Revista Mundo da Criança - Dezembro 2015

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ANO 2 DEZEMBRO 2015 EDIÇÃO 3 | www.bteditora.com.br

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

MÃO NA MASSA Ajudar no preparo pode fazer os pequeninos se alimentarem melhor

NÃO É MANHA

Bebês devem receber colo sempre que choram

Disforia de Gênero Crianças ainda muito pequenas podem manifestar condição

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Editorial A cada edição muitas colaborações Há mensagens e ditados populares que remetem à importância de se aprender algo novo todos os dias. Nem sempre isso é possível. Estamos constantemente pressionados pela falta de tempo e acabamos agindo mecanicamente para atingir nossas metas. Por sorte, nós jornalistas temos esse privilégio. Vida de jornalista é assim. A cada pauta um novo aprendizado. A cada fonte entrevistada, uma experiência de vida que expande horizontes. Uma informação em primeira mão de um especialista, uma dica de uma mãe experiente ou apenas um papo gostoso com a vovozinha cheia de doçura no coração. De conversas aparentemente singelas extraímos o melhor de cada personagem e escrevemos cada linha pensando em contribuir de alguma forma com sua vida. Após nossa última edição, de junho deste ano, recebi com muito carinho depoimentos de mães que disseram terem tirado várias dicas das nossas matérias. Esse é nosso maior reconhecimento. Os aprendizados nesta edição, talvez a mais recheada de especialistas em diversas áreas, foram vários e esperamos que vocês apreciem. Um dos que jamais vou esquecer é fruto da matéria sobre Disforia de Gênero. Ao entrevistar a professora Marina tratei essa condição como um “transtorno” e logo fui advertida. Advertência inesquecível e que faz parte da colaboração de nossas fontes, que doam seu tempo e conhecimento para que seja replicado por meio de nossas páginas. Como presente de Natal pedimos um pouco do seu tempo e conhecimento. Queremos que você colabore conosco para a próxima edição da Mundo da Criança. Entre em contato e sugira os temas que você gostaria de ver nas revistas. Essa interatividade vai permitir produção de conteúdos cada vez melhores e do seu interesse. Nosso e-mail é jornalismo@bteditora.com.br

ANO 2 DEZEMBRO 2015 EDIÇÃO 3 | www.bteditora.com.br

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

MÃO NA MASSA Ajudar no preparo pode fazer os pequeninos se alimentarem melhor

NÃO É MANHA

Bebês devem receber colo sempre que choram

Disforia de Gênero Crianças ainda muito pequenas podem manifestar condição

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Capa Foto: Guma Miranda Modelo: Sophie Bastos Anversa

A revista Mundo da Criança não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados, que são de inteira responsabilidade de seus autores. Nem muito menos pelo crédito e fotos inseridas nas páginas dos nossos anunciantes.

Expediente Diretor Carlos Bittencourt carlos@bteditora.com.br Jornalista Responsável Marjorie Basso jornalismo@bteditora.com.br Diagramação Leandro Francisca

Comercial Sônia Bittencourt 47 . 8405.9681 Rose de Souza 47 . 8405.8773

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Críticas e sugestões Fone: (47) 3344-8600 direcao@bteditora.com.br

Impressul indústria Gráfica

Rua Anita Garibaldi, 425 | Centro – Itajaí – SC 47 3344-8600 | bteditora.com.br Impressão Tiragem: 10 mil exemplares 3


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Sumário

06 Jogos eletrônicos se tornam aliados de pais e professores

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Especialistas dão dicas para fazer seu filho comer direito

Incompatibilidade com o gênero biológico é possível na infância

Opinião: obstetra fala sobre o agendamento de cesáreas

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Deixar os bebês chorarem pode fazer mal à saúde deles

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Beleza: descubra o que pode e não pode na gestação

Mesmo em crianças, cáries podem evoluir para infecções graves

Metabolismo tende a mudar com os surtos de crescimento

Educação: pais devem deter a autoridade dentro de casa

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Comportamento

Os newbies estao cada vez mais jovens Com a tecnologia presente em todos os lares, as crian莽as deixam de ser novatas no mundo dos jogos eletr么nicos muito mais cedo. Especialistas falam dos pr贸s e contras dessa realidade no desenvolvimento infantil Carla Superti

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os anos 80 e 90, os jogos eletrônicos eram limitados. Nem todos tinham acesso ao Super Nintendo, Nintendinho, Atari, Master System, Mega Drive ou Odyssey em casa. Quando um colega da turma tinha videogame a turminha se reunia e era aquela festa. Hoje esses videogames ficaram para trás. Quem tem menos de 10 anos pode nem conhecer esses nomes e essa reunião para jogar já não é mais tão necessária, criando uma atmosfera solitariamente virtual. A geração Play Station, Xbox, Nintendo Wii conta também com uma infinidade de jogos de computadores, tablets e smartphones. Isso faz com que praticamente toda criança, desde os primeiros anos, tenha acesso a jogos eletrônicos. Muitas se adaptam a esse universo antes mesmo de aprenderem a ler, deixando de ser novata (ou newbie do termo em inglês) antes mesmo dos adultos. O problema é que essa facilidade de acesso cria também um contato mais frequentemente com os jogos eletrônicos, assunto controverso entre especialistas. Alguns defendem que eles auxiliam no desenvolvimento infantil. Outros afirmam que o uso desenfreado dos videogames pode dificultar o aprendizado das crianças na escola e atrapalhar a vida social. Um estudo divulgado em 2011 pela Universidade Michigan State nos Estados Unidos revelou que as crianças que jogam videogames são mais criativas em comparação às que não realizam essa atividade. Os pesquisadores ouviram 500 crianças de 12 anos para chegar ao resultado, que também levou em consideração os jogos de tablets, computadores e smartphones. Conforme a pesquisa, os meninos preferem games mais violentos e de esportes enquanto as meninas optam pelos que interagem mais com o usuário. Por outro lado, a Universidade de Iowa, também nos Estados Unidos, divulgou dados negativos em relação ao assunto. A análise, feita pelo Laboratório de Pesquisa de Mídia da instituição e publicada na revista Pediatrics em 2010, apontou que crianças que ficam expostas por mais de duas horas diárias a games e televisão aumentam em 67% suas chances de apresentar dificuldades de atenção, principalmente nos estudos. Entre 3% e 7% dos que estão em idade escolar sofrem com esse tipo de problema. A Academia Americana de Pediatria (AAP) afirma que o excesso de exposição aos jogos eletrônicos e a televisão estão associados ao aumento da obesidade infantil e aos transtornos de déficit de atenção.

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Comportamento

Aos 9 anos, Bernardo Lisboa é fã dos joguinhos desde que tinha 2 anos. A mãe do garoto, Daiana Lisboa, afirma que os eletrônicos são positivos até certo ponto porque auxiliam no desenvolvimento das crianças e também servem como distração em alguns momentos necessários. “Antigamente, os pais deixavam os filhos em casa quando saíam. Hoje eles são levados junto porque existem os eletrônicos. Em restaurantes, por exemplo, é comum ver os adultos acompanhados de crianças com tablets ou celulares”, ressalta. Daiana conta que o filho é tão esperto com relação aos eletrônicos que quando ela comprou um smartphone mais moderno foi ele quem mostrou como o aparelho funcionava. Quando o assunto é videogame, um dos jogos favoritos do garoto é o Ultimate Fighting Championship (UFC). Ele conta que quer ser lutador profissional de UFC quando crescer e já dá os passos para isso. Atualmente, o menino

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é campeão brasileiro de taekwondo da categoria que luta. Mas tudo tem um limite. Bernardo só pode jogar os games nos fins de semana e quando não precisa estudar para provas. Como ele obedece as regras, já se acostumou a brincar com outros tipos de jogos. “Ele adora jogar futebol de botão. Chega a trocar o videogame por jogos de tabuleiro”. Dos eletrônicos, prefere os do celular aos do videogame. A psicóloga Renata Pessoa concorda com a atitude de Daiana e enfatiza que os pais devem estabelecer um tempo, que varia de acordo com a idade e maturidade, para as crianças jogarem. Assim não haverá prejuízo para a vida social ou escolar. “Se os jogos forem de acordo com a idade e sem ultrapassar o tempo máximo de duas horas, com supervisão de um adulto, podem trazer benefícios para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças e adolescentes, já que desenvolvem as habilidades de atenção, concentração, foco e ensinam a lidar com as frustrações nas vezes que o jogador perde”. A falta de limite faz com que a criança ou o adolescente queira e precise jogar cada vez mais e deixe de lado atividades como, brincar com os amigos, colorir, conversar com os pais e até as tarefas da escola, todas essenciais para o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras e emocionais.


