(R)EXISTÊNCIA

(R)EXISTÊNCIA ESCOLA DE SAMBA LAVAPÉS

Bruna Goulart | Trabalho Final de Graduação Orientadora | Ms. Luciana Tombi Brasil Arquitetura e Urbanismo | USJT São Paulo, 2016

(R)EXISTÊNCIA ESCOLA DE SAMBA LAVAPÉS

Bruna Goulart | Trabalho Final de Graduação Orientadora | Ms. Luciana Brasil Arquitetura e Urbanismo | USJT São Paulo, 2016.

Agradecimentos Agradeço a todos que contribuiram de alguma maneira e me acompanharam no decorrer de minha formação. Especialmente, à minha orientadora Luciana, pela dedicação e atenção ministrada durante este trabalho.

Também agradeço às quase arquitetas Aline e Viviane, pelo companheirismo, parceria e amizade. E à minha mãe, minha deusa e melhor amiga.

Resumo O presente trabalho consiste no estudo da relação entre a Baixada do Glicério e o samba por meio da Escola de Samba Lavapés. O objeto de estudo propõe articular o território ao qual se insere, resgatar a memória do lugar e promover um espaço de convivência para toda a comunidade. A fim de obter tais resultados, foram realizadas investigações sobre o samba paulistano e suas influências socioculturais no bairro do Glicério. Além disso, procurou-se compreender o território a partir de sua estruturação urbana. Após estes levantamentos, elaborouse a proposta de intervenção para a área apoiando-se em referenciais arquitetônicos e programáticos.

Sumรกrio

1. Introdução

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2. Samba e carnaval em São Paulo

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3. A Escola de Samba Lavapés

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4. A Urbanização do Glicério 4.1. A Evolução da Ocupação do Glicério 4.2. IAPI Várzea do Carmo 4.3. A Operação Urbana Bairros do Tamanduateí

25 26 30 32

5. Estudos de Casos

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6. Aproximação do Terreno 6.1. Localização 6.2. Ocupação do Solo 6.3. Uso do Solo 6.4. Legislação Incidente 6.5. Problemática do Entorno

51 52 60 61 62 64

7. O Projeto 7.1. Memorial 7.2. Programa 7.3. Primeiras investigações

67 68 70 74

Referências bibliográficas Documentários, reportagens e sites

92 95

Referências iconográficas

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1. Introdução Historicamente, o bairro do Glicério foi ocupado por população de baixa renda e em sua maioria negros. Porém, conforme o bairro foi sendo incorporado à região central de São Paulo, o cenário se alterou.

Na atualidade, o bairro tem atraído o interesse do poder público e do mercado imobiliário, pois situase em um local de fácil acesso e próximo aos principais corredores metropolitanos.

Tendo em vista que esta área irá se valorizar — principalmente por meio da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí — este trabalho propõe a implantação da sede da Escola de Samba Lavapés a fi m de vincular a arquitetura ao contexto espacial, cultural e histórico do lugar.

Portanto, através do objeto de estudo, será garantida a existência e permanência da escola de samba no bairro ao qual se encontra desde a sua fundação, em 1937.

A pesquisa iniciou-se a partir da escolha do local para estudo por meio do Plano Diretor da cidade de São Paulo. Optou-se por uma área degradada em que há interesse de recuperação por parte do poder público,

mercado e sociedade, expressos no âmbito da OUC Bairros do Tamanduateí .

Após compreender os objetivos e diretrizes desta operação urbana para a região, foi realizado um levantamento de equipamentos culturais e educacionais do bairro para atender à demanda gerada com adensamento populacional.

A partir deste levantamento, identificou-se a existência da Escola de Samba Lavapés e sua carência por um espaço adequado para a produção de seu carnaval. Com isso, buscou-se melhor entendimento das relações entre a escola de samba, o Glicério e o carnaval paulistano. Para tanto, o trabalho se apoiou nas pesquisas de Alessandro Dozena.

Em seguida, inicia-se os estudos sobre o programa desta sede da escola de samba baseados em projetos destinados à indústria do carnaval, e visita a uma escola de samba para melhor compreensão da sua relação com a comunidade.

Com base nas análises tipológicas e programáticas, apoiadas à legislação vigente, foi definido o programa e o partido arquitetônico do projeto.

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2. Samba e carnaval em SĂŁo Paulo

Eu era menino Mamãe disse ‘vamo embora, Você vai ser batizado No samba de Pirapora’ Mamãe fez uma promessa Para me vestir de anjo Me vestiu de azul celeste Na cabeça um arranjo Ouviu-se a voz do festeiro No meio da multidão ‘Menino preto não sai Aqui nessa procissão’ Mamãe, mulher decidida Ao santo pediu perdão

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Jogou minha asa fora Me levou pro barracão Lá no barraco Tudo era alegria Nego batia Na zabumba e o boi gemia Iniciado o neguinho Num batuque de terreiro Samba de Piracicaba Tietê e Campineiro Os bambas da Paulicéia Não consigo esquecer Fredericão na zabumba Fazia a terra tremer

Cresci na roda de bamba No meio da alegria Eunice puxava o ponto Dona Olímpia respondia Sinhá caía na roda Gastando a sua sandália E a poeira levantava Com o vento das sete saias

Geraldo Filme – Batuque de Pirapora.

A composição de Geraldo Filme, Batuque de Pirapora, é um relato do preconceito racial que o autor sofrera ainda criança. Além disso, a letra enfatiza a importância da cidade de Pirapora de Bom Jesus como ponto de encontro dos negros da região e a sua contribuição para a formação do samba paulistano.

Os barracões de Pirapora do Bom Jesus foram locais onde se viu a transformação do ritmo africano mantido pelos escravizados no samba paulista e depois no samba paulistano, manifestados nas

disputas de versos, danças e cantos, entre os grupos do interior paulista e da capital (SANTOS, 2013 : 22).

O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e doutor na área de Geografia Humana pela Universidade de São Paulo, Alessandro Dozena, em seu livro “A Geografia do samba na cidade de São Paulo”, apresenta o samba paulistano em três períodos comentados no quadro a seguir¹.

1º Período: 1914 a 1969 — batuques rurais, festivos e religiosos, cordões carnavalescos, primeiras gravações em discos, presença do samba nas rádios, apropriação culta e simbólica do samba pelo Estado e o início da dispersão dos sambistas dos bairros centrais para os marginais; 2º Período: 1969 a 1991 — oficialização do carnaval paulistano, o samba como produto de massa (pagode), importação do modelo carioca de carnaval, intensificação da fundação de escolas de samba e expansão dos sambistas para as diferentes regiões da Pauliceia; 3º Período: de 1991 até os dias atuais — inauguração do Sambódromo do Anhembi, exacerbação do carnaval como espetáculo televisivo, samba como produto de massa (samba-raiz e samba-rock), modelo de escolas de samba-empresas, intensificação dos interesses comerciais públicos e privados no carnaval e aumento das ações sociais nas escolas de samba.

¹ Assim como toda análise sintética, este recorte deixa de lado vários acontecimentos no samba paulistano.

Quadro 1: Periodização do samba paulistano. Fonte: DOZENA, Alessandro. A geografia do samba na cidade de São Paulo. São Paulo: PoliSaber, 2011. p 22.

