Matérica com Geane Nucia

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PUBLIEDITORIAL

Institucional

Como ajudar a população brasileira a ter melhores condições de acesso à saúde? Sim, isso é possível! Essa é a proposta do projeto “Mais Saúde”, fruto da parceria entre a ASHOKA - uma ONG mundial que busca transformar o campo da saúde - e a indústria farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim, que acabam de lançar uma nova competição para identificar projetos no Brasil e no mundo que ajudem a transformar os sistemas de saúde

Em sua segunda edição, a competição do projeto Mais Saúde intitulada “Transforming Health Systems, Gamechanging Business Models” (em português a tradução mais próxima da proposta seria “Transformando Sistemas de saúde, com modelos de negócio inovadores” ) - selecionará três iniciativas ou projetos que receberão prêmios financeiros e

Como Participar? As inscrições já podem ser feitas online por meio do site www.changemakers.com/pt-br até o dia 10 de abril de 2013. O objetivo é identificar projetos inovadores e apoiar ideias que tragam soluções a questões ligadas à área da saúde, com foco na prevenção, detecção e tratamento de doenças, por meio de parcerias inéditas, novas maneiras de financiamento, mais eficácia ou mesmo levando informação e acesso aonde o atual sistema não consegue atuar.

assessoria. O valor total de todas as premiações ao redor do mundo é de U$ 85 mil dólares.

Adrian von Treuenfels, diretor de Relações Institucionais da Boehringer Ingelheim no Brasil.

“Essa iniciativa está alinhada com missão e visão da Boehringer Ingelheim em promover o acesso à saúde e apoiar lideranças e inovações que melhorem a qualidade de vida de indivíduos, famílias e comunidades”, diz

A parceria reúne duas organizações comprometidas em encontrar indivíduos e organizações com ideias inovadoras para ajudar a moldar o futuro da área de saúde.


Talvez você conheça pessoas e projetos que já existam e fazem a diferença no cotidiano de uma comunidade, um bairro, um município ou até mesmo uma cidade ou um Estado inteiro. Dessa forma, todos nós podemos fazer parte dessa competição e ajudar para que mais pessoas possam ter melhores condições de saúde e qualidade de vida, seja inscrevendo os próprios projetos ou ajudando a identificar esses grandes transformadores e convidando-os a fazerem parte desse desafio.

Prêmio

Para saber mais entre em contato com a gente:

http://www.facebook.com/ChangemakersPT

http://twitter.com/ChangemakersPT

http://www.changemakers.com/pt-br/transformasaude

Se você tem um projeto ou uma ideia inovadora que podem ajudar a melhorar as condições de acesso à saúde da população, não perca esta chance!

Um Projeto Brasileiro Vencedor Na última edição, em 2011, o concurso recebeu 450 inscrições em todo o mundo e selecionou três vencedores, que receberam um prêmio de 10 mil dólares cada. Um deles foi a Associação Saúde-Criança Renascer*, projeto brasileiro encabeçado pela empreendedora social Vera Cordeiro, voltado à promoção da saúde infantil. Para saber mais sobre o projeto Associação Saúde-Criança Renascer acesse: www.saudecrianca.org.br


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Testemunhal


dedicaÇÃO EM TEMPO INTEGRAL: uma farmacêutica empreendedora Geane Nucia da Silva Alves, 44 anos, de Patos na Paraíba, resume sua trajetória profissional em uma única palavra: paixão!

