TCC arqurbuvv - Neurociência aplicada a Percepção Espacial e Afetiva do Largo do Rosário na Prainha

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

CAROLINE CARMO ROSSI

NEUROCIÊNCIA APLICADA A PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA DO LARGO DO ROSÁRIO DA PRAINHA EM VILA VELHA/ES

VILA VELHA 2020


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CAROLINE CARMO ROSSI

NEUROCIÊNCIA APLICADA A PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA DO LARGO DO ROSÁRIO DA PRAINHA EM VILA VELHA/ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira.

VILA VELHA 2020


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AGRADECIMENTOS Uma das maiores tarefas da graduação: o desenvolvimento do TCC. Chegar a esta fase é uma vitória. Vitória essa que, mesmo cansativa, inquietante, cheia de medo e insegurança, não seria possível sem o auxílio de pessoas que tornaram essa fase mais leve. Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, por ter me sustentado durante toda essa caminhada, por guiar meus passos, acalmar meu coração e me dar força e coragem para seguir em frente. Sem Ele nada é possível. Aos meus pais, que foram fonte inesgotável de apoio e compreensão, e principalmente, foram eles que me proporcionaram chegar até aqui e é a eles que dedico minha conquista. A minha irmã, pelo apoio, incentivo, carinho e amor. Aos meus amigos, que compartilharam comigo momentos incríveis. Eles transformaram essa trajetória em algo especial, repleto de risos, diversões, paciência, conforto nos momentos difíceis e incentivo. Sempre buscaram me ajudar no que foi preciso. Aos mestres, que ao decorrer do curso compartilharam seus conhecimentos e experiências. A todos, obrigada por acreditarem em mim e sonharem junto comigo. Em especial, gostaria de agradecer minha orientadora Melissa: Obrigada por dividir tanta sabedoria, carinho e atenção ao longo dessa jornada. Eternamente grata, pois sem seu auxílio, eu não chegaria tão orgulhosa ao fim deste trabalho. A minha amiga Julia Oliveira, que esteve ao meu lado em todos os processos para o desenvolvimento desta pesquisa: Obrigada por toda parceria que criamos, pelo apoio, pelos conhecimentos compartilhados, carinho e dedicação. Foi um presente e um prazer caminhar ao seu lado este ano. A todas as pessoas e voluntários, que se prontificaram a auxiliar nas etapas de coletas de dados e testagem dos resultados o meu muito obrigado! E finalmente, a mim, por todo esforço, persistência e amor a profissão que escolhi. Hoje este sonho se concretiza. E agora, mais do que nunca, a certeza que tive a escolha certa.


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RESUMO A neurociência aplicada para análise das construções de valores históricos e culturais, permite mensurar a percepção espacial e afetiva que os mesmos exercem no cotidiano e na formação da memória dos indivíduos. O Eixo da Igreja do Rosário na Prainha em Vila Velha – área de análise da pesquisa e intervenção – compreende o processo de reconhecimento e identificação do patrimônio cultural, de tal modo que se objetiva investigar os estímulos ocasionados por meio do espaço físico e de seus aspectos socioculturais em decorrência do comportamento de seus usuários. Deste modo, os equipamentos que monitoram os dados físicos, e as interpretações dos impulsos cognitivos e psicológicos dos serem humanos, forneceram dados que atestaram o grau de impacto dos estímulos fisiológicos em contraponto com a arquitetura. Mediante aos resultados, se projeta soluções para valorizar o patrimônio cultural da Prainha, de modo que se estimule as sensações e acione o sentimento de pertencimento ao local, pois desta forma, traria resultados benéficos nas questões de segurança, pertencimento, preservação, dentre outros. Palavras-chave: Neurociência, Prainha, percepção espacial e afetiva, patrimônio cultural.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 – LOBO TEMPORAL (TEMPORAL LOBE) ............................................................................... 7 Figura 02 – HIPOTÁLAMO ..................................................................................................................... 11 Figura 03 – SISTEMA LÍMBICO ............................................................................................................. 12 Figura 04 – IMPACTO DAS FACHADAS EM BRANCO ......................................................................... 16 Figura 05 – MAPAS DE CALOR ............................................................................................................. 17 Figura 06 – ELEMENTOS PARA FIXAÇÃO DO OLHAR ........................................................................ 19 Figura 07 – MAPAS DE CALOR ............................................................................................................. 20 Figura 08 – IMPACTO DA ARTE EM UMA OBRA ARQUITETÔNICA ....................................................22 Figura 09 – DADOS DO EYE TRACKING NA IGREJA DA TRINDADE E O EDIFÍCIO HANCOCK TOWER ................................................................................................................................................. 23 Figura 10 – FACHADA WHOLE FOODS ................................................................................................24 Figura 11 – WHOLE FOODS ..................................................................................................................26 Figura 12 – STREET WITH NO GAME (RUAS SEM JOGO) ..................................................................27 Figura 13 – LOCALIZAÇÃO DA PRAINHA – VILA VELHA/ES ...............................................................30 Figura 14 – IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO ........................................................................31 Figura 15 – CONVENTO DA PENHA .....................................................................................................31 Figura 16 – PRAINHA, 1930 ...................................................................................................................32 Figura 17 – ENSEADA DA PRAINHA, 1970 ...........................................................................................32 Figura 18 – PRAINHA, 2019 ...................................................................................................................33 Figura 19 – CONSTRUÇÃO DA ESCOLA APRENDIZES DE MARINHEIROS - 1958 ...........................34 Figura 20 – ENSEADA DA PRAINHA, 1936 ...........................................................................................34 Figura 21 – PARQUE DA PRAINHA, 2019 .............................................................................................35 Figura 22 – AEROFOTOGRAFIA DO ATERRO DA PRAINHA,1986 .....................................................35 Figura 23 – MAPA DE ATERROS E OCUPAÇÕES ...............................................................................36 Figura 24 – ENSEADA DA PRAINHA, 2019 ...........................................................................................37 Figura 25 – POLIGONAL DO SÍTIO HISTÓRICO DA PRAINHA ............................................................38 Figura 26 – CASA DA MEMÓRIA ...........................................................................................................39 Figura 27 – MUSEU HOMERO MASSENA ............................................................................................40 Figura 28 – COMÉRCIO PESQUEIRO ..................................................................................................40 Figura 29 – FESTA DA PENHA, 1920 ....................................................................................................42 Figura 30 – FESTA DA PENHA, 2019 ....................................................................................................42 Figura 31– ELEMENTOS DA PAISAGEM CULTURAL ..........................................................................44 Figura 32 – LOCALIZAÇÃO DO EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO NA PRAINHA – VILA VELHA ..........45 Figura 33– MAPA - EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO .............................................................................46 Figura 34 – EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO .........................................................................................47


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Figura 35 – PRAÇAS QUE CONSTITUEM O EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO .................................... 48 Figura 36 – IGREJA DO ROSÁRIO EM 1903 .........................................................................................49 Figura 37 – JARDIM DR. ATHAYDE, ATUAL PRAÇA DA BANDEIRA ...................................................49 Figura 38 – PRIMEIRO CORETO NA PRAÇA DA BANDEIRA ...............................................................50 Figura 39 – SEGUNDA VERSÃO DO CORETO NA PRAÇA DA BANDEIRA .........................................51 Figura 40 – ÂNCORA ............................................................................................................................. 52 Figura 41 – BUSTO DO ALMIRANTE .................................................................................................... 52 Figura 42 – MAPA – USO DO SOLO ......................................................................................................53 Figura 43 – MAPA – GABARITO ............................................................................................................54 Figura 44 – FIGURA- FUNDO ................................................................................................................55 Figura 45 – PLANTA BAIXA – ANÁLISE ESPACIAL ..............................................................................59 Figura 46 – CORTE 01 ...........................................................................................................................60 Figura 47 – CORTE 02 ...........................................................................................................................61 Figura 48 – CORTE 03 ...........................................................................................................................62 Figura 49 – CORTE 04 ...........................................................................................................................63 Figura 50 – CORTE 05 ........................................................................................................................... 64 Figura 51 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA TAMANDARÉ ......................................................................65 Figura 52 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA DA BANDEIRA .....................................................................66 Figura 53 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO ................................................................67 Figura 54 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO ................................................................68 Figura 55 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO ................................................................69 Figura 56 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO ................................................................70 Figura 57 – GRAFICO - SEXO ...............................................................................................................71 Figura 58 – GRÁFICO - FAIXA ETÁRIA .................................................................................................72 Figura 59 – GRAFICO - PROFISSÃO ....................................................................................................73 Figura 60 – GRAFICO – FREQUÊNCIA DE VISITA A PRAINHA ...........................................................73 Figura 61 – GRAFICO - SIGNIFICADO DA PRAINHA ...........................................................................74 Figura 62 – GRAFICO - O QUE VEM PRIMEIRO A CABEÇA QUANDO SE FALA SOBRE A PRAINHA ............................................................................................................................................... 75 Figura 63 – GRAFICO - O QUE SENTE FALTA OU SAUDADES DA PRAINHA? ................................. 76 Figura 64 – GRÁFICO FREQUÊNCIA DE VISITA AO EIXO DO ROSÁRIO ...........................................77 Figura 65 – PRAÇA TAMANDARÉ .........................................................................................................77 Figura 66 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES ........................................................ 78 Figura 67 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES ........................................................79 Figura 68 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES ........................................................ 79 Figura 69 – PRAÇA DA BANDEIRA .......................................................................................................80


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Figura 70 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES ......................................................81 Figura 71 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES ......................................................82 Figura 72 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES ......................................................82 Figura 73 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO ..................................................................................................83 Figura 74 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES .................................................84 Figura 75 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES .................................................85 Figura 76 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES .................................................85 Figura 77 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO ..................................................................................................86 Figura 78 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES .................................................87 Figura 79 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES .................................................87 Figura 80 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES .................................................88 Figura 81 – PLANTA BAIXA – PROPOSTA PROJETUAL .....................................................................90 Figura 82 – CORTE 01 ...........................................................................................................................92 Figura 83 – CORTE 02 .......................................................................................................................... 93 Figura 84 – CORTE 03 ...........................................................................................................................94 Figura 85 – CORTE 04 .......................................................................................................................... 95 Figura 86 – CORTE 05 ...........................................................................................................................96 Figura 87 – PROPOSTA PROJETUAL - PRAÇA TAMANDARÉ ............................................................97 Figura 88 – PROPOSTA PROJETUAL - PRAÇA TAMANDARÉ ............................................................98 Figura 89 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA TAMANDARÉ ............................................................100 Figura 90 – PRAÇA TAMANDARÉ – DIURNA E NOTURNA ................................................................101 Figura 91 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA DA BANDEIRA ..........................................................103 Figura 92 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA DA BANDEIRA ..........................................................104 Figura 93 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA DA BANDEIRA ..........................................................106 Figura 94 – PRAÇA DA BANDEIRA – DIURNA E NOTURNA ..............................................................107 Figura 95 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – FRONTAL A IGREJA................108 Figura 96 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – FRONTAL A IGREJA................109 Figura 97 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – FRONTAL A IGREJA................111 Figura 98 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – FRONTAL A IGREJA – DIURNA E NOTURNA ....................112 Figura 99 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – POSTERIOR A IGREJA............ 113 Figura 100 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – POSTERIOR A IGREJA..........114 Figura 101 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – POSTERIOR A IGREJA – DIURNO E NOTURNO.............116 Figura 102 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03 ..............................................117 Figura 103 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03 ..............................................118 Figura 104 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03 ..............................................119 Figura 105 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03 ..............................................120


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Figura 106 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03 ..............................................122 Figura 107 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03 ..............................................122 Figura 108 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03 – DIURNO E NOTURNO .................................................123 Figura 109 – IMERSÃO PRESENCIAL ............................................................................................... 126 Figura 110 – APRESENTAÇÃO DO VÍDEO .........................................................................................127 Figura 111 – PRAÇA TAMANDARÉ – PERGUNTAS ...........................................................................128 Figura 112 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES ....................................................129 Figura 113 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES ....................................................130 Figura 114 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES ....................................................130 Figura 115 – PRAÇA DA BANDEIRA – PERGUNTAS .........................................................................131 Figura 116 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES ..................................................132 Figura 117 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES ..................................................132 Figura 118 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES ..................................................133 Figura 119 – PRAÇA OTÁVIO ARAÚJO – PERGUNTAS ....................................................................134 Figura 120 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES ...........................................................135 Figura 121 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES ...........................................................135 Figura 122 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES ...........................................................136 Figura 123 – PRAÇA OTÁVIO ARAÚJO – PERGUNTAS ....................................................................137 Figura 124 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES ...........................................................138 Figura 125 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES ...........................................................138 Figura 126 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES ...........................................................139 Figura 127 – ÓCULOS – EYE TRACKER ............................................................................................139 Figura 128 – QR CODE – EYE TRACKER. .........................................................................................140 Figura 129 – CALIBRAÇÃO – EYE TRACKER.....................................................................................141 Figura 130 – PRAÇA TAMANDARÉ – MAPA DE CALOR ....................................................................142 Figura 131 – PRAÇA DA BANDEIRA – MAPA DE CALOR ..................................................................143 Figura 132 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR ..............................................................144 Figura 133 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR ..............................................................145 Figura 134 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR. .............................................................146 Figura 135 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR. .............................................................147 Figura 136 – PRAÇA OTÁVIO ARAÚJO – MAPA DE CALOR ..............................................................148 Figura 137 – PRAÇA TAMANDARÉ – MAPA DE CALOR ....................................................................149 Figura 138 – PRAÇA DA BANDEIRA – MAPA DE CALOR ..................................................................150 Figura 139 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR ..............................................................151 Figura 140 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR. .............................................................152 Figura 141 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR ..............................................................153


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Figura 142 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR ..............................................................154 Figura 143 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR ..............................................................155


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LISTA DE SIGLAS BIM - Building Information Modeling (Modelagem de Informações da Construção) CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia EAMES - Escola de Aprendizes de Marinheiros EEG – Electroencephalogram (Eletroencefalograma) ES – Espírito Santo (Estado) IJSN – Instituto Jones dos Santos Neves IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional MA – Massachusetts NBR – Norma Técnica Brasileira PDM – Plano Diretor Municipal SCN - Suprachiasmatic Nuclei (Núcleos Supraquiasmáticos) SHU - Sítio Histórico Urbano SP – São Paulo (Estado) VV – Vila Velha


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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1 OBJETIVOS ............................................................................................................... 2 OBJETIVO PRINCIPAL ............................................................................................... 2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS .................................................................................... 2 1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS............................................................................... 3 1.1 ARQUITETURA, PATRIMÔNIO E NEUROCIÊNCIA ............................................. 3 1.2 MEMÓRIA, NEUROCIÊNCIA E ARQUITETURA ................................................... 7 1.2.1 Tipos de Memória............................................................................................ 12 1.2.2 Self .................................................................................................................. 14 1.3 ESTUDOS DE CASOS – NEUROCIÊNCIA APLICADA PARA ANÁLISE DE ESPAÇOS EXTERNOS............................................................................................. 15 1.3.1 Prédios da cidade e do subúrbio de Nova York, Boston, Somerville e Devens, MA ............................................................................................................. 15 1.3.2 Igreja da Trindade e o edifício Hancock Tower de Boston ........................... 21 1.3.3 Whole Foods – Lower East Side de Nova York ............................................. 24 2 O SÍTIO HISTÓRICO DA PRAINHA ....................................................................... 29 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ........................................... 29 2.2 PATRIMÔNIO CULTURAL DA PRAINHA ............................................................ 37 2.3 EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO ......................................................................... 45 2.3.1 Leitura Arquitetônica ..................................................................................... 45 3 PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA ................................................................... 57 3.1 DIAGNÓSTICO FÍSICO SENSORIAL ................................................................. 57 3.1.1 Metodologia .................................................................................................... 57


xii 3.1.2 Análises........................................................................................................... 58 3.2 QUESTIONÁRIO SOBRE A PERCEPÇÃO DO EIXO DO ROSÁRIO. ................. 71 3.2.1 Metodologia .................................................................................................... 71 3.2.2 Análises........................................................................................................... 71 4 PROPOSTA PROJETUAL..................................................................................... 89 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 125 5.1 VÍDEO – PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA ................................................ 125 5.1.1 Metodologia .................................................................................................. 125 5.1.2 Análises......................................................................................................... 128 5.2 EYE TRACKER. ................................................................................................ 139 5.2.1 Metodologia .................................................................................................. 139 5.2.2 Análises......................................................................................................... 141 5.3 CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 155 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 158 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 160 ANEXOS ................................................................................................................ 165 ANEXO 01 .............................................................................................................. 165


1 INTRODUÇÃO A neurociência aborda a temática baseada no funcionamento do sistema nervoso do ser humano e se integra na percepção de impacto do funcionamento inconsciente do cérebro, na qual resulta nos comportamentos voluntários e involuntários dos indivíduos. Quando analisado em função do espaço físicos, esses comportamentos são alterados de acordo com a disposição e impactos dos bens materiais e imateriais. Os impulsos gerados pelo cérebro afetam diretamente na produtividade e na qualidade de vida dos usuários presentes no meio físico. Diante dessas perspectivas, o estudo da forma da influência dos ambientes no inconsciente humano, é objeto de análise para identificar soluções para a melhor adaptação de seus usuários, refletindo na percepção afetiva e configurando memória. Dessa forma, os indivíduos construirão relações de identificação do espaço, e consequentemente, aumentariam sua sensação de pertencimento, sentimentos de segurança, afeto, menos conflitos psicológicos, dentre outros. Os edifícios de valores histórico-culturais dispõem de posses de dados e valores tanto em caráter arquitetônico quanto em caráter neuropsicológico. Nesse sentido, essa pesquisa busca analisar a percepção espacial e afetiva do Largo do Rosário, localizado no Sítio Histórico da Prainha, Vila Velha/ES, mediante aos aspectos socioculturais e psíquicos que impactam cotidianamente em seus usuários, residentes locais e indivíduos frequentadores de seu entorno. A intenção é contribuir para a preservação e melhoria nos requisitos arquitetônicos deste patrimônio relevante para os capixabas. A exploração da análise espacial e afetiva foi contextualizada através de referências bibliográficas e atestadas por meio de dispositivos capazes de monitorar os aspectos cognitivos gerados pelo psicológico humano, por intermédio de gráficos específicos e percepções individuais concebidos pelos mesmos. Desta forma, buscou-se validar a atribuição da construção em convergência com os aspectos neuropsicológicos. A pesquisa tem por finalidade analisar os comportamentos humanos perante a uma construção de valor afetivo e de sua relação com a memória de se seus usuários, bem como do impacto que suas modificações promoveram nas emoções e nos sentimentos das pessoas.


2 Sendo assim, os estudos buscam interpretar as influências psíquicos mentais; as perspectivas do cérebro humano na formação da identidade, memória e linguagem dos indivíduos; e a relação corpo-mente quando analisadas em função dos aspectos táteis, auditivos e sensoriais. Essa interpretação foi utilizada como base para projetar uma intervenção no Largo do Rosário, a partir de elementos que pudessem resgatar e ativar a memória dos seus usuários.

