Sérgio Mallandro

Page 1

PERFIL

CRIADOR DA PORTA DOS DESESPERADOS, REI DO IÉ-IÉ E DO GLU-GLU, SERGINHO VOLTA À TV COM UM REALITY NO MULTISHOW. E GARANTE QUE NUNCA SAI DO PERSONAGEM — OU NUNCA É O PERSONAGEM — SÓ HUMORISTA O TEMPO TODO

POR Bruno Mateus E SABRINA ABREU FOTOS CARLOS HAUCK

,74

MALANDRO É MALANDRO

Ainda criança, antes de ser expulso de quatro colégios, ele era bom em redação — “ganhava todos os concursos”. Uma vez, escreveu sobre um menino que queria trabalhar na TV, teve a oportunidade de ir ao programa do Chacrinha, se destacou e ficou famoso. O texto se mostrou profético, “só que, em vez de com o Chacrinha, a chance veio com Silvio Santos”, conta Sérgio Mallandro, lembrando a participação, no início dos anos 1980, no programa Cidade contra cidade, quando sua espontaneidade rendeu o convite para estrear na TV. No ano seguinte, isso aconteceu de novo: Antônio Calmon, diretor de Menino do Rio (1982), o convidou para participar da produção, porque era o amigo extrovertido de André di Biase, ator principal do longa. “Sempre disseram que eu deveria trabalhar na televisão”, diz. O primeiro a despertar a vontade de Sérgio, aos 16 anos, foi outro ícone do meio: Chico Anysio. Eles se conheceram porque o rapaz trabalhava no local onde seria gravado um comercial com o personagem Coalhada — o jogador de futebol estrábico. Quando viu o adolescente se movimentar no estúdio, o humorista consagrado não teve dúvidas e fez um teste com ele em frente às câmeras. “Disse que eu era comunicativo, um talento, tinha jeito para a coisa. Acabei participando do comercial.” Na década de 1990, num reencontro entre os dois, Serginho foi convidado a participar da Escolinha do Professor Raimundo. Mas não interpretando um personagem. “O conselho do Chico foi: seja você mesmo, não mude, que vai dar certo. As pessoas gostam de você.” Vinte anos depois, o conselho continua sendo levado a sério. Serginho afirma que é sempre o mesmo, diante das câmeras ou longe delas. Serve para papéis no cinema, como o Bob de Lua de cristal, para sua participação em realities, como A fazenda, para o dia a dia com a família — que acaba de passar para a frente das câmeras, com o reality Vida de Mallandro, do Multishow. Na conversa depois de apresentar seu stand-up em BH, ele emenda as respostas com falas do texto apresentado horas antes. Solta um monte de ié-ié, salcifufu, glu-glu e ráaa, intercalados entre as frases e, muitas vezes, seguidos do tão característico abre e fecha das mãos, à altura do rosto. Confunde os entrevistados. Quem estaria à nossa frente: Sérgio Mallandro ou Sérgio Cavalcanti? A resposta tem tom de piada: “Não sei quem é o Cavalcanti, me esqueço dele. Se me chamam por esse nome no hospital, por exemplo, nem atendo”, garante, enquanto os entrevistadores continuam na dúvida.

BRUNO: VOCÊ AGORA ENCHE TEATROS COM SEUS SHOWS, RECEBE HOMENAGEM DE UNIVERSITÁRIOS. DE PERSONAGEM TRASH VOCÊ SE TRANSFORMOU EM ÍCONE CULT?

FIZ MUITA FESTA trash em São Paulo, participei de várias festas anos 1980, tenho uma banda, a Salcifufu, que canta músicas dos anos 1980, com fantasias de Sidney Magal, Gretchen. Cantamos ao vivo músicas da Blitz, RPM, Mamonas, é uma banda bem legal. E eu já vinha fazendo shows para os universitários, sou patrono de várias faculdades, sou patrono aqui na UFMG. SABRINA: VOCÊ SE LEMBRA DE QUANDO COMEÇARAM ESSES CONVITES?