Essa é a palavra que define meu sentimento em relação à profissão e a minha farmácia, a Farmanucia, que inaugurei há 20 anos. Vivo pelo trabalho e meus filhos, Géssica e Vyctor, de 15 e 16 anos – e sou muito feliz assim! Em 2012, recebi Honra ao Mérito Farmacêutico do CRF-PB (Conselho Regional de Farmácia de Paraíba) e uma premiação da Câmara Municipal de João Pessoa pelos 20 anos de empresa. Também fui indicada ao “Selo Verde”, um reconhecimento oferecido pela ANVISA pela qualidade do serviço prestado à população. As premiações me levaram de volta à Faculdade Federal da Paraíba em que dividirei minha experiência e a rotina de trabalho no varejo para os estudantes do curso de Farmácia. Essa é a minha realização, que não seria completa sem todos os amigos que fiz e continuo fazendo. Acima de tudo meu cliente é meu amigo! Têm aqueles diários, uns que falam de futebol e acontecimentos do bairro, os que rezam por mim e os que me chamam de Dra. Farmacêutica.

Esse vínculo é tão grande que acostumei a comemorar meu aniversário aqui na farmácia, com bolo para todos. Essas amizades também me dão a liberdade de aconselhar meus clientes, ajudá-los com a saúde e até com a vida pessoal. Há alguns anos cheguei a salvar um casamento. A esposa estava com uma infecção ginecológica e não conseguia manter relações sexuais com o marido, que logo desconfiou de traição. Quando ela pediu minha ajuda, eu pude explicar didaticamente o que ela tinha e como se tratar e ainda conversei com o marido. Eles estão juntos até hoje! Posso dizer que sou uma pessoa abençoada, pois não sou só eu quem ajuda meus pacientes: passei por um divórcio e durante o processo eles foram grandes companheiros. Nós formamos uma família! Em meu trabalho, tenho a oportunidade de prestar um importante serviço de saúde pública que caminha junto com a Atenção Farmacêutica, auxiliando mulheres com o planejamento familiar. Aqui na região da Paraíba ainda existe

um certo machismo e atribuo isso ao fato de ser a única farmacêutica autorizada a aplicar injetáveis em cinco bairros. Percebo que os maridos não aceitam que homens farmacêuticos apliquem o medicamento por ser uma região “delicada”. Há muitas vantagens em ser uma profissional mulher: eu tenho o cuidado de tirar as dúvidas das pacientes e posso fazer o acompanhamento correto. Eu sempre sugiro que elas marquem no calendário o dia da menstruação, a data da aplicação e o lado do corpo em que tomou a injeção da última vez (é importante alternar os lados). Tenho também muitas pacientes adolescentes que não querem engravidar e têm medo que os pais descubram que elas já possuem vida sexual ativa. Nesse caso, eu costumo indicar o acompanhamento médico adequado, já que essa conversa as vezes, não acontece dentro de casa. O contraceptivo injetável é muito prático, pois as jovens não se esquecem da aplicação e ainda não precisam andar com o contraceptivo na bolsa.”


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Produto

PERLUTAN® Contraceptivo hormonal injetável de uso mensal Segundo projeção do IBGE para 2011, há cerca de 54 milhões de mulheres em idade reprodutiva (de 15 a 49 anos) no Brasil. Nesse contexto, a contracepção se torna um assunto extremamente importante para todas as mulheres que não pretendem ter filhos no momento. Perlutan® é um contraceptivo hormonal injetável para uso em dose única mensal que possui dois princípios ativos: um progestágeno ou algestona (acetofenido de dihidroxiprogesterona) e um estrógeno (enantato de estradiol).

As concentrações de estradiol (10 mg) e do progestágeno (150 mg) conferem seu efeito anticoncepcional ao Perlutan®: a inibição da ovulação por supressão da secreção de gonadotrofinas hipofisárias (LH e FSH). A dose de estrógeno favorece padrões de sangramento e desenvolvimento endometrial cíclicos e mais previsíveis, com características, em geral, semelhantes às de um ciclo menstrual normal, o que minimiza o risco de sangramentos intermenstruais.

Portanto, a ação contraceptiva de Perlutan® se concentra em: • Ação anovulatória por inibição da liberação de hormônios hipofisários gonadotróficos como LH e FSH, cuja ausência impossibilitará o amadurecimento dos folículos ovarianos; • Desfavorecimento das condições intrauterinas por meio de alterações na viscosidade do muco cervical, manutenção do endométrio e diminuição da motilidade tubária, dificultando a movimentação e o deslocamento dos gametas masculinos.

