Quebre o idolo anthony de mello

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Livros de Anthony de Mello

Abandonar-se a Deus para ser Igreja, 4- ed. Apelo ao amor, 7a ed. Autolibertação, 1- ed. Caminhar sobre as águas, 7a ed. Canto do pássaro (O), 11a ed. Enigma do iluminado (O) - vol. I, 3a ed. Enigma do iluminado (O) - vol. II, 3~ ed. Fontes da vida (As), 2- ed. Quarenta e três maneiras de orar, 7â ed. Quebre o ídolo, 5a ed. Sabedoria de um minuto, 5- ed. Verdades de um minuto, 3a ed.


Baseado nos Exercícios de Oração de Pe. Antony de Mello, SJ

QUEBRE O ÍDOLO

EDIÇÕES LOYOLA


Reinaldo Coutinho Simões Edições Loyola Rua 1822 n° 347 - Ipiranga 04216-000 São Paulo, SP Caixa Postal 42.335 - 04218-970 - São Paulo, SP (11) 6914-1922 (11) 6163-4275 Home page e vendas: www.loyola.com.br Editorial: loyola@loyola.com.br Vendas: vendas@loyola.com.br

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A religião não é uma questão de rituais ou estudos acadêmicos. Não é um tipo de culto ou de boas ações. Religião é uma questão de arrancar as impurezas do coração. Este é o caminho para encontrar a Deus. Anthony de Mello


INDICE

A CURA DO SOFRIMENTO CRIADO PELA MENTE DIZER O SENTIMENTO EXERCÍCIO A Debates — tópico 1 EXERCÍCIO B Debates — tópico 2 EXERCÍCIO C. Debates — tópico 3 EXERCÍCIO D Debates — tópico 4 EXERCÍCIO E Debates — tópico 5 EXERCÍCIO F Debates — tópico 6 EXERCÍCIO G Debates — tópico 7 EXERCÍCIO H Debates — tópico 8 EXERCÍCIO 1 Debates — tópico 9 EXERCÍCIO J Debates — tópico 10 EXERCÍCIO K


Debates — tópico 11 EXERCÍCIO L Debates — tópico 12 EXERCÍCIO M Debates — tópico 13 EXERCÍCIO N Debates — tópico 14 EXERCÍCIO O Debates — tópico 15 EXERCÍCIO P EXERCÍCIO Q Debates — tópico 16 EXERCÍCIO R IDÉIAS DE ANTHONY DE MELLO, S.J., PARA MEDITAÇÃO E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL.


A CURA DO SOFRIMENTO CRIADO PELA MENTE

Como encontrar saída para a insatisfação da vida? Quando a vida de uma pessoa é insatisfatória, ela procura encontrar uma saída. Como você encontra a felicidade, paz e amor para si, ou ajuda alguém a ser feliz? Você não precisa de um livro, escrituras ou religiões. Você não necessita de um guru ou de rituais primitivos. Precisa apenas dos seus cinco sentidos. Olhe para o seu corpo e mente; são tudo de que precisa. Você encontrará neles todo o necessário; junto com os recursos que Deus lhe deu. Nossas vidas são tão insatisfatórias! Não há paz, não há prazer, há sofrimento. Se não houvesse sofrimento, haveria amor. A única razão de você não estar amando todo o tempo é estar sofrendo. Se você não sofresse, amaria. Estaria em paz, espalhando amor e paz à sua volta. Nosso sofrimento tem uma causa. Esta é a grande percepção de Buda. Sua genialidade se manifestou quando ele clamou que o sofrimento tem uma causa e que se a descobríssemos poderíamos destruí-lo. Teríamos liberdade, Nirvana. Qual a causa do sofrimento? A atividade mental, a construção de pensamentos. Algumas vezes a mente está em repouso, e tudo está bem. Mas algumas vezes ela começa a agir, elaborando o que Buda chama de construção dos pensamentos. Começaria a fazer julgamentos, avaliações, diversos e variados pensamentos. A mente move-se numa direção que implica avaliar coisas, julgar pessoas e acontecimentos. O sofrimento é resultado das avaliações, julgamentos e construções mentais. Se a mente não julga, não há sofrimento, mas também não há emoção. Há apenas alegria pura. Todos nós, em determinados momentos de nossas vidas, já experimentamos esta alegria. Chame isto de graça, coincidência, sorte ou do que quiser. De repente somos preenchidos de paz, a mente não mais se agita, e experimentamos alegria, prazer. Se não entendermos a ação das nossas mentes, começaremos a nos apoiar somente em nossa construção mental e estaremos ao arbítrio da razão. Não nos


apoiaremos em coisas, mas em construções mentais. Ficaremos presos no que foi inventado pela mente, não pelas coisas em si. Andamos pela rua e ouvimos uma linda música. Nos extasiamos. Então aparece a construção mental: “Que música linda, gostaria de ouvi-la mais vezes; comprarei um gravador, pois preciso desta gravação. Terei de me esforçar para conseguir essas coisas”. Tudo construído pela mente. Outra pessoa que passasse pela mesma rua, ouvisse a mesma música, ficaria tão extasiada com isto quanto ficaria com outras coisas. “Eu gostaria de ouvir esta música de novo, mas se não posso comprar um gravador, posso fazer ressoar em meu coração uma música igualmente extasiante”. Quais construções da mente criam ansiedade, inquietação? A música é mágica, adorável, eu gosto disso. Você não está à mercê da música que ouviu ou do gravador, está controlado pelas avaliações que a sua mente faz. Quais são as avaliações usuais da sua mente? Você já ouviu pressões e afirmações interiores como: “Você não deveria fazer isto; você não deveria falar essas coisas; precisa disto; você merece...; ela deveria ser mais...”? Já ouviu possibilidades, convites sem pressões, livres, para que você próprio tome uma decisão, ou ainda ouve “deveria” a cada desejo? “Deveres” tornam as decisões desnecessárias, pois existem tanta pressão da sociedade e tantas leis para aderir ao usual, que tudo o que resta é agir de acordo com as exigências interiores. Você consegue perceber esses “deveres" como sinais de laços familiares provindos de um passado distante? Eles já foram encantadores no passado, mas agora não são nem mesmo reais. São recordações de seu passado, do lugar de onde você veio, mas não lhe trazem mais vida. Não possuem nem amor, nem carinho, nem preocupação. São uma droga mental. Você percebe que eles vêm de um outro lugar e tempo, não relacionados com o seu aqui e agora? Não se referem a “você”. “Deveres” são conceitos sem realidade nem vida. Como acabar com a tendência a racionalizar o mundo até a morte? Devemos entender as construções da mente. O que vai por dentro de nós? Imagine um homem que não possuísse os sentidos da visão e da audição. Ele não poderia ver ou ouvir e estaria vivendo em um mundo onde todas as outras pessoas seriam também cegas e surdas. Em que tipo de mundo estaria vivendo? Suspeitaria algum dia de que os objetos que toca, cheira e tateia têm outra dimensão, a da visão? E se você crescesse desprezando os seus cinco sentidos, levando em conta estritamente a interpretação e os “deveres” da autoridade? Seria muito provável que nunca pudesse


