO MUNDO

TIBÉRIO PEDROSA MONTEIRO,

CARLA CIBELE CAVALCANTI DE MELO,

Advogado e professor universitário. Presidente do Comitê Pernambuco - Georgia dos Companheiros das Américas (Partners of América – EUA). Assessor Jurídico de Organizações sem fins lucrativos em Pernambuco.

DANIEL RAVIOLO, formado

em Sociologia com mestrado em Economia Política. Fundador e Coordenador Geral da ONG Comunicação e Cultura desde 1988. A instituição gerencia e dá apoio a 1.126 projetos de comunicação (jornais escolares e jornais estudantis) implantados em escolas públicas e outros espaços de aprendizagem.

LAURA S. NOGUEIRA CAVALCANTI, publicitária

(Universidade da Geórgia/ EUA). Assessoria de Comunicação e Publicidade do Projeto CASA DA CRIANÇA.

COMUNICAÇÃO VISUAL

REVISÃO

ROBSON HENRIQUE OLIVEIRA DA SILVA,

BRUNA CABRAL, formada em Jornalismo pela UFPE, repórter do Jornal do Commercio há seis anos e repórter da Revista Engenho de Gastronomia

graduando em Publicidade e Propaganda (Faculdade de Mercado Amplo - Recife-PE).

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FORTALEZA: SOL, MAR E CAMPO FÉRTIL PARA PROJETOS SOCIAIS

Brasil Social mostra a cidade de Fortaleza em dois aspectos importantes: turística e socialmente

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:

GEOVANA VIEIRA,

designer gráfica e editorial. Suporte de design editorial do Projeto CASA DA CRIANÇA.

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JURÍDICO

DA FONTE ADVOGADOS AGRADECIMENTO ESPECIAL: FOTOGRAFIAS

ANDRÉ PORTO (SP - PRÊMIOS & HOMENAGENS MÁRIO ÁLVARES (Belém - PA)


vo cê sa bi a?

A PROFISSIONALIZAÇÃO

DO 3º SETOR

A PARTICIPAÇÃO DO TERCEIRO SETOR NO MUNDO MODERNO TEM SIDO EFETIVA, VINDO A CONTRIBUIR PARA A CRIAÇÃO DE NOVOS NICHOS PROFISSIONAIS. ATUALMENTE, O CRESCIMENTO DA IMPORTÂNCIA DO TERCEIRO SETOR PARA A SOCIEDADE TEM FOMENTADO A NECESSIDADE DE MAIOR PROFISSIONALIZAÇÃO NA GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES AS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR VÊM GANHANDO IMPORTÂNCIA EM TODAS AS PARTES DO MUNDO e vêm realizando ações com resultados bastante positivos frente às demandas sociais. Esses resultados demonstram que é possível agir e não apenas esperar por soluções que venham dos órgãos governamentais. Vê-se também que essas organizações estão presentes em todas as áreas da sociedade: educação, meio ambiente, habitação, saúde, esportes, lazer, arte-cultura, combate à violência, direitos humanos, etc. e em todas existem inúmeras pessoas com vastas e bem sucedidas atuações. A interlocução com o governo é um papel que o terceiro setor tem exercido de forma bastante eficiente, emergindo como uma alternativa de fomento a iniciativas da sociedade civil frente à burocratização e lentidão do governo no tocante às demandas sociais. O avanço do mundo democrático, as mazelas sociais e a facilidade de acesso aos meios de comunicação foram alguns dos fatores que fizeram com que a sociedade civil se tornasse mais fortalecida e engajada. As organizações e grupos articulados de atuações sociais têm abandonado a postura passiva de espera pela intervenção estatal frente às necessidades sociais. É neste cenário que o terceiro setor toma forma e força. As ações e iniciativas das organizações do terceiro setor vêm despertando o reconhecimento desse meio participativo que cumpre com o papel social transformador das condições reais de existência, nos diversos âmbitos de nossa sociedade. Segundo Ricardo de Almeida Prado Xavier, administrador de empresas e presidente

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da Manager Assessoria em Recursos Humanos, temos visto também “a aprovação pública de instituições do terceiro setor de desempenho excelente, o crescimento do número de livros e artigos de jornais e revistas dedicados à profissionalização da área, a oferta crescente de cursos e serviços como consultoria, pesquisa etc. Assim, rapidamente o terceiro setor está deixando a era dos esforços baseados apenas na boa vontade para entrar na era da boa vontade com boa administração. Com isso a oferta de oportunidades para profissionais qualificados e vocacionados vem crescendo”. A participação do terceiro setor no mundo moderno tem sido efetiva contribuindo também para a criação de novos nichos profissionais. Atualmente, o crescimento da importância do terceiro setor para a sociedade tem fomentado a necessidade de maior profissionalização na gestão das organizações, pois, apesar da capacidade de auto-gestão ser a base do terceiro setor, o avanço institucional no que diz respeito à sua profissionalização é ainda um dos grandes desafios dessas organizações. Setores empresariais e governamentais têm contribuído mais efetivamente com recursos financeiros, doações de produtos e serviços, que vêm ampliando o apoio para impulsionar as ações nesta área. Nesse aspecto, a profissionalização do terceiro setor pode ser alcançada não com uma perspectiva limitadora do seu quadro de idéias inovadoras e de experimentações intuitivas, mas sim através de organizações preparadas para o aprimoramento de suas técnicas e metodologias, através de análise crítica e capacidade de avaliação continuada.


Falando em números, segundo pesquisa comparativa para a América Latina - ISER (John Hopkins / 1999) “estimase que, por ano, sejam movimentados mundialmente 1,1 trilhão de dólares, empregando aproximadamente 19 milhões de pessoas, excluindo-se os voluntários; só no Brasil, os registros chegam a 250.000 entidades, com 1,5 milhão de empregados e 12 milhões de voluntários, movimentando cerca de 12 bilhões de reais”. EMPREGABILIDADE NO TERCEIRO SETOR No contexto econômico, o terceiro setor vem exercendo um papel quantitativamente significativo no que diz respeito à oferta de trabalho. No entanto, profissionais que almejam projetar-se e fazer carreira ainda não elegem esta área como primeira opção de emprego. Mas essa percepção vem mudando com o passar dos anos. Alguns profissionais com o perfil empreendedor e em transição de carreira podem pensar nessa área como uma oportunidade de trabalho, pois muitas das organizações do terceiro setor possuem quadros de carreira bastante atrativos, funcionais e organizados. Tem-se observado também a crescente procura de profissionais jovens e com treinamento técnico especializado que ingressam voluntariamente nas organizações do terceiro setor. Muitas vezes a procura se dá motivada por características empreendedoras, valores e ideais pessoais buscando a rea-

lização profissional. No entanto, apesar de muitas dessas organizações possuírem voluntários em seu quadro funcional, a maioria dos funcionários é remunerada e, para tanto, faz-se necessária a mobilização de recursos e parcerias que possibilitem a manutenção destas organizações em funcionamento. No Brasil, o conceito e aceitação do terceiro setor vêm mudando gradativamente, o que tem levado ao crescimento do poder mobilizador e conseqüente aumento de organizações nessa área. Segundo Lester Salomon, Diretor do Centro de Estudos da Sociedade Civil da Universidade John Hopkins, “aconteceu um aumento na aceitação tanto por parte do governo como pelo do setor privado, aumentando o sentimento de respeito pelo terceiro setor, em que há um senso de parceria altamente desenvolvido entre os três setores. Nesse assunto o Brasil foi bem mais longe do que muitos Países”.

CENÁRIO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR* Nos dias de hoje, observamos o que vem impulsionando a profissionalização do terceiro setor:

• Financiadores cada vez mais informados, conscientes e exigentes quanto ao retorno social de suas verbas • Verbas cada vez mais vultosas à disposição das organizações, com a conseqüente necessidade de uso racional • Desafios de sobrevivência e produtividade atrelados às expectativas de desempenho da sociedade como um todo • Vigilância intensa da mídia e clamor por ética e lisura na condução do dinheiro público • Entrada, no terceiro setor, de profissionais egressos da iniciativa privada ou do governo, com excelente nível de qualificação nas áreas de gestão, criando um novo paradigma profissional Site: http://www.manager.com.br/reportagem/ - Ricardo de Almeida Prado Xavier: administrador de empresas, presidente da Manager Assessoria em Recursos Humanos, expositor do Fórum Permanente do Terceiro Setor (2003).

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Com a

PALAVRA: TIBÉRIO MONTEIRO

O que são as organizações do terceiro setor? Indiscutivelmente a matemática da reabertura democrática, os ideais libertários pós-ditadura e a proteção aos direitos individuais, coletivos e sociais previstos na constituição de 1988 escreveram uma nova página da sociedade brasileira. Somando-se à incapacidade do poder público em atender a certas demandas sociais, em responder as novos desafios, e mesmo, o despertar da consciência coletiva sobre os rumos do País, seguramente redesenharam o papel dos setores tradicionais da sociedade, o público e o privado. Iniciava-se um novo momento no Brasil, sobretudo para a sociedade organizada através de entidades sem fins lucrativos com o objetivo principal de servir à coletividade. Consolidava-se no País o debate sobre o terceiro setor, cujas organizações e ações, ao lado do poder público (primeiro setor) e da iniciativa privada com finalidade lucrativa (segundo setor) inaugurariam uma nova era. O Estado, ao observar esse novo contexto, publicou em 1999 a Lei 9.790, conhecida como Lei das OSCIPs, considerada o marco legal do terceiro setor no Brasil, que, ao lado da lei que declara certas instituições de utilidade pública (Lei 91/1935) e da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS, Lei 8742/1993), que prevê e regulamenta a concessão do certificado de fins filantrópicos para instituições beneficentes, são atualmente três importantes leis que norteiam as principais organizações sem fins lucrativos com finalidades de “interesse público”. O Projeto CASA DA CRIANÇA recebeu sua titularidade de OSCIP em 12 de Janeiro de 2005, publicada no Diário Oficial da União.


vo cê sa bi a?

PROFISSIONALIZAÇÃO DO PROJETO CASA DA CRIANÇA

O PROJETO CASA DA CRIANÇA VEM AO LONGO DOS ANOS aperfeiçoando sua metodologia de aplicação e multiplicação das ações voltadas para o atendimento às crianças e adolescentes socialmente desfavorecidos em todo o Brasil, através de sua Franquia Social. A dedicação e o profissionalismo do Projeto se fazem notar nos mínimos detalhes para a Coordenação Nacional e suas Franquias Sociais desde 1999. • Núcleo de Desenvolvimento de Tecnologias Sociais: Elaborando tecnologias sociais que possibilitam disseminar e multiplicar ações, divulgar atividades realizadas, no intuito de beneficiar milhares de crianças nas diferentes regiões do País. Alguns exemplos são a Franquia Social do Projeto, o Manual de Atendimento ao Câncer Infanto-Juvenil e o Manual do Programa Cia dos Anjos, que traduz o método de dissemina-

ção “mobilização de parcerias” e fortalece as instituições no atendimento nas áreas de educação, saúde, esportes, lazer e arte-cultura. • Tecnologia Communis: Disponibilizando às Franquias Sociais a sistematização das informações do Projeto CASA DA CRIANÇA e a comunicação de rede, via informática, resultando em uma solução prática, precisa e com acesso rápido. Este serviço é realizado através da parceria do Projeto com a Facilit Tecnologia. • Ferramenta de Gestão Administrativa - Sistema Financeiro Mega: Disponibilizando através do Sistema Mega, uma tecnologia organizada e precisa que engloba todo o sistema financeiro do Projeto CASA DA CRIANÇA. Este serviço é realizado através da parceria do Projeto com a empresa Mega Sistemas.

COORDENAÇÃO NACIONAL A Coordenação Nacional do Projeto CASA DA CRIANÇA é com-

posta por profissionais contratados das diversas áreas da Arquitetura e Urbanismo, Administração, Contabilidade, Assistência Social, Publicidade e Propaganda que trabalham no gerenciamento das Franquias Sociais presentes em 16 cidades brasileiras. A Coordenação Nacional recebe assessoria jurídica e contábil de profissionais que prestam serviços voluntários.

FAZEM PARTE DAS ATRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO NACIONAL: Apoio dos Patrocinadores Nacionais: Contribuindo para a captação de Patrocinadores Nacionais para doação de materiais às obras realizadas pelas Franquias Sociais. Escolha das unidades: Através da avaliação da documentação jurídica e análise das unidades selecionadas pelas equipes dos Franqueados Sociais. Supervisão de Franquias Sociais: Disponibilizando um profissional que supervisiona as Franquias Sociais contribuindo com a aplicação da franquia, através da supervisão de todas as etapas inerentes à realização do Projeto, desde os eventos, assuntos jurídicos e contábeis (específicos de projetos), aprovação dos projetos de Arquitetura e complementares, obra e solicitações de materiais aos Patrocinadores Nacionais, dentre outras. Gerência de obras: Através de acompanhamento das obras, realizando visitas durante o período efetivo das mesmas em todas as cidades. Apoio mobilização e eventos: Fazendo-se presente nos Lançamentos com a responsabilidade de contribuir com a mobilização do respectivo estado, assim como participando de eventos importantes realizados pela Franquia das cidades: reuniões com arquitetos, construtoras, inaugurações. Apoio de design gráfico: Disponibilizando um profissional (comunicador visual) que contribui com o material de design e comunicação específico de cada Franquia Social. Assessoria de comunicação: Disponibiliza um profissional (publicitário) que contribui com a assessoria de comunicação específica de cada Franquia Social.

PROFISSIONALIZAÇÃO DAS FRANQUIAS SOCIAIS DO PROJETO CASA DA CRIANÇA Os Franqueados Sociais do Projeto CASA DA CRIANÇA são equipes voluntárias, formadas por 4 ou 5 profissionais por Estado, dos quais 2 são necessariamente arquitetos. A profissionalização do Projeto CASA DA CRIANÇA é observada pela riqueza das informações passadas através da Franquia Social, resultado de anos de experiência prática comprovada. É com a ajuda deste manual de aplicação que os Franqueados Sociais desenvolvem todas as etapas da obra que vai desde a seleção da unidade, elaboração do programa, cronograma de atuação, solicitação de materiais, divulgação das ações através dos veículos de comunicação, captação de novas parcerias regionais e/ou locais, realização de eventos (lançamento, reuniões com profissionais de am-

biente, festa das crianças, inauguração, etc.), até a devolução da unidade, com assessoria em todas as etapas pela Coordenação Nacional, sediada na cidade do Recife. A rede dos Franqueados Sociais é hoje composta por mais de 50 profissionais ativos em 15 estados brasileiros. Caracterizados como Franqueados Permanentes, eles se reúnem a cada ano em uma convenção nacional para troca de experiências, avaliação dos resultados e planejamento das ações a serem desenvolvidas pelo Projeto no Brasil. É através da profissionalização de todo este trabalho que as ações do Projeto CASA DA CRIANÇA são disseminadas com a mesma linguagem de Norte a Sul do Brasil. E, hoje, crianças e adolescentes em creches, abrigos, es-

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Assessoria jurídica: Disponibiliza assessoria jurídica para contribuir com ajustes contratuais específicos de cada Franquia Social. Influência nas políticas públicas: Através das solicitações junto aos governos acerca de suas responsabilidades frente às demandas sociais para com a infância e juventude. FNICS – Fórum Nacional da Indústria da Construção Social: Através da integração e mobilização do setor da construção, Arquitetura e Urbanismo objetivando gerar uma iniciativa organizada a favor da construção de um País mais justo e igualitário. Revista Brasil Social – Através da realização da Revista BRASIL SOCIAL, que é distribuída gratuitamente em 15 estados de todas as regiões do País e objetiva mutuamente a divulgação das ações sociais do Brasil e do Projeto CASA DA CRIANÇA

paços educativos, espaços para portadores de necessidades especiais e em tratamento de câncer podem usufruir de ambientes mais aconchegantes e humanos, e com atendimento de melhor qualidade em todas as regiões brasileiras onde o Projeto atua.


en tr ev is ta

PERMITA-SE MUDAR O MUNDO Bill Drayton é o presidente e fundador da Ashoka Empreendedores Sociais, organização mundial, sem fins lucrativos, pioneira no trabalho e apoio aos empreendedores sociais - pessoas com idéias criativas e inovadoras capazes de provocar transformações com amplo impacto social. Graduado nas universidades de Harvard, Yale e Oxford, Drayton já trabalhou como consultor administrativo da McKinsey & Company e para a EPA (Agên-

SEGUNDO DAVID BORNSTEIN, ESCRITOR DO LIVRO COMO MUDAR O MUNDO, “TODA MUDANÇA COMEÇA COM UMA IDÉIA E A DECISÃO DE AGIR. Em 1978, um norte-americano chamado Bill Drayton, diretor-assistente da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, decidiu fundar uma organização para apoiar empreendedores sociais em todo o mundo. A idéia vinha amadurecendo em sua mente havia quinze anos.

cia de Proteção Ambiental Americana). Hoje, viaja o mundo buscando empreendedores sociais com idéias inovadoras e palestrando em encontros mundiais e universidades. Foi premiado em inúmeras ocasiões, sendo reconhecido como um dos 25 maiores líderes do mundo, um dos 100 mais influentes líderes sociais pela Universidade de Harvard, além de ser membro da Academia de Artes e Ciências americana.

