Revista Lisboa n.º 5

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revista municipal

LISBOA

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LISBOA, cidade jovem A cidade está sempre a mudar. A estrutura da sua população também. Como na metáfora do ovo e da galinha, nem sempre é fácil perceber se a cidade muda porque muda a população, se o inverso. Num momento, ouvimos dizer que a população da cidade está a envelhecer. Noutro, somos confrontados com a afirmação peremtória de um turista: “tantos jovens!”. Onde está a verdade? [texto de Luís Miguel Carneiro | fotografia de Américo Simas]

Os dados da demografia são o que são; a sua interpretação é que por vezes nos passa ao lado. É verdade que a cidade perdeu mais de um terço da população desde o censo de 1960 e que a relação entre o grupo etário dos jovens com menos de 15 anos e o dos chamados idosos (com mais de 65 anos) se desequilibrou, aumentando o peso relativo deste último. Porque nas últimas décadas os jovens casais foram viver para a periferia, onde criaram os filhos, e porque aumentou a esperança média de vida. Mas também é verdade que, do censo de 2001 para o de 2011, o ritmo de perda de população estagnou e, pela primeira vez desde a chegada dos retornados das ex-colónias em 1975, cresceu

o número de famílias e de habitantes em várias freguesias da cidade. E isso não se deve apenas à chegada de imigrantes (os mais de 44 mil estrangeiros constituem já 8% da população da cidade), deve-se também ao crescimento da população jovem em diversos bairros da cidade. Considerando o ciclo da vida, não surpreende que as freguesias do casco histórico (que ainda nos Censos de 1991 e 2001 eram as mais envelhecidas) surjam agora como as mais rejuvenescidas - e as que em 1981 e 1991 eram das mais jovens, como S. João de Brito e S. João de Deus, estejam hoje no polo oposto. A crise tem destas coisas: o crédito fácil atraiu muitos lisboetas para a compra de

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