Jornal a4 net

Page 1

EDIÇÃO CAROLINA JESUS 67628 | SEG 6 JUNHO 2016

“A Guerra dos Tronos”: ele morreu e agora nem o livro temos para nos guiar

Quando se muda de vida aos 40 Vozes de Chernobyl: postais da “Meca nuclear” 3Pês: Minor Victories ou como unir Slowdive, Mogwai e Editors Um suporte para portáteis feito em Portugal “com amor e carinho” Sozinha, uma mulher negra fez frente a 300 neonazis Violência sexual: todos perguntam “o que trazias vestido?” ANIMAL apresenta queixa crime contra adolescente que pendurou cão na janela


2|

CRÓNICA | SEG 6 JUNHO 2016

A semana santa é entre o 25 de Abril e o 1.º de Maio E pergunta a miúda “É festa pai?”, eu anuo com um sorrisinho pulha: “É pois... é o farnel para quando Abril voltar a passar!”

POLÍTICA

TIAGO MATOS Sento-me no fundo da sala,e vez após vez, faço-me discreto em salas cheias de velhinhos, o que é mais fácil do que seria de esperar primeiro porque também estou meio acabado (gordo e grisalho), e depois porque eles estão demasiados ocupados com discussões com cinquenta anos para notarem os meus olhinhos atentos na penúltima fila, óptimo! Estamos entre o 25 de Abril o 1.º de Maio, é a nossa semana santa, a nossa Primavera anual, a vermelhagem toda à solta, orgulhosos cravos vermelhos ao peito . Eles debatem entre eles sem nunca acertar contas, discordam e discutem e às vezes rangem os dentes como os miúdos a dormir e carregam o cenho e levantam-se para exclamar “Não posso concordar com o amigo..”. Mas já não se zangam, já não confundem a seriedade dos assuntos com a das suas pessoas: temos ainda demasiado a aprender com os “kotas”, penso da penúltima fila. E a minha mulher faz o número académico a partir do alto da mesa,

voz melíflua de menina bem comportada mas pim pam pum: as cabecinhas dos pregos todas enfiadas firme e fundo. As velhas camaradas hão-de me agarrar o braço depois e sussurrar: “Tens cá uma mulher...” eu sei, mas não se lhe pode dizer, que quem a atura sou eu. Tiro os óculos, esfrego os olhos, no meio destes velhinhos normais. Quem olhar da porta do auditório da biblioteca não vê nada de especial, velhinhos a discutir história contemporânea... Mas tudo isto é profundamente raro cá no jardim à beira mar plantado; estes são os que disseram NÃO, assim: tudo em maiúsculas, como quem grita baixinho, por escrito. Disseram não quando recusar significava arriscar tudo, posição, liberdade, exílio e o corpinho, o coiro e o cabelo e uma visita aos curros do Aljube! E cinquenta anos depois os adolescentes magníficos de outrora continuam a mexer, sem acusar o peso do passado e da semente, com menos certezas e mais humor próprio mas ainda preocupados com um futuro que a cada momento que passa lhes deveria interessar menos. E a Ordem

Saltamos para domingo e do Algarve para a Almirante Reis: somos milhares a escorrer lentos avenida acima, está sol e sorrimos, temos cravos ao peito e nas mãos e as bonitas entalam-nos nas madeixas, temos megafones e bombos e gaitas e nós Precários um D.J. em cima da carrinha com uma caixa de ritmos e um disco do Variações, temos velhinhas sentadas à beira da rua em banquinhos de abrir e papelinhos dos Pioneiros de Portugal e os moços da CGTP de coletes reflectores a ajudar os polícias e amigos que mandam flores das janelas e outros a quem damos abraços e beijos e cumprimentos, temos a estranheza da garota em se poder andar sossegado no meio da estrada e a gargalhada dos veteranos quando ela repete o povo unido.

da Liberdade espetada na peitaça do João Lobo Antunes... é só rir, saíste-me melhor que o papa Francisco, ó Marcelo! Saltamos para domingo e do Algarve para a Almirante Reis: somos milhares a escorrer lentos avenida acima, está sol e sorrimos, temos cravos ao peito e nas mãos e as bonitas entalam-nos nas madeixas, temos megafones e bombos (de Lavacolhos?) e gaitas e nós Precários (precários nos querem, rebeldes nos terão!) um D.J. em cima da carrinha com uma caixa de ritmos e um disco do Variações, temos velhinhas sentadas à beira da rua em banquinhos de abrir e papelinhos dos Pioneiros de Portugal e os moços da CGTP de coletes reflectores a ajudar os polícias e amigos que mandam flores das janelas e outros a quem damos abraços e beijos e cumprimentos, temos a estranheza da garota em se poder andar sossegado no meio da estrada e a gargalhada dos veteranos quando ela repete “O Povo unido..”. Temos, mais do que tudo, um sentimento de casa, um recarregar da bateria da esperança.


SEG 6 JUNHO 2016 | CRÓNICA | 3

Quando se muda de vida aos 40 Quando se muda de vida aos 40, a coisa pia mais fino. Os outros tentam achar piada, tentam compreender. Mas nem sempre conseguem.

SOCIEDADE

CRISTINA NOBRE Quando se muda de vida aos vinte, os outros acham imensa piada. Vão beber uns copos connosco, boa sorte, pá. Até porque, quando se muda de vida aos vinte a coisa normalmente passa por uma viagem, por uma temporada no estrangeiro. E isso toda gente sabe que isso tem uma patine brutal. Boa sorte, pá, dizem-nos, e nós achamos que vai correr tudo bem. Que vai ser a experiência de uma vida. E é. Mesmo que corra mal. Mas quando se muda de vida aos quarenta, a coisa pia mais fino. Os outros tentam achar piada. Tentam compreender, mas nem sempre conseguem. Dizem, boa sorte, pá, mas vê lá. Olha que tens uma filha. Olha que já tens quarenta. Tens a certeza que é mesmo isso que queres? Não, claro que não temos. Estamos à rasca, cheiinhos de medo. Dificilmente nos convidam para ir beber um copo. Afinal a conversa é séria e convém estarmos sóbrios. Convidam-nos para

um café. Ou, se estiverem realmente preocupados, para um almoço. Vê lá, pá. Vê lá o que vais fazer da tua vida. Quando se muda de vida aos quarenta, a viagem é cá dentro. Não, não é dentro de Portugal. É mesmo dentro de nós. Vamos até ao tutano. À massa de que somos feitos. E dói como o raio. Se dói. Choramos imenso, rimos imenso. Parecemos uns tontos, uns putos com pés de galinha e cabelos brancos. Descobrimos que somos mais rijos do que pensávamos. Que somos mais tolerantes, mais abertos, mais flexíveis. Mas a maior descoberta não é a de que somos mais coisa nenhuma. É a de que somos apenas isto. E ser apenas isto é uma coisa que se chama vida. Mas quando se muda aos quarenta, é um caminho de não retorno. É um bilhete só de ida. Não podemos voltar a casa, porque a casa onde morávamos afinal era uma coisa postiça. E até encontrar uma com as assoalhadas certas, onde caiba esta nossa nova vida, andamos por aí, ao relento. A viver por debaixo das pontes que vamos ter de passar. Depois, um dia, os amigos que continuaram preocupados connosco, voltam a convidar-nos para almoçar. E é estranho. Porque nós, os que mudámos aos quarenta, voltámos diferentes, tão diferentes que já nem falamos das mesmas coisas, usamos outras palavras, rimos com coisas que nunca tínhamos rido antes. Os amigos, têm de conhecer uma pessoa nova, mas com o mesmo nome e a mesma cara. Os amigos acham que parecemos uns miúdos, mas nós sentimos que, por dentro, passámos a ter alma de oitenta anos. Dizem-nos, estás diferente, pá. E nós olhamos para eles, e respondemos com alívio, não, pá, sabes? Agora, finalmente, é que estou igual.