Figura: Barracão de romeiros em Pirapora do Bom Jesus, São Paulo.

Fonte: DOZENA, 2011 : 38.

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No início do século XX, a cidade de São Paulo recebeu os imigrantes europeus atraídos pela oferta de trabalho. Com isso, os negros que viviam na cidade foram expulsos da região central — juntamente dos ex-escravos vindos do interior — foram obrigados a migrarem para regiões mais afastadas, de difícil acesso, alagadiças e de topografia acidentada.

Dessas áreas destacam-se o Bixiga, a Baixada do Glicério e a Barra Funda, tidos como os principais redutos negros paulistanos da época. Nestes bairros

estavam situados os casarões de fazendeiros, onde as mulheres negras podiam exercer os afazeres domésticos que os imigrantes se negavam a fazer, e aos homens restavam a possibilidade de trabalhar em atividades ligadas à estrada de ferro.

Os negros que chegavam a São Paulo neste período, traziam consigo a tradição do batuque rural que aos poucos fora incorporado ao samba paulistano (DOZENA, 2011). E assim, nestes três bairros aparecem as primeiras manifestações carnavalescas com o samba paulistano, inicialmente por meio de cordões e blocos, e depois em escolas de samba — em 1914 o cordão Barra Funda (ou Camisa Verde como ficou conhecido) se apresenta pela primeira vez. À medida que a cidade crescia e o centro se valorizava, os negros e pobres deslocavam-se cada vez mais para áreas distantes em busca de moradia economicamente viável. Junto a isso, as novas infraestruturas metropolitanas impulsionaram a expansão da região periférica (DOZENA, 2011). Isso resultou na dispersão dos sambistas na capital (mapa 1), e no

Na página anterior: Mapa 1 — Dispersão dos sambistas em São Paulo. Fonte: DOZENA, Alessandro. A geografia do samba na cidade de São Paulo. São Paulo: PoliSaber, 2011. p 249.

Figura: Cordão Barra Funda (1915) Fonte: <https://samba. catracalivre.com.br/brasil/samba-na-net/indicacao/o-sambaurbanizado/>. Acesso em março de 2016.

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aparecimento de outras escolas de samba fora da região central (mapa 2).

A partir de 1930, os cordões, blocos e escolas de samba, precisavam de autorização junto ao poder público para desfilarem no carnaval.

No entanto, escolas só foram reconhecidas perante o Estado no final da década de 1960, quando os presidentes das agremiações, cientes da condição desfavorável dos negros na sociedade, elegem Moraes Sarmento — homem branco, figura pública e defensor da cultura popular brasileira — para fazer a negociação (SANTOS, 2013).

Por meio dessa intermediação de Moraes Sarmento, só em 1969 que acontece a oficialização do carnaval negro paulistano e inicia o segundo período do samba paulistano, conforme categorizou Dozena (2011: 22).

Após aceitar subsidiar o carnaval paulistano, o poder público implantou um regulamento baseado no modelo de carnaval carioca. Este modelo não incluía os cordões, que são uma manifestação tradicional

do carnaval paulistano. Por conta disso, as principais agremiações deste grupo optaram por se adequar às normas estabelecidas, tornando-se escolas de samba (SANTOS, 2013).

Com a regularização da competição cresceram o número de componentes nas agremiações, e também a quantidade de escolas de samba nas regiões periféricas (mapa 2). Estas, por sua vez, destacam-se frente às agremiações situadas próximas à região central.

A formalização de um espaço na cidade destinado às apresentações carnavalescas paulistanas marca o início do terceiro período.

Em 1991, foi inaugurado o Sambódromo do Anhembi, poucos anos depois da inauguração da Passarela do Samba no Rio de Janeiro, em 1984. O projeto original é do arquiteto Oscar Niemeyer, porém, após modificações na execução, o escritório do arquiteto não se reconhece mais como autor.

No Sambódromo do Anhembi, desfilam as escolas de samba melhores classificadas na competição, sendo estas do grupo especial e grupo de acesso da Liga

Na página anterior: Mapa 2 — Escolas de samba em atividade — cronologia das fundações. Fonte: DOZENA, Alessandro. A geografia do samba na cidade de São Paulo. São Paulo: PoliSaber, 2011. p 251.

Figura: Construção do Sambódromo do Anhembi. Fonte: <https:// www.sidneyrezende.com/noticia/246849+veja+como+foi+a+ inauguracao+do+sambodromo+do+anhembi>. Acesso em março de 2016.

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Independente das Escolas de Samba.

Em 2016, será inaugurada a Fábrica dos Sonhos, em São Paulo, que segue os moldes da Cidade do Samba no Rio de Janeiro. Localizado nas proximidades do Sambódromo do Anhembi, o empreendimento é

Figura: Localização da Fábrica dos Sonhos — Fábrica dos Sonhos no canto inferior esquerdo e Sambódromo no lado superior Direito, ao centro a Ponte Casa Verde e a Marginal Tietê. Fonte: http://www.

uma das intervenções realizadas a partir da Operação Urbana Consorciada Água Branca e será implantado pela Prefeitura Municipal de São Paulo.

O objetivo da Prefeitura é centralizar os barracões das escolas de samba que estão, atualmente, espalhados por toda a cidade, profissionalizar o carnaval paulistano e, simultaneamente, criar um espaço voltado à memória do samba paulistano. Além disso, sua localização facilitará a logística de transporte dos carros alegóricos até o Sambódromo.

Este empreendimento vai atender, exclusivamente, às escolas de samba que estiverem no grupo especial da Liga, pelo comodato de um ano. Assim, as escolas que saírem deste grupo dão espaço para as que ascenderem do grupo de acesso². Com isso, as escolas de samba, mesmo que no grupo especial, terão que manter seus barracões caso sofram rebaixamento, e também para que possam ensaiar, já que os ensaios não poderão acontecer na Fábrica dos Sonhos.

prefeitura.sp.gov.br/cidade’/secretarias/infraestrutura/sp_obras/

Isso significa que uma área pública considerável está

noticias/?p=35255. Acesso em março de 2016.

² A ordem de ascensão das agremiações nos grupos é: 4, 3, 2 e 1 da UESP (União das Escolas de Samba Paulistanas), grupo de acesso e grupo especial da Liga Independente das Escolas de Samba.

Figura: Implantação da Fábrica dos Sonhos. Fonte: <http://www. fabricasdesonhos.com.br/plantas/impl_geral.gif>. Acesso em março de 2016.

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sendo destinada a um projeto cujo objetivo básico (melhorar a condição das escolas de samba para a produção do desfile carnavalesco de São Paulo) tem grandes chances de não se realizar. Perdese, assim, a oportunidade de usá-la, no âmbito da OUCAB, para outros usos, como a construção de parques ou de equipamentos públicos culturais e de lazer efetivamente voltados aos moradores da área, necessários à cidade e à renovação urbanística que se pretende promover a partir de uma Operação Urbana (OBSERVASP, 2014).

A Fábrica dos Sonhos pode ser pensada como uma “especialização do território proporcionada pela implementação de obras de arquitetura e engenharia que objetivam efetivar a construção de um equipamento destinado a uma função específica” (DOZENA, 2011 : 229).

O espetáculo criado pela mídia, que desde a década de 1970 transmite o carnaval pela televisão, fez com que os desfiles se modificassem em função de uma estética padronizada do visual e do movimento

uniformizado dos desfilantes (DOZENA, 2011).

