revista municipal
LISBOA
sentir
composta pelos dois irmãos e pelo senhor Fernando, na casa “desde que nasceu” – e que só não se tornou oficial na arte de camiseiro porque “não se ajeitava com a mão esquerda”. Ter olho é meio caminho, como revela José Vicente: “o meu pai ensinou-me como tirar medidas visualmente como numa fotografia e passá-la diretamente para o tecido de determinada maneira”, técnica que é segredo bem guardado nesta casa. Escolher os tecidos nas carteiras de amostras e o modelo numa revista ou catálogo, tirar medidas, fazer o molde, cortar, pontuar com alinhavos, coser, provar e marcar a giz, acabar, são passos necessários para o fato perfeito. As regras estão bem definidas: as entretelas ficam aos cuidados da costureira, o contramestre não cose, o alfaiate não prova nem tira medidas. Já lá vão os tempos dos coletes, fatos e capotes para a clientela galega, a que sucederam, em tempos mais recentes, os dólmens e uniformes para militares e pilotos da barra, e os fatos para políticos e classe média em ascensão, sobretudo depois da revolução de 1974 e da publicidade no programa radiofónico “Quando o Telefone Toca”. Hoje os clientes são também atores de cinema, tenores do Teatro S. Carlos, aderecistas do Teatro Nacional. Sejam camisas e fatos feitos à medida ou roupas e acessórios das melhores marcas inglesas e italianas, a elegância e o bom gosto têm morada na Rua dos Remolares.
JOÃO BENTO VICENTE alfaiates e camiseiros Rua dos Remolares, 24-26 1200-371 Lisboa Tel.: 213 463 873 joaobentovicente@gmail.com
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