Anuário Brasil-Israel 2015

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INSTITUCIONAL E CONJUNTURA

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Em busca de credibilidade

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Anuário 2015

do pelo boom das commodities no mercado global, quando as vacas já estavam em franco processo de emagrecimento”, comenta Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. “Como resultado, o superávit primário [despesas menos receitas, exceto o pagamento de juros], que oscilou entre 2% e 4% do PIB desde o início do século, se transformou em um déficit de 0,6% no ano passado, um tombo muito grande. O Brasil foi além da conta”. O ajuste implementado pelo Ministério da Fazenda é amplo. Inclui, além da inevitável contenção de gastos públicos, a elevação de impostos, o fim da contribuição governamental à Conta de Desenvolvimento Econômico (CDE), que já resultou em aumentos nas tarifas de energia elétrica, e o corte de cerca de 50%, para R$ 12,8 bilhões, nas renúncias por conta da desoneração da folha de pagamento de empresas 56 setores, esta ainda em negociação com o Congresso Nacional. O objetivo estabelecido para 2015 é apurar um superávit primário de 1,2% do PIB, o que corresponderá, segundo estimativas do jornal Valor Econômico,

O maior desafio do governo brasileiro no ajuste das contas públicas em curso é inspirar confiança aos agentes econômicos, para viabilizar a retomada do crescimento em 2016

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Brasil finalmente sucumbiu à crise econômica internacional, que afeta os quatro cantos do planeta, hoje à exceção dos Estados Unidos, desde o fim da década passada. Depois de o PIB sofrer uma leve queda de 0,2% em 2009, no eclodir da tormenta, o governo federal apostou em renúncias fiscais variadas e oferta abundante de crédito, com forte atuação dos bancos oficiais, para manter o nível de atividades em patamar elevado. A estratégia surtiu grande efeito em 2010, quando o país cresceu 7,6%, índice digno dos tempos do “milagre brasileiro”. Nos anos seguintes, contudo, as taxas de evolução do PIB recuaram e, o que é pior, as contas públicas começaram a fazer água, devido aos incentivos ao setor privado. Com o sinal vermelho aceso e as sirenes a tocar, o Executivo anunciou mudanças em sua equipe. Em janeiro de 2015, o engenheiro e economista Joaquim Levy, ex-executivo do Bradesco e titular da Secretaria da Receita Federal de 2003 a 2006, assumiu o Ministério da Fazenda com a missão de colocar ordem na casa. “O governo tentou prolongar o período de vacas gordas, proporciona-


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