A partir da espetacularização criada em torno do carnaval paulistano, as escolas de samba se contagiaram pela lógica empresarial e seus alcances ultrapassaram os limites dos municípios, tanto com relação à produção quanto ao turismo. Segundo estudos realizados no Sambódromo em 2015³, a presença de turistas nacionais cresceu 22% e o número de turistas internacionais subiu 73% em relação a 2014 .

O carnaval paulistano se aproxima cada vez mais de um megaevento. Segundo o Censo do Samba Paulistano de 2014, são investidos mais de R$ 30 milhões e os desfiles contam com aproximadamente 50 mil componentes, isto somente nas 14 escolas do grupo especial. Ainda exposto na mesma pesquisa, o carnaval gera cerca de 10 mil empregos na organização e realização do evento.

Percebe-se, portanto, que as mudanças ocorridas no carnaval de São Paulo, acompanharam o processo de desenvolvimento urbano e econômico da cidade.

³ Prefeitura Municipal de São Paulo. Fonte: <http://www.capital. sp.gov.br/portal/noticia/9494#ad-image-0>. Acesso em março de 2016.

Figura: Desfile no Sambódromo do Anhembi. Fonte: <http://vejasp. abril.com.br/blogs/carnaval/confira-a-ordem-dos-desfiles-docarnaval-2015/>. Acesso em agosto de 2016.

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3. A Escola de Samba LavapĂŠs

A S.R.B.E. Lavapés é a mais antiga agremiação fundada como escola de samba na cidade de São Paulo que se mantém em atividade até hoje.

Deolinda madre, a “Madrinha Eunice”, como ficou conhecida, e seu marido Francisco Papa, o “Chico Pinga”, se conheceram nos festejos de Pirapora de Bom Jesus no início do século XX. Na década de 1930 o casal fazia parte do bloco Baianas Paulistas ou Baianas Teimosas da Baixada do Glicério.

Este bloco foi o primeiro na cidade de São Paulo a desfilar com o ritmo do samba. Nele participavam cerca de 20 pessoas, e cabia às mulheres, quase que exclusivamente, a responsabilidade da dança, e o ritmo ficava inteiramente à cargo dos homens (MORAES, 1978).

Em 1936, Madrinha Eunice e Chico Pinga viajaram para o Rio de Janeiro e assistiram ao carnaval carioca. Na volta, inspirados pelo que vivenciaram na capital fluminense, o casal fundou a Lavapés em 9 de fevereiro de 1937 (ARAÚJO, 2012).

No início, a Lavapés tinha praticamente o mesmo conjunto instrumental que as outras agremiações,

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a diferença estava no ritmo musical tocado, o samba, e consequentemente, na dança.

De 1937 à década de 1950, a Lavapés foi uma das principais escolas de samba do carnaval paulistano.

Após a regulamentação do carnaval em 1960, como já mencionado anteriormente, apareceram novas escolas de samba e as agremiações localizadas nas regiões periféricas se fortaleceram na competição. Com a disputa mais acirrada a Lavapés se enfraquece, e em 1964 foi campeã dentre as escolas de elite pela última vez.

As possíveis causas deste enfraquecimento seriam o deslocamento da comunidade negra para áreas cada vez mais periféricas da cidade, e a manutenção do formato tradicional de uma escola de samba, centrado na figura de Madrinha Eunice. Este modelo, possivelmente, não teve a estrutura administrativa necessária para o desenvolvimento junto às demais escolas de samba (ARAÚJO, 2012).

Madrinha Eunice presidiu a Lavapés até o ano de sua morte, em 1995. Desde então, Rosemeire Marcondes, sua neta, exerce esta função.

Em 2004, o terreno que a escola de samba

utilizava na Rua Barão de Iguapé fora retomado pelo governo federal para a construção de habitação de mercado popular. Desde então, a escola não possui quadra própria. Sendo assim, a sede da Lavapés passou a ser a residência de Rosimeire e os ensaios acontecem nas ruas do Glicério. Sem um local apropriado para a produção do seu carnaval, a ascensão da escola na competição fica muito prejudicada.

A região central de São Paulo tem passado por diversas intervenções a fim de revitalizá-lo. A existência de uma escola de samba em um bairro residencial que tende a se valorizar, possivelmente, não se sustentará sem

o reconhecimento necessário.

O poder público tem demonstrado interesse em preservar a história dessa escola e sua relação com o bairro ao qual se insere. Em 2010, o “Marco Zero do Samba Paulistano” foi decretado pela Câmara dos Vereadores, situado na altura da Rua da Glória, número 961, local onde é considerado o ponto de fundação da Lavapés. Ali, foi instalada uma placa como monumento, que após sofrer depredações foi recolhida por Rosemeire Marcondes, que desde então, a mantém sob sua guarda.

Além disso, em junho de 2015, o parecer do projeto de lei nº 1121/2015, que visa instituir o Estatuto do Samba em São Paulo, autoriza a cessão de uma área no bairro do Glicério para abrigar a Sede Social e a Quadra de Ensaios da SRBE Lavapés.

A escola desfilou em 2016 no Grupo 3 da UESP, mas seus organizadores sonham em desfilar no grupo especial. Pois, mesmo se tratando de uma escola de samba tradicional, regida por uma sambista que preza o carnaval de bairro, a visibilidade por meio da mídia é a representação máxima de sucesso para qualquer escola de samba dentro da competição carnavalesca.

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Diário Oficial da Cidade de São Paulo

Fonte:

<http://www.jusbrasil.com.br/diarios/94699333/dom-sp-

normal-27-06-2015-pg-118>. Acesso em março de 2016.

Figura ao lado: Ensaio da escola de samba Lavapés nas ruas

do

Glicério.

Fonte:

<http://www1.folha.uol.com.br/

cotidiano/2012/02/1048397-escola-de-samba-mais-antiga-desp-pode-acabar-por-falta-de-verba.shtml>. Acesso em março de 2016.

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4. A Urbanização do Glicério

4.1. A Evolução da Ocupação do Glicério

Figura: Detalhe de planta de Affonso A. de Freitas, destacando as intervenções sobre o trecho do Rio Tamanduateí no século XIX. Fonte: Disponível em: <http://www.arquiamigos.org.br/info/info05/>.

Acesso em março de 2016.

A ocupação da cidade de São Paulo estava concentrada, inicialmente, no “triângulo central”. Conforme a cidade foi se desenvolvendo, o seu crescimento direcionou-se ao vetor oeste do município, visto que, o Vale do Anhangabaú era mais fácil de se transpor que o Rio Tamanduateí, ao leste. Além disso, sabe-se que a população mais rica da cidade escolhera os lugares mais altos do sítio para se estabelecer, associando-os à higienização. Sendo assim, as regiões renegadas por essa classe, foram ocupadas pelas classes mais baixas.

Como podemos observar na planta da retificação do Rio Tamanduateí de Affonso A. de Freitas (18961914) ao lado, a várzea do rio até o início do século XX era, predominantemente, ocupada por chácaras.

Devido à demanda por terra, o poder público pressionou os proprietários das chácaras a loteá-las.

Assim, iniciou-se a ocupação de uma área que à princípio fora desvalorizada por sua condição alagadiça e de difícil acesso.