Jogos eletrônicos

no ambiente escolar Além disso, por ter conteúdo muitas vezes violento, os jogos eletrônicos podem trazer vícios e efeitos negativos quando são utilizados inadequadamente. Renata explica que isso pode causar comportamentos agressivos nas crianças que ainda não sabem diferenciar o mundo da personificação da realidade. “Estamos vivenciando um tempo em que as crianças e adolescentes têm a construção do pensamento alterado pelo excesso de estímulos, seja dos jogos eletrônicos ou redes sociais, o que prejudica gravemente as habilidades socioemocionais”. Para evitar que o desenvolvimento infantil seja prejudicado pelo uso excessivo dos videogames é importante que as crianças aprendam a criar brincadeiras e deixem o mundo eletrônico de lado na maior parte do tempo. Atividades lúdicas, que eram as brincadeiras de 10 anos atrás, por exemplo, são essenciais para trabalhar a criatividade e o gerenciamento das emoções. “Os jogos devem ser atividades como qualquer outra. O que vale é o equilíbrio. É impossível negar a evolução e a expansão tecnológica. Seria incoerente negar à criança a possibilidade de sua utilização. Porém, é preciso ter cautela”, enfatiza a pedagoga Sandra da Silva.

A atenção que as crianças dão aos jogos eletrônicos é evidente. Por isso, eles são utilizados até no ambiente escolar e contribuem com o ensino infantil. Em Itajaí, a Secretaria Municipal de Educação disponibiliza jogos online com o objetivo de ensinar disciplinas das mais variadas. Brincadeiras como o jogo da forca online fazem os alunos lembrarem de estados brasileiros na aula de geografia. Um jogo de corrida ensina cálculos de divisão. Ferramentas de pesquisa da internet trazem diversos sites com jogos grátis que podem ser apresentados pelos professores em sala de aula. “Por meio dos jogos, as crianças podem aprender conteúdos sistematizados como operações, frações, leitura escrita ou conteúdo de outras áreas. Eles são bem interativos e atraem as crianças, o que possibilita um envolvimento maior com as atividades e conteúdos escolares”, explica Sandra da Silva. Mas apesar de os jogos serem mais uma ferramenta de ensino não substituem outras formas de aprendizagem. Sandra conta que muitos pesquisadores aplicam jogos eletrônicos em suas aulas e percebem bom desempenho dos alunos. Contudo se comparado com o desempenho de crianças que não utilizam, muitas vezes o resultado é o mesmo. “O que realmente influencia um maior desenvolvimento, ou não, são os estímulos presentes nos contextos onde as crianças estão”, acrescenta. De acordo com a pedagoga, estudiosos da área sugerem que a experiência com os aparelhos eletrônicos de crianças de zero a dois anos, por exemplo, limite-se a perceber esses itens em seu dia a dia ou ter contato com eles quando estão no colo dos familiares. “É um contato rápido, intermitente. Nós, professores, que temos formação qualificada, não devemos deixar de proporcionar momentos de brincadeiras, organizar e criar brinquedos com as crianças. E os pais devem promover e incentivar outras brincadeiras, pois são maneiras criativas de a criança viver e crescer”, enfatiza.

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Dicas

Cinco dicas para evitar

assaduras e alergias A retirada das fraldas representa uma grande autonomia para os pequeninos, mas até lá a pele dos bebês precisa de cuidados especiais para evitar assaduras e alergias. Mesmo com higienização correta, crianças que usam fraldas podem sofrer. Se seu filho tem com esses problemas algum detalhe pode estar passando despercebido. De acordo com Associação Brasileira de Alergias e Imunologia (ASBAI) pais alérgicos têm grande chance de terem filhos alérgicos. Se ambos são, a chance é de 80%. A química Dagmar Zimermann, responsável pelo Grupo FW, dá algumas dicas para prevenir as alergias durante a fase das fraldas.

2• Troque as fraldas com frequência

1• Escolha itens hipoalergênicos

Os produtos usados com grande frequência devem ter passado por testes de segurança realizados por centros de pesquisas clínicas especializados. O teste chamado Irritabilidade Dérmica Primário é obrigatório.

O uso de produtos que oferecem o menor risco de reações alérgicas faz parte dos cuidados que os pais devem ter. Os chamados hipoalergênicos são formulados para minimizar o possível surgimento de alergias. Existem fraldas, pomadas e lenços umedecidos com essa tecnologia.

Evite que a criança permaneça molhada por muito tempo e use fraldas que ajudam a absorver e controlar a quantidade de urina.

3• Seque bem a pele

Secar muito bem a pele da criança após cada troca e usar produtos adequados completam a prevenção.

4• Observe as informações nos rótulos

5• Fique atento às alterações da pele

No caso de perceberem qualquer alteração como, por exemplo, pele avermelhada, bolinhas ou feridinhas, procurar imediatamente um especialista.

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Opinião

A verdade sobre o agendamento de cesáreas T

ornou-se comum ver pessoas criticando o agendamento de cesáreas sem argumentos consistentes. Parece modismo. A questão é que comprar ideias prontas e propagá-las por aí sem se aprofundar no tema é, no mínimo, uma inconsequência. Pode redundar em importante risco à saúde da mulher e do bebê. Seja do ponto de vista médico, ético ou legal, o agendamento de cesárias é absolutamente correto, além de imprescindível em inúmeras situações. É imperioso, por exemplo, quando há sofrimento fetal com alto risco de mortalidade fetal intra-útero. Esse é um caso no qual as condições de saúde do feto encontram-se extremamente deterioradas. Portanto, para salvaguardar a vida do feto, é vital a indicação de cesárea. Da mesma forma, temos de considerar os riscos de agravos à saúde da mãe frente a uma pré-eclâmpsia grave ou determinada doença clínica. Existem, de outra parte, apenas para servir de exemplo, situações específicas, como nos casos de placenta prévia centro-total, que igualmente justificam o agendamento para o adequado atendimento destes casos. Por outro lado, a vontade da paciente é soberana. É dela a autonomia para escolher um parto por via cesárea ou por via vaginal. Cabe ao médico aguardar a plena maturidade fetal para que não haja risco de sofrimento ao feto depois de nascido, ou seja, ao recém-nascido. Nestas circunstâncias é mais do que justificado o agendamento da cesárea. Devemos lembrar também que o agendamento de uma determinada cesárea deve ser feito com a brevidade necessária para atender à singularidade de cada uma das indicações consideradas. Por esta razão, existem situações em que o agendamento se faz para as próximas horas, quase um procedimento emergencial, enquanto em outras, o agendamento pode aguardar dias ou até semanas. Nós não somos a favor do agendamento indiscriminado dos partos, sem motivo consistente. Não havendo indicação, óbvio, não há razão para o agendamento de uma cesárea. Essa discussão é relevante e deve se dar em patamar de racionalidade, com transparência das partes envolvidas, quaisquer que sejam elas. Não pode ser contaminada por passionalismo ou fanatismo. Precisamos de responsabili-

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dade para a formulação de políticas de saúde adequadas à assistência ao parto. As sociedades médicas de ginecologia e obstetrícia estão envolvidas e compromissadas a oferecer a melhor assistência ao parto sempre visando, em primeiro plano, o bem-estar da mãe e do recém-nascido. A imensa maioria dos médicos compartilha esse pensamento e tem prática elogiável. Isso fica ainda mais evidente se considerarmos a fragilidade estrutural do modelo de assistência obstétrica do Brasil, as mazelas do sistema público, do sistema de saúde suplementar e do obscurantismo de muitos gestores aos quais, infelizmente, obstetras e parturientes estão subjugados. Os obstetras fazem o melhor possível diante da realidade caótica que lhes é oferecida.