Cuidados necessários no momento da aplicação Deve ser aplicado via intramuscular profunda, no quadrante superior das nádegas; Não massagear o local após a aplicação; A agulha deve ser 30 x 7 ou 30 x 8; Aplicar entre o 7º e o 10º dia, preferencialmente no 8º dia contado a partir do dia do início da menstruação.

Perlutan® acetofenido de algestona e 17-enantato de estradiol; Uso adulto; Forma farmacêutica e apresentação: Solução injetável: 1 ampola de 1 ml. Indicações: Anticoncepcional, irregularidades menstruais e suplemento estrógeno-progestacional. Contraindicações 1) absolutas: complicações prévias devidas aos contraceptivos hormonais; gravidez ou suspeita de; amamentação (< 6 semanas pós-parto); hipertensão; cardiopatias; diabete melito complicado, nefropatia, retinopatia, neuropatia ou outras vasculopatias; diabete > 20 anos de duração; glaucoma; antecedentes de flebite ou troboembolismo, varizes; sangramento genital injustificado; tumor ginecológico ou de mama; neoplasias benignas hormôniodependentes, neoplasias malignas; hepatopatia atual; câncer de fígado; anemia falciforme; epilepsia; colagenose; pré e pós-operatório, imobilização longa; história de icterícia, prurido grave, coreia ou herpes gestacional; hipersensibilidade aos componentes da fórmula. 2) relativas: galactorreia; obesidade; hiperlipidemias; tabagismo; irregularidades menstruais; colecistopatias; cefaleias com sintoma focal. Precauções: investigação ginecológica periódica anterior ao tratamento. Evitar uso em adolescentes com irregularidade menstrual. Riscos do uso superam os benefícios: > 35 anos tabagistas > 20 cigarros/ dia; amamentação (1,5-6 meses pós-parto); < 21 dias pós-parto não amamentando; câncer de mama prévio; sangramento vaginal injustificado; HAS grave prévia; hiperlipidemias; cirrose; câncer de fígado. Os benefícios do uso superam os riscos: > 40 anos; < 35 anos de idade ou fumante leve > 35 anos; enxaqueca sem sintoma focal; amamentação (> 6 meses pósparto); doença mamária não diagnosticada; neoplasia cervical intraepitelial; colestase prévia; doença do trato biliar prévia ou atual; cirrose; valvulopatia cardíaca sem complicações; hipertensão moderada; tromboflebite superficial; talassemia; anemia falciforme; diabetes sem complicações; cirurgias sem imobilização prolongada. Perlutan® pode afetar avaliações endócrinas e testes da função hepática. Diminuição dos níveis séricos de folatos. Antecedentes de depressão devem ser observados. Risco aumentado de doenças biliares. Gravidez e lactação: Contraindicado na gravidez. Na amamentação, pode ocorrer diminuição na quantidade e qualidade do leite. Uma pequena quantidade passa para o leite; entretanto, não se constatou um efeito sobre a criança amamentada. Pode ser usado a partir de 3 semanas após o parto em mulheres que não estejam amamentando. Interações medicamentosas: Rifampicina, hidantoínas, barbituratos, antibióticos penicilânicos, cloranfenicol, griseofulvina, fenitoína, carbamazepina, primidona, isoniazida, nitrofurantoína, sulfonamidas e tetraciclinas podem reduzir a eficácia ou provocar irregularidades menstruais. Os anticoncepcionais hormonais podem alterar a eficácia de anticonvulsivantes, anti-hipertensivos, hipnóticos, hipoglicemiantes, anticoagulantes e antidepressivos. Reações adversas: Ciclos menores, hemorragia intermenstrual, sangramento irregular, dismenorreia, amenorreia transitória, prurido vulvar, tensão mamária, dores de estômago, náuseas, vômitos, cefaleias, retenção hidrossalina, mudanças subclínicas e transitórias detectadas nos testes de excreção do fígado, alterações emocionais e da libido, alterações do peso e fotossensibilização. Raramente tontura, nervosismo, depressão, fogacho, acne, hipersensibilidade e distúrbios visuais e auditivos. Posologia: Uma ampola por via intraglútea profunda entre o 7º e 10º dia, de preferência no 8º dia, a partir do início de cada menstruação (com agulha do tipo 30x 8 ou 30x 7). Contar o primeiro dia de sangramento menstrual como dia número um. Não massagear o local da aplicação. O não cumprimento dessas recomendações pode alterar a eficácia do produto. Superdosagem: náusea, vômito, mastodinia, cefaleias, retenção hidrossalina, alterações do sangramento endometrial e amenorreia. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. MS-1.0367.0085. SAC: 0800-7016633.