A partir do século XX, a implantação de linhas de bonde na várzea do Rio Tamanduateí impulsiona a

ocupação da Baixada do Glicério.

A seguir, analisaremos brevemente a ocupação da Baixada do Glicério a partir da década de 1890.

Localizado entre os distritos do Cambuci e da Liberdade, o bairro do Glicério não tem limites claros definidos. Sendo assim, para este estudo, será observada a evolução da malha urbana a partir dos principais elementos estruturadores na Baixada do Glicério. São estes: a Rua da Glória, que foi a principal ligação entre o bairro e a região central, a Rua Lavapés que é o antigo caminho para Santos, o Rio Tamanduateí e as ruas do Glicério e Luís Gama que fazem a transposição do rio.

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MAPA 1 — 1890 Fonte:

<http://www.arquiamigos.org.br/info/info20/i-1890.html>.

Acesso em março de 2016.

O mapa 1 mostra o curso natural do Rio Tamanduateí e o extinto Ribeirão Lavapés. Também é possível observar o Largo da Glória e os primeiros arruamentos do bairro — na lateral esquerda, encontrase a Rua da Glória, na parte inferior do mapa está a Rua dos Lavapés e as duas vias que fazem a travessia do Rio Tamanduateí, sendo, da esquerda para a direita, respectivamente, a Rua do Glicério e a Rua Luís Gama.

No mapa 2, o Rio Tamanduateí encontra-se retificado com a implantação da Av. do Estado, construída

MAPA 2 — 1930 Fonte: Acervo FAU-USP.

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dentro do Plano de Avenidas de Prestes Maia (1920-30), e a área de várzea já está ocupada. Destacam-se as instalações da Fábrica Nacional de Carbono (1) e a gleba da Eletropaulo (2).

Na década de 1970, é implantada a Av. Radial Leste, que fragmenta o tecido urbano e destrói o Largo da Glória. O mapa 3, apresenta os edifícios do IAPI Várzea do Carmo (3) construídos na década de 1940 e os equipamentos públicos ali implantados — VGA (4), INSS (5) e futuras instalações do INSS (6).

MAPA 3 — 1980 Fonte: Acervo FAU-USP.

Dos anos 80 pra cá, houve um processo de esvaziamento das áreas industriais na capital paulista.

Assim, a antiga gleba da Eletropaulo (1) se tornou um grande vazio urbano, e no lote da antiga Fábrica Nacional de Carbono (2), instalou-se uma igreja pentecostal. Além disso, apareceram novos condomínios residenciais bem mais verticalizados que o IAPI.

Legenda: Rio Tamanduateí Ribeirão Lavapés Sistema viário principal Largo da Glória Área de intervenção Sem Escala

MAPA 4 — 2016 Fonte: <https://www.google.com.br/maps>. Acesso em março de 2016.

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4.2. IAPI Várzea do Carmo

Figura: Implantação do IAPI Várzea do Carmo.

Fonte: BECKER, 2014 : 300.

A área de estudo é local de implantação do primeiro conjunto habitacional para o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI) de São Paulo. Estes conjuntos surgem durante a era Vargas, em busca de uma solução ao deficit habitacional da época (MENEGHELLO, 2009).

O Conjunto Habitacional Várzea do Carmo foi projetado na década de 1940 pelo arquiteto Attílio Corrêa Lima e é um dos primeiros do país a seguir os princípios arquitetônicos e urbanísticos do movimento moderno.

O projeto original era composto por três tipos de blocos habitacionais. Os edifícios tipo “A” eram blocos de 12 pavimentos, sendo o pavimento térreo sobre pilotis.

Os tipo “B” e “C” possuíam 4 pavimentos e a circulação

se dava por três escadas independentes.

Do projeto original, apenas parte dos blocos “B” e “C” foram construídos. Este blocos estão implantados nas bordas das quadras, e paralelos a eles estariam os blocos tipo “A”.

Com isso, no decorrer dos anos, os terrenos vazios foram ocupados por equipamentos públicos.

Hoje há nessa área o INSS, o VGA Várzea do Carmo, e uma igreja pentecostal. Além disso, as áreas públicas do conjunto foram cercadas ou muradas, alterando as condições da permeabilidade da trama urbana proposta inicialmente. Isto pode ser observado nos diagramas de áreas públicas abaixo.

Figura abaixo: Diagrama de implantação do IAPI Várzea do Carmo em 3 tempos - relação espaço público e privado - da esquerda para direita: o projeto em 1942, o conjunto construído em 1950, o conjunto nos dias atuais (2007). Fonte: MENEGHELLO, 2009 : 23

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4.3. A Operação Urbana Bairros do Tamanduateí

Figura: Capa do Caderno Urbanístico do Projeto de Lei nº 723/2015 Fonte: Disponível em: <http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br>.

Acesso em março de 2016.

O território estudado está inserido dentro do perímetro da Operação Urbana Bairros do Tamanduateí.

Dela serão extraídos os parâmetros urbanísticos para a intervenção arquitetônica proposta. Além disso, faz-se necessário a compreensão do que está previsto para esta área nos termos da Operação.

O Projeto de Lei Nº 723/15 estabelece objetivos, diretrizes, estratégias e mecanismos para a implantação da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí (OUCBT), já prevista no Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo — Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014.

Dentre os objetivos gerais da OUCBT, colocados no Art. 5 deste PL, destacam-se: promover o adensamento populacional; viabilizar empreendimentos de HIS; melhorar as condições de acesso e mobilidade da região; implementar sistemas de infraestrutura de mobilidade, drenagem, áreas verdes e espaços públicos com a possibilidade de implantação de equipamentos sociais; requalificar as principais avenidas e melhorar a relação da cidade com o Rio Tamanduateí.

Esta OUC está dividida em 7 setores: Cambuci, Mooca, Ipiranga, Henry Ford, Parque da Mooca, Vila Carioca, Vila Prudente e Vila Zelina.

Especificamente para o setor Cambuci — que compreende a área de estudo — a OUCBT busca promover o adensamento populacional e o aumento dos postos de emprego, dinamizando as áreas com localização privilegiada, respeitadas as características originais dos bairros (conforme disposto no Art. 6 do PL). Além disso, a Operação Urbana tem como diretriz requalificar ambientalmente a APP do Rio Tamanduateí e viabilizar a implantação de novos parques urbanos.

No entorno da área de intervenção, as propostas visam ampliar as conexões entre os bairros e implantar parques inundáveis como medida de mitigação à ocorrência de alagamentos, como mostra o mapa a seguir.

Figura: Divisão de setores.

Cambuci (1); Mooca (2); Ipiranga (3); Henry Ford (4); Pq. da Mooca (5); V. Figura: Mapa Macroáreas do

Carioca (6); V. Prudente

PDE. Perímetro da OUCBT

(7); V. Zelina (8) . Sem

destacado.

escala. Fonte: <http://

Sem

escala.

Fonte: <http://gestaourbana.

gestaourbana.prefeitura.

prefeitura.sp.gov.br>.

sp.gov.br>. Acesso em

Acesso em março de 2016.

março de 2016.

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Programa de intervenção: 1. Melhoramento Viário; 2. Implantação da rede de Parques, Áreas verdes e Livres, e execução de obras de drenagem para contenção ou mitigação de alagamentos; 3. Logradouros a requalificar; 4. Execução de obras de drenagem para contenção ou mitigação de alagamentos; 5. Melhoria do sistema de transporte coletivo de média capacidade.