A idéia de Drayton era procurar no mundo indivíduos com novas idéias de mudança social que aliassem habilidades empresariais e sólidos princípios éticos.” Drayton, segundo Bornstein, é uma pessoa cujo olhar “transmite uma empolgação em relação à vida, uma fascinação aparentemente inesgotável com o mundo que lembra a curiosidade de uma criança. Tem um intelecto notável e

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uma capacidade extraordinária de absorver informação.” Hoje, Bill Drayton viaja o mundo buscando empreendedores sociais com idéias inovadoras e palestrando em encontros mundiais e universidades. Confira o que Bill Drayton, nesta entrevista à BRASIL SOCIAL, tem a dizer sobre o crescimento do terceiro setor, a atuação do Brasil no mundo social e sobre a iniciativa Ashoka Jovem.


en tre vis ta BRASIL SOCIAL: Como você, o fun- tanto no aspecto dos seleciona- muito pobre e teve acesso a somente 7 dador da Ashoka, reconhece os dos como no resultado das suas anos de educação em escola. Contudo, fellows Ashoka? ações? no geral, uma educação que permita Drayton: Para mim é simplesmente Drayton: A Ashoka avalia formalmen- as pessoas a ver o mundo além de sua um prazer e uma alegria poder fa- te os impactos que os Fellows estão vizinhança e que proporcione um penzer parte da comunidade de Fellows causando em sua região cinco anos samento analítico e crítico é importanAshoka. São pessoas que, guiadas por depois de terem sido eleitos Fellows. te. seus valores, permitiram-se ver o que Alguns dos resultados que observamos O fator mais importante contudo, realmente é importante e capaz de repetidas vezes demonstram o impacto é que o aluno se permita ver que pode causar verdadeiras mudanças nos pa- de nossos Fellows: quebrar as correntes mentais que nos drões da sociedade. Todos apresentam - 97% dos Fellows continuam traba- tornam menores porque todos nos diuma grande alegria em colaborar em lhando integralmente com seus proje- zem que não somos capazes. Quase grande escala. tos todas as crianças são informadas logo Ao procurar por estes raros (nos- - 90% dos Fellows vêem que suas cedo de que “os adultos controlam sa média é de 1 em 10 milhões de idéias são copiadas por instituições in- tudo – as escolas, locais de trabalho, pessoas no mundo por ano) atividades extra-curriculares, empreendedores sociais, a esportes, etc. E além disso vocês Ashoka emprega os seguin(crianças) são muito irrespon“Você tem que desenvolver estas características tes critérios de avaliação: sáveis.” Estes pensamentos que empatia, capacidade de colaboração e liderança - se guardamos enquanto crianças - A idéia que o candidato a Fellow apresenta é de fato ditam nossa atitude perante a pretende usá-las quando adulto e o único modo de uma idéia que mudará atuvida na idade adulta. ais padrões da sociedade Os alunos de hoje têm que desenvolvê-las é usando-as, pondo isto em prática. permanentemente? nadar contra a corrente e os Seu maior desafio então será ignorar todas - O candidato a Fellow é padrões preestabelecidos, se uma pessoa criativa – tanto desejam se tornar verdadeiros aquelas pessoas que vão dizer que você em estabelecimento de meagentes de mudanças. não consegue, que você não é capaz. tas quanto em resolução de problemas? BS: Os fellows o consideram A única pessoa que pode quebrar este - Esta pessoa possui qualio mestre do empreendedodades de um empreendedor rismo social, aquele que ciclo vicioso é você mesmo.” social excepcional? Quando teve como idéia inovadora digo isso não estou procu“descobrir novas pessoas rando por um grande líder ou gerente dependentes com idéias inovadoras” capazes de pessoas, mas sim, por uma pessoa - Mais de 50% (em apenas 5 anos) já de melhorar o mundo. O que o lecom uma paixão por mudar o mundo causaram algum efeito na política pú- vou ao empreendedorismo social? e a capacidade de também resolver os blica de seu País ou região. Este último Acredita que sua formação acadêproblemas cotidianos de administra- dado é o mais impressionante pois a mica contribuiu tanto quanto a sua ção. maioria dos Fellows não depende dos sensibilidade ? - Esta pessoa tem forte fibra ética? governos para estabelecer e crescer Drayton: O motivo pelo qual somos - A idéia deste candidato tem poten- sua idéia. capazes de nos dedicar tão intencial de atrair outros seguidores, e se é samente a nosso trabalho é que nós o caso, quantas pessoas poderão ser BS: Que formação você acha impor- (Fellows Ashoka) estamos sempre em beneficiadas, com que intensidade e tante um empreendedor social ter? contato com os melhores líderes e emcom que saldo positivo? Drayton: Os Fellows Ashoka vêm de preendedores sociais do mundo. Eles, todo lugar, de todos os tipos de cultura individualmente e coletivamente, são BS: Como você poderia descrever e formação. Um de nossos Fellows mais nossos melhores professores. quão eficiente tem sido a seleção brilhantes nasceu em uma zona rural Eu tive a sorte de ter uma ótima

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formação acadêmica. História, como fonte de aprendizado foi a que mais me ensinou. As experiências que tive fora da sala de aula também foram muito importantes. Por exemplo, quando participei do movimento dos direitos civis nos EUA, quando fui exposto à Índia e o movimento de Gandhi, quando trabalhei com a McKinsey&Company no U.S. Environmental Agency (agência de proteção do meio ambiente Americana). BS: Como foi a aceitação há 25 anos da ASHOKA nos EUA? Que comparação faria com os dias atuais? Drayton: Quando a Ashoka iniciou seus trabalhos, fomos encarados com um muro de incompreensão em todos os cantos dos EUA e do mundo. Nossa área de atuação nem tinha ainda um nome para descrevê-la. Quando falávamos em empreendedores sociais, a maioria das pessoas não nos entendia e hoje todo mundo quer se dizer empreendedor social. Isto é um pouco confuso ainda para nós, mas com certeza um passo na direção certa.

instituições e os ajudou a formar uma poderosa comunidade presente no mundo todo. Esta comunidade está à frente desta rápida transformação do terceiro setor. Empreendedores do terceiro setor estão alcançando as grandes empresas em termos de produtividade e rapidamente diminuindo a distância entre estes dois setores. Nós temos mais organizações, mais empregados, mais voluntários e agora, estamos desenvolvendo sofisticadas organizações de segunda e terceira geração. O nível de competição está cada vez mais alto dentro e entre as organizações. Outro fator que contribui para o crescimento do terceiro setor é o fato da globalização possibilitar a interligação de idéias e colaborações entre comunidades do mundo todo. “Toda e qualquer pessoa presente no evento sabia O Brasil surgiu como um extraordinário líder. Não há ouque estava vendo o futuro de um continente (e tro País tão rico dentro da rede Ashoka. Anamaria Schindler é de uma parte importante do mundo) ser traçado. um exemplo disso, ajudando As idéias são extremamente impressionantes a firmar a Ashoka no Brasil, depois na América Latina e no e poderosas e os Fellows, mais ainda.” mundo.

BS: Quais as maiores dificuldades enfrentadas pela ASHOKA em sua história? Drayton: Nossa maior dificuldade, no passado e hoje, é que estamos criando um movimento de mudança social que está evoluindo muito rapidamente e profundamente mudando a sociedade, mas que o público em geral tarda em compreender. Nós somos o setor da economia que mais cresce. Por exemplo, geramos três vezes mais empregos que qualquer outro setor da economia. Mas as

pessoas só acreditam que existe este leque de oportunidades quando vêem a organização funcionando. No momento, a Ashoka em si, devido à evolução do terceiro setor, está formulando uma série de mudanças. Agora não apenas queremos ajudar empreendedores sociais isoladamente, e sim atingi-los como um grupo, interligando suas ações e projetos, possibilitando colaborações mútuas. Outro

desafio que enfrentamos é como criar outro sistema de financiamento para este setor já que o financiamento vindo de governos e instituições tem sido lento e não sabe reconhecer o verdadeiro potencial das organizações sociais. BS: Estando em mais de 60 Países em todos os continentes, qual a sua visão mundial do crescimento do terceiro setor? O Brasil é expressivo neste contexto? Drayton: Em 25 anos de atividade a Ashoka selecionou uma estimativa de 2.000 dos melhores líderes sociais e empreendedores, apoiou suas idéias e

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BS: A ASHOKA conseguiu reunir 223 fellows de 13 Países da América Latina na comemoração dos seus 25 anos em Buenos Aires. Como você traduziria a importância deste encontro? Drayton: Os Fellows presentes no encontro estavam se fazendo a seguinte pergunta: como impulsionar este continente a atingir seu total potencial? O que podemos extrair do que aprendemos e o que a rede tem demonstrado possível globalmente para desenvolver um programa coerente e objetivo que possamos aplicar onde moramos, seja


edenittreorvisiata l em Pernambuco ou Equador. Toda e qualquer pessoa presente no evento sabia que estava vendo o futuro de um continente (e de uma parte importante do mundo) ser traçado. As idéias são extremamente impressionantes e poderosas e os Fellows, mais ainda. Fiquei profundamente emocionado, como creio que todos que estiveram lá também ficaram.

BS: Muitos dos integrantes da ASHOKA Jovem se inspiraram no exemplo dado pelos próprios pais Fellows. E você? Em quem se inspirou para criar a ASHOKA? Drayton: Tive a felicidade de ter muitas pessoas em quem me espelhar. Meus pais, que por trás da imagem reservada, quase conservadora, eram verdadeiramente livres e tiveram coragem de fazer coisas inesperadas; os líderes do movimento dos direitos civis dos EUA nos anos 60; os líderes do movimento de Gandhi, dentre outros líderes e empreendedores sociais que conheci antes mesmo de criar o termo.

Ashoka já aprendemos e vamos certamente continuar aprendendo mais com vocês.

BS: Como você vê a atuação do terceiro setor junto aos governos? Drayton: O papel do governo é de manter uma sociedade justa e eficiente. O crescimento do terceiro setor como um setor competitivo e de grande produtividade é provavelmente a melhor BS: Neste encontro de Buenos Aires coisa que ocorreu para os governos também foi reunido um grupo de 16 desde o alastramento da democracia. jovens que integram a mais nova O terceiro setor é focado nos mesmo rede chamada “Ashoka Jovem” assuntos que o governo, contudo sua representada por filhos de fellows. competitividade permite que ocorram Quais as suas expectatierros e novas tentativas, permivas para o ASHOKA Jote o emprego da criatividade e vem? mudança constante. Além disso, “ O crescimento do Terceiro setor como um Drayton: O momento mais o terceiro setor tem demonstraemocionante de todo o endo aos governos novas maneisetor competitivo e de grande produtividade é contro foi quando os filhos ras de atender às necessidades provavelmente a melhor coisa que ocorreu para os e filhas dos Fellows apreda sociedade. sentaram suas idéias, inclugovernos desde o alastramento da democracia” sive o grupo Ashoka Jovem. BS: Qual conselho você deiAs idéias eram ótimas, e os xaria para os jovens que se jovens e os Fellows logo se mexeram BS: A ASHOKA Jovem inicialmente indignam com as injustiças socais? para implantar algumas delas. Por é formada por jovens latino-ameri- Drayton: “Permita-se! Permita-se enexemplo, hoje há um programa de es- canos, como você acredita que eles carar um problema sabendo que você tágio montado para os membros da vão vencer as barreiras geográfi- será capaz de resolvê-lo; permita-se rede Ashoka Jovem em diferentes Pa- cas e culturais? Acredita que esta mudar o mundo.” íses. iniciativa pode tomar proporções A maior barreira que enfrentamos Mais importante que isso foi notar mundiais? é pensar que somos incapazes, e cono quanto eles se dedicam, são compe- Drayton: A rede Ashoka Jovem já seqüentemente, não desenvolver caractentes e têm qualidades de liderança. está no caminho certo para se tornar terísticas importantes para quem quer Aqui está o futuro agindo para o fu- um movimento global. Há grupos de gerar mudanças: empatia, capacidade turo, hoje. jovens afiliados com a Ashoka até na de colaboração e liderança. Você tem Também foi bom ver o quanto esta Ásia. Logicamente os dois primeiros que desenvolver estas características iniciativa impactou todos nós. Pode- Países a ter Fellows vão ter o maior se pretende usá-las quando adulto e o mos cuidar que nossos jovens cresçam número de jovens envolvidos, mas logo único modo de desenvolvê-las é usanacreditando que podem gerar mudan- todos vão querer entrar no movimento. do-as, pondo isso em prática. ças. O fato da América Latina, e especifi- Seu maior desafio então será ig Ao longo da jornada da rede camente o Brasil, estar a frente desta norar todas aquelas pessoas que vão Ashoka Jovem vamos todos aprender rede não é surpreendente. Anna Mila- dizer que você não consegue, que você algo, nem que somente como lidar com nez e seus colegas, os Fellows no Brasil não é capaz. toda e qualquer pessoa de qualquer (incluso Patrícia Chalaça do Projeto A única pessoa que pode quebrar raça ou idade com igual respeito. CASA DA CRIANÇA) estão lideran- este ciclo vicioso é você mesmo. do este caminho. Nós da comunidade

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en qu et e O SENTIMENTO DOS QUE FAZEM O PROJETO CASA DA CRIANÇA TRADUZ A FORÇA DA REDE DO PROJETO NO BRASIL

DEPOIMENTO DOS FRANQUEADOS SOCIAIS Luciana Dabd

ab Carneiro

Arquiteta e Fr an

o Paulo Pepin l da Receita Federa

quea

da Social Poços de Calda s - MG

Auditor Fiscal l e Franqueado Socia

Fortaleza - CE

É ver os rostinhos das crianças na entrega da nova casa e saber que todo o trabalho, feito com todo o amor, valeu a pena. É saber que estas crianças, e as que virão, terão novas oportunidades de vida. É viver o lado mágico da vida, o lado da transformação, da doação, da dedicação, do amor e da paz. É ter esperança de que um dia as desigualdades diminuam e tenhamos a tranqüilidade de ver todas as nossas crianças com um futuro. É fazer diferença. É se emocionar.

de a concretização ça é para mim an co ri C de s da te a an as mesmo do O Projeto C an at rm fo a poder eu já vinh ortunidade de op um sonho que a o et oj pr e ecidas ntrei nest ianças desfavor cr nhecê-lo. Enco te en lm pa ci e, desta oas, prin desinteressada e ajudar as pess ia ár nt lu vo ego no forma intensa que carr e socialmente, de ad nt vo a ar de bom aterializ próximo, tudo o forma, poder m m co r di vi di zes acho poder cionado. Às ve meu coração de or op pr e m m todo o EUS) te “egoísta”, pois te que a vida (D en m da un of pessoas ssoa pr ção para tornar que sou uma pe ca di de e so is uém mais mprom a não há ning meu esforço, co ap et da ca de final que poder mais felizes, ao r no mundo do ho el m a is co ão há feliz que eu. N imo. óx pr ajudar ao

Emili Ayoub Giglio

Mário César Sperb

Arquiteta, Empresária e Franqueada Social

Arquiteto e Franqueado Social Porto Alegre - RS

Cuiabá - MT

Fazer parte do Projeto Casa da Criança é experimentar uma sensação de poder. Poder, no sentido de ter força para fazer algo que irá mudar a vida de muitas crianças. Ter a verdadeira noção da palavra cidadania, saber que além da ajuda de todos os voluntários e empresas que apóiam o Projeto, você tem o olhar de Nosso Pai, que ilumina os caminhos que temos que percorrer para alcançar os objetivos propostos. Fazer parte do Projeto Casa da Criança é, sem dúvida, uma dádiva de Deus.

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Fazer parte do Projeto CASA DA CRIANÇA é um complemento do meu existir, é tentar proteger quem precisa e de me sentir protegido. É uma maneira de antecipar em vida, a presença ao lado de Deus, através de anjos em forma de crianças. É um descobrimento pessoal que fortalece meu coração e minha alma e me faz mais forte. É ter a oportunidade de fazer parte de uma família que cresce a cada casa reformada, fortalecendo uma união geral que nos torna maiores diante do universo. É ser um correspondente voluntário de uma idéia genial e abençoada de nome Patrícia, apelidado de PROJETO CASA DA CRIANÇA. MUITO OBRIGADO.


en qu et e

SÍLVIA MARQUES

ALHO PATRÍCIA RAM ueada

Advogada e Franqueada Social

Arquiteta e Franq Social - Maceió - AL

Recife - PE

“ Pa r a mim é uma grande alegria poder conquistar e reunir tan tas pessoas em torno de um objeti vo maior, que vai muito além da ob ra. É também uma imensa responsabilidade, pois sei que do resultado de nossas ações dependerá o futuro de muitas crianças, adolescentes e sua s famílias. Assim, estaremo s todos contribuindo também para o fut uro de nossos filhos. E sem ean do, de forma prática, a conscientização de que todos podem e dev em con tribuir, não importa com quanto, mas unindo forças para que a meta seja atingida: CRIANÇAS CUIDADA S COM AMOR, NUM ESP AÇO ADEQUADO, COM ACESSO À CIDADAN IA, SAÚDE, EDUCAÇÃO, ESPORTE , LAZER E UM FUTURO FELIZ. ”

e. Mas Papor gente”, quis ser mã Desde que “me entendi arquitetos, a o querer. Os colegas pai do Céu parecia nã dicação que o a necessidade de de família e amigos, vend em sempre Casa da Criança, faz é coordenar o Projeto muito tempo cê não acha que toma perguntas do tipo: “vo as arquiexplico: se minhas coleg do seu escritório?” Aí, ritórios, esc os, dão conta de seus tetas, casadas, com filh nã re, o é?... dos filhos eu tenho liv parece que o tempo deu dois, Papai do Céu? Não me Então sabe o que me fez mais a ter de as, com a perspectiva três filhos, mas centen . abrir mão dessa graça.. cada ano. Não posso

SANDRA MOURA

Arquiteta e Franqueada Social João Pessoa - PB

“A vida é composta de momentos bons e ruins, tristes e alegres, ensolarados e chuvosos, enfim, são contrastes que devemos saber levar. E o Pro jeto CASA DA CRIANÇA veio preencher a nossa vida de oportunidades de amar, de dar carinho e atenção a que m carece de tudo. É maravilhoso fazer parte desse projeto, transformar ambientes, modificá-los, restaurá-los, tra zer para as crianças uma nova vida, incentiválas a lutar e a conquistar esp aços. Para nós é uma honra poder contrib uir para o crescimento desse projeto . O Projeto CASA DA CRIANÇA é vida renovada e restaurada a cada dia! É alegria! É sacrificar! É escolha! É amar! É fortaleza! É dedica ção! É sutileza! É atenção! É carinho! É respeito! É dinamismo! É esperança!”

ANA PAULA ISENSEE

Arquiteta e Franqueada Social

Blumenau - SC

“Algo inusitado ocorreu na minha vida em 2005: a oportunidade do voluntariado, mesmo num momento inesperado, mas nada é por acaso... O Projeto Casa da Criança faz com que valorizemos a cada dia nossa vida, nossos familiares, amigos. Faz com que repensemos muitos de nossos valores. Faz com que não desistamos jamais, e não recuemos ante a uma negativa, mas vibremos muito e agradeçamos pelas coisas boas que ocorreram. Não adianta, para alguns, o Projeto CASA DA CRIANÇA não tem vacina, penetra no sangue e pra sempre fica... Sempre digo que só quem o faz ou fez sabe o que é.”

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CARLOS ALBERTO PEIXOTO Arquiteto e Franqueado Social

Porto Alegre - RS

que nho de criança, “É como um so cê vo s ai m a. Quanto não acaba nunc e ad nt vo s ojeto, mai convive com o Pr as nç ia cr s udar esta você tem de aj tocialmente, pois so desfavorecidas ver vi de ito têm o dire das merecem e alire s ão nossas m melhor. Está em te es e qu ojeto para zarmos este pr ra pa e ad m iguald Brasil cresça co todos!”


BETH GRUNVALD

Empresária e Franqueada Social

LEDA

Arquiteta e Fr OLIVEIRA anqueada So cial

Belém - PA

São Paulo - SP

A forma que Patrícia e Mar celo encontraram, de ntro das suas formações, de mud ar este panora ma de desigualdades é tão simples : cada um de nós part icipa com o m elhor que tem do Projeto estã dentro de si. O o comprovados s resultados : são milhares milhares de em de crianças ate presas e profi ndidas e ssionais que m ver o sorriso da elhoraram suas s crianças que vidas ao ajudaram.

“Fazer parte do Projeto Casa da Criança é um desafio e um privilégio, pois, mais do que uma ação de cidadania e de responsabilidade social, é um exercício de doação genuína, de respeito e amor ao próximo e, sobretudo, de tolerância, pela compreensão de que é no ritmo e no potencial diferenciado entre as pessoas que conseguimos o equilíbrio e a complementariedade necessários para atingir os nossos objetivos. Ao longo desse processo que escolhemos viver juntas, tivemos sim algumas dificuldades, mas o grande desafio de realização do sonho, de poder contribuir para alterar a realidade social e melhorar a qualidade de vida das crianças especiais do nosso Estado, se sobrepôs às nossas diferenças e podemos dizer que nossa maior conquista tem sido o fortalecimento dos nossos laços de amizade, de respeito e de parceria”.