A PRIMEIRA VEZ que me toquei disso foi no Largo São Francisco [faculdade de direito da USP]. Fui convidado para fazer uma palestra há uns cinco anos. Falei para o cara que me chamou: “Marca lá no dia 20”. Chegava no dia 15, eu falava: “Não vai dar para ir, brother”. Eu estava meio grilado, pedia para marcar dia 30, chegava dia 25 eu falava que não ia dar, até que o cara falou: “Tá grilado com o que? Os caras só querem te ver, eles gostam de você”. No dia que eu fui, a sorte é que eu tinha uma câmera dentro do carro: os caras vieram me pegar dentro do carro: “Hey, hey, hey, o Mallandro é nosso rei”. Eu tenho essa filmagem, entrando no Largo São Francisco lotado, aquela homenagem toda. Fiquei emocionado, os moleques cantando minhas músicas. Depois de 10 dias, pedi para o produtor ir lá saber o que eles tinham achado da minha ida. Pô, todo mundo falando: “Sérgio Mallandro é nosso ícone, é nosso mestre”. Fiquei muito emocionado, não sabia que eu representava tudo isso para esses universitários. Dali em diante, fui chamado para fazer show na [Faculdade] Casper Líbero, fizeram uma puta de uma homenagem para mim. Depois fui para várias faculdades no Brasil todo, fazendo shows para universitários. 75,


S: E você tem esse tino comercial?

S: E você é paquerador mesmo?

Sou artista, mas, por exemplo, quando olho para alguma coisa, penso: “Se eu apostar nisso vai dar certo”. Tenho meu escritório, o pessoal que cuida das minhas coisas. Sou um cara muito avoado, minha parada é ser artista. Tudo o que fiz na minha área deu certo. Fiz 12 filmes e todos foram ótimos, recorde de bilheteria, fiz o Menino do Rio, Garota dourada. No Menino do Rio, eu nem era artista, eu era amigo do André di Biase. O diretor me viu e falou: “Esse cara aí é muito falante, serve para trabalhar no filme”.

Quando estou com uma gata, vivo intensamente com ela. Outro dia na Fernanda Lima [no programa Amor & Sexo, da Rede Globo], ela perguntou quem se dava melhor com a mulherada: o humorista ou o poeta. Falei que o humorista pega muito mais mulher, ele faz rir para depois fazer chorar [risos]. S: E tem que ser fiel?

cho”. Jogar ovo no garoto mais fraco? Também tô fora. Vamos roubar sorvete da padaria? Aí tudo bem. Vamos roubar bala do baleiro? Aí não, o baleiro está trabalhando.

B: Sempre teve carisma, né?

É, sempre gostei de falar muito. Por exemplo, o que faço aqui no palco, que vocês viram, eu fazia na praia, brother, fazia na minha casa. Quando tem churrasco na minha casa, é proibido ter música, gosto de conversar com as pessoas. Eu falo: “Meu irmão, conta aquela história de quando a gente penetrou naquele clube lá, lembra?”. Sempre fiz isso — o que faço no teatro, eu fazia na praia. Começava a contar o bagulho, de repente tinham dois, 10, 20... Era um show-praia. Hoje, no teatro, conto a história da minha vida, claro que, às vezes, colo um molhinho aqui, outro ali, e conto exatamente a minha história. S: Você vai voltar para o cinema?

Devo fazer um filme com o André Morais e o Lúcio Mauro Filho, Dois malandros em Las Vegas. O André é um grande diretor, fez o Ópera do Mallandro, com todo mundo me homenageando. Até achei que fosse engano quando ele ligou dizendo: “Quero fazer um filme sobre suas obras”. Obras na casa de Búzios? Estou mesmo fazendo uma sauna e um banheiro lá. “Não, suas obras, Bilu Teteia, Glu-glu, Porta dos desesperados. E tem mais: o elenco do filme é Lázaro Ramos, Thaís Araújo, Lúcio Mauro Filho, Ângelo Paes Leme”. Aí, quando ele falou que o Caetano Veloso cantaria a música, falei: “Hora de desligar”. Foi um sucesso, ganhou prêmios e [o diretor] me convidou para filmar ese longa no fim do ano, o Dois Malandros em Las Vegas. B: Seu pai [Edgard] faleceu quando você tinha 11 anos. Sua mãe [Leila] se casou três anos depois com o General [Caio Marcos Ovale de Lemos, veterano de guerra, capitão da Força Expedicionária Brasileira], você foi expulso de quatro colégios. Como foi isso?