Setor Cambuci Áreas Verdes Edifícios de Interesse Histórico Edifícios de Transposição Requalificação de Logradouros Públicos Melhoramentos viários ZEIS Hidrografia Área de Intervenção

Figura: Programa de intervenção para o Setor do Cambuci. Fonte: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/. Acesso em março de 2016.

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5. Estudos de Casos

ARQUITETURA | CENTRO PAULA SOUZA SPANDONI AA & PEDRO TADDEI ARQUITETOS ASSOCIADOS, SÃO PAULO, 2013.

Inserido no bairro da Luz, região central da cidade de São Paulo, o projeto para o Centro Paula Souza ocupa uma quadra inteira e interfere na lógica fundiária local caracterizada por pequenos lotes.

Buscamos inverter a lógica espacial da região, fazendo explodir seu miolo de quadra com um potente vazio, sobre os quais os edifícios deveriam flutuar. Um respiro urbano, quem sabe, numa área onde públicas são apenas as calçadas, mas também um complexo edificado de referência para a cidade (SPANDONI, Francisco, 2014).

Figuras acima: Vista Centro Paula Souza.

Figura abaixo: Corte perspectivado.

Fonte: <http://www.archdaily.com.br/br/769776/paula-souzacenter-spadoni-aa-plus-pedro-taddei-arquitetos-associados>.

Acesso em setembro de 2016.

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Os blocos implantados no perímetro da quadra se unem a partir de uma cobertura na cota mais alta do projeto. Esta cobertura dá leveza ao conjunto construído em concreto.

No miolo da quadra encontra-se uma praça como espaço de permanência entre a conexão de vias.

Assim, este projeto não se resume apenas ao lote mas ao bairro ao qual se insere, e também é exemplo no tratamento de sua arquitetura.

O projeto para a Praça das Artes parte de um programa existente que, somado ao lugar onde se insere, transforma-se e abrange um programa maior. Caso similar apresentado neste trabalho.

ARQUITETURA | PRAÇA DAS ARTES BRASIL ARQUITETURA, SÃO PAULO, 2013.

Inicialmente, o empreendimento foi concebido para atender à necessidade de espaço das unidades ligadas ao Teatro Municipal, como Orquestra Sinfônica, Escolas de Bailado e de Música e Coral Lírico. Portanto, quando da contratação, pensavase apenas em um edifício anexo ao teatro. No entanto, a localização da edificação - ao lado do Vale do Anhangabaú e perto do teatro -, somada ao uso premente e intenso que se projetava para o equipamento público, transformou a escala do projeto, que se expandiu para um amplo programa de requalificação urbana (INFRAESTRUTURA URBANA, 2012).

Esta é uma referência de inserção urbana que desenha a quadra através do vazio, conecta as vias do entorno e favorece a fruição pública. Deste modo, a urbanidade vivenciada no centro histórico de São Paulo é incorporada ao lote.

Figura acima: Vista da praça interna. Fonte: Acervo próprio.

Figura abaixo: Planta do pavimento térreo. Fonte: <http://www. archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura> modificada pela autora. Acesso em março de 2016.

39

ARQUITETURA | MAMM CTRL G & 51-1 ARQUITECTOS, MEDELLÍN, 2009.

Este projeto de ampliação para o Museu de Arte Moderna de Medellín parte da necessidade de novas salas de exposições para a coleção do museu e de acomodação de espaços culturais e artísticos para a cidade.

A relação entre terraços e a abertura do auditório integram o edifício ao parque linear. O que antes era fundo para o museu, torna-se a fachada principal com a nova intervenção.

A proposta arquitetônica é notável por seu conjunto de volumes tratados de diferentes formas com materiais perfurados e pré-fabricados. Este fechamento revela as condições de cor, luz e textura diferentes, sendo referencial importante para este trabalho.

Figuras ao lado: Vista do galpão existente do museu em primeiro plano e o anexo ao fundo.

Vista do parque para o edifício anexo .

Figura abaixo: Vista de um dos terraços do edifício anexo.

Fonte: <http://estudiopalma.cl/mamm>. Acesso em setembro de 2016

40

O projeto para o CEU Pimentas toma partido de uma grande cobertura para um vazio central que constitui uma praça. Este é um espaço que articula e da continuidade ao programa por meio de percursos sugeridos no térreo e no primeiro pavimento, acolhendo permanências e diversos usos.

Os usos estão dispostos linearmente em blocos de concreto pré-fabricado e concreto moldado in loco.

Biblioteca, salas de aula e refeitório se localizam ao lado oeste do edifício, do lado oposto estão os volumes das salas de aula, ginástica, dança e auditórios.

A praça interna ao edifício é referência de espaço privado de caráter público, pensado para uma quadra de escola de samba, ainda que com configurações diferentes.

ARQUITETURA | CEU PIMENTAS BISELLI & KATCHBORIAN ARQUITETOS, GUARULHOS, 2013.

Figuras ao lado: Vista externa frontal.

Vista externa lateral.

Figura abaixo: Vista interna da praça.

Fonte: <http://www.archdaily.com.br/br/01-26029/ceu-pimentasbiselli-mais-katchborian-arquitetos>. Acesso em setembro de 2016

41

PROGRAMA | COMPLEXO CIDADE DO SAMBA: URUGUAIANA-RS GISELE PRELLEGRINI LISBOA — TFG | UFRS, 2012.

O projeto para o Complexo Cidade do Samba está dividido em quatro blocos — dois barracões de fábrica (1), barracão sede (2) e área cultural (3).

Os barracões de fábrica possuem: 1600m² para a montagem de 8 carros alegóricos; 400m² para serralharia, marcenaria, borracharia e vidraçaria; 300m² para chapelaria, costura e adereços; 300m² para pintura e resinagem; área administrativa de 50m²; além de refeitório e vestiários que juntos somam 130m².

O barracão sede abriga uma escola profissionalizante de 380m² e um centro de triagem de materiais recicláveis de 350m².

Na área cultural, encontra-se uma biblioteca de 180m², área expositiva de 100m² e um memorial do carnaval de 200m². Além disso, a área externa é destinada a espaços de lazer e de apresentações.

Este projeto foi importante para a primeira aproximação do objeto de estudo por suas especificações programáticas.

Figuras ao lado: Implantação Complexo Cidade do Samba Vista área externa Fonte: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/78674 Acesso em março de 2016.

42

A proposta para a Sede da Escola de Samba Rosa de Prata é pensada como um abrigo para o espaço público. Sendo assim, a cobertura é o principal elemento do edifício.

Neste estudo, o autor trabalhou com a topografia do terreno, semienterrando parte do edifício. O programa está disposto em três blocos circulares — destinados à montagem de carros alegóricos, café e área expositiva — e um grande bloco central — que compreende a quadra, salas de aula, oficinas e a área administrativa.

Este trabalho levou a uma melhor compreensão do espaço da quadra da escola de samba e sua articulação com o restante do programa.

PROGRAMA | SEDE E ESCOLA DE SAMBA ROSA DE PRATA FÁBIO BORUGLI — TFG | PUC CAMPINAS, 2014.

Figura acima: Vista posterior.