LEILA PIRES

Arquiteta e Franqueada Social Aracaju - SE

“Trabalhar no Projeto Casa da Criança é uma lição de vida. Durante toda a ação, a motivação, o espírito de solidariedade e amor ao próximo nos especializa, mas não cientificamente, e sim humanamente pois nos tornamos mais solícitos, humildes e tolerantes à medida em que transpomos barreiras que ultrapassam limites físicos e promovem dentro de nós mudança de atitude, valorizando mais a vida, a amizade e o amor. Estes sentimentos nos mostram que todos podemos, se crermos e colocarmos em prática os dons que Deus nos confiou. Principalmente porque passamos a ansiar, não só para nós, mas em especial para o próximo, tudo de bom que a vida pode oferecer. A partir daí experimentamos o verdadeiro sabor da felicidade.”

LAVÍNIA MATA

Gerente Nacional de Franquia Social do Projeto

Franquia Social, Rede de Franqueados Sociais... Engana-se quem pensa, num primeiro momento, que este é um trabalho voluntário pontual, sem critérios e normas. A rede voluntária constituída por 52 Franqueados permanentes do Projeto CASA DA CRIANÇA é formada por profissionais de diversas áreas que unidos e determinados pelo mesmo ideal de transformar vidas utilizam-se do Manual da Franquia Social do Projeto CASA DA CRIANÇA** para implantar sonhos e concretizá-los. Gerenciar esta rede sólida e coesa é ter o privilégio de conviver diariamente com pessoas dedicadas à causa, extremamente profissionais, que na verdade se enganam quando afirmam que escolheram o momento certo de suas vidas para se dedicar a um trabalho social. Acredito que foi exatamente o inverso: apenas pessoas iluminadas têm o privilégio de serem escolhidas por Deus e sentirem que estão nesta vida para trazer luz a tantas outras vidas. Prova disso é a magia, o poder das mobilizações que acontecem cada vez mais fortemente em todas as regiões do País. O profissionalismo para concretizar os sonhos das 28 unidades inauguradas é inquestionável, mas o laço de amor e cumplicidade que une a família CASA DA CRIANÇA é que faz deste um projeto mais que especial em nossas vidas. ** Consiste na formação de um modelo de aplicação da metodologia desenvolvida pelo Projeto CASA DA CRIANÇA, com base nas experiências das intervenções já realizadas com objetivo de replicar na íntegra seus preceitos.

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ar ti go

Uma refl e x ã o SOCIA L d o

B r asil Por Marcelo Souza Leão

POR ACOMPANHAR AS OBRAS REALIZADAS PELO PROJETO CASA DA CRIANÇA em território nacional, tenho tido o privilégio de conhecer a Arquitetura nas diferentes cidades, suas diferenças culturais e, sobretudo, as desigualdades sociais tão marcantes em nosso País. As desigualdades tão expressivas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste não são diferentes daquelas que encontramos no Sudeste e mesmo no Sul do Brasil. Em cada região, vivi momentos reflexivos, questionando as dificuldades enfrentadas pelo povo brasileiro que sequer possui moradia digna, afinal a maioria da população dos pequenos ou grandes centros urbanos vive nas favelas. Em Florianópolis, numa comunidade a 20 minutos do centro, vimos pessoas maltratadas pela miséria, que, graças à ação de uma organização social, tiveram sua vida transformada para melhor. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, encontramos talvez o mais gritante contraste social, fruto do medo que acaba gerando um grande ‘apartheid’. A miséria é miserável! Afastam-se as pessoas como um problema racial, neste caso os “ricos” dos “pobres”, gerando uma reação de individualidade incrível em todos. Poderia dar muitos outros exemplos, falar do atendimento hospitalar público, pela anestesia na alma quando vemos a falta de atendimento adequado a tantas pessoas para explicar como entendemos que todos nós podemos e devemos fazer algo para mudar o mundo para melhor. É fato que visitamos alguns governos, defendendo nossas propostas arquitetônicas que têm sido um caminho para proporcionar vidas melhores ou tratamentos melhores nos hospitais. Mas em cada visita, se ampliarmos o diálogo para tratar dos problemas das periferias, sempre vem a enfática colocação do quão difícil é enfrentar os problemas das favelas, que este é um tema sem solução. Costumo fortalecer nossas equipes e franquias sociais em cada problema que enfrentamos, enfatizando que todo problema tem uma solução e gostaria aqui de passar essa reflexão a todos que lêem esse artigo: é preciso focar as atenções. Como arquiteto, urbanista e, acima de tudo um amante do povo do Brasil, espero que haja um efetivo interesse do poder público, numa ação de união de forças com a iniciativa privada, como faz o Projeto CASA DA CRIANÇA, podendo restaurar a dignidade do povo brasileiro, afinal, esse País é nosso!

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ES PE CI AL

Ashoka: 25 ANOS I Encontro Latino-Americano de Empreendedores Sociais, realizado em San Miguel, Argentina EM 2006, FOI REALIZADO O I ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE EMPREENDEDORES SOCIAIS DA ASHOKA, EM SAN MIGUEL, ARGENTINA, que reuniu 224 participantes empreendedores sociais de 13 Países da América Latina - Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e Brasil. Patrícia Chalaça, do Projeto CASA DA CRIANÇA, foi uma das participantes deste evento. Com o tema Todo Mundo Pode Mudar o Mundo, o encontro foi realizado como parte das comemorações pelos 25 anos de fundação da organização. Foram 3 dias de debates sobre o futuro do continente que frutificaram em contatos para novas colaborações e intercâmbios. A presença dos diversos empreendedores de variados Países reunidos por um mesmo objetivo foi representativa de um dos pilares fundamentais da ação ASHOKA: o Empreendedorismo de Grupo, que incentiva empreeendedores sociais e a própria ASHOKA a atuar coletivamente em busca de um maior impacto. Partindo desse princípio, outro fator que demonstra o conceito de atuação no evento foi o envolvimento voluntário de mais de 60 empreendedores sociais da ASHOKA de 11 Países no planejamento da agenda, produção de

conteúdo e na organização de vários eventos concomitantes naquela mesma semana, esforço que foi fruto de mais de dezenas de reuniões preparatórias. A abertura do evento foi realizada por Alberto Croce com uma apresentação da história geral da América Latina. A originalidade da apresentação ficou por conta do enfoque cultural (com direito a música, dança e artes) e não apenas cronológico da evolução das diversas culturas unificadas sob o termo “identidade latina”. Durante o encontro, seis temas centrais foram abordados: empoderamento cidadão; influência em políticas públicas; uso sustentável dos recursos naturais; educação formal e não-formal; inclusão econômica e diversidade. Os debates incluíram ainda um tema comum: trabalho com outros setores (privado e governo). Em destaque, ficaram as palestras ministradas pelos maiores líderes sociais da atualidade, a exemplo de Bill Drayton, fundador da ASHOKA, Brizio-Biondi Moura, presidente da AVINA, e Oded Grajew, fundador e presidente do Instituto Ethos de Responsabilidade Social – Empresarial. Na abertura do evento, Bill Drayton apresentou a visão da ASHOKA sobre empreendedorismo social, o processo de transformação sistêmica que está presente

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no mundo e destacou os grandes desafios do futuro, abrindo assim o leque de temas a serem discutidos durante os três dias do evento. Brizio-Biondi Moura também esteve presente no encontro e apresentou sua visão de transformação social e a necessidade de empoderar a maioria da população que não tem hoje o poder de decidir os destinos do mundo. Já no último dia, Oded Grajew foi aplaudido de pé ao discursar sobre as características de um grande líder, o valor da ética e o valor da cidadania - todos veículos necessários para uma profunda transformação social na América Latina. O encerramento do encontro deu-se com a apresentação dos 25 novos empreendedores sociais da ASHOKA na América Latina numa comemoração que contou com todos os participantes do evento, a equipe de organização e mais de 800 convidados. Vivianne Naigeborin, presidente da Ashoka no Brasil, resumiu em algumas palavras o impacto do encontro: “Acima de tudo, para todos os que estiveram presentes, o encontro foi um momento mágico de confraternização e de descoberta da nossa latinidade. Um encontro para entrar na história e nos corações de todos nós.”


ES PE CI AL

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ÁLBUM I ENCONTRO LATINO-

AMERICANO DE EMPREENDEDORES SOCIAIS DA ASHOKA BUENOS AIRES, 2006

De Patrícia Chalaça

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1 Bill Drayton co m Patrícia Chal aça; 2 Patrícia Willy Pessoa; 3 e Viviane Naigeb orin (Ashoka) e Suzana Pádua (Instituto Ipê); 4 Gilberto de Pa (Instituto Agora) lma , Patrícia e Mar ta Elisa Codas (Fundación APAM AP); 5 Abdu Fe rraz (Liga dos Amigos e Estuda ntes Africanos), Edgard Gouve (Instituto Elos) e ia Rebeca Duarte (Obser vatório Negro); 6 Adria na T. da Costa (Instituto Âmba Karen Worcman r), (Museu da Pesso a), Luciana Marinelli (ARACA TI) e Patrícia; 7 Alemberg Quindins (Funda ção Casa Grand e) e Patrícia; 8 Edgard Gou veia e Patrícia; 9 Patrícia e Jorge Lyra (Insti tuto Papai); 10 Valdemar de Oliveira Ne to (AVINA) e Pa 11 Raquel Barro trícia; s (Fundação Lu a Nova) e Patrí cia.

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ES PE CI AL

ASHOKA JOVEM

O IMPACTO DA ASHOKA NOS JOVENS DE HOJE E DO FUTURO A ASHOKA JOVEM NASCEU DOS FILHOS DE FELLOWS ASHOKA QUE, INFLUENCIADOS PELOS PAIS, COMEÇARAM A FORMAR UMA REDE DE CONSCIENTIZAÇÃO E COLABORAÇÃO ENTRE JOVENS DE TODA A AMÉRICA LATINA. Além do Encontro dos Fellows Ashoka (líderes sociais), marcou presença o grupo da Ashoka Jovem, que reuniu 14 filhos de empreendedores sociais de vários Países. A rede ASHOKA Jovem tem como objetivo expandir sua rede de comunicação e promover dois encontros anuais em diferentes cidades da América do Sul. Estes encontros não representam apenas um momento de confraternização, e sim uma oportunidade de troca de experiências, visões e planos de ação. O Encontro Latino-Americano de Empreendedores Sociais da Ashoka, segundo Anna Milanez, (filha do Fellow José Francisco Bernardes Milanez) foi “uma experiência incrível e inesquecível, que agora queremos proporcionar a outros jovens, através dos encontros da nossa Rede. Por maior que

Patrícia Chalaça apóia a Ashoka Jovem

seja a distância que nos separa, ainda hoje nos mantêm unidos neste sonho e projeto de Rede – articulação – troca – aprendizado – motivação – realização – transformação socioambiental.” A rede ASHOKA Jovem pretende atuar concretamente através do intercâmbio de experiências, divulgação do conceito de empreendedorismo social, promoção de discussões temáticas, criação de estratégias de comunicação, apoio a efetivação da Rede de Fellows para que se torne um conselho consultivo para organizações latino-americanas que trabalhem com jovens, promoção de intercâmbio de culturas e saberes e coordenação de um programa de estágio em organizações de Fellows (programa este já em atividade hoje).

Bill Drayton e Anna Milanez

Momentos do Encontro

S EPOIMENTO ALGUNS D NTES DA A DE PARTICIP A JOVEM: K O REDE ASH Paloma Roldán Ruiz, peruana, filha da Fellow Albina Ruiz Rios, fundadora da Organização Ciudad Saludable: “Os Fellows são como os super-heróis, só que melhor porque são de verdade. Têm sonhos enormes, mas seus poderes são mais terrenos, não voam pelos ares, e sim viajam de Kombi. Não podem ser Flash, mas parecem estar em vários lugares ao mesmo tempo, ter 100 pés e 1000 mãos. Conseguem sorrir em meio à tristeza, pois guardam o melhor segredo: juntos, sim, podemos.” Daniela Nuñez Borda, boliviana, filha de José Luis Nuñez, fundador do Programa de Formación de Animadores Juveniles: “Para construir um mundo melhor, há que dedicar tudo de si, de sua mente, alma e coração. Estou certa de que se algo bom se deseja de todo coração, o primeiro passo já foi dado para que o sonho se realize. Pois ao querer algo que nos apaixona e ao nos dedicarmos a isso estamos felizes. Esta felicidade contagia a todos e o resto acontece por si só.”

Clara Ferrari, brasileira, filha de Eugênio Alvarenga Ferrari, fundador da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA): “Quando era pequena as ausências do meu pai eram grandes problemas. Quando alguém me perguntava qual era a profissão do meu pai eu respondia: ‘ele faz reunião’ e isso era tudo... mas com o tempo eu entendi seu trabalho, compreendi a sua importância e passei a admirar tudo que ele fazia.” Há mais de uma década a ASHOKA vem apoiando iniciativas de jovens direcionadas para os jovens, a exemplo da Rede Ashoka Jovem.

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pa rt ic ip aç ão

F O M E DE AGIR

Empresas do ramo de alimentação criam ações e parcerias que beneficiam crianças e jovens desfavorecidos

GRUPO VISÃO

O Grupo Visão é formado por uma rede de lojas de departamentos, do Estado do Pará. Entre as lojas e franquias, possuem lanchonete e parque de diversões. O Grupo Visão realiza todos os anos, no mês de outubro, uma ação social, “Lanche Feliz”, em que durante 15 dias tudo o que é arrecadado é repassado para uma obra social. Em 2005, o projeto social beneficiado foi o Projeto CASA DA CRIANÇA, que estava realizando a reforma e ampliação do Abrigo EAPE – Espaço de Acolhimento Provisório Especial, instituição de atendimento a crianças especiais, em Belém. O total arrecadado foi de R$ 33.000,00 (trinta e três mil reais), a maior arrecadação dos últimos anos, valor que foi 100% revertido para esta obra, em que as Franqueadas Sociais Conceição Pinto, Elizabete Grunvald, Lílian Almeida, Maria de Fátima Petrola e Roberta Frigeri representam o Projeto.

PIZZA HUT

VISÃO: Fátima Petrola, Elizabeth Grunvald, Lílian Solheiro, Conceição Pinto e Roberta Frigeri, com a Presidente da FUNCAP (Fundação da Criança e do Adolescente do Pará), Ana Chamma, e Paloma Lobato, das Lojas Visão

A Franquia Pizza Hut está realizando em parceria com o Projeto CASA DA CRIANÇA, uma campanha social de arrecadação de recursos destinados às ações do Projeto. A campanha acontece nas lojas Pizzas Hut de Fortaleza e João Pessoa, onde será acrescido à conta um valor de R$ 1,00. O valor arrecadado será para investimento nas atividades do Projeto CASA DA CRIANÇA, dentre elas o Programa CIA DOS ANJOS, que visa o fortalecimento da manutenção física e do trabalho nas instituições pós-intervenção, garantindo a qualidade do atendimento às crianças e adolescentes das unidades nas áreas de educação, saúde, esportes, lazer, arte e cultura.

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pa rti cip aç ão

MC IDÉIA FELIZ O Superintendente Francisco Neves, do Instituto Ronald McDonald

MCDIA FELIZ Fundado em Abril de 1999, o Instituto Ronald McDonald é uma sociedade civil sem fins lucrativos que desenvolve atividades ligadas ao combate ao câncer infanto-juvenil em território nacional. O Superintendente do Instituto, Francisco Neves, nos fala sobre a importância da campanha McDia Feliz para arrecadação de recursos destinados às ações de combate ao câncer infanto-juvenil. O McDia Feliz é a campanha coordenada nacionalmente pelo IRM que mais arrecada em todo o País, através das vendas dos sanduíches Big Mac (exceto impostos), vendidos

Quando e onde nasceu a primeira campanha do McDia Feliz? Qual o impacto naquele primeiro ano?

O McDia Feliz foi criado em 1977, quando um jogador de futebol americano, Fred Hill, junto com seus companheiros de time, o Philadelphia Eagles, pediu ajuda a um restaurante McDonald’s da sua cidade para arrecadar fundos para o tratamento de sua filha Kim, que sofria de leucemia. A iniciativa foi tão bem recebida pela comunidade que dali em diante passou a ser realizada por outros Países. Kim hoje passa bem e é uma voluntária da Casa Ronald McDonald da Filadélfia. No Brasil, o primeiro McDia Feliz foi realizado em 1988, mas ainda não havia uma causa definida, até que o McDonald’s Brasil identificou o grande impacto que poderia dar para aumentar os índices de cura do câncer infanto-juvenil, além da divulgação e incentivo ao diagnóstico precoce.

Todos os Países onde há a rede McDonald´s há necessariamente o McDia Feliz? Quais os Países que se destacam nessa campanha?

Faz parte da filosofia da empresa retribuir às comunidades onde está inserida tudo de positivo que elas proporcionam, como bons vizinhos e líderes em iniciativas sociais. Este é um compromisso que foi definido pelo fundador do McDonald’s, Ray Kroc, e que a empresa segue até hoje. O McDia Feliz acontece em mais de 14 Países e os EUA e Canadá são alguns dos que mais se destacam na campanha, embora considerando-se o número de restaurantes existentes

separadamente ou incluídos na promoção número 1. Em 2005, foram arrecadados R$8,6 milhões com a campanha. Já em 2006, a arrecadação foi de R$ 9,4 milhões, valor que será aplicado na realização de projetos em benefício de crianças e adolescentes com câncer em 20 Estados, mais o Distrito Federal. O evento é sempre realizado no último sábado do mês de agosto, dia da semana de maior movimento nos restaurantes McDonald’s e conta com uma enorme mobilização voluntária.

em cada País, o Brasil é o que mais arrecada recursos com a realização da campanha, proporcionalmente.

Quando foi realizada a primeira campanha do McDia Feliz no Brasil e como foi a resposta da sociedade a essa ação social? A primeira edição da campanha foi em 1988, na cidade de São Paulo, e a resposta da comunidade foi tão positiva que em 1989 estendeu-se para o Rio de Janeiro e, a partir de 1990, o McDia Feliz passou a ser realizado nacionalmente, envolvendo todos os restaurantes da Rede McDonald’s do País.

O que mais chama a atenção no progresso do primeiro ano do McDia Feliz no Brasil aos dias atuais? Desde a sua primeira realização, o McDia Feliz já arrecadou mais de R$ 68,4 milhões e mais de 100 instituições já receberam recursos provenientes da campanha. Ao longo de quase 18 anos, contribuímos para a expressiva evolução do índice de cura do câncer infanto-juvenil: de 35%, no final da década de 80, para os cerca de 70% atuais, índice comparável aos das nações do primeiro mundo.

Desde a primeira campanha até os dias de hoje, a arrecadação vem aumentando gradativamente. A que se deve todo esse sucesso: ao marketing ou ao crescimento do sentimento de responsablidade social da sociedade? O sucesso do McDia Feliz deve-se a uma

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combinação de fatores. Um dos fatores fundamentais é o empenho de todo o sistema McDonald´s: funcionários, franqueados e fornecedores e à participação das instituições beneficiadas que realizam a campanha nas localidades. As ações de publicidade e imprensa sem dúvida colaboram, pois reforçam a importância da participação do público em benefício da causa. Ainda mais que na atualidade, o interesse e a motivação de pessoas físicas e jurídicas, personalidades e anônimos em apoiar ações sociais é crescente. No entanto, considero que nenhum destes fatores anteriormente citados sustentaria o sucesso da campanha sem a transparência que promovemos através da divulgação dos resultados financeiros e das realizações viabilizadas pelos recursos arrecadados no McDia Feliz, ou seja, credibilidade é fundamental.