Fui expulso a primeira vez no primário, bicho. Eu era um garoto muito levado, interrompia as aulas. O professor falava: “Agora vamos chegar à Bahia”. Aí eu [imita voz de criança]: “Ah, chegou na Bahia? Não tem aí uma cocadinha, um pé de moleque?”. Para fora da sala! Mas eu não era o levado ruim, o cara que explodia bomba no banheiro, que sacaneava, que dava porrada nos moleques. Não era nada disso, era o cara que fazia graça, tudo tinha uma gracinha, uma frase final. Gostava de coisa engraçada, batia o sino antes — pegava uma linha de nylon e, lá da árvore, batia o sino e todo o colégio saía para o recreio. Ao mesmo tempo, tinha amigo meu que explodia bomba no banheiro, eu falava: “Tô fora dessa aí, bi-

,76

Fiel até a página cinco. O coração tem que ser fiel, quando você ama você é fiel. Todas as vezes que amei eu fui fiel. Quando só gostava, realmente às vezes acontecem coisas que você não é responsável por você mesmo.

B: Como começou o projeto do reality show?

Foi o seguinte: fui fazer uma participação no Prêmio Multishow [premiação musical do canal, em 2011] com a Porta dos Desesperados e fui convidado pelos diretores para fazer um reality. Eu estava em casa um dia, com o Pedro Peixoto, que é um dos diretores do programa, bolando um projeto para apresentar para a televisão. Minha casa é muito grande, moro com minha ex-mulher, a Mary Mallandro, e meu filho, Sérgio Tadeu. Eu morava em São Paulo e, quando fui fazer a temporada no Rio, era para ficar dois meses, mas o sucesso foi tão grande que fiquei dois anos e meio. Comecei a ficar mais no Rio, me entusiasmei, comecei a reformar a casa. Fui ficando, falei com a Mary: “Pode ficar todo mundo aqui, vamos morar todo mundo junto”, a Mary é como se fosse minha irmã. Pô, então mora ex-mulher, meu filho, tenho minhas namoradas, entra e sai, uma confusão, meu filho agora só quer ficar com as mulheres, não namora. É engraçado, são tribos diferentes, e ao mesmo tempo estou fazendo obra, tem seis operários lá em casa, quatro ou cinco empregados. Um dia eu estava com uma gata lá em casa e a Mary fez um comentário esquisito, coisa de ex-mulher: “Se a mulher é magra, é magra demais; se é gostosa, tem cara de puta”. Bota defeito em tudo. Virei para o Pedro e falei “Pô, a gente batendo a cabeça para fazer um programa, se você tivesse uma câmera aqui, tu filmava isso aqui e já era o programa”. Ele estava pensando exatamente isso. S: Você topou de primeira?

Adoro televisão, minha vida já é um reality show. Quando saio na rua, já estou sendo monitorado, filmado. Se você sair comigo na rua, vai ver: é só isso. Tive um furúnculo, fui ao [hospital] Barra d’Or morrendo de dor. Entrei, e o estacionamento estava lotado. Falei: “Irmãozinho, tô com um furúnculo aqui, onde tem vaga?”. “Você é o ié-ié, né? Ié-ié!”. Perguntei onde tinha vaga, ele disse: “Ali à direita”. Cheguei e não tinha, pô. “Pegadinha, é só do outro lado!” [risos]. Levo numa boa, acho que isso é uma homenagem. B: Até pouco tempo, você não gostava de dizer sua idade. Por quê?