OBEJTIVOS OBJETIVO PRINCIPAL Projetar uma intervenção de desenho urbano, em estudo preliminar, no Eixo da Igreja do Rosário, situado na Prainha de Vila Velha/ES, a partir de princípios neuro científicos, de modo a estimular o acionamento dos mecanismos de memória e atenção de modo a contribuir para a valorização do patrimônio cultural.

OBJETIVOS SECUNDÁRIOS A fim de alcançar o objetivo geral proposto, serão desenvolvidas ações específicas que visam: 1. A partir da teoria da neurociência, compreender os mecanismos cerebrais vinculados à memória; 2. Conceituar e interpretar os conceitos de self, self autobiográfico, mapas cerebrais e memória autobiográfica; 3. Correlacionar esses conceitos à arquitetura, neurociência e patrimônio; 4. Estudar o Sítio Histórico da Prainha, sua evolução histórica e seu patrimônio cultural; 5. Estudar o Eixo da Igreja do Rosário e os mecanismos cerebrais acionados na percepção espacial e afetiva do local; 6. Testar o projeto, a partir de técnicas de rastreamento ocular - “Heat Maps” e coleta de pulso dos usuários.


3 1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS O estímulo da construção da memória, se fundamenta em produção de informações vividas pelo indivíduo, para que, futuramente o mesmo possa evoca-las e assim identificar o espaço, pessoas, objetos, sentimentos, prazeres, dentre outros. Diante dessa perspectiva, a neurociência em convergência com a arquitetura, fundamenta em construções, a relação da percepção espacial e afetiva do espaço, desencadeando emoções, aguçando os sentidos e impactando nos aspectos neuropsicológicos. O patrimônio carrega consigo questões pertencentes a identificação de um povo. O conjunto de elementos característicos simbolizam os bens sociais de determinada comunidade, sejam eles, construções, culturas, elementos naturais, crenças, etc. Desta forma, o capítulo busca interpretar os aspectos psíquicos mentais correlacionados com os fatores presentes na arquitetura e na definição de patrimônio histórico.

1.1 ARQUITETURA, PATRIMÔNIO E NEUROCIÊNCIA A arquitetura cumpre a estratégia de organizar, planejar e projetar espaços que abrigam diferentes tipos de usuários e atividades, traduzindo em estruturas físicas as necessidades funcionais dos mesmos. Desta forma, cabe ressaltar a eficácia da aplicação adequada de elementos de projetos para ser obtido resultados satisfatórios no cotidiano daqueles que usufruirão do local. Constata-se que a atribuição da arquitetura se expande além das funções estéticas. A prática estimula o consciente humano a explorar seus sentidos, percepções e comportamentos, ativando mecanismos no cérebro capazes de resultar no estado emocional do usuário no espaço físico. O objetivo de nossos edifícios ainda é visto com demasiada frequência em termos de desempenho funcional, conforto físico, economia, representação simbólica ou valores estéticos. No entanto, a tarefa da arquitetura se estende além de suas dimensões materiais, funcionais e mensuráveis, e até além da estética, até a esfera mental e existencial da vida. Além disso, a arquitetura praticamente sempre tem um impacto e significado coletivos. Os edifícios não fornecem apenas abrigo físico ou facilitam atividades distintas. Além de abrigar nossos corpos e ações frágeis, eles também precisam abrigar nossas mentes, memórias, desejos e sonhos. Nossos prédios são extensões cruciais de nós mesmos, individual e coletivamente. Os edifícios mediam entre


4 o mundo e nossa consciência, internalizando o mundo e exteriorizando a mente (PALLASMAA, 2013, p.7-8, tradução nossa)1.

A relação de impacto de aspectos arquitetônicos em aspectos psíquicos neurológicos, são decorrentes da interpretação do cérebro diante de percepções conscientes. A neurociência é responsável pelo desenvolvimento deste estudo realizado através dos processos cerebrais. Significado de neurociência: ciência que estuda o sistema nervoso, a organização cerebral, a anatomia e a fisiologia do cérebro, além de sua relação com as áreas do conhecimento (aprendizagem, cognição ou comportamento). Reunião dos saberes e conhecimentos que se relacionam com o sistema nervoso (DICIO, 2020).

Segundo Damásio (2011), a relação do indivíduo entre objetos e ações que ocorrem em determinada circunstância, são mapeados pelo cérebro humano. Os mapeamentos permitem que o cérebro armazene os conteúdos gerados para que possam ser fixados na memória e evocados quando necessários. Em suma, o cérebro mapeia o mundo ao redor e mapeia seu próprio funcionamento. Esses mapas são vivenciados como imagens em nossa mente, e o termo “imagem” refere-se não só as imagens do tipo visual, mas também as originadas de um dos nossos sentidos, por exemplo, as auditivas, as viscerais, as táteis (DAMÁSIO, 2011, p. 33).

A partir da análise dos comportamentos humanos derivados de espaços projetados, compreende-se o exercício da neurociência para atuar de forma a proporcionar aos usuários diferentes experiências, resultando na melhoria da qualidade de vida; despertando sentimentos de segurança e favorecendo a socialidade; maior desempenho em atividades; espaços vitais e acolhedores; dentre outros. A tensão comportamental tida pela população é reflexo dos modelos de espaços e cidades que não exploram os benefícios da Neuroarquitetura (PAIVA, 2020). As questões abstratas tidas por detrás da arquitetura, traduz a personificação

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purpose of our buildings is still too often seen narrowly in terms of functional performance, physical comfort, economy, symbolic representation, or aesthetic values. However, the task of architecture extends beyond its material, functional, and measurable dimensions, and even beyond aesthetics, into the mental and existential sphere of life. Besides, architecture has practically always a collective impact and meaning. Buildings do not merely provide physical shelter or facilitate distinct activities. In addition to housing our fragile bodies and actions, they also need to house our minds, memories, desires, and dreams. Our buildings are crucial extensions of ourselves, both individually and collectively. Buildings mediate between the world and our consciousness through internalizing the world and externalizing the mind (PALLASMAA, 2013, p. 7-8).


5 dos projetos arquitetônicos, estimulando mecanismos no cérebro capazes de gerar emoções, identificação com o local, proporcionando lembranças. Os processos multissensoriais ocasionados através do tato, olfato, audição e visão, estão associados a percepção do ser humano em relação aos detalhes dos espaços, realizados de modo intuitivo. Despertar a sensibilidade humana através da arquitetura, modifica as reações de comportamentos do ser humano quando relacionados com a capacidade do cérebro em traduzir estes efeitos aplicados na construção. O subconsciente humano impacta nos sentimentos despertados na ocasião. Como por exemplo, Eberhard (2009) cita experiências obtidas no projeto de Thorncrown Chapel, onde foram projetados elementos que caracterizam o local em que está inserido, proporcionando assim, sensações singulares aos seus usuários. Nosso conhecimento disponível do cérebro e mente pode fornecer alguma plausível hipótese sobre a cognição e experiências emocionais associadas a Capela de Thorncrown: Nosso senso de reverência é influenciado, em parte, tendo espaço acima do nosso cabeça que não é visível até que mover nossos olhos (e provavelmente nosso cabeça) para cima. (...) A sensibilidade de nossos núcleos supraquiasmáticos (SCN) à luz - os ritmos circadianos – influencia nossa atenção. O jogo da luz e sombra pode acionar o SCN para 'Brinque com atenção' de uma maneira que achamos estimulante.O silêncio da natureza nas profundezas das madeiras fornece uma experiência 'silenciosa' para o nosso córtex auditivo que pode ser reconfortante, o que sugere que a sensação de 'tranquilidade' vivida pelos moradores urbanos possa ser mais calmante (por causa do ruído ambiente em que vivem) a experiência dos moradores rurais (EBERHARD, 2009, p.755, tradução nossa)2.

As percepções realizadas por Eberhard na Thorncrown Chapel refletem de modo similar quando comparadas as percepções dos indivíduos mediante as construções de valores históricos. A forma de identificação da pessoa com o

2

Our available knowledge of the brain and mind can provide some plausible hypotheses about the cognitive and emotional experiences associated with the Thorncrown Chapel: Our sense of awe is influenced, in part, by having space above our head that is not visible until we move our eyes (and probably our head) upward. (...)The sensitivity of our suprachiasmatic nuclei (SCN) to light— driving the circadian rhythms—influences our alertness. The play of light and shadow may trigger the SCN to ‘‘play with alertness’’ in a way that we find stimulating.The hush of nature deep in the woods provides a ‘‘quiet’’ experience for our auditory cortex that could be soothing, which suggests that the sense of ‘‘quiet’’ experienced by urban dwellers may be more soothing (because of the ambient noise where they live) than the experience of rural dwellers. (EBERHARD, 2009, p.755)


6 espaço físico se dá por meio da ativação da memória, recordando de lembranças vivenciadas no local. Ao tratar de memória, podemos nos remeter também ao patrimônio cultural. Aponta-se como patrimônio cultural, um conjunto de elementos sejam eles construções físicas ou elementos naturais que possuam valores históricos, emocionais e de identificação para a cultura e história de uma sociedade. Através destes bens sociais que se conserva a história da comunidade. Sendo assim, mecanismos impulsionados pela memória, se fazem primordiais para a preservação destes saberes e tradições. O que é patrimônio cultural? É o conjunto de bens, de natureza material e/ou imaterial, que guarda em si referências à identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos sociais. É um elemento importante para o desenvolvimento sustentado, a promoção do bem-estar social, a participação e a cidadania (CREA – SP, 2008, p.13).

De acordo com o CREA – SP (2008), os elementos constituintes do patrimônio cultural podem ser identificados como bens tangíveis, caracterizado pela sua materialidade móvel como por exemplo, mobiliários, obras de arte, utensílios; e caracterizado como bens imóveis, como por exemplo, monumentos, edifícios, elementos naturais. Os bens imateriais, como por exemplo, lendas, costumes, são identificados como bens intangíveis. As junções destes elementos contribuem para a formação da cultura e da compreensão da identidade de uma sociedade. “A identidade dos povos advém das memórias comuns a todos os seus integrantes. As memórias abarcam a história de cada cidade, país, povo, civilização, assim como as lembranças individuais dos animais e das pessoas” (ZUANON et al., 2019, p.3). Segundo Eberhad (2009), o processo de percepção do objeto não é aplicado somente a ele especificamente. O mesmo se compõe de uma cena ao seu entorno onde é possível relacionar diferentes elementos e relações espaciais, fazendo com o que o ambiente possa ser compreendido e capaz de impulsionar ações determinantes da operação ação-percepção. Desta forma, a vinculação dos bens que constitui o cenário, quando analisado o entorno do patrimônio cultural, podem resultar em consequências benéficas ou em fatores que inibem o elemento, ou seja, quando o conjunto adjacente se sobressair de forma a realçar a primeira percepção do indivíduo, quando


7 analisados de forma espacial, a representação da construção ou do elemento natural de valor histórico será percebido em segundo plano ou até mesmo não ter interação com o sistema cerebral. Estes fatores exprimem a relevância do projeto arquitetônico que considera as variáveis internas e externas, atribuindo as necessidades funcionais e psíquicas dos indivíduos que usufruem e que transitam no espaço. 1.2 MEMÓRIA, NEUROCIÊNCIA E ARQUITETURA Reconhece-se memória como forma de evocar laços passados, na qual o indivíduo não possui acesso. Os registros de informações vividos por um indivíduo são produzidos e armazenados pelo cérebro, na qual a evocação dos mesmos nos permite identificar lugares, pessoas e objetos, reconhecendo-os e assimilando-os com o momento que o foi vivenciado anteriormente. A memória e o reconhecimento de objetos são realizados por uma parte do cérebro denominada de “lobo temporal”. Figura 01 – LOBO TEMPORAL (TEMPORAL LOBE)

Fonte:< https://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2012/05/pesquisando-sobre-ocerebro-3.html>. Acesso em: 30 mai. 2020


8 Segundo Damásio (2011), a maneira como entidades agem, soam e suas respectivas aparências são preservados pelo cérebro para que futuramente possam ser evocadas. A relação corpo-mente impacta diretamente nos estímulos ocasionados em função dos aspectos sensoriais. Estas experiências multidimensionais são produzidas através da visão, na geração de imagens; em funções táteis, através do toque e da sensibilidade motora ocasionada pelo objeto; em funções auditivas, através da propagação sonora e em funções das células olfativas que são estimuladas através dos odores emitidos. Agora pense no prodígio que é essa evocação, e pense nos recursos que o cérebro precisa possuir para produzi-la. Além de imagens perceptuais em vários domínios sensoriais, o cérebro necessita de uma forma de armazenar os respectivos padrões, de algum modo, em algum lugar, e precisa manter um trajeto para recuperar os padrões, de algum modo, em algum lugar, para que em algum lugar e de algum modo sua tentativa de reprodução funcione (DAMÁSIO, 2011, p. 167).

Mediante a primeira abordagem em contato com a circunstância para a construção da memória, elencam-se processos pelo qual são moduladores de emoções e sentimentos. Segundo Damásio (2011), quando ocorre algum tipo de recompensa, punição ou quando são antecedidas de algum ato de impulso e motivação, o processo de fixação da memória terá êxito. Lembrar uma pessoa ou evento ou contar uma história requer a evocação; reconhecer objetos e situações a nossa volta também, e o mesmo vale para pensar em objetos com os quais interagimos e acontecimentos que percebemos, e para todo o processo imaginativo com o qual planejamos para o futuro (DAMÁSIO, 2011, p. 173).

Damásio (2011) também afirma que após o primeiro contato com a informação, o cérebro é capaz de criptografar os dados através das células neurais e armazená-las em sistemas neurais, para que assim, modulada pelas emoções elas possam ter eficácia em seus registros. Destaca-se então, dois aspectos primordiais que refletem diretamente o comportamento humano: emoções e sentimentos. Esses dois mecanismos são distintos, porém não estão separados, pois ao mesmo tempo que se expressa a emoção estamos sentindo-a. Alguns mecanismos reguladores os distinguem, caracterizando-os como fenômenos perceptíveis e imperceptíveis. Emoções são programas de ações complexos e em grande medida automatizados, engendrados pela evolução. As ações são complementadas por um programa cognitivo que inclui certas ideias e modos de cognição, mas o mundo das emoções é sobretudo feito de


9 ações executadas no nosso corpo, desde expressões faciais e posturas até mudanças nas vísceras e meio interno. Os sentimentos emocionais, por outro lado, são as percepções compostas daquilo que ocorre em nosso corpo e na nossa mente quando uma emoção está em curso. No que diz respeito ao corpo, os sentimentos são imagens de ações, e não ações propriamente ditas; o mundo dos sentimentos é feito de percepções executadas em mapas cerebrais. (DAMÁSIO, 2011, p. 142)

Sendo assim, os comportamentos humanos decorrentes de emoções são perceptíveis, como por exemplo em posturas e expressões faciais, ou seja, as emoções podem ser expressas pela gestualidade. Quando comparado aos sentimentos, os aspectos comportamentais são imperceptíveis, originando-se das perspectivas derivadas dos estímulos extraídos da estrutura física do indivíduo, da maneira como as pessoas sentem e percebem a emoção. Segundo Damásio (2011), o estado emocional do ser humano é proveniente deste

ciclo

de

emoção-sentimento,

onde

esses

sentimentos

estão

intrinsecamente conectados, na qual o processo se realiza por intermédio do sistema cerebral. O cérebro desenvolve métodos avaliativos e perceptivos originadas de um estímulo provocado pelo corpo na qual iminentemente poderá suceder uma emoção. Quando ocorrer o retorno do estímulo provocado pelo corpo, o emocional, dito como estado de espírito do indivíduo, será correspondente ao sentimento. Damásio (2012, p. 140) considera que se uma emoção compreende alterações no estado do corpo interligada com imagens produzidas pelo cérebro que de modo involuntário se ativam a partir do sistema cerebral especifico, “(...) a essência do sentir de uma emoção é a experiência dessas alterações em justaposição com as imagens mentais que iniciaram o ciclo”. Nem sempre podemos afirmar que retorno da emoção poderá tornar-se um sentimento, pois o retorno emocional é característico de cada indivíduo. Nos estudos realizados por António R. Damásio, o autor destaca que existem emoções tidas como emoções primárias, onde as mesmas são capazes de serem identificadas por qualquer ser humano. Charles Darwin afirma que este conjunto de emoções são comuns em todos os povos independente de sua cultura ou grau de conhecimento. Damásio as intitulavas como emoções universais.


10 Uma regra prática imprecisa sugere que reservemos o termo “emoção” para um programa de ações razoavelmente complexo (que inclua mais de uma ou duas respostas reflexas) desencadeado por um objeto ou fenômeno identificável, um estímulo emocionalmente competente. Considera-se que as chamadas emoções universais (medo, raiva, tristeza, alegria, nojo e surpresa) encaixam-se nesse critério. Seja como for, essas emoções certamente são produzidas em todas as culturas e são fáceis de reconhecer, pois uma parte de seu programa de ação – as expressões faciais – é bem característica. Essas emoções estão presentes até em culturas que não possuem designações distintivas para elas. Devemos a Charles Darwin o reconhecimento pioneiro dessa universalidade, não apenas em humanos, mas também em animais (DAMÁSIO, 2011, p. 158).

Outro fator determinante para as emoções são as intituladas por Damásio (2011) como emoções de fundo e emoções sociais. Sendo assim, ele afirma que as emoções de fundo ocorrem em estados neuropsicológicos, designados de circunstâncias causadoras de desânimo e entusiasmo e manifestam-se de forma a proporcionar ao indivíduo sensações como bem ou mal-estar, calma, etc. Exemplos das principais emoções sociais ilustram o porquê da denominação: compaixão, embaraço, vergonha, culpa, desprezo, ciúme, inveja, orgulho, admiração. São emoções desencadeadas em situações sociais e certamente tem papeis importantes na vida dos grupos sociais (DAMÁSIO, 2011, p. 160).

Memória, sentimentos e emoções estão intrinsecamente conectados. A evocação da memória desperta sentimentos e emoções. Mediante aos aspectos abordados que conduzem o ser humano a formação da memória, aponta-se então, questões para a consolidação da mesma, onde são divididas em: memória de curto prazo e memória de longo prazo. Damásio (2011) destaca que as memórias de curto prazo duram apenas algumas horas e para torná-las como memórias a longo prazo necessita-se da operação do Hipotálamo3, onde o mesmo desempenha ações, que conjuntamente a fortes emoções moldam o caráter humano ao decorrer dos anos.

3 [Anatomia]

Região do diencéfalo onde se situam os centros nervosos de atividade parassimpática e simpática, responsáveis pelo despertar, pelo sono, pela temperatura, pela regulação térmica. (DICIO, 2020).


