Perdendo-me Cora Carmack

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entrou no quarto. Ela veio por trás de mim e colocou uma das mãos nas minhas costas nuas. Ela pressionou um beijinho no meu ombro e pediu: — Pega a Hamlet para mim antes de você tomar banho, por favor? Sorri e assenti. Bliss estava tão determinada a fazer com que Hamlet gostasse dela que ela brincava com a gata durante pelo menos meia hora antes de ir dormir todas as noites. Hamlet ficaria por perto pelo tempo que Bliss mexesse no ar aquele brinquedo com penas, mas, no minuto em que tentasse tocá-la, ela caía fora. Encontrei Hamlet na cozinha, escondendo-se debaixo da mesa. Estiquei a mão para baixo, para pegá-la, e ela enfiou a cabeça nos meus dedos, ronronando. Peguei-a ao mesmo tempo em que Bliss me perguntou: — Querido, você viu o brinquedo da gata? Entrei no quarto e coloquei Hamlet em cima da cama. Ela acocorou-se e ficou olhando com desconfiança para Bliss. — Onde foi que você o viu da última vez? — perguntei a ela. — Achei que o tivesse deixado na penteadeira, mas não estou conseguindo encontrá-lo. Fiz carinho em Hamlet uma vez para mantê-la calma, e então dei um beijo rápido na bochecha de Bliss. — Eu não sei, doçura, você tem certeza de que não o deixou em algum outro lugar? Ela suspirou e começou a olhar em outros lugares em volta do quarto. Eu me virei e escondi o sorriso ao sair. Eu me enfiei no banheiro e abri o chuveiro. Esperei alguns segundos, voltei para o corredor e gritei: — Bliss? — Sim? — Dá uma olhada nas gavetas do criado-mudo! Ela estava brincando com ele no meio da noite e eu acho que me lembro de ter pego o brinquedo e colocado lá. — Ok! Através da porta aberta, fiquei olhando enquanto ela dava a volta na beirada da cama. Andei no lugar onde estava por alguns segundos, fazendo mais barulho com os pés do que o necessário, e depois abri e fechei a porta, como se tivesse voltado para dentro do banheiro. Então eu me escondi no vão entre a parte de trás da porta do quarto e a parede, de onde eu simplesmente podia ver a fresta entre as dobradiças da porta. Ela puxou e abriu a gaveta de cima do criado-mudo, e as batidas do meu coração eram como as de um grande tambor. Eu nem mesmo sei quando foi que meu coração começou a bater com tamanha intensidade, mas agora isso era tudo que eu conseguia ouvir. Não era como se eu estivesse pedindo para ela se casar comigo agora. Eu simplesmente conhecia Bliss, e sabia que minha garota tinha uma tendência a entrar em pânico. Eu estava dando a ela uma


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