A cidade das sombras jeanne dupran

Page 68

— Está ouvindo? — Estou — disse Clary. Franziu a testa. — Receio que seja... É alguém que... — disse e olhou com atenção para o lugar de onde vinha o som de choro. — Sim... aqui vem ele. — Agarrou o ombro de Lina com a sua mão forte por um momento. — É melhor ir embora — disse. — Eu trato disto. — Mas o que é? — Não interessa. Vá. Mas Lina queria ver o que era. Quando Clary se afastou, escondeu-se atrás do barracão de ferramentas. Daí pôs-se a observar. O ruído aproximava-se. Por trás das lixeiras, apareceu uma pessoa. Era um homem correndo aos tropeções, abanando os braços. Parecia estar prestes a cair, como se mal conseguisse levantar os pés. Na verdade, quando se aproximou caiu mesmo. Tropeçou numa mangueira e desabou no chão como se os seus ossos tivessem se dissolvido. Clary abaixou-se e disse-lhe alguma coisa numa voz baixa demais para Lina conseguir ouvi-la. O homem estava ofegante. Quando se voltou e sentou, Lina viu que tinha o rosto arranhado e os olhos arregalados de medo. Os seus gemidos tinham se transformado em soluços. Lina reconheceu-o. Era Sadge Merrall, um dos funcionários do Depósito de Abastecimento. Era um homem calado, com um rosto comprido e um ar permanente de preocupação. Clary ajudou-o a se pôr de pé. Os dois dirigiram-se lentamente para a estufa e, ao aproximarem-


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.