11 Figura 02 – HIPOTÁLAMO

Fonte: <http://gazeta-rs.com.br/pilula-anticoncepcional-reduz-hipotalamo-das-mulheres/> Acesso em: 30 mai. 2020

Segundo Kanwisher (1999), a sub-região do córtex Parahippocampal

4

é

responsável pela percepção de cenas e lugares, codificando e recuperando a memória. O giro parahipocampal possui eficácia quando ocorrem cenas inéditas presenciadas pelo indivíduo, sendo assim, sua atividade não é afetada quando ocorre familiaridade com o espaço e nem quando o indivíduo se movimenta pela cena em questão.

4O

córtex para-hipocampal abrange uma grande porção do lobo temporal medial. Está localizado na junção entre as regiões do cérebro descritas como essenciais para a formação da memória (por exemplo, o hipocampo) e o processamento visual de alto nível (por exemplo, o córtex fusiforme) (AMINOFF et al., 2013, tradução nossa).


12 Figura 03 – SISTEMA LÍMBICO O SISTEMA LÍMBICO

GLÂNDULA PINEAL

COMPONENTES NO CÉREBRO COMPONENTES NO DIENCEPHALON

GIRO PARAHIPOCAMPAL

GRUPO ANTERIOR DE NÚCLEOS TALÂMICOS HIPOTÁLAMO

HIPOCAMPO

CORPO MAMILAR CORPO AMIGGALÓIDE

Fonte: < https://drdooleynoted.com/2015/09/30/anatomy-angel-grief-and-breathing/> Acesso em: 30 mai. 2020

Desta forma, compreende-se que as características sensoriais e afetivas compostas pelos ambientes alteram de maneira significativas o estado emocional do ser humano, refletindo consequentemente em suas performances em diferentes atividades. 1.2.1 Tipos de Memória Segundo Damásio (2011) é possível identificar e classificar os tipos de memórias tanto decorrente ao assunto pela qual são constituídas as recordações, quanto pela forma de como é representada a evocação em determinado cenário, por intermédio do conjunto de circunstâncias causadas pelas recordações. Desta forma, Damásio (2011) apresenta denominações aplicadas a memória declarativa, onde o indivíduo pode conectar-se de forma consciente. Diante dessa perspectiva, aponta-se para a divisão de dois parâmetros ocasionados pela memória declarativa, chamadas de memória episódica e memória semântica. A memória episódica, tem a finalidade de armazenar dados pessoais, acontecimentos que relevantes ao decorrer da vida do ser humano. Já a


13 memória semântica, é caracterizada pelo fato do indivíduo se recordar do processo pela qual o adquiriu este tipo de recordação. Além disso, Damásio (2011) destaca outros dois tipos de memória, subdividas em memória de trabalho e memória procedimental. Antes de realizar o processo de recordação, a memória necessita estar ativa na mente, e com isso é caracterizado a memória de trabalho, onde a mesma possui a função de armazenar os dados obtidos e os mantem vivo. Quanto a memória procedimental, são as que definem os hábitos humanos, tendo responsabilidade direta nos impulsos automáticos realizados pelos mesmos. (...) quanto maior o contexto sensitivo-motor reconstituído em relação a determinada entidade ou evento, maior a complexidade. A memória de entidades e eventos únicos, isto e, que são ao mesmo tempo singulares e pessoais, requer contextos altamente complexos. Podemos vislumbrar uma progressão hierárquica da complexidade do seguinte modo: entidades e eventos singulares e pessoais requerem maior complexidade; entidades e eventos singulares e não pessoais vêm em seguida; entidades e eventos não únicos requerem menor complexidade (DAMÁSIO, 2011, p. 177).

Por fim, considera-se como memória autobiográfica quando compostas pelo agrupamento de informações obtidas através das experiências, conhecimentos e aprendizados constituídos e armazenados ao longo da vida. A partir das análises obtidas e do primeiro contado com a memória, decorrentes de seu registro inicial, passa-se o processo para o armazenamento destes dados em questão. O processo de armazenagem destas informações, até a ocasião pela qual necessita-se sua recordação, é denominado por Damásio (2011) como conservação. O estágio de evocação procede o estágio caracterizado anteriormente. A evocação vem de forma a reproduzir as informações que foram armazenadas anteriormente, retorna de forma original, sendo conjuntamente traduzidas em informações sensoriais, relembrando cheiros, texturas, entre outros. (...) Além de criar representações mapeadas que resultem em imagens perceptuais, o cérebro realiza outra proeza igualmente notável: cria registros de memória dos mapas sensoriais e reproduz uma aproximação de seu conteúdo original. Esse processo é conhecido como, recall ou evocação (DAMÁSIO, 2011, p. 173).


14 1.2.2 Self Dentro do contexto onde se estruturam os mecanismos de memória e sentimentos, estrutura-se também o mecanismo do Self. (...) o que permite que a mente saiba que esses domínios existem e pertencem a seus proprietários mentais – corpo, mente, passado e presente e todo o resto – é que a percepção de qualquer um desses itens gera emoções e sentimentos e, por sua vez, os sentimentos ensejam a separação entre os conteúdos que pertencem ao self e os que não pertencem. De minha perspectiva, esses sentimentos funcionam como marcadores. São os sinais, baseados em emoções, que chamo de marcadores somáticos. (...). Esses sentimentos geram uma distinção entre self e não self. São, em poucas palavras, sentimentos de conhecer (DAMÁSIO, 2011, p. 22).

Diante dos conceitos propostos por Damásio (2011), self se mantem em caráter único e individual na qual é capaz de definir a identidade, crenças e personalidades das pessoas. Deste modo, para seu desenvolvimento, é necessário o contato social, onde presumidamente serão produzidas de formas conscientes as perspectivas comportamentais do grupo, onde neles serão gerados conteúdos mentais, linguagens e culturas. O self, pode ser caracterizado de três formas, sendo elas o self autobiográfico, o protosself e o self-central. (...) o self é construído em estágios. O estágio mais simples tem origem na parte do cérebro que representa o organismo (o protosself) e consiste em uma reunião de imagens que descreve aspectos relativamente estáveis do corpo e gera sentimentos espontâneos do corpo vivo (os sentimentos primordiais). O segundo estágio resulta do estabelecimento de uma relação entre o organismo (como ele é representado pelo protosself) e qualquer parte do cérebro que represente um objeto a ser conhecido. O resultado é o self central. O terceiro estágio permite que múltiplos objetos, previamente registrados como experiência vivida ou futuro antevisto, interajam com o protosself e produzam pulsos de self central em profusão. O resultado é o self autobiográfico. Os três estágios são construídos em espaços de trabalhos separados, mas coordenados. São os espaços de imagem, a arena onde se dá a influência da percepção corrente e das disposições contidas em regiões de convergência-divergência (DAMÁSIO, 2011, p. 225-226).

É importante ressaltar que o self autobiográfico se pauta na história memorizada, tanto a recente quanto a remota. A consolidação do self autobiográfico depende de dois mecanismos conjugados. O primeiro refere-se ao mecanismo do self central que ratifica que cada conjunto biográfico de memórias seja tratado como um objeto e se torne consciente em um pulso de self central. O segundo


15 mecanismo refere-se à operação de coordenação no cérebro como um todo. Segundo Damásio (2011, p. 262) essa operação contempla três etapas: (1) certos conteúdos são evocados da memória e exibidos como imagens; (2) é possibilitada a interação dessas imagens, de modo ordenado, com outro sistema em outra parte do cérebro, ou seja, com o protosself; (3) os resultados dessa interação são mantidos coerentemente durante uma dada janela de tempo.

Por fim, metodologias apontam que o cérebro possui correlações diretas com as experiências obtidas na arquitetura. Consideram-se que os espaços construídos impactam de modo imediato nos comportamentos dos indivíduos que usufruem do local, refletindo em estímulos de socialização, posturas saudáveis, ambientes que reduzem a criminalidade, aguçam emoções, estimulem o bem-estar, entre outros. A Neuroarquitetura busca ressaltar estes princípios influenciados por impulsos, emoções, sentimentos e memórias compreendendo de maneira científica como os ambientes afetam os seres humanos e estimulam gatilhos que resultam em comportamentos imediatos. Além disso, registra-se que há espaços que afetam o indivíduo sem que o mesmo perceba as consequências, processando somente características relevantes. Os impactos a longo prazo podem ser duradouros ao organismo, contraindo influências dos espaços na qual a pessoa permanece grande parte do tempo, mesmo quando a mesma já não ocupa mais o espaço. 1.3 ESTUDOS DE CASOS - NEUROCIÊNCIA APLICADA PARA ANÁLISE DE ESPAÇOS EXTERNOS 1.3.1 – Prédios da cidade e do subúrbio de Nova York, Boston, Somerville e Devens, MA Ann Sussman e Janice M. Ward (2017), realizaram um estudo para avaliar o impacto dos prédios da cidade e do subúrbio de Nova York, Boston, Somerville e Devens, MA na função cerebral. Os elementos que compõem as fachadas das construções foram analisados, para investigar quais elementos da sua composição física influenciam no psicológico das pessoas. Essa investigação foi realizada por meio de aparelhos tecnológicos. Segundo as autoras, os dispositivos tecnológicos são capazes de monitorar as reações inconscientes dos indivíduos diante do espaço em estudo.


16 Ferramentas biométricas como um EEG (eletroencefalograma) que mede as ondas cerebrais; software de análise de expressão facial que segue nossas expressões variáveis; e o rastreamento ocular, que nos permite registrar movimentos oculares "inconscientes", são onipresentes em todos os tipos de publicidade e desenvolvimento de produtos atualmente - além dos departamentos de psicologia ou medicina onde você espera vê-los. (SUSSMAN e WARD, 2017, tradução nossa)5.

Os dados coletados por meio do aparelho tecnológico de rastreamento ocular (Eye Tracker), certifica-se que há pouca ativação do cérebro perante as fachadas que não possuem peculiaridades. Construções que possuem maior parte de sua composição como forma mais pura, o material de vidro e elementos que possuem pinturas em sua totalidade na cor branca, permitem que as células responsáveis pelo órgão visceral, não reparem de imediato nestes pontos focais. Figura 04 – IMPACTO DAS FACHADAS EM BRANCO

Fonte:

<https://commonedge.org/game-changing-eye-tracking-studies-reveal-how-we-actuallysee-architecture/>. Acesso em: 15 mai. 2020

A Figura 04, representa a biblioteca Stapleton em Nova York. A análise possui dois parâmetros arquitetônicos distintos. A primeira figura apresenta as paredes em branco ao lado da entrada principal, e na segunda aplica-se esquadrias nas mesmas disposições laterais. Segundo Sussman e Ward (2017), os círculos na cor laranja adotados, identificam os enquadramentos visionais do ser humano no cenário, em um intervalo de 15 segundos. “Em média, os espectadores moviam os olhos 45 vezes por intervalo de teste, com pouco ou nenhum esforço

5

Biometric tools like an EEG (electroencephalogram) which measures brain waves; facial expression analysis software that follows our changing expressions; and eye-tracking, which allows us to record “unconscious” eye movements, are ubiquitous in all kinds of advertising and product development today—beyond the psychology or medical departments where you might expect to see them (SUSSMAN e WARD, 2017).


17 ou percepção consciente da parte deles, e nenhuma direção da nossa” (SUSSMAN e WARD, 2017, tradução nossa)6. Quando adotados as esquadrias no edifício, os espectadores tendem a impulsionar os estímulos de percepção exterior. Perante a análise da mesma construção, partindo da abordagem da retirada das janelas, os usuários tendem a desconsiderar os elementos externos, tendo a exceção do componente principal de fixação da visão, a porta. Os mapas de calor, que são referenciais de análise para atestar a percepção ocular do indivíduo, foram elaborados a partir da observação da biblioteca em estudo. Coletaram-se dados, que certificam os pontos que as pessoas fixam a visão. Sussman e Ward (2017), relatam que as áreas de tons avermelhados são onde as pessoas aderem o olhar, e os demais tons variados entre amarelo e esverdeado são áreas que a glândula ocular percorre até a fixação do ponto principal. “(...) nossos estudos descobriram que prédios com janelas perfuradas (ou áreas simétricas de alto contraste) sempre chamavam a atenção, e os que não tinham, não o faziam” (SUSSMAN e WARD, 2017, tradução nossa)7. Figura 05 – MAPAS DE CALOR

Fonte: <https://commonedge.org/game-changing-eye-tracking-studies-reveal-how-we-actuallysee-architecture/>. Acesso em: 15 mai. 2020.

O reflexo do comportamento do indivíduo derivado da percepção espacial de um determinado elemento, resulta nas experiências que o ser humano irá extrair para o seu subconsciente. Sussman e Ward (2017), ressaltam a “fixations drive exploration”, ou seja, as fixações que conduzem a exploração, tida como

6 On

average, viewers moved their eyes 45 times per testing interval, with little to no conscious effort or awareness on their part, and no direction on ours (SUSSMAN e WARD, 2017). 7 (...) our studies found that buildings with punched windows (or symmetrical areas of high contrast) perennially caught the eye, and those without, did not (SUSSMAN e WARD, 2017).


18 temática da ciência cognitiva que abordam praticas inconscientes e determinam os pontos que fixam a concentração do olhar humano. Os locais que possuem algum item em relevância e que capturam o olhar dos indivíduos, sucedem no comportamento inconsciente que o mesmo terá. Desta forma, alguns pontos estratégicos são posicionados de modo a prever estes resultados involuntário, fazendo com o que o cérebro atue em função do planejamento estratégico imposto. (...) hábitos ocultos inconscientes, como onde nossos olhos "fixam" sem entrada consciente, determinam para onde vai nossa atenção e isso é extremamente significativo. Por quê? Porque as fixações inconscientes, por sua vez, direcionam a atividade e o comportamento conscientes. (...). Não admira que os anunciantes de todas as faixas também o façam. Eles querem saber para onde olhamos, para que possam gerenciar nosso comportamento, certificando-se de que um anúncio chame a atenção como pretendido, antes de ser lançado. Eles querem gerenciar nosso comportamento inconsciente para obter o resultado consciente que desejam de nossos cérebros (sem ter que levantar um dedo metafórico!) (SUSSMAN; WARD, 2017, tradução nossa)8.

(...) hidden habits, such as where our eyes “fixate” without conscious input, determines where our attention goes and that’s hugely significant. Why? Because unconscious fixations in turn direct conscious activity and behavior. (...). No wonder advertisers of all stripes do too. They want to know where we look so they can manage our behavior, making certain an ad grabs attention as intended, before it’s released. They want to manage our unconscious behavior so they get the conscious outcome they desire from our brains, (without having to lift a metaphorical finger!) (SUSSMAN e WARD, 2017). 8


19 Figura 06 – ELEMENTOS PARA FIXAÇÃO DO OLHAR

Fonte: <https://commonedge.org/game-changing-eye-tracking-studies-reveal-how-we-actuallysee-architecture/>. Acesso em: 15 mai. 2020. Para ver como nossas “fixações conduzem a exploração”, vamos ver a cena acima; à esquerda fica a Davis Square em Somerville, MA, um denso bairro residencial perto de Cambridge, lar de muitas faculdades e empresas. À direita, a imagem mostra uma versão photoshopada da mesma cena. No ano passado, pedimos a mais de 300 pessoas em palestras onde eles preferem ficar em pé e esperar por um amigo: em frente ao prédio em branco ou em frente ao prédio com o colorido mural de Matisse. Surpreendentemente - sem falar um com o outro - todos escolheram o mesmo lugar, em pé na frente do mural (SUSSMAN e WARD, 2017, tradução nossa)9.

De acordo com Sussman e Ward (2017), o mapa de calor gerado a partir da observação do muro com pinturas, captam a maior parte da fixação dos olhares dos indivíduos. Desta forma, as autoras descrevem que é possível identificar sensações

e

comportamentos

originado

pelo

organismo

humano

e

impulsionados pela percepção espacial através do parâmetro emoçãosentimento.

To see how our “fixations drive exploration,” let’s take the scene above; at left is Davis Square in Somerville, MA, a dense residential district near Cambridge, home to many colleges and businesses. At right, the image shows a photoshopped version of the same scene. In the past year we’ve asked more than 300 people at lectures where they’d rather stand and wait for a friend: in front of the blank building or in front of the building with the colorful Matisse-like mural. Amazingly—without even talking with one another—everyone picked the same place, standing in front of the mural (SUSSMAN e WARD, 2017). 9


20 Figura 07 – MAPAS DE CALOR

Fonte: <https://commonedge.org/game-changing-eye-tracking-studies-reveal-how-we-actuallysee-architecture/>. Acesso em: 15 mai. 2020.

Em conclusão, reflete-se a atuação do inconsciente do usuário quando observado em função da arquitetura de rastreamento ocular. O ser humano é capaz de atrair elementos naturais e manter como foco de percepção, decorrentes do princípio da natureza animal que faz parte da evolução nativa de cada indivíduo. Em termos de como encaramos o mundo, nossos ancestrais aprenderam da maneira mais difícil a procurar imediatamente áreas de alto contraste e outras criaturas, particularmente rostos, e passaram as características que salvam vidas para nós. Esses comportamentos não desaparecerão em breve (SUSSMAN e WARD, 2017, tradução nossa)10.

Desse modo, considera-se que o estudo apresentado traduz os efeitos de impactos de elementos arquitetônicos distintos na visão do espectador. Contribui-se que os aspectos avaliados, em função dos dispositivos, se manifestam no comportamento dos usuários que, quando analisados em conjunto, tendem a buscar involuntariamente elementos cujo agucem seu semblante natural.

10

In terms of how we take in the world, our ancestors learned the hard way to immediately look for areas of high contrast and other creatures, particularly faces, and they passed the life-saving traits on to us. These behaviors will not go away soon (SUSSMAN; WARD, 2017).


21 1.3.2 Igreja da Trindade e o edifício Hancock Tower de Boston Compreende-se que a biologia humana está em amplo desenvolvimento e é afetada pelos registros de contato com os espaços sugestivos da cidade. Desta forma, destaca-se a importância da aplicação dos resultados fisiológicos em projetos arquitetônicos cuja sua finalidade favoreça a melhoria na qualidade de vida dos usuários, permitindo que os mesmos possuem mais eficácia na realização de suas atividades. O parâmetro resultante decorrente do impacto que um espaço causa no cérebro de um indivíduo, é certificado por meio de dispositivos rastreadores. Os equipamentos são responsáveis por captarem percepções inconscientes e averiguar os órgãos encarregados da geração do impulso. Metade das informações sensoriais enviadas ao cérebro é visual, de acordo com o neurocientista vencedor do Nobel Eric Kandel. Isso significa que mais do cérebro humano é dedicado ao processamento visual do que ao processamento de qualquer um dos outros sentidos (SUSSMAN et al., 2016, tradução nossa)11.

Sussman et al. (2016), selecionaram a Igreja da Trindade e o edifício Hancock Tower, em Boston para analisar a experiência que elementos implantados na construção resultam em consequentes comportamentos obtidos no cotidiano da sociedade. Os impactos gerados são derivados dos registros captados pelo cérebro dos usuários que são alcançados através do estímulo multissensorial proporcionado no espaço. As glândulas viscerais são capazes de gerar maior impulso decorrentes da conduta humana, visto que, são as que possuem resultados precisos favorecidos pelos equipamentos. O rastreamento ocular mede os movimentos oculares subconscientes (até cinco por segundo) quando as pessoas experimentam o ambiente. Em seguida, cria uma imagem de onde as pessoas olham, em que focam primeiro e onde seus olhos retornam repetidamente (SUSSMAN et al., 2016, tradução nossa)12.