** César Eduardo Fernandes, diretor científico da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) e presidente eleito da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)


Dicas

A escolha do brinquedo para cada idade O professor dá cinco dicas para quem ainda não escolheu os brinquedos para presentear as crianças da família: 1. Cuidado com os exageros

Brinquedos são importantes, mas quando em grande quantidade podem deixar a criança irritada e angustiada devido ao excesso de estímulo que provocam.

2. Regule a troca dos brinquedos

3. Observe os brinquedos prediletos

Toda criança tem seu brinquedo predileto e mesmo que sejam comprados novos brinquedos, os prediletos sempre devem ser mantidos pois eles significam algo para essa criança que deve ser preservado.

4. Evite os brinquedos que “brincam sozinhos”

Os brinquedos eletrônicos, automáticos, ou mesmo bonecos com traços perfeitos impedem o desenvolvimento da imaginação da criança e por isso não devem ser os únicos tipos disponíveis.

5. Simplifique

Quando se trata de brinquedos, por incrível que possa parecer diante de toda a tecnologia que temos à disposição, os mais simples são os melhores, pois exigem esforço mental e imaginativo da criança, que precisará “completar” o brinquedo fazendo uso de suas capacidades internas.

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Colégio Florença - Crédito fotos Fabiana Turelli Thumé

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s crianças são sempre as mais favorecidas com o Natal. Mesmo que não seja possível presentear a família toda, para os pequenininhos não pode faltar uma lembrança de cada tio, padrinhos, avós, primos mais velhos, entre outros. Mas com tantas opções surgindo sempre, entrar em uma loja especializada pode deixar muito adulto confuso, especialmente quando o assunto é brinquedo. Uma opção que agrada tanto crianças, quanto os pais são os brinquedos educativos. De acordo com o doutor em Educação Roger Hansen os brinquedos mais adequados são aqueles que melhor atendem as necessidades da etapa da vida em que se encontra a criança. “De 0 a 1 ano, por exemplo, o bebê aprende de forma sensório-motora. Por isso os brinquedos mais adequados são os que permitem uma boa variedade de formas, cores e sons”. Diferentes texturas também são fundamentais nessa fase. Além do plástico, é bacana buscar itens em madeira e palha, por exemplo. “A partir de um ano a criança começa a construir coisas e por isso os brinquedos que possam ser empilhados e encaixados tornam-se essenciais. E quando chega aos três anos a criança amadurece a linguagem e sua capacidade simbólica, o que muda completamente o cenário, pois agora ela pode brincar com coisas abstratas, com faz de conta, com jogos e simulações. É a fase lúdica que assume o comando”, explica.

Brinquedos diferentes são importantes, mas ainda mais relevante é que a criança possa explorar mais profundamente o mesmo brinquedo. Por isso, não devemos trocar o tempo todo seus brinquedos.


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Beleza

Você bonita e ativa na gravidez

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estantes, sejam elas de primeira viagem ou não, costumam ter muitas dúvidas sobre como proceder em casos de hábitos comuns, mas que podem prejudicar de algum modo a saúde de mãe e bebê. Para não sair por aí perguntando para tia, avó, comadre e ainda permanecer na dúvida, a ginecologista Ana Comin esclarece o que pode e o que não pode ser feito em casos de tratamentos de beleza, comidas, entre outros.

Pintar o cabelo

É possível continuar cuidando das madeixas com tintura com tanto que ela não contenha chumbo ou formol. A composição deve vir discriminada na embalagem do produto. Se você faz a aplicação no salão sempre é válido perguntar para se certificar.

Cremes anti-acne

A pele da gestante pode ficar mais oleosa, mas os cremes anti-acne mais comuns, aqueles que podem ser encontrados em farmácias e supermercados devem ser evitados. Isso porque muitos deles contêm ácido retinóico, prejudicial para o bebê. Assim, é necessário consultar um dermatologista para que ele receite um produto com compostos que não apresentem contra-indicação.

Depilação

Durante a gestação as mulheres podem sentir mais dor que o normal, por isso algumas tendem a evitar a depilação com cera. No entanto, não há qualquer contra-indicação para depilação com cera, fio, lâmina ou outros métodos. A única depilação que não pode ser feita é a com laser porque ainda não existem estudos suficientes que comprovem se ela faz mal ou não ao feto.

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Cremes clareadores

Caso a futura mamãe faça uso de cremes clareadores para manchas deve interromper o uso durante a gravidez. Só existe um tipo de clareador que tem uso permitido pelos médicos, por isso o ideal é consultar o dermatologista.


Vasinhos nas pernas

Com a gravidez também podem surgir vasinhos nas pernas. Mas como isso ocorre devido ao excesso de peso, é importante que a mulher retorne ao peso normal para depois pensar em secar esses vasinhos. Caso contrário o trabalho poderá ser em vão.

Cigarro

Não pode de jeito nenhum. Mesmo que a gestante fique irritada com a abstinência. De acordo com Ana Comin, “a abstinência prejudica menos que o uso”.

Direção

Hidratantes para o corpo

Em geral os cremes hidratantes comuns não têm componentes que possam causar mal e estão liberados.

Óleo corporal

Muitas pessoas dizem que os óleos corporais, especialmente o óleo de amêndoas, pode prevenir as estrias que podem surgir na gestação. Mas a ginecologista lembra que isso é pura lenda. Esses óleos não penetram o suficiente na pele. O que existe são cremes criados especificamente para gestantes, que conseguem penetrar e podem ajudar a prevenir, mas o efeito também não é garantido. Varia de acordo com cada paciente.

Bebidas alcoólicas

As bebidas destiladas são terminantemente proibidas. Por outro lado, a Associação Americana de Ginecologia permite que as gestantes tomem uma taça de vinho uma vez por semana. Contudo a Sociedade Americana de Pediatria publicou neste ano que não é recomendável nenhuma gota. Isso porque não se sabe a quantidade que o fígado fetal é capaz de metabolizar. Doutora Ana, porém, lembra que uma taça de vinho semanalmente nunca fez mal a nenhuma de suas gestantes ou bebês.

Muitas gestantes se perguntam até quando será possível dirigir. Isso ocorre de acordo com o tamanho da barriga, se ela está atrapalhando é recomendável que se pare. Por conta de alterações hormonais as grávidas também podem ficar mais desatentas e pequenos acidentes como uma batidinha de leve em um poste podem ocorrer por pura distração. Neste caso também é recomendável suspender a direção.

Alimentos crus

Devido ao risco de contaminação por toxoplasmose as gestantes devem evitar comer saladas em locais não confiáveis porque elas podem estar mal lavadas. Também não é recomendável comer carne crua ou mal passada. No caso do peixe cru, especialmente salmão, também pode transmitir uma doença independente da procedência, então é recomendável evitar até o terceiro mês de gravidez.