Não sei mais a minha idade. Tem momentos que tenho 18 anos. Se vou jogar talento numa gata, tenho 32. Quando é uma gata mais séria, tenho 50, um cara mais vivido. O artista não tem idade, já não sei mais quantos anos eu tenho. Vou falando a idade conforme a situação que estou vivendo.

B: Seu pai faleceu de infarto, seu irmão [Cláudio Magarra] também. Você se cuida?

Sim. Não bebo — bebo quatro cervejas e fico bêbado, mas você não me vê bebendo em churrasco, praia. Nunca fumei, nunca usei droga, e as pessoas não acreditam, acham que sou louco: “Pô, Sérgio Mallandro deve cheirar isso, usar aquilo”. Sempre tive receio de ficar fora de mim. Não tenho nada contra ninguém, se usa ou não. O cara pode usar o que quiser e ser generoso, maneiro, íntegro. Agora o cara ali não usa nada e é um puta de um zé mane, não ajuda ninguém, fala mal de todo mundo. A grande malandragem da vida é saber seu limite. Perdi muitos amigos para as drogas, falo para os meus filhos: “Vocês

têm que saber o que é certo e o que é errado”. Meu filho de 26 anos é igual a mim, não usa nada, não fuma nada, não bebe. S: Você se orgulha disso?

Claro. O que acontece é o seguinte: a preocupação hoje em dia para quem usa droga é se ele tem o limite. Se não tem, você vai acabar vendo seu filho numa clínica. S: Você tem algum vício?

Quando estou me relacionando, faço muito ié-ié, e às vezes mudo de ié-ié para glu-glu. Tenho alguns vícios relacionados ao sexo que não posso falar na revista. S: Você se arrepende de alguma pedaginha? A do Rafael, ex-Polegar, por exemplo. [Rafael Ilha havia recém-saído de uma clínica de reabilitação. No quadro do programa, um ator oferecia açúcar para ele fingindo ser cocaína.]

Não, não me arrependo de nada. Todas elas deram muita alegria para quem fez, para


QUANDO ESTOU ME RELACIONANDO, faço muito ié-ié, e às vezes mudo de ié-ié para gluglu. Tenho alguns vícios relacionados ao sexo que não posso falar na revista

A malandragem é ter fé

quem viu. Acho que tudo tem sua hora, tudo faz parte do seu momento. Naquele momento foi ótimo, em outro já não seria. Tem umas pegadinhas que hoje já não daria para fazer. A gente fazia umas pegadinhas na época — todas as televisões faziam — com arma, com tiro, e hoje não dá mais para fazer. B: Você acha que tem limite para fazer humor ou vale tudo? Teve a polêmica com o Rafinha Bastos.

O humor não deve ter censura, mas cada humorista tem que ter bom senso, saber até onde ir. Se vejo na minha plateia uma pessoa que é portadora de deficiência, não posso chegar e fazer uma brincadeira com isso. Ele ou a mãe dele podem ficar tristes. Tenho filho e, se ele tivesse um problema e alguém fizesse uma piada, iria doer no meu coração. S: Quando decidiu fazer stand-up, chegou a assistir alguns para apreender a técnica?

Uma amiga minha morava em Los Angeles e me ligou: “Serginho, você precisa fazer stand-up comedy, aqui em LA é um sucesso”. Isso foi há uns quatro anos. Entendi “estandarte”, nem sabia o que era. Depois, outra amiga me chamou para assistir uma apresentação de stand-up num bar, em São Paulo. Fomos em Moema, e os moleques viram que eu estava lá, me chamaram para subir ao palco. Peguei o microfone, comecei a contar umas histórias minhas, minhas com a Xuxa, todo mundo rindo, o cara perguntou se eu poderia ir na outra quinta. Aceitei. Cada um fazia 15 minutos. Meus 15 viraram 30, ninguém me deixava sair do palco. Comecei a ir a outros, do Bruno Mota, Maurício Meireles, Fábio Rabin. Começaram a me chamar para fazer: eu, Luís França, Marcelo Adnet, Dani Calabresa. Comecei a sentir a parada do palco, gostava da pegada. Comecei a fazer uns corporativos e a temporada no Teatro dos Grandes Atores — entrei em janeiro de 2010 e saí em março de 2012, fiquei mais de dois anos no Rio. Saí do teatro para ir para A fazenda, deixei o teatro abarrotado. B: Em 2008, você se candidatou a vereador em São Paulo. Qual era o seu objetivo na política?

