De Femina Perseverante - Um livro reportagem sobre as delegacias da mulher na cidade de São Paulo

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mulher que mais apanha é da periferia, por uma questão de recorte social, porém, não se pode ignorar o fato de que mulheres de classe social mais abastada também sofrem com a violência de gênero. A diferença é evidente na orientação judicial. Mulheres com maior poder aquisitivo já chegam na delegacia acompanhadas de advogados, enquanto mulheres pobres têm dificuldade em saber por onde começar. Muitas das mulheres em situação de violência que procuram pelas DDMs vão acompanhadas por amigas ou parentes, e muitas ainda levam os filhos junto. Por isso, o cenário da recepção de uma DDM às vezes pode ser confuso e barulhento. Quatro das cinco delegacias que visitei possuíam - dentro de suas limitações - brinquedos para servir como distração para crianças, fosse enquanto as mães aguardavam atendimento, fosse enquanto elas prestavam o depoimento. Além disso, os brinquedos não serviam apenas para as crianças que acompanhavam vítimas, afinal, muitas crianças sofrem algum tipo de abuso sexual ou agressão e é a Delegacia da Mulher que deve atender esse tipo de caso. Mesmo em meio a tanta informação algumas compartilham suas histórias. Foi em um desses dias movimentados que ouvi uma mulher, que era acompanhada de uma amiga na delegacia, contando sua experiência de estar em situação de violência e ter que procurar por ajuda: “Na época, me agrediram na frente do meu filho, eu dizia pra ele não se preocupar que era só brincadeira. Depois, recor52


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