11

Half of the sensory information going to our brains is visual, according to Nobel-prizewinning neuroscientist Eric Kandel. This means that more of the human brain is devoted to visual processing than processing any of the other senses. (SUSSMAN et al., 2016). 12 Eye tracking measures subconscious eye movements (as many as five per second) as people experience their surroundings. It then creates an image of where people look, what they focus on first, and where their eyes repeatedly return (SUSSMAN; WARD, 2016).


22 A sensação de se relacionar com os outros indivíduos, faz parte do inconsciente humano. Há uma busca de convivência conectado ao cérebro humano que traz satisfação no convívio em sociedade. Sussman e Ward (2017), destaca que em 2015 foi implantado em uma torre uma obra artística cujo sua forma se dá por meio de um homem em uma barca flutuante. Após a realização dos mapas de calor, para averiguar a relação do olhar humano com a arquitetura, as autoras identificaram que os objetos instalados geram a maior onda de calor em comparação com as demais áreas do entorno. Dentro dessa perspectiva, aponta-se o fundamento em razão da conexão do cérebro com a relação recorrentes ao corpo humano. O mapa de calor brilha mais avermelhado onde as pessoas mais olham e retornam seus olhos com mais frequência. Seu foco era na instalação artística de um homem em uma jangada afixada entre os andares 44 e 50 da torre de vidro. Em 15 segundos, os espectadores voltaram para vê-lo mais de 190 vezes. Saber que o olho humano pode fazer de quatro a cinco movimentos (chamados sacadas) por segundo ajuda a explicar a contagem alta (SUSSMAN et al., 2016, tradução nossa)13. Figura 08 – IMPACTO DA ARTE EM UMA OBRA ARQUITETÔNICA

Fonte: <https://commonedge.org/game-changing-eye-tracking-studies-reveal-how-we-actuallysee-architecture/>. Acesso em: 15 mai. 2020.

13 The

heat map glows reddest where people looked most and returned their gaze most frequently. Their tightest focus was on an art installation of a man on a raft affixed between the 44th and 50th floors of the glass tower. Within 15 seconds, viewers went back to check him out more than 190 times. Knowing that the human eye can make four to five movements (called saccades) per second helps to explain the high count (SUSSMAN et al., 2016,).


23 Portanto, conclui-se que os dispositivos de rastreamento ocular geram resultados da implicação da arquitetura em meio urbano. Os dados originados permitem compreender a influência dos edifícios impactos na visão do pedestre, onde essa experiência é determinada no contraste funcional da cidade, ou seja, as paisagens; os cenários; as disposições de ruas, praças e edifícios que afetam inconscientemente o cérebro humano gerando efeitos em sua saúde; níveis hormonais e de estresse; sensações de segurança e insegurança; dentre outros. Figura 09 – DADOS DO EYE TRACKING NA IGREJA DA TRINDADE E O EDIFÍCIO HANCOCK TOWER

Fonte: < https://www.planning.org/planning/2016/jun/subconscious/>. Acesso em: 15 mai. 2020.

O estudo busca traduzir que os sistemas automáticos transmitidos pelo cérebro do indivíduo mantem sua percepção em primeiro plano quando analisado em


24 função da implantação de objetos correspondente a natureza humana. Os demais elementos do entorno tendem a ser percebidos em segundo plano. 1.3.3 Whole Foods – Lower East Side de Nova York Whole Foods, considerada uma rede de supermercados renomada em Nova York, desenvolveu em 2007 um projeto singular que causou inquietude nos usuários, devido a sua imponência em questão de escala e sua inédita disposição dos produtos. De acordo com Collin Ellard (2015), o projeto do supermercado ocupou o quarteirão da East Houston Street, da Bowery à Chrystie Street. Figura 10 – FACHADA WHOLE FOODS

Fonte: < https://ny.eater.com/2020/3/25/21193009/whole-foods-lines-intensify-after-nyc-storeslimit-customer-count-to-50> Acesso em: 22 nov. 2020.

Segundo o autor, a escala do projeto se diferia da escala proposta pela região. O local é caracterizado por construções modestas e singulares, como por exemplo pequenos bares e restaurantes; playgrounds; estilos distintos de moradia; dentre outros. O objetivo de sua pesquisa era analisar o impacto psíquico-emocional nos indivíduos, devido a escala inerente do empreendimento instalado e suas consequências urbanísticas.


25 Para encontrar a resposta, conduzi pequenos grupos de site em site e pedi que respondessem a perguntas que avaliavam seu estado emocional por meio de um smartphone. Ao mesmo tempo, os participantes usavam pulseiras que mediam sua condutância cutânea - uma janela simples, porém confiável, de atenção, prontidão para agir, prestar atenção ou responder a ameaças. Um dos locais do estudo estava no meio da longa e vazia fachada do Whole Foods Market. Um segundo local ficava a alguns passos de distância, em frente a uma pequena, mas animada faixa de restaurantes e lojas com muitas portas e janelas abertas, um barulho feliz de comer e beber e uma multidão de pedestres agradavelmente sinuosa (ELLARD, 2015, tradução nossa)14.

Averiguou-se através dos resultados que os participantes das pesquisas, quando dispostos em frente a fachada do Whole Foods, ficaram acanhados e em busca de algo que pudesse reter sua visão. Os dispositivos atestaram que os componentes da pesquisa estavam em estados fisiológicos denominados como entediação, infelicidade e os mesmos evidenciaram a realidade destes sentimentos, afirma Collin (2015). Por outro lado, as pessoas que estavam no outro local de teste, a menos de um quarteirão de distância da Whole Foods, se sentiam animadas e engajadas. Suas próprias avaliações de seus estados de excitação e afeto foram altas e positivas. As palavras que vieram à sua mente foram misturadas, animadas, ocupadas, socializando e comendo. Embora este site estivesse tão cheio de pedestres que nossos participantes lutaram para encontrar um lugar tranquilo para refletir sobre nossas perguntas, não havia dúvida de que esse local era do agrado de muitos níveis. De fato, mesmo que não tivéssemos o equipamento necessário para medir essas coisas efetivamente, podíamos ler os sinais reveladores de felicidade ou miséria no corpo de nossos participantes enquanto trabalhavam para concluir o estudo. Em frente à fachada em branco, as pessoas estavam caladas, curvadas e passivas. No local mais animado, eles eram animados e conversadores, e tivemos algumas dificuldades em controlar seu entusiasmo (ELLARD, 2015, tradução nossa)15. 14

To find the answer, I led small groups from site to site and had them answer questions that assessed their emotional state via a smartphone. At the same time, I had participants wear bracelets that measured their skin conductance – a simple but reliable window into their alertness, readiness to act, pay attention or respond to threat. One of the sites in the study was midway along the long, blank façade of Whole Foods Market. A second site was a few steps away, in front of a small but lively strip of restaurants and stores with lots of open doors and windows, a happy hubbub of eating and drinking and a pleasantly meandering mob of pedestrians (ELLARD, 2015). 15 In contrast, people standing at the other test site, less than a block away from Whole Foods, felt lively and engaged. Their own assessments of their states of arousal and affect were high and positive. The words that sprang to their minds were mixed, lively, busy, socialising and eating. Even though this site was so crowded with pedestrians that our participants struggled to find a quiet place to reflect on our questions, there was no doubt that this location was to their liking on many levels. In fact, even though we didn’t have the equipment to measure such things effectively, we could read the telltale signs of happiness or misery on our participants’ bodies as they worked to complete the study. In front of the blank façade, people were quiet, stooped and passive. At the livelier site, they were animated and chatty, and we had some difficulty reining in their enthusiasm (ELLARD, 2015).


26 Figura 11 – WHOLE FOODS

Fonte: < https://archinect.com/news/gallery/144421096/4/2015-a-year-in-architecture-a-year-inarchinect-october> Acesso em: 22 nov. 2020.

De acordo com Ellard (2015), em 2006, Jan Gehl constatou que as reações comportamentais das pessoas perante a fachadas em branco na sua maior totalidade, tendem a não despertar a atenção do indivíduo que está transitando pelo local devido a sua monotonia. A percepção visual do ser humano destinase a buscar algo que seja mais envolvente. Quando analisado em contraste as fachadas ativas, a relação da construção com o usuário se altera, resultando na ativação de sua consciência identificando diferentes pontos de fixação. Para os planejadores preocupados em tornar as ruas da cidade mais acessíveis e favoráveis aos pedestres, descobertas como essas têm implicações enormes: simplesmente alterando a aparência e a estrutura física dos três metros inferiores de um edifício, elas podem exercer um impacto dramático na maneira como uma cidade é usado. Não apenas as pessoas têm maior probabilidade de passear pelas paisagens da cidade com fachadas abertas e animadas, como também mudam os tipos de coisas que elas fazem nesses lugares. Eles fazem uma pausa, olham em volta e absorvem o ambiente ao redor, em um agradável estado de afeto positivo e com um sistema nervoso atento e


27 animado. Por causa desses tipos de influências, eles realmente querem estar lá (ELLARD, 2015, tradução nossa)16. Figura 12 – STREET WITH NO GAME (RUAS SEM JOGO)

Fonte: < https://aeon.co/essays/why-boring-streets-make-pedestrians-stressed-and-unhappy> Acesso em: 23 mai. 2020.

Por fim, verificou-se que o corpo humano reflete nas reações cognitivas dos indivíduos perante as construções arquitetônicas, sendo observado por meio de comportamento, posturas, padrões de movimentos dos olhos e cabeça. O órgão visceral possui um caráter imprescindível em função dos reflexos de impacto com o meio urbano, os mesmos tendem a estimular as percepções sensoriais, alterando o estado fisiológico e resultando consequentemente no aumento nos batimentos cardíacos, reações de inquietude, tédio; dentre outros. Verificou-se através deste estudo que há implicações imediatas nos comportamentos e sensações nos indivíduos perante a obras arquitetônicas que

16

For planners concerned with making city streets more amenable and pedestrian-friendly, findings such as these have enormous implications: by simply changing the appearance and physical structure of a building’s bottom three metres, they can exert a dramatic impact on the manner in which a city is used. Not only are people more likely to walk around in cityscapes with open and lively façades, but the kinds of things that they do in such places actually change. They pause, look around and absorb their surroundings while in a pleasant state of positive affect and with a lively, attentive nervous system. Because of these kinds of influences, they actually want to be there (ELLARD, 2015).


28 tragam inquietude aos mesmos. Estes tipos de reações refletem na inutilização do local de acordo com sua real função.


29 2 O SÍTIO HISTÓRICO DA PRAINHA O sítio histórico da Prainha contempla o cenário que acolheu a capitania de Vasco Fernandes Coutinho em 1535, se tornou o centro de desenvolvimento do município de Vila Velha – ES. A região denominada Prainha se consolidou devido as construções de caráter histórico regional do Estado do Espírito Santo. Após a aprovação da Lei n° 3013 de 1995, intitulou um perímetro da área da Prainha como Sítio Histórico. A área de delimitação do tema da pesquisa em específico, se define na região do eixo da Igreja do Rosário, tida como primeira construção religiosa do Estado, abrangendo a Praça Tamandaré, Praça da Bandeira e a Praça Otávio Araújo. O eixo possui características marcantes na região, trazendo vitalidade e identificação do local. 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Localizada no extremo norte do município de Vila Velha – Espírito Santo, o Sítio Histórico está inserido na extensão da Prainha, onde foi cenário do início da Colonização do Solo Espírito-Santense. Conforme a Lei do Abairramento n° 4707 de 2008, a região da Prainha é pertencente ao bairro Centro, onde se deu por origem o desenvolvimento do município de Vila Velha. Prainha é o nome de um lugar, bem perto da área central do município, e que apesar de ser chamada de bairro por muitos, para o poder público municipal, é apenas uma parte do bairro Centro de Vila Velha. Talvez por não ser limitada e mapeada administrativamente enquanto bairro, mas apenas no imaginário urbano como lugar, seus limites sejam imprecisos (SOUZA, 2012, p.25).

O complexo do local é constituído por construções de valores históricas e culturais, possui potencial turístico e alta densidade econômica. De acordo com o site Terra Capixaba (ano), o nome do local foi originado devido à população relacionar o espaço com a estreita praia da enseada, consolidando assim o nome como Prainha.

17 Disponível

em: <http://www.terracapixaba.com/2009/10/prainha-vila-velha.html>.


30 Figura 13 – LOCALIZAÇÃO DA PRAINHA – VILA VELHA/ES

Mapa base: PDM Vila Velha. Organização: Rossi, 2020.

Segundo Pereira (2016), em 23 de maio de 1535, Vasco Fernandes Coutinho a bordo da caravela Glória, desembarcou com sua capitania na Prainha - Vila Velha e deu início à colonização portuguesa em solo capixaba. A chegada do fidalgo gerou receio nos nativos da região, a qual, consequentemente, provocou a resistência e ataques aos portugueses por parte dos mesmos, acarretando em um cenário de conflitos. Em 1551, Coutinho ordenou que seus súditos construíssem uma capela que pudesse ser observada da Baía de Vitória através de um eixo livre visual. Mediante ao ordenamento, os jesuítas edificaram Igreja Nossa Senhora do Rosário, que se tornou o centro da cidade por, após sua construção, ser concebido ao seu entorno o desenvolvimento das primeiras moradias. A Igreja, atualmente, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é tida como a mais antiga do Estado e a quarta mais antiga do Brasil, conforme aborda o site Turismo Capixaba18.

18

Disponível em: prainha#.XslDOGhKjIU>

<https://www.turismocapixaba.com.br/sitio-historico-da-


31 Figura 14 – IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

Fonte: <https://www.cbnvitoria.com.br/cbn_vitoria/reportagens/2018/06/prainha-sitio-historicopodera-ter-ciclovia-e-festival-gastronomico-1014136914.html> Acesso em: 23 mai. 2020.

Em 1558, o Frei Pedro Palácios chegou em terras capixabas trazendo consigo a imagem de Nossa Senhora da Penha. A partir de 1568, se deu início a construção do maior elemento histórico-cultural do Estado, o Convento da Penha. Segundo o site do Convento da Penha 19, a capela foi edificada em um penhasco, com aproximadamente 154 metros de altitude, circundado por porções da Mata Atlântica e a 500 metros do mar. Sofreu ampliações e reformas ao longo dos anos e hoje, o Santuário, tombado pelo IPHAN em 1943, possui cerca de 632.226m², sendo considerado o maior atrativo turístico religioso do Estado do Espirito Santo. Figura 15 – CONVENTO DA PENHA

Fonte: < https://esbrasil.com.br/iluminacao-convento-da-penha/ > Acesso em: 23 mai. 2020.

19 Disponível

em: < https://conventodapenha.org.br/conhecendo-o-convento/>


32 Com o desenvolvimento urbanístico da cidade, a Prainha sofreu influências de fatores que alteraram sua expansão urbana, seu traçado e sua dinâmica de paisagem natural. Em 1912, Jerônimo de Souza Monteiro, governante da época, deliberou o projeto da construção das linhas para o transporte de bondes elétricos, que percorreria por trechos da Prainha. Sendo assim, deu-se início ao primeiro aterro do local. Figura 16 – PRAINHA, 1930

Fonte: NUNS, 2012. Figura 17 – ENSEADA DA PRAINHA, 1970

Fonte: MIAN, 2012.


33 Figura 18 – PRAINHA, 2019

Fonte: < https://www.cbnvitoria.com.br/cbn_vitoria/entrevistas/2019/12/prainha-concessao-dearea-nautica-e-projeto-de-revitalizacao-avanca-1014202005.html> Acesso em: 23 mai. 2020.

Para a implantação da Escola de Aprendizes de Marinheiros (EAMES), houve a execução do segundo aterro em 1950, pela vigência do governador Jones Santos Neves. Com a expansão simultânea da ilha de Vitória, no governo de Getúlio Vargas, em 1954, foi realizado o terceiro aterro para a construção da Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, popularmente conhecida como Avenida Beira Mar. Em 1970, ocorreu o quarto aterro que caracteriza hoje, a atual disposição do parque da Prainha (SANTOS, 2015). Havia o interesse dos moradores do bairro para que fosse construído, na área do aterro, um Parque que atendesse às práticas sociais locais. Somente em 1989 o governo do Estado atendeu à demanda dos moradores e entregou a obra do Parque concluída à população em 1990 (FRANQUINI, 2016, p.23).


34 Figura 19 – CONSTRUÇÃO DA ESCOLA APRENDIZES DE MARINHEIROS - 1958

Fonte: Acervo Hugo Musso – Associação Morro do Moreno.

Após o término do último aterro, mudou-se a dinâmica imposta pelo local. Se tornou extinta a região onde se situava a enseada da praia e transformou-se em uma imensa área plana onde atualmente se mantem o Parque. O espaço mudou os hábitos praticados pelos dos moradores locais. (...) a ocupação do território é vista como algo gerador de raízes e identidade: um grupo não pode mais ser compreendido sem o seu território, no sentido de que a identidade sociocultural das pessoas estaria inarredavelmente ligada aos atributos do espaço concreto (natureza, patrimônio arquitetônico, paisagem)." (SOUZA. 2007, p. 84 apud CASTRO et al., 2007, p. 352). Figura 20 – ENSEADA DA PRAINHA, 1936

Fonte: Fonte: Paes, 1936.


35 Figura 21 – PARQUE DA PRAINHA, 2019

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019 Certamente o aterro mudou a paisagem do bairro, assim como, as formas de apropriação dos espaços públicos das praças. Com o término do aterro em 1980, a enseada desapareceu, tornando-se um imenso terreno vazio, entrando em contraste com as práticas anteriores, como o banho de mar, que passou a não ser mais possível. (FRANQUINI, 2016, p.23).

Figura 22 – AEROFOTOGRAFIA DO ATERRO DA PRAINHA,1986

Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves


36 Figura 23 – MAPA DE ATERROS E OCUPAÇÕES

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


37 Vila Velha é um bairro caracterizado pela extensão de praias ao longo de seu segmento e, consequentemente, atrai centenas de usuários para o espaço. Porém, após o aterro na região da Enseada da Prainha, o local se tornou inapropriado para o uso dos banhistas, e em contrapartida se tornou um local característico da atividade pesqueira. O local é destacado como referência em compra e venda de frutos do mar, atraindo consumidores e gerando emprego e renda para a região. Figura 24 – ENSEADA DA PRAINHA, 2019

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.