Quando se muda de vida aos quarenta, a viagem é cá dentro. Não, não é dentro de Portugal. É mesmo dentro de nós. Vamos até ao tutano. À massa de que somos feitos. E dói como o raio. Se dói. Choramos imenso, rimos imenso. Parecemos uns tontos, uns putos com pés de galinha e cabelos brancos. Descobrimos que somos mais rijos do que pensávamos. Que somos mais tolerantes, mais abertos, mais flexíveis. Mas a maior descoberta não é a de que somos mais coisa nenhuma. É a de que somos apenas isto. E ser apenas isto é uma coisa que se chama vida.

Dizem, boa sorte, mas olha que tens uma filha. Olha que já tens 40. Tens a certeza que é mesmo isso que queres? Não, claro que não temos. Estamos à rasca, cheiinhos de medo.


4|

CRÓNICA | SEG 6 JUNHO 2016

Vozes de Chernobyl: postais da “Meca nuclear” “Vozes de Chernobyl” de Svetlana Alexievich, Prémio Nobel de Literatura de 2015, capta as vozes da “rua” com sensibilidade de “Rabelais” da rua contaminada. LIVROS

CARLOS MENDES Chernobyl “serve para produzir filósofos”. A declaração, sem dúvida perspicaz, é de um homem que vagueia por Khóiniki, nas proximidades da Zona de exclusão de Chernobyl, citado em “Vozes de Chernobyl”, o livro mais emblemático da escritora bielorrussa Svetlana Alexievich. Para além dos terríveis efeitos ambientais conhecidos, a nuvem radioactiva cultural da explosão, segundo a expressão feliz da antropóloga Sharon Stephens, teve impacto profundo na consciência cívica, no activismo político e na percepção do “risco”. Chernobyl “produziu chernobylianos”. Aos milhares, em horas. Ser-se “chernobyliano” corresponde agora a uma nova camada identitária trans-

nacional em que muitos bielorrussos, ucranianos e russos, aparentemente, se reconhecem eles próprios ou são reconhecidos por outros. Nas escolas, as crianças vindas de Chernobyl eram “pirilampos” e “ouriços de Chernobyl”, apodos que aludiam a efeitos imaginados da contaminação radioactiva. Perseguidos pela sombra de Chernobyl, vários regressaram ilegalmente à “Zona”, onde, avaliados os riscos, conseguiam pelo menos proteger-se da condição de estranhos, indesejados ou objectos de curiosidade permanente. Nessa medida, são de “chernobylianos”, na sua maioria, os depoimentos que constituem “Vozes de Chernobyl”. O livro combina extractos de 107 das mais de quinhentas entrevistas que Svetlana Alexievich realizou na primeira metade da década de 1990,

com um mínimo de intervenção da autora. São relatos na primeira pessoa a que Alexievich chama “monólogos”, uma grande colagem de testemunhos que constitui uma variante rara do famoso projecto benjaminiano de livro de citações. Em contraponto, àquellas pobres “vozes solitárias”, três secções apresentam depoimentos conjuntos de vários entrevistados. Estes “coros”, como a autora designa as, digamos, vozes colectivas, contêm declarações avulsas que produzem o efeito de pequenas colecções de aforismos. Como recursos e metáforas dramatúrgicos utilizados por uma jornalista com passado no teatro (monólogos, coros e ainda as didascálias com que introduz testemunhos ou regista comportamentos não-verbais), parecem sugerir “Vozes de Chernobyl” como

uma espécie de trágica representação teatral que foi primeiro interpretada e só depois escrita. Talvez a proximidade da efeméride dos 30 anos do desastre de Chernobyl, assinalada no passado dia 26, tenha inspirado e acelerado o reconhecimento raríssimo na história do Nobel de Literatura de uma obra de “não-ficção”. Entre classificações propostas pela própria autora e por críticos, as categorias tentadas para se arrumar a obra singular de Alexievich parecem submissões a um concurso de originalidade: “documentários literários”, “romances documentários”, “não-ficção narrativa”, “ficções factuais”. Vale a pena reter as menções ao documentário, porquanto talvez o cinema directo, sem narração “off” e com ênfase no processo de edição de muitas horas de recolha, seja boa

referência comparativa. De resto, classificar enquanto “monólogos” os depoimentos recolhidos representará um esforço de supressão da figura do entrevistador, como se Alexievich pretendesse convencer tratar-se de uma “mosca na parede”.

O horror! O humor! Na capa da versão portuguesa figura uma imagem emblemática das consequências do “acontecimento-monstro” de 1986. A roda-gigante num parque de diversões da cidade de Pripyat, abandonada há trinta anos, é um despojo já famoso, convertido em alegoria da precaridade da existência humana e das suas realizações materiais. Como outras imagens poderosas que circulam de Pripyat, em que estruturas são consumidas pela acção


SEG 6 JUNHO 2016 | CRÓNICA | 5

do tempo e invadidas pela “natureza vingativa”, como dirá Bruce Sterling, evoca cenários especulativos de futuro pós-humanidade. Por ironia, a “Zona” é hoje uma bolsa de natureza na região. O lince-euroasiático regressou à área, onde não era avistado desde ainda antes do desastre. Na quase ausência de presença humana, a fauna e a flora prosperam como numa utopia de gestão conservacionista. A “Zona” é citada como um exemplo acabado daquilo a que Sterling chamou de “parques involuntários”, reservas naturais espontâneas, por assim dizer, que germinam em territórios desertados por populações humanas. Desde a catástrofe, Chernobyl converteu-se em central de produção de imagens de horror. Um tema saliente em “Vozes de Chernobyl” é a abundante mitologia sobre a “Zona”. Ouriços carecas, ratazanas ruivas, galos com cristas pretas, javalis com três cabeças, pássaros com dois bicos, cogumelos do tamanho de uma cabeça humana e outras “mutações” povoam um bestiário de seres fantásticos que se constituiu no imaginário popular. Para os “chernobylianos” foi rápida a chocante incorporação do horror como parte da experiência quotidiana e das expectativas de futuro. No dia-a-dia, o dosímetro era um objecto de

uso comum, contando-se “roentgenes” como quem contabiliza calorias. A “epidemia” de apolecia crianças sem cabelo, sobrancelhas e pestanas são imagens consabidas dos efeitos duradouros da contaminação radioactiva sugere angústias da maternidade que o argumentista de “Aliens” não desdenharia. Num dos relatos mais pungentes do livro, destacado em capítulo próprio, uma “voz solitária” descreve a experiência de acompanhar o processo veloz que transformou uma “pessoa amada” - o marido, dos primeiros liquidadores a acorrerem ao incêndio no reactor 4 da central - em “objecto radioactivo”. Em outro, uma criança sossega a mãe, dizendo-se preparada para aceitar um filho que nasça “monstro”. Esta era uma preparação já em curso que incluia visitas regulares a um bebé vizinho, que se diria nascido com “sorriso” de orelha a orelha se o desafortunado não tivesse apenas uma. Num contexto dominado por sensações de irrealidade e choque, uma antiga habitante de Pripyat recorda o sentimento estranho de se sentir espectadora dela própria durante a evacuação. Veja-se, por exemplo, esta:“Se não há festa, a vida não presta...Uma ucraniana vende no mercado grandes ma-

“O que lembramos mais de Chernobyl é a vida depois de tudo: as coisas sem o homem, as paisagens sem o homem. O caminho para o nada, cabos para o nada. Chega-se a duvidar, o que será: o passado ou o futuro?”

