Além disso, a verdadeira dimensão do risco de atropelamento nem sempre é evidente para os peões. A investigação demonstra que o peão só opta pelo uso da passagem desnivelada quando os inconvenientes associados ao uso da passagem são menores que os riscos e outros inconvenientes que o peão percebe que corre se não a usar.
Foto 9.3.b – Avenida das Descobertas (Restelo). A passagem desnivelada coexiste com passadeiras.
As passagens desniveladas não são, por isso, capazes de atrair todos os fluxos pedonais. E também não se pode assumir, por conseguinte, que uma passagem desnivelada seja a solução mais eficaz para os atropelamentos. Referiu a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), a propósito do desmantelamento de uma passagem desnivelada no Campo Grande (junto à Universidade Lusófona): As passagens superiores em plena cidade são um símbolo anacrónico da dominância do automóvel sobre as pessoas. Ao desmantelar esta passagem superior, queremos dar um sinal de que Lisboa pode ser uma cidade mais justa e mais inclusiva. Pretendemos com esta inauguração “ao contrário”, celebrar o início de uma nova era, reduzindo o domínio absurdo e inaceitável da mobilidade automóvel sobre a acessibilidade humana. *Manuel João Ramos e Mário Alves, Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M)
161