Atualmente, a região da Prainha, além de abrigar o Sítio Histórico, bem como seus elementos constituintes, ainda comporta serviços essenciais para a cidade como, a Câmara Municipal de Vila Velha, a sede dos Correios, o Fórum de Vila Velha, o Ministério Público, dentre outros. 2.2 PATRIMÔNIO CULTURAL DA PRAINHA O Sítio Histórico Urbano – SHU - é constituído por uma parte integrante de um contexto social, que expressa a cultura e a identificação de um povo. Neste sentido, é composto por paisagens naturais e construídas: (...) Assim como a vivência de seus habitantes num espaço de valores produzidos no passado e no presente, em processo dinâmico de


38 transformação, devendo aos novos espaços urbanos ser entendidos na sua dimensão de testemunhos ambientais em formação. Entende-se como sítio histórico urbano o espaço que concentra testemunhos do fazer cultural da cidade em suas diversas manifestações. Esse sítio histórico urbano deve ser entendido em seu sentido operacional de área crítica, e não por oposição a espaços não históricos da cidade, já que toda cidade é um organismo histórico (CARTA DE PETRÓPOLIS, 1987, p.1).

Em 2015, sob o governo de Rodney Miranda, foi sancionada a Lei n° 3013, de janeiro de 1995, que intitula a região da Prainha como Sitio Histórico. De acordo com o Art. 1° da Lei n°3013 de janeiro de 1995, a criação do Sitio Histórico tem por finalidade estabelecer a preservação das construções de valores históricos, culturais e religiosos, bem como sua paisagem local. Parágrafo único – A delimitação do Sítio Histórico instituído por esta Lei será feita por Ato do Poder Executivo no mesmo prazo de que trata o caput deste artigo, abrangem do o Convento de Nossa Senhora da Penha, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o Museu Etnográfico, o Museu Homero Massena, as instalações da EAMES, a Praia de Inhoá, a Praia de Piratininga, a Prainha, as instalações do 38º Batalhão de Infantaria, a Praça fronteiriça à Igreja do Rosário onde se localizam as palmeiras imperiais e o obelisco a Vasco Fernandes Coutinho, a Praça da Bandeira, os logradouros no entorno desses monumentos, os antigos casarios, o Morro da Ocharia e o Parque da Prainha (PMVV, 1995 ). Figura 25 – POLIGONAL DO SÍTIO HISTÓRICO DA PRAINHA

Fonte: PMVV, 2015.


39 Diante do exposto, verifica-se que o Sítio histórico da Prainha é constituído por bens, tanto em caráter material, definido pelas construções; quanto em caráter imaterial, qualificado por meio da identidade, memória e experiências da sociedade. De acordo com o CREA-SP (2008), pode-se caracterizar o patrimônio cultural em duas escalas: Tangível: é aquele constituído por bens materiais. Divide-se em: Bens imóveis: monumentos, edifícios, sítios arqueológicos, elementos naturais que tenham significado cultural; Bens móveis: mobiliários, utensílios, obras de arte, documentos, vestuários, etc. Intangível: é constituído por bens imateriais. Ex.: lendas, rituais, costumes, etc. (CREA-SP, 2008, p.14).

Desta forma, o perímetro que compõe o Sítio Histórico possui construções de valores históricos como por exemplo a Casa da Memória, o Museu Homero Massena, a Igreja Nossa Senhora do Rosário, Convento da Penha e a área destinada a atividade pesqueira. Figura 26 – CASA DA MEMÓRIA

Fonte: <https://www.vilavelha.es.gov.br/paginas/cultura-esporte-e-lazer-casa-da-memoria>. Acesso em: 06 jun. 2020.


40 Figura 27 – MUSEU HOMERO MASSENA

Fonte: < https://www.vilavelha.es.gov.br/noticias/2016/10/evento-marca-comemoracao-de-30anos-do-museu-homero-massena-11664>. Acesso em: 06 jun. 2020. Figura 28 – COMÉRCIO PESQUEIRO

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.


41 O Convento da Penha é símbolo característico da religiosidade do local. A construção de referência histórico-cultural do Estado, possui influência no turismo e na economia da região. O santuário abriga séculos de história do povo capixaba e atrai peregrinos em função da fé e da devoção a Nossa Senhora da Penha. Além dos bens de interesse para preservação mencionados na Lei n° 3013, o Sítio Histórico da Prainha acomoda em maior disposição o uso habitacional, onde abrange casas com o interesse de preservação. De acordo com o Plano Diretor Municipal de Vila Velha (PMVV, 2017), estipula-se altura máxima de 8m, a fim de que as edificações permitam que os eixos visuais do patrimônio cultural sejam preservados. Outra perspectiva marcante da região, são os bens imateriais, relacionados a cultura, tradição e crenças da sociedade. A Prainha é caracterizada pela religiosidade local e pela atividade pesqueira presente na região da enseada. A pesca gera parte da economia do local e favorece o consumo do produto na região. A Cooperativa de Pesca funciona em um espaço edificado onde são realizadas todas as etapas relacionadas à atividade pesqueira: produção de gelo em escala industrial, área para descarregamento e processamento dos peixes e local de venda. A Colônia de Pesca é formada por pescadores independentes que vendem o pescado para empresas privadas atuantes dentro do Parque. (FRANQUINI, 2016, p.17).

A área da Prainha abrange atividades consolidadas no âmbito religioso, como por exemplo a Festa da Penha, que segundo o jornal Folha Vitória (2020), é o maior evento mariano do Espírito Santo e a terceira maior festa religiosa do Brasil. E diante dessa característica, o local atrai centenas de turistas para esta manifestação de fé em devoção a padroeira do Estado do Espírito Santo. Os fiéis que participam deste manifesto social, envolvem em sua percepção afetiva as características do espaço físico, resultando em formas de identificação, memória e experiências com a territorialidade, decorrentes de práticas culturais.


42 Figura 29 – FESTA DA PENHA, 1920

Fonte: Acervo Jair Santos Figura 30 – FESTA DA PENHA, 2019

Fonte:< https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/04/2019/festa-da-penha-recebeu-mais-de2-5-milhoes-de-pessoas-em-2019> Acesso em: 06 jun. 2020.


43 O Iphan atua em conjunto com a sociedade para preservar realizações materiais e imateriais representativas da criatividade, diversidade, expressividade e excepcionalidade produzidas em todas as épocas e em todas as regiões do Brasil. O maior objetivo é guardar para as gerações futuras a oportunidade de conhecer e vivenciar o patrimônio brasileiro que faz parte da história de construção da nação e das identidades locais. O patrimônio cultural deve estar inserido nas políticas e nas ações estratégicas de desenvolvimento econômico e social do país, pois é uma das nossas maiores riquezas (IPHAN, 2009, p.7).

A fim de representar parte significativa do patrimônio cultural, a Portaria IPHAN n°127/2009, estabeleceu a chancela da Paisagem Cultural como um instrumento de preservação e valorização da área territorial do patrimônio. “Paisagem Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores” (IPHAN, 2009, p.13).


44 Figura 31– ELEMENTOS DA PAISAGEM CULTURAL

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Afim de averiguar parâmetros socioculturais na visão do usuário, constata-se que as pessoas que transitam constantemente pelo Sítio Histórico possuem uma identificação com o local, ocasionada devido a consolidação das edificações com caráter afetivo no espaço; a movimentação do comércio local e atividade


45 pesqueira; multiplicidade de usos nas ruas; eixos visuais de paisagens. Desta forma, aponta-se que a área possui uma relação direta de interação visual com usuário, permitindo que o indivíduo possa estimular a percepção sensorial que interliga o espaço físico com a memória afetiva do usuário. 2.3 EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO 2.3.1 Leitura arquitetônica A Igreja de Nossa Senhora do Rosário é um marco da colonização do solo espírito-santense e foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1950. De acordo com Achiamé (2019), a Igreja é considerada a mais antiga do Estado do Espírito Santo e a mais antiga no Brasil, em caráter de funcionamento. Figura 32 – LOCALIZAÇÃO DO EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO NA PRAINHA – VILA VELHA

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


46 Desde a década de 50, a construção da Igreja foi a consagrada a Nossa Senhora do Rosário, estabelecida de modo a preservar o eixo visual obtido desde a Baía de Vitória. Consagrada a Nossa Senhora do Rosário, era pequena e situada “próxima à praia e no fim da mesma, pouco mais ou menos no lugar hoje denominado Rua de São João”, informa Daemon. A sua pedra d’ara recorda às gerações o milésimo de fundação da mais antiga freguesia do sul do Brasil:1535. (OLIVEIRA, 2008, p.38). Figura 33– MAPA - EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


47 Figura 34 – EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO

Fonte: < http://www.morrodomoreno.com.br/materias/a-ancora-da-prainha.html> Acesso em: 24 mai. 2020.

O eixo de estudo é constituído pela Praça Tamandaré e a Praça da Bandeira, que se prolongam até o início do Parque da Prainha, onde antes do assentamento dos aterros era a região da Enseada da Prainha; e a Praça Otávio Araújo que se encontra na parte posterior a Igreja do Rosário.


48 Figura 35 – PRAÇAS QUE CONSTITUEM O EIXO DA IGREJA DO ROSÁRIO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

No início do século XX, a estrutura organizacional do espaço que se localiza o eixo de estudo, se mantinha com uma ampla área livre ao entorno da Igreja do Rosário, marcado com árvores e uma bica entre as mesmas. A bica era o local onde a população residente tinha acesso a água, pois na época a região não possuía encanamento de água própria nas residências (FRANQUINI, 2016).


49 Figura 36 – IGREJA DO ROSÁRIO EM 1903

Fonte: Casa da Memória – Vila Velha-ES. IPHAN-ES/ CAR-UFES. Durante a gestão do prefeito Eugênio Pacheco de Queiroz (1937-1943) foi implementada uma série de mudanças no traçado urbano da cidade, nas vias, nos espaços públicos, que transformaram o bairro da Prainha, inserindo-o na perspectiva de modernização (FRANQUINI, 2016, p.38).

Segundo Santos (1999), após as reformas, a região da Prainha teve como resultado um novo traçado urbano e reformas sanitaristas, que visaram o recolhimento do lixo domiciliar e a limpeza da cidade em decorrência da proliferação dos mosquitos. Além disso, o ajardinamento do espaço frontal a Igreja do Rosário foi nomeado como Jardim Dr. Athayde, em homenagem ao prefeito que realizou essas medidas. Figura 37 – JARDIM DR. ATHAYDE, ATUAL PRAÇA DA BANDEIRA

Fonte: Acervo Casa da Memória.


50 Diante da dinâmica de estruturação da cidade, em função da sociabilidade em decorrência dos espaços públicos, Lamas afirma: Se a rua, o traçado, são os lugares de circulação, a praça é o lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, consequentemente, de funções estruturantes e arquiteturas significativas (LAMAS, 2004, p.100).

Segundo Santos (1999), em 1910 deu-se a construção do primeiro coreto na atual Praça da Bandeira. Os materiais utilizados para a construção do mesmo foi a madeira sobre o embasamento de alvenaria. O local se tornou um centro de atrações e reunia pessoas para assistir apresentações de danças, bandas, entre outros. Santos afirma que sobre o jardim com coreto havia uma mensagem que relatava que o intuito do local era oferecer ao público diversão e um parque ajardinado para o lazer das famílias e estimular o convívio entre as pessoas. Na década de 30, o coreto teve sua segunda versão, sendo construído com tijolo e cimento e sem cobertura. Ao longo do tempo, este coreto foi se degradando por falta de conservação. Figura 38 – PRIMEIRO CORETO NA PRAÇA DA BANDEIRA

Fonte: < http://www.morrodomoreno.com.br/site_2011_bkp/Downloads/Coreto%20%20Prainha.jpg> Acesso em: 22 nov. 2020.


51 Figura 39 – SEGUNDA VERSÃO DO CORETO NA PRAÇA DA BANDEIRA

Fonte: < http://www.morrodomoreno.com.br/materias/praca-da-bandeira-vila-velha.html> Acesso em: 22 nov. 2020.

Na parte posterior a Igreja do Rosário se localizava um cemitério da cidade. Segundo Santos (1999), dentre os anos 1913 a 1915, o cemitério foi transferido da parte posterior da igreja para a rua Coronel Sodré. O autor afirma que o responsável da mudança foi o primeiro prefeito eleito de Vila Velha: Manoel Francisco Duarte. Santos, relata que somente após a remoção do cemitério a praça que recebeu o nome de Capitão Otávio Araújo, em homenagem ao engenheiro militar capitão Otávio Alves Araújo. A estrutura linear do eixo, atualmente, possui influência como ponto focal devido aos monumentos dispostos ao longo das praças, como por exemplo a âncora e o busto do Almirante localizado na Praça do Tamandaré. Além disso, a vegetação que compõe a perspectiva grandiosa proposta pelo eixo, é marcada pela vegetação, onde se encontra palmeiras nativas e árvores de grande porte, na qual resulta na vitalidade do espaço. O espaço atrai usuários devido aos usos de seu entorno, considerando o uso residencial, comercial e de serviço. As atividades que acontecem na Igreja também contribuem para atrair o público à Praça da Bandeira, principalmente antes e depois do culto ser realizado, à noite. No entorno dessa praça, além das residências, encontram-se o Fórum e a Defensoria Pública, que atraem a circulação de pessoas durante o dia (FRANQUINI, 2016, p.25).


52 Figura 40 – ÂNCORA

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.

Figura 41 – BUSTO DO ALMIRANTE

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.


53 Figura 42 – MAPA – USO DO SOLO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Os usos ao longo do eixo da Igreja do Rosário se mantem em grande parte residencial, e o restante divide-se em serviços, comercial, misto, institucional e o uso religioso caracterizado pela Igreja do Rosário. A variedade de atividade


54 presente na área permite que o espaço se mantenha ativo e atraia diversidade de público para o local. Figura 43 – MAPA – GABARITO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


55 De acordo com o PDM-VV a altura máxima permitida na região é de 8m, com objetivo de preservar os marcos visuais do entorno e manter o eixo visual livre de interferências construtivas. Figura 44 – FIGURA FUNDO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

O mapa de figura-fundo aborda questões da estrutura viária entorno do eixo de estudo. As vias que contornam o eixo são importantes vias de acesso à região da Prainha, levando aos usuários para a entrada e saída do local. A Avenida


56 Luciano das Neves (lado esquerdo do eixo) é a via que leva o fluxo ao centro da cidade. Por ela permeia a demanda de veículos e o transporte rodoviário que liga a região da Prainha com os demais bairros do entorno. Por fim, caracteriza-se o eixo como parte marcante do Sítio Histórico da Prainha, decorrentes da estrutura viária, pois as avenidas que o cercam, são vias de fluxo de entrada e saída da região; devido ao ponto em destaque do eixo, a Igreja do Rosário, tida como a primeira construção de cunho religioso construído em solos capixaba; e devido a fatores que simbolizam a formação do eixo, valorizando a estrutura visual do usuário e o caráter de integração do espaço com seu entorno. Atualmente, segundo os usuários20, o local possui sensações de conforto e aconchego, devido a vegetação circundante e a relação afetiva do espaço. Ressalta-se que alguns pontos da estrutura ao longo do eixo edificado encontram-se degradados, devido as intempéries e falta de manutenção local, porém os mesmos são utilizados pela população.

20 Dados

coletados em entrevistas, por meio do Google Forms, em setembro de 2020.


57 3 PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA O Eixo da Igreja do Rosário, constituído por praças de cunho linear, representam para a população local um espaço de tranquilidade, paz e religiosidade. Conforme abordado no tópico 1.1, a arquitetura impacta diretamente nos aspectos psíquicos neurológicos de seus usuários, e desta forma desencadeia uma série de estímulos ocasionadas pela ação consciente e inconsciente do cérebro. Segundo Damásio, “(...) se uma cena tiver algum valor, se o momento encerrar emoção suficiente, o cérebro fara registros multimídia de visões, sons, sensações táteis, odores e percepções afins e os representara no momento certo” (DÁMASIO, 2011, p.167). Diante desta perspectiva, foram realizadas coletas de dados para identificar a percepção dos indivíduos em relação ao Eixo do Rosário, a partir de seus aspectos físicos e sensoriais, o ambiente construído de seu entorno, bem como os pontos fortes do local e suas deficiências. 3.1 DIAGNÓSTICO FÍSICO E SENSORIAL 3.1.1 Metodologia Em setembro de 2020, foi realizada uma pesquisa de campo, pela pesquisadora, ao local de estudo, onde teve por finalidade obter a vivência sensorial do espaço, para após a experiência, ser elaborado a análise com as considerações obtidas. Nesta visita ao campo, foi produzido um levantamento fotográfico na qual gerou uma sequência de fotos que foi apresentado no questionário sobre a percepção do eixo do Rosário. Após a vivência no local, foi elaborado um croqui do Eixo de estudo, através da plataforma REVIT, que é um programa com a tecnologia BIM gerador de produtos em 3D, e possuiu como base de levantamento o Mapa de Vila Velha, disponibilizado no site da prefeitura de Vila Velha. Para facilitar a leitura arquitetônica do eixo, foi fragmentado a porção linear nas frações de cada praça que o compõe, subdividas na Praça Tamandaré, Praça da Bandeira e Praça Otávio Araújo.


58 3.1.2 Análises Nas análises físicas e sensoriais foram abordadas questões sobre uso e ocupações, iluminações, mobiliários, arborização e paisagismo, e elementos que impactam na percepção. Abaixo segue a planta baixa da área de estudo, suas identificações, cortes e perspectivas para demonstrar as relações de cheios e vazios; vista da altura do observador; relação de gabarito existente e suas particularidades. Os cortes foram demarcados em planta na sua localização, e as perspectivas foram feitas separadamente em cada praça, para a priorizar a leitura individual de cada espaço, bem como suas características, que mudam ao decorrer do eixo linear.


59 Figura 45 – PLANTA BAIXA – ANÁLISE ESPACIAL

N

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


60

Figura 46 – CORTE 01

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

A praça Tamandaré é a praça frontal ao Parque da Prainha e é caracterizada pelas palmeiras imponentes que marcam a linearidade do eixo. A praça também é marcada pelo elemento âncora presente no local. Devido a singularidade do elemento, o espaço atrai pessoas para apreciar o elemento, que resulta na perca da intenção principal que é a visão para a igreja do Rosário. O lugar também possui a disposição de mobiliários, na qual não são muito acolhedores devido à falta de planejamento do espaço, e como consequência, não atrai usuários para permanecer na praça, apenas indivíduos transitórios.


61

Figura 47 – CORTE 02

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

A Praça da Bandeira possui as mesmas características da praça Tamandaré, só de difere do elemento marcante na praça, o Busto do Almirante (localizado na planta baixa - figura 45). As duas praças são sequenciais e possui o mesmo ritmo de paisagismo, tornando o local sem sombreamento e sem conforto térmico para permanência de usuários.


62

Figura 48 – CORTE 03

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

A Praça Otavio Araújo localizada na parte frontal da Igreja do Rosário possui características que se diferem do restante das praças do eixo da Igreja do Rosário. A praça é movimentada e possui permanência de pessoas devido as visitações que ocorrem na igreja, e principalmente pelo seu uso do entorno. Ao lado da praça possui um edifício com um restaurante na qual as mesas para as pessoas se sentarem se dividem entre a área da praça e calçada. Este tipo de serviço, atrai a população a transitar pelo local e a curiosidade das pessoas a visitar e contemplar a paisagem. As árvores presentes neste espaço possuem uma copa grandiosa, na qual resulta no conforto térmico do local e sombreamento para a área. O ponto fraco presente na praça são os mobiliários que não são acolhedores e confortáveis para a permanência.


