3ª Edição Revista Volta ao Mundo

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Austrália

Naturalmente extrema!

Xpress São Francisco 48h em Frisco

Tito Rosemberg O chamado selvagem

Novas matérias a cada semana!


Índice Australia ao extremo - Animais mortais...04 Conexão NY - NY para leitores..................22 Conexão Londres - Cidade iluminada....28 O desafio de mudar de país com a família..............................................32 Filme......................................................42 Xpress - San Francisco...............................44 Conexão Buenos Aires...............................68 Photo Profile...............................................70 Como comprar a bota que acompanhará sua aventura?......................92 Corpo são - Viagem sã..............................98 A exótica Dubai.........................................102 Tito Rosemberg........................................110 Conexão Shanghai....................................140 Livros........................................................146 Música....................................................150


Limites, verdades ou auto-imposições?

Q

uantas vezes você não se deparou com a situação de não acreditar que conseguiria realizar algum objetivo e sentiu o embrulho do medo, a sensação de que o desejo era distante demais da sua realidade? Pois é, vez ou outra, independente de quem se é, de como ou onde se vive, e de quanto se têm na conta bancária, todos acabam tendo que lidar com este incômodo sentimento de limitação. Um dos maiores causadores deste mal e fator preponderante para a autolimitação é a necessidade de “estar seguro”. Por conta desta busca, as pessoas acabam passando a vida inutilmente à procura de uma pretensa segurança que nunca vêm, pois é praticamente inalcançável. Como é possível ter segurança e viver em uma bola recheada de rocha derretida e flutuando num vácuo infinito, estando à mercê de um futuro imprevisível? O fato é: quando se acha tê-la encontrada, percebe-se – ou não – que se deparou na verdade, com a prisão do tédio e da normalidade. O medo de não ter casa, não ter dinheiro, enfim, o pavor de falhar, paralisa uma grande parcela da população que tristemente, apenas cessa de viver. Perde o tesão pela vida em busca de uma velhice tranqüila. No entanto, de que serve uma velhice tranqüila após uma vida pobre de aventuras e experiências e vazia de significado? É uma pergunta não respondida, jogada no ar e uma questão sem pretensão de ser solucionada.

Normose Há dias saiu na mídia, num site de grande visibilidade um artigo com uma entrevista do mestre de Yoga, Hermógenes, um septuagenário de vasta sapiência e sabedoria que apontava uma doença como a principal moléstia a acometer as pessoas nos dias de hoje: a “normose”. Esta doença de nome incomum se refere à necessidade de ser comum, normal, de se enquadrar ao rebanho e abandonar a busca pela singularidade. Ou seja, o medo de se afastar do que é comum é tão grande que os seres humanos apenas passam a existir, abstendo-se de realmente viver plenamente e realizar o que desejam. Enfim, ter medo é plenamente normal e saudável para qualquer um. O medo faz refletir e ponderar os riscos, mas de forma alguma pode paralisar a vida de forma a ela deixar de realmente ser “vida”. Precisa-se acreditar que nenhuma montanha é alta demais, nenhum rio é largo ou profundo demais e nenhum caminho é intransponível, pois os limites não existem senão nas mentes de quem os cultiva. Por isso estamos aqui. Para mostrar que viver sem limites é amar cada momento e extrair dele o máximo. É ver um pôr-do-sol nas pirâmides do Egito e um anoitecer nos Andes peruanos, é atravessar florestas e tomar banhos de sol no caribe. É caminhar pelas trilhas incas, passar uma tarde em Itapuã, na Bahia ou deitar na grama do Parque do Ibirapuera em São Paulo. Viver é, intrinsecamente, sentir-se vivo e viajar sua maior e mais completa expressão. Por isso, viva, viaje e seja livre. Boa leitura.

O Editor


Austrália ao Extremo – Animais Mortais Por Rosana Sun Fotos: Rosana Sun

www.yesaustralia.com e www.portaldascuriosidades.com

Cuidado com os animais A

Austrália possui diversos dos mais venenosos e perigosos animais do mundo. É um lugar em que os sinais de perigo e cuidado devem ser respeitados “ao pé da letra”. Muitos turistas já perderam suas vidas por não se atentarem aos avisos. Não é o objetivo amedrontar, e nem quer dizer que por isso você deva deixar de viajar para a terra dos cangurus. No entanto, é preciso ressaltar que, na AUS, a convivência entre a população e a vida selvagem local é extrema (e muito próxima) - e isso é natural para o australiano. Portanto, o respeito entre humanos e animais deve ser levado muito a sério. Como me disse uma das guias: “If you leave them alone, they will leave you alone” ou em bom português - Se você deixálos em paz, eles te deixam em paz. Na Austrália tive ainda mais certeza que o respeito aos animais pode trazer benefícios mútuos, pois observando-os e respeitando-os, podemos ter experiências fantásticas. Muitos dos animais encontrados em águas e terras australianas são endêmicos, ou seja, encontrados apenas lá. Na terra dos aussies (apelido carinhoso pelo qual os australianos se autodenominam) prepare-se para experimentar encontros fantásticos com criaturas únicas como, coalas, echidna, cangurus, wombats, wallabies, etc., e se prestar


bastante atenção, vai aprender como se pode ganhar muito mais ao proteger a fauna ao invés de devastá-la. Seguem alguns animais listados no www.yesaustralia.com e no www. portaldascuriosidades.com


Grande Tubarão Branco É difícil não superestimar a reputação do majestoso grande tubarão branco. Um dos maiores predadores do oceano. O Grande Branco é um dos tubarões com maior distribuição, sendo encontrado praticamente em todos os oceanos do planeta. Embora raramente seja visto nas águas costeiras, ele costuma ser encontrado por pescadores, mergulhadores e surfistas. Conhecido pela sua curiosidade, costuma erguer a cabeça para fora da água. Esta curiosidade o leva a morder objetos estranhos, o que o torna perigoso para os humanos. Muitos especialistas em tubarões acreditam que os ataques a humanos sejam resultado desse comportamento exploratório, que pode facilmente tornar-se fatal em virtude do seu tamanho e da enorme força das suas mandíbulas. Os Tubarões Brancos são responsáveis pelo maior número de ataques fatais a humanos,


principalmente a surfistas – pois geralmente as ondas estão próximas à sua área de caça e mergulhadores. Mesmo podendo chegar a seis metros de comprimento e pesar mais de uma tonelada, sua população está diminuindo por causa da caça predatória. Hoje, os grandes peixes são protegidos em várias partes do mundo, mas ainda assim, além de usados como troféus o mercado negro especializado em mandíbulas e dentes destes magníficos animais tem se proliferado. A Austrália, junto com a Califórnia e a África o Sul, é conhecida por acolher uma grande população destes peixes. Portanto, em terras – ou praias australianas - tenha cuidado com onde você pretende nadar. Preste atenção aos avisos e alertas de tubarão.


“Box Jellyfish”, água-viva mortal ou “Sea Wasp” Essa água-viva, com corpo meio quadrado, habita o Norte e Nordeste da Austrália, e pode ser encontrada por toda a extensão da Barreira de Corais, ou seja, por cerca de 2000 km. A toxina presente nos tentáculos, que chegam há muitos metros de comprimento, é tão forte que os poucos sobreviventes de um encontro com uma Box Jellyfish, descrevem a dor mais como um choque elétrico constante do que uma queimadura. Após o contato, a pessoa provavelmente sairá do mar gritando e irá desmaiar na areia com marcas no corpo como se fossem chicotadas. Dependendo da extensão da área afetada, parada cardiorrespiratória ocorre em menos de 3 minutos, sendo necessária a aplicação de respiração boca a boca e compressão toráxica. Aconselha-se não abandonar a vítima para buscar socorro, e sim conseguir de alguma forma que outros o façam. Não tentem tirar os tentáculos com a mão sem luvas, pois você também poderá se envenenado. A Box Jellyfish é responsável na Austrália por mais mortes que tubarões, crocodilos e cobras. Existem antídotos, porém não são 100% eficazes. A aplicação de vinagre na área atingida diminui os efeitos da toxina, e reduz um pouco a dor, mas atenção médica é absolutamente indispensável. A Box Jellyfish se reproduz dentro dos vários manguezais e rios na região de Cairns, Port Douglas e imediações, tendo aumentado muito em número a cada ano que passa. Segundo cientistas, uma possível causa seria a diminuição de tartarugas marinhas, principal predador da Box Jellyfish, já que o casco duro forma uma proteção natural. Felizmente, a Box Jellifish só aparece durante o verão entre novembro e março. Na região, algumas praias são cercadas com redes para a proteção dos


banhistas, mas infelizmente não são garantidas contra as “Irukandjis”. Lojas de material esportivo ou pesca, vendem roupas completas (parecida com a dos surfistas) que constituem uma proteção para o corpo, desde que se mantenha a cabeça fora d’áqua.

“Durante mergulhos, diversas vezes me deparei com uma espécie de gelatina sem tentáculos, que não causam queimaduras.”


Irukandjis Outra água-viva, só que ao invés de vários metros de comprimento, essa é menor que a unha do dedo mínimo, com cerca de 1 centímetro somente. Dificilmente é percebida a olho nu. Ela é considerada o menor animal vivo, capaz de matar um homem adulto. Habita a mesma região que a Box jellyfish, mas diferentemente de sua parceira, os sintomas podem ser lentos e demorar até 24 horas para aparecerem. Muitas vezes, são confundidos com outras disfunções orgânicas, como dor nas costas, cãibras, falta de ar e ataque cardíaco, mas que levam ao óbito se a internação hospitalar não ocorrer imediatamente. Muito pouco se sabe sobre a Irukandji, pois somente de poucos anos para cá é que foram associar mortes, que aparentemente pareciam de causas naturais, com as toxinas de uma água-viva. Em minha viagem, tive 2 contatos, ou possíveis contatos com águas-vivas. Sinceramente, procurei não chegar muito perto para verificar de que tipo eram. É interessante observar que nem todas as águas-vivas são mortais ou causam queimaduras. E apesar de termos que ter muito cuidado com elas, elas são muito bonitas e coloridas. Em meu primeiro mergulho noturno em Cairns, eu e meu par vimos um dos instrutores ao lado de uma massa gigante. A princípio começamos a nos aproximar para entender o que era. Até que nos demos conta que era uma água-viva gigantesca! Parecia que estávamos no filme Aliens. Ela devia ter uns 10 metros de comprimento, pois o instrutor parecia extremamente pequeno perto dela. Apontamos nossas lanternas e as cores e luzes que refletiam nela eram lindas. Com certeza um sentimento de medo e curiosidade passavam pela minha cabeça, não tive coragem de me aproximar. Coincidência ou não, naquela noite existiam muitas águas-vivas na água. Ela parecia ser a mãe das outras. Quando o instrutor saiu da


água ele disse: “Uau! Vocês viram? Nunca havia visto uma água viva deste tamanho! Era enorme!” A outra experiência que tive, mas desta vez graças a Deus não encontrei nenhuma água viva, foi quando visitei a paradisíaca Whiteheaven Beach. Estava um calor escaldante em fevereiro. Para ir à praia, vamos de bote até a margem e de lá caminhamos uns 20 minutos até chegar na areia. Nossa guia, Gina Sharp, nos pediu para vestir a roupa de mergulho com capuz e tudo. Todos perguntaram, por quê? Ela respondeu que era época de infestação de água-viva, portanto só poderíamos entrar na água com as roupas. Apenas nossas mãos e rostos estavam à mostra. Se tivessem Irukandjis não adiantaria muito, mas pelo menos diminuímos a possibilidade de sermos “envenenados”. Eu pensei, “puxa, para que ter uma praia tão paradisíaca se não podemos entrar de roupas de banho?”. Após alguns momentos dentro d’água, vi que não havia nenhuma à minha vista. A guia disse que as águas vivas viajam com as correntezas e poderiam aparecer a qualquer momento, portanto, apesar de parecer seguro, nunca sabíamos quando elas poderiam surgir.