confiar em seus sentidos, bom senso, seu próprio eu, mas que procurasse, durante toda sua vida, a aprovação das autoridades quando pensasse, fizesse, falasse e sentisse. De fato, algumas sociedades forçam as pessoas a confessar quando falam, pensam, tocam ou agem diferentemente da forma determinada pela autoridade. Algumas religiões fazem o mesmo. Enquanto houver um grau de ordem relacionado à obediência e às autoridades, haverá um profundo e difuso risco imediatamente abaixo dessa segurança superficial. O poder cria o medo, a conformidade e o confinamento. “Deveres” do sistema podem afastar uma pessoa da sua própria graça, beleza e amor. Você não é nem tem sido você desde a mais tenra infância. Gostaria de descobrir quem realmente é? Teria coragem suficiente para se tomar você mesmo? Isto é estimulante. Você pode amar dado sentimento, pensamento e ação desse novo você. Mas não pode ter ninguém a julgá-lo e vigiá-lo por cima dos ombros. Esta nova vida se inicia com a aceitação e o amor de si próprio, e com a confiança nos seus sentidos, todos eles, em todos os aspectos. É uma aceitação especial e minuciosa. Você está pronto? Leões da floresta, acautelem-se. Lá vou eu. Finalmente, após tudo o que fui, sem medo. Temos cinco sentidos. É possível que tivéssemos outros cinco, e como resultado a árvore da vida nos mostrasse coisas das quais nunca havíamos suspeitado? Por não termos estes sentidos é que nossa mente não pode nem ao menos pensar nessas possibilidades. Uma pessoa nascida cega e surda não pode conceber que a flor que cheira e toca possua cor. Nunca lhe ocorrerá que uma coisa como esta existe. Para viver de verdade e ser você, precisará deste dom especial de sentir e pensar o desconhecido. Quem vive por “dever” não tem sentimentos próprios, apenas prazeres e pensamentos derivados, como aqueles que só conseguem rir quando o chefe ri. Elas experimentam um sentimento de “justificativa” que precede o riso. A aprovação torna-o correto. Grande parte dos adultos necessita de permissão antes de executar a mínima ação, exprimir a menor opinião ou ter qualquer prazer na vida. A permissão que apenas uma criança buscaria é refletida nos adultos quando eles lutam pela liberdade de tomar decisões, compartilhar, falar, até mesmo sentir. Tomar-se superior ao seu condicionamento será tão difícil quanto usar seus cinco sentidos pela primeira vez. Você se sentirá estranho e solitário quando confiar


neles, em vez de seguir a sua necessidade de aprovação, mas o prazer que irá sentir estará acima de qualquer descrição: o ressuscitar de sua vida. Que vejo quando olho para a vida? Não há como saber. Estão os seus sentidos introduzindo algum dado novo à realidade? Possui esta algo de especial ou os seus sentidos estão criando algo que a ela não pertence, ou apenas em parte? Não sabemos. Como saber se a cor verde que vejo existe de fato? Suponha que todas as vezes que eu a vir verde você a verá amarela e chamará de verde. Pensaríamos estar vendo a mesma coisa, mas não estaríamos. Não sabemos o quanto a nossa percepção é responsável por aquilo que vemos. Como seria triste se não a tivéssemos para descobrir a vida. Se temos autoridade e consciência, não confiamos em nós mesmos. Como posso dizer se os meus sentimentos são meus, baseados em minha própria percepção da realidade ou se são sentimentos advindos da autoridade e da consciência? Você acredita que possa haver uma forma correta de sentir? Tem conhecimento de quem estabeleceu algo assim? Com que frequência você vê, pensa, sente, age por “dever”? Sem sair do nível do dever, você não chega a arranhar a realidade ainda, nem mesmo suspeita o que ela é. Alcança apenas os conceitos e as imagens da realidade através das leis da etiqueta e do comportamento. Ainda não provou o verdadeiro sabor, nem amou. “Senhor, eu posso ver." “Meu Deus, é maravilhoso!" Se supusermos que os nossos sentidos são puramente receptivos, teremos um problema, pois eles são extremamente seletivos. A nossa consciência também é seletiva, não vemos a realidade, não podemos vê-la, podemos ver o que é projetado, préselecionado pela mente. Não posso vê-lo, apenas à idéia que existe sobre você em minha mente. Eis a razão de duas imagens serem vistas. Vejo em você coisas que outro não vê, e vice-versa. Em outras palavras, para que eu possa vê-lo, devo situá-lo junto à minha mente, ao seu lado selecionador, e perceber: quanto da realidade subsiste? A mesma proporção que subsiste na sua mente. É isto a realidade? O que subsiste na mente é constantemente filtrado. Quais são os filtros? Meus medos, desejos, relações, crenças, hábitos e condicionamentos. Eles selecionam aquilo que é percebido pelos nossos sentidos. Não tenho sensações reais, reajo às imagens substanciadas da minha mente. Posso olhar para alguém, ver um americano, ter um bom sentimento; qualquer outra pessoa, ao olhá-lo, pode ter um sentimento adverso. Vê-se um ser humano? Ou uma imagem? Através da reação alheia, é possível dizer se eles estão respondendo ao impulso do aqui e agora ou a uma imagem pré-concebida.


Quando você deseja algo, repara em muitas coisas que as outras pessoas não veem. Uma mãe pode estar dormindo profundamente enquanto jatos rugem à sua cabeça, mas ao primeiro suspiro do seu bebê ela acordará. Por quê? Seus sentidos filtram os outros sons. Algo acontece dentro de nós. Existe, lá, um sensor que age sobre o que vivemos. Tal percepção depende do condicionamento passado. Se alguém acredita ser inferior, estará constantemente captando coisas que confirmem sua crença. Sempre estamos confirmando as nossas crenças. Se penso ser os americanos algo, perceberei neles aquilo que confirmará meu pensar. Vivemos então com tantas coisas filtradas, selecionadas, sensoriadas. Que existe de fato em nossas mentes? Adicionamos às imagens nossas construções mentais e avaliações: “Isto é bom, isto é mau, certo, errado etc." Na realidade não há bem ou mal. Não existe bem ou mal com as pessoas, ou na natureza. Existe apenas um julgamento mental imposto a esta ou àquela realidade. Que julgamento? Que equipe é boa, qual a melhor, qual a boa vitória, quando está é má? Na realidade existe apenas um jogo e as pessoas dele participando, uma bola que é arremessada, chutada, lançada. Bola e jogadores deslocam-se de um lado para o outro. As pessoas adicionam então suas avaliações particulares a estas ações na vida; elas torcem mais frequentemente por um uniforme ou por um conceito do que pela realidade já existente. Aplaudem muito mais o seu próprio condicionamento e preferências do que a realidade observada. Não é estúpido? As pessoas acabam nesta confusão usual porque correm em volta das coisas como tolos, não sabem o que elas são. Continuam adicionando seus filtros, avaliações e desejos à realidade. Inserem o bem e o mal à realidade como se estivessem enchendo um balão; dizem que as coisas são desejáveis, indesejáveis, certas, erradas. As coisas são o que são, quer as entendamos ou não. Que é consciência? É a capacidade de observar quando filtramos a realidade, não apenas a imagem que persiste. A primeira coisa sobre o qual devemos nos tornar conscientes é: 1.

saber da existência do filtro;

2.

saber que quando você reage, reage à imagem em sua mente, não à

realidade; 3.

perceber que tudo quanto existe nesse filtro é passageiro, está-se

movendo e mudando constantemente. Você finge que isto é permanente, estático, mas isto muda sempre. Tudo flui, se move, vive;


4.

perceber que tudo o que existe na sua mente, no seu filtro, é inadequado e

insatisfatório, por ser passageiro; 5.