63

Figura 49 – CORTE 04

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Este segundo fragmento da praça Otávio Araújo se localiza na parte posterior da Igreja do Rosário. É uma área arborizada e com sombreamento devido ao porte das copas das árvores. O local recebe pessoas transitando pelo espaço devido ao ponto de ônibus presente e aos usos de comércio e serviço de seu entorno.


64

Figura 50 – CORTE 05

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

O terceiro fragmento da praça Otávio Araújo é marcado pelo mobiliário utilizado para jogos tradicionais, como por exemplo: dama, baralho, dominó. Os mobiliários chamam muita atenção devido a sua cor forte e acesa: o azul, na qual gera impacto e sua percepção em primeiro plano. Devido a essa característica e aos usos do entorno, o local recebe um volume maior de pessoas transitando pela área, mas poucas permanecem durante mais tempo, este fator pode ser proveniente da falta de atratividade dos mobiliários não acolhedores, que são os mesmos em todo decorrer do eixo.


65

Abaixo seguem os croquis em 3D que pontuam as considerações vivenciadas na visita de campo. Figura 51 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA TAMANDARÉ

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


66

Figura 52 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA DA BANDEIRA

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


67

Figura 53 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


68

Figura 54 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


69

Figura 55 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


70

Figura 56 – ANÁLISE ESPACIAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


71 3.2 QUESTIONÁRIO SOBRE A PERCEPÇÃO DO EIXO DO ROSÁRIO 3.2.1 Metodologia Mediante a análise espacial realizada no local, foi elaborado um questionário online na plataforma Google Forms (ANEXO 01), com a finalidade de avaliar as percepções de jovens, adultos e idosos frente a área de estudo, o Eixo da Igreja do Rosário. Ao total, o questionário obteve 52 participantes. O formulário foi realizado de modo virtual, devido a pandemia do COVID 19, popularmente conhecido como Corona Vírus, e enviado via WhatsApp e E-mail. Ao total foram elaboradas 18 perguntas relacionadas a Prainha, onde foram expostas imagens das praças que compõe o Eixo da Igreja do Rosário e questionado sobre as sensações dos participantes diante de cada fragmento das praças. As perguntas foram abordadas de modo a estimular as pessoas a observarem o que mais os chamavam atenção, suas sensações de incômodo e o que sentia olhando para determinada imagem. Para preservar a identidade dos entrevistados, optou-se por não utilizar o nome dos participantes. Sendo assim, ao decorrer da análise eles serão distinguidos por números. 3.2.2 Análise Em sua totalidade, o questionário obteve participações de homens e mulheres de faixas etárias variadas, e cuja a maior parte foi identificada no sexo feminino. Figura 57 – GRAFICO - SEXO

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.


72 Em relação a Faixa Etária dos participantes, 84,6% estão entre 18 a 30 anos, ou seja, a maioria são jovens e adultos, como mostra o gráfico 58. Figura 58 – GRAFICO - FAIXA ETÁRIA

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Dentre as profissões exercidas citadas pelos participantes do questionário, em sua maioria foram citados estudantes, que atuam como estagiários em suas áreas acadêmicas, seguidos de professores, empresários, nutricionistas, dentre outros.


73 Figura 59 – GRAFICO - PROFISSÃO

Bancária

Consultor

Contador

Estudante

Empresário

Enfermeira

Escrevente

Fisioterapeuta

Nutricionista

Planejador

Professor

Servidor Público

Supervisor Comercial

Engenheiro Mecânico

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Ao serem questionados sobre a frequência que costumam visitar a região da Prainha em Vila Velha, 86,5% dos participantes relataram que vão com pouca frequência ao local, como mostra a Figura 60. Figura 60 – GRAFICO – FREQUÊNCIA DE VISITA A PRAINHA

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.


74 Na 5° pergunta, foi solicitado ao participante argumentar sobre o que significava a região da Prainha para as pessoas. Obteve-se diversos tipos de respostas. Entre as mais abordas foram respostas relacionadas a história, a cultura e a religiosidade da Prainha. Segundo a resposta do entrevistado 01 a Prainha significa “Local que guarda um amplo contexto histórico da cidade de Vila Velha. E precisa ser resguardado.” O entrevistado 02 ainda afirma “Um bairro extremamente importante para a cultura de Vila Velha, que deve ser valorizado.” Já o entrevistado 03 relatou “não tenho nenhum significado afetivo, mas gosto de passear pelo local.” Figura 61 – GRAFICO - SIGNIFICADO DA PRAINHA

O QUE A PRAINHA SIGNIFICA PARA VOCÊ?

Ponto turístico

Não significa nada

História,Cultura e Religiosidade

"Marco" de Vila Velha

Lugar bonito

Paz e tranquilidade

Local abandonado

Lazer

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Ao ser pontuado sobre o que vem primeiro a cabeça quando se fala sobre a Prainha, as respostas tiveram em maior frequência foram referentes ao contexto histórico e cultural da área, em seguida obtiveram respostas referentes ao Convento da Penha, a Festa da Penha e a relação da Praia com a área. O participante 03 ressaltou: “Uma prainha com linda vista para a grande Vitória e para o Convento da Penha, uma Igreja histórica, a mais antiga em pé no Brasil.”


75 Já o participante 04 pontuou a relação das sensações que se obtêm no local e a construção histórica: “Tranquilidade, aconchego, Convento da Penha.” O participante 05 argumentou sobre as festividades no local: “Festividades do município ou Festa da Penha.”. Figura 62 – GRAFICO - O QUE VEM PRIMEIRO A CABEÇA QUANDO SE FALA SOBRE A PRAINHA

O QUE TE VEM A CABEÇA QUANDO SE FALA NA PRAINHA?

Praia

Festas

Local histórico e turistico

Convento da Penha

Pesca

Igreja do Rosário

Exército

Lazer

Lugar de paz

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

A 7° pergunta, foi relacionada ao sentimento de falta ou saudades na qual os indivíduos participantes possuem em relação ao local. Em maior parte, as pessoas mencionaram questões sobre o que eles desejavam que a área possuísse, resultando em: locais para eventos e atrações; atividades para lazer; locais de permanência adequado com segurança e tranquilidade; estrutura para atender turistas e atividades religiosas. Algumas pessoas pontuaram questões que foram perdidas ou estão sendo perdidas parcialmente ao longo do tempo, como por exemplo: as visitas guiadas a Casa da Memória e a Igreja do Rosário; as famílias tradicionais que se mudaram do local; as construções antigas que sofreram intervenções e perderam suas características.


76 Desta forma, o participante 06 abordou a questão: “Das visitas guiadas à Casa da Memória e Igreja do Rosário.” E o participante 07 ressaltou: “Sinto falta de uma área de lazer com brinquedos para a criança e um espaço cultural falando mais sobre nossa cidade de Vila Velha.” E a respeito sobre a falta de áreas de permanência, o participante 08 pontuou: “Espaços de permanência com infraestrutura acolhedora.” Figura 63 – GRAFICO - O QUE SENTE FALTA OU SAUDADES DA PRAINHA?

O QUE SENTE FALTA OU SAUDADES DA PRAINHA?

Festividades

Áreas de permanência

Atrativos diversos

Lazer

Segurança e Infraestrutura Eventos culturais

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Ao ser abordado sobre a frequência de visita ao Eixo da Igreja do Rosário, as respostas se apresentaram em ume média pequena para o empate. Considerando-se então, que 57,7% dos participantes não costumam ir ao Eixo da Igreja do Rosário, quando vão a região da Prainha.


77 Figura 64 – GRÁFICO FREQUÊNCIA DE VISITA AO EIXO DO ROSÁRIO

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

As demais perguntas foram relacionadas as praças que compõe o Eixo da Igreja. Foram expostas uma foto frente a cada praça e abordado questões as sensações que os participantes sentiam ao olhar para a imagem. A primeira praça apresentada foi a Praça Tamandaré. Figura 65 – PRAÇA TAMANDARÉ

Fonte: Elaboração Própria, 2020.


78 Frente a esta imagem, as respostas mais frequentes quando abordado a questão do que se sente ao olhar a foto, foram: paz; tranquilidade; calmaria; curiosidade; dentre outros. O participante 09 afirmou: “Tranquilidade. Dá vontade de morar nesta rua.” Já o entrevistado 10 teve uma opinião contrária: “Um ar de abandono com baixo fluxo de pessoas e, com isso, impressão de falta de segurança do local.” As respostas variavam entre “Curiosidade de ir até a igreja”; “Poluição visual com esses fios e atenção pelo fato de movimentação dos carros, porém por outro lado ar puro, com a presença da vegetação.” E em grande maioria foi abordado a sensação de tranquilidade, conforme pontuou o participante 11: “Tranquilidade!” Figura 66 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE SENTE OLHANDO PARA IMAGEM?

Paz, calmaria e tranquilidade

Curiosidade

Local abandonado

Distração

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

O que mais os chamavam atenção foram pontuadas: as arvores do local; a relação de eixo; e as construções antigas. De acordo com o participante 12: “Uma praça pequena, com muitos elementos: Palmeiras, monumentos, banco na passagem central da praça.”


79 Figura 67 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE CHAMA ATENÇÃO?

Árvores

A curiosidade para vê a igreja

Construções

Vazio

Calmaria

Beleza

Fios de energia

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Sobre as sensações de incômodo foram pontuados a fiação elétrica; a sensação de vazio do local; o abandono e falta de conservação, dentre outros. O participante 13 afirmou: “A falta de proporção e funcionalidade das massas de vegetação e a carência de mobiliário urbano”. E o participante 14 ressaltou: “Abandono e segurança no local.” Figura 68 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE INCOMODA?

Nada Falta de vegetação com sombreamento Abandono e infraestutura Mobiliário Estacionamento Fiação elétrica

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.


80 A segunda praça apresentada foi a Praça da Bandeira. Figura 69 – PRAÇA DA BANDEIRA

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Mediante a esta imagem, as respostas mais frequentes quando abordado a questão do que se sente ao olhar a foto, foram: vazio; tranquilidade; agonia; curiosidade; dentre outros. O participante 15 pontuou: “Falta de sombra e mais bancos para atender os turistas. A vegetação é escassa formada quase que somente de palmeiras.” Outro participante ressaltou:” não sinto vontade de ficar aqui.” E dentre a maioria, foi citado: “Calma”; “vazio”; “tranquilidade”.


81 Figura 70 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE SENTE OLHANDO PARA ESSA IMAGEM?

Tranquilidade

Agonia

Paz

Curiosidade

Calma

Incomodo com a infraestrutura

Vazio

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

O que mais os chamavam atenção foram: as arvores do local; a igreja ao fundo; e o vazio do local. O participante 16 relatou: “A ligação entre a pracinha, a rua e a igreja” e o participante 17 pontuou a relação da vegetação com a igreja dizendo: “O encontro da árvore com a igreja ao fundo”.


82 Figura 71 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE CHAMA ATENÇÃO?

Igreja

Árvores

Infraestrutura inadequada

Vazio

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Sobre as sensações de incômodo foram pontuados a sensação de vazio do local; a paginação do piso; os mobiliários; o abandono e falta de conservação, dentre outros. Alguns participantes relataram sobre a questão da vegetação que dificulta a visão da Igreja do Rosário, conforme afirma na resposta do participante 18: “visão da igreja bloqueada por vegetação”. Figura 72 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE INCOMODA?

Nada

Incômodo por não vê a igreja

Infraestrutura inadequada

Falta de manuntenção

Árvores

Vazio

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.


83 A terceira praça apresentada foi a Praça Otávio Araújo localizada na parte frontal à Igreja do Rosário. Figura 73 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

As respostas mais frequentes quando abordado a questão do que se sente ao olhar a foto, foram: tranquilidade; vontade de ir ao local; aconchego; bem-estar; alegria dentre outros.


84 Figura 74 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE SENTE OLHANDO PARA ESSA IMAGEM?

Tranquilidade, calma e paz

Incômodo

Infraestrutura inadequada

Insegurança

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Conforme abordado no estudo de caso da Igreja da Trindade e o edifício Hancock Tower de Boston no tópico 1.3.2, Ann Sussman, AIA e Janice Ward (2016) afirmaram que os seres humanos tendem a se conectar em primeiro plano com o sentimento de convivência e a busca por algo relacionado a natureza humana. Sendo assim, como na imagem apresentada aparecia pessoas se socializando, a maioria das respostas dos participantes foram referente a este fato, como mostrado na resposta do participante 19: “Em primeiro plano, as cadeiras com as pessoas. Em seguida as árvores.”


85 Figura 75 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE CHAMA ATENÇÃO?

Árvores

Pessoas

Infraestrutura inadequada

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Sobre as sensações de incômodo foram pontuados a falta de infraestrutura para locais de permanência, visto que as mesas e cadeiras que as pessoas estão utilizando não possuem conexão com a linguagem arquitetônica do local e são mobiliários móveis, pois são de fornecidos pelo restaurante aos seus consumidores. E o participante 20 enfatizou essa questão: “A falta de mobiliário e paisagismo adequados para as pessoas andarem ou permanecerem.” Figura 76 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE INCOMODA?

Nada

Mobiliário

Infraestrutura inadequada

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.


86 A quarta praça apresentada foi a Praça Otávio Araújo localizada na parte posterior à Igreja do Rosário. Figura 77 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Mediante a última imagem apresentada das duas praças que compõe a parte posterior da Igreja do Rosário, as respostas mais frequentes quando abordado a questão do que se sente ao olhar a foto, foram: vazio; desconforto; abandono e tranquilidade. O 21° entrevistado abordou: “Imagino amigos conversando, senhores jogando e crianças usando o espaço para brincadeiras”, porém outra pessoa obteve uma opinião contraria relatando: “Sinto que não gostaria de ficar ali parada por muito tempo.”


87 Figura 78 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE SENTE OLHANDO PARA ESSA IMAGEM?

Tranquilidade, paz e calmaria

Incômodo

Infraestrutura inadequada

Abandono

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Diante da imagem apresentada, em primeiro plano aparece os mobiliários maciços na cor azul, que se mantem uma cor forte e vibrante, sendo assim notase que os participantes relataram que os mobiliários os chamavam mais atenção e também os incomodavam, conforme aborda o 22° participante abordou: “as mesas e bancos em azul”. Porem as respostas foram pontuadas como os que mais os chamavam atenção: os bancos e mesas na cor azul; as árvores; e o vazio e a desorganização do local. Figura 79 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE CHAMA ATENÇÃO?

Mesas e cadeiras azuis

Vegetação

Ambiência da praça

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.


88 Sobre as sensações de incômodo foram pontuados a sensação de vazio do local; os mobiliários na cor azul e a infraestrutura degradada. E desta forma, o 23° participante ressalta: “A falta de pessoas, o lugar vazio e a falta de mobiliário confortável”. Figura 80 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE INCOMODA?

Nada

Mesas e cadeiras azuis

Insegurança

Vazio

Base: Google Forms; Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Ao fim do questionário, foi-se possível identificar que os participantes detectavam e se sentiam mais acolhidos quando nas imagens estavam representados em primeiro plano elementos vivos, sejam eles as pessoas se socializando, ou como na grande maioria das praças apresentadas, as árvores que compõe a paisagem local. A relação do espaço com o mobiliário existente, possuiu grande influência nas sensações de incômodo, sejam elas refletidas na cor carregada que se destoa do local, como por exemplo os bancos e as mesas na cor azul da praça Otávio Araújo, o design maciço dos materiais, e a falta de elementos de apoio em torno dos mobiliários, fazendo com o que, os participantes se sentissem incomodados e inseguros a permanecer no local.


89 4 PROPOSTA PROJETUAL Diante da análise de percepção espacial e afetiva realizada no capítulo 3 e tendo como base a fundamentação teórica desenvolvida nos capítulos anteriores, foi concebido uma proposta projetual onde teve por objetivo aplicar os conceitos da neurociência capazes de ativar os mecanismos cerebrais e as reações inconscientes que estimulam a sensibilidade humana através de processos multissensoriais. O projeto arquitetônico foi estabelecido de forma a proporcionar aos usuários diferentes experiências no espaço, desempenhando relações do indivíduo entre objetos e estímulos psíquicos neurológicos que serão mapeadas pelo cérebro humano. Estes mapeamentos realizados pelos processos cerebrais permitem que o cérebro armazene os conteúdos gerados possam ser fixados na memória e evocados quando necessários. Abaixo serão apresentadas as imagens do projeto, bem como sua análise a partir de alguns princípios neuro científicos.


90 Figura 81 – PLANTA BAIXA – PROPOSTA PROJETUAL

N

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


91

O ponto primordial do projeto é enfatizar a linearidade do eixo e a contemplação a Igreja do Rosário. Sendo assim, foi configurado uma proposta de eixo linear onde as praças frontais a igreja se une resultando em um único plano sequenciado. De acordo com as análises de percepções espaciais e afetivas realizadas e o questionário aplicado com voluntários, pode-se perceber que atualmente cada praça contém um conceito e um uso distinto. Desta forma, a proposta salientou estes quesitos distintos trazendo melhorias nas qualidades de uso e uma nova disposição dos elementos. Cabe ressaltar que as árvores nativas e as palmeiras presentes no eixo se mantiveram no mesmo local de plantação. Chegou-se à conclusão que a Âncora e o Busto do Almirante, peças que se localizavam na Praça Tamandaré e na Praça da Bandeira, respectivamente, deveriam ser retirados, após análises de estudos e percepções da autora e dos voluntários, devido à quebra da visão longitudinal do eixo. Abaixo será apresentado os cortes de cada praça, passando pelos novos elementos criados para averiguar-se da relação de impacto com o ambiente já existente. Posteriormente será discorrido a análise de cada um destes elementos, bem como sua função, conceito e relação aos aspectos de projeto que foram pensados para funcionar como gatilhos mentais para explorar a memória do Eixo do Rosário.


92

Figura 82 – CORTE 01

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

O corte 01 posicionado na Praça Tamandaré tem por objetivo identificar a relação dos novos elementos criados: a passarela elevada, o guarda-corpo e o espelho d’água; com os elementos existentes no local.


93

Figura 83 – CORTE 02

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

O corte 02 posicionado na Praça da Bandeira tem por objetivo identificar a relação dos novos elementos criados: a canteiros altos com bancos lineares, árvores de médio porte para sombreamento e rasgo d’água no piso.


94

Figura 84 – CORTE 03

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

O corte 03 posicionado na Praça Otávio Araújo, mais especificamente, em frente à Igreja do Rosário tem por objetivo identificar a relação do novo elemento criado: o rasgo d’água no piso que desboca em um espelho d’água embutido 10cm no piso em frente à Igreja do Rosário.


95

Figura 85 – CORTE 04

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

O corte 04 posicionado na Praça Otávio Araújo, mais especificamente, na parte posterior à Igreja do Rosário tem por objetivo identificar a relação do novo elemento criado: a passarela elevada com rasgo d’água no piso em formato de cruz e nas duas laterais um espelho d’água embutido no piso.