Benefícios Perlutan® possui preço acessível.* ICMS Perlutan® 1ml

19%

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R$ 13,39

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R$ 12,32 Referências bibliográficas 1. FEBRASGO - Manual Anticoncepção, 2010.

Praticidade 1-3 • O uso pode ser descontinuado a qualquer momento. • Retorno à fertilidade em até 90 dias após a descontinuação de uso. • Facilidade e praticidade posológica. A aplicação única por ciclo diminui o risco de esquecimento, facilita a tomada da dose e a aderência ao tratamento. • A não exigência de uso diário permite maior discrição para suas pacientes.

Eficácia 1-3,6-9 • Eficácia contraceptiva comparada à dos métodos cirúrgicos. • Um dos menores índices de Pearl (0,03 a 0,17), comparativamente aos demais métodos contraceptivos, ou seja, podem ocorrer gestações na proporção de 3 a 17 casos para cada grupo de 10.000 usuárias durante 1 ano.

Tolerabilidade e segurança 1,3,4-12 • Perlutan® deriva de um hormônio natural do organismo, diferentemente, portanto, daqueles de origem sintética presentes em boa parte dos contraceptivos hormonais orais combinados. A dosagem hormonal, "aparentemente" maior, deve-se ao fato de que seus compostos apresentam potência e concentrações mensais próximas às fisiológicas. • Preserva o caráter fisiológico hormonal do ciclo menstrual. • Efeitos não significativos sobre a pressão arterial, hemostasia e coagulação, função hepática, metabolismo lipídico e de carboidratos. • Início de ação já a partir da primeira aplicação, sem necessidade de pausa para “descanso”. • Não expõe a mulher ao hipoestrogenismo e à desmineralização óssea decorrente. • Ausência do efeito de primeira passagem hepática, o que proporciona melhor perfil de interações medicamentosas.

