Cadernos do Arquivo Municipal n.º 9

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05-07-2011

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enquadramentos e fazer a selecção de imagens mais interessante, para publicar ou editar em postal. Muitas destas imagens estão repetidas 3 e 4 vezes (Eduardo Portugal chega a ter 6 e 7 provas do mesmo negativo, tal era o seu frenesim de impressão), em vários papéis, tanto a preto e branco, como viradas a sépia2. É curioso que encontramos poucas referências ao trabalho de câmara escura e ao trabalho de processamento dos negativos e de impressão das provas. Nem tão pouco ao equipamento de laboratório necessário para a impressão dos negativos. Algumas grandes questões permanecem portanto, por responder: seria o próprio Eduardo Portugal que imprimia as provas? Teria um ajudante ou usaria os serviços de um laboratório comercial? Quem fazia o processamento dos negativos? O tipo de trabalho de impressão que apresenta, com inúmeras experiências de viragens, utilização de papéis com acabamentos diversos, ampliações nos mais variados formatos para os álbuns, são indícios de que faria o seu próprio trabalho de impressão, ou que teria pelo menos uma câmara escura montada com um ajudante a trabalhar para ele. Mas na sua casa não se encontrou nem câmara escura, nem equipamento de impressão, nem uma única factura de laboratório, ou de papel fotográfico ou químicos necessários ao

processamento. Conhecendo o seu espírito meticuloso, de guardar todos os

papéis e registar tudo o que fazia ou comprava (até da compra da sua roupa interior temos registos), como é possível não haver registos da actividade de câmara escura? Será que estas facturas foram incluídas na contabilidade da chapelaria da família? Mas mesmo assim, porque não surgem nos seus apontamentos referências à impressão ou aos gastos com papel fotográfico? Estas e outras questões permanecem por responder.

NÚCLEO - PROVAS DE FORMATOS MAIORES Neste núcleo encontramos provas ampliadas de Eduardo Portugal, junto com provas de outros autores, de várias épocas e temáticas, com incidência no retrato e paisagem. Os retratos de Eduardo Portugal evidenciam um óbvio interesse do autor na fotografia de expressão artística, de acordo com tendências já um pouco ultrapassadas nesta época. As provas são propositadamente escuras e com definição reduzida, em que a reprodução do detalhe é propositadamente posto em segundo plano, para se ressaltar o dramatismo da tonalidade e o mistério do claro-escuro. A maioria destes retratos data do período 1925 a 1928, estendendo-se com produção mais escassa até 1935. Tanto os retratos individuais de família ou amigos (não comerciais), como outros produzidos com motivações comerciais, apresentam esta forma de representação misteriosa e etérea. As

243 Tratamento que consiste num banho dado à prova, após o processamento, convertendo a prata em sulfureto de prata e conferindo-lhe uma coloração castanha. 2


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