perceber que tudo o que existe no filtro, na mente, não é você, é o vazio

do seu ego, que não existe aí, onde existem apenas projeções mentais. O eu inventou a noção do “ego, a mim”. Se eu olhar para o mundo, em minha estupidez projetarei o “meu” sobre os prédios, máquinas de escrever, cidades, sobre a realidade. Dê-me alguma realidade e estarei apto a projetar sobre ela algo do meu ego. Este “meu” existe apenas na minha cabeça, porque se eu morresse hoje à noite, nada naquele prédio iria mudar. As coisas são o que são. Não são minhas, suas ou dele. Isto é mera convenção entre nós. Finjamos que um prédio seja seu. A sua posse sobre ele não é em relação à posse exatamente. O prédio é o prédio. A raiz de todo sofrimento é o apegar-se, o apoderar-se. Apegar-se não é mais do que projetar o “ego, a mim” em alguma coisa. Tão logo você projeta o eu em algo, o apego se instala. Quando vagarosamente removemos a palavra “eu, meu, a mim” das nossas propriedades, prédios, roupas, sociedade, congregação, país, religião, do nosso corpo, da nossa personalidade, o resultado é libertação, liberdade, Moksha. Quando não há eu, as coisas são o que são. Você deixa a vida ser vida. Perceba que tudo é passageiro, insatisfatório e vazio de eu. Paradoxalmente, esta é a fórmula secreta para um deleite contínuo. Jesus percebeu isto. “Quem é minha mãe, meu irmão, minha irmã? Não os tenho”. Existe ali uma mulher, porém minha mãe é um conceito em minha mente. Relacionamentos são uma função, projeção da mente. Ninguém quer enxergar isto, logo todos são loucos, malucos. Estão vivendo em um mundo por eles criado, dando origem tanto ao sofrimento como às emoções, constantemente procurando um alívio para a confusão que causam. É como se, após um corte, tentassem se punir com a pena de outro corte. Uma confusão sem fim. Não apenas o “isto é meu” cria problemas, como também o “eu sou isto, e aquilo, e aquilo mais”. A identificação com o “eu” pode causar problemas, por exemplo: “Eu sou bom, eu sou mau, eu sou uma pessoa adorável, eu sou impaciente”. A minha combinação é diferente da sua combinação. As suas projeções da minha pessoa não são iguais a mim. As minhas projeções sobre mim também não o são. Quem você diz que eu sou não é quem eu sou. Nem mesmo eu posso exprimir em palavras quem sou. Se não existe o ego, não há mal. Se os sikhs não tivessem um ego coletivo não teria havido problemas. Se os goans não tivessem um ego coletivo, não teria havido


problemas. O mesmo vale para brasileiros, espanhóis, indianos, para quaisquer nacionalidades e religiões. Todas as convenções, rótulos, limites são inventados em nossa mente. Cinquenta anos atrás, não havia um ego paquistanês; três séculos atrás, ninguém vivia ou morria por algo chamado ego americano. Dez séculos atrás, não havia um ego muçulmano; vinte séculos atrás, não havia um ego cristão. Tais coisas são convenções não inerentes à realidade ou à vida; não foram criadas na Natureza por Deus; são feitas, definidas, escritas advindo da idéia do homem. As coisas são o que são. O ego é uma criação da mente. Nossas mentes criam rótulos, aplicam-nos a indivíduos, dizendo que a partir daquele instante este ou aquele grupo são grupos separados. Então pedimos às pessoas que ofereçam suas vidas pela defesa dos rótulos que criamos. Damos a esta defesa um título glorioso, algo como: morrer pela fé; na realidade elas morrem por convenções, por conceitos que não existem na realidade. São prometidas a essas pessoas recompensas invisíveis, como por exemplo: se você morrer pela fé, pelo país, por Deus, terá um reino eterno, apesar de não ser real. Os conceitos são sobrepostos e até a recompensa é conceitual. É um caminho difícil reaprender a viver a realidade, percebêla com precisão. Poucos são os escolhidos. A mentalidade massificada, o desejo de ser bem-sucedido e a aprovação das promessas do ego são mais sedutoras e frequentemente mais atraentes do que a vida real. Deus nos ajude! Que é, pois, meditação? Meditação significa observar tudo o que se encontra nos filtros da sua consciência, ver, reconhecer, estar consciente de que tudo é passageiro, insatisfatório e livre de eu. Um dos mestres budistas diz: “Você pode gastar toda a sua vida contemplando a tendência de sua mente de rotular o bem e o mal em todas as coisas". Eu lhe asseguro que se você pudesse observar o trabalho de sua mente, nunca conheceria um minuto de tédio. A mente cria o bem e o mal todo o tempo, enviando mensagens em reação aos julgamentos. “Isto é bom” (julgamento) e portanto desejável (mensagem); “Isto é mim; indesejável”. Esta atividade dá-se continuamente. O maravilhoso é perceber que todas essas ações são, de fato, criadas pela minha mente. O bem e o mal não existem na realidade, também ser ou não desejável. O cenário é invenção nossa. É fascinante; é como se disputássemos um jogo computadorizado com os melhores jogadores do mundo. Teríamos entretenimento pelo resto de nossas vidas. Não conheceríamos um minuto de tédio. Você desfrutaria a sua vida, pois não levaria a sério todas as suas vontades ou desgostos apreensivamente. Atração e repulsão, o apoderar-se e o resistir a macular a mente, ao que corrompe o coração. “Benditos sejam os puros de coração, pois encontrarão a Deus”.


Quando você puder limpar o coração de todos os apegos e aversões, verá a Deus. A religião não é uma questão de rituais ou estudos acadêmicos. Não é um tipo de culto ou de boas ações. Religião é uma questão de arrancar as impurezas do coração. Este é o caminho para encontrar a Deus. Quando uma pessoa não possui antipatias ou apegos, seu amor renasce, cresce. Conhecerá então o amor. De outra maneira, estará apenas ocupada com algumas imagens em sua mente. Nenhum apego, nenhuma aversão, apenas amor; perceba e aceitará de coração o que quer que seja. Em termos religiosos, Deus controla todas as coisas, sua vontade sagrada se faz, quaisquer que sejam as ações e pensamentos; isto é religião. Limpe o seu coração, remova as impurezas chamadas apegos e aversões. Contemple as avaliações da sua mente acerca do bem e do mal, e como isto resiste, se apodera do seu ser. Você, que alcançou o vazio, um estágio de não-estima, deixa de ser uma pessoa. Move-se pela vida, por dentro da vida, preenchido pela vida, e nada tem o poder de destruí-lo. É como se você jogasse, tinta no ar, não grudaria. Um segundo depois não haveria mais nada no ar. O grande mestre Hakwin não deixou discípulos, escrituras, nada. Dizia-se sobre ele, “ao entrar em uma floresta nem uma folha era perturbada, ao entrar na água nem uma onda sequer se fazia; ele não desarmonizava o mundo”. Um barulho nunca o perturbará. Nem você mesmo será capaz de se perturbar. As coisas são o que são. O barulho existe na sua cabeça, não na realidade. Suas avaliações fazem deste barulho um aborrecimento; outras pessoas não estarão perturbadas por conseguirem fazer avaliação diversa. A meditação não é apego, identificação ou posse. Estas ações conduzem apenas ao sofrimento. Meditação é observação. Conduz ao questionamento e ao amor.


Dizer o sentimento

Todos os problemas psicológicos advêm da inibição. Qual a distinção entre uma pessoa normal e uma pessoa saudável? A pessoa normal vive para as normas. A pessoa saudável é como um bárbaro. (Se está feliz, demonstra, você sabe disso, você sente). Ela é saudável, mas não se encaixa na sociedade. Como preservar sua saúde emocional básica e também se adequar à sociedade? A base da vida é a emoção. As criaturas que sobrevivem na selva são aquelas que pulam e matam. A pessoa polida e inibida esconde-se atrás de uma árvore e assume a morte. Internaliza seus medos. A espécie humana nunca teria sobrevivido se fosse inibida. Os seus antepassados foram a mais brava e corajosa das espécies. Personalidade não é questão de lógica e conformidade. É questão de sentimentos, especialmente os que são expressos e comunicados. Muitas pessoas brilhantes são tão opacas quanto água suja. São seus treinamentos emocionais que determinam se elas são do tipo saudável ou inibido. As crianças são autênticas porque emocionalmente abertas. Uma infância ingênua é uma infância feliz. Se uma criança ou adolescente não tem permissão para agir como tal, destina-se a agir como criança quando crescer. O bebê nasce livre, mas seus pais logo o acorrentam. Algumas vezes a criança nunca se liberta. As suas correntes são muito apertadas? A tragédia do drama é que todos os vilões se disfarçam de amigos. A autoridade parece tão interessada e bem-intencionada ao ensinar a conformidade e manipular a formação das pessoas. Aparentemente os homens têm um número maior de problemas psicológicos do que as mulheres. Vejam os gagos, por exemplo. A proporção é de 10 homens gagos para cada mulher. O grau de estresse e tensão é o mesmo, mas o de alívio varia enormemente. As mulheres parecem ter permissão da sociedade para expressar mais seus sentimentos. Elas podem chorar mais facilmente. Falam a linguagem dos sentimentos mais facilmente. O homem não, e paga por isso.


