Redes Sociais: Uso excessivo e suas consequências

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CÁSSIA FERNANDA DE SOUZA SABATINE - RA 7987 CAMILA SANTANA DE OLIVEIRA - RA 8124 RENATA BRITO SUSIGAN - RA 8388 ANDERSON ADALTO ZANCHIN - RA 8427

REDES SOCIAIS: USO EXCESSIVO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

FACULDADE CAMPO LIMPO PAULISTA 2° SEMESTRE 2011


CÁSSIA FERNANDA DE SOUZA SABATINE - RA 7987 CAMILA SANTANA DE OLIVEIRA - RA 8124 RENATA BRITO SUSIGAN - RA 8388 ANDERSON ADALTO ZANCHIN - RA 8427

REDES SOCIAIS: USO EXCESSIVO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Relatório de fundamentação do projeto experimental, modalidade vídeorreportagem, apresentado como exigência final para a obtenção do título de bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, sob orientação da professora especialista Maria Auxiliadora Mendes do Nascimento e coorientação metodológica da professora mestra Ane Katerine Medina Néri.

FACULDADE CAMPO LIMPO PAULISTA 2° SEMESTRE 2011


CÁSSIA FERNANDA DE SOUZA SABATINE - RA 7987 CAMILA SANTANA DE OLIVEIRA - RA 8124 RENATA BRITO SUSIGAN - RA 8388 ANDERSON ADALTO ZANCHIN - RA 8427

REDES SOCIAIS: USO EXCESSIVO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Campo Limpo Paulista, 28 de novembro de 2011

______________________________________________________ Profª Esp. Maria Auxiliadora Mendes do Nascimento (FACCAMP)

______________________________________________________ Profª Dra. Any Lilian Maxemiuc Barcelos (FACCAMP)

______________________________________________________ Prof. Hilário Pereira (FACCAMP)


Dedicamos este trabalho a todos os adictos às redes sociais, que já tenham ou

não

diagnosticado

dependência; a seus

familiares que

também são vítimas desta aos

especialistas

às

mudanças

esta

que da

situação; atentos sociedade

pesquisaram o tema pioneiramente.


AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os entrevistados que aceitaram colaborar conosco para enriquecer a nossa pesquisa. Às professoras orientadoras Ane Katerine Medina Néri e Maria Auxiliadora Mendes do Nascimento, por terem nos norteado em todas as etapas da execução deste Trabalho de Conclusão de Curso e por serem fundamentais no nosso processo de amadurecimento profissional. Aos nossos familiares e amigos que nos apoiaram. Às produtoras I9 e Cena Set, por terem cedido o material necessário para a gravação. Aos profissionais Anderson Silva e Fernando Almeida por sua alma criativa e pela ajuda na captação e edição das imagens. Aos integrantes do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso, do Hospital das Clínicas de São Paulo, e Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes, da Universidade Federal de São Paulo, que nos ajudaram durante a pesquisa e nos concederam entrevistas. Deixamos registrado também que este TCC nos fez superar dificuldades e diferenças, que nos fizeram crescer profissionalmente. E, claro, o mais importante de tudo: Deus.


"As grandes naturezas produzem grandes vícios, assim como grandes virtudes�. Platão


RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso versa sobre pessoas adictas às redes sociais, os motivos, sintomas e as consequências desse novo problema. Para isso, foram feitas pesquisas em livros, sites, revistas, jornais, além de entrevistas com especialistas (psicólogos e psiquiatra) de clínicas e programas de tratamento de universidades renomadas no País, como Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática, da PUC/SP, Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso, do Hospital das Clínicas de São Paulo, e Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes, da Unifesp. Para traçar os perfis de usuários de lan houses – um dos locais de acesso às redes -, foram contatados proprietários destes estabelecimentos. E para contextualizar o problema na sociedade atual, foram utilizadas informações de um sociólogo e professor na Faculdade Campo Limpo Paulista. Pessoas que se consideram adictas e familiares também contribuíram, por meio de depoimentos, para enriquecer e ajudar a fundamentar as informações que constam deste trabalho. Foram usados dados do IBGE e do Ibope Mídia para exemplificar o uso e os tipos de acesso à internet e às redes sociais no Brasil. A pesquisa deu origem a uma vídeorreportagem de 20 minutos, cujo objetivo é ajudar a fomentar a discussão sobre o tema na comunidade acadêmica e nos veículos de comunicação. Como resultado, o produto final (vídeo) foi solicitado por uma das clínicas contatadas pela equipe, para ser utilizado como material de apoio.

Palavras-chave:

adicção,

dependência,

vício,

internet,

redes

sociais,

vídeorreportagem, uso abusivo, uso excessivo, Facebook, Orkut, Twitter.


LISTA DE SIGLAS Amiti

Ambulatório Integrado dos Transtornos de Impulso

Arpa

Advanced Research and Projects Agency

CFP

Conselho Federal de Psicologia

Faccamp

Faculdade Campo Limpo Paulista

Fapesp

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Fermilab

Fermi National Accelerator Laboratory

HC/SP

Hospital das Clínicas de São Paulo

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

IP

Internet Protocol

LNCC

Laboratório Nacional de Computação Científica

MTV

Music Television

NPPI

Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática

PNAD

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

Proad

Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes

PUC/SP

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RNP

Rede Nacional de Pesquisas

SECT

Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia

SRI

Stanford Research Institute

TCP

Transfer Control Protocol

TT

Trending Topics

Ucla

University of California (Los Angeles/California/EUA)

UFRJ

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Unifesp

Universidade Federal de São Paulo

USP

Universidade de São Paulo


SUMÁRIO 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 10 1.1 Dependência, vício e adicção ................................................................. 10 1.2 Sintomas e o desenvolvimento da adicção ............................................. 11 1.3 A visão da sociedade .............................................................................. 19 1.4 As pessoas na internet............................................................................ 20 1.5 Atendimento psicológico pela internet..................................................... 25 1.6 Possibilidades e desafios da orientação psicológica via email ............... 27 1.7 Tipos de orientações oferecidas no NPPI ............................................... 29 1.8 Histórico do NPPI .................................................................................... 30 1.9 A história da internet ............................................................................... 31 1.9.1 No Brasil ........................................................................................ 33 1.10 A internet na sociedade e a cibercultura ......................................... 34 1.11 Introdução às redes sociais ............................................................ 36 1.11.1 Twitter .................................................................................. 36 1.11.2 Facebook ............................................................................. 37 1.11.3 Orkut .................................................................................... 38 1.11.4 Sônico .................................................................................. 39 1.11.5 Myspace ............................................................................... 40 1.11.6 Flickr .................................................................................... 40 1.11.7 Linked In............................................................................... 41 1.12 A história das lan houses ................................................................ 41 1.13 Acesso à internet no Brasil ............................................................. 42 1.14 Acesso às redes sociais no Brasil ................................................... 42 1.15 O uso das lan houses em Jundiaí e Região .................................... 44 1.16 Possíveis adictos ............................................................................ 49 1.16.1 C.O.C. ................................................................................... 49 1.16.2 L.T. ........................................................................................ 51 1.16.3 E.G. ....................................................................................... 53 1.16.4 L.P. ........................................................................................ 55 2. ESQUEMA DE INVESTIGAÇÃO ................................................................... 58 2.1Procedimentos Metodológicos ................................................................. 58


2.2 Fontes Consultadas ................................................................................ 60 2.2.1 Personagens ........................................................................................ 61 2.2.2 Especialistas ........................................................................................ 62 2.3 Dificuldades Encontradas ....................................................................... 62 3. DESCRIÇÃO DO PRODUTO ......................................................................... 64 3.1 Características Básicas........................................................................... 64 3.2 Linguagem Empregada ........................................................................... 65 3.3 Público-Alvo ............................................................................................ 65 3.4 Publicação/Divulgação ............................................................................ 66 3.5 Edição ..................................................................................................... 66 3.6 Orçamento .............................................................................................. 67 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 69 APÊNDICE A – Pauta ....................................................................................... 73 APÊNDICE B – Roteiro ..................................................................................... 83 APÊNDICE C – Cartas de cessão de direitos ................................................... 94 APÊNDICE D – e-mails .................................................................................... 108 REFERÊNCIAS................................................................................................. 112


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CONSIDERAÇÕES INICIAIS Este Trabalho de Conclusão de Curso, realizado em 2011, trata de um tema ainda pouco estudado na comunidade acadêmica e pouco divulgado nos veículos de comunicação: a adicção às redes sociais, sendo os possíveis adictos das cidades de Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista e Jundiaí. Nos capítulos seguintes será possível verificar as origens da adicção, os motivos, as consequências para a vida dos internautas, os possíveis tratamentos, as orientações, os locais pioneiros que estudam o tema e as clínicas que atendem os adictos. Estes também estão presentes e contam sobre a relação que mantêm com a internet e as redes sociais, as perdas que já sofreram na vida real, as causas da adicção (na opinião deles), entre outras informações que exemplificam os dados oferecidos pelos especialistas: psicólogos, psiquiatra e sociólogo. Este último contextualizou o problema na sociedade atual. Proprietários de lan houses também participaram deste Trabalho, com depoimentos sobre os frequentadores de tais estabelecimentos comerciais. Para mostrar o contexto da adicção no País, foram registrados números do Ibope e do IBGE que mostram quantos internautas existem no Brasil, quais as redes que eles mais acessam e com qual frequência. Há também a história da internet, lan houses e principais redes sociais, além de explicações sobre o que é cibercultura. O produto final deste Trabalho de Conclusão de Curso é uma vídeorreportagem de 20 minutos, na qual são entrevistados seis especialistas, quatro adictos e um familiar, além de dois proprietários de lan houses da região. O primeiro capítulo, de fundamentação teórica, versa sobre a adicção às redes sociais, os sintomas e a influência da internet e das redes na sociedade atual. Além disso, é abordado o trabalho do NPPI, Amiti e Proad, que são três locais que tratam e/ou orientam os adictos. Neste capítulo também podem ser encontrados os históricos das principais redes sociais presentes no Brasil. Já no segundo capítulo há o esquema de investigação, procedimentos metodológicos, fontes consultadas e dificuldades encontradas.


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O terceiro e último capítulo versa sobre as características básicas do produto final: a vídeorreportagem.


11

1.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo versa sobre os adeptos de redes sociais que fazem uso excessivo destas ferramentas de comunicação e as consequências que essa prática pode trazer.

1.1 Dependência, vício e adicção

Para a especialista e psicóloga Dora Sampaio Góes (2011), do Amiti, do Hospital das Clínicas de São Paulo, os termos dependência, vício e adicção são equivalentes e podem ser utilizados de acordo com a preferência de cada pessoa. “Alguns pensam que o termo vício caracteriza um desvio de caráter, mas, na verdade, nenhuma dependência deve ser encarada dessa maneira”.

Já o

psiquiatra do Proad, Aderbal Vieira Júnior (2011), afirma que a palavra vício tem, sim, uma conotação negativa. “Usamos os termos dependência e adicção, pois são menos agressivos.” A equipe optou por usar adicção para indicar o problema, e dependente ou adicto, quando se referir à pessoa nesta condição. Existe, ainda, uma outra possibilidade: o emprego do termo usuário, mais difícil de ser encontrado, mas usado como sinônimo por todos os especialistas entrevistados. De acordo com o psicólogo Guilherme de Souza (2011), apesar de o uso da internet datar de meados da década de 1990, aproximadamente, e de o Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática (NPPI), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), do qual ele é integrante, ter 16 anos, foi somente a partir de 1999 que os profissionais do local perceberam as mudanças nas orientações oferecidas aos usuários de internet. A partir daquela data, os questionamentos passaram a conter referências sobre possíveis usos abusivos detectadas pelos próprios internautas.


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A psicóloga do NPPI Andréa Jotta (2011) informa que, de acordo com o que os psicólogos têm percebido, não há como ter certeza se a adicção em internet é uma adicção em si ou se a internet é usada como “ponte” para outras adicções, pois essas são patologias novas, sem precedentes. O conhecimento acadêmico e prático está em processo de desenvolvimento ainda.

1.2 Sintomas e o desenvolvimento da adicção

Ivelise Fortim (2007, p. 34), uma das psicólogas integrantes do NPPI, explica que a formação da adicção à internet e às redes sociais dá-se conforme o comportamento de cada internauta. As possibilidades criadas pela rede, como causar sensação de anonimato em uma pessoa tímida que online consegue se expressar, são responsáveis por fazer com que os usuários sintam-se confortáveis para mostrar o que há de melhor ou pior neles. Há quem acredite que os relacionamentos virtuais sejam mais sinceros, pois as pessoas se sentem seguras para serem honestas. O internauta que concorda com tal ideia normalmente tem esse perfil, de quem tenta se relacionar pela internet, pois a segurança permite que ele mostre quem realmente é ou não. A internet oferece liberdade. Exemplo disso são as pessoas que escrevem em sites – seja comentários, narrações ou opiniões, entre outras formas de expressão – com mais facilidade do que conseguem conversar com os outros pessoalmente. A web possibilita, inclusive, a intimidade necessária para os internautas revelarem aspectos pessoais de suas vidas. No entanto, práticas assim não os fazem conhecer alguém verdadeiramente (FORTIM, 2007, p. 33). Quando se conhece um indivíduo pessoalmente também não é possível afirmar que o faz completamente. Não se pode saber tudo sobre alguém. As pessoas conhecem somente os aspectos que o outro permite ou consegue expor. Muitos acreditam ser íntimos de alguém e ainda assim se surpreendem pelas atitudes das pessoas a quem julgam ser próximas. Ivelise Fortim (2007, p. 34)


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afirma que esse espaço desconhecido entre as pessoas é sadio, pois assim sempre existe uma possibilidade para surpresas e novas descobertas. Segundo Souza (2011), a adicção à internet está relacionada a problemas e dificuldades na vida real, chamada também de presencial, como baixa autoestima1, depressão2, ansiedade3, dificuldade em lidar com a morte de alguém e diversas fobias4. “As pessoas que se viciam em internet e redes sociais têm, antes dessa dependência, problemas na vida presencial, que as impede ou dificulta a maneira de lidar com eles”. A internet, na verdade, é um meio que algumas pessoas encontram para lidar com os seus problemas, pois nela conseguem obter atenção, carinho, popularidade, conforto. “O problema não é o que as pessoas buscam na internet, os assuntos que as deixam curiosas, mas o que elas levam do mundo virtual para o presencial”, resume Andréa Jotta (2011). O desequilíbrio no que diz respeito ao uso da internet torna algumas pessoas adictas. O equilíbrio pode ser encontrado quando a pessoa faz uso da rede, sem prejuízo de sua vida real. Quem concorda que com equilíbrio é possível fazer uso saudável da internet é Rosa Maria Farah (2007, p. 97), psicóloga, psicoterapeuta e coordenadora do NPPI. Porém, segundo ela, pode ser possível a existência de um tipo abusivo e patológico de uso da rede. O abuso, no entanto, não é medido de acordo com o número de horas que uma pessoa fica conectada, pois há quem trabalhe diretamente relacionado à web e não apresente os sintomas de quem é adicto. O tempo de conexão é relevante para identificar uma adicção, mas o grande tempo em que o usuário fica conectado à internet pode trazer perdas significativas, alguns usuários deixam de comer, beber, estudar, trabalhar, isolam-

1

A autoestima é a apreciação que uma pessoa faz de si mesma em relação à sua autoconfiança e seu autorrespeito. (GÓES, 2011) 2

A depressão é uma situação de distúrbio mental, leve ou acentuada, decorrente do funcionamento alterado das células cerebrais sobre a capacidade emocional e física de um indivíduo, (GÓES, 2011). 3

4

A ansiedade é um mal-estar que está ligado a sentimentos de medo, tensão e perigo, (GÓES, 2011).

Quando um medo é excessivo e irracional em relação à ameaça, apresentando fortes sinais de perigo e acompanhado de comportamento de evitação quanto às situações causadoras do medo, é chamado de fobia, crise de pânico provocada em situações específicas, (GÓES, 2011).


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se e não conseguem seguir suas rotinas como faziam antes da adicção ser detectada. Andréa Jotta (2011) afirma que para tentar definir se o comportamento de um internauta é ou não abusivo, os psicólogos do NPPI tentam perceber se há perdas na vida da pessoa, seja no meio familiar, escolar, profissional ou qualquer outro.

Tais atitudes são melhor percebidas por quem não é, mas convive com o adicto, mas, como em qualquer outro vício, o usuário – termo usado para designar quem possui algum ou diversos incômodos psicológicos externados por meio da internet - deve tomar consciência, querer e pedir ajuda.

Para Rosa Maria Farah (2007, p. 98 - 99), a adicção à internet e às redes sociais é percebida, num primeiro momento, pelas pessoas que convivem com o adicto, sejam elas cônjuges, amigas, familiares ou colegas de trabalho. Essas pessoas são as que normalmente procuram o NPPI. Andréa Jotta (2011) também explica que o material de apoio usado pelos psicólogos do Núcleo para fazerem os diagnósticos e os atendimentos vêm, em sua maioria, da Europa e dos Estados Unidos. No entanto, eles atuam apenas como “guias”, pois não são adequados à sociedade brasileira, já que foram elaborados em locais com realidades diferentes. De acordo com a coordenadora do Núcleo, o método usado na PUC/SP para diagnosticar a adicção é baseado em um questionário elaborado pela americana Kimberly S. Young, pioneira psiquiatra que estuda a adicção à internet. A lista com oito perguntas é usada também para que os próprios usuários da web consigam analisar o uso que fazem dos computadores. Caso a pessoa responda “sim” a cinco ou mais perguntas, é considerada adicta. Os itens estudados são os que seguem:


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1) você se sente preocupado com a internet: pensa sobre as suas conexões anteriores ou antecipa as suas próximas conexões?; 2) você sente necessidade de usar a internet com crescentes períodos de tempo de conexão para poder atingir satisfação?; 3) você já fez tentativas repetidas de tentar, sem sucesso, controlar, diminuir ou parar de usar a internet?; 4) você se sente inquieto,

mal-humorado,

depressivo ou irritado quando tenta diminuir ou parar o seu uso da internet?; 5) você fica online mais tempo do que tinha planejado?; 6) você desafiou ou colocou em risco a perda de relacionamentos

significativos,

trabalho,

escola

ou

oportunidades de carreira por causa da internet?; 7) você já mentiu para membros da família, terapeuta, ou outros para esconder a extensão de seu envolvimento com a internet?; 8) você usa a internet como uma forma de escapar de problemas ou para se aliviar de um mau humor (exemplos: sentimento de solidão, culpa, ansiedade ou depressão)? (FARAH, 2007, p. 98 - 99).

A psicóloga do NPPI Ana Luiza Mano (2011) ressalta que após responder ao questionário, os considerados adictos, se quiserem continuar o atendimento, são orientados pelos profissionais do Núcleo. Eles não recebem tratamento com medicamentos ou terapias, já que o local trabalha em caráter de pesquisa (este assunto será estudado posteriormente). Conforme a orientação acontece, Rosa Maria Farah (2011, p. 100) fala que os próprios adictos percebem que a internet, na verdade, “camufla” os problemas reais, da vida presencial. A web é um caminho que o adicto encontra para procurar suas adicções ou ainda um escape aos seus verdadeiros problemas. Usar a internet pode ser uma compulsão, similar àquelas que as pessoas sentem pela bebida, comida, jogos, compras, sexo ou até trabalho em excesso.