Figura ao lado: Estudo da cobertura e do som.

Figura abaixo: Vista lateral.

Fonte: https://issuu.com/flbonugli/docs/memorial_teste Acesso em março de 2016.

43

PROGRAMA | CIDADE DO SAMBA CICLO ARQUITETURA, RIO DE JANEIRO, 2006.

A Cidade do Samba é uma importante referência programática para o objeto arquitetônico proposto. Tratase de um espaço pensado para acomodar a produção do carnaval carioca e promover a cultura por meio do samba. São 14 edifícios implantados ao redor de um pátio central onde ocorrem apresentações artísticas.

Além dos barracões destinados às escolas de samba no grupo especial, o complexo abriga um prédio cultural, onde acontecem oficinas ligadas à indústria do carnaval e o museu do samba.

O projeto não oferece relação alguma com o entorno e suas aberturas são restritas à área produtiva, necessárias para a iluminação e ventilação.

Na fachada voltada para o pátio central, há uma passarela que oferece conexão visual com o espaço interno ao galpão, mas sua função principal é a de mezanino para eventos externos.

Figura acima: Implantação da Cidade do Samba.

Fonte: <http://cidadedosambarj.globo.com/>. Acesso em março de 2016.

Figuras ao lado: Barracão da Mangueira visto do Pátio Central.

Relação dos barracões com a rua.

Fonte: Acervo próprio.

44

Figuras acima: Vistas internas do barracรฃo.

Fonte: BLASS, 2011 : 80.

Rua Interna Cidade do Samba.

Fonte: Acervo prรณprio.

Figura ao lado: Entrada Cidade do Samba Fonte: Acervo prรณprio.

Na pรกgina ao lado: Quadro de รกrea.

Fonte: Acervo Ciclo Arquitetura modificado pela autora.

45

Os barracões tem quatro pavimentos de aproximadamente 500m², onde se distribui o programa constituído por uma área administrativa, e outra de produção, além dos serviços de apoio, tais como refeitório e ambulatório.

46

O pavimento térreo de cada barracão tem cerca de 2700m² com o pé direito de 12m, que segundo o site da Cidade do Samba, possibilita a construção de 12 carros alegóricos simultaneamente.

BARRACÃO 1 — PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO | Sem escala Em destaque a relação da área produtiva com a montagem de carros.

Fonte: Acervo Ciclo Arquitetura modificado pela autora.

BARRACÃO 1 — CORTE | Sem escala Em destaque a relação da área produtiva com a montagem de carros.

Fonte: Acervo Ciclo Arquitetura modificado pela autora.

47

VISITA | G.R.C.S.E.S. UNIDOS DE VILA MARIA SÃO PAULO, 2016.

A visita foi acompanhada pela assistente de diretoria Geisa de Cassia e teve como principal objetivo entender a relação entre a escola de samba e a comunidade, o funcionamento e sua produção ao longo do ano.

Na quadra da escola, ocorrem uma série de eventos, como os ensaios e as tradicionais feijoadas, além das apresentações de fantasias, passistas, casal de portabandeira e mestre sala, madrinha e rainha de bateria.

Tudo isso para arrecadar fundos além dos advindos de patrocinadores.

Mesmo nos meses de menor movimentação na produção do carnaval, os projetos sociais movimentam o ambiente da escola. Dentre estes projetos, destacam-se a escola profissionalizante, que oferece cursos e oficinas, e a escolinha de futebol, que revela novos talentos da comunidade.

Em abril deste ano, os carros alegóricos da escola foram destruídos por um incêndio, onde estavam estacionados. Como a Fábrica dos Sonhos ainda não foi liberada, a escola produz as novas estruturas para os

Figuras ao lado: Fachada da quadra da Vila Maria.

Vista interna da quadra da Vila Maria.

Fonte: Acervo próprio.

48

carros no antigo barracão. Além disso, a produção de fantasias e adereços é feita no atelier anexo à quadra da escola.

Os carros alegóricos da escola variam de comprimento. A altura geralmente usada pela escola é de 16m, com divisões a cada 4,5m para facilitar o transporte.

A largura não pode ultrapassar 11m, para que os carros caibam no Sambódromo. Atualmente, o transporte é feito por caminhões até o Anhembi, e no dia do desfile, os carros são empurrados por voluntários.

Figuras ao lado: Vista interna da quadra da Vila Maria.

Vista interna da quadra da Vila Maria.

Vista escolinha de futebol, projeto social da escola de samba.

Fonte: Acervo próprio.

Figura abaixo: Quadra da Vila Maria ocupada em dia de ensaio.

Fonte:

<http://entretenimento.band.uol.com.br/bandfolia/2015/

noticia/100000734416/.html>. Acesso em setembro de 2016.

49

6. Aproximação do Terreno

6.1. Localização

Figura: Viaduto do Glicério Fonte: Acervo próprio.

Transporte: 1. Estação de Metrô Sé 2. Terminal Parque Dom Pedro II 3. Terminal Mercado 4. Estação Metrô Dom Pedro B/C 5. Estação de Metrô Pedro II 6. Estação de Metrô e CPTM Brás Ciclovia existente Plano cicloviário da OUCBT Área de intervenção

N

53

Equipamentos: 1. EMEF Duque de Caxias 2. Cooperglicério 3. NGA — Núcleo de Gestão Assistencial da Várzea do Carmo 4. INNS — Instituto Nacional do Seguro Social 5. EMEI Alberti de Oliveira 6. Casa da Mulher Basileira 7. UCRAN — União dos Cordelistas Repentistas e Apologistas do Nordeste

54

8. RECIFRAN — Serviço Franciscano de Apoio a Reciclagem 9. Polícia Militar do Estado de São Paulo 10. Incubadora de Projetos Sociais 11. CIEJA Cambuci 12. Colégio Marista 13. CEI Quintal da Criança 14. Corpo de Bombeiros Área de intervenção

N

Fluxo de veículos: Fluxo intenso Fluxo médio Fluxo baixo Demais vias — Fluxo local Área de intervenção

N

55

Levantamento fotográfico: 1. Rua São Paulo com a Pç. Nina Rodrigues.

9. INSS 10. NGA Várzea do Carmo

2. Vista da rua São Paulo.

3. Vista da rua Leopoldo Miguez.

4. Vista da Pç. José Luiz de Mello Malheiro.

5. Vista do terreno a partir do NGA da Várzea do Carmo.

6. Vista a partir do INSS para a área de intervenção.

7. Terreno visto da Rua Teixeira Leite.

8. Relação visual entre a área de intervenção, a Pç. Nina Rodrigues e o INSS.

11. IAPI Várzea do Carmo

56

Área de intervenção Fonte: Acervo Próprio.

N

1

2

3

4

5

57

6

7

8

58

9

10

11

59

6.2. Ocupação do Solo

60

Faixa 1 - 1 a 2 pavimentos Faixa 2 - 3 a 5 pavimentos Faixa 3 - 6 a 9 pavimentos Faixa 4 - + 10 pavimentos Área verde Área de intervenção

N

Residência Comércio e serviços Misto - comércio e residência Institucional Industrial Não identificado* Área verde Área de intervenção

6.3. Uso do Solo

N

* Edifícios em ruínas ou aparentemente sem uso.

61

6.4. Legislação Incidente

Figura: Capa do Plano Diretor Ilustrado.