Você já notou que, quando as pessoas bebem, os sentimentos fluem e por um breve período os problemas emocionais são aliviados? A pessoa se torna desinibida. O álcool é um dos produtos químicos que liberam temporariamente as emoções. Alívio temporário não é, porém, em hipótese alguma, solução para as inibições. A emoção é a regra básica da vida. Iniba os impulsos naturais de alguém, e as neuroses irromperão. Todos os animais necessitam de estimulação sensorial. Não se encontra animal neurótico. Em um laboratório, se o animal é privado de estimulação sensorial, tato, olfato, paladar etc. ele se torna deprimido ou hiperativo. Cerca de 85% dos religiosos são deprimidos, porque têm muitos deveres, inúmeros ideais e uma estimulação sensorial insuficiente. E também se tornam deprimidos ou hiperativos. Manter-se ativo é uma forma de estimulação, mas as pessoas necessitam igualmente de estímulos emocionais. Como uma pessoa recebe estímulos emocionais? Expressando suas emoções. Quando você está fisicamente inativo, dê a si próprio algum estímulo físico, caminhando,

fazendo

ginástica etc. Quando estiver deprimido, corra um risco

emocional. Assim as emoções voltarão a fluir normalmente. Quando os estímulos emocionais e sensoriais estão bloqueados dentro de nós, nos deprimimos. Expresse seus sentimentos. Veja com que facilidade as crianças — não-religiosas, destemidas, irreprimidas — o fazem. Você não necessitará mais que os outros o estimulem emocionalmente. Você será o centro, não estará escondido atrás da árvore. Expressará seus sentimentos, não conferindo exagerada importância ao fato de os outros corresponderem ou não a eles. Por que ser tão dependente do que os outros pensam? Por que deixar-se inibir? Conforme as emoções fluírem, você não precisará dos outros, nem temerá sua opiniões, ditas ou não-ditas. Haverá tanta graça e riqueza dentro de você, e existirá tanta vida e emoção a seu dispor a qualquer momento, que você se perguntará se precisa realmente das pessoas. Uma vez que o seu temor de uma pessoa em particular termine, será livre. Pode desejar examinar se transferiu tal temor para alguma outra pessoa. Substituímos facilmente desejos, dependências, temores. Se assim for, você precisará se tomar livre deles também. O vício da aprovação é profundo e se enraíza rapidamente. Suas inibições eram simplesmente medos. Como você pode ter estado tão zangado, repleto de ódio, até mesmo com medo dessas pessoas que professava amar? Porque queria algo que pensava ser preciso para sobreviver emocionalmente, e queria isso delas. É


impossível amar em meio ao temor ou ao desespero. Você ainda quer algo delas? A escolha é: amor ou desejar algo; ser livre ou desejar que os outros mudem. Se as crianças não fossem amedrontadas, estariam sempre bem. Elas podem ouvir, aprender, observar, mas por que acrescentar temores, medos, vergonhas, maldades e pecado às suas experiências e erros? Onde aprendemos isto? Você se lembra de quem lhe ensinou a vergonha e o medo como valores? —

Esses não são modos de se comportar diante de um convidado.

Desculpe, mamãe.

Peça desculpas a ele.

Desculpe-me.

Eu tenho vergonha de você; espero que você tenha um pouco de

vergonha na cara etc. Experiências e erros são normais e saudáveis; se não houver experiências e erros, não haverá riscos. Haverá apenas a conformidade calculada. Isto não é vida, nem o sentido da criação, nem a experiência do amor, nem a mensagem do Evangelho. Como você classifica o motivo de alguém viver na conformidade? Medo personificado? O abuso emocional é usualmente mascarado como ensino, laço de família, autoridade e obediência. O que as crianças estão aprendendo? Você se preocupa ao fazer algo errado, ao desapontar os outros, ou receia ser repreendido ou desaprovado? Você é um espécime raro mesmo nas angústias do seu condicionamento. Você está ciente de quando se esforça para viver de acordo com as expectativas dos outros? Quem o ensinou a se expressar, a viver livre e feliz? Por outro lado, quem lhe ensinou que o caminho para a felicidade era ser aprovado e aceito pela sociedade? Pense nos seus momentos mais felizes, o que você fez? Você se recordará que falou sem pensar no que os outros poderiam achar. Você agiu livre e confiantemente. Você não estava interessado em agradar. Fomos treinados para a infelicidade. Disseram-nos: “Pense primeiro, depois fale”. Fomos treinados a ser especialistas em arrancar aprovação, a censurar tudo: “Pense duas vezes antes de falar, não expresse seus sentimentos; diga o que as outras pessoas esperam; pense no que os outros podem estar pensando". E todo mundo começa a dizer o que as outras pessoas podem estar pensando. Alguém consegue expressar-se a si mesmo e à vida real?


Temos vivido segundo um censor de consciência, uma autoridade e um nebuloso e paranoico conceito, o das “outras pessoas". Você conseguiria definir a sua felicidade como um esforço em ser aceito pelo vago conceito das “outras pessoas"? Alguns religiosos foram tão reprimidos que tiveram uma vida inteira de infelicidade para tentar conseguir a aprovação de um outro conceito, o conceito de “Deus”. E se mantêm por todos os sempre emocionalmente carentes e, graças a esse conceito, também espiritualmente. Isto em uma porcentagem muito grande, cerca de 84%. As pessoas perguntam: “Como me tornei tão inibido, cheio de medo, incapaz de expressar meus sentimentos?" Elas querem dizer na verdade: “Como me foi retirada a emoção natural em minha infância?” Quando, por quem e como este componente emocional foi retorcido e desviado? A essa altura não importa muito onde o processo começou. Necessário é curar a pessoa. O que se originou em qual pessoa ou em qual evento não importa. Cure a pessoa. O passado está morto, enterrado e ressuscitado. Bondade e maldade vêm dele. A vida veio dele. Vamos amar o passado. Curemos também o presente, exatamente na situação do agora, crítico para a vida. Isto será suficiente. A pessoa inibida e egoísta está constantemente preocupada consigo. Não gosta de si, passa a ser pouco atraente, pois não revela seus sentimentos e esconde seus dons; não assume sua parcela de risco com os outros, dedica aos demais poucos pensa mentos, não tem capacidade de olhar para fora de si, para aqueles que estão a sua volta. Aprendeu a viver para a aprovação, que nunca chega a ser suficiente. A pessoa inibida não ama, ainda que queira ser amada. Não existe amor sem envolvimento. Ela continua fechada em sua concha. Todos têm problemas, mas se eles se expressam o problema flui; estas pessoas não precisam de terapia. Uma cliente disse ao terapeuta: “Estou apaixonada por você”. Terapeuta: “Está?” Cliente: “Sim, sinto um grande amor por você”. Terapeuta: “Que bom! E como você se sente?” Cliente: “Gosto de pensar em você, imaginar--me conversando com você, saio feliz das nossas sessões. Eu me sinto bem compartilhando os meus sentimentos com você. Podemos prosseguir com a terapia agora?” Terapeuta: “Você não quer saber o que acho disso tudo?” Cliente: “Não”.


Que delícia. É maravilhosa, a capacidade de expressar sentimentos de forma livre, sem amarras, expressar seus sentimentos para alguém que entende. Todos os problemas psicológicos se desenvolvem porque não expressamos nossos sentimentos.

Estamos atemorizados. Não sabemos expressar sentimentos

negativos nem positivos. Somos analfabetos na expressão de sentimentos. Temos medo. Podemos falar sobre os nossos problemas, não sobre sentimentos. Carl Rogers fala de congruência. Congruência é revelar meu problema a você, é risco. Significa estar disposto a partilhar com você o meu sentimento a seu respeito bem como sobre a situação. Posso dizer: “Estou apaixonado por você; estou fascinado; você me atrai sexualmente; mas existe algo em você de que eu não gosto; algumas vezes fico muito irritado com você etc.” E quase nunca dizemos essas coisas que nos revelam, iluminam nosso mistério.

