Agenda Cultural de Lisboa | out 18

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ENTREVISTA

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ALA DOS NAMORADOS

25 anos FILIPA SANTOS

A Ala dos Namorados está de parabéns. O grupo faz 25 anos, e resolveu comemorar em grande estilo, com um concerto numa das mais emblemáticas salas da capital – o Coliseu dos Recreios. Dia 13 de outubro a festa faz-se na companhia de muitos amigos que fazem parte da história do grupo, como João Gil e Moz Carrapa, da formação inicial. A Ala dos Namorados surgiu em 1993. Que recordações têm dessa altura? Manuel Paulo: um dia o João Gil veio falar comigo, disse que tinha umas letras interessantes do João Monge e desafiou-me a trabalhar sobre elas. Gostei imediatamente e começámos a trabalhar sobre as letras. De repente tínhamos material com valor suficiente para lhe dar vida. Começámos então a pensar em quem é que podia dar voz ao material que tínhamos. Eu tinha conhecido o Nuno no ano anterior num espetáculo do Carlos Paredes. Na altura ele era contratenor, e lembrei-me que a voz dele talvez se pudesse adequar a algumas das nossas músicas. Falámos com o Nuno, ele ouviu as canções, cantou-as e percebemos que fazia sentido e que o projeto ía funcionar com a voz dele, embora a princípio houvesse alguma estranheza, pelo lado exótico da voz dele. O Nuno começou por ser bailarino. Como é que a música surge na sua vida? Nuno Guerreiro: sempre existiu paralelamente à dança, sempre cantei. De iní-

cio não dava tanta atenção a esse lado, porque estava mais focado na dança, mas a voz cá andava, e sempre adorei cantar. Apercebia-me que tinha voz porque me pediam frequentemente para cantar em jantares ou festas da escola. Adorava cantar Madredeus, Amália, Vitorino, Zeca Afonso, que eram as minhas referências maiores na altura. Depois, numa vertente mais pop e soul, ouvia muito Aretha Franklin e George Michael, que é um dos meus grandes ídolos. Quando começaram o projeto imaginavam que viriam a ser uma das bandas mais marcantes dessa época? NG: o primeiro disco teve o seu impacto, mas acho que a Ala dos Namorados foi crescendo gradualmente, e diria que só chegámos ao grande público em 1999 com Solta-se o Beijo. MP: om o primeiro disco criámos uma identidade, mas não foi logo um êxito estrondoso. A Ala dos Namorados passou a existir, e depois foi crescendo. Fizemos muitos concertos, cá dentro e lá fora. Fomos a Marrocos, Canadá, Brasil, Japão… Tivemos sempre trabalho regular, mas com o Solta-se o Beijo (que é uma canção um bocadinho atípica na Ala) chegámos a mais pessoas, o que foi ótimo, porque isso levou-as a quererem ouvir as nossas canções mais antigas. Qual é a história por trás desta música? MP: foi uma canção feita pelo João Gil com letra da Catarina Furtado. Estávamos no Brasil, num camarim, e ele disse


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