Sendo o McDia Feliz uma ação que deu certo, o que você diria aos empresários do setor de alimentos que ainda não realizam ações sociais? O Instituto Ronald McDonald acredita que as empresas são importantes agentes de transformação social, através de uma gestão ética e socialmente responsável junto a seu público interno e stakeholders, e através de investimentos para a implementação de projetos em benefício da comunidade. O Instituto tem o apoio de diferentes empresas de diversos segmentos e pode afirmar que este fato tem contribuído significativamente para o combate ao câncer infanto-juvenil no Brasil.


pa rti cip aç ão

COM OS PÉS

SANDÁLIAS HAVAIANAS - LÍDER NO MERCADO NACIONAL NO SEGMENTO EM QUE ATUA, A SÃO PAULO ALPARGATAS, que é uma empresa 100% brasileira, fabrica diversos produtos, dentre os quais destacam-se calçados, artigos e vestuários esportivos, entre outros, empregando diretamente 10 mil pessoas. As Sandálias Havaianas, uma de suas marcas mais conhecidas no mercado brasileiro, atua em 80 Países, possui o slogan “Havaianas - todo mundo usa”, tendo como diferencial o preço popular do produto. Segundo Paulo Lalli, ex-diretor de Negócios das Havaianas, “às vezes, uma venda mais qualificada ajuda na imagem, então a associação com uma causa socioambiental já estava em estudo, mas não tínhamos nenhuma definição”. Mas ao conhecer o Instituto IPÊ, Paulo Lalli teve a idéia de associar a imagem das Havaianas a um projeto de responsabilidade social e ambiental, pois faz parte da missão da empresa atuar com responsabilidade social. INSTITUTO DE PESQUISAS ECOLÓGICAS – IPÊ - Sediado na cidade de Nazaré Paulista, interior de São Paulo, o Instituto IPÊ, fundado em 1992, é uma organização da sociedade civil que tem como principal objetivo garantir a conservação da biodiversidade da fauna brasileira, realizando pesquisas e projetos que englobam desde a formação profissional em educação ambiental até geração de renda através de práticas auto-sustentáveis, ecoturismo e restauração de habitats. Atualmente o Instituto realiza cerca de 30 projetos distribuídos pelas diferentes regiões do País, contando com mais de 90 profissionais das diversas áreas, a exemplo dos educadores ambientais e biólogos. A PARCERIA - Esta parceria entre Sandálias Havaianas e Instituto de Pesquisas Ecológicas – Ipê foi a primeira em que as Havaianas colocaram a logomarca de uma organização da sociedade civil ao lado da sua, para lançar uma coleção de sandálias estampadas com animais em extinção, objeto de estudo do Instituto IPÊ, as Havaianas IPÊ. Em 2004, numa campanha inédita, os modelos desta coleção começaram a ser comercializados em diversos Países, com o intuito de angariar recursos para ações de preservação da fauna brasileira. Esta parceria vem agregando valor às duas organizações e proporcionando ao Instituto IPÊ uma maior visibilidade a seus projetos, como afirma a coordenadora da Unidade de Negócios Sustentáveis do Instituto, Andréa Peçanha “O IPÊ sempre buscou visibilidade nacional e as Havaianas são um produto democrático, que atinge vários segmentos. Com isso, pretendemos popularizar o nosso trabalho e conseguir recursos financeiros para o fortalecimento institucional da organização”. Todos os anos a coleção é renovada com sandálias que retratam diferentes animais da fauna brasileira, a exemplo do mico-leão dourado, peixe-boi, araras, onças, dentre outros.

RESULTADOS Para Paulo Lalli, são muitos os benefícios gerados por esta parceria: “Foi um caso em que um mais um acabou sendo mais do que dois. É um exemplo de ganha-ganha-ganha. Ganham as Havaianas, com uma linha nova e atraente; ganha o IPÊ, com a divulgação e a possibilidade de conseguir mais recursos para investir na pesquisa e na conservação; ganha o consumidor, com um produto de apelo socioambiental e ganha até a fauna, com os royalties que vão contribuir para o IPÊ promover a educação ambiental”. Para a marca Havaianas, essa parceria colabora agregando valor à marca, de modo que a expressão de responsabilidade socioambiental embutida na coleção das sandálias Havaianas IPÊ possa fidelizar e atrair nova clientela, além de estabelecer o compromisso corporativo das Havaianas com o meio ambiente. A venda das sandálias contribuem para a arrecadação de recursos para a sustentabilidade e continuidade dos projetos do Instituto. Os royalties pagos pelas Havaianas ao Instituto IPÊ são de 7% da venda líquida das sandálias estampadas com os animais em extinção. Esta parceria também contribui para que a população tome conhecimento das espécies brasileiras que se encontram ameaçadas de extinção, devido à forte vendagem da marca Havaianas, que proporciona a sensibilização do público para a conservação dessas espécies. Segundo Andréia Peçanha, “o IPÊ encara a parceria de forma estratégica. Esta doação cria uma expectativa de maior duração dos projetos de conservação, garante grande visibilidade para a organização, atrai a atenção de outras empresas com potencial para o desenvolvimento de parcerias e amplia a possibilidade de gerar renda para as comunidades assistidas pelo IPÊ, por meio da divulgação dos projetos.” PRINCIPAIS RESULTADOS

NA TERRA A São Paulo Alpargatas, através de sua mais famosa marca, as Sandálias Havaianas, firmou parceria desde 2004 com o Instituto Ipê, uma organização da sociedade civil que realiza pesquisas ecológicas para conservar nossa biodiversidade

Informações: Guia de MRC - Marketing Relacionado à Causa - uma publicação do IDIS - Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

De julho de 2004 até outubro de 2006, foram vendidos mais de 2,2 milhões de pares De julho de 2004 até outubro de 2006, mais de R$ 1 milhão foi arrecadado para a causa Maior credibilidade para ambas organizações: a Alpargatas chancela o IPÊ no que diz respeito à seriedade do trabalho da organização e, em contrapartida, o IPÊ chancela a Alpargatas com relação à preocupação com a educação ambiental para a conservação da biodiversidade O nome IPÊ tem chegado à população no geral e tem se fixado como um instituto ligado à conservação ambiental, fortalecendo o posicionamento da marca Divulgação na imprensa devido à parceria, incentivando as pessoas a conhecerem e se interessarem pelo trabalho do IPÊ e pela atuação socioambiental das Havaianas Ampliação do conhecimento sobre as espécies brasileiras, transmitido por meio das sandálias, atuando como disseminadoras de conhecimento na sensibilização da sociedade para a causa

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Site: http://www.idis.org.br/biblioteca/casos/parceria-havaianas-eipe-2013-instituto-de-pesquisas-ecologicas


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UNIDADES ATENDIDAS PELO

PROJE TO CASA DA CRIANÇA VISITE-AS • AJUDE-AS

Estas foram as unidades atendidas pelo Projeto CASA DA CRIANÇA até 2006/07 sejam reformadas, construídas ou humanizadas - todas foram (re)erguidas com a melhor matéria-prima que existe: a responsabilidade social de parceiros, franqueados, arquitetos, engenheiros, construtoras e voluntários. Se existe uma perto de você, vá até lá, conheça-a, ajude-a. O trabalho de melhorar o futuro destas crianças e jovens está apenas começando.

1999

2000

2001

NATAL - RN CRECHE BEATRIZ DE SOUZA ARANHA

RECIFE – PE CASA DE CAROLINA

Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 100 crianças órfãs, vítimas do abandono e/ou maus tratos Idade: de 0 a 7 anos Área da unidade: 1.500 m²

Tipo de atendimento: Creche Nº de atendidos: 200 crianças da população de baixa renda Idade: de 0 a 7 anos Área da unidade: 778 m²

BRASÍLIA - DF CASA DO CANDANGO

MACEIÓ - AL AMAI

(Associação do Movimento de Amparo à Infância) Tipo de atendimento: Quando foi reformada, atendia 360 crianças e adolescentes de baixa renda em sistema de abrigo. Atualmente atende crianças e adolescentes de baixa renda (com família, não-residentes), atuando na área de educação Nº de atendidos: 360 crianças e adolescentes Idade: de 7 a 18 anos Área da unidade: 1.535 m²

Tipo de atendimento: Creche Nº de atendidos: 300 crianças da população de baixa renda Idade: de 0 a 7 anos Área da unidade: 2.000 m²

RECIFE - PE UNIDADE FERNANDES VIEIRA Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 100 crianças e adolescentes órfãos, vítimas do abandono e/ou maus tratos Idade: de 12 a 18 anos Área da unidade: 6.000 m²

JUNDIAÍ - SP CASA TRANSITÓRIA NOSSA SENHORA APARECIDA

* Esta unidade foi desativada. Atualmente o Juizado da Vara da Infância e Juventude do Estado de PE está pleiteando a ocupação da edificação para servir como sede do mesmo. O Projeto CASA DA CRIANÇA reivindica o espaço para abrigar organizações sociais sem fins lucrativos que preservem a finalidade da unidade, que é atender diretamente crianças e adolescentes socialmente desfavorecidos.

Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 60 crianças órfãs, vítimas do abandono e/ou maus tratos Idade: de 0 a 7 anos Área da unidade: 1.500 m²

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2002 FORTALEZA – CE ABRIGO TIA JÚLIA

SÃO PAULO – SP CENTRO EDUCACIONAL INFANTIL BELÉM

Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 110 crianças onde 25 dessas crianças são portadoras de necessidades especiais Idade: de 0 aos 6 anos Área da unidade: 3.500 m²

Tipo de atendimento: Creche Nº de atendidos: 160 crianças Idade: de zero a 5 anos Área da unidade: 1.500 m²

GOIÂNIA – GO LAR DAS MENINAS DE PAI JOAQUIM

MACEIÓ – AL APALA (ASSOCIAÇÃO DOS PAIS E AMIGOS DOS LEUCÊMICOS DE ALAGOAS)

Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 50 crianças do sexo feminino, órfãs, vítimas do abandono e/ou maus tratos Idade: de 4 a 17 anos Área da unidade: 1.500 m²

2003

Tipo de atendimento: Casa de Apoio para crianças e adolescentes em tratamento de câncer Nº de atendidos: 360 pacientes ao ano Idade: de 0 a 19 anos Área da unidade: 914 m²

SÃO PAULO – SP RECANTO PRIMAVERA

Tipo de atendimento: Creche para crianças e espaço de múltiplas atividades para adolescentes Nº de atendidos: 130 crianças e adolescentes em atendimento posterior ao horário escolar Idade: de 6 a 14 anos Área da unidade: 1.000 m²

ARACAJU - SE ABRIGO SORRISO

Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 65 crianças Idade: de 0 a 6 anos Área da unidade: 900 m²

SALVADOR - BA AMAC - CRECHE (ASSOCIAÇÃO MENSAGEIRA DO AMOR CRISTÃO)

SÃO PAULO – SP CRECHE SANTO ANTÔNIO

Tipo de atendimento: Creche Nº de atendidos: 65 crianças Idade: de 0 a 4 anos Área da unidade: 1.400 m²

Tipo de atendimento: Creche Nº de atendidos: 80 crianças Idade: de 3 a 5 anos Área da unidade: 1.800 m²

SÃO PAULO - SP ABRIGO SANTANA

Tipo de atendimento: Abrigo para crianças e liberdade assistida (LA) para adolescentes Nº de atendidos: 65 crianças e 100 adolescentes (adolescentes que cometeram pequenos atos infracionais e são assistidos por psicólogo e recebem monitoramento com atividades complementares, em horário oposto ao escolar) Idade: de 4 a 17 anos Área da unidade: 1.500 m²

SALVADOR - BA AMAC - ABRIGO (ASSOCIAÇÃO MENSAGEIRA DO AMOR CRISTÃO) Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 80 crianças Idade: de 5 anos a 12 anos Área da unidade: 1.800 m²

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2005

CUIABÁ - MT FUNDAÇÃO ABRIGO BOM JESUS

Tipo de atendimento: Abrigo e semi-internato Nº de atendidos: 150 crianças Idade: de 2 a 14 anos Área da unidade: 1.200 m²

SÃO PAULO - SP CENTRO DE ASSISTÊNCIA E PROMOÇÃO SOCIAL NOSSO LAR

2004

Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 65 crianças Idade: de 0 a 7 anos Área da unidade: 1.000 m²

CUIABÁ - MT SETOR DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL DO CÂNCER DO MATOGROSSO

GOIANA - PE NÚCLEO SOCIAL NASSAU

Tipo de atendimento: Atendimento hospitalar para crianças e adolescentes em tratamento de câncer Nº de atendidos: 112 crianças e adolescentes Idade: de 0 a 17 anos Área da unidade: 656 m²

Tipo de atendimento: espaço para adolescentes Nº de atendidos: 200 jovens ao ano da população de baixa renda da região, em sistema educativo em horário posterior ao horário escolar Idade: de 12 aos 24 anos Área da unidade: 1.176 m²

POÇOS DE CALDAS - MG CENTRO EDUCACIONAL ROUXINOL

Tipo de atendimento: Creche Nº de atendidos: 81 crianças Idade: de 0 a 6 anos Área da unidade: 1.165 m²

TERESINA-PI LAR DA CRIANÇA MARIA JOÃO DE DEUS

BLUMENAU - SC CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTOJUVENIL PRIMEIRO SÃO JOÃO

Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 60 crianças Idade: de 0 a 12 anos Área da unidade: 1.500 m²

Tipo de atendimento: Creche e espaço para adolescentes (em horário posterior à escola) Nº de atendidos: 270 crianças e adolescentes Idade: de 0 a 16 anos Área da unidade: 1.328 m²

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2006

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MACEIÓ – AL AMBULATÓRIO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL DO AÇÚCAR

FLORIANÓPOLIS – SC SOCIEDADE JOÃO PAULO II

Tipo de atendimento: Creche e espaço para adolescentes Nº de atendidos: 225 crianças e adolescentes (em horário posterior à escola) Idade: de 3 a 17 anos Área da unidade: 870 m²

Tipo de atendimento: Atendimento ambulatorial quimioterápico para crianças e adolescentes em tratamento de câncer Nº de atendidos: 135 crianças e adolescentes Área da unidade: 448,20 m²

ARACAJU - SE SETOR DE ONCOLOGIA INFANTIL DO HOSPITAL GOVERNADOR JOÃO ALVES FILHO

BELÉM – PA EAPE (ESPAÇO DE ACOLHIMENTO PROVISÓRIO ESPECIAL)

Tipo de atendimento: Abrigo Nº de atendidos: 60 crianças portadoras de necessidades especiais. Atendimento externo de 200 crianças Idade: de 0 a 17 anos Área da unidade: 1.100 m²

Tipo de atendimento: Atendimento Hospitalar para crianças e adolescentes em tratamento de câncer Idade: de 0 a 19 anos Área da unidade: 200 m²

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FORTALEZA - CE CASA DO MENINO JESUS

Tipo de atendimento: Casa de Apoio para crianças e adolescentes em tratamento de câncer Nº de atendidos: 445 crianças e adolescentes Idade: de 0 a 17 anos Área da unidade: 1.618 m²

EM OBRAS: A INAUGURAR RECIFE - PE LAR DE CLARA

Tipo de Atendimento: Creche e atendimento ao adolescente (em horário posterior à escola). Idade: de 2 a 7 anos em sistema de creche e atendimento ao adolescente.

QUER SABER MAIS? ACESSE O SITE DO PROJETO CASA DA CRIANÇA

www.projeto casa da criança.com.br

Envie e-mail para contato@projetocasadacrianca.com.br Ou ligue (81)3467-9968

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a çã o FÓRUM Com o objetivo de promover a integração das empresas do ramo da construção civil como indústrias da construção, decoração, home centers, sindicatos e associações das construtoras, associações profissionais, objetivando gerar uma iniciativa organizada no setor para promover uma nova visão sobre as responsabilidades diante dos problemas sociais do Brasil, foi criado o FÓRUM NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO SOCIAL (FNICS).

FÓRUM NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO SOCIAL UMA INICIATIVA DO PROJETO CASA DA CRIANÇA O Fórum Nacional da Indústria da Construção Social nasceu da percepção do Projeto CASA DA CRIANÇA sobre o potencial transformador que a classe da construção tem em relação às ações sociais do País, a partir de sua experiência bem sucedida neste segmento. O FNICS aspira uma ampliação da rede social, permitindo estreitar relações entre o setor e outras organizações sociais sem fins lucrativos. A apresentação de casos bem sucedidos na área da arquitetura e construção, que atuam na melhoria da estrutura física de instituições de atendimento à comunidade de baixa renda, tais como empresas que exercem atividades sociais, constitui um grande exemplo para influenciar o setor privado a investir no social.

Atuação 2005

Solenidade de abertura do I FNICS, em 2005. Estiveram presentes (em pé, da esq. para a dir.): Patrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão (Projeto CASA DA CRIANÇA), Paulo Harry Schmalz (Amanco), Paulo Pepino (representando os Franqueados Sociais), Dorte Verner (Banco Mundial), Mª Antônia Civita e João Armentano (representando arquitetos e decoradores), Viviane Naigeborin (Ashoka), Bruno Ferraz (IAB-PE), Diana Servera (Fabrimar) e Cláudio Cons (ANAMACO)

O I FNICS foi realizado na FEICON, maior feira da América Latina no segmento da indústria da construção, o que possibilitou a apresentação e troca de experiências entre os diversos ramos da construção, arquitetura e ações sociais de ONGs, OSCIPs e fundações. As apresentações de casos bem sucedidos e modelos multiplicadores, a exemplo dos projetos sociais da Ação Moradia - SP, Mandalla – PB e PAP - RJ, bem como a participação de profissionais que atuam nos setores econômico e social nacional e internacional, entre os quais representantes da Ashoka (organização social presente em todos os continentes), do Banco Mundial e do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), permitiram trocas de experiência que demonstram a importância de fortalecer ações como essas. Principalmente, por despertar na visão empresarial a responsabilidade social para com o seu País.

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Atuação 2006

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O FÓRUM E O IAB XVIII CONGRESSO DE ARQUITETOS DO BRASIL Em 2006, a convite do IAB, o FNICS teve participação no XVIII Congresso de Arquitetos do Brasil. A participação no congresso promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil e organizado pelo Departamento do IAB de Goiânia (GO), cidade que acolheu o evento em 2006, gerou oportunidade de levar o conhecimento do fórum aos profissionais de todas as regiões do País. O tema do XVIII Congresso, Arquitetura e Urbanismo no contexto do desenvolvimento sustentável, teve como principal objetivo contribuir para a compreensão dos problemas, identificando trabalhos inovadores e novas formas de enfrentamento das questões em seus vários aspectos: socioambientais, tecnológicos, políticos, econômicos, entre outros, através de experiências e idéias de todo o País.

“O Projeto CASA DA CRIANÇA se destaca por ser tão bem estruturado. Acredito que é uma semente importante para influenciar a participação social, seja localmente ou nacionalmente. Impressiona a clareza do Projeto e da sua expansão” comenta Ruy Othake.