“Existe algo em você que me afeta, me influencia

profundamente. Não tenho certeza do que isto significa." Os sentimentos estão muito próximos do meu eu interior. Que acontecerá se as pessoas souberem não o que tenho feito, e sim quem sou e o que estou sentindo? A pessoa inibida sofre de constipação das emoções. Boas condições físicas requerem uma geração interna, ou seja, que o nutriente gere energia e descarte o excedente. Isto deve passar pelo corpo regularmente. Da mesma forma, a geração dos sentimentos necessita de descargas contínuas. Devemos deixá-la fluir. De outra forma, o acúmulo psicológico intoxica e a úlcera aparece, insidiosa. É por causa das nossas boas maneiras, da etiqueta e da aprovação da sociedade que contribuímos todos para esta constipação interna, que acumula hipocrisia emocional. Estas pessoas não têm sentimentos ou desejo nem alegria de viver. Há pessoas com dificuldades de se levantar de manhã; outros se sentem ansiosas quando necessitam encontrar pessoas. Encarar o mundo de frente exige emoção, a fim de deixar a segurança e o confinamento do útero, bem como uma mudança das formas de vida, da escuridão e imobilidade para o risco e o fluxo. Em seus esforços de permanecer a salvo e afastado do risco da vida, o âmago da personalidade inibidora suprime a vontade, toda a energia se volta para dentro e o fluxo da vida é bloqueado. A pessoa inibida é simultaneamente muito egoísta, por estar absorta em si; e não é egoísta o suficiente, já que não luta por si própria. Ela vive em uma torre de marfim, ainda que insista ser bastante sensível ao que a cerca. Os inibidos estão sempre tentando agradar. Ficam em cima do muro; podem demonstrar expressividade ou tranquilidade acerca de tudo, exceto sobre o que sentem. Acham difícil dizer “não”, porque precisam


de afirmação contínua. Pensam que o seu “sim" pode conseguir seus intentos. São tensos. Não sabem relaxar. Indecisos e cheios de segredos. Não diriam a você nem o que almoçaram. Evitam a palavra “eu”. Já notou como as pessoas que aparentam admiráveis boas maneiras parecem ser excessivamente inibidas? Mas os não-inibidos não são necessariamente os maleducados. Quer o problema seja dependência de drogas ou sexo, uma necessidade compulsiva de aprovação, ou ainda dificuldades mais óbvias como a gagueira ou a timidez, foram causados na infância pela inibição. A desinibição pode ser provocada. As pessoas podem ser curadas. Apenas fale, fale sempre, com sentimento. Eis o que as crianças fazem o dia todo (até que passam a frequentar a escola). Elas demonstram seus sentimentos aos outros, com alguns em particular, com babás, ursinhos, amigos (a menos que sejam inibidas). É isto que a intimidade representa. É isto que o amor representa. É disso que o mundo mais precisa.


EXERCÍCIOS E TÓPICOS

PARA DISCUSSÃO


Exercício A

Descubra os medos e ansiedades em suas relações.

1.

Selecione um deles.

2.

Atrás de cada ansiedade, existe uma exigência imposta por você. Pode

distinguir nitidamente essa exigência? 3.

Conscientize-se da expectativa ou origem desta exigência. (Deve haver

alguma coisa que o levou a acreditar em determinada idéia. Por exemplo, a crença de que os outros são necessários a sua felicidade, ou que o comportamento alheio pode criar ou controlar sua felicidade.) 4.

Agora olhe para dentro de você, entenda que existe um generoso reino de

felicidade auto--suficiente. Você não o havia encontrado dentro de você antes porque ou a sua atenção estava voltada para as coisas em que você acreditava ou para as suas ilusões a respeito do mundo. Quando se é feliz as ansiedades desaparecem.

DEBATES — TÓPICO 1

O desejo certamente não é amor, apesar de ser constantemente confundido com ele. O desejo, em uma procura desvairada por gratificação, deixa o seu lar, o seu cerne, buscando incessantemente algo mais. Já o amor está sempre no lar, dentro de você.

Exercício B

1.

Pense nas coisas pelas quais você tem brigado ou se esforçado.

2.

Conscientize-se de que você não precisa da maior parte dessas coisas.


3.

Imagine por um momento que você perdeu o medo de viver sem tais

4.

Imagine que você perdeu o medo de ser um joão-ninguém.

5.

Alimente

coisas.

esse

corajoso

sentimento.

Você

alcançou a

felicidade.

Consegue senti-la? A felicidade não está no que o eu possui, mas no que o eu é. O seu eu já é quem necessita ser. Você consegue ver? Esta é a fé verdadeira.

DEBATES — TÓPICO 2

A vida é muito importante para ser desperdiçada na ânsia de ser rico, famoso, de boa aparência, popular bonito ou no pavor de ser pobre, desconhecido, ignorado ou feio. Estas coisas perdem importância, como se fossem seixos ao redor de um diamante fulgurante. Você, seu verdadeiro eu, sempre foi e sempre será um diamante. O valor da sua vida é incalculável. Você usaria um precioso manuscrito para acender o fogo? A necessidade de impressionar é um desperdício de sua tão preciosa vida. São atitudes como essa que causam grande parte dos infortúnios do mundo. Seja real, não fictício.

Exercício C

1.

Pense nas pessoas que o elogiam. Que dizem? Diga a si mesmo: “Esses

elogios não são o meu eu; pertencem ao meu eu”. Não se identifique com coisas, ideias, palavras ou rótulos, consigo, com seu eu. Se necessário estabeleça apenas uma associação remota. 2.

Pense nas pessoas que a criticam. Que dizem? Diga a si mesmo: “Essas

críticas não são o meu eu; referem-se a mim". A única coisa que existe é uma remota associação. Não se identifique com coisas, ideias, palavras ou rótulos. 3.

Pense em você se culpando por algum erro passado. Diga a si mesmo:

“Estas censuras não são o meu eu; pertencem a mim de forma remota. Meus conceitos, meus julgamentos não são o meu eu. Podem ser meus, não eu".


O eu não está bem nem mau, não é bonito nem feio, inteligente nem estúpido. O eu simplesmente é. Indescritível como o espírito. Todas as coisas — como seus sentimentos, pensamentos e células — vêm e vão. Não se identifique com nenhuma delas. O eu não é nenhuma delas.

DEBATES — TÓPICO 3

Não existe necessidade de tentar. A espiritualidade é, na verdade, uma questão de ser quem somos, de transformar-nos no que somos, de ver quem somos. Embora ajamos honesta, vã, insana, justificável ou cruelmente, somos sal vos pela percepção do que não fora percebido até então. Quando descobrimos que nossa essência é única e imutável, que o nosso eu é o que sempre tem sido pela graça de Deus, chegamos a ser nosso eu espiritual. Não necessitamos tentar perceber a Boa Nova. Temos em nosso interior uma mina de diamantes, somos o Reino. Você perceberá que é finalmente livre quando não tiver a necessidade pueril de estar “certo”. Não se desesperará por ar, vida ou Deus, uma vez alcançada a consciência de que já os possui.

Exercício D

1.

Faça uma lista das coisas que normalmente o aborrecem.

2.

Conscientize-se,

por

mais

incrível

que

pareça,

de

que

nada,

absolutamente nada, tem o poder de aborrecê-lo. Todo aborrecimento vem do apego à ilusão da “identificação”, o que significa que você está sob a impressão de essa ilusão ser seu eu. Quando estamos conscientes, nenhuma injustiça humana, perda ou mal tem poder de perturbar-nos. Não importa o que aconteça, você está em paz. Um carro desgovernado não pode atropelar quem está num avião. As mais negras nuvens não turvam o céu.


3.