Tenho uma creche, em Guarulhos, que se chama Santo Expedito, e ela atende 80 crian,78

ças. Me falaram: “Se você for vereador, pode ter umas 10 creches”. Então, tentei ser. S: Você tentaria outra vez?

Não, foi uma experiência única, para nunca mais tentar. Primeiro me falaram que eu apareceria na TV para divulgar minha candidatura — isso é uma coisa muito cara e eu não gastaria com isso. Então, se as pessoas soubessem que eu era candidato e eu tivesse uma chance, como político, de fazer as creches, como uma recompensa pelo carinho que as crianças me deram, eu acharia legal. Tenho minha creche e sou orgulhoso dela, ela está lá, acho maior barato, mantenho há mais de 15 anos, eu e Marilu, uma mulher com mais de 100 filhos — ela pega as crianças na rua. Na verdade, ninguém sabia que eu era candidato, eu andava na rua e continuava tudo igual, o pessoal tirando foto, brincando, fazendo ié-ié. Eu falava: “Vai votar em mim?”, e o pessoal nem sabia, nem sei como tive quase 23 mil votos. Depois da eleição, muita gente me ligou falando: “Meu irmão, se eu soubesse, teria votado em você”. Mas, bicho, não tinha como mostrar. Graças a Deus, não entrei. Depois, estudando mais a fundo, acho que seria muito difícil fazer o que eu queria fazer. E acho que contribuo muito mais como artista. Mas essas experiências são boas para aprender. Político é político, médico é médico e artista é artista. Não pode fugir da sua essência, sou artista, tenho que fazer o melhor no palco. O Chico Xavier me falou isso em Uberaba: “Sua missão é fazer as pessoas ficarem alegres”. S: Você é religioso?

Comecei minha vida sendo católico. Meu filho se chama Sérgio Tadeu por causa de São Judas Tadeu, sempre tive muita fé, fui muito à igreja de São Judas. Depois que conheci o Chico Xavier, passei a acreditar também no kardecismo. E minha vida, eu acho, é Jesus. Minha religião é a seguinte: se fizer o bem, vem o bem. Você tem que limpar a frente da sua casa sem jogar a sujeira em frente à casa dos outros, porque depois acaba voltando para sua casa. Tem que saber onde descartar

seu lixo, sem sujar o vizinho, essa é a malandragem da vida. A malandragem é ter fé. B: Você falou em essência, o que muda do Sérgio Cavalcanti para o Sérgio Mallandro?

Muda porque, quando chega um oficial de justiça e pergunta: “Aqui mora Sérgio Cavalcanti?”, digo: “Não sei”. Outro dia fiquei parado numa consulta médica, achando que estavam demorando para me chamar, mas alguém estava falando “Sérgio Cavalcanti, Sérgio Cavalcanti”. Me esqueço desse nome. Sou pai de três filhos e lido com eles como se fosse Sérgio Mallandro. Minha filha morre de vergonha, porque é só glu-glu, ié-ié, ela fica louca. Ela é toda patricinha, educada, estudiosa, mora em Londres. O outro [Edgard, que também mora em Londres] fica orgulhoso, tira onda. O de 26 anos [Sérgio Tadeu] me ajuda nos meus negócios, vende meus shows, também é ator e publicitário. Sou Sérgio Cavalcanti quando tenho que chamar a atenção deles, mas, mesmo assim, nunca perco meu humor. Dou pouca bronca para eles, mas dou muito exemplo. Minha filha perguntou se deveria voltar para o namorado. Falei: “Fi-