çãs vermelhas: ‘Quem quer maçãs? Maçãs de Chernobyl!’ Alguém aconselha: ‘Ó mulher, não digas que são de Chernobyl, que ninguém tas compra.’ ‘Não se preocupe! Então não compram! Há quem compre para a sogra, há quem compre para o chefe. “ Uma das virtudes de Alexievich, aqui bem ilustrada, está precisamente em conseguir captar as vozes da “rua” com sensibilidade de “Rabelais” da rua contaminada.

“Vozes de Chernobyl” esta carregado de anedotas, de humor negro que afronta a morte, a desgraça própria, os costumes e o poder. “Não me largava a sensação de que nada daquilo me acontecia a mim, mas a alguém que não eu”


6|

CRÓNICA | SEG 6 JUNHO 2016

3Pês: Minor Victories ou como unir Slowdive, Mogwai e Editors Promo, Palco e Pista: os 3Pês de António Barroso. Estas são as suas sugestões musicais para este fim-de-semana, de 5 a 7 de Maio.

MP3

ANTÓNIO B. A ver se é desta que uma superbanda sobrevive e ganha vida própria. E novos sons para “tugas” como os UniForm e os Whales. Para noitadas, as minhas opções aproveitam o mau tempo e recolho a pistas com momentos mais pop-rock.

Pista Estando numa de fim-de-semana pouco dado a coisas de dimensões desmesuradas, deixo propostas verdadeiramente alternativa, como a de sexta-feira, no Breyner 85 (Porto), onde há a quinta sessão das Indiie Sessions, “curadas” pelo Fino António, nessa noite com os dj’s Ivo T e Zé Dagge. Na mesma noite, mas em Lisboa, João D’Espiney “troca discos” no Incógnito. Sábado, no Sabotage, em Lisboa, o colectivo Altamont avança para mais um “Baile rock”, onde se pode ouvir um pouco de tudo, mas com a coerência necessária para nos levar de um Tim Maia aos Strokes.

Promo Sou do tempo de namorar os discos nas montras das lojas. E de esperar pelo fim do mês, ou do outro a seguir, para poder levar para casa o vinil encartado. A espera, como naquilo das paixões, é a primeira parte do degustar, temperado pelas ansiedades e servido em plena salivação. É assim, tal e qual, que estou agora, nesta montra global, à espera do álbum de estreia, homónimo, dos Minor Victories, o supergrupo de Stuart Braithwaite (Mogwai), Rachel Goswell (Slowdive), Justin Lockey (Editors) e James Lockey (Hand Held Cine Club). Tudo aponta para 3 de Junho, mas há já três para ouvir: “A Hundred Ropes”, “Folk Arp” e “Scattered Ashes (Song for Richard)” esta com James Graham (Twillight Sad). E se é para querer mais, no resto do álbum aparecerá Mark Kozalek numa das canções. Se estar um disco a caminho já é bom, melhor é saber que estão confirmados para o festival Vodafone Paredes de Coura deste ano. Da Inglaterra para Lisboa, onde os Uni_Form se preparam para lançar o seu terceiro longa-duração, “Golden Age”, do qual já se pode ouvir “Everytime I Die”, na linha do indie-rock e post-punk que já traduzem “Mirrors” (2010) e “1984” (2012). Um trabalho que começou há dois anos, altura em que até

lançaram no “tubo” aquele que pode ser considerado o primeiro “aperitivo” deste álbum, “Valkyria”. Um nadinha mais a sul, de Leiria surgem os Whales, mas, para já, em modo single – “Big Pulse Waves” –, com álbum previsto para 2017, mas já com direito a presença num dos palcos do festival Nos Alive, a 9 de Julho. Mais cedo, no início de Junho, está cá fora “Colt”, o segundo álbum dos norte-americanos Young Moon, de Trevor Montgomery, um artesão de São Francisco, que foi membro dos Tarantel, banda de post-rock, sonoridade que dá dimensão ao indie-rock por onde navega desde “Navigated Like The Swan”, de 2012. Outro “aperitivo” deste trabalho é “Fell on My Face”.

Palco Os britânicos Momus, dos primeiros “indies” a enveredar por sonoridades mais electrónicas, actuam sexta-feira (5 de Maio) e sábado (6), na Caixa Económica Operária, em Lisboa, e no Hard Club, no Porto. Uma oportunidade para ver o escocês Nick Currie, jornalista, escritor, compositor e mentor da banda que tem à vontade uns 30 discos gravados desde 1986. Na primeira parte de um momento a que a organização intitulou de “A synth wave meeting point” actuarão os franceses Hante. Também na sexta, nos Maus Hábitos, no Porto, actuam osBirds Are Indie, de Coimbra, e no sábado, no Bar ACERT, em Tondela, sobem ao palco os Grandfather’s House, de Braga, dois dos mais refrescantes projectos de música feita em Portugal.


SEG 6 JUNHO 2016 | CROWDFUNDING

Um suporte para portáteis feito em Portugal “com amor e carinho” Natanael Gama criou um suporte para portáteis, “tablets” e teclados feito com madeira portuguesa e sustentável. O Sled tem uma campanha de “crowdfunding” a decorrer até 4 de Junho.

DESIGN

P3

Há vários anos que Natanael Gama procurava o suporte ideal para o computador portátil com o qual trabalhava, até que decidiu desenhar e criar um de raiz. Escolheu a madeira como material e pediu ajuda ao pai: juntos construíram aquele que viria o ser o protótipo do Sled, um suporte desenhado para quem trabalha com dois ecrãs e necessita de os ter à mesma altura. O protótipo foi usado pelo designer de tipos de letra durante três anos, e nunca deixou de ser elogiado por amigos e colegas, razão pela qual o jovem de 27 anos apostou na criação de um produto para venda. O Sled é feito de pinho português, numa oficina da Malveira, a partir de uma só peça de madeira. “Portugal é um país com muito pinho e gostei do aspecto da cor, clara”, justifica Natanael. Antes de ser dada por terminada, a peça — feita “com amor e carinhoa”, recebe ainda um tratamento à base de cera de abelha. As duas peças não necessitam de qualquer encaixe e podem ser transportadas em mochilas ou malas de computador. De acordo com Natanael, a utilização do Sleed assegura uma postura correctta à secretária, mantendo as costas e o pescoço direitos.

O Sled é composto por duas peças simétricas que podem ser ajustadas para sustentar qualquer dispositivo, desde computadores portáteis até 17 polegadas a teclados com até cinco oitavas. Os “tablets” também podem ser pousados em cima deste suporte. Disponíveis estão dois modelos do Sled, que variam em termos de dimensão e peso: o modelo “standard” (30cm x 10cm) pesa 850 gramas; já no “light” (29cm x 96cm), o peso é de 550 gramas.