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Mais

do

que

um

problema

em

si

mesmo,

estes

comportamentos parecem ser, na verdade, sinais ou „sintomas‟ de que algum outro aspecto da vida dessa pessoa clama

por

atenção,

reorganizações.

Quando

conscientização essa

primeira

e

possíveis

tomada

de

consciência acontece, um passo importante já foi dado na direção da real solução da sua dificuldade.

No NPPI os profissionais ajudam os usuários a descobrirem se o uso que fazem da internet é bom – caracterizado, entre outros fatores, pelos contatos sociais, profissionais e afetivos – ou negativo – representado pela perda de relacionamentos, produtividade e quaisquer outros aspectos que pareçam ruins ou que tragam problemas e dificuldades à vida da pessoa (FARAH, 2007, p. 100). Ana Luíza Mano (2011) afirma: “Não consideramos a dependência de internet um transtorno do impulso porque o impulso é uma coisa natural, uma pessoa naturalmente é ou tem atitudes excessivas. A dependência tem relação com os sentidos, as funções”. Segundo Mano, o impulso é algo “instintivo” e a dependência não comporta essa característica, é uma situação que acontece e o adicto tem consciência disso. Segundo Rosa Maria Farah (2007, p. 101), a adicção deve ser pensada pelos próprios adictos, principalmente quando ela pode esconder problemas de natureza grave. Por isso, depois das orientações oferecidas pelo NPPI (que serão estudadas posteriormente), o adicto pode, se estiver preparado, procurar a terapia convencional e a ajuda de um psiquiatra. Depende do caso, mas, em algumas situações, acompanhamentos por longos períodos e o uso de medicamentos são alternativas. Cada adicto sofre com seus problemas com uma intensidade e cada problema tem uma maneira específica de ser tratado. Esta nova adicção ainda não tem conhecimentos ou regras para serem seguidas; ela necessita que cada profissional orientador seja sensível para perceber as diferenças de cada situação e ajude o adicto da melhor maneira possível.


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No Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), desde 2004, a adicção à internet é uma das dependências estudadas pelos profissionais da Universidade Federal de São Paulo. Um dos especialistas, o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior (2011), afirma que as pessoas chegam até o Programa para tratar de diversos vícios relacionados à web: em redes sociais, pornografia, salas de bate-papo, troca de e-mails, sexo virtual, entre outras possibilidades que a rede proporciona. Segundo o psiquiatra, a dependência das redes sociais ainda é um assunto pouco discutido e estudado, por isso, é difícil encontrar estatísticas relacionadas à quantidade de internautas que são ou foram adictos. Ele afirma que existem características genéricas que foram percebidas durante os anos de atendimento, ainda que não representem oficial e comprovadamente uma amostra de adictos. “Sabemos que muitos dependentes de internet têm escolaridade alta e são jovens adultos. Os homens geralmente buscam pornografia e as mulheres, as salas de bate-papo”. Para ele, alguns dos motivos que levam os indivíduos a buscarem a internet e as redes são a fuga da realidade, a liberdade de ser quem a pessoa gostaria de ser (por isso os perfis falsos), sensação de ter controle da situação (já que pessoalmente não é possível disfarçar com tanto sucesso as reações e na internet o tempo pode ajudar o internauta a escolher as palavras antes de usá-las), timidez e fobia social (VIEIRA JR., 2011). No Proad, o diagnóstico para descobrir se uma pessoa é ou não adicta de internet e redes sociais ocorre por meio de conversas, relatos dos próprios usuários e identificação do uso excessivo. “Percebemos que uma pessoa é adicta se ela perde a sua capacidade de escolha, se o uso que faz é descontrolado, se ela passa a ter prejuízos no trabalho, na escola, nas relações sociais”. Aderbal Vieira (2011) enfatiza que os problemas que a dependência pode trazer

para

o

internauta

adicto

estão

relacionados

à

negligência

de

responsabilidades, ter mais amigos na vida virtual do que na presencial, perda de rendimento nas atividades desenvolvidas, má alimentação, sedentarismo e consequentemente, menos prática de exercícios físicos e até mesmo lesões nas mãos (casos mais raros).


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O tratamento oferecido no Proad é feito com a realização de reuniões (terapia em grupo), nas quais os adictos têm a oportunidade de conhecer diversas situações de adicções; dependendo do caso, as terapias podem ser ocupacionais.

Há também a psicoterapia que ajuda o internauta a compreender

o

significado

da

sua

adicção.

Como

geralmente a dependência de internet é a válvula de escape de um outro problema (depressão, transtorno de ansiedade, fobias), esse problema pode ser tratado, se necessário, com medicamentos. Dentro de casa, a internet é uma janela para o mundo (VIEIRA JR., 2011)

Um dos locais em São Paulo que tratam de dependência de internet é o Amiti (Ambulatório Integrado dos Transtornos de Impulso), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Lá, a psicóloga Dora Sampaio Góes é uma das especialistas que desenvolvem terapias e, paralelamente, estudos para acompanhar a evolução dos problemas dos adictos. De acordo com a psicóloga, existem fatores pré-causais que facilitam o desenvolvimento da dependência. “Depressão, Transtorno Bipolar do Humor, pouco apoio social, timidez, falta de habilidade social (que a pessoa não aprendeu ou perdeu, quem não sabe estar em grupo), baixa autoestima” (2011). Dentro da psiquiatria ela destaca ainda o transtorno de personalidade, a fobia social e o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Dora Sampaio Góes (2011) explica que os critérios para diagnóstico são basicamente os mesmos usados para quaisquer outras adicções. A dependência de internet é caracterizada pelo fato de o internauta ficar mais tempo conectado do que gostaria, já ter tentado diminuir o tempo de conexão e não ter conseguido, ter mentido para parentes sobre o tempo online, ter mais amigos virtuais do que reais, deixar as atividades de lado, usar a conexão como forma de melhorar o humor, sentir-se irritado e deprimido se não estiver conectado e ter que ficar cada vez mais conectado para conseguir obter prazer.


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A psicóloga afirma que Kimberly Young é uma das estudiosas pioneiras do assunto. A americana desenvolveu um questionário com oito perguntas que ajudam a identificar a dependência. “Kimberly diz que a pessoa precisa ter cinco das oito características do questionário. Um outro estudioso (que não me lembro o nome), diz que é preciso ter as cinco primeiras e mais uma das três últimas para a pessoa ser considerada adicta”. Segundo a especialista, no Amiti o paciente se inscreve, passa por uma triagem (por telefone, para os profissionais saberem se a pessoa é dependente), preenche uma ficha e passa por uma avaliação neuropsicológica, tem uma consulta com um psiquiatra, que avalia se existe alguma co-morbidade, se a pessoa precisa de medicação e depois inicia nas terapias em grupo.

As reuniões acontecem todas as quintas-feiras, de manhã, durante 18 semanas. Fazemos uma avaliação no início, no meio e no fim, para medirmos os resultados de nosso tratamento. Temos percebido quase 100% de melhora. Não falamos em cura, mas em ausência de sintoma. O objetivo não é que a pessoa pare de usar a internet, mas que tenha controle do uso que faz (GÓES, 2011).

Dora Sampaio (2011) explica que depois de algumas poucas semanas, a internet não é mais nem lembrada, apenas os motivos que levaram à adicção. A web serve como refúgio, principalmente, para pessoas carentes, isoladas e que sentem menos carência à medida que têm mais amigos virtuais. Ao final da terapia os psicólogos fazem uma avaliação clínica e percebem que os adictos tem aumento de suas atividades sociais, melhora no trabalho, nos estudos. “Eles sabem que têm problemas de controle de impulso, mas têm as ferramentas para combater isso”. Ela explica que a pessoa que sofre de transtorno do impulso tem pouca habilidade em lidar com frustrações, não mede as consequências do próprios atos. “O impulso ocorre devido a um aumento de tensão, que provoca satisfação e alívio no momento e depois gera culpa e arrependimento”.


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Segundo Dora Sampaio Góes (2011), a dependência de internet ainda não entrou no DSM ou Manual de Transtornos Mentais, cuja próxima edição será publicada em 2013, já com a inclusão da nova adicção. Para ela, adicção, vício e dependência são equivalentes. O termo mais usado, no entanto, é adicção, por causa da tradução do inglês, idioma em que o problema é conhecido como internet adiction. Grupos – No HC são atendidos adolescentes (até 17 anos) e seus pais (que se reúnem a cada 15 dias), além de adultos (a partir dos 18 anos). Os grupos são formados por 15 pessoas. A cada dia, um tema é trabalhado. “O tema do primeiro dia é „O que tem de bom na internet?‟, uma técnica que usamos para saber o que atrai a pessoa para a rede”. Depois de passar algumas semanas na terapia de grupo, nas quais há vários tipos de dependentes (de internet, de álcool, de drogas ilícitas), formamos grupos específicos, conforme a dependência. Dora Sampaio afirma que as pesquisas sobre o tema começaram na década de 1990, quando a “relação entre homem e máquina passou a ser discutida”.

1.3 A visão da sociedade

Maurício Érnica (2011) é professor e mestre em Antropologia Social, formado pelo Instituto de Ciências Humanas da Unicamp e Doutor em Linguística Aplicada e Estudos da Linguística na PUC/SP. Em entrevista concedida no dia 26 de setembro à equipe contextualizou a sociedade em seu uso das redes sociais nos dias de hoje (2011) e há 10 anos. “Há dez anos, não havia as redes sociais hoje existentes, não havia também os grandes sites de compartilhamento e armazenamento de arquivos. Tampouco havia a tecnologia dos arquivos torrent5”.

5

Torrent é a extensão de arquivos utilizados por um protocolo de transferência do tipo P2P (Peer to Peer).


21

Ele ressalta que há dez anos a conexão de internet era bastante lenta se comparado aos dias de hoje, a banda larga era um artigo de luxo e o acesso era restrito. Segundo seu ponto de vista, esses dois períodos diferem principalmente pelas condições tecnológicas e econômicas. Porém, ainda com essas diferenças, já havia o fenômeno da adicção. Ainda segundo ele, o crescimento ao acesso às redes sociais deu-se em três processos conjugados: evolução dos softwares e hardwares; expansão das possibilidades da rede física de comunicação; barateamento dos computadores e acesso à internet. O maior responsável pela existência e afixação de inúmeras redes sociais é a possibilidade de interação, mesmo com grandes distâncias, que cria possibilidades, gera necessidades e permite a criação de novas formas de sociabilidade. O professor e doutor define o ser humano como incompleto, insatisfeito, mas com potencial, que permite novas criações e descobertas. “Através dessa insatisfação são possíveis novas realizações, reinvenções e o desenvolvimento como pessoas”. Por esse motivo alguns indivíduos buscam nas redes sociais a possibilidade de experimentar um crescimento maior do que em seu curso ordinário do cotidiano presencial. É possível uma encenação de si e até mesmo a mobilização de personagens para experimentar papeis e relações, algo muito próximo com o que se passa nos jogos e nas brincadeiras e que são um antigo tema da psicologia do desenvolvimento infantil. Ele também reforça os riscos que tais adictos podem sofrer, como projetar na vida virtual muitas expectativas, vivências, desejos, necessidades e papeis que não conseguem realizar no curso do cotidiano; não conseguir dar sentido ou encontrar sentido na vida cotidiana. Dessa maneira, o indivíduo pode se excluir por completo da vida presencial.

1.4 As pessoas na internet


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Ivelise Fortim (2007, p. 57) explica que na internet é possível manter personalidades diferentes. Ela cita como exemplo mães de família que ganham dinheiro por trabalharem em sites pornográficos; rapazes acima de qualquer suspeita que atuam como hackers; e adolescentes que levam a sério os acontecimentos de jogos eletrônicos. A vida vivida por meio de computadores, virtual, na qual existem identidades paralelas, pode ser tão real para alguns internautas quanto suas vidas presenciais. No entanto, eles são cuidadosos e, por isso, conseguem ser insuspeitos. As vidas paralelas geralmente são secretas, já que, em grande parte dos casos, estão relacionadas a atitudes criminosas e de liberação de agressividade ou de sexualidade (FORTIM. 2007, p. 58). A vida virtual pode ser tão importante para os usuários, que há jogadores que têm amizade, na vida real, com seus parceiros virtuais. Mesmo que os internautas tenham esse costume, dificilmente alguém de seu convívio sabe realmente a importância de suas vidas e amigos virtuais. Por ser um assunto novo na comunidade acadêmica brasileira, os usuários de internet ainda não possuem um perfil traçado, capaz de definir e caracterizar quem tem ou pode ter a adicção às redes. Os psicólogos entrevistados no NPPI (Ana Luiza Mano, Nádia Destefani, Guilherme de Souza e Andréia Jotta) acreditam que muitas são as possibilidades e que cada caso deve ser estudado de acordo com suas especificidades. Por isso, tais profissionais acreditam que depende do comportamento de cada pessoa conectada para se dizer que a internet traz integração ou isolamento. Essas consequências são determinadas

pela

maneira

como

os

internautas

conduzem

os

seus

relacionamentos virtuais, que podem ser positivos – agregam conhecimento, contatos com pessoas com interesses comuns ou que estejam longe fisicamente – ou negativos, pois não permitem uma interação real e abrem espaço para falsidade e mentiras. Por não ter vida, a internet não é boa ou má, mas possibilita tudo o que o internauta quiser e as consequências das atitudes de cada um é o que delimita se elas serão boas ou ruins. Para o psicólogo Paulo Annunziata Lopes (2007, p. 70), também do NPPI, a internet possibilita que as pessoas se conheçam, mesmo que superficialmente. Esta prática é cada vez mais comum, por meio das salas de bate-papo, dos e-


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mails e do Messenger. A princípio, os internautas se comunicavam apenas por meio de textos. Hoje, com o desenvolvimento dos aplicativos eletrônicos, é possível trocar imagens e sons. Lopes (2007, p. 70) afirma que no mundo virtual a escrita é o primeiro contato que faz os internautas se identificarem ou não. Pelo nome – também chamado de nick, em inglês – ou pelos textos escritos é possível chamar atenção, conquistar ou afastar as pessoas. As primeiras trocas pela internet é que estabelecem se duas pessoas possuem afinidades ou não. Porém, é no convívio e nas relações em que as pessoas se encontram pessoalmente que os indivíduos podem ter reações e isso faz com que eles tenham interesse ou não pelas outras, gostem ou não de certas atitudes e traços da personalidade do outro. Na internet, o processo de conhecimento passa por etapas. Primeiro, as pessoas trocam textos para depois trocarem fotos. Há, entre uma e outra fase, certo distanciamento, que traz conforto e segurança para os internautas antes de se conhecerem pessoalmente. Dessa maneira, eles se sentem confiantes para falarem sobre suas vidas, intimidades, problemas, medos e até fantasias sexuais. Essa liberdade é permitida, pois até não se conhecerem pessoalmente ou trocarem fotos, os internautas sentem-se anônimos. Alguns, mesmo que já tenham visto seus amigos virtuais apenas por imagens fotográficas, têm coragem para falar sobre os temas mais íntimos (LOPES, 2007, p. 71). Aquelas etapas também existem na vida real, mas levam mais tempo para acontecer e, por isso, para se desenvolver grande intimidade. A internet facilita a criação da confiança para se tornar íntimo de alguém, mesmo que virtualmente. Já na vida real a intimidade leva mais tempo para acontecer, pois as pessoas se conhecem e se sentem menos seguras para se abrirem, conversarem sobre planos, medos, entre outros assuntos pessoais (LOPES, 2007, p. 71). Por permitir a possibilidade de se tornar íntimo de alguém com rapidez, mesmo que pelo computador, a web possibilita identificação entre as pessoas, faz com que elas busquem pelas mesmas coisas – sejam elas materiais ou não, como fotos e vídeos ou carinho e atenção – e compartilhem seus problemas, o que gera cumplicidade. Lopes também afirma que com tais facilidades, os internautas podem causar ou perceber nos outros uma imagem irreal, prejudicial.


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Ou podem incentivar o desenvolvimento de afeto e segurança (LOPES, 2007, p. 71). De acordo com as entrevistas realizadas pelos integrantes do grupo com pessoas que afirmam que tanto a internet quanto as redes sociais têm grande importância em suas vidas (que serão mostradas neste capítulo ainda), os relacionamentos ocorridos via rede trazem identificação, conforto, amor, segurança, paz, amizade, sentimento de estarem conectadas com o mundo e, principalmente, com seus amigos, ainda que estes sejam virtuais. Segundo Ivelise Fortim (2007, p. 87), a internet é o espaço ideal para se desenvolver laços sociais, pois as pessoas buscam interesses comuns, seja nas salas de bate-papo, em comunidades, debates em fóruns ou sites especializados.

Uma comunidade virtual é um agrupamento formado na internet onde seus participantes formam laços de amizade (ou inimizade), criam hierarquias sociais e se relacionam constantemente, na maior parte dentro do ciberespaço6, mas também podendo se relacionar fora dele, nos encontros presenciais.

Os internautas que gostam das comunidades virtuais aderem a elas, pois nelas se sentem reconhecidos, melhor compreendidos, aceitos. No ciberespaço aspectos como raça, peso, classe social, altura e aparência não são importantes (FORTIM, 2007, p. 87). O reconhecimento de um internauta acontece devido a suas habilidades na internet, mesmo que ele seja uma pessoa extremamente tímida, por exemplo. Se na vida presencial uma pessoa teria dificuldades em conversar, expor sua opinião, na internet ela se sente confortável para colocar em prática o que sabe fazer, se torna extrovertida, se sente aceita, popular, reconhecida. Esses são os 6

Vide Capítulo 1.8


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principais motivos que levam as pessoas a passarem tanto tempo conectadas ou a tornar essa experiência tão intensa mesmo quando ficam pouco tempo online (FORTIM, 2007, p. 87 - 88). Os indivíduos que estão fora dos padrões atuais de beleza, gordos, feios, pobres, aqueles que não se sentem aceitos na vida presencial, no ciberespaço conseguem se relacionar, se sentir importantes, valorizados (FORTIM, 2007 p. 88).

Nas comunidades de blogs7, listas de discussão ou Orkut, são

reverenciados

e

reconhecidos

os

usuários

que

escrevem melhor, que tem os melhores textos – que podem não ter relação alguma com um bom português! Um bom texto, nesses casos, é aquele que consegue prender a atenção do leitor, transmitir carisma, ou que expressa idéias consideradas pela comunidade como interessantes. Nos blogs e flogs8, a questão visual ainda se faz presente, e são reconhecidos aqueles que têm boas habilidades com imagens e animações gráficas.

A tendência é que cresça a percepção, pelos profissionais e pela sociedade, de pessoas que se tornam adictas à internet e redes sociais ou que as usam para atingir sua adicção, segundo Guilherme de Souza (2011). Isso porque

7

Blogs: segundo o site Infoescola, os blogs são espaços que permitem que qualquer pessoa tenha uma página na internet para poder se comunicar, escrever textos, publicar imagens, entre outras possibilidades. As principais características dos blogs são: rápida atualização por parte do proprietário e limitação no que diz respeito ao projeto gráfico. Disponível em <www.infoescola.com/informatica/o-que-sao-blogs>. 8

Flog: de acordo com o site Infoescola, o flog é a evolução do blog. Permite o aprimoramento do conteúdo da página, por meio de fotos, cores e permite a inserção de materiais por meio de códigos de programação. Disponível em <www.infoescola.com/informatica/o-que-sao-fotologs>.


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os internautas não têm tanta orientação ou uma educação específica sobre como usar tal ferramenta de comunicação.

