COMÉRCIO EXTERIOR
Inicia recuperação das vendas para o Mercosul
Prioridade da política externa brasileira, o comércio do Brasil com o Mercosul começa a recuperar-se, segundo mostram os dados da balança comercial. Essa recuperação, porém, poderia ser mais vigorosa
tabela que lista códigos para todos os produtos. Mas só o Brasil adotou a nova tabela. Resultado: as exportações por vezes ficam paradas por inconsistência de uso dos códigos. Cerca de 50% das normas aprovadas pelo Mercosul não estão internalizadas em todos os países. Outro problema é a demora na tomada de decisões. “Precisava ter uma governança melhor. Da forma como está, cai a confiabilidade e a segurança jurídica”, comenta Abijaodi. Nos últimos anos, acrescenta, esse problema foi agravado pelo fato de o Mercosul haver priorizado os temas políticos. Essas dificuldades agravaram o quadro de encolhimento do comércio na região nos últimos anos, um processo provocado principalmente pela retração econômica. As exportações dos sócios para dentro do próprio Mercosul caíram de US$ 54 bilhões em 2011 para US$ 36 bilhões em 2016, uma queda de 33%. No mesmo período, as vendas para fora do bloco tiveram queda de 26%, o que mostra uma perda de importância das relações comerciais intrabloco. Uma das principais propostas da CNI para destravar o comércio é o reconhecimento mútuo de normas técnicas, sanitárias e fitossanitárias. Elas ditam se um produto pode ou não ser comercializado em outro país. Outra proposta é flexibilização do processo negociador. A ideia é o bloco decidir conjuntamente se quer ou não um acordo com determinado país. A partir daí, cada sócio teria liberdade para negociar seus cronogramas de abertura de mercado.•
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statísticas da Secretaria de Comercio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), mostram que as vendas do Brasil para os países que compõem o bloco cresceram 20,5% de janeiro a abril deste ano, sobre igual período do ano passado. No entanto, as relações comerciais no bloco ainda padecem de problemas burocráticos que atrapalham o dia a dia das empresas, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no estudo Agenda Econômica e Comercial do Mercosul. “O Mercosul é bom na concepção, porque os países precisavam se unir para ter mais força nas mesas de negociação”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da entidade, Carlos Eduardo Abijaodi. “Mas há muitas falhas.” Segundo Abijaodi, apesar dos discursos pregando a necessidade de buscar novos acordos comerciais, a burocracia do Mercosul deixa na gaveta entendimentos já fechados. Exemplo disso é o acordo assinado há sete anos com o Egito que não foi colocado em prática até hoje, porque o Brasil só obteve sua aprovação no Congresso Nacional em 2015. E ainda falta um decreto presidencial para regulamentar. “O acordo tampouco foi aprovado pelo legislativo argentino.” No entanto, há problemas ainda mais antigos. O açúcar brasileiro, por exemplo, ficou de fora da regra geral de ser exportado para os países do Mercosul sem tarifas. O mesmo vale para carros, que são submetidos a um regime de cotas. E há entraves mais recentes. Em 2016, os membros do Mercosul aprovaram uma nova versão da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), uma
16 • Maio 2017 • Economia&Negócios
“O Mercosul é bom na concepção, porque os países precisavam se unir para ter mais força nas mesas de negociação”, Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI