Nomenclatura de máquinas de costura

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Nomenclatura de máquinas Carolina Ângelo Jerônimo Domingues


1 INTRODUÇÃO O conhecimento dos tipos de maquinários de costura e suas propriedades são de extrema importância para a indústria de moda.

O emprego de maquinários,

acessórios e regulagens adequadas ao tipo de artigos que se pretende costurar se torna um diferencial em uma cadeia produtiva competitiva e muitas vezes desleal. Este material didático, desenvolvido para o Curso de Superior de Tecnologia em Design de Moda - Unipê, contém informações necessárias sobre máquinas de costura industrial, e tem como objetivo fazer você conhecer os termos técnicos dos componentes das máquinas e sua finalidade, bem como dicas de seguranças. Sendo assim, serão expostos uma série de conhecimentos teóricos que darão suporte à prática da costura. Serão apresentados os componentes dos maquinários industriais, em particular, a máquina industrial reta, os tipos de agulhas, classe de pontos, os cuidados relacionados a ergonomia do trabalho, bem como recomendações para execução de uma costura com boa qualidade. A partir daí iniciam-se os exercícios práticos de costura, que abordam a o conhecimento das particularidades da máquina industrial reta, coordenação motora e sequência operacional na disciplina de Técnicas de Montagem de Vestuário I. Ao longo das atividades, você vai aprender a sequência da passagem da linha, encher a bobina, utilizar o retrocesso, alinhar as linhas da costura e confeccionar peças seguindo uma sequência operacional, além de obedecer os critérios de um produto de boa qualidade. Estes conhecimentos práticos proporcionarão então as noções necessárias para a produção de vestuário, seja na dimensão artesanal ou industrial.


2 ERGONOMIA DO TRABALHO .

Abaixo estão algumas orientações para que você exerça uma postura correta diante de uma máquina de costura, ou seja, do posto de trabalho, bem como dicas de segurança que visam o bem estar do funcionário e segurança do mesmo. Obedecendoa, não terás dificuldades no movimento dos braços, no acionamento do pedal, no controle da velocidade, no acionamento da elevação do calcador, bem como, evitará o cansaço prematuro e desvio na coluna. Portanto, segue as orientações: 

Manter cabeça e ombros levemente inclinados para frente;

Ocupar o máximo do assento da cadeira;

Os braços devem estar a um ângulo de 90º da mesa;

As mãos devem apenas guiar o tecido, sem prendê-lo ou arrastá-lo;

A joelheira deve estar na altura do joelho;

Os dois pés devem ficar em cima do pedal por questão de ergonomia, para não sobrecarregar a coluna vertebral;

Para os destros, a ponta do pé direito deverá ficar sobre a extremidade superior do pedal e o calcanhar do pé esquerdo sobre extremidade inferior do pedal.

Para os canhotos, a ponta do pé esquerdo deverá ficar sobre a extremidade superior do pedal e o calcanhar do pé direito sobre extremidade inferior do pedal.

Usar sapatos fechados e sem salto por questão de segurança. Ex. se uma tesoura cair sobre os pés, eles estarão protegidos de uma possível lesão;

Não usar acessórios grandes;

Prender cabelos ou protegê-los por lenços ou presilhas;

Usar vestimentas não muito largas para não prendê-las no maquinário.


3 NOMENCLATURA DA MÁQUINA INDUSTRIAL RETA O conhecimento da nomenclatura da máquina de costura torna-se necessário para o seu uso correto e para que facilite o aprendizado sobre as funções e sobre o desempenho de cada componente. As figuras abaixo ilustram uma máquina industrial reta.

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1- Cabeçote 2- Mesa 3 - Motor 4 - Estante 5- Pedal 6- Porta Cone 7 - Gaveteiro 8 - Joelheira 9 - Tirante 10 - Pressão do Calcador

12 - Volante

11 - Esticafio

do Ponto

13 - Conjunto Tensor 14 - Alavanca de Retrocesso 15 - Barra da Agulha 16 - Chapa da Agulha 17 - Calcador 18 - Lançadeira 19 -Disco Regulador do Comprimento

Logo abaixo estão as definições de cada componente de uma máquina industrial reta e sua função:

1 - Cabeçote: é a parte superior da máquina, onde estão montados todos os mecanismos necessários à execução das costuras.

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2 - Mesa: é a parte que está assentado o cabeçote, é de madeira recoberta com fórmica, sendo apoiada por um suporte de metal.

3 - Motor: é um equipamento elétrico, de rotação contínua, contendo embreagem e freio. 

Embreagem: serve para iniciar o funcionamento da máquina;

Freio: serve para parar o funcionamento da máquina.

4 - Estante: é a parte que serve para apoiar a mesa, normalmente confeccionada de metal.

5 - Pedal: é a parte da máquina que serve para colocar a mesma em movimento, controla a velocidade e faz com que a máquina pare. Ela está ligada ao motor pelo tirante.

6 - Porta Cone: é a parte da máquina que serve para acomodar a linha superior e a linha para encher a bobina.

7 - Gaveteiro: é uma gaveta que serve de suporte ao operador, permitindo guardar objetos de trabalho como calcadores, bobinas, ferramentas e tesouras.


8 - Joelheira: serve para levantar o calcador, deixando o operador com as mãos livres para o trabalho. Ao acioná-la, a linha que passa no conjunto tensor será liberada (afrouxada).

9 - Tirante: tira de metal responsável por transmitir a velocidade acionada no pedal para o motor.

10 - Pressão do calcador: serve para dar a pressão ao calcador de acordo com o tecido a ser trabalhado.