PALESTRANTES DO FÓRUM A mesa do FNICS foi composta por Patrícia Chalaça, arquiteta fundadora do Projeto CASA DA CRIANÇA; Renato Rocha, arquiteto e urbanista, vice-presidente do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil); Rui Ohtake, arquiteto e urbanista, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos – SP e Júlio Medeiros, arquiteto e urbanista, Franqueado Social do Projeto CASA DA CRIANÇA. A participação do FNICS no XVIII Congresso de Arquitetos do Brasil foi de grande importância para a reflexão do quão grande é a responsabilidade do arquiteto em permitir a sociedade “direitos iguais à Arquitetura”, independentemente da classe social. Uma profissão tida como “de elite”, aprofunda suas raízes na essência do ser arquiteto, e neste cenário, a palestra de Patrícia Chalaça evidencia o que se vem fazendo no Brasil através do Projeto CASA DA CRIANÇA que é dar o direito e acesso à Arquitetura às crianças da população de baixa renda, numa ação que transforma vidas a partir do espaço físico. “O Projeto CASA DA CRIANÇA, graças a Deus, a muito trabalho e aos muitos parceiros, dentre os quais mais de 2 mil arquitetos, está impactando e influenciando as políticas públicas, não apenas na área da criança e do adolescente, mas também através do FNICS, que abre uma nova porta para disseminar este direito à Arquitetura de um modo geral. Por onde passamos deixamos um exemplo concreto e mostramos aos governantes políticos a força da ação da própria sociedade, o que tem refletido em uma atuação mais competente por parte destes junto à comunidade de baixa renda” comenta Patrícia. O fórum agora tem o papel de unir essas correntes participativas e potencialmente transformadoras, como a classe dos arquitetos, empresários, associações das construtoras e organizações sociais, visando a construção de um Brasil melhor. Ruy Othake considerou a iniciativa uma ação exemplar para a classe dos arquitetos.

Participaram da mesa do FNICS: da esquerda para a direita, Renato Rocha, Rui Ohtake, Júlio Medeiros e Patrícia Chalaça.

Patrícia Chalaça

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Júlio Medeiros, arquiteto e franqueado social do Projeto, faz sua participação na mesa do FNICS 2006

Inscrições Fichas de inscrição: www.projetocasadacrianca.com.br Informações: contato@projetocasadacrianca.com.br (81) 3467-9968 – Falar com Laura Cavalcanti


a çã o SAÚDE

MÉDICOS QUE SÃO EXEMPLO PARA O BRASIL DOIS CASOS INSPIRADORES, DIGNOS DE RESPEITO DE TODOS NÓS CIDADÃOS BRASILEIROS são apresentados nesta seção Ação Saúde. Coincidentemente ambos de médicos nordestinos, sendo um caso no Estado do Ceará e outro em Pernambuco, que nos mostram o lado humanitário dos médicos, muitas vezes tidos como pessoa frias, devido a seu cotidiano. Dra. Islane Verçosa, uma mulher do Ceará, de uma sensibilidade implícita na sua causa, que basta falar das suas crianças para brilharem seus olhos, ora por gratidão em função dos resultados já alcançados, ora pela indignação e frustração diante da falta de atendimento que milhões de crianças da população de baixa renda enfrentam, chegando, às vezes, à cegueira. Conversar com Islane é aprender mais sobre os limites dos médicos, é perceber que se eles receberem o apoio necessário, muito pode

ser feito. De propostas simples, podemos ter grandes resultados! Islane transcende este conceito com a magnitude da paixão pela causa, pela vida, pelas crianças, pela certeza de que somos todos iguais, ricos ou pobres e de que, unidos, poderemos dar a qualidade na área de saúde a que toda a população de baixa renda tem direito, especialmente as crianças. Não menos envolvente foi conhecer Dr. Mauri Cortez, cirurgião pernambucano especializado em correção de má-formações congênitas, que tive o privilégio de conhecer sua causa social, o SOS Mão Criança. Por acaso, neste dia ele usava a camiseta da sua organização social... Acaso? Para alguns sim, para mim, a certeza de que Deus nos faz instrumentos para melhorar a vida de outros menos favorecidos. Dr. Mauri e seu sócio, Dr. Rui Ferreira, também parceiro na causa social, atuam com ações humanitárias e

Por Patrícia Chalaça

realizam cirurgias por conta própria, não apenas como voluntários, mas ainda arcando com os custos necessários. Hoje contam com o apoio de alguns amigos e empresários a quem pedem contribuições com a certeza de estarem fazendo o mínimo por essas crianças tão cheias de esperança de poder usar suas mãozinhas. Eles utilizam parte do seu tempo para fazer reuniões, contatos, análises das necessidades, levantamento das estatísticas e se deparam com dados assustadores sobre a carência enorme de cirurgias e fundamental acompanhamento com tratamento de fisioterapia para permitir que casos simples ou complexos possam resultar em uma vida digna para tantas crianças. Dr. Rui apontou com extremo descontentamento o fato de realizarem apenas uma vez por semana, em um turno da manhã, cirurgias em mãos em hospitais públicos. A demanda os fazia frustrados, apesar de tanta sapiência em suas especialidades. Soma-se a esta frustração a admiração ao trabalho realizado pelo médico francês Dr. Alain Gilbert, que lecionou a ambos quando estudaram na França. Ele faz parte da rede La Chaine de L’Espoir e atua voluntariamente, realizando cirurgias nos diferentes continentes e atendendo à população de baixa renda. A experiência junto ao Dr. Alain Gilbert poderia ser apenas mais uma oportunidade de conhecer ações sociais, mas eles foram além: iniciaram missões, criaram uma organização sem fins lucrativos e estão sonhando com o atendimento de qualidade para nossas crianças do Nordeste, quem sabe do Brasil... Os casos a seguir são exemplos para todos nós e principalmente para o poder público, que tem ao alcance profissionais competentes, comprometidos, e que provam que, quando se quer, é possível fazer. Este é o nosso BRASIL!

GUERRA CONTRA

a Cegueira Infantil 34

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Dra. Islane Verçosa e a CAVIVER: o tratamento precoce de retinopatias aumenta as chances da criança se recuperar totalmente

HÁ 16 ANOS, DRA. ISLANE VERÇOSA, DE FORTALEZA-CE, VEM TRABALHANDO PARA DIMINUIR O ALASTRAMENTO DA CEGUEIRA INFANTIL ENTRE AS CRIANÇAS CARENTES do Estado do Ceará e do Brasil. Hoje, aliada à OMS (Organização Mundial de Saúde), à IAPB (Agência Internacional de Prevenção da Cegueira) e ao VIDI (Instituto da Visão e Desenvolvimento), e apoiada pela Cristoffel Blindness Mission, uma ONG Alemã, Dra. Islane pôde dar continuidade ao trabalho da CAVIVER, sua instituição de diagnóstico e tratamento no combate à cegueira infantil. Muitos não conhecem o impacto no desenvolvimento de uma criança causado pelo glaucoma congênito, retinopatia da prematuridade, catarata congênita e por outros problemas que acometem 100 mil das crianças nascidas na América Latina por ano. Caso a criança não receba tratamento entre a 4ª e 6ª semana de vida, o quadro evolui resultando em baixa visão ou cegueira. Com base neste dado, mais e mais pediatras têm sido treinados para poder chegar a este diagnóstico rapidamente. A evolução do quadro no município de Fortaleza pode ser observado pelo aumento no número de atendimentos entre 2002 e 2006. No ano de 2002 nasceram 340 recém-nascidos de baixo peso, ou seja, menos de 1.500 gramas. Somente 40 (11,7%) tiveram a oportunidade de mapeamento da retina e, desses, 16 apresentavam ROP (retinopatia da prematuridade - uma doença vascular da retina de prematuros) em estágio grave. Desde 2004, 70% dos recém-nascidos de baixo peso estão sendo examinados. Entre os anos de 2004 e 2006, 34 crianças com ROP grave foram tratadas com sucesso. Sendo tratada por meio de cirurgia, a

criança tem chances de se recuperar totalmente. Contudo, a cirurgia a laser não basta. Além da intervenção cirúrgica, deve haver acompanhamento e tratamento de reabilitação visual, tanto motora quanto cognitiva – habilidades que sofrem grande depreciação já que são diretamente relacionadas e dependentes da visão. Esse tratamento geralmente é multidisciplinar, envolvendo atividades que englobam as funções neuro e psicomotoras da criança. Hoje Dra. Islane atende a crianças gratuitamente no Hospital Geral de Fortaleza e na Clínica de Aperfeiçoamento Visual Islane Verçosa (CAVIV). No Hospital, são realizadas cirurgias às terças-feiras, com material providenciado pela Dra. Islane e o espaço disponibilizado pelo hospital gratuitamente. O acompanhamento e trabalho de reabilitação é dividido entre o Hospital Geral e a CAVIV. Além da colaboração do Hospital, o projeto CAVIVER recebe apoio financeiro de instituições internacionais para a compra de materiais necessários à realização dos procedimentos. Até 2004, Dra. Islane arcava com os custos de suas ações voluntárias até que teve a oportunidade de apresentar seu projeto formalmente para algumas instituições internacionais. Após processos de seleção, dois encontros com representantes de entidades internacionais e análise da proposta, a Cristoffel Blindness Mission entre outras, resolveu apoiar o projeto CAVIVER e possibilitou a expansão de seu trabalho. Além de prover tratamento cirúrgico e acompanhamento às crianças, o programa visa educar e preparar pediatras do Brasil para combater a cegueira infantil. Quando não está operando ou atendendo, Dra. Islane se dedica a treinar pediatras em formação. Seu objetivo

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é ajudá-los a reconhecer como a baixa visão pode afetar o desenvolvimento de uma criança e diagnosticar corretamente casos que às vezes são mais simples do que parecem. Segundo Dra. Islane, “muitas vezes crianças são diagnosticadas com paralisia cerebral ou autismo, quando, na verdade, têm apenas um problema na visão o que afeta seu reconhecimento do mundo ao redor, sua habilidade motora, dentre outros sentidos e leva a diagnósticos equivocados.” Segundo relatório do projeto de prevenção à cegueira infantil no Ceará, “foram treinados aproximadamente 250 pediatras para a realização do exame do reflexo vermelho, para detecção de leucocorias (pupila branca). Além disso foram realizados treinamentos na SOCEP (Sociedade Cearense de Pediatria) e nas unidades neonatais. Através do teste do olhinho, que é realizado com oftlamoscópio direto em todos os recém-nascidos vivos é possível identificar as principais causas de baixa visão na infância, inclusive o retinoblastoma, que é o tumor ocular mais freqüente. Com a presença de alguma anormalidade do reflexo vermelho, a criança é encaminhada para uma unidade de oftalmologia para o diagnóstico e tratamento. Foi desenvolvida uma rotina de diagnóstico e tratamento mais precoce da catarata congênita no ambulatório do HGF, sob a supervisão da Dra. Islane Verçosa e Dr. Carlos Afonso Silva, sendo tratados 3 a 4 casos por semana, totalizando119 cirurgias de catarata congênita entre abril de 2004 e junho de 2006.” Os Serviços de Estimulação Visual Precoce e Visão Subnormal no Hospital Geral de Fortaleza ficam por conta da terapeuta ocupacional especializada em atendimentos de crianças em baixa visão, Marisol de Araújo Cavalcante. O projeto CAVIVER da Dra. Islane Verçosa é um exemplo de resultado no seu estado e para todo o Brasil na redução da cegueira por retinopatia da prematuridade, a partir da implantação do exame de reflexo vermelho com rotina nas unidades neonatais, e da implementação de uma rotina de tratamento clínico e cirúrgico às crianças com baixa visão, com prioridade à catarata congênita, e da implementação de um serviço de reabilitação das crianças com baixa visão.


aç ão SAÚDE

SOS MÃO CRIANÇA EM 1998 FIRMOU-SE UMA SOCIEDADE ENTRE DOIS ESPECIALISTAS EM CIRURGIA DE MÃO DO RECIFE QUE SE MOSTRARIA MAIS PROVEITOSA DO QUE SE IMAGINAVA HÁ QUASE UMA DÉCADA OS MÉDICOS RUI FERREIRA E MAURI CORTEZ SÃO SÓCIOS PROPRIETÁRIOS DO HOSPITAL SOS MÃO RECIFE, único hospital do Brasil especializado unicamente em cirurgias de mão e pioneiro, no Norte e Nordeste, em intervenções cirúrgicas em nervos periféricos com o uso de células tronco retiradas da medula óssea do paciente. Ambos cumpriram temporadas de estudos na França quando criaram ligação com um dos maiores especialistas em cirurgias de mão no mundo, Dr. Alain Gilbert. Esta ligação com Dr. Gilbert gerou a parceria com La Chaine de L’Espoir (ONG francesa que promove missões humanitárias no mundo inteiro) e a iniciativa de executar missões em Recife. Essas missões são direcionadas ao atendimento e tratamento cirúrgico de crianças com má-formações congênitas nos membros superiores e inferiores. Ainda não se sabe a verdadeira incidência de casos de crianças nascidas com má-formações. Estima-se que, por ano, 1% a 2% das crianças que nascem tem membros superiores ou inferiores defeituosos. A causa deste problema também não pode ser atribuída a uma só fonte, dado que uma causa pode resultar em diferentes defeitos ou que um defeito pode ter uma miríade de causas.

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AÇÃO CONJUNTA Dr. Alain Gilbert (à esquerda); Ao centro, o maestro Arthur Moreira Lima entre o Dr. Maury Cortez e o Dr. Rui Ferreira, no concerto solidário promovido para custear uma missão do SOS Mão Criança. À direita, Dr. Mauri Cortez, ativos no atendimento e tratamento cirúrgico de crianças carentes no Recife

“Quando crianças todos nós usamos as mãos como instrumento de aprendizado, para entrar em contato com o ambiente que nos cerca e descobrir o mundo. Entretanto muitas crianças com deformidades congênitas nas mãos sentem-se desestimuladas diante das dificuldades - a maioria abandona a escola por não conseguir segurar um lápis.”

Crianças carentes nascidas com mãos, braços e pés defeituosos muitas vezes não se tratam por temor ou ignorância, mas principalmente por falta de condições financeiras. Uma intervenção cirúrgica para a correção de uma má-formação pode custar de R$3 mil a R$30 mil e a maioria dos convênios de saúde não cobrem este tipo de procedimento. Soma-se a isso o fato de que apenas a cirurgia não soluciona por completo todos os problemas resultantes de uma má-formação. Acompanhamento com tratamento terapêutico e de fisioterapia é de suma importância para a recuperação dos movimentos, domínio motor e eliminação da estigma causada por tais deformações. Pensando nisso, os Drs. Rui e Mauri decidiram criar o Instituto SOS Mão Criança que atende a crianças carentes entre 0 e 12 anos de idade. Hoje, o Instituto realiza em média 10 cirurgias por mês. Além de providenciar acompanhamento de fisioterapia no próprio Hospital SOS Mão Recife. Está em fase de negociação a compra de uma casa de apoio perto do hospital para que crianças em tratamento e sua família possam permanecer em Recife até o final do tratamento. Então poderão ser prestadas também aulas de ar-

tes e lazer para ajudar no desenvolvimento da mobilidade das mãos e pés das crianças. “Quando crianças, todos nós usamos as mãos como instrumento de aprendizado, para entrar em contato com o ambiente que nos cerca e descobrir o mundo. Entretanto muitas crianças, portadoras de deformidades congênitas nas mãos, sentem-se desestimuladas diante das dificuldades que a limitação física lhes impõe. A maioria abandona a escola antes mesmo da alfabetização por não conseguir segurar um lápis”, explica o Dr. Rui. Enquanto a casa de apoio não se estabelece, os médicos fundadores do Instituto SOS Mão Criança vão ajudando as crianças como podem, mobilizando e sensibilizando outros médicos para esta causa, buscando parcerias para o instituto e organizando missões humanitárias nas suas horas vagas. A primeira missão ocorreu entre os dias 20 e 23 de dezembro de 2005, em comemoração às 10.000 cirurgias completadas em 2005 pelo Hospital SOS Mão Recife. Nesta primeira iniciativa foram examinadas 600 crianças, das quais 150 tinham má-formações mais agravadas. Destas 150 crianças, 42 foram submetidas a procedimentos cirúr-

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gicos corretivos. Desde então ocorreram duas outras missões, ambas no ano de 2006. Entre os dias 28 e 31 de agosto, 65 crianças foram operadas e continuam em tratamento no Hospital SOS Mão Recife. Pouco antes desta segunda missão ocorreu o “Concerto para 80 mãos”, quando o pianista Arthur Moreira Lima fez um espetáculo no Teatro Santa Isabel e toda a renda do concerto (e do jantar que ocorreu em seguida) foi revertida para custear a segunda missão do Instituto SOS Mão Criança. A mais recente missão aconteceu entre os dias 22 e 25 de novembro de 2006, quando foram atendidas 40 crianças. Desta vez, participaram os médicos de Recife (Dr. Rui Ferreira, Dr. Mauri Cortez, Dr. Guilherme Cerqueira e Dr. Marco Cortez), além do francês Dr. Alain Gilbert. Segundo Dr. Rui Ferreira, as missões são extremamente produtivas nesta fase do projeto, pois servirão para equilibrar o número de crianças necessitadas urgentemente de intervenção cirúrgica e possibilitar um atendimento constante e melhor distribuído durante o ano no hospital em Recife. Desta forma, será mais fácil atrair outros médicos para doar seu tempo.