Atividade física

Se a paciente não é alto risco e fazia atividade física pode continuar a fazer, com redução de 30% da carga. Se não fazia, jamais deve iniciar. Caso a gestante não seja de baixo risco é necessário ter uma avaliação médica individual.

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A difícil tarefa de fazer os filhos se alimentarem bem atormenta pais e mães, mas a regra básica é simples: segundo especialistas, dar o exemplo é fundamental Marjorie Basso

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lhos de tomate cereja, cabelinhos de brócolis, boca de cenoura e bochechas de beterraba. A comida literalmente sorri no prato. Por conta disso seu filho se anima e dá duas garfadas a mais que de costume. Uma verdadeira vitória para pais e mães que fazem de tudo para que as crianças se alimentem bem e de forma saudável. Se por um lado fazer as crianças comerem corretamente é uma saga, de outro a culpa é dos adultos. Os anúncios de batata frita e refrigerante são bem mais apetitosos que os de frutas. Além disso, a correria do dia a dia faz cada vez mais as famílias optarem pela praticidade de pratos semi-prontos, com baixo teor de vitaminas. Na área da nutrição clínica há 15 anos, Márcia Reis Felipe diz que os pais estão certos em tentar tornar os alimentos saudáveis mais atrativos. Contudo, isso não é suficiente. O exemplo deve partir de casa e desde cedo. Não adianta tentar inserir legumes na dieta dos pequeninos se os pais não comem ou, pior, comem pizza e hambúrguer na frente deles. Apesar da alimentação regrada na maior parte do tempo, o personal trainer Rafael Furlanetto foge dos alimentos ricos em vitaminas e proteínas de vez em quando. No entanto, ele e a esposa Janaína só “enfiam o pé na jaca” longe dos olhos da pequena Maira Luísa, de um ano e oito meses. “Ela já come frutinhas e papinhas, mas nunca ingeriu açúcar industrializado, por exemplo. Então sempre que queremos atacar biscoitos e chocolates esperamos que ela durma. Sabemos que mais tarde ela vai querer experimentar, até por influência de outras crianças, mas por enquanto o bom exemplo tem prevalecido e ela adora frutas e verduras”, diz Furlanetto.

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Márcia Felipe explica que as crianças desenvolvem o paladar primeiramente com os pais. Por isso o exemplo é tão importante. Além disso, os pais devem se esforçar para que os pequeninos experimentem alimentos novos e repitam a experiência mesmo sem terem gostado. “Uma criança precisa provar um alimento no mínimo 10 vezes para dizer que não gosta”. Contar historinhas que envolvam a comida também auxilia para que as crianças se interessem mais, bem como deixar que participem da confecção dos pratos, sempre optando por ingredientes naturais e ricos em vitaminas. “Quando participa da confecção do prato, a criança desenvolve o sentimento, a emoção, uma lembrança afetiva do momento. Todo mundo tem aquela receitinha que a mãe fazia e que recorda com carinho”, explica a nutricionista. A sugestão da especialista é que os pais deixem que as crianças façam como a pequena Sophie Bastos Anversa, que ilustra essa reportagem. Com um ano e 10 meses a pequena adora brincar de fazer comidinha. Segundo Márcia, esse contato com os alimentos fará com que a menina cresça sabendo as finalidades de cada um, consistências e aromas, assim se adaptará melhor às novidades.

Primeiras colheradas A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que até os seis meses de vida o único alimento seja o leite materno. A introdução de outros alimentos na rotina da criança, conforme a nutricionista Aline Mendonça Ogata, deve ser feita primeiro com frutas como maçã, banana, mamão e legumes como batata, cenoura e mandioquinha, todos amassados à mão. “É importante oferecer um alimento novo por dia. Isso facilita em caso de processos alérgicos”, revela. Carnes de frango, peixe, vaca e vísceras cozidas também são ingredientes sugeridos na papinha salgada, que devem ser amassados junto com os legumes, como enfatiza a pediatra Carolina Marchi Guerra. “É normal que nas primeiras refeições sólidas a criança aceite apenas pequenas porções, afinal, ela só recebeu líquidos até o momento e precisa se acostumar a deglutir sólidos e também se familiarizar com as novas texturas e sabores”. Alimentos cítricos, feijões e lentilhas não são bem-vindos no início da alimentação sólida. Condimentados, iogurtes, entre outros industrializados também estão proibidos, assim como o sal e o açúcar. “O bebê não tem paladar para o salgado e o doce. O único sabor que ele conhece é o do leite materno. Portanto, se uma sopa com sal for oferecida ele vai aprender a gostar do sal. O doce da fruta já é muito doce para o bebê. Se acrescentar açúcar, ele vai tomar gosto pelo muito doce”, diz a nutricionista. A adição do açúcar, segundo Aline, pode ser evitada até os dois anos de vida.

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Com os novos alimentos a água começa a fazer parte da vida dos bebês, que antes só conheciam o leite até mesmo como fonte de hidratação. Chás e sucos de frutas são outras opções que começam a ser introduzidas. Mesmo assim, a amamentação ainda não pode ser deixada de lado. Nesta fase, outros alimentos são complementares ao leite materno, que é o único laticínio que deve ser oferecido à criança até os dois anos de idade. Por isso, como no início o bebê recebe pouca quantidade de alimentos, a mãe pode oferecer o peito depois das refeições, caso veja necessidade.

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Passada a etapa da introdução de sólidos na alimentação, sucos naturais de frutas cítricas, ricos em vitamina C, estão liberados. A vitamina C aumenta a biodisponibilidade do ferro, que não é mais tão presente no leite materno como nos seis primeiros meses da vida do bebê. “A partir do momento que a criança começa a receber qualquer outro alimento, a absorção do ferro do leite materno reduz significativamente. Por esse motivo, a introdução de carnes e vísceras, mesmo que em pequena quantidade, é muito importante”, acrescenta a nutricionista. Após um ano de idade a alimentação do bebê deve ser como a da família. A nutricionista diz que as crianças com idades a partir de um ano devem consumir pelo menos três grandes refeições ao dia, compostas pelo café da manhã, almoço e jantar, além de dois ou três pequenos lanches. A apresentadora Bela Gil é uma das celebridades saudáveis que costumam causar com as opções de pratos à base de frutas e legumes que cria. Adepta de uma alimentação 100% natural, já chegou a sugerir que as pessoas usassem cúrcuma para escovar os dentes no lugar do tradicional e industrializado creme dental. Se por um lado suas receitas, como o churrasco de melancia, não agradam a todos e criam furor nas redes sociais, em casa os pratos da chefe de cozinha natural fazem sucesso. Tanto o marido, quanto a filha Flor, de 7 anos, parecem adorar as receitas de Bela. Flor, aliás, é uma das cobaias da mãe e aparece constantemente no Instagram comendo legumes como um chocólotra que saboreia um chocolate. Exemplo que começou desde cedo.