11 - Esticafio: puxa a linha do cone soltando uma quantidade suficiente para a formação da laçada, puxando em seguida a linha da laçada para o ajuste do ponto.

12 - Volante: serve para baixar e levantar a agulha quando a máquina estiver parada.

13 - Conjunto tensor: é um conjunto de placas, molas, porca e mola de oscilante que serve para dar a tensão necessária a linha superior. O ajuste do ponto é realizado pelo mesmo e é realizado de acordo com o tecido a ser trabalhado. Para o ajuste da tensão gira-se para esquerda para afrouxar a linha e para direita para arrochar.


14 - Alavanca de Retrocesso: é uma peça que quando pressionada muda o sentido da costura. É utilizada para fazer um reforço ou arremate na costura, para que a mesma não se desfaça.

15 - Barra da Agulha: é a peça em que a agulha se encaixa.

16 - Chapa da Agulha: é uma chapa metálica com um orifício para passagem da agulha e abertura para os dentes do transportador ou serrilha. Serve de apoio para o tecido que está sendo costurado.

17 - Calcador: serve para segurar o material durante a costura enquanto a agulha penetra no mesmo.

18 - Lançadeira: serve para acoplar a caixa de bobina com a bobina. Ela faz movimentos giratórios fazendo com que a linha seja transportada para cima da chapa de agulha.

19 - Disco Regulador do Comprimento do Ponto: são sistemas formados por disco enumerado que permite aumentar ou diminuir o tamanho do ponto.

20 - Transportador ou Serrilha: é uma peça com dentes afilados que leva o tecido de um ponto feito para o próximo a ser feito, ou seja, ela transporta o tecido.


21 - Agulha: é uma peça cilíndrica que em sua extensão possui espessuras diferentes. Serve para conduzir a linha de um lado para o outro lado do tecido a ser costurado, possibilitando assim o entrelaçamento da linha superior com a inferior. Além de possuir várias espessuras, elas são classificadas em: 

Ponta cônica ou redonda: Este tipo de agulha fura o tecido, afastando ligeiramente os fios no momento da introdução da agulha. Utilizada em tecidos planos. Ponta de bola ou boleada: Idealizada para perfurar o tecido afastando os fios, com uma probabilidade menor de cortá-los. Utilizada em tecidos de malha. Ponta excêntrica cortante ou de lança: Recomendados especialmente para a confecção de couro, peles e materiais plásticos.

22 - Bobina: é uma peça onde é enrolada a linha que alimenta a parte inferior do ponto.

23 - Caixa de Bobina: guarda a bobina, deixando que a laçada da linha da agulha passe em sua volta. Ela possui um parafuso que é responsável por dar a tensão a linha da bobina.

24 - Interruptor: serve para ligar e desligar a máquina de costura.


4 TIPOS DE PONTOS Costura é a junção das partes que compõem as peças confeccionadas, levando em consideração as características (textura, peso e elasticidade) do material a ser costurado. As costuras são constituídas de pontos que são o ciclo de entrelaçamento da linha no tecido através da agulha e outros elementos que formam a laçada. O tipo de ponto é a repetição do ponto em intervalos regulares. Entretanto, os pontos são utilizados não somente para unir partes pela costura, mas também para bordar, chulear (acabar bordas de um tecido), casear, pregar botões, etc. Logo em seguida seguem as classes de pontos segundo a NBR 13453 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). 

CLASSE 100: Ponto corrente

CLASSE 200: Ponto feito à mão

CLASSE 300: Ponto fixo

CLASSE 400: Ponto corrente de uma ou mais linhas

CLASSE 500: Ponto de acabamento (Chuleio - Overlock)

CLASSE 600: Ponto corrente de cobertura

CLASSE 700: Ponto formado por uma só linha

A MÁQUINA INDUSTRIAL RETA executa o PONTO FIXO (classe 301), o que significa que a amarração da costura é realizada por duas linhas no ponto central do tecido. Para a formação de um bom ponto fixo, as tensões das linhas superior e inferior devem estar equilibradas. Quando isto ocorre, ambas ficam escondidas no ponto de amarra, dentro do tecido, tornando-se forte e firme. Importante ressaltar que uma costura de ponto fixo tem a mesma aparência dos dois lados do tecido. É bastante indicada para costurar tecido plano, ou seja, sem elasticidade.


5 EXECUÇÃO DA COSTURA Logo abaixo estão alguns procedimentos que devem ser realizados antes da costura propriamente dita. Alguns deles irão interferir na qualidade final do produto a ser costurado. 

Realizar a passagem da linha superior e da linha inferior (bobina);

Verificar se a agulha está defeituosa ou com a espessura (nº da agulha) adequada ao tecido a ser costurado;

Girar o volante com o intuito subir a agulha ao seu ponto mais alto para encaixar a caixa de bobina na lançadeira, com a abertura para cima, até ouvir um "click";

Verificar a tensão do ponto de acordo com o tecido a ser trabalhado, pois a regulagem está de acordo com o mesmo;

Verificar se a bobina está cheia, para evitar que acabe no meio de uma costura longa, pois não pode haver "remendos";

Deixar a peça a ser costurada do lado esquerdo da máquina para que facilite o manuseio e para que a peça não seja danificada.

Observar o tecido a ser trabalhado e ficha técnica para aplicar a margem correta de costura.


REFERÊNCIAS LOBO, Renato Nogueirol, et. al. Técnicas de Montagem - Métodos e Processos para construção de vestuário. São Paulo: Érica, 2014. SELEÇÕES, Reader’sDigest. A Bíblia da Costura. Rio de Janeiro: Seleções, 2009. SENAI. Costura industrial de tecido plano. Campina Grande, 2008.


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