Na plataforma de “crowdfunding” Indiegogo, o suporte está a venda a partir de 55 euros. O objectivo é chegar aos 16.000 euros angariados até 4 de Junho e as encomendas devem ser enviadas durante o próximo mês de Setembro. Por cada Sled vendido, Natanael compromete-se a plantar uma árvore. Para já apenas é possível comprar o suporte através do Indiegogo mas, no futuro, o produto vai estar à venda no site da On A Different Angle, o projecto do designer natural das Caldas da Rainha.

|7


8|

Racismo | SEG 6 JUNHO 2016

Sozinha, uma mulher negra fez frente a 300 neonazis A imagem tornou-se viral na Suécia e já está a correr o mundo

POLÍTICA

P3

O que leva uma mulher a desafiar cerca de 300 neonazis? A protagonista desta história é Tess Asplund, uma mulher de 42 anos, com ascendência africana, cuja imagem se tornou viral depois de ter enfrentado sozinha, no último domingo, uma manifestação organizada pelo Movimento da Resistência Nórdica. A imagem de Tess Asplund de punho erguido a enfrentar o grupo de extrema-direita está a correr o mundo. Entrevistada pelo jornal britânico “The Guardian”, Asplund conta que não reflectiu e agiu no momento. “Foi um impulso. Eu estava tão zangada, tive de sair para a rua”, confessa. “Só pensava: nem pensar, eles não podem marchar aqui.

“Nenhum nazi marchará aqui, não está correcto”. Depois da manifestação, apanhou um comboio para Estocolmo e esqueceu o assunto. Segunda-feira percebeu que a foto estava a correr as redes sociais. Agora teme pelos seus 50 kgs de coragem que lhe parecem pouco quando pensa nos “grandes e loucos” membros do grupo de extrema-direita. “Talvez não o devesse ter feito, quero paz e sossego”, desabafa. O medo não é em vão, Tess afirma que as ações daquele grupo são familiares e conta que alguns dos seus amigos já foram atacados e obrigados a mudar de casa.

A mulher já recebeu telefonemas anónimos a meio da noite onde pessoas lhe gritam do outro lado do auscultador. “É difícil falar sobre o ódio. Sinto vergonha por termos este problema. As autoridades dizem que é um país democrático. Mas estamos a falar de nazis! É horrível”, confessa. O impacto da fotografia foi tal que os meios de comunicação suecos já a compararam a uma outra famosa imagem, capturada por Hans Runesson em 1985, e que ficou conhecida como “a senhora com a mala”. Na imagem, hoje com mais de três décadas, uma mulher usa a sua mala para bater num “skinhead” do partido neo-nazi sueco, dissolvido em 2009. As sondagens mostram-nos que os Democratas Suecos, um partido nacionalista, conservador e anti-imigração, conquistam 15% a 20% das intenções de voto dos eleitores e mantêm o poder no parlamento, enquanto a proliferação do seu discurso se espalha por sites que incitam ao ódio.

É no espectro mais extremista desta ideologia que encontramos o Movimento da Resistência Nórdica, explica Poohl. “Vivemos dias em que as pessoas aguardam por algo que canalize esta necessidade de resistir à Europa que constrói muros e fronteiras contra refugiados, uma Europa com quem não podem cooperar mais. O gesto de Tess capturou um desses conflitos actuais”, analisa. Recorde-se que a Suécia rejeitou, no início deste ano, a entrada de mais refugiados e migrantes da Ásia

e Médio Oriente, alegando receio de que esta vaga ameace a segurança nacional, depois de se terem registado episódios de violência em centros de acolhimento de refugiados. Em Janeiro o país começou a recusar a entrada de migrantes sem documentos. No último ano, as Nações Unidas consideraram que o país tem um problema específico de Afrofobia. “Espero que algo positivo resulte desta fotografia. Talvez aquilo que eu eu fiz se torne um símbolo de que qualquer pessoa pode fazer alguma coisa. Se uma pessoa o conseguiu, qualquer um consegue”, conclui.

O racismo foi normalizado na Suécia. Pensava que a Suécia em 2016 iria ser mais aberta, mas alguma coisa aconteceu, lamenta Tess.


|9


10 |

10 | VIOLÊNCIA SEXUAL | SEG 6 JUNHO 2016

Violência sexual: todos perguntam


SEG 6| 11JUNHO 2016 | VIOLÊNCIA SEXUAL | 11

“o que trazias vestido?” FOTOGRAFIA KATHERINE CAMBARERI Quando ocorre qualquer tipo de assédio ou ataque de natureza sexual, é comum que a vítima ouça a seguinte questão: “O que trazias vestido?”. “Well, What Were You Wearing?” é precisamente a designação do projecto da americana Katherine Cambareri, estudante de fotografia e apaixonada por questões relacionadas com saúde pública, em especial com a saúde da mulher. Foi após a leitura do livro “Missoula” de John Krakauer aborda questões relacionadas com assédio sexual e violação, que a despertou para a

forma como as autoridades e a sociedade lidam com estes casos. “Perguntam às vítimas se tinham consumido álcool e que tipo de roupa vestiam no momento do ataque”, explicou ao P3 em entrevista.

Este tipo de perguntas são feitas para proteger o perpetrador e não a vítima. Acho uma estupidez que os/as sobreviventes sejam considerados cul-

pados, mesmo antes de terem tido oportunidade de contar a sua história. Eu queria fazer algo que demonstrasse quão desnecessárias são estas perguntas.” Katherine colocou mãos à obra e publicou no seu mural do Facebook vários pedidos às vítimas de assédio ou de ataque sexual. Não faria quaisquer perguntas, não teria acesso às suas histórias, tudo para não avivar memórias dolorosas, mas gostaria de fotografar as roupas que vestiam no momento do ataque. A maioria das pessoas que responderam ao apelo

da fotógrafa foram mulheres, quase todas entre os 18 e os 22 anos. Não obteve resposta de homens, como teria preferido.

Espero mesmo que imensas pessoas se sintam incomodadas por estas imagens. Quero que as pessoas pensem sobre a culpabilização da vítima e que reflictam sobre se é válido perguntar-lhes.

“o que tinhas vestido?”. As vítimas nunca ‘pedem’ para ser atacadas. O ataque sexual ocorre quando uma pessoa decide atacar outra e por nenhuma outra razão.” Desde que o projecto foi publicado, a fotógrafa recebe mensagens de pessoas desconhecidas que partilham as suas histórias de abuso sexual, referindo a inevitável pergunta colocada por namorados e juízes: “Afinal, o que trazias vestido?”


12 | LEGISLAÇÃO | SEG 6 JUNHO 2016

ANIMAL apresenta queixa crime contra adolescente que pendurou cão na janela Não é a primeira vez que este jovem é acusado de maustratos de animais. “Não descansaremos enquanto este indivíduo não for exemplarmente punido”, garante a ANIMAL

SOCIEDADE

P3

O episódio aconteceu nesta terça-feira, 3 de Maio, e já motivou uma queixa-crime da ANIMAL. Um adolescente filmou-se a bater num cão bebé e a pendurá-lo numa janela e partilhou o vídeo na sua página do Facebook, entretanto partilhado no YouTube. As reacções foram imediatas. Em poucas horas, centenas de queixas chegaram à PSP e à GNR, via e-mail e telefone, e a associação ANIMAL fez chegar o caso ao Ministério Público de Loures e de Lisboa: fez uma queixa-crime e requereu a perícia e apreensão cautelar, não só do cachorro que aparece no vídeo mas também de “todos os animais que forem encontrados na residência e/ou na posse do denunciado”.

Não é a primeira vez que G.C. se envolve em polémicas com maus-tratos a animais.

Segundo a ANIMAL, terá publicado “outros vídeos no passado, onde matava um pombo e onde ameaçava gatos de morte, em troca de ‘likes’ nas redes sociais”. Ao aperceber-se da polémica, o adolescente apagou a página do Facebook, mas reactivou-a horas depois para partilhar um vídeo onde pedia desculpa e garantia gostar do cão e ter feito apenas “uma coisa errada”. “Têm todos razão mas também não é preciso ameaçarem-me de morte porque não fiz mal ao animal”, argumentou. À hora de publicação desta notícia, a página do Facebook não estava novamente disponível. “Os factos descritos indiciam a prática de crime de maus-tratos a animais de companhia, previsto e punido pelo artigo 387º do Código Penal, que foi introduzido pela Lei n.º 69/2014, de 29-8, em concurso real com as contra-ordenações previstas pelo artigo 7º, n.ºs 3, do DL n.º 276/2001, de 17 de Outubro”, escreveu a presidente da ANIMAL, Rita Silva, num comunicado enviado às redacções. “Não descansaremos enquanto es-

te indivíduo não for exemplarmente punido. As pessoas têm que começar a perceber que aquilo que fazem tem consequências”, garantiu. No Facebook foram criadas várias páginas a denunciar a acção do adolescente e há várias petições a pedir que a lei portuguesa que criminaliza os maus-tratos e abandonos seja realmente efectiva. É preciso também agilizar os processos de forma a garantir a segurança dos animais”, escrevem. A ANIMAL está a ser inundada com “SMS, e-mails e telefonemas a respeito deste caso”, havendo pessoas que lhes dizem que se eles não forem a casa do jovem retirar-lhe o cão eles próprios irão fazê-lo, divulgam no comunicado. “É importante que as pessoas compreendam que vivemos num Estado de Direito e que a justiça popular não é solução”, apela a associação. “A ANIMAL tem inúmeros casos em mãos e não é uma autoridade. Faz aquilo que pode enquanto ONG e espera que as pessoas compreendam que a nossa capacidade de acção tem um limite.”

Recentemente, a ANIMAL fez também uma queixa-crime contra Luís Amorim, jovem modelo que apareceu num vídeo a atirar o próprio cão de uma ponte. Os maus tratos e o abandono de animais são considerados crime. Mas dos mil inquéritos abertos resultaram apenas quatro acusações e a lei tem sido criticada por ter grandes fragilidades. Matar um animal a tiro, por exemplo, pod não ser considerado crime. Ainda neste mês, o PAN – Partido Pessoas, Animais, Natureza apresentou no Parlamento uma proposta destinada a alterar o estatuto jurídico dos animais, de forma a que a lei os deixe de encarar como coisas e passe a conferir-lhes uma nova categoria intermédia entre os objectos e as pessoas.


SEG 6 JUNHO 2016 | ÍNDIA | 13

A pintura 3D pode salvar vidas nas estradas? Ministério dos transportes indiano quer introduzir passadeiras em “trompe-l’oeil”

SOCIEDADE

P3

O ministro dos transportes da Índia tem animado as redes sociais e sido notícia um pouco por todo o lado depois de anunciar um inesperado programa de segurança rodoviária. Decidiu emprestar às passadeiras de peões a ilusão das três dimensões, o que dá inesperados efeitos plásticos. Nitin Gadkari twittou, com uma destas imagens. O ministro Nitin Gadkari quer usar estes truques de perspectiva como alternativa às lombas removidas das estradas da Índia há um mês. As novas zebras deixam de estar agarradas ao chão e parecem, subitamente, levitar à nossa frente. As mesmas passadeiras,

segundo as imagens que circulam, já foram testadas noutros locais da Ásia. Há sites como o Bored Banda que se entusiasmaram, mas a verdade é que a secção de cultura da BBC também. A coisa mais interessante que nos ocorre para citar é a mítica capa do último disco dos Beatles com a famosa passadeira de Abbey Road, mas a BBC evoca toda uma história da pintura para fazer uma resenha. No ano passado, numa entrevista ao jornal americano “The Washington Post”, o ministro dos transportes disse que queria reduzir o número para cerca de metade até 2019.

Estamos a tentar que pinturas 3D sejam usadas como lombas virtuais para evitar lombas desnecessárias.


14 | EMPREGO | SEG 6 JUNHO 2016

Ryanair vai recrutar 300 trabalhadores em Lisboa e Porto Empresa procura novos comissários e assistentes de bordo para os seus aviões, através de três sessões em Lisboa e Porto

ECONOMIA

P3/LUSA À semelhança das outras companhias aéreas, Ryanair continua a apostar na contratação de pessoal de bordo em Portugal. Desta feita, a companha irlandesa tenciona recrutar mais de 300 trabalhadores até ao final de 2016, com a intenção de reforçar as suas equipas com novos comissários e assistentes de bordo, nos denominados “open days” previstos para Lisboa, nos dias 13 e 27 de Maio, e no Porto, no dia 16. As inscrições podem ser feitas aqui. Além do 12.º ano como escolaridade mínima e de uma altura a oscilar entre os 1,57 e os 1,88 metros, como é frequente nestes casos, a empresa procura candidatos com mais de 18 anos e o que classifica como sendo uma boa apresentação física.

Nos referidos open days, os candidatos iram efectuar uma entrevista e uma consequente entrevista em inglês. Os salários, afiança a empresa, rondarão os 1400 euros. A Ryanair tem sido alvo, entretanto, de acusões de ilegalidade nas suas actividades de “handling”, de serviços em terra, e de fornecer más condições de trabalho aos seus colaboradores. No entanto, o presidente da

Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) negou existirem evidências de ilegalidade no “self-handling”(autoassistência) da Ryanair, mas alertou que uma empresa demasiado agressiva pode levar a pressões sobre os preços da concorrência. “Não existe evidência que o ‘self-handling’ da Ryanair seja ilegal, nós verificamos e sempre que há denúncias verificamos novamente, não temos convicção de que há alguma ilegalidade. Se houver, iremos verificá-la novamente e se houver ilegalidade, a licença é retirada”, disse Luís Ribeiro, numa audição, esta quarta-feira, na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas. Luís Ribeiro afirmou que a ANAC “tem acompanhado a situação” e que fez acções de fiscalização, quer no caso da escala de Ponta Delgada, ainda antes do seu mandato, quer em Faro, já durante o seu mandato, não tendo sido detectadas em ambas falhas do ponto de vista do licenciamento. Todavia, especificou que no caso da escala de Ponta Delgada o regulador recebeu denúncias ao nível das condições de trabalho, pelo que remeteu essas situações para a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) para que esta averigue se a legislação laboral estava ou não a ser acautelada.

Portway despede Por não ter acordado a negociação de novos contratos, aPortway deixou de prestar serviços à Ryanair no aeroporto de Faro no final de Março e o mesmo acontecerá em Junho, no do Porto, e em Outubro, no de Lisboa, passando a companhia de aviação a garantir os próprios serviços de assistência em terra. Por causa disso, a Portway vai proceder a um despedimento colectivo que afecta 256 trabalhadores. O presidente da Portway, Ponce de Leão, disse no parlamento em Abril que um terço da actividade da Portway dependia da Ryanair e, a partir da altura em que a transportadora ‘low cost’ [de baixo custo] irlandesa passou a dispor dos “instrumentos adequados para aceder ao ‘self-handling’”, soube que iria “inevitavelmente” terminar o contrato, até porque se recusou a aceitar as exigências da companhia aérea que pretendia uma redução de 30% das tarifas. Referiu ainda que qualquer empresa pode exercer ‘self-handling’ a partir do momento em que tenha as licenças necessárias e que a gestora dos aeroportos ANA, a que também preside, não poderia negar a atribuição da licença à Ryanair, depois da autoridade reguladora (a ANAC) o fazer.