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Fast food x legumes e frutas

Crianças veganas e vegetarianas Como a alimentação faz parte da herança familiar, muitos pais vegetarianos ou veganos optam por adaptar os filhos a uma dieta com certas restrições desde a infância. Isso é possível com tanto que haja acompanhamento médico. A nutricionista Márcia Reis Felipe explica que crianças veganas ou vegetarianas precisarão necessariamente fazer suplementação com vitaminas. “Nesses casos será necessário que um nutricionista e um pediatra acompanhem essa criança o tempo todo. Quem não come carne fica carente de vitamina B12 e essa carência provoca um tipo de anemia. Então para crianças vegetarianas ou veganas será necessário suplementar”, afirma. Membro da Sociedade Vegetariana Brasileira, a nutricionista e mestre em saúde coletiva Thaisa Navolar diz que em casos de adultos com dieta ovolactovegetariana é possível atingir as quantidades diárias necessárias de B12, mas bebês e crianças realmente precisam da suplementação: “Entretanto, os bons níveis sanguíneos desta vitamina dependem da ingestão de alimentos fontes, mas principalmente de uma boa absorção, o que nem sempre acontece devido ao uso de medicamentos, inadequada acidez estomacal, entre outros fatores. Isto faz com que não vegetarianos também possam ter níveis baixos de vitamina B12, independente de sua ingestão”. Segundo Thaisa, apesar disso a alimentação vegetariana é recomendada, inclusive na infância, por órgãos internacionais. Um dos motivos para esta recomendação é que crianças vegetarianas consomem mais verduras, frutas e legumes. “Estudos mostram que esse hábito alimentar promove uma alimentação mais saudável na adolescência e vida adulta, o que está relacionado à prevenção de doenças intrinsecamente ligadas ao consumo alimentar como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras”.

Apesar das recomendações de especialistas serem contrárias, um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria mostra que produtos como sucos artificiais, bolachas recheadas, refrigerantes, frituras e chocolates andam presentes na vida de bebês com até um ano. Os dados da pesquisa são alarmantes e foram obtidos após 179 mães de crianças com idades entre quatro e 12 meses anotarem tudo o que davam para os filhos comerem. A nutricionista Aline Mendonça Ogata reforça que o uso de industrializados, enlatados, embutidos, oleaginosas, condimentos, alimentos de origem animal crus e frituras precisam ser evitados pelo bem da saúde do bebê. “As frituras são desnecessárias especialmente nos primeiros anos de vida. A fonte de lipídio para a criança já está presente no leite, nas fontes proteicas e no óleo vegetal utilizado para o cozimento”. Outros alimentos, como frutos do mar, iogurtes e industrializados que contenham corantes ou conservantes também devem ser evitados até os dois anos de idade, de acordo com a pediatra Carolina Marchi Guerra.

A chefe de cozinha natural Tânia Fernandes dá algumas dicas para os pais que querem implantar uma alimentação mais saudável para os filhos. Alimentos como a beterraba, por exemplo, podem colocados em sucos para serem mais facilmente aceitos. Outra dica é bater, brócolis, beterraba ou cenoura, por exemplo no liquidificador e inserir nas massas de panquecas, tortas e pães. A seguir, Tânia compartilha uma de suas receitas que é sucesso entre as crianças, o pastelzinho integral. Massa: 1 xícara de trigo integral 1 xícara de aveia média 1 xícara de farinha de arroz integral 2 colheres (sopa) de linhaça deixada de molho durante 10 minutos 3 colheres (sopa) de óleo 1 colherinha (cafezinho) de sal marinho 1 colher (sopa rasa) de bicarbonato de sódio 1 xícara de água morna. Recheio: Frango cozido, desfiado e temperado.

*Colaborou Carla Superti

Preparo: Misture todos os ingredientes, exceto a aveia que vai aos poucos para dar o ponto na massa. Estique a massa com o rolo e corte em rodelas. Quando o recheio estiver frio, coloque no centro, dobre a massa e aperte as bordas com o auxílio de um garfo. Asse em forno pré-aquecido por aproximadamente 25 minutos.

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Saúde

Colinho liberado Pais devem seguir seus instintos e propiciar momentos de afeto não apenas quando os filhos têm necessidades fisiológicas Carla Superti

“Vive no colo, agora só quer colo”. Mães de todas as idades, que tiveram filhos em épocas distintas, já cansaram de ouvir frases como essa. Também pudera, até pouco tempo especialistas concordavam que pegar bebês no colo com frequência poderia deixar a criança viciada. Hoje, contudo, as opiniões mudaram e estudos apontam que os pais devem, sim, pegar os filhos no colo, principalmente quando choram, pois eles precisam dessa demonstração de afeto e conforto. Uma pesquisa feita pela Queensland University of Technology e pelo Early Parenting Center, nos Estados Unidos, mostrou que os pais devem seguir seus instintos com os bebês. Especialistas que fizeram parte do estudo enfatizam que é necessário pegar os bebês no colo quando eles choram. Mas a dúvida é grande entre os pais. De todos os entrevistados, 20% dos pais com apenas um filho e 30% com mais que um filho não sabiam se era benéfico pegar a criança sempre que ela chorava. Já 25% dos pais de primeira viagem e 10% dos mais experientes acreditavam que

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a atitude pode dificultar o desenvolvimento emocional do bebê. Os mesmos pesquisadores afirmaram que durante os três primeiros meses de vida da criança é fundamental para seu desenvolvimento emocional e neurológico obter respostas dos pais ao choro. Na década de 60, apesar das opiniões contrárias, estudos britânicos concluíram que os bebês que eram atendidos plenamente pelos pais quando choravam nos primeiros meses de vida mostravam-se mais independentes com um ano de idade do que os que eram deixados chorando. Doutora em psicologia, Carina Nunes Bossardi diz que nos estágios iniciais de desenvolvimento os bebês têm uma significativa dependência de cuidados externos, geralmente essenciais à sobrevivência, como alimentação, higiene e proteção. Essas funções são mais desenvolvidas pelas mães, mas os pais têm se destacado na participação dos anos iniciais de vida dos filhos. Em alguns casos, também são feitas por parentes, cuidadores, babás, entre


outros profissionais, como nas pré-escolas e creches. Como os bebês não falam, eles se manifestam com o choro. Porém, essa expressão não retrata apenas alguma necessidade fisiológica. “Os bebês, mesmo nos seus primeiros anos de vida, necessitam de contato que propicia o desenvolvimento social e emocional da criança e pode ser representado pelo contato facial, corporal e verbal”. Carina, que é integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e também atua na Univali, ainda explica que é importante que os adultos conversem com os bebês e peguem os no colo. Essas ações estimulam o desenvolvimento afetivo mãe-bebê, pai-bebê e sinalizam o desenvolvimento das interações sociais com outras pessoas ao longo da vida. O pediatra Juarez Furtado divide as mesmas opiniões que a doutora em psicologia quando afirma que o momento correto de envolver o bebê não depende apenas de suas necessidades fisiológicas. “No contato direto com a mãe, em seu colo, o pequeno é convidado a exercitar alguns dos diversos sentidos humanos que iremos aprimorar no decorrer da vida. É através do calor, do cheiro e da voz da mãe que a criança encontra a segurança e tranquilidade, mantendo sensações que vivia nos meses de gestação”. Furtado argumenta que diversos estudos mostram que esse contato gerado por meio do colo influencia diretamente na atividade glandular, cerebral, no desenvolvimento físico e afetivo da criança. Mas essa necessidade que os bebês têm com os pais é vista com maus olhos em alguns casos, já que pode aparentar ser mais contato do que a criança precisa. “É comum pensarmos que atitudes como essas podem ocasionar certo vício no bebê de permanecer sempre no colo, mesmo em momentos que não possui reais necessidades. Se ele chora está buscando um conforto, seja fisiológico ou emocional. Bebês também têm necessidades de afeto, de segurança e de saber que tem alguém ali pronto para eles”, comenta Carina, enfatizando que o excesso de colo não vai prejudicar a relação dos pais com os seus bebês, mas sim criar um laço afetivo importante e até essencial para essa fase.