Agora retome àquela lista e diga: “Eu não sou isso nem aquilo".

Aconteça o que acontecer, não perderei o meu verdadeiro eu. Ninguém mais poderá manter o seu eu fora de você e dizer: “Pule, submeta-se, obedeça e lhe darei o seu próprio eu". Você não mais acredita que outro tenha o poder de lhe dar o seu próprio eu, nem de tomá-lo. Sabe o que significa não mais sentir-se aborrecido ou receoso? Isto é uma pérola de valor inestimável. O que você pretende dar em troca?

DEBATES — TÓPICO 4

Não existe necessidade de ser popular. Não existe necessidade de ser amado ou aceitado. Não existe necessidade de estar em posição de destaque ou de ser importante. Estas não são necessidades humanas básicas. São desejos que nascem de ego — o eu condicionado —, do mim Alguma coisa profundamente incrustada em você, o seu eu, não tem interesse nessas coisas. Ele já tem tudo de que necessita para ser feliz. Tudo o que você precisa é conscientizar-se de seus apegos, das ilusões que essas coisas são, e estará a caminho da liberdade.

Exercício E

1.

Se você busca ser feliz, procure não preencher seus desejos, porque eles

não são respostas para a sua vida. Para ser feliz, abandone seus desejos ou os transforme em preferência pelo entendimento do seu valor limitado. O preenchimento dos desejos traz alívio e conforto, não felicidade. 2.

Pense em algo que você deseja intensamente. Examine esses desejos um

por um e pergunte: “E se eu pudesse ser feliz quer esses desejos se realizassem ou não? Não seria maravilhoso?” 3.

Conscientize-se de que há milhares de pessoas verdadeiramente felizes

sem coisas ou pessoas que você tão ardentemente deseja.


4.

Agora diga a cada uma dessas coisas ou pessoas desejadas: “Quero

sinceramente ser feliz sem vocês, porque vocês não são a minha felicidade”. Você não se pode permitir viver com falsas identificações; passe a admitir que elas não são mais do que preferência pessoal.

DEBATES — TÓPICO 5

Não existe nenhum impulso naturalmente humano de ser importante, de ser de algum modo mais do que os outros, ou de ser considerado maior do que os outros são. O desejo de ser popular, bem-sucedido ou mesmo amado são necessidades criadas. O único impulso natural que existe é o de ser livre. A liberdade do oneroso desejo de ser importante, bem-sucedido, popular ou amado. Estar livre da necessidade de ser recompensado, aplaudido é a liberdade digna da nossa estatura de filhos de Deus.

Exercício F

1.

Observe seu desapontamento quando algo não se desenrola da maneira

que você queria, alguém não o trata de jeito que esperava, ou quando alguma crítica o abate. Entenda o que provoca em você essa reação aguda, ou o porquê de ter ficado tão aborrecido com a crítica ou o fato ocorrido. 2.

Tome consciência dos sentimentos de vergonha e culpa pelos enganos do

passado. Percebe como você é capaz de julgar a si mesmo, de provocar sentimentos negativos e de infelicidade? Veja quanta autocompaixão por seus pesares. Compreenda que é você o único que se condena, peça desculpas a si mesmo e deixe-se iluminar. Que revelação! Toda mínima partícula de sofrimento, toda emoção negativa podem levá-lo ao entendimento, clareza, felicidade e liberdade se você souber como usá-las, se se der


tempo para compreender, como se você apenas visse. Senhor, eu posso ver. Compreensão, fórmula para uma vida feliz.

DEBATES — TÓPICO 6

Experiências agradáveis tornam a vida prazerosa; experiências dolorosas levamna ao crescimento. O sofrimento nos mostra onde não estamos bem, onde ainda não crescemos, da mesma forma que pontos dolorosos são sintomas de doenças específicas ou de regiões corporais sobrecarregadas. Não desperdice nenhum sofrimento que lhe sobrevenha.

Exercício G

1.

Pare na frente de um amigo e diga: “Eu o deixo livre para ser você

mesmo, para ter pensamentos próprios, para seguir suas inclinações, para entregar-se às suas predileções, para viver a vida da forma que quiser. Não farei exigências, não quero que seja como eu desejo. Não alimentarei expectativas a respeito do que você deva ser ou fazer no futuro” 2.

Diga também: “Daqui para a frente, eu serei livre para ter os meus

pensamentos, para seguir..., para entregar-me..., para viver da forma que eu quiser”. 3.

Se você não conseguir dizer estas palavras, que pensar sobre você? Sobre

a natureza das suas amizades? Sobre a qualidade da sua vida?

DEBATES — TÓPICO 7

Nunca faça favores para que as pessoas lhe sejam agradecidas. Elas perceberão a sua ânsia por agradecimentos ou elogios, sentindo--se obrigadas a algo, quando não manipuladas. Alguns atos encorajam a falsa crença de que a sua força está mais nos outros do que em você. A idolatria é uma ilusão que vê um poder maior nas forças


externas do que dentro de nós. Quando dá a alguém o poder sobre si, você está criando o ídolo.

Exercício H

1.

Olhe para as pessoas que você conhece e das quais gosta. Veja-as como

egoístas, depois como tolas. Pense em ocasiões em que pudessem ser imaturas e mesquinhas, depois medrosas e confusas, e por último, inocentes, sem culpa. 2.

Olhe para as pessoas que você admira, sobre quem tem lido, às quais tem

feito orações. Jesus, por exemplo. Veja-as como egoístas, tolas, imaturas e mesquinhas, medrosas e confusas, inocentes, sem culpa. 3.

Pense em si mesmo. Veja-se como tolo, egoísta, mesquinho, confuso,

ignorante, inocente, sem culpa. 4.

Há algumas características que você não seria capaz de aceitar não estaria

disposto a aplicar a si e a elas? Ficaria desapontado se o que se disse sobre eles e sobre você fosse verdade? Ama-os ainda mais por todas as limitações e fraquezas? Consegue aceitá-las como simplesmente humanas? Aceita-as como pessoas que se pode amar? Consegue ver como Deus pode amar todas as idiossincrasias de todas as pessoas, bem como suas imperfeições e virtudes?

DEBATES — TÓPICO 8

Você nunca está apaixonado por alguém. Você se apaixona pelas ideias esperançosas e pelos sentimentos agradáveis que cria a respeito de alguém. Você nunca confiou em ninguém; confiou apenas no seu julgamento sobre a pessoa. Quando o seu julgamento sobre uma pessoa muda, transforma-se também a sua confiança.


Exercício I

1.

Pense em todos os controles aos quais você se submeteu por causa de sua

necessidade da companhia e aprovação das outras pessoas. Você renunciou à liberdade em favor da acomodação. Por que o fez? Pode dizer-nos o que ganhou com isso? 2.

Deixe as pessoas irem e virem livremente, como se não fizesse diferença

para você. A mais linda redenção e liberdade é experimentada quando se deixa as outras pessoas sozinhas, sendo, amando e crescendo, e não impondo, interferindo e moldando suas vidas. Perceba agora a interferência e a estática diminuindo, tão logo você para de fingir interesse e preocupação. Na verdade, isto não faz diferença. Eles não estão se libertando? Você não está se libertando? Vê as exigências, expectativas e virtudes que abandonou? 3.

Isso não é insensibilidade; é amor. É indiferença, aceitação e carinho da

mais alta ordem. Mas não espere que as pessoas entendam tal coisa. Não suponha que as pessoas tenham olhos para enxergar. Elas foram programadas para julgar os outros e a si mesmas de acordo com padrões do passado, convenções sociais e crenças religiosas.

DEBATES — TÓPICO 9

A principal razão para a tristeza do mundo é, simplesmente, a inabilidade dos humanos em não se deixar enganar pelas dissimulações aprendidas das outras pessoas. Alguém esta interessado em você para que possa conseguir o que quer de você? É normal. Alguém insiste em que você viva a sua vida de acordo com os prazeres ou para satisfazer os desejos dele? Família ou amigos? Alguém insiste em que você viva a sua vida de acordo com as regras que outra pessoa estabeleceu? Seus parentes ou as autoridades? Que tipo de pessoa pode tentar controlar outros?


