Um toque de vermelho

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“Lindsay.” Ela virou a cabeça. Adrian estava de pé ao lado da porta traseira do Maybach, estacionado logo na entrada do caminho circular que levava à casa. O vento o acariciava como a um amante, agitando seus cabelos escuros, que haviam crescido pelo menos dois centímetros desde que se viram pela última vez. Ele estava lindo e elegante com sua polo preta de mangas compridas e suas calças azul-marinho feitas sob medida. Ela sentiu que havia uma tempestade dentro dele, apesar de nada em seu rosto sereno e sua postura contida revelar isso. Uma onda de desolação se formou dentro dela quando ele olhou para a mala em suas mãos, fazendo-a estremecer. Ela nunca tinha sentido um desespero como aquele, uma sensação tão pungente de culpa e mágoa. E ele parecia sentir o mesmo. As lágrimas se acumularam em seus olhos. Ela mal conseguia respirar. Deus do céu. De tantas coisas no mundo para ser obrigada a abrir mão, por que precisava ser justamente dele? Ela poderia abrir mão do chocolate. Da água. Do ar. Desde que pudesse ficar com ele sem nenhuma restrição por um período de tempo qualquer. Ele quebrou a imobilidade correndo na direção dela. A mala escapou das mãos delas e caiu no chão de cascalho. “Adrian.” Quando ela tentou se afastar, ele a agarrou com força, arrancando o ar de seus pulmões. Suas asas se abriram numa erupção perolada com um toque de vermelho, e eles subiram pelos ares.


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