de

Orientação

em

2. Trussel J. Contraceptive efficacy. In: Hatcher RA, Trussell J, Nelson AL, Cates W, Stewart FH, Kowal D. Contraceptive Technology: Nineteenth Revised Edition. New York NY: Ardent Media, 2007. 3. WHO Medical Eligibility Criteria for Contraceptive Use, 4th ed, 2009. 4. Abranches ADG, Camargo AF, Peixoto RML, Chavez MAM, Barbosa LLS, Kelles SMB, Silveira JS, - Níveis séricos de HDL-C, LDL-C e correlação LDL/HDL (Índice de Castelli II) em adolescentes usuárias de contraceptivo injetável mensal. Reprod Clim, 13(3):172-179, 1998. 5.Melo NR, Oliva-Filho WM, Freitas SRMS, Sacilotto M, Silva CS, Vargas R, Dámico E, Chamone D, Pinotti JA. Evaluation of the hemostasis with the administration of estro-progestative association in a monthly injectable form. 14 World Cong on Fertility and Sterility, Caracas 22 – 27 Nov 1992. 1992;37. 6. Abrego de Aguilar M et al – Current status of injectable hormonal contraception, with special reference to the monthly method. Adv Contracept, 13 (4): 405-417, 1997. 7. Rustrian A A – Clinical investigation during ten years of anticonception injected monthly. Invest Med Int, 7: 27-31, 1980. 8. Pereira de Carvalho WD; Madi O; Duarte de Araujo RL; Pimenta SM; Moreira CRX – Contraception with single monthly dose for dihydroxiprogestorone acetophenide and estradiol enanthate. J Bras Ginecol 96 (1): 51-55, 1986. 9. Coutinho EM, Spinola P, Athayde C, Noronha CF, de Melo NR, Cabral ZA, Almeida JA, DA Silva BL, Neto JS, Rumi DO. Comparison of two regimens of a monthly injectable contraceptive containing dihydroxyprogesterone acetophenide and estradiol enanthate. Contraception. 2006 Mar; 73(3):249-52. 10. Coutinho EM; Spinola P; Barbosa I; Gatto M; Tomaz G; Morais K; Yazlle ME; Nassar de Abranches A – Multicenter; double-blind; comparative clinical study on the efficacy and acceptability of a monthly injectable contraceptive combination of 150 mg dihydroxyprogesterone acetophenide and 10 mg estradiol enanthate compared to a monthly injectable contraceptive combination of 90 mg dihydroxyprogesterone acetophenide and 6 mg estradiol enanthate. Contraception 55: 175-181, 1997. 11. Jarquin Gonzalez JD; Elda de Aguirre L; Rodriguez C; Abrego de Aguilar M; Carrillo F; Leon DA; Lima M; Trigueros S; Acosta R - Dihydroxyprogesterone acetophenide 150 mg + estradiol enanthate 10 mg as monthly injectable contraceptives. Adv Contracept 12 (3): 213-225, 1996. 12. Martinez GH; Castaneda A; Correa JE – Vaginal bleeding patterns in users of Perlutal; a once-amonth injectable contraceptive consisting of 10 mg estradiol enanthate combined with 150 mg dihydroxyprogesterone acetophenide: a trial of 5462 woman-months. Contraception 58 (1):21-27, 1998. *Fonte Revista Suplemento Kairos, edição 274. Setembro/2011.


PUBLIEDITORIAL

Patologia

Contracepção Hormonal Os ciclos femininos e a gravidez Os métodos contraceptivos, em geral, reduzem a probabilidade da ocorrência de gravidez. Com diferentes formas de ação, todos visam a impedir a fecundação (encontro do espermatozoide com o óvulo). A contracepção pode acontecer de diversas maneiras. Existem os métodos de barreira (preservativo, diafragma, dispositivo intrauterino, conhecido como DIU), os métodos comportamentais (tabelinha) e os métodos hormonais (uso de

pílulas ou injetáveis). O método hormonal fundamentase na ação exercida sobre o ciclo ovariano ou menstrual mensal. Os contraceptivos hormonais inibem a liberação de hormônios produzidos na hipófise (FSH e LH) e, assim, inibem o amadurecimento do folículo ovariano que contém o óvulo em seu interior. A imaturidade do folículo impede a liberação do óvulo e, consequentemente, a fecundação não ocorre.

Ciclo ovariano A mulher apresenta um ciclo ovariano com duração média de 28 dias; neste período, ocorrem oscilações dos níveis e concentrações sanguíneas dos hormônios femininos, o que causa alterações na camada interna do

útero (endométrio), nos ovários e outros órgãos. O ciclo ovariano possui três níveis principais: nível hipofisário, ovariano e endometrial.

Nível hipofisário A porção anterior da hipófise, situada na base do cérebro, secreta dois hormônios (gonadotrofinas) fundamentais para o ciclo ovariano: • hormônio folículo estimulante (FSH), que estimula a maturação do folículo de Graaf, que passa

a produzir os estrógenos, principalmente o estradiol (E2); • hormônio luteinizante (LH), que propicia o rompimento do folículo e a liberação do óvulo (ovulação) e estimula a formação do corpo lúteo e a produção de progesterona a partir deste.