lha, você pulou numa piscina e no meio dela quase se afogou — que foi o fim do namoro, quando ela sofreu muito —, para chegar até a outra borda, você veio de cachorrinho e se afogando. Agora que, finalmente, chegou do outro lado e saiu da piscina, você me pergunta se deve pular lá no começo de novo? Agora, você pode ir para a praia, para uma lagoa, para qualquer lugar”. E ela: “Não estou entendendo nada, nem sei nadar direito” [risos]. B: Você viveu os anos 1980, quando se começou a falar em AIDS e alguns casos começaram a aparecer na imprensa. Você perdeu amigos para a doença?

Perdi. Atores, cabeleireiros, figurinistas, cantores, professores de jiu-jtsu. Era um pânico total, ninguém sabia o que era. Todo mundo se relacionava sem camisinha, de repente 79,


ARQUIVO PESSOAL

aparece a tal da AIDS, nunca mais transei sem camisinha. O primeiro que morreu foi Lauro Corona, era meu amigo. S: Choque para todo mundo, porque ele era um galã da Globo.

reprodução da internet

Em 1982, ano em que Vem fazer Glu-glu vendeu um milhão de cópias. Em cartaz com Xuxa (1990) e Faustão (1991). Tempos de reality show: com Britto Jr., de A Fazenda, e ao lado da ex-mulher e do filho caçula, em Vida de Mallandro

Choque, ele era lindo. E, coitadinho, ficou com vergonha de falar, não se manifestou igual o Cazuza. Foi um dos primeiros a morrer e era meu amigo: eu, ele, a Glorinha Pires. Depois veio o esclarecimento, você pode abraçar e dar carinho para alguém que é soropositivo. Desde então, me previno: pode ser quem for, pode ter cara de anjo, eu uso [camisinha] mesmo. E é aquela GG [risos], porque a outra me aperta. Ié-ié. S: O que você gosta de ouvir?

Declarações de amor, uma mulher chegando ao meu ouvindo e dizendo: “Vamos agora? Custa R$ 30”. B: Mais barato DO que seu show.

Outro dia o cara falou pra mim que agora resolveu pegar menina só de 20. Vinte reais. B: Música, o que você ouve?

Elvis Presley, adoro as músicas românticas dele. Escuto U2, O Rappa, se eu estiver numa festa e rolar sertanejo, tudo bem. Danço conforme a música. Amo Roberto Carlos. Gosto de Rolling Stones, gosto de tudo, depende do momento que eu estiver vivendo.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

S: Além do reality e dos shows pelo Brasil, o que vem agora?

Agora estou lançando a música O beijo do macaco, fiz em parceria com meu amigo Marcos Simpson. B: Quem é Lennon e McCartney! Gianne Carvalho

ROBERTO e Erasmo. S: Michael Sulivan e Paulo Massada. B: Mallandro e Simpson. S: Qual foi o processo de composição?

DEPOIS DE ESGOTAR A TEMPORADA DE DOIS FINS DE SEMANA EM BH, COM DIREITO A DUAS SESSÕES EXTRAS, EM MARÇO, SÉRGIO MALLANDRO VOLTA À CIDADE EM MAIO. DE 11 A 13 E DE 18 A 20 (SEXTA, SÁBADO E DOMINGO) NO TEATRO DOM SILVÉRIO (AV. NOSSA SENHORA DO CARMO, 230 - SÃO PEDRO) INFORMAÇÕES: (31) 8430 7488

,80

Foi depois que participei do Amor & sexo, a pedido de muitas que já ganharam o beijo do Macaco. Agora, gravei no estúdio. Beijo do macaco é melhor que cafuné. Fiz em homenagem à Fernandinha Paes Leme, em quem dei um beijo lá no Amor & Sexo, ela está me ligando todos os dias, até a cobrar. Também dei na Mulher Melancia, na Rafinha, secretária do Gugu. Para quem dou esse beijo o povo enlouquece, você quer também?


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.