3º se to r

conhecendo o terceiro setor

AVINA

paços de atendimento à criança socialmente desASPIRANDO A UMA favorecida em espaços AMÉRICA LATINA com qualidade.” INTEGRADA, SOLIUNINDO A AMÉRICA LATINA, ESTA ORGANIZAÇÃO DÁRIA E DEMOCRÁ3. Conservação e adTICA, inspirada na sua SUÍÇA INCENTIVA O DESENVOLVIMENTO ministração dos recurdiversidade e construíSUSTENTÁVEL INSPIRADO NA DIVERSIDADE sos naturais: Estimular a da através de uma cirelação harmônica entre dadania que se posicioo ser humano e a naturena globalmente a partir za, contribuindo com a biode seu modelo próprio de diversidade, o manejo intedesenvolvimento inclusivo grado dos recursos naturais e e sustentável é criada em com a visão da água como um 1994 a organização suíça bem público, para que as atuAVINA. ais e futuras gerações possam vi Fundada por Stephan Schmidheiny, empresário suíço, a AVIver dignamente. Este é o objetivo do NA é uma organização internacional Peruano Joaquín Leguía, administrador que aspira ao desenvolvimento sustentável do programa Terra das Crianças, que tem da América Latina. Atualmente, são mais 300 hectares e 1.500 crianças inscritas em de 1.000 empreendedores sociais, denotodo o Peru e parte do Brasil. O programa minados “Líderes-Parceiros” que atuam em a inclusão social, a sustentabilidade ambien- visa criar uma relação de harmonia entre as diversos Países do continente. Os Líderes- tal, a responsabilidade social empresarial, crianças e a terra, estabelecendo uma atiParceiros da AVINA demonstram visão trans- o comércio justo e a cultura empreendedora. tude de respeito aos recursos naturais que formadora, possuem histórias de dedicação, Com este enfoque, surgiu no Brasil o Movi- perdura até a idade adulta. espírito cooperativo, criatividade e empre- mento Nacional dos Catadores de Materiais endedorismo social. Devem ser articuladores Recicláveis, que visa diminuir o número de 4. Governabilidade democrática e estado de alianças inter-setoriais, locais, nacionais, intermediários entre o catador e a empresa de direito: Fomentar a participação aticontinentais e globais: geradores de inicia- que é paga por coletar o lixo. A iniciativa va da sociedade organizada na busca de tivas com potencial de impacto e escala, e vem contribuindo para a inclusão justa des- acordos entre a diversidade de atores para tes trabalhadores e a sustentabilidade am- a melhoria dos sistemas políticos e públicos, capazes de atuar em rede. A organização possibilita facilitar os biental do País. a tomada de decisões, sua implementação vínculos entre pessoas comprometidas com e controle. Mais do que apoio financeiro a o desenvolvimento sustentável das comuni- 2. Equidade: Promover a igualdade de organizações que visam igualdade perante dades, para que se tornem cada vez mais oportunidades para o pleno desenvolvimen- as políticas públicas, a AVINA vem ajudando construtivas e colaborativas, tendo como to de indivíduos e comunidades, o acesso a a implementar e transferir planos de ação principal valor a ser buscado a plena reali- formas dignas de trabalho e aos bens e ser- para diferentes organizações. zação do ser humano, em contexto de har- viços públicos de qualidade, dentro de um marco de promoção e respeito aos direitos monia individual, social e ambiental. A AVINA reconhece que vivemos em humanos. A exemplo do trabalho realizado sociedades muito fragmentadas e que nos Os esforços da AVINA se concentram em pelo Projeto CASA DA CRIANÇA, que vem tempos atuais existe uma tensão entre a lutando pelos direitos iguais à moradia para agenda socioambiental e os desafios da quatro áreas principais: as crianças e adolescentes menos favoreci- responsabilidade empresarial. Por isso assu1. Desenvolvimento econômico sustentá- das de nosso País. O Projeto, segundo sua mem como missão contribuir para o diálogo vel: Estimular a adoção de padrões de pro- fundadora, Patrícia Chalaça, “Quebra pa- crítico, livre e construtivo entre estes setores. dução, comercialização e consumo que fa- radigmas culturais, a partir da mobilização Em 1994 tornou-se parceira da ASHOKA, voreçam a solidariedade, a reciprocidade, da sociedade para atuar e transformar es- e permitiu que a Ashoka ampliasse e con-

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solidasse seu trabalho de identificação e apoio a empreendedores sociais na América Latina. Outros parceiros da AVINA são a AGS, uma parceria multinacional de universidades que promove a pesquisa multidisciplinar e a educação universitária em desenvolvimento sustentável; o movimento Fé e Alegria; a organização Centro Magis; e a CLACDS, instituição acadêmica com foco prático, que promove pesquisas e iniciativas vinculadas ao desenvolvimento sustentável e à competitividade.

PATRÍCIA CHALAÇA Projeto CASA DA CRIANÇA Escritório AVINA: Salvador Nordeste Área de Atuação: Educação, Participação cidadã patricia@projetocasadacrianca.com.br www.projetocasadacrianca.com.br

líd er es -pa rc eir os AV INA

MARIA APARECIDA BENTO Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades Escritório AVINA: Belo Horizonte Área de Atuação: Promoção da Multiculturalidade ceert@uol.com.br www.ceert.org.br

Os Líderes-Parceiros AVINA são empreendedores sociais que recebem apoio e colaboração da organização para que os objetivos dos seus projetos sejam alcançados. Com visão de longo prazo e objetivos bem definidos, os Líderes –Parceiros trabalham de forma planejada, disciplinada e realista frente aos problemas sociais que desejam combater, administrando todas as etapas de seus projetos de forma realista e atuando nos diversos setores sociais: educação, direitos das crianças e adolescentes, meio ambiente, saúde, esportes, arte-cultura, combate à violência, desenvolvimento sustentável, etc.

CESARE DE FLORIO LA ROCCA Centro do Projeto AXÉ de Defesa e Proteção à Criança e ao Adolescente Escritório AVINA: Salvador Nordeste Área de Atuação: Participação cidadã projetoaxe@projetoaxe.org.br www.projetoaxe.org.br MISSÃO: Prestar serviços de educação e defesa dos direitos de crianças e adolescentes em circunstâncias especialmente difíceis.

CLAUDIA WERNECK Escola de Gente Escritório AVINA: Belo Horizonte Área de Atuação: Participação cidadã escoladegente@escoladegente.org.br www.escoladegente.org.br MISSÃO: Despertar a sociedade para o exercício de valores inspirados na diversidade humana, por meio de ações de comunicação em inclusão, defendendo, prioritariamente, os direitos de crianças e jovens com deficiência previstos na Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência e na Resolução 45/91 da ONU por um mundo inclusivo, para todos.

MISSÃO: Proporcionar um futuro melhor para as crianças e adolescentes através do Projeto CASA DA CRIANÇA, que reforma e constrói creches, abrigos, espaços para adolescentes e para crianças com necessidades especiais ou em tratamento de câncer, além de desenvolver outros programas, como o Cia dos Anjos, que fortalece o atendimento nas unidades após as intervenções.

MISSÃO: Conjugar produção de conhecimento com programas de intervenção no campo das relações raciais e de gênero, buscando a promoção da igualdade de oportunidades e tratamento e o exercício efetivo da cidadania.

HÉLIO MATTAR Instituto Akatu Escritório AVINA: Belo Horizonte Área de Atuação: Eco-eficiência aron@akatu.net www.akatu.net MISSÃO: Educar para o consumo consciente, informando, sensibilizando, instrumentando, mobilizando e animando cidadãos para assimilarem o conceito e a prática do consumo consciente em seus comportamentos e atitudes.

DENISE BOPPRÊ Música e Dinâmica como Auxílio Socioeducativo – MUDICASE Escritório AVINA: Curitiba Área de Atuação: Participação cidadã mudicase@mudicase.org.br www.mudicase.org.br MISSÃO: Proporcionar às crianças, da educação infantil ao ensino fundamental, a integração no processo de aprendizagem e socialização através da música e da vivência artística, auxiliando na descoberta das potencialidades inatas das crianças.

CARMEN LUZ Companhia Étnica de Dança e Teatro Escritório AVINA: Belo Horizonte Área: Promoção da multiculturalidade carmen@ciaetnica.com.br MISSÃO: Conceber, produzir e divulgar ações e produtos artísticos, culturais e educacionais com a finalidade de valorizar afro-descendentes no Brasil/Exterior, construir auto-estima, identidade e promover inclusão social de jovens e crianças oriundos de famílias de baixa renda, especialmente moradores de favelas.

PHILIPPE WALDHOFF Escola Agrotécnica Federal de Manaus Escritório AVINA: Manaus Área de Atuação: Promoção da Multiculturalidade timtim@internext.com.br MISSÃO: Formar técnicos voltados ao manejo do ecossistema florestal na Amazônia, considerando aspectos técnicos, ambientais, sociais e culturais; desenvolver e apoiar projetos que venham a promover o desenvolvimento sustentável por meio do manejo florestal, integrando o conhecimento técnico à formação humana.

BERTRAND SAMPAIO DE ALENCAR Associação Pernambucana de Defesa da Natureza Escritório AVINA: Salvador Nordeste Área de Atuação: Participação cidadã bertrandsa@uol.com.br www.aspan.org.br MISSÃO: Promover a defesa da natureza, dos recursos naturais e da qualidade de vida das populações de um modo geral, em particular das mais pobres e desprotegidas, visando o despertar da consciência ambiental e o exercício pleno da cidadania para influir nas políticas públicas que afetem, direta ou indiretamente, a saúde, a segurança e o bem estar social.

A lí de re s- pa rc ei ro s AV IN INTERNACIONAIS CHILE BARTOLOMÉ SILVA El Circo del Mundo Chile Escritório AVINA: Santiago Área de Atuação: Fortalecimento institucional bartolo@elcircodelmundo.com www.elcircodelmundo.cl MISSÃO: Promover fatores protetores para crianças e jovens em risco social, utilizando a arte circense como ferramenta educativa e de intervenção social. ESPANHA ANTONIO GARCÍA ALLUT Fundación Lonxanet para la Pesca Sostenible Escritório AVINA: Barcelona Área de Atuação: Gestão de recursos naturais angaat@telefonica.net www.lonxanet.org MISSÃO: Promover a pesca sustentável, a divulgação dos valores da pesca artesanal e arqueológica, a preservação do ambiente marinho e o desenvolvimento de um turismo específico; tudo em colaboração com os agrupamentos de pescadores ou de instituições que as substituam.

* Conheça outros Líderes-Parceiros AVINA em: www.avina.net

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conhecendo uma unidade

EAPE

Espaço de Acolhimento Provisório Especial - PA O Projeto CASA DA CRIANÇA proporcionou ao abrigo público EAPE, que atende a crianças portadoras de necessidades especiais em Belém do Pará, ser referência nacional de atendimento - fruto da reforma realizada com contrapartida do Governo do Estado do Pará

FOTOS MÁRIO ÁLVARES

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O PROJETO CASA DA CRIANÇA VEM ATUANDO DESDE 1999 aplicando sua metodologia multiplicadora através da franquia social, que reforma e humaniza abrigos, creches, espaços de atendimento ao adolescente e espaços de tratamento do câncer infanto-juvenil, objetivando proporcionar melhor qualidade de vida às crianças e adolescentes socialmente desfavorecidos do Brasil. Em 2005, ampliando suas ações, o Projeto CASA DA CRIANÇA passa a atuar em unidades de atendimento a crianças portadoras de necessidades especiais, dando início às suas atividades também na região Norte do País, na cidade de Belém do Pará. A unidade beneficiada foi o EAPE (Espaço de Acolhimento Provisório Especial), instituição pública que abriga 60 crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais, com idades de 0 a 17 anos e presta atendimento externo a 300 crianças da comunidade. A intervenção realizada no EAPE, que tem como mantenedor responsável o Governo do Estado do Pará, demonstrou na prática que é possível realizar uma parceria com resultados positivos entre o primeiro, segundo e terceiro setores. O Projeto CASA DA CRIANÇA firmou convênio com o poder público estadual para atuar no imóvel onde funciona o EAPE / Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (FUNCAP) e, através da mobilização de parceiros solidários nacionais e locais, reformou, ampliou, equipou e mobiliou o prédio, que passou a contar com 1.100 metros quadrados, aliando o abrigo de crianças especiais a um centro de reabilitação. A união de forças em prol de uma causa nobre como a realizada no EAPE não beneficiou apenas as crianças e adolescentes abrigadas na instituição, mas também ampliou o atendimento àquelas portadoras de necessidades especiais que há muito necessitavam de um serviço de qualidade na região, mas não possuíam condições financeiras para terem acesso a isso. A ampliação no atendimento às crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais da comunidade foi possível devido à construção do Centro de Reabilitação realizada pelo Projeto CASA DA CRIANÇA, que, através da atuação das


rapia, musicoterapia, psicoterapia e acompanhamento médico pediátrico. O EAPE é hoje uma instituição de referência no atendimento a crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais não apenas para o Pará, mas para o Brasil, demonstrando concretamente que é possível disponibilizar ao portador de necessidades especiais espaços lúdicos, atendimento adequado e, sobretudo, humanizado, para que o público atendido possa se desenvolver de acordo com suas possibilidades exercendo seu direito a uma vida digna e com qualidade.

FOTO ARQUIVO

FOTOS MAURO ALVARES

franqueadas sociais da cidade e da captação de parcerias com empresários do ramo da construção civil, arquitetura e decoração, fizeram a doação de produtos e serviços que possibilitaram a realização de uma ação como essa. O governo do Estado, por sua vez, realizou a parceria delineada através da Secretaria Executiva de Saúde do Pará (SESPA) e da FUNCAP. Foi criado um novo modelo de gestão para o EAPE, em que a gerência administrativa e operacional fica sob a responsabilidade de uma entidade não-governamental sem fins lucrativos - o Instituto Pobres Servos da Divina Providência, especializado na área de saúde e assistência social, proporcionando melhor preparo para atender às novas demandas e realizar a manutenção adequada da instituição. Atualmente o abrigo trabalha com três modalidades de atendimento: espaço educativo, clinica interdisciplinar e terapia cognitiva. Segundo Cecília Soraya de Almeida, diretora em exercício do EAPE, “no espaço físico, além do abrigo, começou a funcionar ainda em 2006 uma unidade de referência especial em reabilitação infantil (URE-REI), para atendimento de 250 crianças por mês, menores de 12 anos, com deficiências neurológicas pela rede de serviço credenciado ao SUS”. A proposta é realizar um atendimento altamente especializado, respeitando o histórico familiar de cada criança. Está funcionando com equipe diariamente em sistema de plantões, composta por 6 fisioterapeutas, 2 fonoaudiólogos, 2 psicólogos, 2 pedagogos, 3 terapeutas ocupacionais, 3 assistentes sociais, 1 neurologista infantil, 1pediatra, 1 médica clinica, 7 enfermeiras, 1 nutricionista, 36 técnicos de enfermagem e 26 monitores. O Projeto CASA DA CRIANÇA entregou o EAPE ao Governo do Estado do Pará em Junho de 2006, momento em que a nova equipe ingressou no abrigo e centro de reabilitação, possibilitando um grande salto qualitativo e quantitativo no atendimento a crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais. Um atendimento diferenciado, completo, que além de dos tratamentos de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional, oferece ainda hidrote-

A intervenção realizada no EAPE – que tem como mantenedor responsável o Governo do Estado do Pará – demonstrou na prática que é possível realizar uma parceria com resultados positivos entre o primeiro, segundo e terceiro setores.

ATIVIDADE COM A TERAPEUTA OCUPACIONAL NA ÁGUA

ATIVIDADE COM PINTURA

SALA DE COMPUTAÇÃO

SALA DE PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL E TERAPIA OCUPACIONAL

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UM NOVO OLHAR PARA

A AÇÃO HUMANA MINHA EXPERIÊNCIA COM O EAPE Por Maria Isabela Araújo Andrade

Tive contato com o Projeto, através de uma grande amiga que é Franqueada do Projeto Casa da Criança aqui em Belém, uma das cidades premiadas com essa belíssima obra. Como não acredito no acaso, sei que foi obra divina. Meu anjo da guarda me colocou em contato com essas pessoas, me apaixonei de imediato! Já conhecia as crianças e os profissionais do abrigo, por ter desenvolvido um atendimento com a psicomotricidade relacional. A cada encontro, mostrava-lhes a importância do papel que assumem frente ao constante desafio de ser, além de profissionais, os substitutos das figuras parentais. Fez-se necessário, neste caso, desenvolver suas potencialidades, autoestima e sensibilidade para a escuta do outro. Um outro que muitas vezes apresenta inúmeras dificuldades como, por exemplo, não poder andar, falar e muito menos brincar, pois a única forma de se comunicar é com o olhar. A Constituição propõe que “toda criança tem direito à educação, saúde, a assistência social, a um lar e que seja assistida em sua infância e adolescência.” O referido pressuposto garante a assistência em instituições e abrigos para crianças, que porventura sofram qualquer tipo de abandono de suas famílias ou estejam em situação de risco e precisando de um atendimento em suas especificidades e necessidades especiais. No momento em que todos os caminhos buscam a inclusão social, tendo como foco principal o exercício pleno da cidadania, a sociedade deveria estar se organizando na construção de um NOVO

OLHAR PARA A AÇÃO HUMANA. A criança ou adolescente em situação de abandono necessita de um lar, um espaço alegre, com muita cor, descontraído, onde ele possa desfrutar de um mínimo de conforto e segurança para que, a partir desta estabilidade ele adquira confiança no outro. Juntamente com o espaço, faz-se necessária uma equipe que cuide das crianças e tenha sensibilidade, “um olhar diferenciado”. Segundo Ibrahim Danyalgil Jr, “mascarar os conflitos, fazer de conta que eles não existem reforça o preconceito e contribui para a formação de patologias sociais”. O grande desafio do Projeto CASA DA CRIANÇA é criar espaços onde as ferramentas que compõem a estrutura física, tijolos, barro, areia e tinta, tornassem esses ambientes mais aconchegantes. Construindo, além de um espaço interior prazeroso, um espaço onde haja troca e crescimento pessoal. Um momento de compartilhar e AMAR. Isso só é possível se o ambiente físico e humano for adequado, para que os estímulos necessários em prol de seu crescimento de fato ocorram. E esta é a proposta do novo EAPE, após a intervenção do Projeto CASA DA CRIANÇA, onde foram criados ambientes físicos mais adequados e lúdicos que contribuem para um atendimento de qualidade no espaço que abriga crianças com necessidades educativas especiais tendo um único propósito de “SER E FAZER FELIZ”.

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FOTOS MAURO ALVARES

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ac on te ce u

As Franqueadas Sociais Belém: Fátima Petrola, Roberta Frigeri, Elizabete Grunvald e Lílian Almeida recebem para o evento de Inauguração: Patrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão (Fundadores do Projeto), Lavínia Mata (Coordenadora Nacional de Franquia), Paulo Pepino (Franqueado Fortaleza), Mário César Sperb (Franqueado Porto Alegre) e Rosana Cervo (Franqueada Florianópolis)

BELÉM-PA

INAUGURAÇÃO DO ABRIGO EAPE BELÉM

Em 29 de junho de 2006, foi inaugurado o Abrigo EAPE (Espaço de Acolhimento Provisório Especial) – Belém do Pará que atende a crianças portadoras de necessidades especiais. A unidade, que tem como mantenedora o Governo do Estado do Pará, é um exemplo concreto de união entre primeiro, segundo e terceiro setor.

RECIFE – PE

I SEMINÁRIO NORTE-NORDESTE

SOBRE GESTÃO CONTÁBIL E JURÍDICA NO TERCEIRO SETOR O Projeto CASA DA CRIANÇA, na pessoa

do diretor administrativo-financeiro, Alberto Moreira, participou do I Seminário Norte-Nordeste sobre Gestão Contábil e Jurídica no Terceiro Setor, de 13 a 15 de setembro de 2006, no Hotel Best Western Manibu. O objetivo do seminário foi orientar os profissionais que atuam no terceiro setor para as novas exigências fiscais, jurídicas e de gestão estratégica e financeira dessas entidades, tendo como público alvo diretores, tesoureiros, contadores, advogados, dirigentes, administradores e demais profissionais que atuam em organizações do terceiro setor. Participaram como palestrantes importantes nomes das áreas jurídica e contábil, dentre eles: Dr. Sérgio Monello (com o tema “Organização jurídica das entidades beneficentes – estatutos e regimentos”); Dra. Marli Borges (com o tema “Imunidade e isenções no terceiro setor e captação de recursos para projetos sociais”); Ivan Pinto e Alexandre Chiaratti (com o tema “As obrigações contábeis das entidades sem fins lucrativos”). RECIFE – PE

LAR DE CLARA PARTICIPA

DA 5ª FICONS 2006

MACEIÓ-AL

INAUGURAÇÃO DA UNIDADE MACEIÓ

Inaugurada em 19 de julho de 2006 a sede do Ambulatório de Oncologia Pediátrica do Hospital do Açúcar, em Maceió, com 500 m² de área total. No local, as crianças e adolescentes recebem tratamento quimioterápico, atendimento médico, acompanhamento social e psicológico, e realizam atividades complementares na brinquedoteca e recreação. Em 2003, o Projeto CASA DA CRIANÇA reformou a casa de apoio à criança e ao adolescente com câncer (APALA), que acolhe crianças e adolescentes vindos do interior do Estado de Alagoas. O segundo passo na área do câncer infantil, já em parceria com o Instituto Ronald McDonald, foi a construção do Ambulatório de Oncologia Pediátrica do Hospital do Açúcar, que contou com o significativo apoio da sociedade, em especial do Dr. Ronald de Vasco Júnior, a quem o Projeto CASA DA CRIANÇA fez homenagem, dando seu nome ao ambulatório.