Você permite que alguém, dissimuladamente, o force a ter sentimentos egoístas e ingratos? Como ela é capaz de fazer isto? Você está determinado a desapontar as exigências, as pessoas que querem que você faça as coisas ao modo delas?

Exercício J

1.

Imagine que você chegou a um estágio tal que não sente necessidade de

dar explicações a ninguém a respeito de si. Qual é o sentimento de não ter de justificar seus atos, pedir permissão ou apresentar desculpas? Como você se comporta? Você acha que poderá chegar a este estágio em um futuro próximo? 2.

Imagine que você não tem necessidade de impressionar mais ninguém.

Como se sente? Como age quando não está tentando impressionar? O que você acha que precisaria fazer para chegar a este estágio? 3.

A mais cansativa escravidão do mundo é a preocupação: “Qual a

impressão que causo aos demais?” Isto impele as pessoas a parecerem inteligentes, charmosas, generosas etc. Você conhece alguém que seja assim? Como se sente a respeito dela? Consegue perceber que, se um presidente ou um papa agissem assim, seriam realmente escravos?

DEBATES — TÓPICO 10

Parafraseando George Santayana, “o homem é um animal gregário muito mais em seus pensamentos do que no corpo. Ele pode gostar de sair sozinho para um passeio, mas detesta estar sozinho em suas opiniões". A primeira coisa que a educação deve dar a uma pessoa é a capacidade de estar só e a coragem de confiar em seus próprios olhos, mente e coração, observações, pensamentos e sentimentos. Você concorda?


Exercício K

1.

Pense em alguém a quem você se apega. Diga à pessoa: “Não o vejo

como você é, mas como imagino que seja” 2.

Pense em alguém de quem não gosta. Diga--lhe: “Não a vejo como você,

mas como imagino que seja”. 3.

Uma vez que você tenha atingido a conscientização e o amor, não

continuará por muito tempo gostando ou desgostando no sentido ordinário da palavra. O pêndulo não se prende aos opostos do relógio. 4.

É adorável perceber que a minha visão e imaginação são minhas, a mim

pertencem. É adorável compreender que a realidade que vejo simplesmente é. Que o outro é simplesmente quem ele é. Nunca vou poder entendê-lo ou possuir sua realidade.

DEBATES — TÓPICO 11

Não é egoísmo viver como você julga adequado. Egoísmo é você insistir em que as outras pessoas vivam da mesma forma que você julga adequada. Você conhece algum egoísta? Que posição na vida ele ocupa? É aquele um bom lugar para uma pessoa egoísta? Ele o afeta de alguma forma? Você consegue se lembrar de uma época em que exigia que outra pessoa vivesse para as suas exigências, ou em que insistia em que os outros vivessem da forma que você julga adequada? A autoridade é, salvo raras exceções, egoísta.

Exercício L


1.

Pense em alguma experiência desagradável que tenha tido com outra

2.

Pense nela como uma oportunidade de ouro.

A.

Veja a pessoa como ela é, não como você a idealiza. Ter expectativas é

pessoa.

idealizar. B.

Cresça no autoconhecimento.

C.

Aceite o outro como é, sem condená-lo ou julgá-lo.

3.

Veja na reação ou comportamento inconveniente do outro um pedido de

socorro. Ele está preso a maquinações de sua própria mente; preso a sua programação, exatamente como você, no passado. Ele é incapaz de escapar à ilusão.

DEBATES — TÓPICO 12

É uma ilusão pensar que alguém pode fazer o bem aos outros, organizar movimentos eficazes para um “mundo melhor” ou acabar com o mal. Tire a venda dos olhos. Apenas a conscientização pessoal pode promover alguém. Os esquemas sociais que pretendem grandes melhorias ou a proteção de outros frequentemente causam enormes danos. Qual a diferença entre um libertário e um terrorista? Qual a diferença entre espião da KGB e um da CIA, entre o DINA do Chile e o Mossad de Israel? Quem eles estão protegendo, quem eles estão destruindo? Violência traz mais violência. Pessoas que estão doentes por beberem água contaminada não ficarão curadas bebendo mais ainda dessa água. O remédio é envenenado com a violência, com o egocentrismo. Deixe as pessoas serem. Deixe você mesmo ser. Viva a vida e pare de interferir.

Exercício M

Eis um caminho para uma nova percepção e consciência. 1.

Pense em algo que uma pessoa disse ou fez.


2.

Agora ignore a ação e as palavras e olhe para além da superfície dos

3.

Entenda o motivo real, interior. Não é gratificante ver com o coração e a

fatos.

mente, em vez de ser meramente literal ou deixar-se levar por preconceitos?

DEBATES — TÓPICO 13

Existe um ditado chinês que diz: “Não existe nada tão cruel quanto a natureza. Em todo o universo não há escapatória para isso. Mas não é a Natureza que ataca, é o coração dos homens".

Exercício N

Eis alguns passos para chegar a um nível superior, onde experimentar o amor; onde você não se deixa fascinar, afetar negativamente ou ferir pelos demais. Isto irá ajudá-lo a vencer o vazio da rejeição e a absoluta inutilidade e superficialidade da aprovação alheia. Você será capaz de dispensas, de abolir o autoelogio ou autocondenação, uma vez estabelecida sua irrelevância. 1.

Pense em alguém cuja aprovação você deseja. Entenda que na presença

dessa pessoa você perde a liberdade de ser você mesmo e de aceitá-la como ela é, porque precisa dela. 2.

Quando você está só, de que presença você pensa necessitar? Pense em

alguém cuja presença lhe seja indispensável para dispersar seu sentimento de não estar bem. Veja que na presença dessa pessoa você não é livre, porque pensa nela como necessária a sua felicidade. 3.

Pense nas pessoas a quem você conferiu o poder de fazê-lo feliz ou

miserável. 4.

Não se deixe enganar pela ilusão: você não precisa de ninguém como

bengala emocional. No momento em que tomar consciência disso, ninguém mais terá


poder sobre você. Seus altos e baixos emocionais acabarão. Você passará a ser dono de si em suas relações com os demais. Você não estará à mercê de ninguém. Agora você é livre. Pode amar. Restaurou a sua espiritualidade e a sua humanidade.

DEBATES — TÓPICO 14

Cuidar de si mesmo é uma atitude egoísta e autossuficiente, mas cristã na origem e saudável nos resultados. Aprenda a viver de forma plena, humana e feliz a cada dia. A atitude verdadeiramente humana é aprender a nadar, e não a se afogar com seu amigo.

Exercício O

1.

Diga a um amigo: “Eu sei que nas coisas que realmente importam não

posso contar com você. Não posso apoiar-me em você, porque você é impotente para me ajudar”. 2.

Perceba como é fascinante estar sem um único amigo ou conselheiro com

quem contar. Quando você vê a inabilidade dos outros em ajudá-lo, descobre o Reino dentro de você. 3.

Perceba que maravilha é estar desiludido com seus melhores amigos, não

por cinismo ou mágoa, mas por ter consciência da realidade. Pois eles são impotentes para

ajudá-lo

nas

coisas

que

realmente

importam.

Lembre-se

das

palavras

aparentemente duras de Jesus sobre parentes. Que poderiam Pedro, Tiago ou João fazer por Jesus na Quinta-feira Santa, na Sexta-feira da Paixão ou em qualquer outro momento? A desilusão traz uma oportunidade gloriosa. É como acordar para uma nova vida. Você está bem, mesmo quando pensa não estar.


DEBATES — TÓPICO 15

A pessoa consciente desfruta de tudo. Se você perguntar por quê, ela responderá. “Por que não?" A pessoa consciente vive em um mundo do eu (o não-eu), onde a solidão e a infelicidade são impossíveis, inconcebíveis. A pessoa consciente vive em um mundo de unicidade e variedade, de renovação e do agora.