A cada geração as pessoas acostumam mais com a rede e a tendência é que cresça o número de pessoas que se conectam à internet e, consequentemente, de pessoas que se viciam nela. Na verdade, depende de cada internauta e do uso que faz da internet. De 12 anos para cá, percebemos a diferença nas orientações. As pessoas nos procuram mais e falam de seus problemas de maneira mais aberta.

1.5 Atendimento Psicológico pela Internet

Segundo Guilherme de Souza (2007, p. 170), os serviços de internet inicialmente restringiam-se ao comércio e as operações bancárias, mas atualmente com seu grande desenvolvimento, partiram para outras áreas, como educação, saúde, direito e serviços. Na área de serviços de saúde surgiram, então, os sites de ajuda psicológica. Como em outros segmentos da internet, tais ofertas de serviços nem sempre eram confiáveis, pois muitos desses sites não eram mantidos por profissionais da psicologia. O NPPI teve início com o objetivo de facilitar o contato entre a comunidade e a Clínica Escola da PUC/SP, além de divulgar cursos e demais serviços oferecidos à população. Com o tempo, os profissionais passaram a receber mensagens e questionamentos dos usuários, o que levou os psicólogos a refletirem sobre questões éticas, já que até então, os serviços vinham sendo prestados no modelo tradicional, ou seja, presencial, em que há contato direto do psicólogo com o usuário (SOUZA, 2007, p. 170).


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Surgia, então, um novo método de atendimento, que mesmo com limitações - já que o profissional não poderia interpretar a linguagem corporal e o tom de voz do adicto - conseguiu ser transformado em uma nova técnica na qual a escrita e o conteúdo dos textos podiam ajudar os profissionais no serviço que ofereciam. Assim, com a aplicação do novo modelo, a escrita passa a ajudar a definir o grau de ansiedade de um indivíduo ou ainda o nível de angústia de uma pessoa (SOUZA, 2007, p. 170 - 171). Desta forma, como tal método de atendimento ainda é recente, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) liberou tais procedimentos apenas para a finalidade de pesquisa e proíbe o atendimento profissional (SOUZA, 2007, p. 171 - 172) O pesquisador do NPPI diz que, por não haver o relacionamento direto entre o psicólogo e o usuário, não se faz psicoterapia, apenas uma orientação, que é menos profunda e por um período de duração mais curto. É através dessa orientação que os profissionais indicam o tipo correto e mais adequado de tratamento, no qual a psicoterapia está inclusa. A orientação se ramifica em várias formas, pois além da área emocional, há orientações específicas quanto a questões familiares, de aprendizagem, sexuais, dentre outras (SOUZA, 2007, p. 172). Quando a modalidade de atendimento não presencial surgiu, muitos psicólogos se mostraram avessos à prática, já que não haveria o contato do profissional com o usuário. Alguns acreditavam que o atendimento seria superficial, o que infringia, teoricamente, princípios éticos e basilares da Psicologia tradicional (SOUZA, 2007, p. 172). Para o psicólogo, os opositores chegaram a associar a orientação online ao termo “psicologia de revista”, muito utilizado para aquelas orientações abrangentes e inespecíficas, nas quais temas de interesse comum da sociedade são abordados superficialmente, em programas de televisão ou cartas enviadas a revistas – origem do termo. E assim, como a psicoterapia trabalha a individualidade do usuário, uma resposta mais abrangente não seria considerada terapêutica. Entretanto, pela internet pode-se responder individualmente ao


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usuário, é praticável um atendimento aprofundado e mais específico, que leva em conta um novo método de avaliação da escrita, razão pela qual o atendimento online não pode ser de maneira alguma rotulado como psicologia de revista (SOUZA, 2007, p. 173). Ana Luiza Mano (2011) afirma que todos os atendidos pelo NPPI entram em contato via correio eletrônico, porque este meio não expõe a pessoa, que se sente mais confortável para falar sobre a adicção sem ter que se identificar. Finalmente, Souza (2007, p. 174) explica que as orientações psicológicas oferecidas pela internet devem ser encaradas com seriedade somente se o site tiver o selo do Conselho Federal de Psicologia. Essa é uma garantia de que a página teve suas propostas de atendimento e de orientações devidamente avaliadas e aprovadas pelo Conselho, de acordo com as diretrizes éticas da profissão.

1.6 Possibilidades e Desafios da Orientação Psicológica Via Email

Para o psicólogo Paulo Annunziata Lopes (2007, p. 175), causou espanto o fato de que a partir da criação da home page da Clínica Psicológica da PUC SP, os profissionais da psicologia, que em tese são totalmente avessos e apartados das máquinas e cálculos, passarem a dedicar suas horas de trabalho em frente a um computador. Para Lopes (2007, p. 175) quando os profissionais do NPPI comentam com seus pares ou outras pessoas da população que atuam na interface das áreas (Psicologia e Informática) a reação é sempre a mesma: assombro. Sempre paira a pergunta: existe relação entre tais campos de conhecimento? A resposta pode ser dada mediante as experiências da equipe do NPPI: sim. O próprio serviço de recebimento de emails e elaboração das respostas com orientações é prova disso. Inicialmente tal modalidade de orientação não fora


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planejada nem tampouco divulgada, mas surgiu da demanda da comunidade, que enviava suas mensagens, questionamentos, anseios e dúvidas de inúmeras partes do Brasil e até do exterior. Assim, como evolução natural, o serviço passou a ser prestado àqueles que têm acesso à internet (LOPES, 2007, p. 175). Ana Luiza Mano (2011) explica que o atendimento acontece via email e por escrito porque escrever traz regularidade para a vida do usuário e assim ele consegue organizar o problema. “Muitos já entendem melhor o problema só de escrever, fica mais fácil para trabalhar e orientar os usuários, pois eles passam a entender melhor o que estão passando”. Lopes (2007, p. 176) lembra que inicialmente os psicólogos do Núcleo tiveram que travar uma grande batalha, pois a procura era muito superior ao potencial de atendimento. E mais.

O potencial de trabalho não havia sido

preparado para tal tarefa. Conforme as questões surgiam, a equipe se deparava com a necessidade de novos métodos e ainda da quebra com as antigas metodologias, já que deveria desenvolver uma nova forma de interpretar os textos, a linguagem escrita. Também havia o temor de se interpretar uma mensagem e de se colocar em risco todo o processamento e subjetividade da mesma. Surgiram ainda as dúvidas quanto aos limites da psicoterapia online que só é permitida em caráter de pesquisa e ainda, o temor pela segurança das informações que atravessariam a internet e poderiam ser lidas ou até modificadas por terceiros. O psicólogo afirma que face a tantas novidades, os psicólogos passaram a experimentar sensações de medo, angústia, aflição, compaixão, pois teriam a responsabilidade de responder a pessoas de locais distantes, com os mais diversos problemas (LOPES, 2007, p. 176). Os trabalhos passaram então a ter uma supervisão da leitura dos emails, documentação e registro desde o ano 2000 e vem sendo realizada pelo professor Lourival de Campos Novo. Alguns profissionais notaram que na prática eles têm mais perguntas do que respostas, o que os levou a uma nova realidade, na qual os recursos costumeiros, como o contato pessoal, expressões corporais, postura, tom de voz não estão disponíveis para ajudar no atendimento. Isto mexeu com a


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neutralidade de postura diante dos textos e ainda modificou concepções, rompeu barreiras, trouxe à tona questões éticas, inclusive (LOPES, 2007, p. 177). Apesar de documentar as orientações, o NPPI não pode divulgar informações sobre seu banco de dados, portanto, a equipe de TCC não conseguiu traçar um perfil dos atendidos, de pessoas com características em comum que possam identificar quem é adicto à internet e/ou redes sociais ou mesmo quem tem predisposição para esta adicção. O que se nota, segundo Nádia Destefani (2011), psicóloga do Núcleo, é que a maioria dos homens é viciada em pornografia; a maior parte das mulheres, nas redes sociais, em busca de relacionamentos e novas amizades; e os adolescentes, em jogos eletrônicos. Apenas com tais informações não é possível delimitar um perfil dos usuários, pois faltam dados como escolaridade, nível socioeconômico, faixa etária, entre outros. Assim, os psicólogos passaram a enfrentar uma margem de erro maior, mas também passaram a ser mais desafiados em sua capacidade e a refletir quanto ao conteúdo das palavras e os sentimentos e sensações que as mesmas guardam quando enviadas num email. Passaram a criar uma nova consciência de suas próprias palavras, quando lançadas no papel (LOPES, 2007, p. 177).

1.7 Tipos de Orientações Oferecidas no NPPI

Guilherme de Souza (2011) explica que no NPPI existem três tipos de orientação. A Pontual é feita por meio de uma a duas trocas de email. Aproximadamente 30 atendimentos desse tipo são feitos por mês. Esta é uma orientação para um problema específico, por isso, não é feita uma investigação sobre a família, o trabalho, o passado da pessoa. É uma ajuda rápida. Por exemplo: pessoas que brigam com o cônjuge e se sentem tristes, sem saber o que fazer. O profissional do Núcleo analisa a situação somente pelo email que recebe do atendido e responde, tentando suprir as necessidades daquela pessoa e ajudá-la a superar aquele momento, aquele problema pontual em sua vida.


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Já o tipo Orientação Estendida é caracterizada por cerca de 10 trocas de emails. Ela também é chamada de TOL – Terapia Online, oferecida para quem está longe, em outros países, mas se interessa ou precisa de apoio. Há também a orientação chamada Vício em Internet. A cada mês, em média, são recebidos 10 novos casos. Aqui, a troca de emails acontece de oito a 10 vezes, e os psicólogos fazem uma investigação mais aprofundada. A partir do terceiro ou quarto email o usuário já não cita mais a internet, mas o motivo que embasa sua adicção. Há apenas um caso presencial, de pessoa que vai até a clínica para ser orientada, porém, os psicólogos não puderam fornecer informações sobre este atendimento em respeito à privacidade do usuário.

1.8 Histórico do NPPI

Segundo o site http://www.pucsp.br/nppi, o início das atividades do NPPI foi em 1995, quando um projeto de informatização da Clínica Escola da PUC – SP foi instaurado. O novo empreendimento visava estreitar o relacionamento da sociedade com o Serviço de Informática da Clínica Escola da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e este, por sua vez, objetivava aumentar e melhorar o relacionamento com a comunidade acadêmica. Os professores integrantes do serviço propuseram uma edição informatizada do Boletim Clínico, lançado pelo Professor Doutor Efraim Boccalandro. Com o aumento do uso da internet, o Núcleo passou a receber, via email, mensagens com questionamentos diversos e solicitações de orientações para problemas pessoais. Assim, a equipe precisou encontrar uma maneira de responder às correspondências eletrônicas, o que deu início a um processo de desenvolvimento de ações pioneiras no que diz respeito à Informática e Psicologia tratadas em conjunto. Naquele mesmo ano de 1995, a internet aberta chegava ao Brasil e os profissionais perceberam a importância da interatividade agregada ao uso da


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rede. Informalmente, a chefia da clínica ajudou os integrantes a desenvolverem o site da Clínica Psicológica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, apresentado em julho de 1997, durante o XXVI Congresso Interamericano de Psicologia, realizado na própria faculdade. A página foi instituída para divulgar materiais pesquisados e serviços prestados. Por causa da resposta da comunidade à nova ferramenta de comunicação, novos serviços foram incorporados aos Serviços Psicológicos Mediados por Computadores e, paralelamente a isso, a equipe do NPPI teve sua atuação definida, que era parecida com a atual, além de ter sido inserida nos Serviços Multidisciplinares da Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic. O editor e diretor da página Vya Estelar do site Uol9, Ângelo Medina (2011, p. 7) lembra que em 2003 os integrantes do NPPI foram convidados a escrever a coluna Cyberpsicologia, no site, em que faziam esclarecimentos aos leitores sobre a nova tecnologia, ainda que a internet fosse nova e passasse por mudanças rapidamente. O Núcleo também passou a focar em outros serviços psicológicos oferecidos pelo computador, hoje regulamentados pelo Conselho Federal de Psicologia, como orientação psicológica via email, que originou o atendimento a pessoas que usam de maneira excessiva a Informática ou a Internet. Atualmente, as funções da clínica são estudar, pesquisar e prestar serviços à população sobre o assunto (FARAH; FORTIM, 2007, p. 15). Outra prioridade do NPPI é divulgar, no meio acadêmico e para a comunidade, pesquisas relacionadas à área de Psicoinfo10, tarefa realizada com publicações de livros, entrevistas concedidas a veículos de comunicação, promoção de cursos e participação em eventos relacionados ao tema (FARAH; FORTIM, 2007, p. p17).

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Universo Online, disponível em <www.uol.com.br>.

10

PsicoInfo: área do conhecimento que abrange Psicologia e Informática (FORTIM; FARAH, p.17, 2007).


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O NPPI está atualmente locado na Clínica Psicológica da PUC/ SP, na Rua Monte Alegre, 961, São Paulo, Capital. Telefones: (11) 3670-8040 e 36708041. Email: nppi@pucsp.br.

1.9 A História da Internet

Considerada hoje a principal fonte de informação da maioria das pessoas, de fácil acessibilidade e rapidez de contatos, a internet provou ser uma importante ferramenta de comunicação. De acordo com o cientista social Manuel Castells (2001, p. 13 - 33), a internet foi criada pela agência norte-americana Advanced Research and Projects Agency (Arpa), em 1969, nos Estados Unidos da América (EUA). Conhecida também como Arpanet, a internet foi desenvolvida para conectar os computadores, como uma ferramenta de trabalho e pesquisas. A conexão entre a rede de computadores dava-se pelo uso de linhas telefônicas interligadas, por redes de comunicação privadas, fibras e outros meios de comunicação, que davam acesso a programas. O objetivo era separar todos os computadores de um único computador central, para evitar a perda geral de dados, caso algo ocorresse com o servidor principal. Com medo de ataques, o Departamento de Defesa dos EUA criou um plano de segurança para prevenir a perda da comunicação. Tal sistema de rede não centralizava o comando em um ponto central, o que fazia com que as informações fossem expandidas. Se houvesse um ataque, mesmo que fossem atingidas, as informações tomariam outro rumo até que outros computadores fossem avisados (CASTELLS, 2001, p. 13 - 33). Castells (2001, p. 13 - 33) afirma que a primeira fase de experimentos fora da base militar ocorreu em 1972 com apenas quatro pontos de conexão: na Universidade da Califórnia (Ucla), em Los Angeles, Instituto de Pesquisas de Stanford (SRI), Universidade da Califórnia (UCSB), em Santa Bárbara, e Universidade de Utah, em Nevada. Em 1973, o governo dos Estados Unidos passou a cuidar da administração da Arpanet, mas foram Vinton Cerf e Robert


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Kahn que criaram um sistema que permitiu a interação entre dois computadores quando conectados na rede, permitindo posteriormente a expansão para mais do que dois. A partir desse momento, começa a se formar a rede de protocolos Transfer Control Protocol/ Internet Protocol (TCP/IP), uma espécie de suporte para os computadores interagirem em rede, conectados à internet. Outras redes com comandos parecidos com os da internet surgiram, como a CSNet, BitNet, NSFNet e MilNet, porém, nenhuma delas obteve sucesso e precisaram juntar-se à grande rede formada pela internet (CASTELLS, 2001, p. 13 - 33). Em 1981 ocorreu uma grande expansão da internet. Primeiro, para centros universitários; depois, para as residências, devido à acessibilidade e facilidade em adquirir computadores. Já no início dos anos 1990 a popularização da ferramenta chegou a um milhão de computadores interligados. Nasce então o World Wide Web, famoso como www, criado para facilitar a comunicação e aumentar o contato entre pessoas distantes fisicamente, por meio do correio eletrônico, o email (CASTELLS, 2001, p. 13 - 33). Segundo Castells (2001, p. 13 - 33), no início, a internet não permitia troca de informações além de textos padrões. Com o www, a rede passou a permitir a troca de dados, sons, imagens e outros recursos em tempo real. Antes de chegar ao mercado o tão usado e conhecido Internet Explorer, em 1993 surge o Mosaic, navegador que unia a internet com a web, possibilitando a troca de informações entre usuários diretamente de seus computadores em casa. Depois do Mosaic, surgiram o Netscape e o Explorer (CASTELLS, 2001, p. 13 - 33). Além da internet existem as redes internas, com acesso restrito a um público específico, como o de empresas, por exemplo. Elas são conhecidas como intranet. (CASTELLS, 2001, p. 13 - 33).

1.9.1 A internet no Brasil


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Segundo o jornalista Eduardo Vieira (2003, p. 63), a chegada da internet no Brasil foi em 1988, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ligada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SECT). Foi lá onde aconteceu a primeira conexão por meio de parceria com o Fermilab (Fermi National Accelerator Laboratory). Marco na história do Brasil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) também fizeram as primeiras conexões e interagiram com universidades americanas. Foi no ano de 1991 que o governo federal criou a Rede Nacional de Pesquisas (RNP), a primeira no Brasil, que criou pontos de conexão nas principais capitais brasileiras e deu acessibilidade à rede para grandes universidades, órgãos públicos, fundações de pesquisa e órgãos nãogovernamentais em todo o País.

1.10 A Internet na Sociedade e Cibercultura

O termo "ciberespaço" foi utilizado pela primeira vez no romance de ficção científica Neuromance, escrito em 1984, por William Gibson. No livro o termo designava o universo das redes digitais, determinado como um "campo de batalha entre multinacionais, um verdadeiro local de conflitos mundiais e uma nova fronteira econômica e social” (LÉVY, 1999, P. 92). Para o escritor Pierre Lévy (1999) o ciberespaço é um "espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias deles". Dentro desta definição estão os sistemas de comunicação eletrônicos (e-mails). Uma das funções do ciberespaço é acessar recursos de um computador a distância. É possível, através dele, acessar computadores de um outro lugar (se houver autorização) para fazer cálculos ou outros serviços. Também é possível acessar banco de dados ou a memória deste computador distante (LÉVY, 1999, p. 93).


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Uma vez que informações públicas estejam no ciberespaço, qualquer usuário pode utilizá-las da maneira que quiser, pois este material se torna disponível. É possível, além de ler um livro, navegar em um hipertexto, ouvir músicas, enviar fotos, textos, vídeos, entre outros, ou seja: transferir dados ou fazer uploads. A revolução tecnológica e também cibernética vem transformando cada vez mais o cotidiano do ser humano. Um bom exemplo disso são os círculos de amizades virtuais, que crescem à medida que as redes sociais ganham mais espaço na vida das pessoas. A navegação virtual por diversos tipos de lugares diferentes faz com que a ideia de aldeia global se torne algo real. No final do século XX, com o surgimento da rede digital e do ciberespaço, o virtual passou a fazer parte da vida social. Contudo, o ciberespaço é uma forma de virtualização informacional da rede, que cria, por meio de computadores conectados à rede, uma conexão e relacionamento capazes de criar um espaço de sociabilidade virtual. Com o ciberespaço, muitas transformações sociais em diversos campos de atividades surgiram, o que é chamado de sociedade em rede. Surgiram empresas virtuais que têm a internet como base de atuação, movimentos sócio-culturais e políticos que atingiram as principais mídias. Em suma, o ciberespaço é um espaço constituído com tudo o que é relacionado à internet. A cibercultura, segundo o antropólogo Arturo Escobar (1997), no site www.cfh.ufsc.br/~guima/ciber.html, abrange fenômenos relacionados à forma de comunicação mediada por computadores, porém, é mais amplo. Ele a define como um pano de fundo das novas tecnologias, em especial as relacionadas à comunicação digital, à realidade virtual e à biotecnologia. O ciberespaço acaba gerando novas relações sociais com uma estrutura própria, que geralmente não são inéditas, mas reformuladas como sociabilidade adaptada às novas condições, tanto de espaço e de tempo virtual, quanto de agentes sociais dinâmicos. Escobar diz que a cultura do ciberespaço mantém uma série de semelhanças com a atual cultura. Para ele, elas são decorrentes de um projeto intencional ou de próprio desenvolvimento, são verificadas na medida em que a teoria utilizada para pensar a sociedade real possa ser transposta com sucesso para a análise da sociabilidade virtual. Assim, as ferramentas da antropologia são adequadas para tratar questões relativas ao ciberespaço.


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O ciberespaço não pode ser considerado total e homogêneo. Da mesma forma que em sociedades completas a experiência de alteração do seu interior é vivenciada de forma intensa. As comunidades virtuais, redes sociais, grupos de discussão são como tribos de interesses e significados compartilhados. Segundo o antropólogo Mário José Lopes Guimarães Jr (1997), em http://www.cfh.ufsc.br/~guima/ciber.html, as relações surgidas via internet, a maneira como elas são iniciadas, o desenvolvimento das histórias e até mesmo o “cibersexo” são questões mais decorrentes com o avanço e o crescimento do ciberespaço.

A partir da facilidade da criação de uma personagem o jogo de

sedução é comum.

1.11 Introdução às redes sociais

Segundo levantamento realizado pelos integrantes do grupo, as redes sociais são sites de relacionamento via internet. Tais sítios geralmente funcionam com base em perfis de usuários, que publicam suas características pessoais por meio de textos, compartilham fotos, vídeos, músicas e diversos tipos de arquivos. Normalmente, possuem ferramentas para manter a privacidade de seus usuários, como o bloqueio de informações para pessoas não cadastradas.

1.11.1 Twitter

Segundo a analista de conteúdo do site Baixaki Beatriz Smaal (2011), em http://www.tecmundo.com.br/3667-a-historia-do-twitter.htm, Biz Stone e Evan Williams (criador do Blogger) saíram da organização Google para fundar uma empresa de podcasting11, a Odeo. Em março de 2006, Jack Dorsey, Evan Williams e Biz Stone criam o Twitter. A ideia surgiu em uma reunião em que se falava sobre um serviço de troca de status semelhante a troca de Short Message 11

Podcasting: arquivo de áudio mundialmente padronizado, que permite distribuição automática. Disponível em <www.oglobo.com.br/podcasting>.


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Service (SMS) – serviço de mensagem curta - do celular. Chamado inicialmente de Status, o Twitter tinha como objetivo o envio de mensagens curtas via celular. O nome surgiu, pois quando recebia o SMS a vibração do celular era parecida com o som “twich”. Beatriz informa que o nome não agradou e, ao buscar termos semelhantes no dicionário, Dorsey e seus companheiros encontraram a denominação Twitter, que do inglês para o português tem dois significados: “uma pequena explosão de informações inconsequentes” e “pio de pássaros”, animal mascote do site. Ambos os significados combinavam com o conceito da ideia inicial. O primeiro Twitter era usado internamente na Odeo. Foi lançado publicamente em julho daquele mesmo ano. Em agosto, os três fundadores e outros membros da Odeo fundaram a Obvious Corporation, que continha o domínio do twitter.com. Conhecido como um microblog por permitir a publicação de textos com apenas 140 caracteres, a Twitter tornou-se uma companhia separada tempos depois, em abril de 2007. Segundo Beatriz, no mesmo ano, o festival de músicas e filmes para novos talentos South by Southewest (SXSW), traz a tecnologia a público, em conferências interativas. Naquela edição, foram colocadas duas telas de 60 polegadas no principal local de encontro do evento, demonstrando mensagens trocadas via Twitter. A repercussão foi tão grande que as mensagens diárias passaram de 20 mil para 60 mil durante os dias do festival, permitindo que seus criadores recebessem o prêmio Web Award, concedido pelos organizadores do festival. Os trending topics - tópicos da moda -, ou seja, os assuntos mais falados no momento, uma das ferramentas do microblog foram criados em abril de 2009. Os TT‟s (como são popularmente conhecidos) são um sistema de busca em tempo real.

1.11.2 Facebook


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Segundo o escritor Ben Mezrich (2010, p. 84), em fevereiro de 2004, os então amigos Mark Zuckeberg e Eduardo Saverin (brasileiro) lançaram o Facebook do dormitório da Universidade de Harvard. A princípio o objetivo era colocar os estudantes em contato uns com os outros, compartilhando fotos e encontrando novas pessoas. Inicialmente, o site chamava thefacebook.com e tornou-se extremamente popular no campus da universidade. Um mês após seu lançamento os criadores expandiram seu alcance para as Universidades de Stanford, Columbia e Yale. No ano de 2005 o sistema é ampliado, podendo chegar a mais de 800 centros universitários em todos os Estados Unidos, somando assim, mais de 5,5 milhões de usuários ativos na rede. Em agosto do mesmo ano, os fundadores decidem mudar o nome do site para Facebook. Eduardo Saverin era estudante de economia e conheceu Mark Zuckeberg em uma festa na universidade. O brasileiro foi o responsável pelo financiamento do projeto; viajava a Nova York em busca de investidores e anunciantes para o site (MEZRICH, 2010 p. 23). Mark Zuckeberg era considerado um nerd pelos alunos do campus. Gênio da informática sempre andava de sandálias e moletons e julgava que o site seria o caminho mais curto para a fama. Ainda quando estudava em Harvard invadiu o servidor da Universidade e desenvolveu uma base de dados para os estudantes verem as fotos uns dos outros e dar notas às alunas, o que gerou uma pane no sistema e sua quase expulsão. Essa atitude seria o primeiro passo para a criação do Facebook (MEZRICH, 2010, p. 20). Em maio de 2006 o Facebook se expande para aderir às redes de trabalho; no mesmo mês são lançadas plataformas de desenvolvimentos e novas aplicações surgem, além de acontecer a união à Microsoft, como uma forma de relacionamento estratégico. Em setembro daquele ano o registro do site é expandido e todas as pessoas com acesso à internet podem usá-lo. Em novembro o site é lançado em mais de 20 sites parceiros e em dezembro o número de usuários ativos chega a 12 milhões (MEZRICH, 2010, p. 20). Para usar o Facebook é necessário criar uma conta gratuita no site. Para isso, os usuários necessitam ter pelo menos 13 anos de idade e, menores de idade devem estar na escola. É necessário ter um endereço eletrônico (email) válido. Logo após se cadastrar é necessário preencher um formulário, cujos


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campos são, entre outros, nome, data de nascimento, local de moradia, de trabalho e de estudo12.

1.11.3 Orkut

Segundo o site da Editora Abril, o mundoestranho.com.abril.com.br, uma das primeiras redes sociais que teve grande número de adeptos, principalmente no Brasil, foi o Orkut. Criado em 24 de janeiro de 2004 por Orkut Büyükkokten – pós-doutorado em Ciência da Computação e responsável pelo desenvolvimento do embrião do site na Universidade de Stanford, na Califórnia - esta rede tinha o objetivo de fazer com que seus usuários adquirissem novos amigos e conseguissem relacionamentos. Hoje, os brasileiros são a maioria de usuários desta rede, somando aproximadamente 23 milhões. O Orkut não foi criado para ser um site de relacionamento como os outros que existem. É uma rede social com propósitos que variam de acordo com os interesses de cada usuário. Por exemplo: alguns o utilizam como uma forma de encontrar amigos antigos, paquerar, fazer novos amigos, entre outras ações. De acordo com o próprio site, orkut.com, para se criar um perfil é necessário abrir uma conta no Google. O usuário pode escolher entre os seguintes perfis: 1) social: em que a pessoa descreve seus livros, filmes, comidas, entre outros itens preferidos. 2) profissional: neste espaço, o usuário escreve sobre trabalhos desenvolvidos, cursos realizados, área em que atua. 3) pessoal: aqui são dispostas informações pessoais e físicas, para aqueles que querem, além de encontrar amigos na rede, conseguir um relacionamento. Ainda segundo o site da Editora Abril, o Orkut, apesar de ser uma rede de relacionamentos com o intuito de “fazer amizades” tem um limite de “amigos” por página pessoal. O número permitido é de mil usuários, que podem ser divididos em amigos, bons amigos, melhores amigos e desconhecidos.

12

Disponível em: <http://www.facebook.com/help/?page=904&hloc=pt_ PT>.


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As comunidades existentes no site são criadas como um Fórum de Debates dentro da rede. Qualquer pessoa cadastrada pode criar uma com o tema que quiser. Este recurso, no entanto, possui consequências negativas, como polêmicas em comunidades, violência de torcidas organizadas, apologia ao terrorismo, drogas, álcool, pedofilia e propagandas (spans). Mas também tem um lado positivo: o compartilhamento de experiências, discussões com profissionais de várias áreas, entre outras possibilidades.

1.11.4 Sônico

O Sonico,com (segundo o próprio site) é uma rede social da América Latina, fundada em julho de 2007. O objetivo desta rede é organizar a vida das pessoas de maneira online, permitindo que indivíduos, organizações e marcas interajam facilmente, com total controle de sua privacidade. O site possui mais de 50 milhões de usuários cadastrados. O Sônico possui três escritórios: Buenos Aires, São Paulo e Miami e sua equipe soma mais de 70 profissionais. No ano de 2009 a BusinessWeekn escolheu este site de relacionamento como o 5° startup de tecnologia com maior projeção de crescimento global. Em maio de 2008 seus donos receberam mais de US$ 6 milhões de rendimentos em sua primeira rodada de financiamento13.

1.11.5 MySpace

O Myspace é um site voltado para o entretenimento social que visa atingir a Geração Y14. Ele visa a interação social por meio de música, celebridades, televisão, cinema e jogos. Dentro dele ainda há o Myspace Música, que serve 13

Disponível em <http://www.sonico.com/publico/sonico_corporate.php?ref=index>.

14

Geração iniciada com a ascensão da internet.


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como um catálogo de áudio e vídeo, transmitidos de forma gratuita, para os usuários e também serve como ferramenta de divulgação para músicos. A empresa tem sede em Beverly Hills, Califórnia15.

1.11.6 Flickr

O Flickr.com é um site destinado para hospedagem e compartilhamento de fotos e vídeos online. Ele facilita a transferência de arquivos de uma pessoa para a outra. No Flickr é possível permitir que amigos, famílias, empresas ou contatos organizem as fotos, uma maneira mais fácil de interação. Além disso, os mesmos podem comentar as fotos ou vídeos16.

1.11.7 Linked In

O LinkedIn começou durante o outono estadunidense de 2002 por Reid Hoffman, seu cofundador. Seu lançamento oficial, porém, só aconteceu em 5 de maio de 2003, conquistando em um mês mais de 4.500 usuários. Seu principal objetivo são os negócios. Nele é possível ser feito o cadastro profissional do usuário. Desde agosto de 2011, o site é considerado a maior rede profissional do mundo e mais da metade de seus usuários são de fora do seu país de origem. Disponível em <http://br.press.linkedin.com/about>.

1.12 A História das Lan Houses 15

Disponível em <http://www.myspace.com/Help/AboutUs>.

16

Disponível em <http://www.flickr.com/about/>.


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De acordo com a antropóloga Vanessa Andrade Pereira (2007, p. 3), lan house é um estabelecimento comercial que oferece diversos serviços via computador, como xerox, impressões, elaboração de currículos, entre outros. Esses computadores disponibilizam acesso à internet para os clientes que ficam interligados através de uma rede local. Em português, o termo significa “casa com área de rede local‟. Pereira (2007, p. 3) explica que o conceito de lan house tomou forma em 1996 na Coreia do Sul, onde os estabelecimentos comportavam inúmeros computadores interligados em rede e diversos jogadores competiam entre si. No Brasil, a primeira lan house surgiu em 1998 quando o empresário Sunami Chun voltou daquele país asiático e trouxe consigo o projeto de abrir vários estabelecimentos. A Monkey Paulista chegou a ter até 60 lan houses, a maior rede nacional. A última loja da franquia encerrou suas atividades em abril de 2010. A primeira era endereçada na Alameda Santos, no bairro Cerqueira César, em São Paulo.

1.13 Acesso à Internet no Brasil

Entre 2008 e 2009, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), avaliou no período de três meses quantas são as pessoas acima de 10 anos que utilizam a internet nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste do País. A pesquisa apurou que existem no Brasil aproximadamente 70 milhões de usuários de internet. O maior número de acessos está na região Sudeste com 51.349 e a faixa etária que domina os acessos e de 10 a 14 anos, com 27.747 usuários. A região com menor número é a Norte com 6.242; no local, 1463 usuários entre 10 e 14 anos são os que mais acessam. A pesquisa também mostra que o maior número de acesso está entre mulheres, sendo 28.169, e os homens com 27.730. A faixa etária que mais


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acessa a internet entre elas é de 30 a 39 anos, com 5.020 acessos. Na região Sudeste concentra-se o maior número de acesso, com 27.775 usuários. Entre os homens a maioria que acessa a Internet está dentro da idade de 15 e 24 anos e a região que mais possui acessos pelo sexo masculino é a região Sudeste, com 29.825 de usuários.

1.14 Acesso às Redes Sociais no Brasil

A seguir estão os dados da pesquisa denominada “Estudo Exclusivo sobre o Fenômeno das Redes Sociais no Brasil”, realizada de 2 a 15 de setembro de 2010, na qual 8561 pessoas foram entrevistadas, a partir de 10 anos, em 11 regiões metropolitanas do país (Campinas, Belo Horizonte, Grande São Paulo, Distrito Federal, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Fortaleza, Recife e Salvador), com representatividade de 25 milhões de usuários de redes sociais. As informações foram recebidas pelo grupo em formato de apresentação, via Assessoria de Imprensa do Ibope Mídia. Os estudos mostram que o Orkut foi a rede social responsável pela entrada da internet no Brasil. Para os 82% de pessoas que acessam as redes, o Orkut foi a primeira experiência em relacionamento virtual. No entanto, atualmente, os números mostram que a pioneira está, talvez, perdendo sua posição de líder: 50% dos internautas usam o Orkut menos do que antes; 30% usam mais; e 20% usam igual à antes. Aproximadamente 60% dos internautas usam as redes há três anos ou mais, dado que mostra como o novo modelo de relacionamento foi agregado à vida da maioria das pessoas. A frequência com que os internautas brasileiros acessam é: 37%, mais de uma vez ao dia; 25%, uma vez ao dia; 29%, uma ou duas vezes por semana; e 9%, uma ou duas vezes por mês. Desse total, um terço fica conectado às redes no mínimo uma hora por dia. As estatísticas do levantamento mostram que as redes sociais têm adeptos no país todo. Em regiões diferentes, o acesso é grande, como: Fortaleza (70%), Recife (70%), Distrito Federal (60%), Salvador (77%), Curitiba (65%), São


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Paulo (64%), Belo Horizonte (61%), Porto Alegre (73%), Campinas (52%), Florianópolis (82%) e Grande Rio de Janeiro (74%). De acordo com os dados, praticamente todos os internautas brasileiros acessam as redes sociais, e as classes AB e C tem a mesma quantidade de participação: 45% formados pela classe AB; 45% pela C; e 10% pela DE. Entre as redes com mais acessos estão o Orkut (91%), Facebook (14%, sendo a classe A detentora de 41%), Twitter (13% ou 28% para a classe A), Myspace (2%) e Sonico (1%). Os perfis que os internautas costumam seguir no Twitter são os de amigos e família, com 74%; seguidos dos de celebridades e artistas, com 60%; em seguida vem os de jornalistas e sites de notícias, com 35%; os de empresas e profissões relacionadas ao trabalho, com 26%; e empresas e produtos que consomem, com 18%. A nova forma de se relacionar é um costume que passa de filho para pai. Os entrevistados, quando perguntados se imaginariam suas vidas sem as redes sociais, responderam que não (29%), dentre os quais, 37% das respostas foram de jovens e 22% de adultos com 40 anos ou mais. Os locais de acesso às redes sociais são: casa (70%), lan house (37%), casa de amigos (22%), trabalho (13%), escola/faculdade (8%) e celular (5%). Os tipos de conteúdo mais publicados pelos celulares são: scrap17 (66%), fotos (62%), notícias (40%) e mapas (14%). Cada internauta que participou da pesquisa tem, em média, 273 amigos. Porém, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, 13% dos participantes têm mais de 700. 54% não se sentem sós quando estão conectados. 56% preferem as redes a email e torpedos para se comunicarem com seus amigos. Em Fortaleza esse número sobe para 68%. O estudo do Ibope mostra que essa é uma época que permite o compartilhamento e disseminação da criatividade individual. Antes, o que se fazia com uma filmadora, hoje se faz com um aparelho celular, que pode custar até 400 vezes menos do que uma câmera.

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Scraps: recados deixados nas páginas de usuários do orkut.


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1.15 O Uso das Lan Houses em Jundiaí e Região

Entre abril e setembro de 2011, a equipe fez um levantamento de informações sobre lan houses localizadas na região central ou próximas ao Centro de Jundiaí. A pesquisa foi realizada das 10h30 às 14 horas. Dos seis estabelecimentos visitados, apenas em um não foi possível a coleta de dados. Segundo o proprietário da Amazing Lan House (localizada no Centro da cidade), que se identificou apenas como Jim, as lan houses estão em um processo de declínio, já que as pessoas dificilmente saem do conforto e privacidade de suas casas para acessar a internet em um local público. Para ele, esse fato ocorre devido à popularização dos serviços dos provedores que, cada vez mais, fazem promoções para levar o acesso mais rápido a um maior número de internautas. O rapaz alegou também que o público remanescente de sua lan house é formado, em sua maioria (ele não precisou em números), por adolescentes que vão até o lugar para jogar video games online. Nos outros cinco estabelecimentos visitados foi possível notar diferenças entre os perfis dos usuários. Em nenhum deles, no entanto, o acesso à internet é o único serviço oferecido. Em alguns deles os proprietários implantaram máquinas de xerox e impressoras, em outro há técnicos que fazem manutenção em computadores e em alguns foi constatada a venda de chocolates e salgados e até aparelhos eletrônicos.

Abaixo, segue o que foi documentado durante a pesquisa:

Assist Jundiaí Informática, situada à Avenida dos Imigrantes Italianos, entre o Jardim Pacaembu e a Colônia. A lan house é propriedade de dois sócios: Thiago Felipe Ricardo, 20 anos, técnico em informática; e Edmar Ribeiro Francisco, de 37 anos.


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De acordo com Ricardo, o lucro do estabelecimento vem da assistência técnica que oferecem e não da lan house. Na verdade, os computadores disponíveis serão desativados em breve. No lugar, 70% dos usuários de internet são mulheres e o restante, homens. Elas costumam acessar o site de relacionamento Orkut e o programa de conversas online Messenger. Eles frequentam o local para jogar video games. A faixa etária é variada é compreende pessoas a partir de 12 anos (idade mínima permitida). O tempo de uso é de meia a duas horas (homens) e cinco horas (mulheres), que pagam R$ 2 a cada 60 minutos. O horário de maior fluxo é durante a semana, das 11 às 14 horas. A clientela é formada por cerca de 50 pessoas por semana. No estabelecimento são bloqueados os sites de conteúdo adulto. Segundo Ricardo, com a procura dos clientes pelo Twitter e Facebook, o movimento aumentou em 40%, porém a lan house foi fechada. Ele também afirmou que fica muitas horas por dia em frente ao computador, pois quando não está no trabalho, pesquisa informações sobre sua profissão e baixa novos jogos para a loja. Citou ainda o caso de um varzino (nome não escrito por segurança e privacidade) que, quando está de folga do trabalho, vai até o estabelecimento e passa o dia inteiro conectado. Entretanto, casos como esse não são tão frequentes.