96

Figura 86 – CORTE 05

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

O corte 05 posicionado na Praça Otávio Araújo, última praça do eixo da Igreja do Rosário tem por objetivo identificar a relação do novo elemento criado: a área de vivência com bancos, mesas e árvores de médio porte; e os bancos lineares com as árvores existentes.


97 Abaixo será apresentado a proposta projetual em imagens 3D e após, para uma melhor análise, será segregado o eixo por praças e discorrido sobre os elementos aplicados e suas funções. Figura 87 – PROPOSTA PROJETUAL - PRAÇA TAMANDARÉ

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


98 Figura 88 – PROPOSTA PROJETUAL - PRAÇA TAMANDARÉ

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 A Praça Tamandaré, antes dos aterros, terminava em uma rua e em seguida se localizava a enseada da prainha, sendo assim, na proposta projetual a praça foi alongada até ficar paralela as esquinas (Nota-se a diferença nos mapas figura 45 e figura 81) e criado um espelho d’água para simbolizar o início da praia que foi extinta devido aos aterros. O espelho d’água foi criado embutido 10cm no piso, se mantendo no mesmo nível da rua e criado muretas na altura de 15cm para a segurança e segregação entre rua e água. A água neste local também possui a função de reflexão


99 do patrimônio ao lado, a Casa da memória, que de acordo da incidência solar, reflete no espelho d’água. 2 Foi utilizado na passarela elevada um guarda-corpo na altura de 110cm de vidro incolor temperado e laminado 10mm para a segurança dos usuários. A escolha do vidro deu-se por conta de sua leveza e a não interferência visual do eixo. 3 As palmeiras existentes se mantiveram em seu mesmo local de origem. 4 Tendo a análise da proposta do espelho d’água apresentado no item 1, foi desenvolvido uma passarela elevada prolongada acima do espelho d’água, na altura de 40cm do nível da praça, para que os usuários tivessem uma experiência desde o início do eixo. Esta experiência se dá por conta da altura elevada, que permite que o indivíduo pudesse observar o eixo mais livremente; também se objetiva que a pessoa possa subir e observar curiosamente o entorno e estimular os usos dos patrimônios ao redor da passarela, como por exemplo, a Casa da memória, que se localiza ao lado deste elemento; A passarela elevada também permite que o usuário tenha uma ampla visão do parque da Prainha e uma vista para o Convento da Penha. Foi idealizado um recuo iluminado na parte inferior da passarela para que se tornasse um elemento leve e transmitisse a sensação de que estivesse flutuando sobre as águas. 5 Para as palmeiras existentes foram propostos canteiros com grama embutidos no piso para que a praça obtivesse um conceito de contemplação e mais livre visualmente. 6 Conforme abordado no subtópico 2.3.1 que se abordou a respeito da leitura arquitetônica do eixo do Rosário, foi apresentado sobre a bica que havia no local e se mantinha quando única fonte de água no entorno. Com as reformas sanitaristas, a bica foi extinta da região. O rasgo d’água foi proposto para simbolizar esta representação da água que era forte no eixo, e os rasgos lineares separados ao longo da praça caracterizam a ruptura da água ao longo dos anos.


100

Figura 89 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA TAMANDARÉ

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


101 Figura 90 – PRAÇA TAMANDARÉ – DIURNA E NOTURNA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Praça Tamandaré durante o dia. 2 Praça Tamandaré durante a noite com os efeitos de iluminação.


102 O acorde cromático desta praça foi desenvolvido de acordo com as árvores existentes em junção com os elementos novos da proposta. As cores foram planejadas de forma a transmitir ao usuário a sua sensação, conforme aborda o livro Psicologia das Cores (HELLER, 2013), e também proporcionar uma harmonia e leveza ao ambiente. Segundo Heller (2013) a cor cinza transmite a sensação de conformidade e a impressão de algo cru e bruto; a cor azul transmite a sensação de frescor, tranquilidade, e dá a impressão de amplitude visual; a cor verde transmite a sensação de tranquilidade e equilíbrio. Na Praça Tamandaré, foram estimulados 2 gatilhos mentais ativados pela visão e pela audição. A visão é ativada devido a passarela elevada para observar o entorno e a linearidade do eixo; e a audição é estimulada a partir dos ruídos sonoros da água do espelho d’água.


103 Figura 91 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA DA BANDEIRA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


104 Figura 92 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA DA BANDEIRA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Foram dispostos na paginação do piso fragmentos de uma paginação de um piso diferente, em uma tonalidade de cinza mais escuro, para representar o local onde havia o coreto. Conforme abordou-se o subtópico 2.3.1, o coreto era um local de diversão para a população, e sua representação no piso remete esta parte importante


105 da história e traz consigo todo o lazer que o coreto representava para a região de volta ao eixo. 2 Foram idealizadas para cada praça placas indicativas onde serão expostos o conceito e a experiência que cada praça proporciona ao usuário, além disso será apresentado o nome de cada praça e onde ela se localiza no eixo. 3 Nesta praça foram posicionadas as flores de lavanda, pois segundo Gonçalves (2013), esta flor estimula o olfato devido ao cheiro que ela libera. 4 Foi proposto nos canteiros e posicionados atrás dos bancos, a arvoreta murta-decheiro, para proporcionar aos usuários um sombreamento mais aconchegante. 5 Conforme abordado no subtópico 2.3.1 que se abordou a respeito da leitura arquitetônica do eixo do Rosário, foi apresentado sobre a bica que havia no local e se mantinha quando única fonte de água no entorno. Com as reformas sanitaristas, a bica foi extinta da região. O rasgo d’água foi proposto para simbolizar esta representação da água que era forte no eixo, e os rasgos lineares separados ao longo da praça caracterizam a ruptura da água ao longo dos anos. 6 Foram propostos canteiros lineares e mais próximos aos bancos de forma a proporcionar aos usuários um contato maior com a natureza e a estimulação dos sentidos ocasionados pelas flores. 7 Foram dispostos bancos lineares e laterais, percorrendo algumas partes das faces dos canteiros. Os assentos dos bancos foram projetados utilizando a madeira, que, segundo Inácio (2015), transmite a sensação de aconchego e harmonia e estimula o tato, devido a sua textura. O acorde cromático desta praça foi desenvolvido de acordo com as árvores existentes em junção com os elementos novos da proposta: as flores, as árvores, os bancos, canteiros e rasgo d’água. As cores foram planejadas de forma a transmitir ao usuário a sua sensação, conforme aborda o livro Psicologia das Cores (HELLER, 2013). Segundo Heller (2013) a cor cinza transmite a sensação de conformidade e a impressão de algo cru e bruto; a cor marrom transmite a sensação de aconchego e segurança; a cor violeta traz a impressão de singularidade, e sensação de que algo está chamando a atenção; a cor azul transmite a sensação de frescor, tranquilidade,


106 e dá a impressão de amplitude visual; a cor verde transmite a sensação de tranquilidade e equilíbrio. Na Praça da Bandeira, foram estimulados 4 gatilhos mentais ativados pela visão, audição, olfato e tato. A visão é ativada devido a linearidade do eixo; a audição é estimulada a partir dos ruídos sonoros da água do rasgo d’água no piso; o olfato é ativado devido ao aroma propagado pela flor de lavanda; e o tato devido a textura de madeira nos bancos. Figura 93 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA DA BANDEIRA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


107 Figura 94 – PRAÇA DA BANDEIRA – DIURNA E NOTURNA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Praça da Bandeira durante o dia. 2 Praça da Bandeira durante a noite com os efeitos de iluminação.


108 Figura 95 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – FRONTAL A IGREJA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


109 Figura 96 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – FRONTAL A IGREJA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Foram idealizadas para cada praça placas indicativas onde serão expostos o conceito e a experiência que cada praça proporciona ao usuário, além disso será apresentado o nome de cada praça e onde ela se localiza no eixo. 2 Foram dispostos bancos lineares, laterais e voltados para o restaurante do lado esquerdo, pois o restaurante tem uma grande interferência no uso da praça. Os assentos dos bancos foram projetados utilizando a madeira, que, segundo Inácio


110 (2015), transmite a sensação de aconchego e harmonia e estimula o tato, devido a sua textura. 3 Nesta praça foram posicionadas as flores Íris da Praia (flores brancas), pois, de acordo com Lorenzi e Souza (2008), esta flor estimula o tato devido a variabilidade de texturas e formas. 4 Também foram posicionadas na praça as flores de Camélia (flores rosas), pois, de acordo com Gonçalves (2013), esta flor estimula o olfato. 5 As árvores existentes se mantiveram na mesma disposição atual. 6 Retratando a mesma questão do rasgo d’água exemplificado nas imagens das praças anteriores, nesta praça também se aparece trecho do rasgo, porém ele desboca em um espelho d’água retangular frontal a igreja. O intuito do espelho é salientar a reflexão da igreja na água e aguçar os ruídos sonoros transmitidos pela água, desta forma, os usuários terão maior agradabilidade no local. Cabe ressaltar que o espelho d’água retangular está afastado 5m de distância do último degrau da igreja, para passagem livre de pedestres. O acorde cromático desta praça foi desenvolvido de acordo com as árvores existentes em junção com os elementos novos da proposta: as flores, as árvores, os bancos, canteiros, rasgo d’água e espelho d’água. As cores foram planejadas de forma a transmitir ao usuário a sua sensação, conforme aborda o livro Psicologia das Cores (HELLER, 2013). Segundo Heller (2013), a cor marrom transmite a sensação de aconchego e segurança; a cor violeta traz a impressão de singularidade, e sensação de que algo está chamando a atenção; a cor rosa expressa a sensibilidade, a delicadeza e a suavidade; a cor azul transmite a sensação de frescor, tranquilidade, e dá a impressão de amplitude visual; a cor verde transmite a sensação de tranquilidade e equilíbrio. Na Praça Otávio Araújo, parte frontal da Igreja do Rosário, foram estimulados 4 gatilhos mentais ativados pela visão, audição, olfato e tato. A visão é ativada devido a linearidade do eixo; a audição é estimulada a partir dos ruídos sonoros da água do rasgo d’água e do espelho d’ água no piso; o olfato é ativado devido ao aroma propagado pela flor camélia; e o tato devido a textura de madeira nos bancos e as texturas e formas da flor Íris da Praia.


111 Figura 97 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – FRONTAL A IGREJA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


112 Figura 98 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – FRONTAL A IGREJA – DIURNA E NOTURNA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Praça Otávio Araújo frontal a Igreja do Rosário, durante o dia. 2 Praça Otávio Araújo frontal a Igreja do Rosário, durante a noite com os efeitos de iluminação.


113 Figura 99 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – POSTERIOR A IGREJA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


114 Figura 100 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – POSTERIOR A IGREJA

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Conforme abordado no subtópico 2.3.1, na parte posterior da Igreja do Rosário havia o cemitério da cidade, que posteriormente, foi retirado. Sendo assim, foi projeto uma passarela elevada a 30cm do nível da praça para que o usuário tivesse uma experiência distinta das demais praças. A elevação da passarela simboliza o respeito


115 em “não pisar” onde antigamente eram enterrados os corpos das pessoas e remete a história do cemitério que foi significante para a memória social da cidade. 2 Como em toda parte frontal praça foi representado o rasgo d’água, na parte posterior foi simbolizado o rasgo em formato de cruz, remetendo ao cemitério. Cabe ressaltar que neste rasgo há um vidro no mesmo nível da passarela para segurança do usuário. 3 As árvores existentes se mantiveram na mesma disposição atual. 4 Foram propostos dois espelhos d’água laterais embutidos no piso para trazer leveza e que remetesse a sensação que a passarela estivesse flutuando. 5 Nesta praça foram posicionadas a flor Crista de Galo Plumosa, pois, de acordo com Lorenzi e Souza (2008), esta flor estimula a visão devido as cores fortes e vibrantes. O acorde cromático desta praça foi desenvolvido de acordo com as árvores existentes em junção com os elementos novos da proposta: o rasgo d’água em formato de cruz, os espelhos d’água laterais e a passarela elevada. As cores foram planejadas de forma a transmitir ao usuário a sua sensação, conforme aborda o livro Psicologia das Cores (HELLER, 2013). Segundo Heller (2013), a cor vermelha transmite energia e é ideal para ambientes movimentados e ativos; a cor azul transmite a sensação de frescor, tranquilidade, e dá a impressão de amplitude visual; a cor verde transmite a sensação de tranquilidade e equilíbrio. Na Praça Otávio Araújo, parte posterior da Igreja do Rosário, foram estimulados 2 gatilhos mentais ativados pela visão, audição. A visão é ativada devido ao simbolismo no piso do rasgo d’água em formato de cruz, representando o cemitério; e a audição é estimulada a partir dos ruídos sonoros da água do rasgo d’água e do espelho d’água no piso.


116 Figura 101 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – POSTERIOR A IGREJA – DIURNO E NOTURNO

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Praça Otávio Araújo posterior a Igreja do Rosário, durante o dia. 2 Praça Otávio Araújo posterior a Igreja do Rosário, durante a noite com os efeitos de iluminação.


117 Figura 102 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


118 Figura 103 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


119 Figura 104 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


120 Figura 105 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Foram idealizadas para cada praça placas indicativas onde serão expostos o conceito e a experiência que cada praça proporciona ao usuário, além disso será apresentado o nome de cada praça e onde ela se localiza no eixo. 2 Nesta praça, atualmente, há um conceito que a difere das demais. Nela, existe a presença de mesas para jogos, banca de revista (localizada na parte lateral por detrás do canteiro) e há grande fluxo de pessoas devido ao uso de serviços do entorno e o ponto de ônibus. Desta forma, foram criadas áreas de vivências nas laterais das praças


121 para adotar esses usos que são característicos da praça. Manteve-se o eixo livre para remeter ao conceito das demais praças e devido ao fluxo de pessoas transitando pelo local. 2a Foi desenvolvida uma nova configuração de mesas, padronizando com os bancos que já foram dispostos ao longo da praça, para que sirva para apoio para as pessoas e para os jogos, que são característicos no local. 2b Nas áreas de vivências, foi idealizado um piso diferente para acomodar os bancos e as mesas, desta forma, fica marcado no piso a mudança de uso no local. 2c Os bancos, que são padronizados em todo projeto, foram dispostos em um comprimento menor na área de vivência para que proporcionasse algo mais intimista e acolhedor ao usuário. 2d Por trás dos bancos, foram dispostos canteiros para que o individuo pudesse ter mais contato com a natureza e estimulasse a audição, pois segundo Paiva (2008), a flor Malviscos aguça a audição. Também foi pensado nesta flor na área de vivência de forma a explorar a interação entre as pessoas, devido a praça ser mais intimista e favoreça a audição nas comunicações. 2e Foi proposta nos canteiros e posicionada atrás dos bancos, a arvoreta Murta-decheiro, para proporcionar aos usuários um sombreamento mais aconchegante. 3 As árvores existentes se mantiveram na mesma disposição atual. 4 Também foram criados bancos em torno de todo o canteiro em formato “O” de forma a trazer mais locais de acomodação. 5 Nos bancos em formato “O”, foi disposto ao centro, um canteiro com o arbusto Buxinho. 6 Nos demais canteiros lineares, foram dispostos a planta Capuchinha, que, segundo Kinupp e Lorenzi (2014), possui características nutritivas e potencial alimentício. 7 Foram dispostos bancos lineares percorrendo parte da praça, cujo os assentos foram projetados utilizando a madeira, que, segundo Inácio (2015),


122 transmite a sensação de aconchego e harmonia e estimula o tato, devido a sua textura. Figura 106 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Figura 107 – PROPOSTA PROJETUAL PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


123 Figura 108 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO 03 – DIURNO E NOTURNO

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

1 Praça Otávio Araújo 03, durante o dia. 2 Praça Otávio Araújo 03, durante a noite com os efeitos de iluminação.


124 Cabe ressaltar que todos os elementos e em especial as passarelas elevadas no projeto possuem base regulamentar exigida pela NBR 9050/2015 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.


125 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir da proposta projetual apresentada no capítulo anterior que teve como base os parâmetros neurocientíficos, que foram expostos no capítulo 1, foi desenvolvida uma análise da percepção espacial e afetiva sobre o projeto com o intuito de verificar se critérios utilizados para o compor trouxe resultados benéficos a percepção das pessoas, quando comparado a análise do questionário aplicado e exposto no subtópico 3.2. Os resultados foram obtidos de duas formas: na primeira, foi aplicado um vídeo e demonstrada a proposta juntamente com as mesmas perguntas do questionário (anexo 1), e, na segunda, foi realizada uma análise com o equipamento Eye Tracker, que tem por objetivo mapear o ponto de fixação da glândula ocular da pessoa e verificar o local onde suas reações inconscientes fixam o olhar. A partir destas duas análises obtiveram-se os resultados sobre a eficácia do projeto nos aspectos da neurociência aplicada a arquitetura. 5.1 PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA ATRAVÉS DO VÍDEO 5.1.1 Metodologia Foi desenvolvido um vídeo de apresentação para o exercício da análise. O objetivo foi em interpretar as percepções espaciais e afetivas em decorrência do projeto desenvolvido para o Eixo do Rosário. Ao total, houveram 16 participantes, sendo que 7 participaram de forma presencial e 9 de forma virtual, devido à pandemia do COVID19. O vídeo foi elaborado com base na concepção do questionário aplicado anteriormente (Anexo 1). Antes de iniciar a apresentação presencial, foi preparado um ambiente, cujo o computador foi posicionado em frente a uma parede branca, para não haver desvio de atenção e colocado no voluntário um fone de ouvido para a imersão ao vídeo. A música de fundo foi uma canção de concentração e com efeitos sonoros de pássaros e ruídos de água, para que o participante pudesse se sentir “dentro” do projeto.


126 Figura 109 – IMERSÃO PRESENCIAL

Fonte: Arquivo pessoal, 2020

A imersão de forma virtual, se deu através de envio do link do vídeo e foram dada as mesmas recomendações da forma presencial, diferindo apenas que o voluntário ligava o gravador de voz enquanto assistia ao vídeo e respondia em voz alta e, posteriormente, o áudio foi enviado para a autora. Para a apresentação do vídeo ter eficácia na comparação dos resultados com o questionário, foram abordadas as mesmas perguntas sobre o que as pessoas sentiam, o que as chamavam atenção e suas sensações de incômodo ao olhar para a imagem. Além disso, foram elaboradas imagens renderizadas do projeto na mesma posição que a autora tirou as fotos que compuseram o questionário.


127

Figura 110 – APRESENTAÇÃO DO VÍDEO Fonte: Arquivo pessoal, 2020.