SEG 6 JUNHO 2016 | EMPREGO | 15

300 pessoas Escolaridade

Salรกrio base

12ยบ ano

1400 euros

Idade

Altura

+18 anos

1,571,88


16 | CULTURA | SEG 6 JUNHO 2016

Esta escola ensina Ilustração num curso intensivo de verão A Illustration Summer School, que decorre entre 4 e 15 de Julho em Vila Nova de Gaia, vai ter “workshops”, palestras e visitas dedicadas à ilustração. Curso tem 15 vagas disponíveis e custa 375 euros

DESIGN

CARINA CORTE-REAL Explorar diferentes abordagens na ilustração e construir novas narrativas visuais é o que a Illustration Summer School quer incentivar durante duas semanas, em torno da caligrafia, serigrafia, encadernação, colagem e têxtil. Na prática, o ilustrador, enquanto investigador e editor em vários suportes, é o sujeito deste curso de Verão, organizado em parceria entre a Uncanny Editions e a We Came From Space. A ideia da “Illustration Summer School”, surgiu no seguimento de “uma série de ‘workshops’” que Karen Lacroix, coordenadora e tutora do evento, tem vindo a desenvolver em Londres e em Portugal. Na anterior residência artística no Instituto Politécnico do Porto, Karen utilizou uma multiplicidade de métodos com os alunos e isso ajudou a criar “uma pedagogia e uma abordagem à ilustração expandida para além da concepção tradicional”. O programa terá como o objecto central a ilustração enquanto investigação. “A programação será extremamente diversa com ‘workshops’, seminários, palestras e visitas, onde haverá uma sobreposição de gravura, escrita criativa, estudo de arquivos, colagem, encadernação e caligrafia, como a diversidade de professores indica, descreve Karen Lacroix. A designer é uma das tutoras, a par de

Alejandra Jaña, Hugo Moura, Catarina Azevedo, Graciela Machado, Júlio Dolbeth & Rui Vitorino Santos, Alexandra Rafael e Filomena Vasconcelos. O curso, de 4 a 15 de Julho de 2016, terá lugar na “plataforma de transferência de conhecimentos”We Came From Space, um edifício histórico na zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia, que dispõe ainda de oficinas de gravura, impressão tipográfica e RISO. Disponíveis estão apenas 15 vagas e os alunos, cujo único requisito é terem mais de 18 anos, podem ser portugueses ou estrangeiros com experiências e formações distintas.

As candidaturas podem ser feitas online até 4 de Junho e estas serão avaliadas num prazo máximo de cinco dias após a submissão. As propinas da Illustration Summer School 2016 são de 375 euros e incluem todos os “workshops”, seminários e conferências, bem como todo o material de serigrafia, impressão tipográfica, RISO e visitas.

“Notei que os alunos de ilustração e design carecem frequentemente de metodologias de investigação que permitam questionar o seu próprio trabalho e a sua forma de trabalhar”


SEG 6 JUNHO 2016 | CULTURA | 17


18 | ARQUITETURA | SEG 6 JUNHO 2016

Siza e Souto de Moura assinam dois novos museus em Santo Tirso Em causa estão a sede do Museu Internacional de Escultura Contemporânea, de Álvaro Siza, e o Museu Municipal Abade Pedrosa, de Souto de Moura

ARQUITETURA

P3/LUSA

As obras em curso em dois museus de Santo Tirso, que totalizam um investimento de 4,6 milhões de euros, são inauguradas a 21 de Maio. A sede do Museu Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC) foi desenhada pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira e o Museu Municipal Abade Pedrosa é da autoria de Souto de Moura.

“A ideia é que os museus potenciem ainda mais Santo Tirso na área cultural e que todas estas iniciativas permitam uma promoção do município e a dinamização económica aos mais variados níveis, seja empresarial, turístico, simples lazer ou cultural”

O Museu Municipal Abade Pedrosa possui colecções de arqueologia e materiais provenientes de várias estações arqueológicas do concelho de Santo Tirso e da região envolvente, originários de trabalhos de escavação e de achados fortuitos, cujo contexto arqueológico, em alguns casos, se desconhece. Já o MIEC tem 54 obras espalhadas pelas praças e parques locais de Santo Tirso, num total de seis pólos da cidade: parques de Geão, Rabada, Carvalhais, Dona Maria II e praças 25 de Abril e Camilo Castelo Branco. As obras estão a ser realizadas no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte, co-financiado pelo ON.2 — O Novo Norte a 85%, sendo que os restantes 15% são da responsabilidade da câmara de Santo Tirso. Ambos vão ficar ligados por um serviço de atendimento e a empreitada será inaugurada a 21 de Maio pelo primeiro-ministro, António Costa.

“Nos últimos tempos, o Município de Santo Tirso tem sido foco de interesse por parte de estudantes de arquitectura nacionais e internacionais, que não ficam indiferentes às obras de grande valor arquitectónico presentes na cidade” Os museus fiicam localizados no conjunto patrimonial designado por Mosteiro de S. Bento, imóvel classificado como Monumento Nacional.


SEG 6 JUNHO 2016 | INOVAÇÃO | 19

Música e “street art” para dar vida ao Centro Comercial de Cedofeita A 13 e 14 de Maio, o Centro Comercial de Cedofeita, no Porto, acolhe uma feira de artesanato, uma oficina de recuperação de móveis antigos por “graffiters” e um concerto com direito a “breakdance”. Evento quer devolver espaço “emblemático” à cidade

HIGH-TECH

P3/LUSA A 13 e 14 de Maio, o Centro Comercial de Cedofeita, no Porto, vai ter uma nova vida. Responsabilidade do Art Boost Movement que programou para esses dias diversas actividades, como um oficina de recuperação de móveis antigos por “graffiters”, a pintura de um mural, “workshops”, exposições, um concerto com direito a “breakdance” e o já habitual mercado de artesanato. A quinta ediição do Porto Made Market decorre nos dois dias no exterior e interior das galerias, mas no sábado há mais para ver e fazer. O antigo edifício da PSP em Cedofeita vai transformar-se numa oficina de recuperação de móveis um tanto ou quanto artística: Noid, Ekyone e Virus vão pintar móveis antigos do centro comercial e dar-lhes “uma cara lavada”. Tudo isto no passeio para que todos possam acompanhar a reabilitação das peças. No interior, a meio da tarde, há o momento musical Cheese and Jam,

que conta com a participação DJ SirCyber, os MC Riça e Kass e de um grupo de “breakdance”. Os visitantes podem ainda participar em “workshops” dados pelos proprietários das lojas e assistir a uma exposição sobre Zeca Afonso e outra com o trabalho “Olhares sobre o Porto” do fotógrafo Pedro Ursi. A entrada é de dois euros. O Art Boost Movement pretende assim “alargar ainda mais o conceito de arte urbana a todas as suas vertentes”, explica ao P3 Teresa Pinto, administradora do espaço, antes de concluir: “No fundo é tudo arte”. É a terceira vez que este evento se realiza, rumo ao objectivo de devolver o “emblemático centro comercial à cidade e aos portuenses” e, claro, a todos os que o visitam. Nesse sentido, o conceito de mercado expande-se para um evento cultural que pretende revitalizar espaços esquecidos da cidade e, ao mesmo tempo, dar a oportunidade a novos criadores e artistas de divulgar e vender as suas obras.