Marcelo Souza Leão, Patrícia Chalaça (fundadores do Projeto CASA DA CRIANÇA) e Francisco Neves (superintendente do Instituto Ronald McDonald) Da esquerda para a direita: Acioly (empresário voluntário), Marcelo Souza Leão, Patrícia Chalaça, Francisco Neves, mãe de uma criança, Ana Nicollini e Roberto Mack (Instituto Ronald McDonald) e D. Rosa (diretora da Apala).

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Apoiado pelo SINDUSCON-PE (Sindicato da Indústria da Construção Civil de Pernambuco), o Lar de Clara e o Projeto CASA DA CRIANÇA participaram da 5ª FICONS 2006, feira internacional de materiais, equipamentos e serviços da construção civil, evento que aconteceu no Centro de Convenções de Pernambuco, entre os dias 12 e 16 de setembro. Nesta oportunidade, foi evidenciado o projeto de reforma e ampliação da nova sede do Lar de Clara, através da ação do Projeto CASA DA CRIANÇA, em Pernambuco, que terá inauguração em abril de 2007. Foi uma ótima oportunidade para divulgar o trabalho realizado no Lar de Clara, bem como de conquistar várias parcerias, recebendo o apoio das construtoras másters Queiroz Galvão, Moura Dubeux, Rio Ave, Vale do Ave, Santo Antônio, L.Priori e Pernambuco Construtora, além dos demais patrocinadores nacionais e locais.


ac on te ce u FLORIANÓPOLIS – SC

INAUGURAÇÃO DA UNIDADE DE FLORIANÓPOLIS

Os Franqueados Sociais de Fortaleza, no jantar beneficente pela Casa de Apoio Menino Jesus. Acima, a Irmã Conceição.

FORTALEZA – CE

JANTAR BENEFICENTE

A Casa Menino Jesus realizou, em 4 de outubro de 2006, um jantar beneficente no Buffet La Maison Dunas em prol da conclusão das obras da nova sede. Essa ação do Projeto CASA DA CRIANÇA contempla a construção da Casa de Apoio Menino Jesus e envolve cerca de 100 profissionais da Arquitetura e decoração, bem como 50 construtoras, 10 patrocinadores nacionais e 40 patrocinadores oficiais. Esta obra é mais uma atuação do Projeto CASA DA CRIANÇA em parceria com o Instituto Ronald McDonald no atendimento a crianças e jovens em tratamento de câncer infanto-juvenil. A arrecadação foi integralmente doada à Irmã Conceição da Casa do Menino Jesus, e destinada para a aquisição de alguns produtos necessários à obra que não havia sido doados.

A Creche Sociedade João Paulo II, obra com 750 m², foi devolvida à comunidade totalmente reformada em 19 de setembro. A obra ocorreu com apoio dos Franqueados Sociais: Cristina Piazza, Rosana Cervo e Juliano Amboni. Ana Paula Isensee, Franqueada de Blumenau atuou diretamente contribuindo com a equipe de Florianópolis. Estiveram no evento arquitetos, decoradores, patrocinadores nacionais e locais, construtores e demais convidados. A mão-de-obra foi viabilizada pelo SINDUSCON-SC e o IAB-SC (Instituto dos Arquitetos do Brasil) também teve grande participação nesta ação. Os fundadores do Projeto CASA DA CRIANÇA, Patrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão, também prestigiaram o evento. Nas fotos a seguir, momentos de muita emoção na inauguração da creche.

ARACAJU – SE

INAUGURAÇÃO DA UNIDADE ARACAJU

O Setor de Oncologia Pediátrica do Hospital João Alves Filho foi totalmente reformado e inaugurado em 29 de novembro pelo Projeto CASA DA CRIANÇA, em parceria com o Instituto Ronald McDonald. Foram criados espaços bem planejados, equipados e confortáveis para o atendimento das crianças e adolescentes, transformando 20 ambientes graças ao empenho de cerca de 70 profissionais de Arquitetura e decoração, construtores e empresas da área, a exemplo das salas de quimioterapia, enfermarias, berçários, banheiros, recepção, circulação, estar (sala de TV), sala de recreação, consultório, dentre outras, beneficiando cerca de 400 crianças e adolescentes com câncer de todo o Estado de Sergipe que são atendidas pelo hospital por mês. Essa atuação ocorreu com apoio dos franqueados sociais Káthia Fontes, Leila Pires, Mônica Dantas, Mônica Gusmão e Rui Almeida. A mão-de-obra foi viabilizada pelo Cosil e Sólida Engenharia. Estiveram presentes na inauguração ainda os fundadores do Projeto CASA DA CRIANÇA, Patrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão.

A Franqueada Social de Florianópolis, Cristina

Os Franqueados Sociais de Aracaju com Lavínia Mata, coordenadora de Franquia Social do Projeto CASA DA CRIANÇA.

Grupo de arquitetos e Franqueados Sociais confraternizam

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pr êm io s & ho me na ge ns FOTOS: ANDRÉ PORTO

DESTAQUES NO 3º SETOR PRÊMIO:

Empreendedor Social do Ano – Fundação Schwab & Folha de São Paulo

Fábio Bibancos

HOMENAGEM:

FÁBIO BIBANCOS – 1º LUGAR No Brasil, uma iniciativa do jornal Folha de São Paulo em parceria com a Fundação Schwab premia empreendedores sociais cujos projetos se destacaram em abrangência, alcance e impacto positivo. É o prêmio Empreendedor Social do Ano que acontece em mais de 30 Países no mundo inteiro. A intenção é dar reconhecimento a empreendedores sociais de sucesso, disseminar a idéia de responsabilidade social e possibilitar a interação entre os empreendedores sociais participantes. Em 2006, o grande vencedor foi Fábio Bibancos de Rosa, dentista que coordena a Turma do Bem, grupo de 650 dentistas que já atenderam voluntariamente a 1.150 crianças até 18 anos com sérios problemas bucais. O diferencial do projeto da Turma do Bem é que o atendimento gratuito é realizado nos consultórios particulares dos dentistas e ortodontistas, com direito à utilização dos melhores materiais. Outro detalhe que o diferencia é o fato de atender apenas àquelas crianças com sérios problemas bucais, que o estado não cobre. Dessa forma, a Turma do Bem focaliza as crianças e adolescentes que não teriam chance de receber atendimento. DADOS GERAIS - TURMA DO BEM

1.150 crianças atendidas desde 2002 650 dentistas voluntários 400 voluntários que se correspondem com as crianças e adolescentes carentes

Mobilizadores do Ano no Projeto CASA DA CRIANÇA

Patrícia Chalaça e Mário Montovani

Empreendedor Social do Ano: Patrícia Chalaça do Projeto CASA DA CRIANÇA selecionada entre finalistas do prêmio

Este ano, dentre 153 empreendedores sociais inscritos, foram selecionados apenas 9 finalistas. Um deles foi a fundadora e presidente do Projeto CASA DA CRIANÇA, Patrícia Chalaça. Patrícia, junto aos parceiros e patrocinadores do Projeto CASA DA CRIANÇA, vem contribuindo para que as crianças menos favorecidas de nosso País tenham um lar digno e estimulante. Inicialmente, o projeto atuava em ações isoladas, reformando abrigos e creches, mas com a expansão do Projeto em território nacional através da sua Franquia Social (processo pelo qual são treinados outros profissionais para liderar e coordenar reformas em outras cidades), o Projeto CASA DA CRIANÇA já atingiu e impactou de forma positiva mais de 10.000 crianças em apenas 7 anos, implantando e disseminando o Projeto em 15 estados de todas as regiões do Brasil.

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Os Franqueados Sociais do Ceará recebem a homenagem “Mobilizadores do Ano” concedida pelo Projeto CASA DA CRIANÇA.

O Projeto CASA DA CRIANÇA presta uma homenagem aos Franqueados Sociais do Estado do Ceará Paulo Pepino, Isabel Figueiredo, João Mendonça, André Verçosa e Augusto Souza, no momento da inauguração da Casa do Menino Jesus, obra totalmente construída através de doações de produtos e serviços. A Casa do Menino Jesus possui 1.800 m² com 73 ambientes, graças ao empenho de 94 profissionais de arquitetura, de mais de 50 construtoras e mais de 90 patrocinadores nacionais, oficiais e de ambientes, beneficiando cerca de 850 crianças e adolescentes em tratamento ao ano.A inauguração, em dezembro de 2006, contou com a presença de 2.500 pessoas, entre elas os fundadores do Projeto CASA DA CRIANÇA Patrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão e integrantes da Coordenação Nacional do Projeto, Lavínia Mata, Carla Melo e Ana Cicília Monteiro, o superintendente do Instituto Ronald McDonald, Francisco Neves, patrocinadores nacionais e locais, autoridades, arquitetos, artistas plásticos, decoradores, dirigentes da Instituição e demais convidados.


pr êm ios & ho me na ge ns Responsabilidade Social 2006 Fortaleza – CE

Empreendedor Ashoka-McKinsey 2006 WILLY PESSOA O prêmio Empreendedor Social Ashoka-McKinsey 2006 ficou com Willy Pessoa, da Agência Mandalla – DHSA. O prêmio foi anunciado pela Ashoka e McKinsey & Company, consultoria em alta gestão empresarial, no dia 6 de dezembro, em evento na Fundação Getulio Vargas em São Paulo. Willy Pessoa, criador da Agênica Mandalla, foi o responsável pelo Desenvolvimento Holístico e Sistêmico Ambiental (DHSA), metodologia que tem por objetivo promover a auto-sustentação das comunidades com objetivo de garantir melhoria da qualidade de vida, maior produtividade econômica e equilíbrio ambiental. O prêmio Empreendedor Social Ashoka - McKinsey é um concurso que capacita e apóia organizações da sociedade civil para planejar e implementar profissionalmente suas idéias, aliando sustentabilidade, geração de recursos e impacto social. Página web: www.agenciamandalla.org.br

O SINDUSCON-CE (Sindicato da Indústria da Construção Civil), patrocinador do Projeto CASA DA CRIANÇA desde a primeira unidade reformada em Fortaleza (em 2002) ganhou o prêmio de Responsabilidade Social 2006 e esteve confraternizando com os construtores associados na obra do Menino Jesus em um café-da-manhã, momento em que recebeu uma homenagem da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Acima: Os Franqueados Sociais do Projeto CASA DA CRIANÇA Fortaleza: Izabel Figueiredo, João Almeida, Paulo Pepino, Augusto Souza, Carlos Fujita (Presidente do SINDUSCONCE), Roberto Sérgio (Vice Presidente do SINDUSCON) e André Verçosa (franqueado do Projeto). Ao lado, Fujita recebendo o prêmio concedido pela CBIC.

Objetivo de Desenvolvimento do Milênio BERENICE KIKUCHI

Ganhadora do prêmio Objetivo de Desenvolvimento do Milênio 2005 oferecido pela Presidência da República, Berenice Kikuchi, fundadora da Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo. Berenice Kikuchi criou a AAFESP para combater essa doença genética incurável de alto índice de mortalidade. A anemia falciforme afeta um em cada 500 afrodescendentes (cerca de dez milhões de pessoas em todo o mundo) e no Brasil atinge de 6% a 10% da população, com tendência à disseminação devido à miscigenação racial. A doença causa deformidade nas células sangüíneas, com anemia, comprometimento do sistema circulatório e vulnerabilidade a infecções.

Prêmio 40 Anos

MH2O – Johnson Sales Na noite de 29 de novembro, em Fortaleza, no Ceará, foi entregue o Prêmio 40 Anos da Secretaria Estadual da Cultura à ONG Movimento Hip Hop Organizado do Brasil (MH2O do Brasil) do fellow Ashoka e empreendedor social Johnson. A ONG MH2O do Brasil, fundada em 1989 e oficializada em 30 de novembro de 1990 no Estado do Ceará, trabalha através da consciência cultural, formando e implementando projetos e programas que oferecem qualificação profissional e formação político-cidadã. Seu público alvo compreende jovens pobres da periferia entre 14 e 29 anos. O prêmio representa o reconhecimento pelos serviços e benefícios culturais trazidos pela ONG MH2O do Brasil. Além disso, premia a ONG pela gestão exemplar de Indústria Criativa e Empreendedorismo Cultural.

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Muhammad Yunus PRÊMIO NOBEL Muhammad Yunus, membro da organização internacional Ashoka de investimento em empreendimentos sociais, foi o ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006. Nascido em 1940, na Índia, Muhammad Yunus tornou-se membro fundador da Global Academy da Ashoka (um grupo de líderes sociais influentes que dão orientação e consultoria para empreendedores sociais) e é co-fundador do Grameen Bank, com quem dividiu o prêmio. O programa de microcrédito que montou junto ao Grameen Bank permitiu que milhares de pessoas com baixa renda pudessem pegar empréstimos e assim criar seus pequenos negócios. Seu trabalho é dedicado à erradicação da pobreza no mundo através de oportunidades de trabalho e desenvolvimento econômico. O prêmio, conferido ao Sr. Yunus em 10 de novembro de 2006, inclui US$1.4 milhões, que, segundo o Sr. Yunus, será direcionado em parte para a construção de hospitais de olhos em Bangladesh e à criação uma empresa de fabricação de comida de alta qualidade nutricional a preços accessíveis para a população de baixa renda.


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sol, cultura e mar EM FORTALEZA, CAPITAL DO ESTADO DO CEARÁ, BELAS PRAIAS DE ÁGUAS VERDE-AZULADAS, POVO SIMPÁTICO E HOSPITALEIRO SÃO OS ATRATIVOS TURÍSTICOS PARA QUEM QUISER CONHECER UMA DAS MAIS BELAS CIDADES LITORÂNEAS DE NOSSO PAÍS.

SOL E MAR SÃO O GRANDE CHAMARIZ DESSA CAPITAL NORDESTINA, mas os atrativos de Fortaleza não se resumem a apenas isso. É fato que a beleza de suas praias e o clima aprazível contribui para seu crescimento turístico, mas as diversidades culturais, religiosas e ecológicas dessa bela cidade vêm conquistando, cada vez mais, desde o turista local até internacional. A capital cearense é um dos mais importantes centros econômicos do Nordeste brasileiro. Com uma população de cerca de dois milhões de pessoas, Fortaleza mistura tradição e modernidade em sua arquitetura. A beleza de suas praias e a infra-estrutura acolhedora da cidade transformam-se no grande atrativo turístico local. No litoral, quiosques distribuídos por toda a avenida beira-mar oferecem inúmeras opções de comidas típicas, frutos do mar e bebidas geladas. Na praia do Futuro, uma das mais freqüentadas do litoral urbano de Fortaleza, as barracas com decorações estilizadas ao longo da orla oferecem uma gama de serviços e estilos musicais que agradam a todos.

Na feira de artesanato, as barracas repletas de trabalhos da região, em renda, cerâmica, crochê, bordados, madeira, vime, bambu, peças de bijuterias e decorativas possuem opções de lembranças da viagem para todos os gostos e bolsos. O complexo gastronômico e de resorts da cidade oferece aos turistas uma grande diversidade de opções para quem quer diversão ou descanso. A Ponte Metálica, na Praia de Iracema, também conhecida como Ponte dos Ingleses, possui uma visão de cartão postal do pôr-do-sol na cidade. A estátua de Iracema

homenageia a lenda da índia que deu nome à praia local, tão brilhantemente retratada por José de Alencar no seu famoso romance homônimo. O Mercado Central, no centro da cidade, possui cerca de 300 lojas de artesanato que funcionam durante toda a semana. No CEART, Centro de Artesanato do Ceará, o turista pode encontrar diversos artesãos produzindo suas peças no local. A programação noturna de Fortaleza também é intensa, com seus bares e restaurantes abertos todos os dias, onde o turista pode desfrutar da alegria nordestina pre-

Monumento à Iracema – Praia de Iracema – Fortaleza

Mercado Central

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AS OPÇÕES DE TURISMO CULTURAL, ECOLÓGICO E RELIGIOSO TAMBÉM SÃO ASPECTOS MARCANTES DA REGIÃO. FORTALEZA POSSUI MUITOS MUSEUS E TEATROS EM ATIVIDADE sente, em especial, nos famosos shows humorísticos que já revelaram artistas conhecidos em território nacional, a exemplo de Tom Cavalcanti. As opções de turismo cultural, ecológico e religioso também são aspectos marcantes da região. Fortaleza possui museus e teatros como a Casa de José de Alencar, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (que abriga o Memorial da Cultura Cearense, o Museu da Arte Contemporânea e o Planetário Rubens de Azevedo, além de cinemas e teatros) e o Teatro José de Alencar, que permite um regresso ao passado. Na praia de Mucuripe, o Museu do Farol, inaugurado em 1846, funcionou por 111 anos e foi desativado só em 1957. Uma visita obrigatória para quem deseja conhecer a cultura local. A bela Catedral Metropolitana de Fortaleza configura um famoso cartão postal da cidade, além de ser um marco representativo da religiosidade de seu povo.