Crocodilos de água Salgada (Crocodylus porosus) É o maior réptil existente na atualidade e pode ser extremamente perigoso para o homem. Ele é encontrado no norte da Austrália e em outros países asiáticos. Ele habita rios e estuários, mas pode também ser encontrado em zonas costeiras do mar. Eles podem medir entre 6-7 metros de comprimento. Só tive contato com estes animais no Zoológico do Stephen Irwin.



Peixe Pedra ou Stone-Fish

Esse é considerado o peixe venenoso mais perigoso que existe. Ficam imóveis no fundo do oceano, esperando a sua presa. A região dorsal desse peixe é repleta de espinhos que guardam uma toxina venenosa muito poderosa. Ao perfurarem a pele, gera uma dor lancinante acompanhada por um possível choque, paralisia e gradativamente a morte dos tecidos. Se não for tomado os cuidados necessários, um adulto pode morrer em poucas horas. Pode ser encontrado nas águas rasas do Pacífico e do Indico. Nunca ande descalço sobre corais ou locais com pedras no fundo. Tive contato com este peixe mergulhando na grande barreira de corais. Ele é muito difícil de ser reconhecido, pois se camufla entre as pedras. Eu só o vi, pois quando passei por ele, ele se mexeu.



Marbled Cone Snail

Este pequeno e bonito caracol pode ser tão mortal quanto qualquer outro animal nesta lista. O seu veneno é tão poderoso que apenas uma gota pode matar mais de 20 seres humanos. Ele pode ser encontrado na Grande barreira de Corais e o propósito do seu veneno é de capturar suas presas. Se a vítima sobreviver, ela deve ser tratada como se tivesse sido picada por uma cobra. Por isso que nunca devemos tocar nada no fundo do mar.



Poison Dart Frog Este ĂŠ um dos sapos mais venenoso do mundo. Mede cerca de 5 cm e tem veneno suficiente para matar 10 humanos adultos. Os Ă­ndios usavam seu veneno para envenenar as pontas de seus dardos.


Inland Taipan ou cobra-feroz Encontrada em todo o território australiano, a Inland Taipan é considerada a cobra mais venenosa da terra, podendo matar um ser humano em 30 segundos. Além dela, 8 das 10 cobras mais venenosas do mundo encontram-se na Austrália. Em minhas andanças, cheguei a ver uma cobra na Austrália. Ela passou pela trilha onde eu estava e nem me deu bola.


Aranha Armadeira É chamada de armadeira, pois, quando ameaçada, assume a postura de ataque que consiste em levantar as patas dianteiras, eriçando os espinhos. Ficam em troncos, folhagens, montes de lenhas, podendo ser encontradas dentro de casa. Outras aranhas como a funnel web, red back, white tail, etc, podem ser encontradas inclusive nas grandes cidades. Minha amiga que mora em Melbourne comentou que as crianças aprendem na escola a reconhecer as aranhas venenosas. Mesmo vivendo na cidade, sempre têm que limpar o quintal, pois diversas aranhas surgem constantemente.


Existem diversos outros animais venenosos como o polvo de anéis azuis, o lion fish, os tubarões, as arraias sting ray (a mesma que matou Stephen Irwin), escorpiões e etc. Apesar de serem venenosos e muitas vezes mortais estes animais têm um papel importantíssimo na natureza. Muitos deles são belíssimos e devem ser preservados para que o equilíbrio da natureza não seja quebrado. Lembre-se, deixe-os em paz e eles te deixam em paz. Assim, poderemos continuar observando cada um destes animais por muitas gerações. Respeite os animais em qualquer parte do mundo!


Conexão:

EUA

NY – Para Leitores N

ew York, assim como outros grandes centros nos EUA, está bem servida de livrarias. A Barnes and Noble tem várias unidades: na Union Square, 555 Fifth Avenue, etc. Outras livrarias de destaque são a Shakespeare & Co., com vários endereços em Manhattan, a Librairie Française no Rockeffeler Center para livros em francês, Kinokuniya para livros em japonês, etc. A Barnes & Noble promove vários eventos em algumas localidades no país. Nestas ocasiões, é visitada por autores que estão lançando livros, músicos, etc. No website da empresa (http://www.barnesandnoble. com/) você pode encontrar essas informações na seção “Stores and Events”. Ali você pode selecionar “Find a Store”, seguido de “Find an Event” e “Find and Event by Author”. Os livros lançados nesses eventos podem ser tanto de autores literários consagrados (Salman Rushdie, autor dos “Versos Satânicos” e vencedor o prestigiado Booker Prize por “Midnight Children”; Khaled Hosseini, autor de “The Kite Runner”;



Conexão:

EUA

Isabel Allende, autora de “A Casa dos Espíritos”), políticos (o ex-presidente Jimmy Carter), atores (Isabela Rossellini, Jane Fonda), astronautas (Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua), músicos (o consagrado violinista Joshua Bell), cientistas (Brian Greene, Richard Dawkins, Jane Goodall), atletas (Andre Agassi), etc. Os formatos dos eventos variam muito. Muitos autores leem um trecho de seus livros, respondem a perguntas da audiência e autografam seus livros (tanto o livro sendo lançado como livros anteriores – Isabel Allende declarou que assinaria até livros de outros autores, mas não escreveria dedicatórias). John Grisham, autor de vários best-sellers que viraram filmes, como “The Pelican Brief”, “The Firm”, “The Client”, etc. - foi entrevistado por Charlie Rose, um famoso jornalista americano, mas não respondeu a nenhuma pergunta e assinou seus livros com antecedência. Jane Goodall trouxe até fotógrafo. Jimmy Carter simplesmente assinava o livro que estava sendo lançado (consegui chegar até ele após esperar quase duas horas no frio de NY, do lado de fora da livraria e passar pela revista dos agentes do serviço secreto americano).


Alguns autores não passam por NY – J. K. Rowling, por exemplo, veio para os EUA para a turnê de lançamento do último livro da série de Harry Potter, mas não passou for NY. Há também outras livrarias em NY que promovem eventos de lançamentos de livros. Exemplos de destaque são: Book Court, no Brooklyn, http://www.bookcourt. org/category/events/ e 192 Books http:// www.192books.com/events.htm Enfim, durante sua visita a NY ou aos EUA, por que não aproveitar para ver se você consegue conhecer um dos seus autores prediletos ou comprar um presente especial – um livro autografado por autores de best-sellers que raramente visitam o Brasil?

Foto com Jane Goodall.

O traveller autor Sun Chen Leng formou-se em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e fez MBA em Finanças pela New York University. É vice-presidente da BNY Mellon em Nova Iorque, após passagens pelo Banco Francês e Brasileiro, Otis Elevator, Metlife, Citigroup e Alliance Bernstein. Reside com sua família em Long Island há mais de 12 anos.




Conexão:

INGLATERRA

Cidade iluminada Q

ue Londres tem alguns dos mais bonitos e importantes museus do mundo, todo mundo sabe. O British Museum, a National Gallery, Tate Modern e outros são muito conhecidos no mundo todo. No entanto, o que nem todos sabem é que Londres tem muitos outros museus e galerias a serem descobertos. A cidade é um verdadeiro paraíso para qualquer rato de museu. É impressionante não apenas o número de lugares, mas também as temáticas apresentadas. A variedade de assuntos tratados em tantas exposições é algo que impressiona até os mais literatos frequentadores de museus. Uma das minhas exposições favoritas no momento é a « Lost Art » na Galeria Hoxton Square. Nela estão expostas dezenas de obras de arte que foram perdidas no metrô londrino. Tratam-se de desenhos, gravuras, portifólios, etc que foram abandonados no metrô e guardados no departamento de achados e perdidos. A galeria então, teve a brilhante ideia de escolher os mais interessantes e expô-los no seu espaço. É uma exposição ao mesmo tempo inusitada e interativa, pois revela trabalhos anônimos para todos. Com o detalhe de que, se alguém reconhecer a sua obra na exposição, pode pedí-la de volta. Simplesmente brilhante!



Conexão:

INGLATERRA

Outros bons exemplos de exposições inusitadas são encontrados em lugares como a Welcome Collection, que sempre trata de assuntos polêmicos, como a atual « Dirt » que explora a nossa relação com a sujeira. A exposição retrata o tema através de 6 lugares diferentes, como uma maneira de explorar attitudes relativas à sujeira e à limpeza: uma casa do século 17 na Holanda, uma rua Vitoriana de Londres, um hospital em Glasgow em 1860, um museu em Dresden no começo do século 20, uma comunidade em Nova Delhi nos dias atuais e um lixão em Nova York em 2030. Além da exposição, o museu tem outras atividades paralelas no que eles chamam de « Dirt Season ». Um outro museu com um conceito diferente é o Sir John Soane’s Museum. O museu foi montado na casa do arquiteto Sir John Soane e funciona como tal desde o começo do século 19, quando ele mesmo modificou sua casa de modo que os estudantes e o público em geral tivessem acesso à sua vasta coleção. Sir John Soane, além de arquiteto e professor, foi um colecionador de artes e antiguidades. Ele projetou o museu de maneira que os visitantes tivessem fácil acesso às obras. Dessa forma, o visitante pode simplesmente andar pela casa enquanto admira obras de arte distribuídas de uma maneira familiar e aconchegante, fugindo do caráter impessoal que alguns museus tem. Menos inovadores, mas igualmente interessantes, são os museus dedicados a pessoas famosas em sua área. Entre eles,


temos o Freud Museum, que funciona na casa em que Freud morou com sua família quando mudou-se para Londres para fugir da guerra. A casa museu está localizada na zona norte da cidade. Sua filha, Anna Freud, continuou lá vivendo até sua morte, em 1982. No museu, a parte mais conhecida é o escritorio, com o famoso divã usado pelo psicanalista. Outro grande nome homenageado é o escritor Charles Dickens. Em uma de suas antigas casas, onde ele escreveu « Oliver Twist » e « Nicholas Nickleby », na zona central de Londres, funciona o museu com seu nome. Trata-se de uma coletânea de objetos pessoais, móveis e manuscritos. Uma delícia para os fans de suas obras. Eu poderia continuar com uma lista interminável de outros museus e galerias interessantes, espalhados por todas as regiões da cidade. Todos eles testemunham a vocação cultural que Londres tem e são também uma ode à criatividade e liberdade de expressão que imperam por aqui. E isso, é umas das coisas que faz com que eu seja eternamente fascinada por esta cidade.