emocional dos bebês. Atender a criança quando ela chora e demonstrar afeto podem até reduzir predisposições genéticas a doenças físicas e psíquicas que poderiam se manifestar na vida adulta. A doutora em psicologia Carina Nunes Bossardi ressalta que especialistas apontam a relação do excesso de choro com a não satisfação das necessidades dos bebês. “Existe também uma influência do temperamento infantil, que são características pessoais que podem fazer com que alguns bebês sejam mais irritadiços e chorem mais do que outros. Mas, em geral, se o choro persiste e não é atendido podem diminuir as chances de um bom desenvolvimento emocional da criança”. Mais do que a relação com o estresse, de acordo com Carina, o choro é tido como um importante indicativo das crianças que se sentem ou não seguras em seu ambiente. “Quando está em situação de estresse ou que cause insegurança, a criança tende a procurar estabilidade com a figura com quem ela estabeleceu vínculos afetivos. Por isso é tão importante esse vínculo afetivo inicial”. Clancy Blair, uma pesquisadora da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, acompanhou um grupo de mais de mil crianças praticamente desde o nascimento no início dos anos 2000. Um dos testes feitos nestes

Cuidado com o cortisol

Um choro que não para e parece ter tanto sentimento que é difícil acreditar vir de um ser humano tão pequeno. Quando isso acontece, muitas vezes, se os pais não pegam a criança no colo ela continua chorando por um bom tempo. Aí está o perigo. “Um ritmo estressante nos despeja na corrente sanguínea um hormônio regulador do sofrimento gerado no dia a dia chamado cortisol. E nossos pequenos podem carregar experiências vividas nos primeiros dias, meses de vida, principalmente se o estresse se repete e se cronifica”, afirma o pediatra Juarez Furtado. Segundo Furtado, estudos mostram que um estado de choro, angústia que dure minutos, horas, além da separação da mãe por um longo período são percebidos no físico e no 55


Saúde bebês era medir o nível de cortisol quando eles enfrentavam situações adversas, momentos de tumulto e estresse. O nível aumentava apenas quando os pais se mostravam desatentos ou indiferentes com os bebês. Quando eles se conectavam com a criança, o hormônio continuava no nível normal.

É manha?

Mesmo com a necessidade real que as crianças, principalmente bebês, têm, as manhas existem. Começam a surgir quando os pequeninos entendem como tudo funciona ao seu redor e ainda usam o choro como principal forma de comunicação. O esperado, conforme Carina Nunes Bossardi, é que com o passar do tempo, quando a criança tiver aprendido outras formas de linguagem, comece a utilizá-las no lugar do choro. “Se o choro persiste nas mais variadas situações, talvez seja o caso de os pais darem uma atenção maior para entenderem a real solicitação infantil. Nesses casos, o ideal não é dar o que a criança quer de imediato, mas sim verificar o que ela realmente precisa e procurar entender o comportamento que ela está emitindo”, diz.

As dores do colo

Pais e mães adoram estar com seus bebezinhos no colo, mas logo nos primeiros meses surgem as dores como incômodo para quem dá colo. As principais dores causadas

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pelo hábito de pegar o bebê no colo, conforme especialistas, são no pescoço e nas costas. Retirar a criança do berço, dar banho, amamentar ou dar papinhas, brincar, trocar a fralda, entre outras ações exigem bastante esforço físico. Por isso, é preciso ficar alerta para essas dores e tentar evita-las. Segundo a Associação Brasileira de Reabilitação da Coluna (ABR Coluna), na hora de amamentar as mães devem usar um apoio para os braços e pescoço e alterar o braço com que segura o filho. Na hora do banho, o ideal é ajustar a banheira do bebê em uma altura que mantenha a coluna da mãe ereta. O mesmo deve ser feito com o trocador de fraldas. Sobre os berços, os mais indicados para evitar dores aos pais são os com grades de altura regulável. Na hora de pegar ou colocar a criança no berço, é preciso manter a grade perto do corpo, evitando sobrecarregar braços e ombros. Outro problema bastante citado por especialistas é a Síndrome de Quervain, popularmente chamada de “tendinite da mamãe”, que causa dores nos dedos, mãos, punhos, braços e até nos ombros. Essa lesão deve ser levada a sério já que as mães podem ter os movimentos prejudicados e até incapacitados por carregar os filhos no colo. Um dos fatores que favorece o problema é a produção do hormônio relaxina na gravidez, que ajuda no trabalho de parto. Exercícios durante e após a gravidez são as formas mais indicadas de evitar essa tendinite.


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Saúde

Vilãs dos dentinhos,

cáries podem causar problemas graves

Prevenir fazendo a correta higienização mesmo quando ainda não há dentes é super importante, além de evitar alguns hábitos comuns

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alas, pirulitos, bolachas recheadas e refrigerantes são algumas das guloseimas preferidas das crianças. No entanto, o consumo exagerado de açúcar é o grande vilão da saúde bucal infantil e o principal causador de cáries. Trata-se de deteriorações infectocontagiosas nos dentes que provocam dores e fortes incômodos, dependendo de sua profundidade, além da possibilidade de evoluir para infecções mais graves. Por isso é importante que um especialista seja consultado assim que surgem os primeiros dentinhos. Assim como adultos, as crianças precisam de avaliações periódicas, só assim é possível detectar a presença de cáries, visto que em alguns casos elas podem se desenvolver embaixo da superfície do dente.

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“O diagnóstico é feito pelo odontopediatra por meio de exames clínicos e radiográficos. O ideal é fazer uma visita a cada seis meses, pois, além de cuidar da higiene bucal, o profissional acompanhará o crescimento e desenvolvimento dos arcos dentários”, comenta a coordenadora do Grupo de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Liliana Takaoka. Para evitar complicações, é importante que os pais tomem os cuidados necessários para ajudar na prevenção. A criança deve ter seus dentes higienizados três vezes ao dia. Além disso, segundo a vice-coordenadora do grupo, Lúcia Coutinho, seguir uma dieta menos cariogênica, ou seja, que não possua tantos alimentos açucarados também ajuda. Bebês com menos de um ano estão suscetíveis às cáries precoces de infância. O problema que pode parecer simples evolui rapidamente e consegue destruir toda a arcada. “Para prevenir este quadro, é necessário evitar o aleitamento noturno e o uso de

mamadeiras com líquidos açucarados à noite. Também é necessário ensinar o pequeno a realizar a higienização bucal, pois, quanto mais cedo esse hábito for introduzido, mais fortemente será incorporado por ele”, explica Liliana. A higiene da boca deve começar antes mesmo da erupção dos primeiros dentes. Os pais devem introduzir o hábito no cotidiano. É importante, também, que eles sirvam de exemplo, sempre acompanhando os filhos nesse processo e mostrando as formas corretas de escovar. Os microrganismos que provocam cáries são transmitidos pelos cuidadores. A cárie é multifatorial, mas, o tipo de alimento oferecido pelos adultos pode fazer toda a diferença. “Beijar a boca, assoprar comida e comer do mesmo talher também são procedimentos que os pais e responsáveis devem evitar. Escovas, cremes dentais e a maneira correta de se realizar uma boa escovação deverão ser orientados por um odontopediatra”, finaliza Liliana.

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Comportamento

Minha filha quer ser menino.

E agora? A incompatibilidade com a identidade de gênero biológico é uma condição que deve ser encarada com o apoio da família para minimizar sofrimentos futuros Marjorie Basso

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ssunto ainda pouco difundido e muitas vezes confundido, a Disforia de Gênero é um dos novos tabus da sociedade atual. Isso porque a condição, que consiste na incompatibilidade entre o gênero biológico e o gênero com o qual o indivíduo se identifica, pode ocorrer ainda na infância. Essa condição, popularmente tratada pelo termo “transgênero”, foi tema de reportagens no Brasil ilustradas com casos, especialmente, de crianças na puberdade. Mas o fato é que a disforia pode ocorrer muito antes. De acordo com a especialista em psicologia clínica, professora doutora Marina Menezes existem vários relatos de pais cujos filhos ou filhas manifestaram precocemente, por volta dos 4 ou 5 anos de idade, que não gostavam do gênero ou do nome atribuído a eles. Algumas crianças, segundo a psicóloga, apresentam aversão a roupas e brinquedos específicos para meninos ou meninas e pedem aos pais para usar roupas ou cortes de cabelos que os façam sentirem-se mais confortáveis com o gênero que desejam ter. “O que ditará se um indivíduo terá mais identificação com um gênero ou outro, não se resume apenas aos seus genitais ou cromossomos”, esclarece.