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Teatro José de Alencar

Catedral Metropolitana de Fortaleza – CE

Para quem deseja ir mais longe, pode visitar praias e monumentos religiosos, tais como as praias de Canoa Quebrada e Jericoacoara. Ao optar pelo turismo religioso, a cidade de Juazeiro do Norte é famosa por sua romaria ao Padre Cícero. E em Canindé, foi inaugurada em 2005, em homenagem a São Francisco de Assis, uma estátua com 30 metros de altura, considerada a maior imagem do padroeiro na América Latina. Outra cidade que se destaca por seu forte teor religioso é Quixadá, destino bastante procurado para quem quer conhecer o Mosteiro

de São José e pelos devotos da Imaculada Rainha do Sertão. Na Serra do Urucum além do Santuário Mariano, famoso refúgio de oração para os devotos de Nossa Senhora, você pode desfrutar também da bela paisagem natural. Por tudo o que pode ser conferido nessa cidade de tão belas praias e forte cultura, Fortaleza se configura hoje como um importante pólo turístico, gastronômico e cultural de nosso País. Crédito das fotos: http://www.colorfotos.com.br

VISITE O CEARÁ E CONHEÇA ORGANIZAÇÕES SOCIAIS QUE ESTÃO FAZENDO A DIFERENÇA E TRANSFORMANDO A VIDA DE MUITAS PESSOAS

PROJETOS SOCIAIS NO ESTADO DO CEARÁ AMIGOS DA PRAINHA DO CANTO VERDE Responsável: René Schärer Área de Atuação: Meio Ambiente

René Schärer desenvolve uma série de atividades no litoral do Ceará (a Prainha do Canto Verde localiza-se no litoral leste do Estado, a 120 km de Fortaleza) para garantir a sustentabilidade das comunidades litorâneas e o direito de acesso aos recursos do mar e à posse da terra. Entre as atividades desenvolvidas, destacam-se o turismo comunitário, arte e artesanato, produtos naturais, piscicultura, comércio e serviços de informática e comunicação. Todas as atividades desenvolvidas estão ligadas ao movimento da economia solidária e visam a promoção do empreendedorismo para a geração de ocupação e renda. René

também busca estabelecer parcerias com comunidades e outras entidades da sociedade civil no mundo, tirando proveito dos espaços criados pela globalização, sempre com o intuito de melhorar a qualidade de vida nas comunidades do litoral do Ceará. Informações: Associação dos Moradores de Prainha do Canto Verde Caixa Postal 52722, CEP 60151970 Fortaleza, Ceará, Brasil Fone: 88 413 1164 / Fax: 88 413 1426 E-mail: fishnet@fortalnet.com.br Site: www.fortalnet.com.br/~fishnet MH2O (MOVIMENTO HIP-HOP ORGANIZADO) Responsável: Manoel Johnson Sales Área de Atuação: Participação cidadã

Por meio da articulação de toda a cadeia produtiva do hip-hop, Manoel Johnson Sales criou um mercado alternativo que ajuda a desenvolver em todo o Brasil pequenas empresas baseadas nos elementos do gênero musical (dança, música e pintura), utilizando a produção e a comercialização para educar e incluir jovens de comunidades carentes. Segundo Johnson, articulador nacional do MH2O no

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Brasil, “O Hip Hop é seguramente uma das mais importantes manifestações culturais da atualidade, primeiro por ser autenticamente gerado na periferia, o que faz dele o mais legítimo instrumento de comunicação da juventude pobre. Também se faz importante por conseguir elevar a auto-estima, canalizar a energia e força e materializar perspectivas para uma faixa da população esquecida por todos.” Todo o processo do mercado alternativo é feito de forma coletiva, debatido em fóruns e concretizado por meio da ação de organizações não-governamentais de hip-hop, criadas e dirigidas pelos próprios jovens. Além disso, os produtos gerados pelas empresas estão organizados em uma cadeia produtiva planejada e escoada por um sistema de vendas que tem como objetivo de médio prazo a abertura de uma rede de lojas, em forma de franquias sociais, espalhadas por todo o Brasil. Informações: MH2O www.ashoka.org.br www.terradasabedoria.org.br


EDISCA – ESCOLA DE DANÇA E INTEGRAÇÃO SOCIAL PARA CRIANÇA E ADOLESCENTE. Responsável: Dora Andrade Área de Atuação: educação e cultura.

Dora Andrade criou em 1991 a Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente (Edisca) com o objetivo de elaborar e executar estratégias para promoção do desenvolvimento humano de crianças e adolescentes carentes. A Edisca atua com base em três estratégias: o atendimento direto aos educandos e seus familiares nas áreas de arte, educação, nutrição e saúde; a pesquisa, produção e sistematização do conhecimento gerado a partir da observação de sua rotina; e a disseminação de sua tecnologia educacional, estimulando e nutrindo outras organizações que compartilham dos mesmos princípios. Através de seu trabalho, a Edisca visa promover o desenvolvimento humano de crianças e adolescentes, para formar cidadãos sensíveis, criativos e éticos, através de uma pedagogia transformadora com foco na arte.Segundo Dora Andrade, em entrevista ao portal do voluntário, “A EDISCA, apesar de muito jovem, só tem 13 anos. É uma instituição que tem um componente que para mim é muito inspirador e, ao mesmo tempo, muito desafiador: oferecer, dentro da prática social, a qualidade máxima possível para nossas crianças. Existe um conceito de que eu gosto muito e que acabou virando um princípio institucional nosso trazido pelo professor Antonio Carlos Gomes da Costa, que é o conceito da eqüidade social. Explico: para as crianças que nós atendemos, das quais foram tiradas muitas oportunidades e negadas perspectivas concretas, é necessário que se dê na medida do que foi negado, oferecendo o melhor possível, educação de qualidade, vivências conseqüentes em arte, nutrição adequada e apoio às famílias.” Informações: Edisca www.ashoka.org. br www.edisca.org.br Email: edisca@edisca.org.br

FUNDAÇÃO CASA GRANDE – MEMORIAL DO HOMEM DO KARIRI Responsável: Alemberg Quindins Área de Atuação: Educação, trabalho e meio ambiente

A Fundação Casa Grande é uma ONG que tem como missão educar crianças e jovens sertanejos em gestão cultural através de seus programas de memória, comunicação, artes e turismo, envolvendo seus familiares pela criação da COOPAGRAN que administra o receptivo. As pousadas ficam nas residências dos pais das crianças e adolescentes de Nova Olinda e são administradas pela Cooperativa dos Pais

ABRIGO TIA JÚLIA - Reformado pelo Projeto CASA DA CRIANÇA em 2002

CASA DO MENINO JESUS - Totalmente construído pelo Projeto CASA DA CRIANÇA em 2006

e Amigos da Casa Grande (COOPAGRAN). Todas as famílias participam da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri na cidade de Nova Olinda, interior do Sertão cearense, a 50 km de Juazeiro do Norte - CE e 560 km da capital do Estado, Fortaleza. Na Casa Grande o visitante vem conhecer os laboratórios que são: Memorial do Homem do Kariri, que guarda em acervo, peças arqueológicas e lendas da pré-história do homem do Kariri; Escola de Comunicação da Meninada do Sertão com rádio, TV e editora; e Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas. O visitante pode interagir nas atividades com a criançada, além de visitar um sítio mitológico e arqueológico da pré-história do homem na região. Opções de excursão: Juazeiro do Norte, para visitar o fenômeno da religiosidade popular do “Padre Cícero”; Assaré, para conhecer o memorial do maior poeta popular do Sertão “Patativa do Assaré”; Exú, para conhecer o museu de Luiz Gonzaga, maior artista e compositor da musica do Sertão; Santana do Cariri, para visitar o museu de fósseis com seus pterossauros e fósseis de 150 milhões de anos na pedra calcárea. A Fundação Casa Grande e COPAGRAN são os órgãos responsáveis pela gestão das pousadas domiciliares e a produção de artesanato. Uma parte da renda é destinada ao projeto de formação escolar, cultural e artística das crianças.

PROJETO CASA DA CRIANÇA Responsável: Patrícia Chalaça Área de Atuação: Participação cidadã, Direitos das crianças e adolescentes O Projeto CASA DA CRIANÇA é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que atua através das suas Franquias Sociais distribuídas pelas diferentes regiões do País. As ações desse Projeto promovem a união das classes dos arquitetos, construtores e empresários da construção, que reformam e constróem espaços de atendimento a crianças e adolescentes socialmente desfavorecidos em território nacional, como abrigos, creches, espaços de adolescentes, espaços de atendimento a crianças com câncer, dentre outros, através de transformações físicas (reformas e ampliações das instituições atendidas) e humanas (fortalecendo e ampliando o atendimento de qualidade nessas instituições pós-intervenção). No Estado do Ceará já são duas instituições beneficiadas com o Projeto, o Abrigo Tia Júlia (2002) que atende a 110 crianças de 0 a 6 anos, das quais 25 são portadoras de necessidades especiais e a Casa do Menino Jesus (2006), feita em parceria com o Instituto Ronald McDonald, que atende em sistema de casa de apoio à criança e ao adolescente em tratamento de câncer. São 445 crianças e adolescentes atendidos de 0 a 17 anos. Estão à frente das ações os Franqueados Sociais da cidade Paulo Pepino, Isabel Figueiredo, André Verçosa, João Mendonça e Augusto Souza. Informações: Projeto CASA DA CRIANÇA

Informações: Fundação Casa Grande Rua Jeremias Pereira 444, CEP 63165-000 - Nova Olinda - CE Fone/Fax: 88 5121225 / 88 521-8133 88 546-1333 E-mail: casagrande@baydejbc.com.br

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Rua Dr. Raul Lafayette, 191 Sl. 1401 – Ed. Universal Center - Boa Viagem, Recife - PE. CEP: 51021-220 Fone/fax: 81 3467-9968 Email: contato@projetocasadacrianca.com.br Site: www.projetocasadacrianca.com.br


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A ESCOLA NA ERA DA INFORMAÇÃO

CONHECENDO O COMUNICAÇÃO E CULTURA, UMA ORGANIZAÇÃO SOCIAL SEDIADA NO CEARÁ Por Daniel Raviolo QUASE MIL ESCOLAS BRASILEIRAS DE ENSINO FUNDAMENTAL PARTICIPAM DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ATRAVÉS DA PUBLICAÇÃO DE JORNAIS ESCOLARES. Dezenas de milhares de crianças e adolescentes têm assim a possibilidade de participar da produção de comunicação, adquirir ferramenta de expressão nesse campo e, sobretudo, desmistificar o caráter de oráculo que atribuímos aos meios de comunicação, que parecem estar sempre destilando verdades. A ONG cearense Comunicação e Cultura criou o projeto Primeiras Letras (www.jornalescolar.org.br), que dá a essas escolas capacitação e apoio para a produção de seus jornais. A ONG realiza também a impressão na sua própria gráfica, o que não só facilita a vida das escolas, como acaba viabilizando a iniciativa, pela redução de custos que proporciona. Cada escola publica seu próprio jornal, que está integrado a seu planejamento e a suas condições de produção. O conteúdo vem de sala de aula. A autoria dos textos e desenhos publicados é, portanto, dos alunos, mas a orientação pedagógica e metodológica é do professor, posto que as atividades estão integradas ao trabalho que realiza. Uma professora de matemática poderá, por exemplo, fazer com que sua aula sobre cálculo de percentuais produza uma pesquisa de opinião sobre um determinado assunto na escola ou na comunidade, com os resultados divulgados no jornal. Os

jornais são impressos em folhas duplo ofício em preto e branco. Tudo simples, mas digno. A escola pode imprimir todo mês, mas a recomendação do projeto é que publique 4 números por ano, considerando que o jornal tem um “ciclo de vida” que se estende por um par de semanas quando é distribuído em sala de aula, abrindo possibilidades de releitura, reescrita, revisão e debate. O ciclo de vida do jornal (planejamento, produção, distribuição e uso em sala de aula) é, então, de aproximadamente dois meses. A orientação do projeto é fazer com que a escola leve valores e conhecimentos para a sua comunidade (82% dos alunos declaram que o jornal é lido nas suas famílias) e aproveite a valorização social da escrita e da leitura que o jornal propicia para melhorar a qualidade do ensino (os professores são unânimes em afirmar que o fato de escrever para o jornal é um forte fator de motivação para os alunos). O jornal é ainda uma ferramenta da expressão de opiniões e idéias das crianças e adolescentes, promovendo a sua cidadania. E é por aí que o projeto resgata suas raízes freirianas. O “calor comunitário” do jornal, o fato de ser um veículo “quente”, com forte empatia entre o produtor, o leitor e a mídia, favorece essas possibilidades de utilização.

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A maioria dos jornais escolares Primeiras Letras estão implantados no Ceará – Estado onde o projeto começou em 1998, mas ele já tem uma presença em Pernambuco, Bahia e até na floresta amazônica, na região de Santarém. A disseminação nacional é, aliás, a tônica do projeto neste momento. A mesma acontece através da Rede Jornal Escola, uma articulação cooperativa de ONG’s, escolas e secretarias de educação. A criação do portal do projeto (www.jornalescolar.org.br), com ferramentas de capacitação a distância, permitirá a partir de 2007, o ingresso de escolas de todo o País no projeto. Por outro lado, o apoio do BNDES permitirá implantar mais três pequenos centros de impressão nas regiões Norte e Nordeste, que se somarão à que já existe em Fortaleza. O apoio das empresas de ônibus, que levam os jornais gratuitamente de volta às escolas, e o uso da internet, para as escolas enviarem seus jornais já editorados, faz o resto em termos de logística. Além deste, a Comunicação e Cultura desenvolve outro projeto de comunicação em escolas públicas, o Clube do Jornal, que


COMUNICANDO De jovem para jovem, a idéia do projeto é promover a “educação entre pares”

publica jornais estudantis e não mais escolares. Esse projeto é implantado em escolas de ensino fundamental e médio, ou apenas de ensino médio, já que o público do mesmo são adolescentes. O editor é o jovem sócio do Clube de sua escola (cujo acesso é livre e irrestrito); os professores não participam. Trata-se de uma proposta de protagonismo juvenil bastante radical, pois os jornais circulam na escola, sem que a direção ou os professores tenham direito à leitura prévia (um caminho direto para a censura). A comunicação, como todos sabemos, é um tema sensível e muito vinculado com o poder, o que faz com que o Clube do Jornal tenha que conviver com os conflitos e com o trabalho sobre os conflitos. A escola, evidentemente, tem tudo a ganhar com isso. O objetivo do projeto é justamente mobilizar o jovem para a melhoria da escola através do exercício da sua cidadania, que começa por um direito fundamental, que é o direito de expressão. O Comunicação

JORNALISTAS O jornal é uma ferramenta da expressão de opiniões e idéias das crianças e adolescentes, promovendo a sua cidadania

tores dos jornais estudantis está focada na vida da escola e em temas sensíveis como a saúde sexual, uso de drogas, violência e outros. A idéia é promover a “educação entre pares” (de jovem para jovem) que é, segundo especialistas, a melhor maneira de provocar mudanças de comportamento. O projeto está implantado em 122 escolas do Ceará e, seguindo os passos do Primeiras Letras, já iniciou sua penetração em Pernambuco, onde há 13 escolas beneficiadas. A orientação do trabalho da ONG está ditada pela convicção de que a

e Cultura gosta de lembrar, aliás, que a transição do absolutismo para a democracia teve na liberdade de expressão seu elemento articulador. comunicação é a dimensão O projeto trabalha com o público di- mais importante da cultura reto que são os jovens sócios dos clubes, mas contemporânea e que não é possível com o intuito de atingir o chamado “público ampliado” que é toda a comunidade escolar. A capacitação para os jovens reda-

trabalhar para mudanças sem utilizar essa ferramenta. Essa concepção está inscrita no nome mesmo da Comunicação e Cultura,

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que foi fundada em 1988, em Fortaleza. O surgimento da instituição foi quase uma feliz coincidência, quando pessoas que realizavam uma pesquisa de recuperação da memória histórica do Mucuripe, importante bairro popular de Fortaleza, receberam uma solicitação da associação de moradores para ajudar a fazer o jornal comunitário. Daniel Raviolo, uma dessas pessoas, que coordena a instituição até hoje, já tinha feito isso na sua adolescência, daí a “química” com a idéia que levou o grupo a se engajar nessa via. Primeiro se encaminharam para a área comunitária, onde desenvolveram seu trabalho até em 1994, quando deram uma virada estratégica e passaram a orientar a ação para as escolas públicas. O projeto Clube do Jornal surgiu em 1995 e o Primeiras Letras em 1998. A mudança de foco teve como intuito gerar uma “dupla ação”, continuar com o trabalho junto aos jovens, mas fazer com que eles ajudassem a mobilizar um grande patrimônio brasileiro que anda meio devagar: a escola pública. Há mais de 270 mil escolas no Brasil, uma formidável rede que pode fazer a “diferença”. A condição é que ela se adapte as exigências dos tempos que vivemos, particularmente à necessidade de compreensão que as crianças e jovens, com o advento da sociedade da informação e a explosão da comunicação, já não são mais aqueles que a instituição recebia até 10 ou 20 anos atrás.




COMO PARTICIPAR? Patrocinadores Nacionais ou ser viços (auxílio s da doação de produtos

IANÇA atuam atravé por prover 100% de seus s do Projeto CASA DA CR Brasil. São responsáveis o o Os Patrocinadores Nacionai tod ÇA em , ano r po es de 6 unidad o Projeto CASA DA CRIAN nas obras) em uma média adas e/ou constr uídas pel orm ref es dad uni as as ecíficos a tod produtos e/ou ser viços, esp a unidade de sua cidade, rocinador Local, que apóia Pat o com uir trib con de ilidade ais unidades do País * Existe também a possib sabilidade para com as dem pon res do ten não os, viç ser fornecendo produtos e/ou

Custeio Nacional O Projeto CASA DA CRIAN ÇA recebe recursos de Co laboradores, Parceiros ou (as categorias são proporcio Parceiros Máster nais à contribuição de cad a empresa socialmente res custeio das despesas adm ponsável) para o inistrativas da Coordenação Nacional localizada em Re cife, Pernambuco.

Programa Cia dos Anjos

Através do Programa Cia dos Anjos, além de contribuir doando produtos (roupas, comida, etc.) para unidades específicas, é possível participar como parceiro específico do programa, que disponibiliza treinamento para os funcionários das instituições.

ÇA e ainda Social Revista Brasil s sociais do Projeto CASA DA CRIANainda um imento das açõe ade. Representa

r o conhec e ações à socied compra de Social visa leva outros projetos eto, através da oj de e Pr al do ci A Revista Brasil so ão r aç to ic mun sáveis. rsas do se ar tamento de Co almente respon ci ep D so informações dive do as is es pr ua an em r as despesas a divulgar essas 01 meio de custea udando também aj al nº , al ci So il as Br soci na L os I ci S IL so c ia l S ún an A eves re vi st aB R A co n taBR revi

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Campanhas

Diversas O Projeto CASA DA CRIANÇA criou o Prog rama CIA DOS ANJOS para treinar func ionários das instituições de atendimento a crianças e adolescentes . Para tanto, está lançando campanhas para a arrecadação de recursos que serão destinados ao CIA DOS ANJOS, a exemplo da campanha em conjunto com as Pizza Hut de Fortaleza e João Pessoa, da campanha Home Center, dentre outr as iniciativas. Sua empresa pode contribuir, ajudando a viabilizar esses programas.

FNICS (Fórum Nacional da Indústria da Construção Social)

do Projeto CASA DA CRIANÇA O Fórum Nacional da Indústria da Construção Social (FNICS) é uma iniciativa fins lucrativos, a partir de casos que aspira estreitar relações entre o setor e outras organizações sociais sem de estrutura física de atendimento bem sucedidos na área da arquitetura e construção, que atuem na melhoria l para que as empresas que à comunidade de baixa renda, como também abrir espaço com dimensão naciona privado a investir no social. aplicam atividades sociais possam expor seus exemplos e influenciar o setor

Produtos Socialmente Responsáveis: Para empresas que trabalham com produção e/ou vendas de produtos, uma possibilidade de participação é na elaboração de produtos socialmente responsáveis, a exemplo de roupas, materiais escolares, sandálias, acessórios, etc, onde se utilizaria a logomarca do Projeto CASA DA CRIANÇA como um atrativo a mais para a compra do produto, além de associar a empresa com uma instituição filantrópica e onde parte da verba seria revertida para a expansão dos programas do Projeto CASA DA CRIANÇA.

Retorno de Ima

gem: Em retribuiç Projeto CASA D ão às contribuiçõ A CRIANÇA e a es disponibiliza realização das re das para o func de várias peças formas e/ou co ionamento do de comunicação ns tru çõ contribuição de qu es em todo o pa e garantem a expo cada participan ís, dispomos si çã o de marcas devidam te, a exemplo da recepções e am ente proporcion s placas de agra bientes das unid al à de cimento afixadas ades reformadas Projeto; das dem permanentemen ; do selo de resp ais peças de co te nas onsabilidade so municação que a exemplo dos cial disponibiliza divulgam as logo convites de lanç do pelo marcas das em amento e inaugu presas patrocina ração das unidad doras, es, banners e pr odutos diversos . Para informações sobre outros meios de participação, favor acessar: www.projetocasadacrianca.com.br


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