Fonte: Disponível em: <http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br>.

Acesso em setembro de 2016.

De acordo com o PDE da cidade de São Paulo (Lei nº 16.050/14), e o Zoneamento (Lei 16.402/16), o recorde do projeto está inserido em: Macrozona de Qualificação Urbana Macroárea de Estruturação Metropolitana Perímetro de Qualificação Ambiental PA1 Território de Qualificação: Zina Mista (ZM) O equipamento proposto se enquadra na subcategoria de uso nR2-10 (serviços de lazer, cultura e esportes) e está permitida para zona mista ao qual o terreno pertence.

Os parâmetros urbanísticos estabelecidos na

OUC Bairros do Tamanduateí (PL Nº 723/15) são: TO: 0,70 CA: máximo 4 Sem restrição de gabarito.

Complementares ao PL temos os parâmetros urbanísticos dentro do Zoneamento: CA: básico 0,3 | mínimo 1 Taxa de permeabilidade: 0,25 Recuos mínimos: frente - 5m laterais acima de 10m de altura - 3m Pontuação Quota Ambiental mínima: 0,80 - cobertura vegetal 0,50 | drenagem 0,50

LEGENDA ÁREA VERDE ZONA MISTA ZONA ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL-5 ZONA ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL-3 ZONA DE CENTRALIDADE ZONA EIXO DE TRANSFORMAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO URBANA Figura ao lado : Mapa Zoneamento. Terreno destacado. Sem escala.

Fonte:

<http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/novo-

zoneamento/>. Acesso em março de 2016.

63

6.5. Problemática do Entorno

Figura: Novo edifício residencial e Cooperglicério.

Fonte: Acervo próprio.

A escolha do terreno se deu a partir da análise do zoneamento da área de estudo. No terreno escolhido encontra-se o antigo edifício do INSS, e está, atualmente, em desuso e subutilizado.

A área de estudo possui fácil acesso, e por isso abriga uma série de equipamentos públicos. Estes equipamentos caracterizam o lugar como um espaço de passagem entre usuários. Além disso, os usos existentes ali não promovem a vivacidade urbana, por se tratar, principalmente, de oficinas mecânicas e empresas de logística.

A morfologia urbana do Glicério é composta, predominantemente, por lotes estreitos e compridos com construções de baixo gabarito. Isto faz com que a área ocupada pelo IAPI se destaque pelo contraste morfológico. Porém, esta estrutura urbana tem sofrido modificações.

Atualmente, existem novos condomínios residenciais implantados em antigos lotes industriais ou a partir do remembramento de pequenos lotes. Esta nova tipologia não se articula com o território, indo na contramão do que foi proposto pelo IAPI.

No entorno imediato do terreno encontra-se o Viaduto do Glicério — barreira física e visual que segrega o espaço. Ao longo do tempo, este viaduto valeu-se de abrigo para população em condição de rua. Isso pode ser associado ao histórico de vulnerabilidade do lugar e à aniquilação do bairro pelo viaduto, assim como, a presença das cooperativas de reciclagem existentes no entorno que atraem catadores de lixo para trabalhar na região (OLIVEIRA, 2012). Ainda nos baixios deste viaduto, situam-se uma Escola de Boxe e a Associação Minha Rua Minha Casa que promovem atividades esportivas e de lazer para esta população.

O espaço público do entorno se alterou de acordo com as transformações viárias, e atualmente encontra-se desconexo e fragmentado. As áreas verdes vizinhas ao terreno mantêm-se em condição de canteiro.

Estas praças não são apropriadas pela população local e nem pelos usuários dos equipamentos ali implantados.

Sendo assim, o projeto buscará melhor articular o lugar ao qual se insere, resgatando a permeabilidade proposta para a área pelo arquiteto Attílio Corrêa Lima.

Figura: Praça José Luiz de Mello Malheiro Fonte: Acervo Próprio.

65

7. O Projeto

7.1. Memorial

A implantação do projeto para a Escola de Samba Lavapés parte da articulação do espaço público do entorno. Para isto, a proposta foi elaborada a partir de uma praça interna ao lote, que conecta as praças existentes e libera o térreo para o pedestre.

A partir desta praça interna, o programa é disposto em três blocos: barracão, quadra e sede.

O bloco do barracão é onde acontece toda a parte produtiva da escola de samba. Sendo assim, suas aberturas são criteriosas, para manter o sigilo da competição. Neste bloco, há uma caixa suspensa no primeiro pavimento, onde está localizado o atelier de fantasias. Através da transparência do vidro é possível ver as cores e o brilho das roupas e adereços.

A quadra para escola de samba, foi tratada como elemento chave para a resolução da implantação, pois sua localização conecta seu uso às praças - existente e proposta. Este bloco é pensado como um local de reunião que atenda a toda comunidade, promovendo eventos culturais e artísticos além dos ensaios da escola de samba.

Elevado do nível térreo, temos o bloco do edifício sede. O programa deste bloco atende à administração da escola de samba e também aos projetos sociais ao qual a escola se propõe a oferecer à comunidade.

Os novos percursos para o pedestre buscam promover a fruição pública e estimular os espaços de convivência no térreo.

Figuras na página ao lado: Diagramas de implantação.

Fonte: Acervo prórpio.

Diagrama de implantação Barracão Quadra Edifício sede

Diagrama de fluxos e acessos Acesso público Saída de carros alegóricos

Ponto de ônibus Praça

Conexão de usos Térreo livre

Circulação vertical e horizontal Novos percursos

69

7.2. Programa

A partir dos estudos apresentados, o programa é gerado a fim de melhor atender ao que se pretende para o lugar.

Como colocado, o programa foi organizado em três blocos: barracão, quadra e sede.

O bloco do barracão acomoda, principalmente, a produção dos carros alegóricos e das fantasias. Para dimensionar a área para a montagem dos carros, foi necessário estipular um tamanho médio de alegoria.

Sabe-se que a largura de no máximo 11m deve ser respeitada por conta do tamanho da via do Sambódromo do Anhembi, porém a altura e comprimento são variáveis e dependem do que a escola pretende levar à avenida. Sendo assim, foi considerado o comprimento de um chassi de caminhão de 8m (utilizado na estrutura do carro alegórico) que geralmente é alongado até 12m e a largura média de 7m.

Além da área de montagem dos carros, o barracão abriga toda a área produtiva ligada ao desfile.

Na quadra, acontecerão os ensaios da bateria.

Portanto, esta área foi dimensionada para que caiba a quantidade mínima de componentes exigidos no regulamento da competição (200 pessoas). Além disso, foi considerado que os ensaios serão abertos à comunidade e que este espaço também acomode outras apresentações artísticas.

O edifício sede contará com a área administrativa, salas de aula e salas de uso múltiplo — destinadas aos cursos e oficinas oferecidos pela escola de samba para a comunidade — e uma sala de convenções, designada a palestras e reuniões de bairro.

Barracão

Montagem de carros alegóricos Área produtiva

Quadra

Quadra e mezanino Apoio quadra

Edifício Sede

Café Administração Salas de aula

Figuras: Diagramas de usos. Fonte: Acervo prórpio.