Dustnet, na Rua Antenor Soares Gandra, na Ponte São João. O proprietário não estava presente, mas o funcionário Caique Godez, estudante de Análise de Sistemas, 18 anos, concordou em responder a algumas perguntas. De acordo com Godez, o dia de maior fluxo de clientes é segunda-feira, durante todo o período. Cerca de 60% de homens vão até o local para jogar por aproximadamente quatro horas. Já os 40% de mulheres ficam duas horas e fazem trabalhos escolares. A faixa etária predominante em ambos os sexos é dos 12 aos 40 anos. Na lan house são proibidos os sites de conteúdo adulto. Em média, 70 pessoas por dia são atendidas e pagam R$ 2,50 por hora. O funcionário afirmou que, com a procura pelas redes sociais, o movimento aumentou, mas não soube precisar ou aproximar em números.


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Godez contou que neste estabelecimento há um cliente que aparenta ter 28 anos e fica das 8 às 22 horas online, alguns dias por semana (a identidade da pessoa é desconhecida pelo rapaz). No lugar também são vendidos salgados e chocolates.

Dreams Lan House, localizada na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, no Centro. Propriedade de Fábio Bilibio, 22 anos, empresário. Em sua lan house, 60% dos clientes são homens e 40%, mulheres. Ambos os sexos têm entre 18 e 50 anos. Cada um usa a internet, em média, de meia a duas horas por dia. Os homens, geralmente, fazem uso para bate-papo no site UOL. Já as mulheres acessam sites de compras coletivas e redes sociais, como Orkut e Facebook. O dia de maior fluxo é segunda-feira, pois os clientes usam os demais serviços que a lan house oferece – para ajudar a procurar emprego -, como impressão, fax, xerox, digitação de documentos, gravação de CDs e DVDs, elaboração de currículo e pagamento de contas. Cerca de 300 pessoas circulam pela loja, por dia, e pagam R$ 2,50 por hora. Aos maiores de 18 anos é permitida a entrada em sites de conteúdo adulto. Há casos de clientes que ficam até 12 horas por dia conectados para fazerem tarefas diversas, como baixar filmes e programas de computador. Segundo Bilibio, essas pessoas usam a internet durante muito tempo, mas como ferramenta de trabalho. Esse tipo de situação acontece, pelo menos, uma vez por semana. O proprietário está conectado à internet o dia inteiro por causa do trabalho, mas confessa que sente falta do Facebook se não pode acessá-lo. Usa também o Orkut e o Messenger. Durante a entrevista, interrompeu a conversa algumas vezes para publicar textos em seus perfis virtuais.

100 Limites é o nome da lan house de Fernando Collange, de 40 anos, que fica na Rua Vigário João José Rodrigues, Centro. Collange contou que a lan house passará por uma reforma para agregar serviços e aumentar o lucro. Para ele, sua loja, com quatro anos, tem, no máximo,


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mais cinco de existência, porque a tendência é que as lan houses diminuam e passem a trabalhar como cybercafés. O uso, atualmente, é feito por homens entre 16 e 50 anos (60%) e mulheres com 16 a 35 anos (40%). Eles procuram sites de notícias de esportes; elas pagam contas, fazem currículos e usam redes sociais diversas. Normalmente, cada cliente fica conectado durante quatro horas por dia e paga R$ 2,50 por hora. Aproximadamente 40 pessoas entram no lugar diariamente. O dia de maior procura é segunda-feira, porque é quando a maioria das pessoas vai até o Centro procurar emprego, imprimir e enviar currículos por email. De seis a oito pessoas por mês, segundo Collange, fazem o que ele considera um uso excessivo: ficam conectadas de 10 a 12 horas diariamente. Aos maiores de 18 anos, os sites de conteúdo adulto são permitidos. Collange diz que, mesmo que as pessoas ainda procurem lan houses para acessar sites de relacionamentos, a tendência é que essa procura diminua à medida que o tempo passa. Ele acredita que com a popularização da internet as pessoas não irão mais deixar o conforto e privacidade das próprias casas para ir até uma lan house, especificamente. Daqui a cinco anos, afirma, este tipo de comércio precisará de atrativos para continuar no mercado e uma alternativa para eles seria funcionarem como cybercafés. Neste estabelecimento há venda de celulares, salgados e chocolates.

S. M. Lan House, na Rua Antenor Soares Gandra, Colônia. Proprietário ausente, mas funcionário concordou em dar algumas informações. Maicon Rodrigues Costa, 16 anos, informou que os dias de maior fluxo na lan house são de sexta-feira a domingo. Cerca de 70% dos clientes são homens entre 13 e 16 anos, que jogam. Os outros 30% são mulheres, de 19 a 23 anos, que acessam a internet para fazer trabalhos escolares e pagamentos. O tempo médio de uso é de uma a duas horas por dia, a R$ 2 cada. Sites de conteúdo adulto são proibidos, por meio de um programa que bloqueia o acesso. O máximo que um cliente já ficou conectado, segundo Costa, foi seis horas seguidas no Orkut e Facebook. Neste estabelecimento também são comercializados doces diversos.


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Entre os dias 22 e 24 de abril de 2011, foram percorridas seis lan houses em Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista. No entanto, apenas três proprietários concordaram em oferecer algumas informações, ainda que muito receosos. Lan House Moom Net Experience, endereçada na Avenida Fernão Dias Paes Leme, no Centro de Várzea Paulista. O local tem sete anos e o proprietário é Thiago Dias. Segundo Dias, o fluxo de usuários diariamente é de 50 a 60 pessoas. No lugar há 24 máquinas. 50% dos usuários fazem uso da internet para gerenciar contas em redes sociais; 20% utilizam para jogos; e 30% fazem pesquisas acadêmicas. O estabelecimento trabalha com cadastros pessoais: 50% dos usuários frequentam o lugar de duas a três vezes por semana; 25%, uma vez por semana; e 25%, uma vez a cada duas semanas.

Lan House K2, na Rua Pacífico Pifhany, no Jardim Primavera, em Várzea Paulista. O proprietário é Silvano José Rodrigues. O lugar tem quatro anos e possui 24 máquinas. 40% dos usuários usam os computadores para pesquisas e trabalhos acadêmicos e 60% usam para redes sociais e jogos eletrônicos. 40% dos clientes vão até a lan house três vezes por semana.

Lan House Base, no Centro de Campo Limpo Paulista. Aberta há 12 anos. João do Prado Júnior é o novo dono há cerca de 6 meses. Segundo João, o estabelecimento possui 18 máquinas e há 20 usuários por hora. Clientes: 50% dos que frequentam a lan house têm o objetivo de realizar trabalhos administrativos, tais como elaboração de currículos, impressão de segunda via de contas, impressão de boletos bancários; 25% utilizam para realizar trabalhos acadêmicos; e os outros 25% utilizam redes sociais e jogos.


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1.16 Possíveis adictos

As entrevistas foram realizadas entre os dias 27 de abril e 10 de maio de 2011, em Campo Limpo Paulista, Jundiaí e Várzea Paulista. Os nomes dos entrevistados foram substituídos por suas iniciais para preservação das identidades.

1.16.1 C. O. C.

C.O.C. (2011) é estudante do segundo ano do curso de Rádio e TV na Faculdade Campo Limpo Paulista (FACCAMP), tem 21 anos e trabalhava em uma lan house, em Várzea Paulista, até setembro de 2011. Ele diz que a internet é um hobby, porém fica 10 horas conectado pelo computador e mais três horas no celular, por dia. Hoje ele possui perfis em um grande número de redes sociais (Facebook, Twitter, Tumblr, Flickr, Orkut, Messenger, Skype, Fotolog, Blog, MySpace, Lastfm), mas também acessa sites de notícias, como UOL e G1, e de entretenimento, como MTV (Music Television).

Tenho amigos que moram longe, então uso as redes para entrar em contato com eles. Por dia publico mensagens aproximadamente 45 vezes no Facebook. Eu vivo um reallity show ao vivo por meio de pequenos textos.


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C.O.C afirma que o uso das redes o faz ter diversas sensações, como alegria, euforia e nervosismo. "Já chorei na frente do computador por causa de um post", comenta. "Quando a internet cai fico olhando para ver se já voltou” (2011). O cigarro, para ele, é uma adicção e um hábito, mas consegue trocá-lo pela internet. Ele também comenta que ficou três dias na praia sem acesso à rede. “Fiquei bebendo para a vontade de usar a internet passar”. O entrevistado comenta que sente falta de ler um livro, assistir a um filme em casa ou ir ao cinema, porém, não deixa de sair com os amigos para ficar na internet, mas não deixa de utilizá-la. Se está em um lugar sem acesso a um computador – como em um programa de sábado com os amigos -, o rapaz conecta-se por meio do celular. “Quando acaba a bateria do celular peço para os meus amigos me emprestarem o aparelho deles. Troco o chip e faço um post, depois devolvo o celular. É ruim, porque eu faço isso muitas vezes durante a noite” (2011). C.O.C. tem aproximadamente três mil amigos virtuais. Pessoalmente, conhece, no máximo, 40. A internet surgiu na vida dele há seis anos. No início, usava duas horas por dia, para fazer pesquisas e trabalhos de escola. O rapaz diz que hoje não imagina sua vida sem redes sociais. “Já esqueci de comer por causa delas. Sem ela eu não vivo mais” (2011). C.O.C. complementa que não se considera um viciado, mas reconhece que sua vida poderia ser melhor e mais real – no sentido de realizar atividades rotineiras - se conseguisse se afastar um pouco da rede.

1.16.2 L. T.


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L. T., (2011) de 23 anos, moradora em Campo Limpo Paulista, está no quinto período de Publicidade e Propaganda, na Faculdade Campo Limpo Paulista (FACCAMP). Ela trabalha em uma empresa, na cidade onde mora, que fabrica e comercializa produtos têxteis. L. T. se considera uma pessoa adicta às redes sociais, pois sente-se incomodada se não estiver conectada em seus perfis virtuais, seja por meio do computador, seja pelo celular. No Orkut, ela tem, aproximadamente, mil amigos virtuais, pois este é o limite do site. No entanto, é no Facebook e no Twitter que ela se sente mais apegada, pois permanece o período inteiro de trabalho conectada, à noite pelo celular e quando chega em casa da faculdade, no computador de casa. No Facebook, tem cerca de mil amigos e no Twitter, aproximadamente 200. L. faz 15 posts aleatórios todo dia. Nessa quantidade não estão inclusas as conversas que geram aproximadamente 50 publicações de textos. A estudante afirma que vai comprar outro celular, mais moderno, para poder publicar fotos com maior facilidade e direto dos locais onde estiver, como em um restaurante. Ela afirma fazer o que considera uso excessivo desde meados de 2010, pois até então, o ex-namorado a controlava naturalmente. Mesmo sem saber, o rapaz a mantinha longe das redes. Quando não está conectada, L. T. sente que não sabe o que se passa com seus amigos, fica deslocada, incomodada. Quanto a perdas, L.T. afirma que atrasa seus serviços no trabalho, não faz tarefas da faculdade ou deixa para fazê-las pouco tempo antes de entregá-las. No seu emprego, ela tem um prazo de dois ou três dias para desenvolver cada projeto, mas atrasa em cerca de duas semanas. Nos dias em que ela precisa impreterivelmente entregar seus projetos, pois já foi cobrada pelos seus superiores, ela precisa se esforçar a ficar desconectada da internet para não “cair em tentação” e começar a conversar com seus amigos. “Quando estou conectada


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fico fora do ar, me perco, me sinto „antenada‟ com as coisas. É muito bom. Depois sempre sinto culpa por não ter feito o que precisava para ficar na internet” (2011). Segundo L.T., ela não deixa de fazer coisas por causa das redes, como ir a algum lugar com os amigos, mas leva as redes com ela, em seu celular. Antes dos sites de relacionamentos, seu vício eram os SMS, mensagens enviadas pelo celular.

O que sou na vida real, sou na vida virtual. Mas acho que as redes permitem uma certa coragem para falar coisas para algumas pessoas que não conseguiria pessoalmente. Me sinto mais segura para falar coisas não tão boas pelas redes.

No local onde trabalha é proibido usar a internet, mas L.T. conseguiu a senha que desbloqueia os computadores e instalou um programa que permite o acesso à internet. Cada vez que seu aparelho vai ser vistoriado, ela desinstala o programa e, depois, repete todo o procedimento. “Se não puder me conectar, vou ter que comprar um super celular. Para mim, o vício em cigarro tem a mesma intensidade que o vício pelas redes sociais” (2011).

1.16.3 E. G.

E. G., (2011) de 28 anos, é hoje um rapaz com uma vida normal, mas durante sua adolescência passou por graves problemas desencadeados pelo vício em jogos eletrônicos, via internet. Atualmente, ele trabalha no almoxarifado da empresa Foxconn.


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E. G. começou a usar a internet com 16 anos; na época, era “guardinha” e tinha bastante tempo ocioso para frequentar lan houses. Tais estabelecimentos eram a solução para a sua timidez e poucos amigos. O rapaz jogava Counter Strike, jogo que preenchia o “vazio” que ele sentia. "Gostava desse jogo por causa das armaduras, da criação dos personagens, da magia presente nas histórias. Essa era uma maneira de eu ser quem eu não era” (2011). Ele optava jogar nas lan houses ao invés de outros lugares por causa do preço e da possibilidade de competir em rede, ou seja, com várias pessoas. Dos 17 aos 20 anos foi o pior período para ele. No início, ficava conectado apenas uma hora por dia. Quando percebeu, passava três horas online. Um determinado dia chegou a ficar 29 horas jogando, pois na época estava desempregado. Para alimentar o vício, pedia dinheiro emprestado de algumas pessoas, passou a dever para o estabelecimento onde jogava. Foi nesse período que ele começou a trabalhar na lan house que frequentava para pagar sua dívida. "Tinha 19 anos, tinha sido mandado embora da Krupp e não tinha dinheiro. Passei a jogar das 8 às 22 horas" (2011). E. G. conta que quando jogava esquecia-se das situações ruins, divertiase. Além dos jogos, ele conectava-se às redes sociais para conversar com seus amigos virtuais. Seu mundo era o que acontecia virtualmente. Quando os jogos acabavam, pensava em como poderia resolver seus problemas. E quando estava longe de seu vício, não conseguia aproveitar os momentos. "Se estava numa festa, por exemplo, ficava pensando quando iria para a lan house novamente" (2011). O rapaz lembra que no ápice de seu vício perdeu os poucos amigos que tinha, os parentes passaram a tratá-lo de maneira diferente, como se tivessem preconceito do seu problema, perdeu namorada, emprego, saúde. "Foi muito doloroso. Minha família me ajudou bastante, eles sofreram junto comigo" (2011). Hoje, ele pode usar computador e internet, gosta de se comunicar pelo Skype, mas não consegue ficar conectado mais de uma hora. Além de trabalhar, suas atividades são caminhar, tocar violão, namorar - com uma garota que foi importante para sua recuperação -, entre outras tarefas de uma vida comum.


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"Minha namorada me ajudou bastante. Estamos juntos há quatro anos e até hoje ela me apoia" (2011). Tratamento - Uma irmã de E. G. que morava fora do país percebeu o problema quando o rapaz passou a pedir dinheiro para ela. A partir daí, seus pais e irmãos ficaram sabendo e uma de suas irmãs, que conhecia uma pessoa que trabalhava numa clínica de reabilitação para alcoólatras e dependentes químicos, conseguiu uma vaga para o rapaz na Casa do Senhor, uma chácara em Campo Limpo Paulista. Para ser internado no local, ele precisou vender seus objetos, inclusive sua guitarra, para pagar a estadia. O rapaz ficou internado durante dois meses e 28 dias. Nesse período, teve acompanhamento psicológico, por meio de terapia, e participou dos trabalhos do lugar. "Eu limpava banheiro, cozinhava, plantava, cuidava das vacas. Gostava, porque me divertia, me distraía, mas era muito reservado, não conversava muito" (2011). Às vezes, conversava com os internados e ouvia muitas histórias dos dependentes. "Fui tomando consciência do meu problema, nem precisei tomar remédio" (2011). Um dos principais motivos que fez E.G. melhorar foi a música, pois o filho do caseiro da chácara tinha um violão e queria aprender a tocar. E Garcia o ensinou e passou a tocar todos os dias, inclusive nas missas, de manhã, à tarde e à noite. "Consegui ficar internado por causa da música". No primeiro dia, E.G. quis ir embora – a chácara é aberta para os internados irem embora quando quiserem, não há imposição – mas ele viu o sofrimento de outros dependentes e decidiu ficar.

É triste porque, quando lembro, vejo que perdi três meses da minha vida. Podia ter trabalhado, namorado, feito coisas. Toda noite alguém me contava alguma história e eu via as dificuldades daquela vida de viciado, eu refletia. Aprendi


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muito, tudo o que a vida pode ser, tudo o que posso fazer. Aprendi também a não pedir dinheiro emprestado.

1.16.4 L.P.

L. P., 42, (2011) é costureira, tem dois filhos (de 22 e 24 anos), hoje é dona de casa, casada com W. S. há cinco anos e mantém perfis em redes sociais. Ela diz que não gosta do Facebook e que no Orkut tem cinco contas abertas, mas apenas 20 amigos. “Tenho cinco perfis para poder jogar os jogos que gosto. Para isso, preciso ser amiga de mim mesma”. Ela refere-se ao Megacity e Café Mania. L. P. conta que passou a usar as redes com maior frequência para chamar atenção de seu marido, exatamente quando ele está em casa. “A vida de casada é lavar, passar e cozinhar. Acho que a mulher tem que cuidar do marido, mas também tem que ser cuidada e meu marido não me dá todo o carinho e atenção que eu gostaria, por isso, ele é substituído pelo computador” (2011). No início da entrevista, L. P. disse que não se considerava uma adicta, pois brincava apenas. “Não sou viciada, sei os meus limites. Nas redes eu preencho o meu tempo, mas também gosto de ler livros, pintar quadros, confeccionar bonecas” (2011).

Acho que quem usa as redes, faz isso para chamar atenção. Aliás, se você perguntar para um viciado em qualquer coisa porque faz uso daquilo, a pessoa vai responder que é para chamar atenção. Às vezes, deixo de fazer alguma coisa para o meu marido, como passar a roupa dele, para chamar atenção.


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L. P. (2011) diz que precisa usar este artifício porque o marido não dá o valor que ela merece. “Ele diz que sou a terceira, em grau de importância, em sua vida. Primeiro vem a neta, depois, o trabalho e depois, eu. Na minha vida, ele é o primeiro. Não saberia viver sem ele”. L. P. conta que o marido poderia jogar o computador no lixo, pois não ligaria. Mas se contradiz ao dizer que trocou o vício em cigarro pelo vício nas redes. “Fumei por quase 30 anos e parei porque meu marido ameaçou procurar outra pessoa. Parei, mas pedi em troca mais carinho, atenção, respeito, amor e reconhecimento das coisas que faço na casa. Ele prometeu que mudaria, mas não mudou, então, troquei as dependências”, diz a jovem senhora. E complementa: “Não me considero viciada, mas qual viciado se considera?” (2011). A mulher também faz uma analogia entre o cigarro e a internet. “Faz três anos que parei de fumar e ainda é difícil lidar com isso, porque fumava quando estava nervosa, ansiosa. Nas redes, encontro o conforto que tinha e consigo suprir o fato de ser desvalorizada” (2011).

