Nós da Criação

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cinema, por exemplo, ou diferente da literatura, que não tem a parte visual. Tudo é autoral: a história, a narrativa, o traço do desenho. A grande contribuição dos quadrinhos pode ser essa. Por exemplo: histórias como Persépolis, da Marjane Strapi, que fala sobre o Irã sofrendo um golpe, são pesadas. E os quadrinhos permitem que você suavize e esgarce essa relação entre autor e leitor. Se fosse literatura, o efeito seria outro. Por isso os quadrinhos são outra linguagem mesmo. Por outro lado, um dos desafios dos quadrinhos também, em termos de alcance, é tentar se mostrar dessa forma para o grande público. A maioria das pessoas ainda enxergam quadrinhos como sendo apenas Capitão América e Turma da Mônica. Algo que é infantilizado ou estereotipado, de certa forma. O próprio nome também é um problema e há uma discussão em torno disso. No brasil, por exemplo, chamamos de Histórias em Quadrinhos, que vem da própria estrutura da linguagem, que são histórias contadas em quadros. Mas em inglês, ou mesmo em espanhol, eles chamam de Comics, que não necessariamente tem a ver com a linguagem, e sim com um gênero. Por isso surgiu a necessidade de cunhar o termo Graphic Novel, pra tentar traduzir melhor o que é a linguagem.

Tirinha: O Incrível Tédio Cotidiano #29

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