71

Edifício Sede

Pavimento

Ambiente

Térreo

Hall de entrada

Hall Recepção

* *

1 1

76 6

82

Café

Consumo Cozinha Despensa Depósito de lixo

40 * * *

1 1 1 1

57 50 9 9

125

Sanitários

*

4 peças

2

17

34

Loja

*

*

1

25

25

Administrativo

Secretaria de projetos sociais Diretoria Sala dos Professores Sala de onvenções Presidência Administração Arquivo Sala de reuniões

*

1

42

396

* *

1 1

42 35

120 * * * *

1 1 1 1 1

160 35 42 20 20

Sanitários

*

5 peças

2

17

34

Salas de aula

Sala de aula Sala de uso múltiplo

20 *

4 3

39 80

396

Sanitários

*

5 peças

2

17 Área total

34 1092 m²

Quadra

Quadra Bar Depósito Vestiário Camarim Sala de Bateria Almoxarifado

400 * * 4 peças * * *

1 1 1 1 1 1 1

585 23 12 12 22 62 30

746

Sanitários

*

3 peças

2

11

22

Mezanino

Mezanino Cabine de som Bar

100 * *

1 1 1

104 10 10 Área total

124

Primeiro

Segundo

Quadra

72

Térreo

Ambiente específico Nº pessoas Quantidade Área (m²) Área Total (m²)

892 m²

Barracão

Pavimento

Ambiente

Térreo

Montagem de carros alegóricos

*

5 carros

1

770

770

Borracharia e Serralharia

*

*

1

120

120

Produção

Atelier corte e costura Arte e desenho Diretoria de carnaval

*

1

100

175

* *

1 1

45 30

Sanitários

*

2 peças

2

9

18

Refeitório

Copa Consumo

* 24

1 1

15 30

45

Vestiários

Vestiário feminino Vestiário masculino

8 10

1 1

22 28

50

Produção

Marcenaria Almoxarifado de materiais recicláveis Pintura, resinagem, empastelação e adereços Apoio

* *

1 1

171 232

806

*

1

343

*

1

60

Ambulatório

*

*

1

60

60

Área técnica

Área técnica Caixas d’água Casa de máquinas

* * *

1 1 1

770 60 60 Área total

890

Primeiro

Segundo

Terceiro

Quarto

Ambiente específico Nº pessoas Quantidade Área (m²) Área Total (m²)

2934 m²

Indices urbanísticos do projeto Área do terreno — 6480 m² Coeficiente de aproveitamento — 6500 m² - 1 Taxa de ocupação — 2985 m² - 0,46 Taxa de permeabilidade — 1620m² - 0,25

73

7.3. Primeiras investigaçþes

A

B

C

Estudo de implantação Barracão Quadra Edifício Sede

A

B

C

A - Mantém o caráter de passagem da via e não estabelece relação entre as praças.

B - Conexão visual das praças por meio da transparência da quadra enterrada.

C - Conexão real entre praças através do térreo livre.

Figuras na página ao lado: Maquetes de estudo no primeiro semestre.

Figura acima: Definição do partido no primeiro semestre.

Figura abaixo: Modelo eletrônico apresentado no primeiro semestre.

Fonte: Acervo prórpio.

75

IMPLANTAÇÃO Escala: 1/1000

1

4

21

3

2

Legenda: 1. Hall 2. Recepção 3. Café

4. Despensa 5. Depósito de Lixo 6. Cozinha

7. WC 8. Loja 9. Elevador (10 pessoas)

10. Quadra 11. Palco 12. Bar

13. Depósito 14. Vestiário 15. Camarim

16. Sala de bateria 17. Almoxarifado 18. Borracharia e serralharia

19. Elevador de carga (5t) 20. Montagem de carros alegóricos 21. Fonte

PLANTA PAVIMENTO TÉRREO Escala: 1/400

CORTE AA Escala: 1/400

CORTE BB Escala: 1/400

1

4

3

2

Legenda: 1. Mezanino 2. Cabine de som 3. Bar

4. Sala dos professores 5. Secretaria de projetos sociais 6. Diretoria

7. Sala de convenções 8. Presidência 9. Administração

10. Arquivo 11. Sala de reuniões 12. WC

13. Elevador (10 pessoas) 14. Atelier corte e costura 15. Arte e desenho

16. Diretoria de carnaval 17. Elevador de carga (5t)

PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO Escala: 1/400

VISTA 1 Escala: 1/400

VISTA 2 Escala: 1/400

1

4

3

2

Legenda: 1. Sala de aula 2. Sala uso múltiplo 3. WC

4. Elevador (10 pessoas) 5. Refeitório 6. Elevador de carga (5t)

7. Vestiário

PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO Escala: 1/400

CARMO

CORTE CC Escala: 1/400

CORTE DD Escala: 1/400

1

4

3

2

Legenda: 1. Ambulatório 2. Apoio 3. Elevador de carga (5t)

4. Marcenaria 5. Almoxarifado de materiais recicláveis 6. Pintura, resinagem, empastelação e adereços

PLANTA TERCEIRO PAVIMENTO Escala: 1/400

VISTA 3 Escala: 1/400

VISTA 4 Escala: 1/400

1

4

3

3

2

Legenda: 1. Casa de máquinas 2. Caixa d’água 3. Área técnica

PLANTA QUARTO PAVIMENTO Escala: 1/400

1

4

3

2

PLANTA COBERTURA Escala: 1/400

M

2

1 3

4

5

6

7 8

10

9 11 12

13 14

15 16

AMPLIAÇÃO DA COBERTURA DO BARRACÃO Escala: 1/100 0 0,5 1

2

5

1. Telha metálica perfurada 2. Perfil metálico para apoio da telha 3. Perfil metálico da cobertura 4. Estrutura metálica principal com pintura eletroestática cinza 5. Laje maciça de concreto 6. Exaustor

7. Forro de gesso 8. Chapa metálica perfurada 9. Alvenaria 10. Revestimento 11. Passarela técnica 12. Perfil metálico de sustentação da chapa metálica 13. Vidro 14. Caixilho de alumínio 15. Estrutura metálica do guarda corpo 16. Estrutura metálica da passarela

Referências bibliográficas

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Disponível em <http://200.144.182.130/celacc/sites/ default/files/media/tcc/445-1255-1-PB.pdf>. Acesso em março de 2016.

BLASS, L. M. S. . Rompendo fronteiras: a Cidade do Samba no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais , v. 23, p. 79-92, 2008. Disponível em <http:// www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v23n66/05.pdf>>. Acesso em abril de 2016.

BECKER, Graziela Oliveira. Espaços de uso coletivo na habitação social moderna brasileira: O caso do IAPI Passo d’Areia, IAPI Várzea do Carmo e IAPI Japurá. In: I Congresso Internacional Barcelona Vivienda Coletctiva Sostenible, 2014, Barcelona. Barcelona: master laboratorio de la vivienda sostenible del siglo XXI, 2014. v. 1. p. 298-304.

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DOZENA, Alessandro. A geografia do samba na cidade de São Paulo. São Paulo: PoliSaber, 2011.

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P. 78 — Vista do projeto a partir da Praça Nina Rodrigues com a Rua São Paulo. Fonte: Acervo próprio.

P. 88 — Foto inserção sobre vista aérea. Fonte: Google Earth modificada pela autora. Acesso em outubro de 2016.

P. 91 — Vista externa da quadra. Fonte: acervo próprio.

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