“Minha família me cobra carinho, mas eu sou carente de marido e de filha. Meu filho me dá mais atenção. Um homem me conheceu uma vez pelo Orkut e quis me conhecer, me valorizou, me elogiou. Deixei de ter contato com ele porque tenho medo de me interessar por outra pessoa. Todo viciado sente falta de alguma coisa. Eu só quero carinho”.

1.16.5 – W. L.

W.L. (2011) é vendedor autônomo, mora em Salto, tem 52 anos, é casado com L.P. há 5 anos. Há 2, W.L. ele o restante da família, percebeu que L. usava as redes sociais de forma „inadequada‟ analisada pelo ponto de vista dos demais. Ele afirma que L. deixa de realizar atividades com a família, como assistir a um


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filme com o marido, para ficar conectada as redes sociais, segundo ele também, ela deixa os afazeres domésticos para alimentar seus perfis da Internet. Ele compara a adicção dela pelas redes socais, a adicção que há 2 anos e meio, ela tinha pelo cigarro, segundo ele, a esposa fica 5 horas consecutivas conectada, o que causa um desgaste no relacionamento dos dois. W.L. também admite a parcela de culpa que tem pela dependência da mulher, ele atribui sua culpa ao trabalho excessivo e a falta de atenção a mulher. Por várias vezes ele cogitou a opção de retirar a Internet da casa, porém, pelo seu ponto de vista, há outras possibilidades que permitem que L. preencha seu tempo. Certa vez o marido custeou o trabalho de bonecas artesanais feitas por encomenda, porém, segundo ele o trabalho tinha um custo muito alto e saiu do seu orçamento. Nesta época, W.L., não usava as redes sociais (2011).


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2. ESQUEMA DE INVESTIGAÇÃO 2.1 Procedimentos Metodológicos

No início de 2011, o tema sobre pessoas adictas às redes sociais, de acordo com as pesquisas da equipe, era pouco divulgado na imprensa e no meio acadêmico. Por isso, o início dos estudos teve como ponto de partida a procura de reportagens relacionadas à internet, às redes sociais e ao crescimento dos acessos, em veículos de comunicação regionais, como Jornal de Jundiaí, Jornal da Cidade, Bom Dia Jundiaí, Rádio Difusora, Rádio Cidade, TV Educativa, Rede Paulista e TV Tem; outros de abrangência nacional, como Revista Veja, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, além dos sites Uol, Terra, IG, G1, R7 e Observatório da Imprensa também foram pesquisados. Foram encontradas algumas matérias, inclusive sobre a adicção às redes sociais (tema central do Trabalho), porém, de maneira pouco aprofundada ou com enfoques diferentes, na opinião dos integrantes do grupo. Depois de fazer o clipping18, o grupo deu início às pesquisas em livros sobre a história da internet, das redes sociais, das lan houses e da influência da internet e das redes na sociedade atual. Logo após, foram contatados órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ibope Mídia, com o objetivo de obter dados oficiais sobre o número de acessos à internet e às redes, quantidade de internautas, sites de preferência, entre outras informações que ajudaram o grupo a verificar, nacionalmente, o uso dessas ferramentas de comunicação. O tema foi pesquisado também no site da Biblioteca Pública Municipal Professor Nelson Foot, em Jundiaí, e em outras bibliotecas virtuais, como as da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de São Paulo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e de Campinas, na UniAnchieta (Jundiaí) e na Faculdade Campo Limpo Paulista.

18

Clipping é a pesquisa e o recorte de matérias de um determinado assunto feito em jornais, revistas, rádios, emissoras de televisão (MELLO, 2003, p. 262).


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O método utilizado para fazer a clippagem e buscar informações para o Relatório de Fundamentação Metodológica foi o que segue: cada integrante da equipe ficou responsável por pesquisar as informações em cerca de 10 fontes; o resultado de cada procura era enviado aos colegas de grupo, que liam e assistiam ao material encontrado; foi feita uma triagem para selecionar o conteúdo adequado ao foco da pesquisa e os escolhidos foram utilizados. Cada membro escreveu uma parte do relatório, de acordo com as pesquisas que haviam feito anteriormente. Uma pesquisa de campo foi realizada entre os meses de abril e setembro de 2011, em 10 lan houses, em Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista. Essa ação foi feita para a equipe conseguir traçar um perfil dos usuários desses estabelecimentos comerciais, ainda que os dados obtidos tenham mostrado que não há um padrão entre eles. O grupo também fez pré-entrevistas com todos os entrevistados (quatro possíveis adictos, um familiar, seis especialistas e dois proprietários de lan houses). Um dos entrevistados (W. S.) foi encontrado através de uma conversa informal entre um dos integrantes do grupo com a gerente da empresa em que trabalha, que lhe passou o contato de seu irmão. Esta pessoa era o marido de uma adicta, disposto a contar suas experiências com este problema, que, segundo ele mesmo, estava por fazê-lo divorciar-se da esposa. No dia da entrevista, a esposa (L. P.) deste senhor, pessoa sobre quem ele iria falar, estava presente e aceitou participar da vídeorreportagem para explicar os motivos que a levaram usar as redes sociais de maneira excessiva. Os adictos L. T. e C. C. são colegas dos integrantes do grupo. Já E. G. também foi encontrado depois de uma conversa informal no ambiente de trabalho de um dos integrantes do grupo. Os especialistas do NPPI e Proad foram encontrados pela integrante Cássia Sabatine e a psicóloga do Amiti foi encontrada pela integrante Renata Susigan, que contatou todos eles. O sociólogo e professor da Faculdade Campo Limpo Paulista, Maurício Érnica, foi indicado pela professora orientadora específica Maria Auxiliadora Mendes do Nascimento. Os proprietários de lan houses foram encontrados durante o levantamento feito nas cidades de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.


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As secretarias municipais de Saúde de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista foram procuradas pelo grupo numa tentativa de obter informações que pudessem contribuir para a contextualização do tema na região, por meio de busca de núcleos de pesquisa e tratamento aos adictos às redes sociais. No entanto, as respostas de tais locais foram negativas, ou seja, os três municípios não possuem ainda estudos ou espaços adequados para este tipo de atendimento. A equipe também entrou em contato, por telefone, com o Ministério da Saúde, o Conselho Regional de Psicologia (São Paulo) e o Conselho Federal de Psicologia (Brasília), mas estes órgãos oficiais informaram a inexistência de informações e estatísticas sobre o assunto abordado. A atendente do Conselho Federal sugeriu a busca de dados em universidades, método que já havia sido adotado pelo grupo. Antes de captar as imagens, foram produzidas várias pautas (uma para cada entrevistado), que continham data, horário, endereço, telefone, informações adicionais e perguntas que seriam feitas a cada participante. Foram elaboradas várias versões de roteiro, que sofreram alterações no decorrer das gravações e dias de edição, para adequar o produto final à pretensão do grupo. A captação de imagens teve início em meados de setembro e foi concluída no final do mesmo mês, em São Paulo, Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista. Na ocasião das entrevistas, foram recolhidas as assinaturas das cartas de cessão de direitos e entregues os termos de responsabilidade. Na vídeorreportagem, Anderson Zanchin foi repórter e redator. Camila Santana, repórter e produtora. Cássia Sabatine, pauteira e produtora. E Renata Susigan, redatora e chefe de reportagem. Porém, todos os integrantes participaram das etapas de gravação, atuando como pauteiros, redatores, produtores e repórteres, ainda que apenas dois apareçam no vídeo. A cinegrafia, edição e montagem também foram acompanhadas pela equipe rigorosamente.

2.2 Fontes Consultadas


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Onze pessoas foram entrevistadas para a gravação da vídeorreportagem, entre elas adictos, familiares e especialistas.

2.2.1 Personagens

Os nomes das personagens não foram utilizados na íntegra para preservar a identidade deles. A equipe optou, portanto, por usar as iniciais. São elas: E. G., L. P., C. O. C. e L. T. O familiar também foi tratado pelas iniciais: W. S. Todos eles relataram suas experiências com a internet e as redes sociais. Os personagens E. G., L. P., C. C. e L. T., além do familiar W. S., foram entrevistados de 15 a 21 de setembro de 2011 em Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista. Todas as entrevistas foram de extrema importância porque fundamentam, detalham e exemplificam o que foi estudado sobre o tema (tanto nos livros, quanto nas entrevistas com os especialistas). E. G. falou sobre sua internação em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, pois não havia na região um local especializado em sua adicção. Até novembro de 2011 a equipe não encontrou um núcleo especializado em adicção às redes sociais em Jundiaí ou na Região. O depoimento de L. P. foi interessante, pois, por ser uma senhora, mãe e esposa, atribui a sua adicção à falta de carinho e atenção da família. C. C., o mais novo dos entrevistados, falou sobre as dificuldades em expressar-se e como a internet facilita a sua comunicação com as outras pessoas. L. T., além de assumir que é adicta, contou sobre as ferramentas que usou para burlar o sistema da empresa onde trabalha, que mantém seu computador sob vigilância durante todo o tempo de serviço.

2.2.2 Especialistas


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As entrevistas com especialistas foram feitas com três psicólogos, um psiquiatra e um sociólogo, entre os dias 21 de setembro e 26 de setembro de 2011, em São Paulo e Campo Limpo Paulista: Dora Sampaio Góes, integrante do Amiti (Ambulatório Integrado dos Transtornos e Impulsos), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (São Paulo); Ana Luiza Mano, Guilherme de Souza e Nádia Destefani, do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Aderbal Vieira Júnior, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes, da Universidade Federal de São Paulo; e Maurício Érnica, sociólogo e professor da Faculdade Campo Limpo Paulista. Os psicólogos e o psiquiatra contribuíram com o trabalho, pois forneceram informações relacionadas à adicção, como os motivos, as consequências, os tratamentos e orientações. Já o sociólogo ajudou a contextualizar o problema da adicção às redes sociais na sociedade atual. Dois proprietários de lan houses, em Jundiaí e Campo Limpo Paulista, tiveram suas opiniões sobre o tema usadas no vídeo. Com base no que disseram, não há um padrão entre os usuários mais contumazes de internet e redes sociais; os perfis são bem distintos.

2.3 Dificuldades encontradas

As dificuldades encontradas pelo grupo foram com relação ao material de pesquisa, principalmente livros e órgãos oficiais. Apesar de a equipe ter conseguido informações no IBGE e Ibope Mídia sobre os acessos à internet e redes sociais no Brasil, em nível regional não foi possível obter os mesmos dados. As secretarias municipais de Saúde de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista foram contatadas, de acordo com orientação da professora coorientadora metodológica Ane Medina, mas nenhuma possui estudos ou locais que tratem os adictos às redes sociais. O Ministério da Saúde, Conselho Regional de Psicologia (São Paulo) e o Conselho Federal de Psicologia (Brasília) também foram contatados, por telefone,


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mas seus colaboradores informaram que tais órgãos não possuem documentação do tema ainda. Outra dificuldade encontrada pelo grupo foi com relação à adicção às redes tratada em livros. Para solucionar este problema, grande parte deste Relatório foi escrito com fundamentação em entrevistas concedidas por profissionais especialistas no assunto e com as informações obtidas em um livro que os próprios psicólogos do NPPI escreveram, o volume Relacionamentos na Era Digital (ver referências bibliográficas).


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3. DESCRIÇÃO DO PRODUTO

3.1 Características básicas

Para falar sobre os adictos em redes sociais, a equipe optou por usar o formato de vídeorreportagem com duração de 20 minutos, contendo teaser, vinheta, cabeça do repórter, passagens, offs, povo fala e sonoras com proprietários de lan houses, adictos e especialistas. Segundo doutor em Letras e atuante na área de jornalismo, José Guimarães Mello (2003, p. 9 – 333), o teaser é composto por imagens de curta duração apresentadas antes ou durante uma vídeorreportagem, telejornal para chamar a atenção do telespectador. A vinheta, também chamada de abertura, é uma edição de imagens que inicia os programas de veículos audiovisuais, criando a identidade dos mesmos. A cabeça do repórter é uma abertura da matéria no local onde a gravação é feita. A passagem é o momento em que o repórter aparece no vídeo e fornece informações a respeito do assunto abordado na matéria. O off é uma voz não visível no vídeo, que narra algum texto. O povo fala ou enquete é formado por depoimentos curtos de várias pessoas sobre um mesmo assunto. Sonora (entrevista) é a coleta de informações entre o repórter e o entrevistado; dá-se pela dinâmica de pergunta e resposta. Na vídeorreportagem são apresentados o conceito de adicção, os motivos que levam as pessoas a tornarem-se adictas e os tratamentos para este problema,

informações

explanadas

pelos

especialistas.

Além

disso,

os

entrevistados (possíveis adictos) relatam seus relacionamentos com as redes, as causas e consequências. As imagens foram capturadas com uma câmera Sony HXR – MC 2000, em High Definition (HD), somando um total de 32 horas de filmagem. O áudio foi capturado diretamente na câmera, utilizando microfone de lapela em todas as gravações. Em toda a vídeorreportagem a iluminação utilizada foi de luz fria, obtida por meio de um aparelho de iluminação, denominado led. Apenas na entrevista


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com a Doutora Dora Sampaio Góes a iluminação usada foi a do próprio consultório, por isso, ela destoou das demais, ficando mais quente (amarelada). Especialmente nos adictos, a equipe escolheu a iluminação no contra-luz para preservar a identidade deles, pois desta maneira consegue-se manter a silhueta e as reações gestuais.

3.2 Linguagem empregada

A linguagem verbal empregada na vídeorreportagem é a mesma utilizada no dia a dia e ao mesmo tempo jornalística. O foco é transmitir o problema abordado de forma clara para o público alvo, narrado pelos repórteres na terceira pessoa. De acordo com orientação específica da professora especialista Maria Auxiliadora Mendes do Nascimento, na vídeorreportagem, a captação das imagens deveria ser feita em planos médio, americano, aberto e fechado. O médio foi utilizado nas entrevistas com os especialistas, povo fala e personagens. O americano e o aberto, na passagem dos repórteres. E o fechado, nas imagens de apoio. No teaser, as imagens usadas foram simuladas por uma atriz, Aline Rossato, que interpretou uma adicta às redes sociais. Neste momento, foram utilizados diferentes tipos de planos (aberto, fechado, americano, médio). O tom da vídeorreportagem é reflexivo e informativo. Por se tratar de um tema novo, o grupo precisou fazer um trabalho de investigação e entrevistas com diversos profissionais, além de ter contatado órgãos oficiais, para poder obter dados que comprovassem que o problema existe e que está em fase inicial de divulgação e estudos, tanto pelos meios de comunicação quanto na comunidade acadêmica. O tom reflexivo é conseguido porque faz com que os telespectadores pensem sobre o uso da internet e das redes sociais.

3.3 Público-alvo


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Como o tema é de grande abrangência, a vídeorreportagem visa a atingir o público em geral, a partir de adolescentes e principalmente as pessoas que utilizam a internet e as redes sociais, de forma exagerada ou não. O grupo também espera que o produto final consiga informar e orientar o público sobre a possibilidade da adicção, quando as redes sociais e a internet são usadas com intensidade prejudicial (de acordo com o que foi estudado no primeiro capítulo) à vida dos internautas e, como consequência, à dos familiares e pessoas próximas.

3.4 Publicação / Divulgação

Tanto o Relatório Metodológico de Fundamentação Científica e a vídeorreportagem foram disponibilizados na Biblioteca da Faculdade Campo Limpo Paulista. Além disso, a equipe entregou uma cópia para as bibliotecas municipais de Jundiaí, Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista, e também para o Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), para o Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e para o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP). Por ser um tema atual, a equipe pretende participar de concursos acadêmicos e outros voltados para a área de Jornalismo (Audiovisual). O grupo também irá tentar divulgar a sua vídeorreportagem em veículos de comunicação.

3.5 Edição

Para iniciar a captação de imagens, a equipe já tinha um pré-roteiro, elaborado sob a supervisão da professora especialista Maria Auxiliadora Mendes


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do Nascimento, que ajudou a pautar o grupo nos dias de gravação. O documento foi de extrema importância para que as filmagens ocorressem de maneira organizada e pontual. No decorrer da execução da vídeorreportagem, várias alterações foram feitas para adequar o conteúdo das entrevistas ao objetivo do produto. Na ocasião da edição, as cores predominantes, desde a vinheta até a finalização do produto, foram azul, cinza, preto e branco. A escolha de tais cores deu-se para passar credibilidade ao telespectador e mostrar a seriedade do problema abordado. Diferentemente das cores vivas, as frias e neutras expressam melhor a intensidade da adicção. Com relação à distorção das vozes dos adictos, o efeito utilizado foi o Apple Pitch, do programa de edição Final Cut, que deixa o som mais grave ou agudo, conforme a necessidade, decisão editorial de não expor personagens. O produto final foi editado e finalizado nos programas Final Cut, After Effects e Autodesk Maya, com o auxílio do editor de imagens Anderson Silva, em 18 horas, entre os dias 30 de setembro a 2 de novembro de 2011, com a supervisão de toda a equipe.

3.6 Orçamento

Tabela 1 – Gastos com o Projeto Experimental

Item

Valor (em reais)

Xerox

19,00

Mídias (DVDs)

26,60

Pilhas

17,70

Locação de filme

16,00

Combustível

110,00

Estacionamento

34,00


70

Pedágio

42,00

Impressão

154,00

Encadernação

116,00

Telefone

100,00

Cinegrafista19

200,00

Editor20

300,00

Livros

70,00

Total

1205,30

19

O cinegrafista cobrou um valor abaixo do praticado no mercado, pois é colega de trabalho e amigo pessoal dos integrantes da equipe. 20

O editor cobrou um valor abaixo do praticado no mercado, pois é colega de trabalho e amigo pessoal dos integrantes da equipe.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo da equipe é contribuir para as futuras pesquisas do tema abordado em todo este trabalho, inclusive para as clínicas que tratem do assunto. O objetivo principal é mostrar que a internet, apesar de ser um meio de comunicação rápido e eficaz, pode levar alguns internautas (aqueles que fazem uso excessivo, de acordo com os estudos) à adicção. Situações adversas tiveram que ser solucionadas, principalmente pela dificuldade em encontrar livros sobre o assunto. Outro problema foi com relação à realidade local, nas cidades de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista. A equipe pesquisou nas secretarias municipais de Saúde da região e foi informada que ainda não existem informações sobre ou locais que tratem os adictos às redes sociais. No entanto, de acordo com as pesquisas, foi constatado que existem clínicas e programas de tratamento e pesquisa (em São Paulo, por exemplo) que, pioneiramente e ainda no início, contribuem para a divulgação e a busca pelo tratamento da adicção às redes sociais. Os pesquisadores deste trabalho acadêmico esperam contribuir com a divulgação do problema na comunidade acadêmica e nos veículos de comunicação, pois a adicção às redes sociais é um problema novo, que pode ser tão grave quanto qualquer outra dependência, se não diagnosticada e tratada precocemente. A adicção, na grande parte dos casos, esconde uma dificuldade da vida real, projetada na virtual. Entender e mudar a atitude são as principais ferramentas para se chegar à “ausência de sintomas”, como diria a psicóloga do Amiti, Dora Sampaio Góes. É estimulante saber que esta pesquisa poderá contribuir para o estudo do tema. Prova disto é o pedido que a equipe recebeu do NPPI para entregar uma cópia do relatório e da vídeorreportagem aos psicólogos integrantes do Núcleo, que usarão este TCC como material de apoio. É

importante

lembrar

que

este

Trabalho

foca

nos

motivos

e

consequências da adicção às redes sociais. No entanto, aspectos importantes,


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que ainda não foram desenvolvidos ou que ainda estão em fase inicial de desenvolvimento, além daqueles que não refletiam o objetivo do grupo, podem ser abordados por outras equipes. Alguns exemplos são: caso a divulgação sobre o problema cresça e as administrações municipais atentem para ele, a adicção às redes sociais em Jundiaí e Região pode ser pesquisada. A abordagem pode envolver estatísticas sobre os adictos nas cidades, o perfil dos usuários, os locais que tratam o problema, os métodos utilizados. Outra possibilidade é o estudo sobre como a situação da adicção às redes estará daqui a cinco ou 10 anos. Será possível perceber mudanças ou o panorama permanecerá parecido com o atual? Menos provável, mas possível seria a decadência de algumas redes sociais, as medidas tomadas pelas administradoras para continuar atraindo internautas, as diferenças entre os sites de relacionamento hoje e daqui a 15 anos. O uso da internet, de modo mais generalizado, no Brasil também pode ser um tema para pesquisa, com informações sobre o aumento ou a diminuição no número de pessoas conectadas, os motivos, as preferências. E mais: o uso “adequado e bom” das redes sociais, as facilidades que elas trazem para a vida das pessoas, como elas interferem positivamente na vida de cada internauta, entre outras abordagens.