Este evento estava planeado inicialmente para 7 de Maio, mas as más condições metereológicas previstas para esse dia obrigaram ao adiamento.


20 | VIAGEM | SEG 6 JUNHO 2016

Netflix mais Instagram igual a 1800 euros por semana Serviço de “streaming” procura quatro “instagrammers” que queiram viajar para destinos europeus onde tenham sido filmadas produções do Netflix. Candidaturas até 6 de Março

ECRÃ

P3

Fotógrafos — amadores ou profissionais — que sejam fãs do Netflix e que tenham conta no Instagram é o que o serviço de “streaming” está à procura até 6 de Março. Para encontrar estes “Grammaster”, como lhes chama, o Netflix lançou um concurso e o prémio são 2.000 dólares (1.844 euros) por semana. Há vários passos a tomar para se formalizar a candidatura. Em primeiro lugar é necessário seguir o Netflix no Instagrame, depois, colocar a etiqueta

#grammasters3 em três fotografias originais “que demonstrem as tuas capacidades fotográficas”, lê-se no regulamento do concurso. As imagens podem já ter sido partilhadas há algum tempo.

Os “Grammasters” vão viajar durante duas semanas, “visitando os cenários de séries e filmes populares” do Netflix.

Todas as despesas da viagem estão a cargo da empresa. Para serem elegíveis, os candidatos devem ter mais de 21 anos e um “gadget” com câmara fotográfica. Indispensável é, também, ter uma conta de Instagram — que não deve estar em modo privado ou protegido. Os finalistas deverão ser conhecidos a 11 de Março e os nomes dos quatro vencedores a 29.


SEG 6 JUNHO 2016 | INOVAÇÃO | 21

Fernando Medina diz que “não será um espaço gerido por uma incubadora”, mas que “terá mais do que uma incubadora no mesmo espaço”

HIGH-TECH

LUSA

A Câmara de Lisboa está a estudar, juntamente com incubadoras de empresas europeias e norte-americanas, a melhor forma de fixar, nos próximos três anos, empresas “de todo o mundo” num antigo edifício do Exército, no Beato. “Estamos neste momento a trabalhar com algumas das maiores e melhores incubadoras da Europa e também dos Estados Unidos para aprendermos com eles sobre qual a melhor forma de desenvolvermos um bom projecto”, disse o presidente da Câmara Municipal, Fernando Medina. O autarca acrescentou que o polo tecnológico que vai nascer em Xabregas, freguesia do Beato, “não é um projecto que se desenvolva muito rapidamente”, antes “vai ter um desenvolvimento progressivo, com a chegada de incubadoras e de empresas”. “É um espaço que estimo que o seu processo fundamental de desenvolvimento tenha lugar nos próximos três anos, precisamente o tempo da duração daWeb Summit”, adiantou, referindo-se ao evento de tecnologia que se realiza pela primeira vez na cidade em Novembro, tendo previstas outras edições em 2017 e 2018. Questionado pela Lusa se é possível que no próximo ano já esteja lá instalada a primeira empresa, o responsável indicou que “sim, é possível”, mas vincou que a autarquia ali pretende colocar “as pessoas certas”. Em meados de Abril, o autarca anunciou, numa sessão da Assembleia Municipal, a passagem para a câmara, por 50 anos, da gestão do edifício da Manutenção Militar, uma antiga fábrica do Exército localizada junto ao rio, que tem uma superfície de pavimento de mais de 30 mil metros quadrados. Esta aquisição custou à autarquia 7,1 milhões de euros. “A nossa preo-

cupação foi conseguirmos fechar a negociação com o Estado a tempo de podermos aproveitar a dinâmica associada à Web Summit”, admitiu Fernando Medina. O responsável especificou que este “não será um espaço gerido por uma incubadora”, mas que “terá mais do que uma incubadora no mesmo espaço”.

O objectivo é torná-lo “dos espaços mais fascinantes e de maior dimensão [cidade], onde se concentrarão empresas, empreendedores, incubadoras de todo o mundo, de todos os tipos e de diferentes filosofias”, adiantou. Ao mesmo tempo, pretende-se que seja “um grande polo de desenvolvimento de toda a zona oriental da cidade” e que contribua “para que Lisboa dê um salto ainda maior como cidade de referência e âncora no empreendedorismo à escala internacional”, reforçou Fernando Medina. Também presente na ocasião, o primeiro vice-presidente do Comité das Regiões Europeu, Karl-Heinz Lambertz, afirmou aos jornalistas que a entidade está “muito otimista” sobre o futuro da cidade, em termos de inovação. “Tenho a certeza de que Lisboa vai ser um dos locais mais fortes da Europa, onde os empreendedores podem ficar e fazer bons negócios”, afirmou. Durante o ano de 2015, Lisboa teve a distinção de Capital Europeia do Empreendedorismo.

Lisboa quer instalar empresas de “todo o mundo” no Beato


22 | SÉRIE | SEG 6 JUNHO 2016

“A Guerra dos Tronos”: ele morreu e agora nem o livro temos para nos guiar Quase um ano depois, a sexta temporada daquela que é actualmente a série de televisão mais mediática está de regresso. A estreia é este domingo; segunda-feira em Portugal. Falámos com 12 actores do elenco. Não nos querem contar muito mas garantem: vem aí a melhor temporada de sempre.

A tão desejada sexta temporada estreia-se finalmente este domingo (em Portugal, a estreia é segunda-feira às 22h10 no Syfy) e, pela primeira vez, os fãs estão perdidos.

ECRÃ

CLÁUDIA CARVALHO Nem parece que passou quase um ano desde que vimos o último episódio da quinta temporada de “A Guerra dos Tronos”, a série da HBO que é actualmente um dos maiores fenómenos da televisão. Aquele episódio em que tivemos de engolir em seco com tudo o que se estava a passar — a caminhada de Cersei Lannister, a reviravolta de Arya Stark, a cena de Sansa Stark, a mudança de Daenerys Targaryen, e claro, tudo o que aconteceu a Jon Snow. Foi em Junho mas a série continuou a ser notícia quase todos os dias e as redes sociais não a abandonaram. A tão desejada sexta temporada estreia-se finalmente este domingo (em Portugal, a estreia é segunda-feira às 22h10 no Syfy) e, pela primeira vez, os fãs estão perdidos. Se até agora os livros “As Crónicas de Gelo e Fogo” davam pistas para o que aí vinha, a série alcançou agora o fim da história escrita e George R.R. Martin

não acabou “The Winds of Winter” a tempo desta nova temporada. Os actores dizem não ter sentido diferença na rodagem porque o argumento é a sua bíblia, mas admitem ter ficado mais nervosos porque também eles estavam a zero. Quando nos sentamos com alguns dos actores do elenco e jornalistas vindos de todo o mundo, o trabalho pode ser frustrante. Fazemos perguntas que não levam respostas e não é porque não queiram responder, mas porque o secretismo em torno da série assim o exige. Há respostas que parecem ensaiadas e também não é por mal, é para o bem dos fãs, dizem. Nesta temporada, nem o primeiro episódio foi disponibilizado aos jornalistas. Só o Presidente norte-americano teve direito a um exclusivo — Obama tem uma agenda preenchida e não pode acompanhar o ritmo da televisão, alegou a Casa Branca. An-

tecipar o que aí vem seria por isso apenas especulação, embora teorias não faltem.