Museus: Charles Dickens Museum 48 Doughty Street London WC1N 2LX

Sir John Soane Museum 13 Lincoln’s Inn Fields London WC2A 3BP

Freud Museum 20 Maresfield Gardens London NW3 5SX

Welcome Collection 183 Euston Road London NW1

A traveller autora Rina trabalha em Marketing e há cinco anos e meio mora em Londres, onde iniciou novo capítulo na sua vida. Apaixonada por viagens, ela está sempre com o pé na estrada. Mesmo que seja só a trabalho.


O desafio de mudar de país com a família Por Daniela Solomon Fotos: Daniela Solomon.

Quando tudo começou?

B

om, estava eu em mais um dia de rotina em Sampa, isto é, uma hora de estrada do Brooklin Paulista até Cotia e vice-versa (sendo nesse caso impossível precisar o tempo). Chego do trabalho e eis que meu marido tem uma grande surpresa que em trocando de miúdos foi: “Temos que nos mudar para os USA”. Um novo desafio profissional esperava o meu marido e o desconhecido esperava todos nós. Inicialmente minha reação foi: “Why not?”, afinal o “american dream” não foi sempre um sonho meio inconsciente ou consciente de todos nós?



Pois bem, o mês era agosto de 2010 e aos poucos essa decisão de casal começou a se entremear por toda família, trabalho e amigos. A reação inicial foi bem difícil, principalmente dos meus dois filhos: Thais de 10 anos e Thiago de 7 anos, mas aos poucos essa decisão foi se consolidando e afinal o que seria tão complicado? Já a primeira experiência em setembro procurando escolas em Weston, já deixou claro como seríamos abordados futuramente. Esqueça aquela fraternidade tão comum entre brasileiros. Os diálogos são diretos, objetivos e sem delongas afinal “time is money” e esse ditado é levado extremamente à sério. Em dezembro, chegou a data da tão esperada mudança e em questão de horas minhas lembranças,...minha vida se transformou em algumas caixas de papelão. A sensação é estranha, mas a decisão já estava tomada e agora era seguir adiante.


Em janeiro, começou a realidade. Milhões de questões vem à tona e de repente o que parecia tão simples transforma-se pouco a pouco o que realmente significa mudar de país. A barreira da língua não fluente, os hábitos, os mal entendidos, tudo aflora de repente. As primeiras semanas de escola descrita por muitos como: “não se preocupe”, “crianças se adaptam rapidamente” ou “assim que chegarem já estarão falando melhor que você”, bem, na prática, pelo menos na minha, não foi bem assim.



Nessas horas, aquele abraço gostoso das professoras brasileiras faria uma boa diferença. Mas aqui estamos na cultura do excesso de cautela, do medo de processos, do medo de possíveis mal-entendidos, enfim, esse abraço não existiu. Comprar uma simples linha de celular, se transformou em um transtorno. Os recémchegados na terra do tio Sam não possuem um histórico financeiro, portanto não são compradores confiáveis. Para cada compra foram necessários grandes depósitos (que esperamos a devolução no final do ano, risos). Dois documentos são indispensáveis para iniciar a vida por aqui: Social Security e Driver License. Não por acaso, eu tive duas histórias bem peculiares para retirar esses famosos documentos. A minha entrevista de Social Security demorou 2 horas e após muita desconfiança por um simples detalhe: eu não alterei o meu sobrenome pós casamento. Isso foi motivo para eu ter que fazer um relato detalhado e mostrar mil e um documentos para provar ser quem eu era. Já na minha driver license eu fiz a minha prova prática


com um senhor que nada me ajudou, mesmo eu explicando ser estrangeira, por pouco ele não parou o carro e me abandonou. Ao mesmo tempo, tenho que descobrir em uma terra estranha como tudo funciona sem a ajuda de ninguém. Aqui tudo se resume a “do it by yourself” e literalmente você tem que se virar. Esqueça de empregadas, babás, família, amigos e, no meu caso ainda pior, meu marido tendo que viajar quase 2 semanas ao mês. Bom, isso foi e continua sendo uma excelente forma de crescimento. Essa mudança obrigou a todos nós sairmos um pouco do comodismo que invariavelmente




acaba ocorrendo em uma família de classe média brasileira e começarmos a arregaçar as mangas de verdade. E aos poucos, depois do estresse inicial, a experiência começa a ganhar um novo formato, talvez um prisma, aonde várias facetas começam a aparecer. Começamos a enxergar o lado positivo da mudança. Viver em uma cidade sem poluição, sem violência, com extremo respeito ao cidadão, aonde o voluntarismo faz parte da cultura e principalmente aonde tudo (ou quase tudo) funciona. Posso dizer que após 5 meses de mudança, estou longe de ter virado uma “gringa”, mas tenho como exercício diário buscar evitar a crítica e enxergar o lado positivo que uma mudança trás em nossas vidas. Logicamente existe a saudade (aliás palavra única de nossa cultura) da família, amigos, cultura... O meu país foi, é e sempre será o Brasil, mas enquanto esta nova experiência estiver acontecendo, buscarei para mim e para minha família, que se transformou em um núcleo extremamente unido, a melhor adaptação possível e tentar extrair o máximo de proveito que este país incrível tem a oferecer.


Milk, a voz da igualdade. Por Rodrigo Oliveira

Se existe um filme que pode representar muito bem o espírito político da cidade de San Francisco, na Califórnia, é “Milk”. O filme, dirigido pelo cineasta Gus Van Saint e estrelado pelo sempre excelente Sean Penn, narra a história da vida de Harvey Milk. Milk foi um homossexual que resolve modificar sua vida mudando com o seu namorado, de New York para San Francisco, para o bairro Castro, e acaba mudando a história política do país. Harvey Milk nunca sentiu necessidade de realmente “lutar” pelos direitos dos gays publicamente até conviver com a contracultura de San Francisco. À partir daí, não mais se aquietou frente a posições preconceituosas dos outros e acabaria levando isso às últimas consequências. Ele, usando como arma o crescente poder financeiro do bairro Castro lançou, durante três vezes, campanha para alcançar a posição de conselheiro da prefeitura da cidade. A cada campanha ele alcançava mais popularidade até que, em 1977, ele finalmente consegue o assento, tornando-se o primeiro homossexual a ocupar um cargo de importância na esfera pública americana. Milk ajudou a criar diversas leis para a comunidade gay, barrando inclusive a lei que proibia gays e simpatizantes de lecionar em escolas da rede


pública de ensino, dando um grande passo para o reconhecimento dos homossexuais, não como uma classe distinta, mas como um grupo humano, com direitos iguais. Um de seus mais ferrenhos detratores era Dan White, outro conselheiro, ex-combatente do Vietnã e um homem que compartilhava da visão antigay que proliferava no EUA naqueles tempos. Durante os 11 meses que teve de mandato, Milk e Dan travaram inúmeras discussões e debates, até que White, sem conseguir continuar, renunciou ao cargo. O Filme retrata de forma fiel e bastante forte a trajetória deste grande homem que revolucionou para sempre a política e a luta pelas liberdades individuais nos EUA. O filme foi lançado um dia antes do aniversário da morte de Milk, no cinema do bairro Castro e há poucos metros da praça que leva seu nome. Na época do seu lançamento, causou uma enorme comoção em toda a comunidade local e nos movimentos em favor dos direitos dos homossexuais pelo mundo. A película foi indicada a oitos Oscar, sendo o de melhor roteiro e melhor atuação, para Sean Penn. Vale a pena assistir, não só para conhecer a história deste personagem sensacional, mas também para conhecer um pouco mais sobre as paisagens, história e o espírito livre de uma cidade que faz questão de sempre estar um pouco à frente, seja na música, cultura ou política. Assista Milk e veja como o preconceito pode prender uma pessoa e como a luta contra o ele pode libertá-la. Um excelente filme, um excelente diretor e uma história extraordinária.

Bom filme!



San Francisco Xpress

Por Mari Fonseca Fotos: Mari Fonseca

N

esta edição faremos uma viagem de 48h pelas ruas de San Francisco, Califórnia. Devido à distância (SP – SF), não incluirei no roteiro o tempo de vôo. Porém, aqueles que planejam visitar a costa Oeste da terra do tio Sam, saberão que é possível - e absolutamente válido, esticar um final de semana e visitar a cidade. Bay Bridge


7 horas da manhã, hora de sair pra bater perna! Comece o dia bem cedo, ao som de Scott McKenzie com a música “San Francisco”, onde ele canta “If you´re going to San Francisco, be sure to wear some flowers in your hair.” Esta canção foi lançada em 1967 para embalar o movimento hippie, a insatisfação dos jovens e a apresentar San Francisco como um


local acolhedor. A letra, escrita por John Philips (The Mamas and The Papas) convidava a todos para o Summer of Love e recomendava que n達o se esquecessem de usar flores nos cabelos, pois assim todos que participassem seriam identificados.


1º STOP = HaightAshbury Falando em hippies, eis nossa primeira parada: HaightAshbury Streets, a esquina mais famosa da Caifórnia. Se você procura discos antigos, edições especiais de CDs e DVDs, produtos naturais, artesanatos, sebos, pechinchas em roupas, fazer tattoos e piercings com qualidade, ou apenas passear pelas ruas coloridas, que foi cenário de nascimento de artistas consagrados e gritos de guerra que ecoaram mudanças ao redor do mundo, o bairro tem de tudo, um pouco. Ainda hoje, a boa música é predominante pelas comunidades de San Francisco. Influências musicais vindas de diversas partes dos EUA, entre as décadas de 50, 60 e 70, como electric blues, soul music, jazz styles, folk, psycho e jam estão presentes em barzinhos, casas de clássicos ou até mesmo


Esquina da casa da Janis Joplin

em concertos gratuitos que ocorrem no Golden Gate Park. Melodias que casavam perfeitamente com a escrita dos beatniks da época como Allen Ginsberg, Jack Kerouac e Gary Snyder, que com toda a certeza, contaminou positivamente artistas como Bob Dylan. Grace Slick e Janis Joplin deram ainda mais substância à música feita durante os anos 60, o que caracterizou e atrai até hoje amantes de rock, clássicos, cultura hippie e adoradores de história, para San Francisco. É possível sentir toda a vibração musical e força da contracultura, principalmente ao redor de Haight-Ashbury. Como San Fran é uma cidade pequena e bem planejada, há ônibus que saem da Union Square, do Centro Financeiro e das principais avenidas para que você chegue rapidamente à “esquina”. De 1h à 1h40min é possível conhecer tudo e ainda visitar boa parte das lojas.


9 horas da manhã, 46 horas restantes.

2º STOP = Golden Gate Park O Golden Gate Park é um enorme parque urbano, com 4,12 km². Ele é 20% maior que o Central Park, em New York, sendo o 3º parque mais visitado dos EUA e o ponto de encontro dos jovens nos anos 60. Como se localiza bem próximo a Haight-Ashbury, o parque foi o principal destino durante o Verão do Amor. Como o tempo é curto e ainda há muito para ver, sugiro uma visita bem rápida ao Golden Gate Park, ao menos uma passadinha no Japanese Tea Garden e ao Rose Garden – que são uma pequena amostra da beleza natural que a cidade oferece.


Japanese Tea Garden


3º STOP = Golden Gate Bridge

Definitivamente, um dos meus pontos favoritos!

