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Glaser operava com desenvoltura no espectro compreendido entre a síntese e a verborragia. Para ficar nos livros, da síntese formal de Indignação a The Electric Kool-Aid Acid Test, a jornada é curta. A capa do livro de Tom Wolfe, que acompanhou as viagens físicas e astrais de Ben Kesey, tem um complexo desenho figurativo. Dispostos em círculos concêntrico fragmentos da narrativa de Wolfe surgem em cores saturadas e contrastantes. Lembrando que comunicar é a missão do designer, eis a experiência do vórtice lisérgico.
Mas para falar de síntese em Glaser, inevitável mencionar o I Love NY. A história é conhecida, mas vale repisar a inteligência de sua operação. O desenho icônico do coração é utilizado desde o século 14 para representar a ideia de amor. Glaser se apropria desse símbolo conhecido, mas o subverte, transformando o que era substantivo em verbo. Também opera um segundo deslocamento, ao associar o entendimento do amor romântico a uma causa social.
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A aposta na forma mínima da contração NY é certeira, pois dá concisão ao arranjo. Se seus termos flertam com o vocabulário moderno, a tipografia de Glaser põe a aproximação em xeque. De um purista, esperaríamos uma fonte sem serifa — quem sabe a fria Helvetica, do metrô nova-iorquino. Mas a escolha da expressiva American typewriter, com suas serifas arredondadas e ar mundano, deixa claro que seu compromisso era com o público, e não com seus pares.

