A abolição do homem-C.S. Lewis

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Rogo a vocês que se lembrem do irlandês e seus dois aquecedores. Existem progressões nas quais o último passo é sui generis — incomparável aos demais — e também nas quais terminar o percurso é desfazer todo o trabalho previamente empreendido. Reduzir o Tao a um fenômeno meramente natural é um passo desse tipo. Até esse momento, o tipo de explicação que abole o objeto explicado pode até nos trazer algum resultado, ainda que a um preço demasiado alto. Mas não se pode fazer isso para sempre: cedo ou tarde chega-se a abolir a própria explicação. Não se pode "ver o que está por trás" das coisas para sempre. Todo o propósito que existe em ver o que está por trás de alguma coisa reside justamente em ver, através dessa coisa, um objeto real. É bom janela seja translúcida, justamente porque a rua ou o jardim além dela são opacos. E se também fosse possível ver através do jardim? Não há nenhuma utilidade em tentar "enxergar o que está por trás" dos primeiros princípios. Se você "enxergar o que está por trás" de todas as coisas sem exceção, então tudo se tornará transparente para você. Mas um mundo completamente transparente é um mundo invisível. "Ver o que está por trás” de todas as coisas é o mesmo que não ver nada. 36 Filum Labyrinthi, i.


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