De ônibus, do parque até o cartão postal da cidade, levase 20 minutinhos. A Golden Gate Bridge foi inaugurada em 1937, levando 4 anos para ser construída. É uma ponte suspensa e considerada uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. A cor da belíssima estrutura é um laranja avermelhado, batizado de International Orange, escolhida para se destacar entre as cores do ambiente natural e ser facilmente vista por embarcações. Vale à pena atravessar a ponte até Sausalito. A vista do morro é fascinante, de tirar o fôlego. A travessia tem quase 3km, sendo muitas vezes feita de bike, que podem ser alugadas no Embarcadero.


16 horas da tarde, 39 horas restantes em San Fran!

Marina District, Lombard Street e Ghrirardelli Square Nossa próxima parada é o Fisherman´s Wharf. Mas para chegar lá, outros três locais bacanas estão no caminho. Por conta disso a sugestão é tomar nota da localização correta destes lugares e avaliar sua preferência.

Dica: faça o trajeto pela costa, a vista da Marina é linda!


Marina District Neste bairro está o Palace of Fine Arts, um complexo arquitetônico que reúne exposições, centro de curiosidades científicas (Exploratorium), apresentações entre outras atrações. É realmente um local bonito. O lago, com o Palace of Fine Arts ao fundo, forma uma das molduras mais procuradas para a realização de casamentos e books fotográficos. Dê uma passadinha lá, mas não se esqueça que as horas voam.


foto: ednatravels.wordpress.com

Lombard Street Eis mais um cartão postal da cidade. É uma simpática ruazinha em zigue-zague com canteiros repletos de belas flores. Vale à pena pegar um ônibus apenas para vê-la? Claro que sim! Além de ser uma gracinha, a Lombard ainda proporciona uma bela vista.


Ghirardelli Square Onde estava localizada a fábrica dos chocolates Ghirardelli, hoje é uma “praça” bem bonita que reúne restaurantes, cafés, lojas da marca e sorveterias. Os chocolates podem ser encontrados em lojas por toda a baía. A Ghirardelli Square está a poucos minutos do nosso destino final de hoje, Fisherman’s Wharf.


Beirando as 18 horas e 30 minutos, ainda teremos 36 horas e 30 minutos restantes.

4º STOP = Fisherman’s Wharf e Pier 39 Já é fim de tarde e o sol está se pondo. Acredito que a esta altura do campeonato seu estômago já esteja nas costas. Claro, que todo esse trajeto foi friamente calculado para que você contemple um pôrdo-sol direto do píer, observando a Ilha de Alcatraz e de quebra ainda mate a sua fome. Visite um dos aglomerados de barraquinhas,


lá você encontrará o “bread bowl”, um pão redondo, que serve como cumbuca para um maravilhoso creme com frutos do mar. E o melhor, custa apenas U$ 5,00. Quando terminar de comer o creme, é só jogar um azeite na “cumbuca” e terminar sua refeição!



Descanso, hora de dormir e se programar para sair, não tão cedo, no dia seguinte. 9 horas da manhã, 22 horas restantes para conhecer a cidade

5º STOP = Twin Peaks Se o leitor for amante de fotografias panorâmicas, principalmente urbanas, vai adorar o Twin Peaks. Se o dia estiver ensolarado – pois é muito comum ter neblina em San Francisco – você terá a melhor visão de toda a cidade. Este local ficou conhecido no mundo inteiro por dar nome à famosa série homônima do diretor David Linch. Você estará bem perto do bairro The Castro 1, onde está instalada a comunidade GLS, sendo este o mais famoso bairro GLS do mundo. No The Castro acontecem eventos diversos inclusive a Celebração e Parada anual do Orgulho Gay, na qual se reúnem gays, lésbicas e simpatizantes do mundo todo (acontece em todo último domingo de Junho). Vá de ônibus à Market Street. Nesta 1

Você pode conhecer melhor a história dessa comunidade assistindo ao filme Milk, com Sean Penn. (leia um pouco sobre o filme na pág. 42)


rua está presente a linha do BART, como é chamado o metrô e o trem. Você pode optar em utilizá-los ou continuar trafegando de ônibus. Sugiro o BART, é bem mais rápido. Estação Civic-Center – Você estará a um quarteirão da Van Ness Avenue, onde está localizado o San Francisco City Hall.


Meio-dia, 19 horas restantes

6º STOP = Yerba Buena Gardens Estação Powell – é nela que você deve descer. Se sair para o lado esquerdo, irá para a Union Square (sugiro deixar como destino final). A saída à direita te levará ao Yerba Buena Gardens, um lugar belíssimo. Há uma praça central, jardins, o MOMA – Museum of Modern Art, uma fonte com quedas d’água em memória a Martin Luther King e um local para patinação no gelo. Este é um dos meus destinos favoritos em San Francisco. É ótimo levar um livro e relaxar à beira de uma das fontes, deitado na grama baixinha em frente a igreja. Para as crianças, há carrossel e brinquedos. É opcional visitar a Chinatown. Vai do gosto de cada um. Eu particularmente gosto, pois é no bairro tipicamente chinês que eu encontro uma variedade exótica de chás que não tem no Brasil. Para chegar a Chinatown você pode pegar um ônibus, este passará pelo centro financeiro da cidade – aproveite para tirar fotos dos prédios espelhados!



Último STOP = Union Square As horas na cidade de San Francisco estão chegando ao fim. Nada melhor do que finalizar com compras e uma fatia de cheesecake com frutas vermelhas da Cheesecake Factory. Para isso você deverá descer na estação Powell, do BART. Assim que sair, logo verá uma enorme loja da Virgin Records. Aconselho entrar e se preparar para gastar. Adiante, fica a loja da Apple, onde ocorrem os lançamentos da marca e mais pra frente, mais uma loja dos chocolates Ghirardelli. Todo esse trajeto você pode fazer a pé, tranquilamente. A caminho da praça, você vai se deparar com uma enorme loja da



Macy´s, Saks, Nike, Adidas, Lous Vuitton entre outras. Meninas, programem-se, e meninos, segurem-nas. Pois há uma loja da Pink e outra enorme loja da Victoria´s Secrets, na Union Square. Não deixe de checar as peças “on sale”, você sempre pode sair com um “pijaminha” fora de estação a um preço bem em conta. Para os amantes de leitura, tem a Borders, uma das maiores livrarias. Você encontra pocket books de U$5,00 a U$20,00.


Últimas Considerações

San Francisco tem de tudo. E quando eu digo de tudo, incluo passeios para todos os gostos, compras e gastronomia. É uma cidade que transborda história e misturas culturais e é relativamente segura, devendo-se apenas saber por onde andar. Por toda a sua história, cultura beleza natural, San Francisco não deve, mesmo que por 48 horas, ficar de fora de qualquer roteiro pela costa oeste americana.

Dicas de alguns filmes excelentes que usam a cidade de San Francisco como cenário: Milk, a Voz da Igualdade (Milk, 2008) À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness, 2006) E se Fosse Verdade... (Just Like Heaven, 2005) Doce Novembro (Sweet Novembrer, 2001) Stigmata (Stigmata, 1999) Entrevista com o Vampiro (Interview With the Vampire, 1994) Uma babá quase perfeita (Mrs. Doubtfire, 1993) Os Pássaros (The Birds, 1963)


Conexão:

ARGENTINA

Gastronomia Portenha Q

uando eu comentei com meus amigos que iria morar em Buenos Aires, ouvia de todos eles a mesma coisa: “Justo você que não come carne vermelha”. É verdade, o carro chefe da alimentação argentina é a carne e acredito realmente que alguém que goste de comê-la, não deve perder a oportunidade de comer uma parrilla argentina, quer seja um bife de chorizo, a carne de vaca mais nobre que tem por aqui, quer seja um bife de lomo. Todavia para os menos aficionados pela carne, Buenos Aires traz grandes opções que não devem ser deixadas de lado. Em Las Cañitas, região onde temos uma concentração bem interessante de restaurantes. O meu preferido é o Chicha Baez. Um restaurante focado em pratos mediterrâneos e com uma boa variedade de peixes. Experimentar o “risoto negro” é entregar-se a um prazer inimaginável. Aproveite e peça também um coquetel (ou daikiris como dizem por aqui) de frutas vermelhas e tabasco. Se o que o viajante mais gosta é de um ambiente refinado e intimista, então o lugar que eu aconselho (e também meu predileto) é o restaurante Annetta, em Palermo. A especialidade é comida italiana, no entanto, a cazuelita de pescados não deixa nada a dever a nenhum restaurante de frutos do mar. Aproveite também e delicie-se com a música de alta qualidade do local, com piano e violino tocados de maneira sublime. Se a idéia é um ambiente mais simples e mais jovem, então a pedida é ir a Palermo Soho. Em Plaza Serrano existe


um restaurante chamado Quibombo, junto a um instituto de Yoga. A comida é natural, mas sem exageros. Tem carne e um maravilhoso wrap de camarões (langostinos), realmente imperdível, além de sucos maravilhosos que não devem deixar ser experimentados. Agora, se a idéia é acompanhar alguém num restaurante tipicamente argentino, onde os famintos por carne possam verse satisfeitos com suas parillas e que o viajante (caso, como eu, não seja chegado na carne) também possa estar bem com outra variedade, então meu conselho é o La Payuca. Situado na Avenida Santa Fé, próximo a estação de metrô (subte), o Puerydon, tem um ambiente que remete ao “campo”, tipicamente argentino e proporciona carne de ótima qualidade (aos que assim desejam), além de ótimas opções de peixe e frango. Um ambiente gostoso, com bom atendimento, porções bem servidas e de boa qualidade. Ou seja, Buenos Aires não é só carne e é possível fazer um passeio gastronômico capaz de agradar todos os tipos de viajantes. Caso esteja em Buenos Aires e queira dar uma conferida no cardápio, aqui vai o endereço de alguns restaurantes: Chicha Baez – Calle Baez, 358 – Las Cañitas, Buenos Aires Annetta – Calle Ugarteche , 3212 – Palermo, Buenos Aires La Payuca – Av.Santa Fé, 2587 –Barrio Norte, Buenos Aires ( Existe outra unidade em Calle Arenales , 3443 em Palermo que não conheço). Quibombo – Calle Costa Rica, 4562

O traveller autor O brasileiro Cristiano Garcia é consultor de sistemas que atua na América Latina. Por causa do trabalho, já morou na Venezuela, Colômbia e Holanda. Atuou também em Equador, Peru, Chile, Espanha e EUA. Adora a cultura latina, viajar, mergulhar e comer um ótimo doce. Escrever é uma grande paixão e cozinhar outra. Sendo assim, encontrar a história perfeita acompanhada de um ótimo jantar e um bom vinho é o maior sonho.


Tiago Sperotto:

Photo Profile Por Mari Fonseca


F

idelidade é a palavra que sustenta a trajetória e a arte de Tiago Sperotto. Fidelidade aos seus instintos, à beleza da fauna e da flora, à sua proposta de vida e a cada movimento que o mundo ao seu redor promove. Tiago é fiel a responsabilidade de tornar eterna a arte e a sensibilidade, através da câmera.

Manhattan



San Francisco


Aos 22 anos, quando de dentro de um banco, onde trabalhava, notou que a vida passava em frente aos seus olhos. Sentindo que ocupava uma posição onde não se encaixava, trancou a faculdade de administração e largou o emprego, arriscando tudo ao embarcar para Los Angeles, EUA.


Brooklin Bridge

Após mais de um ano trabalhando como entregador de comida e valet de estacionamento, aos pés de Hollywood, o gaúcho foi para o Hawaii, viagem que sustentava dentre suas vontades desde a infância.