128 Foi exibida no início do vídeo uma breve explicação do que seria a análise neurocientífica para que o voluntário tivesse ciência de todos os processos que seriam desenvolvidos. Na apresentação do vídeo não foi identificado o nome dos participantes, sendo assim, ao decorrer da análise eles serão distinguidos por números. 5.1.2 Análise Figura 111 – PRAÇA TAMANDARÉ – PERGUNTAS

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na totalidade, 16 voluntários participaram da análise perceptiva com o vídeo. A primeira imagem era o tema da pesquisa e um convite para viver a experiência da imersão. A segunda, foi um texto breve sobre a explicação do que consiste no trabalho. As duas


129 seguintes apresentaram imagens da atual situação do eixo da Prainha e da proposta desenvolvida. E a partir de então, foram expostas as imagens da proposta projetual do mesmo ponto de vista das imagens apresentadas no questionário. A primeira praça apresentada foi a Praça Tamandaré, juntamente com a pergunta sobre o que a pessoa sentia ao olhar aquela imagem. Os participantes relataram que sentiam tranquilidade; frescor; leveza; harmonia; conforto; dentre outros. O voluntário 1 ressaltou: “sinto tranquilidade e gostaria de olhar a água.” Figura 112 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE SENTE OLHANDO PARA IMAGEM?

Livre

Tranquilidade

Frescor

Leveza

Paz

Harmonia

Conforto

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Ainda a respeito da Praça Tamandaré, foi perguntado sobre o que chamava a atenção dos voluntários, e eles relataram, em sua maioria, que foi o elemento água e a vegetação. Em menor quantidade, alguns disseram que foi a iluminação, a passarela elevada e a própria linearidade do eixo. O voluntário 2 afirmou: “como se o olhar se direcionasse até o final do eixo”.


130 Figura 113 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE CHAMA ATENÇÃO?

Vegetação

Água

Iluminação

Eixo

Passarela elevada

Linearidade

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Sobre o que os incomodavam, em grande maioria disseram que nada. Porém, alguns relataram que a vegetação os incomodava; a passarela e, até mesmo, a paginação do piso. O voluntário 3 respondeu: “nada me incomoda, muito pelo contrário, está bem mais bonito que atualmente.” Figura 114 – PRAÇA TAMANDARÉ – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE INCOMODA?

Passarela

Vegetação

Nada

Paginação

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


131 Figura 115 – PRAÇA DA BANDEIRA – PERGUNTAS

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

A segunda praça apresentada foi a Praça da Bandeira. Quando abordado sobre o que a pessoa sentia ao olhar a imagem, algumas respostas foram: tranquilidade; bemestar; sensação de amplitude; curiosidade; dentre outros. O voluntário 4 disse: “Sinto tranquilidade, como se tivessem me mostrando um caminho. “


132 Figura 116 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE SENTE OLHANDO PARA IMAGEM?

Tranquilidade

Bem-estar

Amplitude

Profundidade

Curiosidade

Fonte: Elaboração Própria, 2020

Quando perguntado sobre o que os chamavam atenção na imagem, as respostas variaram na maioria em: vegetação, água e a paginação. Em menor quantidade alguns responderam: a igreja ao fundo, a ambiência do local e a iluminação. Figura 117 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE CHAMA ATENÇÃO

Vegetação

Paginação

Água

Igreja

Ambiência

Iluminação

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Sobre o que incomodava os participantes na imagem, a maioria disse que nada os incomodava. Porém alguns relataram que talvez pontuariam que a vegetação ao


133 fundo; a paginação diferente no piso; a faixa de pedestre e o entorno foram do eixo; e o mobiliário diferente. Essas questões foram pontuadas na incerteza, como relata o participante 5: “nada me incomoda, talvez a vegetação densa no fundo, mas pode ser que eu estando no local nada me incomodaria.” Figura 118 – PRAÇA DA BANDEIRA – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE INCOMODA?

Paginação diferente

Vegetação

Faixa de pedestre

Nada

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Mobiliário

Entorno


134 Figura 119 – PRAÇA OTÁVIO ARAÚJO – PERGUNTAS

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

A terceira praça apresentada foi a Praça Otávio Araújo, na parte frontal da Igreja. Quando exposto a pergunta sobre o que as pessoas sentiam olhando para a imagem, as respostas foram: tranquilidade; frescor; calmaria; bem-estar; dentre outros. O voluntário 6 relatou: “Sinto vontade de estar aí.” E 7 enfatizou: “Parece ser um ambiente muito agradável.”


135 Figura 120 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE SENTE OLHANDO PARA IMAGEM?

Livre

Tranquilidade

Calma

Bem - estar

Frescor

Acolhimento

Paz

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Quando abordado sobre o que os chamavam atenção, foi relatado: a vegetação; o espelho d’água no piso; as flores e o mobiliário. Figura 121 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE CHAMA ATENÇÃO?

Vegetação

Espelho d'água

Flores

Mobiliário

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Sobre o que os incomodava na imagem, a maioria dos participantes disse que nada transmitia a sensação de incômodo. Porém alguns disseram que a copa da


136 árvore volumosa os incomodava, e ainda alguns pontuaram na dúvida os elementos do entorno, o mobiliário e o espelho d’água. Figura 122 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE INCOMODA?

Nada

Vegetação

Entorno

Mobiliário

Espelho d'água

Fonte:Elaboração Própria, 2020.


137 Figura 123 – PRAÇA OTÁVIO ARAÚJO – PERGUNTAS

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

A quarta praça apresentada foi a praça Otávio Araújo, última praça constituinte do eixo. Frente a esta imagem, foi perguntado sobre o que a pessoa sentia olhando para a foto, e os participantes responderam: paz; tranquilidade; frescor; aconchego; calmaria. O voluntário 8 disse: “sensação de não querer sair dali.” E o participante 9 ressaltou: “me sinto abraçado pela natureza.”


138 Figura 124 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE SENTE OLHANDO PARA A IMAGEM?

Paz

Tranquilidade

Frescor

Aconchego

Calma

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

Quando abordado sobre o que os chamavam atenção, foi ressaltado a vegetação, o mobiliário a paz que o lugar transmite. Figura 125 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE CHAMA ATENÇÃO?

Paz

Mobiliário

Vegetação

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

A última pergunta do vídeo foi sobre o que incomodava na Praça Otavio Araújo, parte posterior da igreja, e a maioria disse que nada os incomodava. Um participante


139 relatou que a vegetação o incomodava e outro participante disse que as paginações diferentes o incomodava. Figura 126 – OTÁVIO ARAUJO – GRAFICO DE SENSAÇÕES

O QUE INCOMODA?

Nada

Vegetação

Paginação

Fonte: Elaboração Própria, 2020.

5.2 EYE TRACKER 5.2.1 Metodologia Figura 127 – ÓCULOS – EYE TRACKER

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.


140 Para testar o que efetivamente os participantes visualizam, utilizou-se o equipamento Eye Tracker para realizar o rastreamento ocular dos usuários voluntários da pesquisa. O teste com o equipamento foi realizado com dois voluntários de forma presencial. Utilizou-se o dispositivo Pupil-Core, do laboratório Pupil Lab que utiliza a técnica Eye Tracking de rastreamento ocular. Para iniciar o procedimento, foi-se necessário colocar um QR code nas 4 laterais, fornecido pelo manual do equipamento. Desta forma, todas as imagens utilizadas durante o procedimento, foi apresentada desta maneira. O QR code, é necessário para a leitura dos óculos e a geração dos mapas de calor. Figura 128 – QR CODE – EYE TRACKER

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

Tendo as imagens, foinecessário calibrar as câmeras do equipamento para cada voluntário, fazendo com o que, o programa identificasse o globo ocular de cada indivíduo.


141 Figura 129 – CALIBRAÇÃO – EYE TRACKER

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

Feito a calibração, se deu início ao processo de rastreamento ocular. A primeira participante deu início a gravação que monitora os movimentos que o globo ocular realiza até a fixação do ponto principal. A gravação durou em torno de 30 segundos. Após a gravação, são gerados os mapas de calor, que serão apresentados no subtópico 5.2.2. O mesmo procedimento foi realizado separadamente para cada imagem, sendo elas as mesmas apresentadas no vídeo da análise de percepção espacial e afetiva, e efetuado pelas duas participantes, uma de cada vez. 5.2.2 Análises A partir da coleta de dados realizada pelas participantes, gerou-se um mapa de calor para cada imagem visualizada. Estes mapas verificam onde o globo ocular percorreu antes de se fixar em determinado ponto, o que é expresso pelos tons que variam do esverdeado ao amarelado. O ponto de fixação principal é identificado em tons de vermelho. Abaixo segue os mapas resultantes da percepção por meio do equipamento Eye Tracker da participante 1, a voluntária realizou o teste com sete imagens.


142 Figura 130 – PRAÇA TAMANDARÉ – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Nota-se que o ponto de fixação da voluntária nesta praça são as palmeiras existentes, visto que é um elemento que compõe a paisagem do local.


143 Figura 131 – PRAÇA DA BANDEIRA – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Através do mapa de calor, é possível concluir que a voluntária teve um ponto de fixação na paginação do piso, que se difere da paginação padrão e remete ao coreto que havia no local. A percepção da voluntária também percorreu a linearidade da praça, observando ao fundo a Igreja do Rosário e a vegetação da que compõe os canteiros também foi um aspecto relevante na percepção, representado pelo tom amarelado.


144 Figura 132 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

A partir do mapa de calor, percebe-se que o globo ocular da voluntária percorreu entre o espelho d’água, localizados na parte frontal a igreja, e se fixou na escadaria existente da igreja. Cabe ressaltar, que foi proposto no projeto a iluminação destes degraus de acesso.


145 Figura 133 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Ainda na Praça Otávio Araújo, parte frontal da igreja, foi realizada uma segunda análise com a imagem voltada para o início do eixo, e desta forma, notou-se que a fixação do olhar, como ponto principal, foi na linearidade e profundidade do eixo, evidenciados no tom avermelhado. A voluntária também obteve parte da fixação nas árvores que são existentes no local, e ainda, seu olhar percorreu entre o rasgo d’água marcado no piso e os canteiros que compõe a praça.


146 Figura 134 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na parte posterior da Igreja do Rosário, utilizou-se um rasgo no chão em formato de cruz para relembrar a presença do antigo cemitério da cidade que ali se localizava. No mapa de calor gerado verifica-se que o globo ocular da participante percorreu entre a passarela elevada, o rasgo d’água em formato de cruz, espelho d’água e os troncos de árvores; e se fixou no ângulo livre de visão, onde permite visualizar ao fundo a próxima praça.


147 Figura 135 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na última praça foram produzidos dois mapas distintos. O primeiro, apresentado acima, representa a visão geral da praça, e o segundo, apresentado abaixo, representa as áreas de vivências criadas. O primeiro mapa permite concluir que o ponto de fixação foi distribuído na área de vivência, localizada no canto direito da imagem e na linearidade livre proposta pela praça.


148 Figura 136 – PRAÇA OTÁVIO ARAÚJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

No segundo mapa foi apresentado a área de vivência da Praça Otávio Araújo, e desta forma, foi possível concluir que o ponto de fixação do voluntário foi na vegetação posicionada nos canteiros. Abaixo segue os mapas resultantes da percepção por meio do equipamento Eye Tracker da participante 2, a voluntária realizou o teste com sete imagens.


149 Figura 137 – PRAÇA TAMANDARÉ – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na primeira imagem apresentada, concluiu-se que a participante fixou o olhar nas palmeiras existentes no local e na paisagem que as mesmas compõem.


150 Figura 138 – PRAÇA DA BANDEIRA – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Nota-se que na Praça da Bandeira houve uma diferença de percepção quando comparado a participante 1. A segunda voluntária teve como ponto de fixação, demonstrado na cor vermelha, as árvores que favorecem a linearidade do eixo. E os tons amarelados demonstram que a voluntária percorreu o olhar sobre a paisagem que o eixo proporciona, e fixando, como dito anteriormente, na profundidade evidenciada pelo eixo.


151 Figura 139 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na parte frontal a Igreja do Rosário também houve diferença de percepção, quando comparado a voluntária 1. A participante 2, teve como ponto de fixação a parte direita da igreja. Cabe ressaltar que na imagem esta parte direita tem alguns galhos de árvores, o que favorece a percepção fixa da voluntária neste elemento. E também, se apresenta neste ponto de fixação a esquadria da Igreja do Rosário, que são partes importantes para composição história do patrimônio.


152 Figura 140 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na imagem apresentada, voltada para o início do eixo, a voluntária teve o ponto de fixação nas árvores que são existentes no local.


153 Figura 141 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na Praça Otávio Araújo, localizada na parte posterior a igreja, a voluntária teve como ponto de fixação as árvores existentes.


154 Figura 142 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na última praça, houve uma diferença de pontos de fixação, se comparado à voluntária um. Nesta imagem, a participante fixou o olhar na copa da árvore no canto superior da imagem.


155 Figura 143 – PRAÇA OTÁVIO ARAUJO – MAPA DE CALOR

Fonte:Elaboração Própria, 2020.

Na última imagem apresentada no estudo, o ponto de fixação se mantece para as duas participantes: as árvores propostas nos canteiros da área de vivência. 5.3 CONSIDERAÇÕES A partir da análise da percepção espacial e afetiva do projeto de intervenção efetivadas através dos questionários e da técnica de Eye-Tracking – conclui-se que alguns aspectos se destacaram no projeto: natureza, eixo e Igreja do Rosário. a) Natureza O cérebro humano tende a perceber em primeiro plano e sentir a sensação de bemestar em ambientes com elementos da natureza. Diante disso, permite-se dizer que


156 os resultados tanto do vídeo quanto dos mapas de calores atestaram justamente estes fatores ditos por Sussman e Ward (2017), no estudo de caso da Igreja da Trindade e edifício de Hancock Tower de Boston. Sendo assim, os elementos utilizados na proposta do projeto, que foram remetidos à natureza, resultaram em estímulos multissensoriais inconscientes que geraram os impulsos que motivaram

os

voluntários responderem que estão se sentindo tranquilos e que o ambiente os agrada. b) Eixo do Rosário A força do eixo do Rosário e sua linearidade já havia sido detectada na fase de investigação da primeira fase efetuada para compreender a percepção atual do eixo. Este aspecto foi trabalhado no projeto para valorizar a linearidade do eixo: o espelho d´água que rasga o chão acompanhando o desenho linear, o cuidado em não inserir barreiras físicas ou visuais na arte defronte à igreja, bem como a inserção de bancos e canteiros com linhas de geometria regular para acentuar essa linearidade. O rastreamento ocular mostrou que a força dessa linearidade permanece no projeto de intervenção pelo fato da proposta projetual ser um eixo livre e enfatizar a natureza. A leitura cognitiva da proposta projetual mostrou o estímulo multissensorial aos sentidos através do uso das flores e mobiliários, dispostos nas laterais, bem como pela paginação de piso de uma forma mais leve e uniforme, trazendo singularidade e harmonia em todo o eixo. c) A Igreja do Rosário Em todas as imagens onde se realizou o rastreamento ocular – que havia a Igreja do Rosário ao fundo – evidencia a força da arquitetura da Igreja. As soluções projetuais evidenciaram que o usuário esteve focado em observar a paisagem, sobretudo um ângulo em especial: o eixo direcionado à Igreja do Rosário. A pesquisa evidenciou ainda que, apesar da arquitetura colonial simples da Igreja do Rosário, ela possui um valor afetivo muito alto. A igreja, até pela sua posição central no eixo, se destaca na paisagem. No projeto, utilizou-se um grande espelho d´água defronte à fachada principal, para refletir a igreja como forma de valorizá-la, de modo a contribuir para esse destaque.


157 Desta forma, conclui-se que com os parâmetros neurocientíficos aplicados no projeto de arquitetura e urbanismo no largo do Rosário da Prainha, obteve-se resultados satisfatórios, tendo como base as análises da percepção espacial e afetiva de voluntários, que realizaram a apreciação do espaço tanto atualmente, quando na proposta projetual.


158 CONCLUSÃO Desenvolveram-se, na primeira etapa da pesquisa, análises em função da neurociência - ciência que aborda questões referentes ao sistema nervoso do ser humano, onde, por meio das informações obtidas, é capaz de detectar questões em relação aos estímulos gerados pelo cérebro em decorrência do espaço físico, bem como de suas propriedades e vínculos. A partir dos estudos, constatou-se que o comportamento humano é impulsionado por fatores externos provocados e, além disso, o meio urbano, arquitetura, traçado, e elementos naturais possuem influências na conduta dos indivíduos no espaço. A investigação do diagnóstico se enquadrou no eixo da Igreja do Rosário, localizado no Sítio Histórico da Prainha em Vila Velha/ES. A estrutura em questão, estabelece percepções afetivas com os usuários no espaço devido ao seu cunho histórico-cultural e à noção de identidade que entrelaça questões de memória com o espaço físico. A linearidade é demarcada por elementos naturais e referências cujo seus valores são imprescindíveis para a história do local. O Sítio Histórico da Prainha possui uma riqueza no quesito arquitetônico, devido às estruturas de cunho cultural solidificadas no início da colonização do Solo Espírito-Santense. Além da cultura local, o território é marcado pelos aspectos socioeconômicos gerados e a potencialidade turística. A segunda parte da pesquisa se ocupou com o processo de verificação da relação psíquica do indivíduo com o espaço físico, especificamente o eixo da Igreja do Rosário, localizado no Sítio Histórico da Prainha. Esse processo de verificação foi realizado por meio de questionários sobre a percepção espacial e afetiva dos voluntários selecionados. Nesses testes, foram analisadas as respostas obtidas e, a partir de então, foi realizada uma proposta projetual, visando a aplicação da neurociênca na arquitetura. Notou-se que os voluntários não se sentiam confortáveis em permanecer no atual eixo, por motivos de insegurança, falta de atrativos e etc. Desta forma, com a elaboração da proposta de projeto, averiguou-se que o estímulo dos sentidos, por meio de diferentes elementos da natureza, favorece a percepção dos usuários. Estas reações inconscientes permitem que o individuo se sinta bem e tranquilo e com vontade de permanecer por mais tempo no local, conforme foi atestado nas respostas dos voluntários. A partir dos resultados obtidos, o observou-se que as questões relacionadas ao meio urbano e arquitetônico influenciam


159 o comportamento dos usuários testados. Os resultados obtidos trouxeram respostas e afirmaram que o projeto proposto demonstrou soluções, com base na neurociência, para a melhoria da qualidade de vida dos usuários, e também em como atrair visitantes para a apreciação e uso do local, além de estimular a preservação do patrimônio local. A intervenção proposta visou contribuir para a preservação da história e do patrimônio , que vem sendo esquecido e pouco valorizado. Também buscou-se explorar aspectos simbólicos para o resgate da memória de uma das regiões mais antigas do Brasil.


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165 ANEXOS ANEXO 01


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CAROLINE CARMO ROSSI

NEUROCIÊNCIA APLICADA A PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA DO LARGO DO ROSÁRIO DA PRAINHA EM VILA VELHA/ES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira.

Aprovado em 09 de dezembro de 2020.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira Universidade Vila Velha Orientadora

__________________________________ Arq. Esp. Maria Augusta Deprá Bittencourt Universidade Vila Velha Avaliadora

___________________________________ Arq. Esp. Iago Longue Martins Universidade Vila Velha Avaliador


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