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É o caso, por exemplo, de Shiloh Jolie Pitt. Filha dos atores Angelina Jolie e Brad Pitt, a menina manifestou aos 4 anos a vontade de ser menino, segundo a mãe. Na época, algumas publicações chegaram a ouvir especialistas e muitos trataram o caso como uma “tendência homossexual”, outros entenderam não passar de curiosidade. Mas Marina adverte que não há como identificar durante a infância qual será a orientação sexual de uma criança, pois esse processo está se construindo. Tanto que atualmente, com 9 anos, Shiloh recebe acompanhamento adequado e não se fala mais sobre comportamento homossexual. Acredita-se justamente que a menina tem incompatibilidade de gênero, por isso prefere roupas e corte de cabelos parecidos com os dos irmãos. “Atualmente há uma forte tendência de a ciência compreender que a identidade de gênero está muito relacionada a aspectos culturais e sociais que influenciam o modo de pensar e até mesmo do cérebro funcionar”, diz a psicóloga. De acordo com Marina, somente a partir da publicação do Manual Diagnóstico e Estatístico para Transtornos Mentais – DSM 5, em 2013, esta condição deixou de ser considerada um distúrbio mental, cuja classificação diagnóstica era Transtorno de Identidade de Gênero, e passou a ser utilizada a terminologia Disforia de Gênero. O termo usado hoje significa o descontentamento afetivo/cognitivo de um indivíduo com o gênero designado, ou seja, a pessoa manifesta claramente que não se sente confortável com o gênero atribuído e apresenta dúvidas e sofrimento significativos.

“Contudo, essa condição ainda permanece sendo encarada como patológica, a despeito de toda a controvérsia que desperta. Talvez isso se dê em função de que somente por meio de um diagnóstico seja possível que essas pessoas tenham acesso aos serviços de saúde especializados em muitos países e possam ser acompanhadas”, diz. Encarar essa realidade pode ser difícil também para os pais. “Em muitos casos, eles acreditam se tratar de uma fase, porém a criança permanece desconfortável com sua identidade de gênero biológica e vivencia episódios de intenso estresse familiar”. No ambiente escolar também podem ocorrer situações como o bullying e a estigmatização. Com isso, a entrada na adolescência mostra-se intensamente sofrida para essas crianças e suas famílias quando não há informação, orientação e redes de apoio e suporte adequados.

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Comportamento

No mês de novembro o canal Discovery Home & Health estreou no Brasil o programa A Vida de Jazz. O reality show mostra os desafios de Jazz, uma menina que nasceu menino, mas desde a infância manifestou a incompatibilidade de identidade de gênero. De acordo com os pais, tão logo começou a falar, aos 2 anos de idade, Jasmine já se dizia menina. Aos 14 anos, Jazz faz tratamento hormonal para contornar o desenvolvimento masculino. A jovem passa por muitos desafios é claro, mas conta com orientação profissional e com o apoio dos pais e irmãos, que a consideram uma irmã. “No Reino Unido, Holanda, Canadá, entre outros países, existem serviços especializados para auxiliar crianças e famílias que vivenciam essa condição. Estes serviços são organizados para que uma equipe multidisciplinar, composta de vários profissionais como psicólogos, endocrinologistas, psiquiatras, pediatras, assistentes sociais, possam acompanhar e auxiliar estas crianças e seus pais a pensarem sobre as perspectivas de futuro”, lembra Marina Menezes. No Brasil, essa realidade é bastante diferente, contudo. Existem apenas dois centros especializados, em São Paulo e Porto Alegre, com profissionais de saúde para acompanhar estas crianças e adolescentes. “Isso significa que ainda temos muito a avançar com informação, conhecimento, serviços de saúde acessíveis e orientação às escolas, para que o preconceito e a desinformação não ocupem mais o papel principal e possam dar lugar ao direito a uma vida mais feliz”. Entre as alternativas, para quem sofre com a Disforia de Gênero estão os bloqueadores dos sinais da puberdade. Eles são indicados especialmente enquanto os pais e a criança avaliam junto com a equipe de saúde e decidem pelo tratamento hormonal, que deve ter início apenas na

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adolescência. “Estes casos divulgados na mídia cumprem um papel muito importante para socializar histórias e relatos de famílias que vivenciam essa experiência e também para trazer o assunto à discussão, pois dessa forma, o conhecimento e a informação de qualidade podem ser produzidos e as redes de apoio e suporte, bem como os serviços de saúde especializados, podem ser organizados. A criança precisa ter a chance de poder explorar suas possibilidades e criatividade em relação ao gênero e as famílias precisam de apoio e oportunidade de refletir e pensar sobre os caminhos a tomar”, lembra a especialista. O desconforto com o gênero biológico deve ser acompanhado de perto pela família. Se a criança manifesta frequentemente seu descontentamento com a identidade de gênero e não é ouvida pelos pais, poderá se sentir muito frustrada, segundo Marina. Esse sentimento poderá contribuir para o aumento do risco de desenvolvimento de condições mais graves que envolvem ansiedade e depressão intensas. “Alguns casos de crianças que sofreram com a falta de compreensão e informação por parte da família e outros espaços de socialização tiveram um desfecho muito negativo, chegando até ao suicídio”, conclui.


Saúde

Meu filho está crescendo muito rápido?

O

s bebês não crescem e se desenvolvem de forma equilibrada – em períodos específicos, os pequenos passam por “explosões súbitas” de crescimento. E isso não é necessariamente ruim, uma vez que esses picos, geralmente, duram apenas dois ou três dias, com sintomas que incluem fome quase insaciável e comportamento irritadiço. Secretário do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Dr. José Gabel afirma que, em geral, um bebê tem cerca de cinco surtos de crescimento no primeiro ano de vida. Eles ocorrem: na segunda ou terceira semana de vida; entre a quarta e a sexta semana; na oitava semana; terceiro mês; quarto mês; sexto mês e, por fim, aos nove meses. Como não há regras, é possível que a criança manifeste

outros durante todo seu crescimento, inclusive até a adolescência. Nestes períodos, as mães conseguem notar que o padrão de alimentação dos filhos se torna mais intenso e os bebês tendem a dormir mais do que o habitual, em horários alternados. “Durante os picos, os bebês provavelmente comerão e dormirão mais do que de costume. Os pais podem deixá-los tirar cochilos extras e também oferecer mais comida”, comenta o pediatra. Os bebês passam a solicitar mais mamadas que o usual, como forma de compensar e crescer no ritmo acelerado de seu metabolismo. As mães que amamentam ficam receosas em não ter leite suficiente para satisfazer a vontade dos filhos, porém Gabel reitera que as mulheres produzem mais do alimento quando o bebê mama mais, por isso não há motivo para preocupação. “Respeitar esta demanda é essencial para suprir todas as necessidades dos bebês no período”, destaca. Geralmente os picos de crescimento não manifestam sinais óbvios, mas é possível identificá-los por meio dos sintomas nas alterações ao nível do sono, comportamento e alimentação. “Pela pesagem e medidas do comprimento, e assim como do perímetro cefálico, também é possível perceber que o bebê cresceu e aumentou seu peso em ritmo consideravelmente superior ao normal”, explica Gabel. O sono da criança fica completamente desregulado, muitos acordam de hora em hora, dormem em horários trocados e, por conta disso, podem ficar irritados. Todos os bebês passam por essa fase, mas alguns tendem a não manifestar os sintomas usuais: “É muito importante que os pais lidem pacientemente com os filhos durante esta fase, pois é passageira e o comportamento dos pequenos tende a normalizar após esses curtos períodos de tempo. Atender às demandas de alimentação e sono também é essencial para que as crianças possam se desenvolver saudáveis”.