Uma coisa é certa, os próximos dez episódios serão os maiores e possivelmente os melhores de sempre. Dizem-no os actores e os números comprovam: dez milhões de dólares é o orçamento recorde para cada episódio desta temporada “É assim que se faz a diferença”, diz o actor Liam Cunningham (Davos Seaworth). “Quando as produções atingem um certo nível de sucesso e começam a dar dinheiro, as pessoas que as fazem acham que descobriram a fórmula e limitam-se a repeti-la. Torna-se aborrecido fazer e aborre-

cido ver”, explica. “Aqui, acontece o contrário. A HBO pôs ainda mais dinheiro nesta temporada e D.B. Weiss e David Benioff criaram ainda mais problemas criativos”, continua, defendendo que “é preciso arriscar ou todos se acomodam”. Iwan Rheon, o temível e assustador Ramsay Bolton, não tem dúvidas de que a HBO é responsável por uma mudança na televisão. Cada vez vemos mais e melhores produções — ajuda também o aparecimento de serviços de “streaming” como o Netflix, decididos a apostar em conteúdos originais, sem olhar a orçamentos. “É bom ver o dinheiro voltar à televisão. É preciso dinheiro para fazer melhor. A HBO põe o dinheiro e isso vê-se”, sublinha o actor de 30 anos, argumentando que o sucesso planetário de “A Guerra dos Tronos” é um incentivo para que outros canais e outras produtoras façam melhor. Mas se

agora, cinco anos depois da estreia da série, parece fácil falar, nem sempre foi assim. O veterano Jonathan Pryce é exemplo disso. Teve a oportunidade de entrar para “A Guerra dos Tronos” logo na primeira temporada mas recusou a oferta. “Fiquei muito nervoso com a forma como me foi descrita. Não era o tipo de coisas que veria, li o argumento e todos os nomes estranhos e passei”, conta. “Depois tornou-se este enorme sucesso”, diz, sem esconder a surpresa — “A Guerra dos Tronos” é a série mais pirateada de sempre, uma das mais vistas na televisão e também das mais influentes nas redes sociais. “Na quinta temporada voltaram a falar comigo e ofereceram-me o papel de Alto Pardal/Alto Septão. Aí li o argumento em condições e fiquei mesmo atraído”, explica. “O Alto Septão é uma personagem muito forte, que criou um novo mundo na história.


SEG 6 JUNHO 2016 | SÉRIE | 23


24 | SÉRIE | SEG 6 JUNHO 2016

Tão incomum que à medida que o fim desta saga se aproxima os atores já se questionam como é que conseguirão superar este marco nas suas carreiras. Esta semana, a HBO anunciou o que já se esperava: em 2017 teremos nova temporada. Mas ao contrário do que é habitual desta vez o canal não revelou quantos episódios terá, e não será por acaso.


SEG 6 JUNHO 2016 | SÉRIE | 25

Ter dito sim desta vez foi uma das melhores decisões que alguma vez tomei”, admite, revelando no entanto que continua a não seguir a série na televisão.

Uma série “intemporal” Até para quem está na produção desde o início, o fenómeno em que “A Guerra dos Tronos” se tornou continua difícil de explicar. “Nunca imaginei que isto se tornasse tão grande”, diz, em resposta ao PÚBLICO, Alfie Allen, ou Theon Greyjoy, como agora tantas vezes o chamam na rua. “A ideia de uma série de fantasia à maneira da HBO nunca antes tinha sido feita. Viemos preencher uma lacuna. Ao mesmo tempo é uma série muito real. E acho que tudo se deve aos maravilhosos valores de produção, com cenários incríveis, guarda-roupa... É algo com que toda a gente se consegue relacionar”, justifica.

Para a holandesa Carice Van Houten, a sinistra Melisandre, “A Guerra dos Tronos” tem tanto de Shakespeare como das tragédias gregas. “É intemporal.” E dá como contraponto o exemplo de “Breaking Bad”, a série de Vince Gilligan, sobre um professor de liceu (Bryan Cranston) tornado fabricante de metanfetaminas que passou na televisão entre 2008 e 2013, considerada por muitos como uma das melhores de sempre: “Eu adoro ‘Breaking Bad’, mas essa é uma história mais contemporânea.”

Não tenho dúvidas de que vamos deixar um legado e daqui a 50 anos as pessoas vão continuar a olhar para ‘A Guerra dos Tronos’ com respeito.

É eterno”, intromete-se na conversa Liam Cunningham — os actores sentaram-se aos pares connosco num quarto de hotel em Londres e Cunningham veio com Van Houten. “Uma das razões é a qualidade do argumento, é incrivelmente bem desenvolvido”, aponta. Michael McElhatton, aliás Roose Bolton, o pai de Ramsay, que tem tanto de diabólico quanto o filho, explica-o de outra forma: “Muitas vezes apanhas uma desilusão quando, depois de leres os argumentos, filmas e vês as coisas editadas. Mas em ‘A Guerra dos Tronos’ é exactamente o oposto. As coisas estão sempre a melhorar. É tão bem filmada, e de forma tão bonita. As cenas são sempre tão boas como as fizeste, se não melhores. E isso é pouco comum.” Tão incomum que à medida que o fim desta saga se aproxima os actores já se questionam como é que

conseguirão superar este marco nas suas carreiras. Esta semana, a HBO anunciou o que já se esperava: em 2017 teremos nova temporada. Mas ao contrário do que é habitual desta vez o canal não revelou quantos episódios terá, e não será por acaso. Numa entrevista à Variety, D.B. Weiss e David Benioff equacionaram a hipótese de as novas temporadas serem mais curtas. “Acho que estamos a chegar aos nossos 13 episódios finais. Estamos a caminho da última volta”, disse Benioff, clarificando, porém, que “é apenas um palpite” porque nada está fechado. Antes, já Michael Lombardo, presidente de programação na HBO, tinha revelado à imprensa norte-americana que os dois “showrunners” queriam fazer apenas mais duas temporadas, depois desta sexta. A Variety escreve que em 2017 devemos ter então oito episódios e por fim, em 2018, ape-

nas sete. Parece definitivo: “A Guerra dos Tronos” está a chegar ao fim, na televisão e nos livros. George R.R. Martin ainda não acabou de escrever a saga — são sete os livros a publicar e até agora só saíram cinco (a versão portuguesa da editora Saída de Emergência divide os cinco capítulos existentes em dez volumes) —, mas está a tratar disso.


26 | Crรณnica | SEG 6 JUNHO 2016


SEG 6 JUNHO 2016 | Crรณnica | 27


A pintura 3D pode salvar vidas nas estradas? Ryanair vai recrutar 300 trabalhadores em Lisboa e Porto Esta escola ensina Ilustração num curso intensivo de verão Siza e Souto de Moura assinam dois novos museus em Santo Tirso Música e “street art” para dar vida ao Centro Comercial de Cedofeita Netflix mais Instagram igual a 1800 euros por semana Lisboa quer instalar empresas de “todo o mundo” no Beato Equipa P3 // Director Amílcar Correia, Subdirector Paulo Frias Subeditores Andréia Azevedo Soares e Luís Octávio Costa, Jornalistas Amanda Ribeiro, Ana Maria Henriques e Mariana Correia Pinto, Webdesign/ developer Nuno Costa, Webmaster Bruno Ribeiro


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.