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APÊNDICE A Pauta

Especialistas:

Nome: Ana Luiza Mano Endereço: Rua Monte Alegre, 961, Monte Alegre – São Paulo Email: nppi@pucsp.br Telefone: (11) 3670-8040/9294-5336/9294-4548 Data da entrevista: 22/09/2011 Local da entrevista: próprio consultório Horário: das 15h30 às 17h30 Observação: psicóloga integrante do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Nome: Guilherme de Souza Endereço: Rua Monte Alegre, 961, Monte Alegre – São Paulo Email: nppi@pucsp.br Telefone: (11) 3670-8040 Data da entrevista: 22/09/2011 Local da entrevista: próprio consultório Horário: das 15h30 às 17h30 Observação: psicólogo integrante do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Nome: Nádia Destefani Endereço: Rua Monte Alegre, 961, Monte Alegre – São Paulo Email: nppi@pucsp.br Telefone: (11) 3670-8040 Data da entrevista: 22/09/2011 Local da entrevista: próprio consultório


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Horário: das 15h30 às 17h30 Observação: psicóloga integrante do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Nomes: Aderbal Vieira Júnior Endereço: Rua Artur de Azevedo, 255, Pinheiros – São Paulo Email: vanessa@assessoraonline.com.br (assessora de imprensa do PROAD) Telefone: (11) 4123-1419/5579-1543/5579-1328/5085-0279/5576-4358/9219-2077 (celular Dr. Aderbal) Data da entrevista: 22/09/2011 Local da entrevista: próprio consultório Horário: 19h30 Observação: Dr. Aderbal é um dos psiquiatras que trabalham no PROAD (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Nome: Dora Sampaio Góes Endereço: Avenida Rouxinol, 55 – São Paulo Telefone: (11) 3054-9516/3069-6000/3069-8045/3069-6975/2661-6975 Data da entrevista: 21/09/2011 Local da entrevista: próprio consultório Horário: 15h Observação: psicóloga do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Amiti), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Nome: Maurício Érnica Endereço: Faccamp Email: mauernica@gmail.com Data da entrevista: 26/09/2011 Local da entrevista: Faccamp Horário: 20h Observação: Érnica é sociólogo e professor na Faccamp.


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Perguntas para psicólogos e psiquiatra:

Qual a diferença entre vício, dependência e adicção? O que caracteriza a adicção? Desde quando percebe-se essa nova adicção? A tendência é que esse problema cresça? Como a dependência pode ser detectada? Existe tratamento? Qual? Quais as causas e motivos que levam o internauta à adicção? Quais as consequências dessa dependência? É possível traçar o perfil dos adictos? Qual seria esse perfil? O que as pessoas buscam na internet e nas redes sociais? Quais outras doenças ou dependências podem ser associadas à adicção às redes sociais? A adição à internet é uma adicção em si ou ela esconde outras adicções? Histórico do local que atende adictos. O tratamento é gratuito? Considerações que quiser fazer.

Perguntas para o sociólogo:

O uso da internet e das redes sociais mudou o comportamento das pessoas? Desde quando é possível perceber a influência da internet e das redes na vida das pessoas? Quais as vantagens e as desvantagens da internet e das redes sociais? Qual a influência da internet na vida das pessoas? Comparação entre a sociedade atual com a de 10 anos atrás, com relação ao uso da internet e das redes sociais. Como o assunto é tratado por sociólogos e antropólogos: ele já tem grande importância? É possível saber, aproximadamente, os caminhos que o uso da internet e das redes pode tomar?

Personagens:

Nome: C.C. Data da entrevista: 21 de setembro de 2011 Local da entrevista: estúdio de TV da Faccamp Horário: 19h30 Observação: o grupo irá usar somente as iniciais dos nomes dos entrevistados para preservar a identidade deles.


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Perfil: C. C. é estudante do segundo ano do curso de Rádio e TV na Faculdade Campo Limpo Paulista (FACCAMP), tem 21 anos, trabalhava em uma lan house em Várzea paulista e atualmente está desempregado. Ele diz que a internet é um hobby, porém fica 10 horas conectado pelo computador e mais três horas no celular, por dia. Hoje ele possui um grande número de redes sociais (Facebook, Twitter, Tumblr , Flickr , Orkut, Messenger, Skype , Fotolog , Blog, MySpace, Lastfm ), mas também acessa sites de notícias, como UOL e G1, e de entretenimento, como MTV (Music Television). “Tenho amigos que moram longe, então uso as redes para entrar em contato com eles. Por dia publico mensagens aproximadamente 45 vezes no Facebook. Eu vivo um reallity show (programa que mostra a realidade, o cotidiano de um grupo de pessoas em determinada situação) ao vivo por meio de pequenos textos.” C.C. afirma que o uso das redes o faz ter diversas sensações, como alegria, euforia e nervosismo. "Já chorei na frente do computador por causa de um post", comenta. "Quando a internet cai fico olhando para ver se já voltou”. O cigarro, para ele, é um vício de hábito, pois consegue trocá-lo pela internet. Ele também comenta que ficou três dias na praia sem acesso à rede. “Fiquei bebendo para a vontade de usar a internet passar”. O entrevistado comenta que sente falta de ler um livro, assistir a um filme em casa ou ir ao cinema, porém, não deixa de sair com os amigos para ficar na internet, mas não deixa de utilizá-la. Se está em um lugar sem acesso a um computador – como em um programa de sábado com os amigos -, o rapaz conecta-se por meio do celular. “Quando acaba a bateria do celular peço para os meus amigos me emprestarem o aparelho deles. Troco o chip e faço um post, depois devolvo o celular. É ruim, porque eu faço isso muitas vezes durante a noite”. C.C. tem aproximadamente três mil amigos virtuais. Pessoalmente, conhece, no máximo, 40. A internet surgiu na vida dele há seis anos. No início, usava duas horas por dia, para fazer pesquisas e trabalhos de escola. "Hoje, não imagino minha vida sem redes sociais. Já esqueci de comer por causa delas. Sem elas eu não vivo mais", complementa o rapaz que não se considera um viciado, mas reconhece que sua vida poderia ser melhor e mais real – no sentido de realizar atividades rotineiras - se conseguisse se afastar um pouco da rede.


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Nome: L.T. Data da entrevista: 15 de setembro de 2011 Local da entrevista: estúdio de TV da Faccamp Horário: 20h30 Observação: o grupo irá usar somente as iniciais dos nomes dos entrevistados para preservar a identidade deles. Perfil: L. T., de 23 anos, moradora em Campo Limpo Paulista, está no quinto período de Publicidade e Propaganda, na Faculdade Campo Limpo Paulista (FACCAMP). Ela trabalha em uma empresa, na cidade onde mora, que fabrica e comercializa produtos têxteis. L.T. se considera uma pessoa viciada em redes sociais, pois sente-se incomodada se não estiver conectada em seus perfis virtuais, seja por meio do computador, seja pelo celular. No Orkut, ela tem aproximadamente mil amigos virtuais, pois este é o limite do site. No entanto, é no Facebook e no Twitter que ela se sente mais apegada, pois permanece o período inteiro de trabalho conectada, à noite pelo celular e quando chega em casa da faculdade, no computador de casa. No Facebook, tem cerca de mil amigos e no Twitter, aproximadamente 200. L.T. faz 15 posts aleatórios todo dia. Nessa quantidade não estão inclusas as conversas que geram aproximadamente 50 publicações de textos. A estudante afirma que vai comprar outro celular, mais moderno, para poder publicar fotos com maior facilidade e direto dos locais onde estiver, como em um restaurante. Ela afirma fazer o que considera uso excessivo desde meados de 2010, pois até então, o ex-namorado a controlava naturalmente. Mesmo sem saber, o rapaz a mantinha longe das redes. Quando não está conectada, L.T. sente que não sabe o que se passa com seus amigos, fica deslocada, incomodada. Quanto a perdas, L.T. afirma que atrasa seus serviços no trabalho, não faz tarefas da faculdade ou deixa para fazê-las pouco tempo antes de entregá-las. No seu emprego, ela tem um prazo de dois ou três dias para desenvolver cada projeto, mas atrasa em cerca de duas semanas. Nos dias em que ela precisa impreterivelmente entregar seus projetos, pois já foi cobrada pelos seus superiores, ela precisa se esforçar a ficar desconectada da internet para não “cair em tentação” e começar a conversar com seus amigos. “Quando estou conectada fico fora do ar, me perco, me sinto antenada com as coisas. É muito bom. Depois sempre sinto culpa por não ter feito o que precisava


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para ficar na internet”, confessa. Segundo L.T., ela não deixa de fazer coisas por causa das redes, como ir a algum lugar com os amigos, mas leva as redes com ela, em seu celular. Antes dos sites de relacionamentos, seu vício eram os SMS, mensagens enviadas pelo celular. “O que sou na vida real, sou na vida virtual. Mas acho que as redes permitem uma certa coragem para falar coisas para algumas pessoas que não conseguiria pessoalmente. Me sinto mais segura para falar coisas não tão boas pelas redes”, informa. No local onde trabalha é proibido usar a internet, mas L.T. conseguiu a senha que desbloqueia os computadores e instalou um programa que permite o acesso à internet. Cada vez que seu aparelho vai ser vistoriado, ela desinstala o programa e, depois, repete todo o procedimento. “Se não puder me conectar, vou ter que comprar um super celular”. Para ela, seu vício em redes sociais e cigarro tem a mesma intensidade.

Nome: E.G. Data da entrevista: 21 de setembro de 2011 Local da entrevista: na casa do entrevistado Horário: 20h Observação: o grupo irá usar somente as iniciais dos nomes dos entrevistados para preservar a identidade deles. Perfil: E. G., de 27 anos, é hoje um rapaz com uma vida normal, mas durante sua adolescência passou por graves problemas desencadeados pelo vício em jogos eletrônicos, via internet. Atualmente, ele trabalha no almoxarifado da empresa Foxconn. E. G. começou a usar a internet com 16 anos; na época, era 'guardinha' e tinha bastante tempo ocioso para frequentar lan houses. Nesses locais ele também se comunicava com outros internautas pelas redes sociais, uma maneira que encontrou de expor seus problemas sem precisar se identificar. As lan houses eram a solução para a sua timidez e poucos amigos. O rapaz jogava Counter Strike, jogo que preenchia o 'vazio' que ele sentia. "Gostava desse jogo por causa das armaduras, da criação dos personagens, da magia presente nas histórias. Essa era uma maneira de eu ser quem eu não era", lembra. Ele optava jogar nas lan houses ao invés de outros lugares por causa do preço e da possibilidade de competir em rede, ou seja, com várias pessoas. Dos 17 aos 20 anos foi o pior período para ele. No início, ficava conectado apenas uma hora por


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dia. Quando percebeu, passava três horas online. Um determinado dia chegou a ficar 29 horas jogando, pois na época estava desempregado. Para alimentar o vício, pedia dinheiro emprestado de algumas pessoas e passou a dever para o estabelecimento onde jogava. Foi nesse período que ele começou a trabalhar na lan house que frequentava para pagar sua dívida. "Tinha 19 anos, tinha sido mandado embora da Krupp e não tinha dinheiro. Passei a jogar das 8 às 22 horas". E.G. conta que quando jogava esquecia das situações ruins, divertia-se. Quando os jogos acabavam, pensava em como poderia resolver seus problemas. E quando estava longe de seu vício, não conseguia aproveitar o momento presente. "Se estava numa festa, por exemplo, ficava pensando quando iria para a lan house novamente". O rapaz lembra que no ápice de seu vício perdeu os poucos amigos que tinha, os parentes passaram a tratá-lo de maneira diferente, como se tivessem preconceito do seu problema, perdeu namorada, emprego, saúde. "Foi muito doloroso. Minha família me ajudou bastante, eles sofreram junto comigo". Hoje, ele pode usar computador e internet, gosta de se comunicar pelo Skype, mas não consegue ficar conectado mais de uma hora. Além de trabalhar, suas atividades são caminhar, tocar violão, namorar - com uma garota que foi importante para sua recuperação -, entre outras tarefas de uma vida comum. "Minha namorada me ajudou bastante. Estamos juntos há quatro anos e até hoje ela me apoia". Na ocasião da finalização desse Trabalho de Conclusão de Curso, E.G. já não estava mais namorando a garota. Tratamento - Uma irmã de E.G. que morava fora do país percebeu o problema quando o rapaz passou a pedir dinheiro para ela. A partir daí, seus pais e irmãos ficaram sabendo e aquela irmã, que conhecia uma pessoa que trabalhava numa clínica de reabilitação para alcoólatras e dependentes químicos, conseguiu uma vaga para o rapaz na Casa do Senhor, uma chácara em Campo Limpo Paulista. Para ser internado no local, ele precisou vender seus objetos, inclusive sua guitarra, para pagar a estadia. O rapaz ficou internado durante dois meses e 28 dias. Nesse período, teve acompanhamento psicológico, por meio de terapia, e participou dos trabalhos do lugar. "Eu limpava banheiro, cozinhava, plantava, cuidava das vacas. Gostava, porque me divertia, me distraía, mas era muito reservado, não conversava muito". Às vezes, conversava com os internados e ouvia muitas histórias dos dependentes. "Fui tomando consciência do meu


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problema, nem precisei tomar remédio". Um dos principais motivos que fez G. melhorar foi a música, pois o filho do caseiro da chácara tinha um violão e queria aprender a tocar. E.G. o ensinou e passou a tocar todos os dias, inclusive nas missas, de manhã, à tarde e à noite. "Consegui ficar internado por causa da música". No primeiro dia, o rapaz quis ir embora - a chácara é aberta para os internados irem embora quando quiserem, não há imposição – mas ele viu o sofrimento de outros dependentes e decidiu ficar. "É triste porque, quando lembro, vejo que perdi três meses da minha vida. Podia ter trabalhado, namorado, feito coisas. Toda noite alguém me contava alguma história e eu via as dificuldades daquela vida de viciado, eu refletia. Aprendi muito, tudo o que a vida pode ser, tudo o que posso fazer. Aprendi também a não pedir dinheiro emprestado", afirma.

Nome: L.P. Data da entrevista: Local da entrevista: na casa da sogra da adicta Horário: 20h Observação: o grupo irá usar somente as iniciais dos nomes dos entrevistados para preservar a identidade deles. Perfil: L. P. é costureira, tem dois filhos (de 22 e 24 anos), hoje é dona de casa, casada com W. S. há cinco anos e mantém perfis em redes sociais. Ela diz que não gosta do Facebook e que no Orkut tem cinco contas abertas, mas apenas 20 amigos. “Tenho cinco perfis para poder jogar os jogos que gosto. Para isso, preciso ser amiga de mim mesma”. Ela refere-se ao Megacity e Café Mania. L. P. conta que passou a usar as redes com maior frequência para chamar atenção de seu marido, exatamente quando ele está em casa. “A vida de casada é lavar, passar e cozinhar. Acho que a mulher tem que cuidar do marido, mas também tem que ser cuidada e meu marido não me dá todo o carinho e atenção que eu gostaria, por isso, ele é substituído pelo computador”. No início da entrevista, L. P. disse que não se considerava uma adicta, pois brincava apenas. “Não sou viciada, sei os meus limites. Nas redes eu preencho o meu tempo, mas também gosto de ler livros, pintar quadros, confeccionar bonecas”. “Acho que quem usa as redes, faz isso para chamar atenção. Aliás, se


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você perguntar para um viciado em qualquer coisa porque faz uso daquilo, a pessoa vai responder que é para chamar atenção. Às vezes, deixo de fazer alguma coisa para o meu marido, como passar a roupa dele, para chamar atenção.” L. P. diz que precisa usar este artifício porque o marido não dá o valor que ela merece. “Ele diz que sou a terceira, em grau de importância, em sua vida. Primeiro vem a neta, depois, o trabalho e depois, eu. Na minha vida, ele é o primeiro. Não saberia viver sem ele”. L. P. conta que o marido poderia jogar o computador no lixo, pois não ligaria. Mas se contradiz ao dizer que trocou o vício em cigarro pelo vício nas redes. “Fumei por quase 30 anos e parei porque meu marido ameaçou procurar outra pessoa. Parei, mas pedi em troca mais carinho, atenção, respeito, amor e reconhecimento das coisas que faço na casa. Ele prometeu que mudaria, mas não mudou, então, troquei as dependências”, diz a jovem senhora. E complementa: “Não me considero viciada, mas qual viciado se considera?”. A mulher também faz uma analogia entre o cigarro e a internet. “Faz três anos que parei de fumar e ainda é difícil lidar com isso, porque fumava quando estava nervosa, ansiosa. Nas redes, encontro o conforto que tinha e consigo suprir o fato de ser desvalorizada”. “Minha família me cobra carinho, mas eu sou carente de marido e de filha. Meu filho me dá mais atenção. Um homem me conheceu uma vez pelo Orkut e quis me conhecer, me valorizou, me elogiou. Deixei de ter contato com ele porque tenho medo de me interessar por outra pessoa. Todo viciado sente falta de alguma coisa. E eu só quero carinho”.

Observação: as perguntas feitas aos personagens não foram colocadas na pauta. O grupo foi orientado pela professora orientadora específica Maria Auxiliadora Mendes do Nascimento a colocar o perfil dos entrevistados.

Proprietários de lan houses:

Nome: Fábio Bilibio


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Endereço: Rua Marechal Deodoro da Fonseca, Centro, Jundiaí Tel.: (11) 3395-8192 Data da entrevista: Local da entrevista: na própria lan house Horário: 16h

Nome: João do Prado Júnior Endereço: Data da entrevista: Local da entrevista: na própria lan house Horário: 20h

Perguntas:

Quantas pessoas frequentam a lan house por dia, semana, mês? Tempo médio de uso de cada internauta? Serviços mais procurados? Os clientes acessam sites de redes sociais? Quais? A maioria dos frequentadores é formada por homens ou mulheres? Qual a faixa etária? Qual o preço por hora? Interesse de cada gênero? É permitido conteúdo adulto? A lan house oferece outros serviços? Quais? Perfil dos internautas e considerações que quiser fazer.