Bay bridge - Oakland


Foi em Honolulu que ele teve a oportunidade de se conectar com a natureza de forma mais íntima, mudando completamente a sua visão e as expectativas que nutria em relação à L.A. e tudo o que ele considerava que ela (apenas) pudesse oferecer – a busca pela fama, egocentrismo e dinheiro. Passando então, a


Civic Center - New York City

ser mais grato por tudo o que lhe acontecia e pela forma que a vida lhe apresentava as experiĂŞncias. Em um momento bem particular, durante uma noite de verĂŁo, quando de passagem em San Francisco, CalifĂłrnia, decidiu que passaria a explorar um hobby que ainda era desconhecido a ele mesmo: a fotografia.


“ Quero ajudar com a minha fotografia, ajudar de alguma forma. Passando uma mensagem positiva ou de protesto, não importa. Sendo positivo, pois é o que vale pra mim . ”


Manhattan



Marina Del Rey - CA


“ Fotografia é vida, é arte, sensibilidade. Mistério quando bem explorado. ”

Mais uma vez Tiago seguiu seus instintos. Comprou uma câmera usada e se inscreveu em um curso profissional, onde posteriormente conseguiu desenvolver uma visão mais estética e a segurança de que a fotografia seria o seu caminho.


Hike Trail - Toapanga Canyon - Malibu

Hoje, aos 30 anos de idade, Tiago Sperotto reside no Rio de Janeiro, onde pode fotografar a vida cotidiana, belezas naturais e ao mesmo tempo, conflitos polĂ­ticos e sociais.


45th avenue - NY

Palos Verdes - CA


Palos Verdes - CA

PaciďŹ c Highway Coast - Malibu


Berkeley - CA

Downtown - LA


“ As possibilidades de criar são infinitas. Amo o que eu faço e tento sempre passar a realidade e o sentimento dos momentos e lugares que eu fotografo. ”

Venice Beach Skate Park


Santa Monica Pier


Hollywood Boulevard

Getty Center Museum

Seu talento transparece através de linhas arquitetônicas bem demarcadas, céus de cores inimagináveis e paisagens que parecem pintadas por aquarela. Tiago explora o detalhe, as faces e formas. Apresenta uma maneira particular de fotografar a vida, unindo arte e conceito.


Como comprar uma bota para sua aventura Por Luís F. N. Carbonari Ilustrações: Richard Porcel.

N

a matéria desta edição, vamos falar um pouco sobre como escolher uma bota para sua viagem. Botas são um assunto extremamente extenso e sua aquisição depende totalmente do tipo de aventura a qual escolhemos “enfrentar”. Acredito que, atualmente, quase todas as pessoas já perceberam a importância de um calçado projetado especificamente para uma determinada atividade. Entre os corredores, por exemplo, isto é assunto comum e profundamente estudado e explorado. No entanto, quando se fala de “botas para caminhada” o assunto ainda é nebuloso. Quando era pequeno existia uma idéia que para ir para o mato deveríamos usar botas para protegermos os pés de


trakking


cobras e outras ameaças peçonhentas. Devo confessar que as primeiras botas que usei foram para este fim, apesar de ter me deparado pouquíssimas vezes com estes animais na trilha. Conforto então, nem pensar. Amaciar o calçado era de praxe e receitas mirabolantes para tal não faltavam. As bolhas eram tidas como comuns e praticamente inevitáveis e para estas, outras tantas receitas. Uma loucura! A boa noticia é que este cenário mudou completamente. Já a notícia nem tão boa assim, é que opções não faltam para confundir quem busca sua primeira bota. Tendo em vista esta situação, vou discorrer brevemente sobre como escolher uma bota que atenda a maior parte das aventuras - descartando montanhas e gelo, por tratar-se de um mundo a parte em termos de equipamento. Ao sair de casa para comprar sua bota, leve com você tudo o que você usará nos pés junto com ela (meias, palmilhas, protetores ortopédicos, etc). O lugar adequado para a compra são as lojas especializadas em equipamentos de aventura ou lojas de surf. Lojas de calçado, via de regra, não comercializam o tipo de bota do qual estamos falando.


Saiba de antemão qual peso você pretende colocar sobre seus pés, qual tipo de terreno você enfrentará e sob quais condições atmosféricas. E como nas mochilas, a beleza é a última coisa a se levar em consideração na hora da compra. Qual a razão de tanta preparação? A razão é que estas são informações básicas, que nortearão a compra, não deixando dúvidas ao vendedor sobre qual produto ele deverá lhe oferecer. Dentre as opções disponíveis. Vamos entender melhor: Pontos a serem observados: Rigidez e Flexibilidade: Existem botas com flexibilidade e rigidez diferenciadas. Botas flexíveis são indicadas para terrenos pouco acidentados e quando se carrega pouco peso nas costas, já as botas mais rígidas proporcionam maior estabilidade e conforto em terrenos acidentados onde pedras e imperfeições não podem ser sentidos pelos nossos pés e quando carregamos cargas mais pesadas. Para terrenos mistos, opte pelo meio termo, existem opções para tal. Impermeabilidade: Botas resistentes a água são bem diferentes de botas impermeáveis, inclusive no preço. As botas


impermeáveis são confeccionadas com uma membrana “respirável”, que permite a evaporação do suor não permitindo a entrada de água. Vale salientar que uma boa bota impermeável deve ser construída de tal modo que a lingüeta é unida a região do tornozelo, formando uma espécie de “saco”, que faz com que a água não entre pelas laterais. Entre uma e outra dou preferência às impermeáveis, pois seja para atravessar um riacho ou entrar em uma poça d’água, esta característica fará toda a diferença. É mais cara, porém compensa. Confecção: Escolha uma bota com o menor número de costuras possível, pois são os pontos mais frágeis da construção. Calcanhar e bico rígidos são itens desejáveis, pois proporcionam uma ótima proteção contra choques, além de melhorar a estabilidade do tornozelo. Solado: É um quesito de extrema importância! Para se ter uma idéia, existem empresas especializadas apenas em construir solados para botas. Vou citar duas das marcas que já utilizei, e que surpreenderam pelo excelente desempenho: “Vibram” que equipa diversas boas marcas de botas, e a outra, proprietária da “Salomon”, chamada “Contagrip”. Não entrarei em detalhes quanto ao desempenho de cada um, por ser também um assunto à parte. Lembrando


que solados mais macios tendem a ser mais aderentes que os mais duros, porém se desgastam mais rapidamente. É bastante comum em uma bota, principalmente se usada também no asfalto que o solado gaste antes do restante, perdendo completamente sua eficiência em terrenos escorregadios, alguns fabricantes oferecem serviço de ressola. Consulte o seu vendedor sobre o assunto. Enfim, após observar todos estes pontos está na hora de experimentar. Calce a meia que será utilizada com a bota e veja qual dos modelos pré-selecionados “veste” confortavelmente no seu pé, levando em conta os critérios expostos ela não pode estar nem folgada nem justa. E atenção, conforto aqui é fundamental! Nada de acostumar ou amaciar. Ela precisa ser calçada e proporcionar conforto na hora. Lembro-me quando provei minha primeira bota técnica, tive a sensação de que ela tinha sido feita sob medida para meu pé. E é assim que deve ser. Agora é só pagar e “ser feliz”.


Corpo são, viagem sã Por Ítalo Lourenço Fotos: Karina Magosso

Cuide bem das suas pernas

P

ara realizar uma viagem sem correr qualquer tipo de desconfortos, é preciso se preparar! Nas rotas e trajetos complicados que podem aparecer durante a viagem, seu corpo necessita de condições favoráveis para que ele se lesione. Na edição anterior, vimos que para evitar uma sobrecarga na região lombar, é muito importante o fortalecimento da parte posterior do tronco. Nessa edição, você verá que para andar o dia inteiro, subindo e descendo escadas, morros e percursos irregulares seus membros inferiores deverão estar preparados. Os membros inferiores são de extrema importância em nossa fase de locomoção e isso é bastante óbvio, porém, para desempenhar papéis onde a dificuldade não é tão rotineira como por exemplo: viajar até Paris e “fazer bonito” nas escadarias da Torre Eiffel, suas pernas devem estar bem fortes e resistentes. Assim é também para o caso de quem deseja aventurar-se por caminhos menos convencionais, como o caminho de Santiago de Compostela, de 770 quilômetros, onde há subidas extremas, descidas abruptas e trechos irregulares. O fato é que é preciso se preparar para não ficar pelo caminho. Então vamos lá. Seguem abaixo algumas dicas de exercícios para o fortalecimento dos membros inferiores.


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Agachamento Posicionar os pés em paralelo, aproximadamente a uma distância que seja equivalente à largura do quadril. Posicionar a barra atrás da cabeça sobre os ombros e realizar o agachamento de forma que as costas permaneçam eretas durante a execução inteira do exercício. Agachar até a perna formar, aproximadamente, um ângulo de 90 graus. Retornar a posição inicial.

2

Cuidados importantes com a execução: Tome cuidado durante a fase de subida, pois as pernas deverão estar estáveis. Não poderá haver nenhum tipo de desequilíbrio. Evite tirar os calcanhares do solo durante a execução. Olhe sempre para frente e ao agachar tome cuidado para que os joelhos não ultrapassem a ponta dos pés.

Esse exercício trabalha todo o grupamento muscular da coxa: Quadríceps Femoral, Isquiotibiais, Bíceps Femoral, Glúteos Máximo entre outros.


1

Afundo Posicionar os pés de maneira que eles fiquem afastados, um à frente do outro, numa distância aproximada de um “passo largo”. Executar o movimento com o auxílio de um bastão, para ajudar no equilíbrio. Inclinar o tronco levemente para frente, agachando até a perna que está apoiada na frente, chegar a um ângulo de aproximadamente 90 graus. Aplicar a força diretamente na perna da frente, enquanto a de trás auxiliará apenas no equilíbrio do exercício. Retornar à posição inicial e após completar o movimento com uma das pernas, trocar e começar com a outra. Com a evolução na execução do exercício, substituir o bastão por um par de pesos.


2

Cuidados importantes com a execução: Mantenha seu tronco sempre inclinado, pois isso ajudará no equilíbrio. Ao agachar, evite que a perna da frente ultrapasse a linha do joelho. Não deixe que o calcanhar da perna da frente saia do apoio do chão! Esse exercício irá trabalhar todos os músculos da coxa assim como os do agachamento, porém a solicitação do músculo glúteo máximo é bem maior e trabalha equilíbrio e coordenação motora. Na próxima edição, mais dicas sobre cuidados com os membros inferiores. Ítalo Lourenço é preparador Físico e Personal Trainer – Graduado em Educação Física e Especialista em Biomecânica da Atividade Física e Saúde.


A exótica D ubai Por Camila Perrotta Fotos: Camila Perrotta.

D

ubai é um dos Emirados Árabes Unidos, formados por Dubai, Abu Dhabi, Sharjah, Ajman, Fujeirah, Umm al-Quwain e Ras al-Khaimah. Dubai é o mais conhecido, por ter investido pesado no turismo, acabando por transformar-se em um exclusivo – e exótico destino – para os ocidentais. O Emirado de Dubai é um local onde o mundo árabe se encontra com o modo de vida ocidental. Segue abaixo o relato da viagem, que durou uma semana, durante o mês de agosto de 2010.



