Cartografias Sociais e Território

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UMA INTRODUÇÃO À CARTOGRAFIA CRÍTICA

1999, 2005; Harmon 2004). Recentemente, as artistas Malene Rrdam e Anna Mara Bogadittur usaram um mapa de Copenhague para navegar pelas ruas de Nova Iorque. Lee Walton calculou a média de todas as coordenadas em um mapa turístico de São Francisco para apresentar um único “Ponto de Interesse Médio” onde instalou uma placa de bronze (Kanarinka, 2006b). Esses episódios relativos a mapas questionam a comensurabilidade do espaço euclidiano, um pressuposto básico de muitos SIG. O espaço euclidiano é componente-chave da cientificização e regularização do espaço, como, por exemplo, supõe-se sua compatibilidade quando dois bancos de dados são comensuráveis. Críticos do espaço euclidiano que apontaram suas idiossincrasias, sua natureza local ou contingente mostram que nem todo conhecimento pode ser “cientificizado”. Mas, se o “espetáculo” era foco para alguns, outros direcionaram as próprias ferramentas de distribuição em massa para outros usos, trazendo tecnologias de mapeamento mais diretamente para a população. Ao fazê-lo, eles cruzaram novamente os caminhos disciplinares da expertise e do controle acadêmicos: uma “cartografia popular”. Dentre as práticas significativas está o mapeamento livre [open-source], chamado por alguns também de “hackeamento de mapas” (Erle et al. 2005). Hackeamento de mapas é a prática de explorar aplicações de mapeamento livre ou combinações da funcionalidade de um site com a de outro (conhecida às vezes como mashups). Essas explorações são possíveis devido à linguagem XML e interfaces de applications programming (API). APIs definem o modo pelo qual uma parte de um software conecta-se com outra. Quando elas são livres [open-source] (e.g., aquelas oferecidas sob a licença da Fundação GNU de Software Livre), significa que os programadores independentes podem conectar seu software com outros como Yahoo!, Google e Flickr. A edição de junho de 2005 do Google Earth (uma Terra digital 3D interativa e altamente realista, dotada de edifícios em 3D e possibilidade de vôo, zoom e tilt) atraiu uma quantidade significativa de hackeamentos, presumivelmente porque a empresa é famosa. A API do Google aceita a introdução de outros dados e sua exibição como um mapa do Google. Por exemplo, um hacker de mapas tomou os dados de prisões de Chicago, classificou-os (pontos de drogas, infrações no trânsito, etc.) e os introduziu no Google Maps. 93


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