Exercício P

1.

Imagine um mundo vindouro no qual ninguém mais tenha poder de o

magoar. Em que os empresários não se engalfinhem, a competição não seja de morte, as mulheres não temam seus maridos, filhos e parentes não se ameacem. Em que as pessoas não alimentem sentimentos de ansiedade, os que vivem sozinhos não sintam solidão. Em que os cidadãos não sejam aterrorizados por um governo dominador. Em que ninguém tenha medo de ninguém. 2.

Será que, sem milagre, é possível chegar a viver assim?

3.

Como? Por onde você começaria a tomar tal mundo realidade?

Exercício Q

Você está infeliz com as pessoas presentes em sua vida? Você as acha malagradecidas, não--confiáveis, desprezíveis, egoístas ou temperamentais? 1.

Aqui está um miraculoso e infalível caminho para mudá-las (pelos menos

em relação a você) A.

Mude a si próprio. Quando você mudar, elas mudarão. O problema não

está totalmente nelas, mas na forma com que você interage com elas.


B.

O problema está nas exigências e expectativas que você tem para com

elas. Acabe com isso e veja o que acontece. C.

Diga a cada uma delas: “Não tenho direito de exigir ou esperar algo de

2.

E se alguém tem uma exigência em relação a você que o aborrece, você

você".

tem um forte desejo que ela mude ou pare de assim proceder. A.

Você pode ver que está esperando que ela mude em vez de mudar e

crescer sozinho? B.

Muito provavelmente ela está esperando que você mude primeiro.

C.

Desta forma um abismo irá crescer entre vocês e este relacionamento

poderá continuar a ser doloroso por anos, um esperando o outro mudar ou morrer.

DEBATES — TÓPICO 16

Que é mais exato: Eu me sinto bem porque o mundo está bem? Ou o mundo está bem porque eu me sinto bem?

Exercício R

Pense em algum sofrimento, aborrecimento ou preocupação que você teve. Agora perceba que se tivesse um entendimento maior, não teria sentido dor.


Ideias de Anthony de Mello, S.J., PARA MEDITAÇÃO E CRESCIMENTO ESPIRITUAL

1.

Nossa felicidade ou infelicidade dependem mais da maneira pela qual

percebemos e nos defrontamos com os acontecimentos do que propriamente da sua natureza. Se você não está gostando da sua vida, algo há de radicalmente errado com você.

2.

Você vive pelo Espírito ou pela Lei?

As autoridades querem fazê-lo acreditar que se não obedeceu às leis durante esta última hora, você a desperdiçou. Os ambiciosos querem fazê-lo acreditar que se não produziu durante esta última hora, você a desperdiçou. O Espírito o inspira a acreditar: “Se não desfrutou esta última hora, você a ganhou”.

3.

Um anjo lhe aparece e diz: “Você pode ter tudo o que quiser”. O que

você pediria? Por quê?

4.

Não sinta vergonha por nada que você tenha feito no passado.

5.

Todas as barreiras que nos impedem de alcançar a felicidade são auto

impostas. Você tem consciência de que tem sido responsável, durante todos estes anos, pela sua felicidade? Você se deixou controlar por outra pessoa durante algum tempo? Que falsa crença o levou a agir desse modo?

6.

Não é o quanto temos, mas sim o quanto desfrutamos que nos torna

felizes. Só podemos desfrutar a vida quando não temos medo das perdas. E nos tornamos livres quando finalmente tomamos consciência de que aquilo que sabemos não nos pode ser tirado ou roubado, nem pelos outros, nem por nós mesmos. 7.

Se desejamos ser felizes, podemos sê-lo imediatamente, porque a

felicidade está no momento presente. Contudo, se desejamos ser mais felizes do que


somos, ou mais felizes do que os outros, temos então os atributos de uma pessoa infeliz, porque não se pode comparar felicidades. Esse tipo de desejo é insaciável. Podemos apenas ser tão felizes quanto somos, e não podemos nunca medir quão felizes os outros são.

8.

O estabelecimento de relações só é possível entre pessoas conscientes.

Pessoas inconscientes não podem partilhar amor. Elas podem só trocar desejos, exigências, lisonjas mútuas e manipulação. Teste o seu amor, para ver se ele é consciente: quando seu desejo particular é contrariado ou negado pela pessoa amada, com que rapidez o seu apego se transforma em ressentimento?

9.

O único demônio é a inconsciência, que é a inabilidade, a ignorância ou o

fracasso em ver a vida como realmente é, de entender as pessoas como são e de aceitar os outros sem medo. Olhar a vida mais por meio de sistemas de crença do que com o coração, olhos e pensamento, eis o mau do mundo — inconsciência. As pessoas, quase sempre não sabem o que estão fazendo. A maioria vive grande parte de suas vidas na Inconsciência, com identidades equívocas.

10.

A diferença entre nós e os criminosos está mais no que fazemos do que

no que somos. Sob algumas circunstâncias, todos os comportamentos são possíveis.

11.

Não existem dificuldades perante as outras pessoas. A única dificuldade

está dentro de você. O problema não são os outros, mas a sua forma de reagir a eles. Descubra por que reage de determinada maneira. Assim se tornará capaz de romper com as suas ilusões.

12.

A única razão para o seu sofrimento são as suas ideias sobre como as

pessoas deveriam portar-se com relação a você, acreditando que as suas ideias são as mais corretas. Você não sofre pelo que os outros fazem, mas pela expectativa de eles se comportarem segundo seus desejos. E eles violam suas expectativas. São suas expectativas que o ferem. Diminua seu nível de ansiedade, e disso decorrerão três maravilhosos resultados: a)

Você ficará em paz;


b)

As pessoas continuarão a agir de acordo com uma programação própria,

e isto não lhe trará o mínimo de sofrimento; c)

Você terá mais energia para fazer o que quiser, pois não estará gastando

o seu tempo esperando que os outros vivam de acordo com os planos que você traçou.

13.

Por que os relacionamentos humanos (amizade, diálogo, sexo etc.) são

tão dolorosos, tão estressantes e provocadores de ansiedade? Todo sofrimento advém de expectativas, exigências, esperanças e desejos inconscientes. Você quer que as pessoas ajam da forma que mais lhe agrada. Se abandonar tais expectativas, o sofrimento se ausentará. Você experimentará um alívio fantástico; é como respirar ar puro.

14.

O amor não é um relacionamento. É um estado do ser. Você está em

estado de amor? Você o está vivendo?

15.

O perfeito amor abole nosso medo porque não tem desejos, exigências,

não barganha, não julga, não anseia negativamente. O amor simplesmente é, está presente, vê e age.

16.

O que as pessoas frequentemente chamam “amor" é, na realidade, auto

interesse. Mas desde que elas aprenderam a descrever este amor em termos virtuosos e a vivê-lo de maneira aceitável aos outros, através dos livros ou da obediência, pensam que o seu trabalho é puramente um serviço de amorosa dedicação apostólica. Mas isto é ainda auto interesse camuflado de generosidade.

17.

Amar as pessoas significa ser completamente feliz mesmo sem elas, sem

medo de magoar, sem interesse de impressionar, sem receio de que elas possam não mais gostar de nós ou abandonar-nos. Não importa o que elas digam ou façam, você permanece em paz. Não preencha seu vazio com pessoas, chamando isso de amor.

18.

Quanto mais você ama os outros, mais você pode fazer sem eles.

Quanto mais você ama os outros, mais você pode fazer com eles.

19.

O melhor exame de consciência que você pode fazer é perguntar-se:

“Como vivi a última hora"?


CONTRA CAPA

Nossas vidas são insatisfatórias. Como encontrar saída para a insatisfação da vida? Você não precisa de um livro, de um guru ou de rituais primitivos. Precisa apenas dos seus cinco sentidos. Olhe para você mesmo, para o seu corpo e mente. Neles encontrará todo o necessário; junto com os recursos que Deus lhe deu. Religião é arrancar as impurezas do coração, único caminho para encontrar Deus.


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