Mal pus os pés em Dubai e já no aeroporto pude perceber o enorme contraste cultural. Os homens, todos vestidos com suas túnicas brancas, as Kanduras, e as mulheres com suas típicas e negras burcas. Me hospedei no The Address Dubai Marina, ligado ao shopping Dubai Marina Mall. Para aqueles que, como eu, não são muito afeitos a comer muito pela manhã - mas também não dispensam um bom café - no shopping ao lado existe um Starbucks, uma ótima pedida para um bom café com leite acompanhado por um delicioso croissant. No entanto, em um dos dias tomei café da manhã do hotel, pois eles possuem especialidades de vários continentes, satisfazendo todos os gostos. O hotel possui uma preciosa piscina com margem infinita para refrescar-se dos 47° graus que faz durante todo o dia. Aconselho pedir para por um ventilador/umidificador próximo à sua maca caso decida tomar sol, pois acredite, ajudará muito. Burj Dubai (Torre Califa), é o mais alto edifício do mundo, com 828 metros. No 124º andar, há mais de


440 metros, encontra-se o mirador da Torre Califa, de onde se pode contemplar a cidade. O horário de funcionamento é de 10h às 22h e às quintas, sextas e sábados o horario é ampliado até às 24h. O preço é de 100EAD para adultos e 75EAD para crianças entre os 03 e 12 anos. A melhor hora para subir é ao entardecer, e fica a dica de já comprar sua entrada com antecedência, pois a procura é grande. Ao redor da Torre Califa encontra-se a Fonte de Dubai (Dubai Fountain), onde de hora em hora, acontece o espetáculo das fontes. É um show impressionante e pode ser visto do centro comercial Dubai Mall. Falando em Dubai Mall, este é um imenso shopping center, daqueles onde pode-se perder horas e horas. Dentro, existe um grande aquário, uma pista olímpica de patinação sobre gelo e o maior cinema do Emirado. Fora deste centro comercial existem inúmeros restaurantes e também, após uma ponte, outro centro comercial, bem menor, mas que tem lá o seu charme.


Hotel Burj Al Arab , é considerado o único hotel 7 estrelas do mundo e o mais famoso de Dubai, pela sua estrutura em forma de vela, construída sobre uma ilha artificial há 280 metros da costa. Para visitá-lo é necessário fazer reserva em algum de seus vários restaurantes ou bares. Minha dica é o restaurante Sky Bar, que está no 27° andar, há mais de 200 metros de altura. A comida é excelente e ainda por cima a vista é de perder o fôlego!


Para reservar, precisa-se enviar um e-mail para BAArestaurants@ jumeirah.com indicando o seu nome, evento, número de pessoas, data e hora, além de telefone local e também os dados do cartão de crédito. Aconselho pedir no e-mail, para tentarem conseguir uma mesa próxima à janela, com vista para Jumeirah. Dubai Creek, separa Dubai e Deia de Bur Dubai, os dois bairros históricos da cidade. Para cruzar de um lado para o outro existem duas pontes, um túnel e barcos. Vale à pena fazer a travessia de barco junto com os nativos e ver a diferença entre a Dubai antiga e a moderna. Por esta região vale visitar o Mercado de espécies de Dubai, o Museu Dubai, Al-Ahmadiya School, Heritage House e o Mercado do Ouro. É muito importante para mulheres, usarem roupas fechadas e mostrar-se o mínimo, pois se caminhará por mercados, onde muitos homens trabalham, e assim como em outros países árabes eles não estão acostumados com o modo ocidental das mulheres se vestirem.



Mezquita Jumeirah: é a mesquita mais importante de Dubai, por duas razões: uma é a impressionante arquitetura e a outra por ser a única mesquita onde é permitida a entrada de não-mulçumanos. As visitas são guiadas e duram mais de uma hora. Jumeirah é uma zona costeira situada ao Sul de Bur Dubai. É símbolo de exclusividade e acaba sendo a zona preferida dos estrangeiros que vão para morar. Lá encontram-se as praias, a La Palmera Jumeirah, Burj Al Arab, etc.

Para quem se interessar em conhecer ou hospedar-se no The Adress Dubai Marina: www.theaddress.com


A experiente e aventureira estrada do coração. Por Rodrigo Oliveira (Fotos em Pipa, Rodrigo Oliveira – Demais fotos por Tito Rosemberg e Craig Peterson)

Saara - Argélia


O mundo moderno cada vez mais tenta moldar, adestrar as pessoas para simplesmente abdicarem de sua natureza selvagem, da vontade de se aventurar no mundo e descobrilo. Desse modo, a natureza aventureira e nômade do ser humano, muitas vezes, parece ser uma incógnita, digna de nota na imprensa e facilmente percebida como um desejo contido para a grande massa. Um desejo tão forte, que aqueles que conseguem fugir desta gravidade normativa de acomodação são, senão tratados como heróis, no mínimo merecedores do status de “diferentes” do rebanho.


O fato é que poucos realmente se atrevem a caminhar pelas estradas não demarcadas e territórios indômitos do desconhecido. Estes raros indivíduos são o que existe de mais visceral na raça humana. O que mais próximo pode-se encontrar dos grandes descobridores de outrora. No entanto, em lugar da descoberta de um novo mundo – no sentido real da frase - eles acabam por desvendar a própria natureza de si mesmos e, para o bem ou para o mal, acabam por conhecer a alma intrínseca da raça humana, sem máscaras e sem fachadas. E é preciso coragem para encarar a verdade crua do mundo e da nossa sociedade. Essas pessoas acabam tornandose gigantes em uma terra de seres pequenos, não por nos apequenarmos perante eles, mas porque a sabedoria que se acumula quando se pratica um desapego como este só pode ser igualado por uma façanha semelhante e por nada menos. Quando primeiro ouvi falar do Tito Rosemberg eu era editor de uma revista do segmento de surf e o Tito um dos lendários surfistas que iniciaram o esporte aqui, uma verdadeira lenda. Porém, descobri que muitas pessoas – de fato uma enorme maioria – não o conheciam - mais uma vez a memória curta do nosso povo - muito sobre ele. Fui cavucando a rede


mundial de computadores e descobrindo cada vez mais sobre esta grande lenda, que hoje, tenho a honra de chamar de amigo. O Tito já fez um pouco de tudo. Dono de uma personalidade apaixonante e bonachona – ao mesmo tempo em que é firme em suas opiniões e atitudes, ele já viveu como hippie nos EUA durante o verão do amor, já viveu com os índios na Amazônia, enquanto morava numa canoa, singrando o grande Rio Amazonas. Já foi um naturalista (continua sendo) e indianista que atazanava a vida de um tal de Fernando Collor de Melo, na época presidente do país e também foi dono do primeiro jornal ecológico do Brasil, que lutava, na época, contra a devastação de sua tão adorada Búzios. Apesar de o jornal ter tido vida curta, por conta da ação das chamadas autoridades competentes, enraivecidas pelas constantes denuncias feitas contra elas. O jornal morreu, mas o espírito por trás dele permaneceu mais que vivo e o seu criador seguiu seu caminho mundo afora, desafiando o Status Quo.

Morando na canoa, no Amazonas


Apesar de ter falhado com o jornal, a alma itinerante do jornalista permaneceu viva e afiada. Como surfista, além de ter sido grande figura dentre o seleto rol dos introdutores do esporte das pranchas Saara - Argélia na Terra Brasilis, ele foi além disso, sendo, o primeiro brasileiro a figurar em matéria principal na Surfer Magazine – para quem não está habituado, é nada mais nada menos que a “bíblia” do esporte mundial e mais importante publicação do segmento, com uma incrível jornada, durante os anos setenta buscando as ondas do Saara, na então desconhecida Libéria, em plena guerra civil. Durante esta viagem, ele conta, “O Craig (Peterson – fotógrafo da expedição) nos pediu para fazer uma pose para esta foto que ele queria fazer, então, da praia, ao lado da Land Rover, todos erguemos nossas pranchas e ele clicou. Contudo não sabíamos Saara - Argélia


Marrocos


que alguém nos havia visto e avisado ao exército. Quando estávamos lá, na praia, um jipe com soldados muito nervosos e armados até os dentes nos abordaram e o clima ficou muito tenso. Meu compadre, nós pensamos que fosse acontecer uma desgraça. Levaram-nos presos, sob acusação de espionagem. Inacreditável, mas eles acharam que fossemos espiões e que estivéssemos transmitindo com ajuda de nossa estranha “antena”. Só que, o que eles acreditavam ser uma antena era na verdade uma prancha de surf. No fim das contas, fomos soltos, graças ao fato de que eu estava numa expedição de gringos. Quem sabe o que poderia acontecer caso estivesse a mercê da ajuda do governo do Brasil?” Ainda como surfista/aventureiro/jornalista/fotógrafo ele


Deserto de Mojave

atravessou o Saara algumas vezes e mais da metade em solitário para surfar no Marrocos. “Compadre, se hoje em dia o Marrocos parece distante, imagina naquela época (1974)?” Questionado sobre o porquê das viagens em solitário ele me respondeu que não era por uma necessidade nem preferência pela solidão, mas pelo simples fato de que numa aventura, o que se tem é o mínimo de aventura possível e um vasto planejamento. “Olha, viajei com um cara uma vez. Mas ele era imprudente. Dirigia rápido demais. Naquelas condições, naquela distância de tudo, o que não se precisa é de acidentes acontecendo por imprudência. Então, para ter companhia assim, prefiro ir sozinho.” Numa dessas viagens, retratada em foto, tirada pelas suas próprias mãos Tito teve como companhia, Eduardo Penho, seu


grande amigo e companheiro e juntos fizeram uma viagem descrita como épica e também publicada em grandes veículos do meio. A solidão do deserto à noite e a gostosa quase solidão de poder aproveitar ondas perfeitas com um grande amigo. Pergunte a 10 entre 10 surfistas e todos dirão a mesma coisa. Sonho unânime. Morando na Califórnia ele morou no mítico parque nacional de Yosemite onde aprendeu um pouco mais sobre si mesmo através do contato com a exuberante natureza local. Ainda na Califa, aprendeu a construir pranchas com os mestres Donald Takayama e Skip Frye e trouxe de volta para o Brasil o expertise e ajudou a desenvolver um mercado que hoje fatura dezenas de milhares de reais. Mas, como obedecia ao seu espírito nômade, o Tito abandonou os negócios e voltou para estrada, mais uma vez. Falando das suas andanças Tito faz o mundo parecer muito pequeno. Na verdade da forma como ele às vezes fala, os continentes soam como nomes de ruas proferidos por um morador que conhece a vizinhança. Nestes anos de viagens, acumulando amigos pelos quatro cantos do planeta ele aprendeu alguns ensinamentos e descobriu outros. “Sou um praticante da simplicidade voluntária. Eu posso dizer que sou um Bon Vivant.” - Como assim, pergunto eu. E ele prossegue: -“Bon vivant é alguém que vive bem, e eu vivo bem. Eu trabalho apenas o necessário. Sigo o pensamento