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APÊNDICE B – ROTEIRO ROTEIRO DE TV Assunto: Adicção às redes sociais Editores: Anderson Zanchin, Camila Santana, Cássia Sabatine, Renata Susigan e Anderson Silva Tempo: 20 minutos Nome do programa: Investigação Repórter VÍDEO

ÁUDIO

(Plano fechado/aberto) OFF – Anderson Zanchin Imagens de lan-house. Jovens usando Eles vivem na era da informática, o computador, conectados em redes conectados ao mundo virtual. sociais. tela Black , edição dip to Black. Simulação

A internet é parte de seu cotidiano. A cada conexão, a noção de vida real diminui.

Personagem no contra-luz (L. T.)

((SONORA))L.T

(Plano fechado) Página do Facebook e simulação. tela Black , edição dip to Black.

OFF – Anderson Zanchin As redes são sinônimos de um lugar seguro, espaço para internautas expressarem quem realmente são ou quem gostariam de ser.

Personagem no contra-luz (C. C.)

((SONORA)) C.C

(Plano fechado/aberto) Imagens de simulação. Efeito de transição em tela Black , edição dip to Black.

OFF – Anderson Zanchin Dependência ou lazer? Contatos ou atenção? O que buscam os internautas nas redes sociais?

Personagem no contra-luz (L. P.)

((SONORA)) L.P

(Plano fechado/aberto) OFF – Anderson Zanchin Imagens de simulação. Até que ponto o uso das redes é Efeito de transição em tela Black , saudável e quando ele se transforma edição dip to Black. em adicção?

Personagem no contra-luz (V. S.)

((SONORA)) V.S


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(Plano fechado/aberto) OFF – Anderson Zanchin Imagens de simulação. Qual o limite para se alimentar o vício? Efeito de transição em tela Black , Do que você seria capaz? edição dip to Black.

Personagem no contra-luz (E. G.)

((SONORA)) E.G

(Plano fechado/aberto) OFF – Anderson Zanchin Imagens do grupo trabalhando. A equipe do Investigação Repórter Efeito de transição em tela Black , estudou o tema adicção em redes edição dip to Black. sociais de fevereiro a outubro de 2011. E descobriu histórias fascinantes.

VINHETA – Investigação Repórter

VINHETA – Investigação Repórter

Tela Black- com inserção de texto e efeito sonoro typewriter (som de maquina de escrever)

Rede social: site de relacionamento via internet. Sítios que funcionam com base em perfis de usuários, que publicam características pessoais, físicas e profissionais por meio de textos. Página que permite o compartilhamento de fotos, vídeos, músicas e diversos tipos de arquivos.


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(Plano Aberto). Repórter caminha por entre os computadores, corpo inteiro. Ambiente: lan-house de Campo Limpo

PASSAGEM – Camila Santana Facebook / Orkut / Twitter / LinkedIn / Sonico // Você está conectado às redes sociais? //

(Plano Americano) Biblioteca da Faculdade Campo Limpo Paulista

Povo Fala: Você mantém perfis em redes sociais?// Quais? // Por que usa os sites de relacionamentos? // Quantos amigos virtuais você tem?//

Tela – imagens dos logos das redes sociais se interligando

OFF – Camila Santana Amigos / contatos profissionais / relacionamentos amorosos / grupos com interesses em comum e muitas outras possibilidades para quem acessa as redes sociais.

(Plano começa aberto e fecha em plano médio no final). Repórter em frente a Faculdade PUC/SP.

Passagem - Zanchin Segundo informações do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática / da PUC-SP, / há cerca de 12 anos registra-se um aumento no número de acessos aos sites de relacionamentos// E com ele / é possível detectar também uma nova adicção, / ainda pouco estudada e divulgada na comunidade acadêmica, nos veículos de comunicação e nas escolas:/ a dependência das redes sociais//

Personagem no contra-luz (L. T.)

((SONORA)) L.T

Personagem no contra-luz (C. C.)

((SONORA)) C.C

Personagem no contra-luz (L. T.)

((SONORA)) L.T

Personagem no contra-luz (C. C.)

((SONORA)) C.C

Personagem no contra-luz (L. T.)

((SONORA)) L.T

Personagem no contra-luz (C. C.)

((SONORA)) C.C

Personagem no contra-luz (L. T.)

((SONORA)) L.T


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(Plano aberto). Pessoas circulando no centro da cidade em Jundiaí. Arte – gráfico com marca d‟água. Tela com GC e fonte, IBGE e IBOPE.

OFF - Zanchin No Brasil existem aproximadamente 70 milhões de internautas// E nas principais capitais e regiões metropolitanas do país / a média de acesso às redes sociais é de 77%, em Salvador, 74% na Grande Rio / e 82% em Florianópolis//

(Plano aberto na repórter e fecha no entrevistado) Repórter entra na sala e realiza entrevista sentada com especialista.

Passagem – Camila Santana O Uso da internet vem crescendo a cada ano que passa/ e consequentemente/ os acessos às redes sociais// Mas qual a visão da sociedade quanto a isso?// Estou aqui com o sociólogo e professor Maurício Érnica/ da faculdade de Campo Limpo Paulista/ que vai falar das questões pra gente//

TELA BLACK- Definição das siglas NPPI. NPPI – Núcleo de Pesquisa da

Efeito sonoro typewriter (som de maquina de escrever)

psicologia e informática.

(Plano aberto) Passagem do repórter para introduzir o NPPI.

Passagem – Zanchin O NPPI não oferece um tratamento/ mas sim uma orientação aos dependentes de redes sociais e internet//

(Plano fechado) Imagens dos OFF – Anderson psicólogos do NPPI teclando com os Os psicólogos da clínica usam um adictos e repórter realizando entrevista. questionário desenvolvido pela psiquiatra americana Kimberly Young / para obterem informações que os ajudam a detectar se a pessoa está transferindo os acontecimentos de sua vida do mundo real para o virtual //


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(Plano médio). Sonora com psicólogos do NPPI,

((SONORAS))

Dra. Nádia Destefani Dra. Ana Luiza Mano Dr. Guilherme de Souza

Dra. Nádia Destefani Dra. Ana Luiza Mano Dr. Guilherme de Souza

Personagem no contra-luz (E.G)

((SONORAS)) E.G

Personagem no contra-luz (L. P)

((SONORAS)) L.P

Personagem no contra-luz (E.G)

((SONORAS)) E.G

Personagem no contra-luz (L. P.)

((SONORAS)) L.P

Personagem no contra-luz (E.G)

((SONORAS)) E.G

Personagem no contra-luz (L.P)

((SONORAS)) L.P

Personagem no contra-luz (E.G)

((SONORAS)) E.G

Personagem no contra-luz (L.P)

((SONORAS)) L.P

(Plano aberto e médio) Imagens da repórter conversando com o psiquiatra no consultório.

OFF - Camila Após as 10 seções de orientações que o NPPI oferece / se o adicto se sentir preparado/ pode procurar uma terapia convencional/ com psicólogos e psiquiatras //

TELA BLACK- Definição das siglas

Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes

PROAD. Efeito sonoro typewriter (som de maquina de escrever)


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(Plano médio) Passagem da repórter na Passagem – Camila Santana sala do especialista. A equipe do investigação repórter esta aqui com o Doutro Aderbal Vieira Junior psiquiatra do programa de orientação e atendimento a dependentes da Universidade Federal do Estado de São Paulo a UNIFESP// Doutor/ o que é o vício e como caracteriza o vício em internet e qual a orientação? E os tratamentos//

Personagem no contra-luz (E.G)

((SONORAS)) E.G

TELA BLACK- Definição das siglas

Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso

AMITI. Efeito sonoro typewriter (som de maquina de escrever)

(Plano fechado) Imagens da Doutora Dora Sampaio Góes trabalhando em seu consultório.

OFF – Zanchin O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)/ também possui tratamento específico para a adicção em internet// A nossa equipe não foi autorizada a entrar na clinica/ mas foi atendida no consultório da Psicóloga responsável//

(Plano médio) Passagem do repórter sentado apresentando especialista.

Passagem - Zanchin Quem fala com a nossa equipe sobre a dependência em redes sociais/ é a Dra. Dora Sampaio Góes/ do Programa de Dependência da Internet do Instituto e Psquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo//. Doutora/ como que é para detectar os sintomas da pessoa que já esta adicta da rede social?//

(Plano médio) Psicóloga na edição conversa com os adictos.

((SONORAS))


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Psicóloga Dr. Dora

((Sonora)) Dr. Dora

Personagem no contra-luz (L. T)

((Sonora)) L.T

Psicóloga Dr. Dora

((Sonora)) Dr. Dora

Personagem no contra-luz (W.S)

((Sonora)) W.S

Psicóloga Dr. Dora

((Sonora)) Dr. Dora

Personagem no contra-luz (L.T)

((Sonora)) L.T

Psicóloga Dr. Dora

((Sonora)) Dr. Dora

Personagem no contra-luz (C.C)

((Sonora)) C.C

Psicóloga Dr. Dora

((Sonora)) Dr. Dora

Personagem no contra-luz (L.T)

((Sonora)) L.T

Personagem no contra-luz (C.C)

((Sonora)) C.C

Psicóloga Dr. Dora (Plano Fechado) Imagens de pessoas trabalhando e usando computador.

OFF – Zanchin Mesmo se tratando de um problema novo a as consequências negativas já podem ser percebidas no âmbito profissional, social e familiar//


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(Plano médio)Os personagens conversam através da edição. Adicta L.P com seu marido W.S.

((SONORAS))

Personagem no contra-luz (W.S)

((Sonora)) W.S

Personagem no contra-luz (L. P)

((Sonora)) L.P

Personagem no contra-luz (W.S)

((Sonora)) W.S

Personagem no contra-luz (L. P)

((Sonora)) L.P

Personagem no contra-luz (W.S)

((Sonora)) W.S

Personagem no contra-luz (L.P)

((Sonora)) L.P

Personagem no contra-luz (W.S)

((Sonora)) W.S

Personagem no contra-luz (L.P)

((Sonora)) L.P

Personagem no contra-luz (W.S)

((Sonora)) W.S

(Plano médio) Imagens de pessoas usando as redes sociais.

OFF- Zanchin Mas por que as redes adquirem tanta importância na vida das pessoas? Para usá-las as redes / os internautas não se restringem às suas residências// Eles conectam-se nas escolas / bibliotecas / trabalho / casas de amigos / via celular e nas lan houses //

(Plano aberto) Passagem do repórter no Passagem – Anderson centro de Jundiaí. A Equipe do investigação repórter acompanhou nos meses de junho a setembro de 2011/ dez lan-houses de Jundiaí e região e constatou que os usuários variam de menores de idade até 35 anos, e o preço praticado em média é de dois reais a hora//


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(Plano médio) Sonora com proprietários ((SONORAS)) de Lan-house Sonora proprietário de Lan-house Fábio Bilibio

((Sonora)) Fábio Bilibio

Sonora proprietário de Lan-house João Prado

((Sonora)) João Prado

Sonora proprietário de Lan-house Fábio Bilibio

((Sonora)) Fábio Bilibio

Sonora proprietário de Lan-house João Prado

((Sonora)) João Prado

POVO-FALA

POVO-FALA Onde você utiliza as redes sociais? Por quê?Você acredita que as pessoas podem se viciar nas redes sociais? Por quê? Você conhece algum adicto?

TELA BLACK Amigos virtuais x Amigos reais Efeito sonoro typewriter (som de maquina de escrever)

Amigos virtuais x Amigos reais

Personagem no contra-luz (C.C)

((SONORA)) C.C

TELA BLACK É possível ficar sem? Efeito sonoro typewriter (som de maquina de escrever)

É possível ficar sem?

Personagem no contra-luz (L.T)

((SONORA)) L.T


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TELA BLACK Efeitos da conexão na sua vida. Efeito sonoro typewriter (som de maquina de escrever)

Efeitos da conexão na sua vida.

Personagem no contra-luz (E.G)

((SONORA)) E.G

TELA BLACK O que é vício para você? Efeito sonoro typewriter (som de maquina de escrever)

O que é vício para você?

Personagem no contra-luz (L.P)

((SONORA)) L.P

Faid de tela do Facebook clica na opção sair

TRILHA.


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Entra Rol (rolagem dos textos no sentido vertical da tela, conhecido como créditos finais de filmes e programas de TV)

Créditos

Produtoras: Cenaset e I9 Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI) Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMIT) Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (PROAD) Pauta e Produção Cássia Sabatine Reportagem e Roteiro Anderson Zanchin Reportagem e Produção Camila Santana Chefia de Reportagem e Roteiro Renata Susigan Imagens Fernando Almeida Edição e Pós-produção Anderson Silva Orientação Específica Profa. Esp Maria Auxiliadora Mendes do Nascimento

Orientação Metodológica Profa.Ms. Ane Katarine Medina Orientação Específica Maria Auxiliadora Mendes do Nascimento FACCAMP 2011


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APÊNDICE C - CARTAS DE CESSÃO DE DIREITOS


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APÊNDICE D – E-MAILS


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REFERÊNCIAS

Livros

FORTIM,

Ivelise;

FARAH,

Rosa

Maria.

Apresentação.

In:

______.

Relacionamentos na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2007.

FORTIM, Ivelise. As comunidades virtuais e o reconhecimento social. In: FORTIM, Ivelise e FARAH, Rosa Maria (orgs). Relacionamentos na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2007.

______. Será que conhecemos alguém de verdade na internet?. In: FORTIM, Ivelise FARAH, Rosa Maria (orgs). Relacionamentos na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2007.

______. Vidas paralelas, vidas secretas, vidas compartilhadas. In: FORTIM, Ivelise FARAH, Rosa Maria (orgs). Relacionamentos na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2007.

LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: 7 ed. Record, 2008.

LÉVY, Pierre. Cibercultura (trad. Carlos Irineu da Costa). São Paulo: Editora 34, 1999.

LOPES, Paulo Annunziata. A intimidade do anonimato. In: FORTIM, Ivelise;

FARAH, Rosa Maria (orgs). Relacionamentos na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2007

______. Possibilidades e desafios da orientação psicológica via email. In: FORTIM, Ivelise FARAH, Rosa Maria (orgs). Relacionamentos na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2007.


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MELLO, José Guimarães. Dicionário Multimídia: jornalismo, publicidade e informática. São Paulo: Arte e Ciência Editora, 2003.

MEDINA, Ângelo. Relacionamentos na era digital: como lidar com a mente e as emoções na era da internet. In: FORTIM, Ivelise FARAH, Rosa Maria (orgs). Relacionamentos na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2007

PEREIRA, Vanessa Andrade. Entre games e folgações: apontamentos de uma antropóloga na lan house. Etnografia, 2007.

SANCHES, Oscar Adolfo. O que é tecnologia da informação e comunicação. In: ______. O Governo Eletrônico no Estado de São Paulo. São Paulo: Editora Centro de Estudos e Cultura Contemporânea, 2003.

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Internet

Almanaque

Ibope.

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Brasil.

Disponível

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<www.almanaqueibope.com.br>

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Fórum Nacional de Professores de Jornalismo. Documentário e video-reportagem: uma

contribuição

ao

ensino

de

<http://www.fnpj.org.br/grupos.php?det=156>

telejornalismo.

Disponível

em e


114

<http://www.ebah.com.br/content/AGAAACv68AC/documentario-videoreportagem-contribuicao-ao-ensino-telejornalismo>

G1. Fãs de games lamentam fechamento da primeira lan house do Brasil. Disponível em <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1552689-6174,00FAS+DE+GAMES+LAMENTAM+FECHAMENTO+DA+PRIMEIRA+LAN+HOUSE+ DO+BRASIL.html>

IBGE.

Pesquisa

nacional

por

amostra

de

domicílios.

Disponível

em

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad200 9/sintese_defaultpdf_tecnologia.shtm>

Infoescola. O que são blogs? Disponível em <www.infoescola.com/informatica/oque-sao-blogs>

Infoescola.

O

que

são

fotologs?

Disponível

em

<www.infoescola.com/informatica/o-que-sao-fotologs>

Lastfm. Página inicial. Disponível em <www.lastfm.com.br>

Myspace. Página inicial. Disponível em <www.myspace.com>

NPPI. O NPPI. Disponível em <http://www.pucsp.br/nppi/onppi.html>

O Globo. Podcasting. Disponível em <www.oglobo.com.br/podcasting>

Oficina da Net. O que é uma intranet e pra que serve? Disponível em <www.oficinadanet.com.br/artigo/intranet/o_que_e_uma_intranet_e_pra_que_serv e>

Portal dos donos de lan houses. Lan house e sua história. Disponível em <http://abcid.forumotion.com/?pid=7>


115

Sonico. Página inicial. Disponível em <www.sonico.com>

Skype. Página inicial. Disponível em <www.skype.com/intl/pt/home>

Tecmundo.

A

História

do

Twitter.

2010.

Disponível

em

<http://www.tecmundo.com.br/3667-a-historia-do-twitter.htm>

Tumblr. About. Disponível em <www.tumblr.com/about>

Entrevistas

VIEIRA,

Aderbal.

Aderbal

Vieira

Junior:

depoimento

14.

Set.

2011.

Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Camila Santana de Oliveira, Cássia de Souza Sabatine, Renata Brito Susigan. São Paulo / SP. 1 filmagem (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.

GÓES, Dora Sampaio. Dora Sampaio Góes: depoimento 14. Set. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Camila Santana de Oliveira, Cássia de Souza Sabatine, Renata Brito Susigan. São Paulo / SP. 1 filmagem (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.

ÉRNICA, Maurício. Maurício Érnica: depoimento 14. Set. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Camila Santana de Oliveira, Cássia de Souza Sabatine, Renata Brito Susigan. São Paulo / SP. 1 filmagem (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.

RICARDO, Thiago Felipe. Thiago Felipe Ricardo: depoimento 22. Abr. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Renata Brito Susigan. Jundiaí / SP. 1 gravação sonora (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.


116

GODEZ, Caique. Caique Godez: depoimento 22. Abr. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Renata Brito Susigan. Jundiaí / SP. 1 gravação sonora (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.

BILIBIO, Fábio. Fábio Bilibio: depoimento 22. Abr. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Renata Brito Susigan. Jundiaí / SP. 1 gravação sonora (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.

COLLANGE, Fernando. Fernando Collange: depoimento 22. Abr. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Renata Brito Susigan. Jundiaí / SP. 1 gravação sonora (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.

DIAS, Thiago. Thiago Dias: depoimento 22. Abr. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Renata Brito Susigan. Jundiaí / SP. 1 gravação sonora (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.

RODRIGUES, Silvano José. Silvano José Rodrigues: depoimento 22. Abr. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Renata Brito Susigan. Jundiaí / SP. 1 gravação sonora (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.

PRADO, João. João do Prado Junior: depoimento 22. Abr. 2011. Entrevistadores: Anderson Adalto Zanchin, Camila Santana de Oliveira, Cássia de Souza Sabatine, Renata Brito Susigan. Campo Limpo Paulista / SP. 1 gravação sonora (30 min)*. Entrevista concedida ao Projeto Experimental em Jornalismo/2011.


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