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Educando

EDUCAÇÃO INFANTIL A tal da síndrome do Imperador Pode ser difícil resgatar a autoridade dentro de casa, mas é necessário impor limites desde os primeiros anos da criança Fernanda Vieira

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ducar talvez seja a tarefa mais delicada para os pais, principalmente nos primeiros anos. É na infância que a criança aprende o que é autoridade, a respeitar regras e cumprir acordos, desenvolvendo a responsabilidade. Mas alguns pequeninos se armam de mecanismos para fazer com que sua vontade impere no lar e nem toda a paciência do mundo é capaz de reverter esse quadro. Eles gritam, choram sem motivo, fazem birra porque não ganharam um presente, esperneiam. Os pais acabam cedendo em nome da paz e a estratégia acaba dando certo e ganha força. É a chamada Síndrome do Imperador. De forma até tirana as crianças aprendem a controlar os pais e toda a família. O autoritarismo das crianças nunca foi novidade. Ele chega de mansinho e se estende drasticamente, destruindo qualquer regra dentro de casa. A pedagoga Raquel Staack Alves lista algumas dicas de como impor limites e acabar com o reinado autoritário da criança. Pode soar ultrapassado, mas manter a hierarquia do lar é uma estratégia saudável para que os pequeninos vivam em um ambiente de respeito e harmonia.

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Quando fazemos isso, não perdemos a autoridade dentro de casa? O autoritarismo das crianças não é mais novidade. Ele chega de mansinho e se estende drasticamente, destruindo qualquer regra dentro de casa. Formada em pedagogia, a professora Raquel Staack Alves, 50, lista algumas dicas de como impor limites e acabar com o reinado autoritário da criança. A hierarquia do lar pode ser uma estratégia saudável para que a criança viva em um ambiente de respeito e harmonia.

Há diferenças entre educar e criar um filho? A diferença entre criar e educar um filho é muito simples. Criar uma criança é fácil, basta fazer todas as suas vontades. Educar é que dá trabalho, porque é necessário prepará-la para viver em sociedade de forma saudável, tendo princípios, sendo ética.

Muito se fala em hierarquia no lar. É realmente necessário isso dentro de casa? Essa estrutura de prioridade é saudável para a educação da criança? A hierarquia no lar, quando realizada de forma saudável, onde os pais tem autoridade e não são autoritários, é saudável para que a criança cresça num ambiente de respeito e harmonia.

Como ser autoritário sem partir para as famosas palmadas? Não diria que é necessário sermos autoritários, nem usarmos as famosas palmadas, mas sim realizarmos combinados com nossas crianças. Com estes acordos entre pai e filho, realizados de forma clara entre as crianças e seus pais, automaticamente a criança já sabe o que acontece quando um acordo não é cumprido. Assim, a autoridade dos pais não será perdida.

ança se adeque a realidade que à cerca e a mantém no centro das atenções por tempo indefinido. E essa atenção exagerada começa a ser notada quando a criança começa a socialização, pois a escola irá reclamar que a criança não respeita as regras, tem dificuldade de ter amigos e gosta de mandar em todos.

Deve haver uma divisão de tarefas entre pai e mãe para a educação da criança? Qual o papel de cada um? Acredito não em uma divisão de tarefas, mas sim nos combinados para a realização dessas tarefas. Hoje temos uma vida muito corrida, com muitos compromissos onde, independente de ser o pai ou a mãe, a criança necessita de um dos dois para acompanha-la diariamente e o papel dos pais é de participação nesta caminhada.

O “não” continua sendo a palavra-chave para uma boa educação? Há outra forma de impor a obediência com mais positivismo? O “não” quando usado de forma arbitraria não é a palavra-chave para a boa educação. Volto a afirmar que os combinados realizados de forma que a criança saiba porque estão recebendo o “não” naquele momento acontece de forma positiva. É possível impor limites desde os primeiros anos da criança.

Quais os erros mais comuns que os pais cometem na hora de educar? Os erros mais comuns são: *o não se transformar em um sim *nada acontecer se não cumprir o combinado *os pais que um dia dizem sim e no outro não (para a mesma ação)

Um dos problemas mais corriqueiros é a criança ser o centro das atenções dentro de casa. De que forma essa atenção exagerada dos pais pode ser prejudicial para o filho? O que acontece na maioria das famílias é que os pais esquecem que existe um período muito curto em que os filhos “reinam” , pois precisam ser conhecidos, mas esse reinado deve terminar até, no máximo, o final do primeiro ano. Quando isso não acontece ocorre a infantolatria, onde os pais não sabem ou não conseguem fazer com que a cri-

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Saúde

Plástica logo após a gravidez é possível? Muitas mulheres ficam ansiosas para terem o abdômen e os seios recuperados rapidamente, mas os procedimentos cirúrgicos precisam esperar

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er mãe é uma alegria para a maioria das mulheres, porém depois de todo processo gestacional e o nascimento, a torcida é para que o corpo volte a ser como antes ou quem sabe, fique ainda melhor. Se durante a gravidez era normal engordar um quilo por mês, durante a recuperação da silhueta a três a seis meses, especialmente se há amamentação. Porém, não é exatamente assim com todas as mulheres, para a maioria, o processo pode ser um pouco mais lento. Mas, como diz o ditado, “a pressa é inimiga da perfeição” e logo após o parto as plásticas não são recomendadas, pois nessa fase o corpo passa por importantes transformações hormonais e adaptações orgânicas. Os especialistas recomendam que a cirurgia seja realizada, no mínimo, entre oito e 12 meses do nascimento do bebê, mesmo assim somente se a mulher já estiver num peso próximo ao ideal. “Diferente do que muitos imaginam a função da cirurgia plástica não é emagrecer, mas proporcionar maior harmonia estética”, alerta o diretor do Centro Nacional Cirurgia Plástica, Arnaldo Korn. No pós-parto, o procedimento mais procurado pelas mamães é a correção da mama, que por causa do grande aumento e diminuição de tamanho em pouco tempo, pode apresentar flacidez. Outra coisa que incomoda essas

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mulheres é a sensação de “queda”, que pode ser corrigida. Mas, aquelas que gostaram do aumento dos seios por causa da lactação, também podem optar pelo implante de silicone, o que é muito comum e já aconteceu com famosas, como a apresentadora Xuxa. Porém, só é recomendável fazer plásticas de mama cerca de três meses depois do término da amamentação. Para quem não conseguiu eliminar as gordurinhas localizadas acumuladas durante a gravidez, é possível recorrer à lipoaspiração. E para eliminar a flacidez, a abdominoplastia promove a remoção do excesso de pele abaixo do umbigo, “esticando” a pele que sobra. Porém, para as mamães, o período pós-cirúrgico pode ser mais delicado e difícil, pois serão necessários repouso e cuidados especiais, como drenagem linfática, e, no caso da cirurgia de mama, ficar sem levantar peso de seis a oito semanas, tudo isso mesmo com um bebê em casa. Por tanto, é necessário pensar bem e ver se vale a pena mesmo se apressar com o apelo da beleza e da vaidade ou esperar sem ansiedade e aproveitar intensamente os primeiros meses de vida da criança. Lembrando que esse período de convivência, interação e trocas são fundamentais para a saúde do bebê e da mamãe.


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