O seu primeiro Jeep - Arpoador-RJ


de que quem trabalha muito vive pouco. Portanto, trabalho o mínimo possível para viver o máximo possível. Claro que não é algo tão simples. Você precisa saber bem o que quer e conviver com as suas decisões e pagar o preço pelas escolhas – “vivi onze anos dentro de veículos. Eu aceito bem e estou feliz com minha vida.” – relata o viajante. Segundo ele conta, uma amiga italiana disse que ele vivia de acordo com o que apregoava um amigo dela, escritor. Esse amigo escrevia sobre uma tal teoria do ócio criativo, onde a pessoa trabalhava menos para criar mais. Este amigo era ninguém menos que Domenico De Masi, criador da teoria conhecida no mundo inteiro - O ócio criativo – e autor do livro homônimo. Mais uma singularidade da vida desta grande figura foi o fato de haver ficado amigo do criador da teoria que ele já seguia sem sequer saber. Numa de nossas conversas comentei sobre a dificuldade em se libertar e recebi uma resposta cortante como uma navalha e verdadeira, infelizmente. “Se liberta quem tem a mente livre. Se você já é livre na alma o corpo acompanha.” Uma verdade indelével, mas que, no entanto, dói aos ouvidos de qualquer prisioneiro. Falamos sobre os anos setenta e o seu tempo de Europa e mais algumas surpresas. Fiquei extremamente invejoso quando ele me mostrou com um sorriso um ingresso de 1969, do Royal Albert Hall, na Inglaterra, da apresentação um


Acampamento em Ubatuba-SP


guitarrista chamado Jimi Hendrix. Este é uma das mais antológicas apresentações conhecidas de Hendrix, pouco antes de ir se apresentar, no mesmo ano, no festival de Woodstock, em Nova York. Tito reside levemente isolado da agitação do balneário, onde fixou residência, longe da turistada que todos os verões “invade” o local, como ele mesmo gosta de frisar - “mas ao fim do verão se vai embora, felizmente”. Ele vive em meio a árvores, animais, ao oceano, avistado da sua varanda e da lua que vez ou outra se levanta majestosa e fagueira por detrás do horizonte e é de lá que o guerreiro descansa e contempla. A simplicidade das suas palavras sustenta-se, assim me parece, do alto da certeza de ter encontrado o próprio caminho e por conta disso, todas as demais dúvidas parecem pequenas frente à decisão. E isso, foi um assunto conversado sem ser necessária uma só palavra. Afinal, sempre me considerei um bom entendedor, e como sabem uma palavra – ou nenhuma podem bastar. Após se radicar no Nordeste, fugindo da agitação excessiva do sudeste, Tito passou a redescobrir um pedaço do país que havia desbravado – mais uma vez sozinho – em 1984, ao seguir o curso do Rio São Francisco sozinho numa moto 250. Passando por vilarejos minúsculos esquecidos pelas autoridades e pelo resto do país ele conheceu a realidade africana na qual vivem


Rio S達o Francisco-SE


muitas pessoas aqui mesmo no Brasil. Conheceu a bondade e a Nobreza desta gente que apenas existe e não conhece os desejos de consumo arraigados e sentidos como incomensuráveis pelos grande centros. A pobreza as isola do século 20, mas não as priva do orgulho e da força. Hoje, para quem pensa que o homem descansa apenas, ele já fez mais uma dezena de viagens antimidiáticas pelo sertão de Euclides da Cunha e Lampião. Um novo amigo, que tive o grande prazer de conhecer, Jack D`Emilia, grande fotógrafo, vizinho e morador do mesmo balneário.


Estivemos juntos no Ăşltimo festival literĂĄrio realizado por eles, o FLIPAUT, onde entre livros, filosofia, fotografia, ambientalismo e polĂ­tica, descobrimos que a beleza reside justamente em estar sempre em desacordo. Aprendi muito com o Tito Rosemberg e espero ter tempo para aprender muito mais.


O que tu tens feito da vida? Aos 65 anos descobri que é possível dedicar-se unicamente a curtir a vida. Ao longo dos anos eu consegui, fazendo negócios, trabalhando, etc. Deu para juntar uns trocados que me possibilitam hoje viver a vida como classe média. Não dá para viver como rico e nem para viajar como gostaria, mas também não preciso trabalhar da forma que não gostaria de trabalhar. Se for para conseguir tudo que você quer, acho melhor querer menos e viver mais. (risos) Isso é realmente possível? Definitivamente! Essa é uma opção de vida que está ao alcance de qualquer um, mas pouca gente se toca. Essa me parece uma boa forma de encontrar a paz... Bem, para mim funcionou... E o começo das viagens? Quando eu comecei a viajar, fui “descendo” para França, Espanha, Portugal... Lugares onde nem tinha surf. Fui parar no Marrocos, aonde os surfistas europeus iam para fugir do inverno. Numa dessas idas e vindas por lá acabei encontrando o Kevin Naughton e o Craig Peterson (fotógrafo da Surfer Magazine), ambos sem transporte, e eu viajando sozinho numa Land Rover. Eu disse “Pô moçada, entra aí, vamos dividir as despesas e continuar viajando”. Assim fizemos e seguimos viajando por todo o Marrocos. Isso em 1974.



Eu nem tinha nascido ainda... Pra você ver... Estabelecemos esta amizade que perdura até hoje e no ano seguinte, nos encontramos novamente, já no Senegal, para pegar onda naquela parte da África, Senegal, Gâmbia, Costa do Marfim e Libéria. Atravessamos o Saara de Land Rover pela primeira vez. Num ônibus, em Tanzania

Vocês foram presos na Libéria, certo? Acabamos indo para na Libéria, fazendo a reportagem para a Surfer. O país estava em uma situação super tensa, uma situação de pré-guerra e foi lá que fomos presos como espiões, quando surfamos em Robertsport. De fato, um ano depois a guerra explodiu e a Libéria se tornou uma catástrofe humanitária. Libéria


Espiões? Como assim? (risos) Foi o seguinte: O Craig é um fotógrafo muito criativo e estava sempre procurando novos ângulos. Então ele pediu que levantássemos as pranchas enquanto ele, do alto de uma pequena colina iria fotografar. Mas aí cara, alguém no vilarejo próximo deve ter dito que havia uns gringos na praia e uma patrulha do exército nos enquadrou. Eles acharam que estávamos transmitindo informações secretas para outro país. Transmitindo, como? Acredite se quiser, eles acharam que as pranchas eram uma espécie de antena ou transmissor tecnológico via satélite. Eles acharam que estávamos escaneando o fundo do oceano ou algo do gênero e transmitindo para outro país. (risos).

Tito em sua casa, em Pipa - RN


Mauritânia

Peraí. Uma prancha nem se parece com uma antena... Xará, realmente. Mas eles também nunca haviam visto uma prancha antes... (muitos risos). Estes lugares nunca haviam sido surfados.

E como vocês se safaram? Cara, fomos presos e levados para a cadeia da cidade. A nossa sorte foi o machismo deles.


Como assim? Eles são muito machistas e não prenderam a minha mulher, que voltou para a pousada – a única que existia – e ligou para a embaixada americana e disse que três cidadãos americanos haviam sido presos, pois ela o Peter, e o Craig eram americanos. Enquanto isso, nós três estávamos frente a frente com o governador da província, um cara completamente psicopata, doente mesmo, que ficava gritando conosco e ameaçando enquanto ao redor haviam uns 20 soldados armados, imigração e etc. Tudo que ele dizia os outros aplaudiam. Ele disse que não poderíamos brincar com ele, pois a pele dele era preta, mas o cérebro era branco. O cara era um racista da pior espécie, contra a própria pele...

Mauritânia


Caramba... O risco era alto, tanto de pegar uma “cana” quanto qualquer coisa mais... Eis que liga o embaixador e ele fica com medo e nos solta. E disse vocês tem seis horas para sair daqui e nunca mais voltar ou... E depois? Eu vendi meu carro e voltei para a Califa. Chega de África, pelo menos naquele momento. Depois, uns anos atrás, retornei algumas vezes para fazer matérias e fotografar. Hoje parece tão simples... Cara, naquela época, na Mauritânia, por exemplo, tinha guerra. Para atravessar precisamos ter permissão do exército. Fomos presos e eu desenrolei o maior lero. Disse que era jornalista brasileiro e aí foi tudo bem. O Brasil é adorado por lá. Fomos até presos pelos guerrilheiros do Polisário, uma das muitas facções locais e, mais uma vez, a camisa canarinho e o futebol do Brasil salvou-nos a pele. Sério? Seríssimo. Quando chega um muito agressivo eu digo logo: “Rapaz, sou brasileiro!” – e a coisa toma logo uma outra característica. Aí abre as portas.


Eles odeiam os colonialistas, os antigos, os europeus e os novos, os americanos. Eu entrei num oásis no meio do Saara, chamado Djanet, em 1988, minha segunda viagem, na Argélia. O cara olhou para a placa Rio de Janeiro, e nossos passaportes e disse: “Que incrível!” – e chamava todos para nos ver. Ele disse que havia tido um grande desmoronamento na nossa cidade. E eu, como assim? Eles tinham uma parabólica, no meio do Saara e os Tuaregs sabiam que havia rolado um desmoronamento no Rio.

Mauritânia


E hoje? Eu tenho tido muita sorte. Minhas últimas viagens pela África tem transcorrido sem nenhum incidente. O fato de ser brasileiro é muito bom. O Brasil é muito bem visto. Eles veem o Brasil como a África que deu certo. Eles se espelham na nossa história.

FIB? Felicidade Interna Bruta. Um conceito que o rei do Butão, lá no Himalaia já dizia. Temos um potencial enorme. Se mantivermos a nossa alegria com a nossa competência, nós podemos chegar a ser uma civilização fantástica. É um desafio, pois viemos de uma história cheia de podridão – que ainda continua – mas eu acredito que estamos caminhando. Lentamente, porém caminhando em direção a algo melhor.

Non sense. Completamente Surreal. E não é mesmo? Foi quando eu vi que essa tal de globalização era inevitável. E fomos super bem tratados, por sinal.

Com a sua experiência, o que diria do NOSSO país? Olha, eu já estive em uns 100 países, acho que é isso... E acho que o Brasil é o país que tem o maior potencial de crescimento do FIB.


Maurit창nia



Quanta fé... Eu tenho muita fé. Eu lido com política desde muito cedo. Em 1982, no Rio, eu, junto com o Gabeira, o Minc, Vieira, John Nestling, entre outros fundamos o Partido Verde. Cara, fui do grupo dos primeiros 24 fundadores do PV brasileiro, acredita? Pois eu acredito na política para mudar o rumo das coisas. Eu fui canditado a Deputado Estadual, no Rio de Janeiro, pelo PV, candidato a Vereador em Búzios. Mas nunca ganhei uma eleição. Foi por essa fé que retornou? Você morava, até 2001 na Europa, certo? Certo. Em 2001 eu voltei – eu escolhi voltar! - pois eu achei que poderíamos mudar as coisas. E estamos mudando, cada um de nós. Basta andar para frente e ter o coração no lugar certo. Hoje em dia, eu viajo. Continuo amando pegar a estrada, porém, sempre retorno ao Brasil. Aqui é a minha casa e é onde eu acho um lugar legal para terminar os meus dias. Eu amo o Brasil.



O dia já havia passado. A noite já corria alta e confesso que entre tantas histórias o vinho já havia me subido a cabeça e precisava de um bom banho e uma boa noite de sono. Mas, ficou a vontade de ficar mais um instante e a certeza de que um dia, não muito distante, voltaremos a nos sentar naquela mesma varanda e dividir mais desses bons momentos novamente. Grande abraço Tito. Até a próxima!

Espanha


Conexão:

CHINA

Viagem no tempo por Xangai Vindo já para o presente, Xangai se desenvolveu significativamente desde a abertura econômica. Na década de 1990, recebeu grandes investimentos internacionais e se tornou um pólo financeiro e industrial. Grandes empresas possuem suas sedes da região da Ásia Pacifico por aqui e é possível sentir a força desta cidade na área de Pudong, com seus arranha céus e modernos centros de compras. Para chegar aqui, basta pegar um ferry na região do Bund ou atravesse pelo psicodélico sightseeing tunnel. Nesta área da cidade, é preciso ir para as alturas. Algumas opções: subir na Pearl Tower e comer no restaurante giratório, ir para o Jin Mao Tower e tomar um café no saguão do hotel Hyatt, que fica no 56º andar, com uma vista impressionante para os 30 andares acima, ou ir ao observatório do Shanghai World Financial Center, localizado no 101º andar, com uma vista espetacular para toda a cidade. Se ainda quiser continuar nas alturas, vá tomar um drink no bar do Park Hyatt, no 95º andar do mesmo prédio, curtir uma banda de jazz ao vivo todas as noites.


Vista de Lujiazui Pudong - Xangai


Conexão:

CHINA

Para aqueles ávidos por compras, visite o mercado na frente do Museu da Ciência e Tecnologia, que possui todas as mercadorias imagináveis, originais ou não. A integração de Xangai ao mundo é facilmente percebida ao andarmos na rua, pois a cidade possui mais de 590 mil estrangeiros residentes e em 2010 hospedou a Exposição Universal, com 246 expositores mostrando aos Chineses as principais características de seus países – esta exposição alcançou níveis recordes de visitação, com 73 milhões de visitantes, quase 400 mil pessoas por dia. Yuyuen Market

Para sentir um pouco mais da força da economia chinesa e de seu ímpeto por consumo de luxo, vá para a HuaiHai Road, na Concessão Francesa, lá você encontrará as lojas das grifes internacionais. Nas proximidades fica Xintiandi, um complexo de excelentes restaurantes, bares e lojas, ótimas para aproveitar num belo final de dia. Se gostar de música, não perca os shows de R&B e Jazz no Brown Sugar. E o que o futuro reserva para os turistas em Xangai? Primeiro, o prédio mais alto da Ásia – Shanghai Tower - ainda


Jing’An Park

Yuyen Garden

Jing’An Park


Conexão:

CHINA

HOT SPOT Meu ponto predileto em Xangai: Parque de Jing’An onde é possível ver as pessoas dançando e fazendo Tai Chi Chuan nos finais de semana pela manhã. Pegue o metro para a estação Jing’An Temple, linhas 2 ou 7, e aproveite para conhecer o belíssimo templo de Jing’An. Almoce em seguida no restaurante Bali Laguna, de frente para o lago e saboreie pratos do sudeste asiático e drinks perfeitos.

Jing’An Park


em construção que quando pronto terá 128 andares , cuja construção você pode acompanhar do prédio ao lado, o Jin Mao. Além disso, a Disney já confirmou que irá construir em Xangai o seu mais novo parque de diversões, a ser inaugurado em 2014, e que atrairá milhões de chineses. A cidade continua crescendo para todos os lados e novas conexões estão sendo estabelecidas. Já no final deste ano será possível ir de trem bala para Pequim, cobrindo o trecho em 5 horas de viajem a 300 km por hora. Aliás, todos os pontos indicados acima são acessíveis pela maior rede de metrô do mundo ou através dos abundantes e baratos taxis – não se esqueça de pedir para alguém escrever em chinês para onde você quer ir! A cidade também possui dois aeroportos de nível internacional e esta conectada com todas as grandes cidades da China, Europa, Ásia e América do Norte.

O traveller autor Carlos Meinert mora em Shanghai e está numa jornada profissional de três anos pela China. Como ele mesmo diz, é difícil explicar todas as atrações da China em um só texto. Por essa razão, Carlos vai estar com a gente em vários momentos dessa jornada em volta ao mundo, explicando um pouco mais do que acontece lá do outro lado do planeta.


Livros

“No Coração da África, As Aventuras Épicas de Livingstone e Stanley” de Martin Dugard - (Ed. Record, 2004, R$ 24*) Por Rodrigo Oliveira

L

ivingstone foi o primeiro homem a atravessar por completo o continente africano, mas durante uma de suas viagens, desapareceu. O jornalista inglês Henry Stanley embarcou em 1869 para o continente africano, sua missão era resgatar o aventureiro, com a jornada terminando com um emocionante encontro no coração da África. A viagem encantou os ingleses pelas matérias de Stanley, que descortinavam os mistérios da África. Dugard fez uma extensa pesquisa, leu diários não-publicados, fuçou jornais da época e teve acesso a diversos arquivos da Real Sociedade Geográfica Britânica. Ele visitou também

* Preço sugerido.


as savanas africanas e outros locais relacionados à dupla para manter real a sua obra e ter uma noção mais exata do que significava o ambiente africano. O livro recria as dificuldades que a natureza e os homens colocaram no caminho dos dois. Também é ressaltada a maneira como Stanley e Livingstone viam a África: enquanto o primeiro combatia força com força e esperava vencer as adversidades apenas com a sua férrea vontade, Livingstone preferia uma abordagem mais espiritual e enfrentava as durezas com paciência e humildade.


Livros

“Ébano, Minha Vida na África” - de Livingstone e Stanley”, de Martin Dugard - (Ed. Record, 2004, R$ 24*) Por Rodrigo Oliveira

O

livro reúne as memórias do jornalista polonês, que viveu 40 anos na África. É um complemento atualizado da experiência de Livingstone e Stanley. Kapuscinski faz um retrato impactante sobre o cotidiano dos anos de luta pela independência e do período póscolonial nos países africanos. O autor, que morreu em 2007, relata sua experiência

* Preço sugerido.


pessoal em viagens por llugares como Angola, l Gana, Nigéria, Tanzânia, Somália, Eritréia, Ruanda”, etc. Em 2010, Artur Domoslawski publicou a biografia do “amigo” Kapuscinski, onde o acusa de ficcionar muitas de suas obras. Bem, duas excelentes leituras para instigar ainda mais o gosto por aventuras e a vontade de por a cargueira nas costas e cair na estrada. Boa leitura.


San Francisco Sound A música que ultrapassa gerações Por Rodrigo Oliveira

A Califórnia e as expressões culturais são duas palavras que facilmente podem ser combinadas em qualquer sentença. O estado americano é considerado como um grande celeiro de desenvolvimento artístico em todas as suas vertentes, e a música é definitivamente uma de suas mais fortes áreas. A Cidade de San Francisco, mais precisamente, possui uma riqueza musical extraordinária e que literalmente ganhou o mundo desde muitos anos atrás, nos anos sessenta, onde a cidade ganhou a fama de mãe dos movimentos em favor da liberdade, como o “Summer of Love” e o “Flower Power”, lema do movimento hippie. Falar de uma ou de outra banda ou canção não seria justo tal é a variedade de artistas consagrados que vivem, descansam, nasceram ou cresceram junto a essa cidade.


Portanto, vamos passar um apanhado de algumas das mais interessantes e importantes personalidades musicais e estilos que permeiam a cidade, dando um panorama geral de toda a musicalidade de San Fran. Nos anos sessenta, apogeu do movimento Hippie, foi quando apareceram algumas das figuras mais proeminentes da música norteamericana e que perduram até hoje. Janis Joplin chegou à cidade e após alguns anos apresentando-se pelos bares da cidade avançou rumo ao estrelato e até hoje é diva do blues e do rock. Jimi Hendrix, voltou da Inglaterra para apresenta-se em Monterrey e depois se tornou a maior referência na guitarra elétrica do mundo inteiro. Outra banda revolucionária, que misturou poesia, música e teatro, explodindo no cenário mundial, foi o The Doors. O conjunto capitaneado pelo ácido Jim Morrison também


assumiu como raízes artísticas a cidade que, mais que todas as outras, buscava liberdade. E isso sem citar The Eagles, com sua “Hotel Califórnia”, o “The Mamas and the Papas”, Joan Baez, Jefferson Airplane, Scott Mackenzie, Joni Mitchell e muitos outros. No fim dos anos setenta e oitenta, o funk, a disco music e a música black em geral tiveram uma grande importância e caras como George Clinton tiveram cada vez mais adeptos. Adentra o cenário, motivados pelos movimentos em favor dos direitos dos homossexuais, os grupos como o Village People, cantam as agruras e alegrias do ambiente gay e nos anos oitenta as bandas de hardcore e punk rock, como os Dead Kennedys, entram na jogada. A banda era liderada pelo alucinado vocalista Jello Biafra que vociferava entre os acordes acelerados de um misto de punk com surf music, críticas e acusações de xenofobia, preconceito social e até de nazismo contra o governo da cidade. Canções como: “Kill the Poor”, “Holliday


in Cambodja” e a mais famosa, “Califórnia Ubber Alles” – Califórnia acima de tudo – fazia uma alusão ao lema nazista de Hitler e o governo da época. Hoje o Hip-Hop possui uma cena forte, que vem crescendo cada vez mais e o caldeirão está sempre em mistura, fundindo-se e reconstruindose em suas misturas. San Francisco continua sendo o caldeirão de cultura da costa leste americana e parece que não está disposta a deixar este posto, pelo menos, não tão cedo. Ainda hoje se pode ver essa riqueza musical pela cidade sem muita procura e sentir no ar a rebeldia, criatividade e liberdade pelas esquinas e ruas. Um giro pelas ruas é um passeio pela história musical – ainda em construção – dos Estados Unidos da América. Aumenta o som e vamos nessa!


EDIÇÃO #3 AGOSTO 2011

EXPEDIENTE Diretores Executivos: Rosana Sun e Johnny Wang Editor: Rodrigo Ferreira de Oliveira Diretor de Arte: Richard Porcel Colunistas: Camila Perrotta, Carlos Meinert, Cristiano Garcia, Daniela Salomon, Ítalo Lourenço, Luís Fernando Carbonari, Mari Fonseca, Rina Gioia, Rosana Sun, Sun Chen Leng.

Fotógrafos: Camila Perrotta, Carlos Meinert, Craig Peterson, Daniela Salomon, Ítalo Lourenço, Mari Fonseca, Rina Gioia, Rodrigo F. de Oliveira, Rosana Sun, Tiago Sperotto, Tito Rosemberg. Participe da Revista Volta ao Mundo com seus comentários, críticas, sugestões e elogios. Escreva e nos envie um email: contato@revistavoltaaomundo.com Para você leitor que gosta de viajar, escrever e dividir experiências, seja nosso correspondente. Se você é brasileiro(a) que mora fora do Brasil e gostaria de dividir suas experiências com os outros leitores viajantes, entre em contato conosco através do email: correspondente@revistavoltaaomundo.com E se você for nativo de algum país fora do Brasil e quiser ser nosso correspondente também poderá entrar em contato conosco através do email: correspondente@revistavoltaaomundo.com Obrigado e boa leitura! copyright 2011 revista volta ao mundo | todos os direitos reservados.


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