Ovariano e endometrial O ciclo ovariano pode ser dividido em duas fases: a fase folicular (proliferativa) e a fase lútea Fase Folicular

Fase Lútea

(secretória). Em cada uma dessas fases ocorrem alterações nos ovários e no endométrio.

Nos ovários

Ocorre crescimento e maturação folicular com produção e liberação de estrógeno, estimulada pela elevação prévia do FSH hipofisário.

No endométrio

Ocorre descamação e regeneração do tecido endometrial perdido no fluxo menstrual.

Nos ovários

Há a formação e o funcionamento do corpo lúteo, com consequente produção de progesterona, estimulados pela elevação prévia do LH cujo pico ocorre por ocasião da ovulação.

No endométrio

A progesterona estimula a secreção das glândulas da superfície uterina interna, preparando-a para a implantação do óvulo fecundado.

Observe ao lado a concomitância dos fenômenos hipofisário, ovariano e endometrial.

Inibição da ovulação Como demonstrado anteriormente, a função ovariana é controlada pela hipófise. O FSH liberado estimula o crescimento e a maturação do folículo, e a liberação do óvulo é mediada pelo aumento da concentração (em pico) do LH. As gonadotrofinas são ainda responsáveis pela produção e liberação dos hormônios sexuais femininos (estradiol e progesterona) que, por sua vez, participam do ciclo de regeneração, preparação e descamação do endométrio. Para que ocorra a inibição da ovulação é importante, portanto, que sejam suprimidas as concentrações sanguíneas de FSH e LH. Os contraceptivos hormonais

simulam os níveis de hormônios sexuais inibindo, assim, a liberação do FSH e LH pela hipófise a partir do mecanismo de retroalimentação “feedback negativo”.


PUBLIEDITORIAL

Boas ideias fazem a diferença

Farmacêutica da família Uma gestão baseada em profissionalismo, mas principalmente no respeito aos clientes e funcionários. De acordo com a farmacêutica e proprietária Geane Nucia da Silva Alves, este tem sido o diferencial da Farmanucia, loja com 20 anos de tradição em João Pessoa (PB). A farmácia, que atualmente é a única com autorização para aferir pressão arterial e realizar testes de glicemia em seu ambulatório, por exemplo, conta hoje com a presença de um farmacêutico durante todo o período de funcionamento. “Não se trata apenas de adequação. Desde a inauguração da nossa farmácia, tenho me esforçado para acompanhar a vida e a saúde

de nossos clientes de maneira integral. Criamos uma relação sólida e de confiança com nossos consumidores e isto, sem dúvida, nos estimula a trabalhar com muito mais empenho”, explica Geane. Para Geane nada melhor do que envolver a família dos funcionários em atividades especiais, reforçando o valor da presença e do cuidado. “Eu me interesso pelas famílias dos nossos colaboradores, quero saber se estão todos bem e se posso ajudar de alguma maneira. Acredito que isso é fundamental não apenas para manutenção do bom funcionamento e a parceria com nossos funcionários, mas também para estimular este tipo de comportamento com quem está do outro lado do balcão”, afirma.


PEC-CFF 2013

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA Nº 02

A ATENÇÃO FARMACÊUTICA COM BASE EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

A Atenção Farmacêutica com base em Evidências Científicas A atuação do farmacêutico, no “balcão da farmácia”, durante muito tempo baseou-se simplesmente na sua experiência pessoal, na sua intuição clínica e nas informações obtidas de relatos de outros profissionais e dos usuários do serviço. Entretanto, na sua atual competência, centrada na relação direta com o paciente, a prática da Atenção Farmacêutica com base em evidências científicas se torna o elo necessário entre

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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA

Apoio

Conecte-se A seguir, apresenta-se o projeto de atualização do Programa de Educação Continuada Conselho Federal de Farmácia (PEC-CFF) executado por meio do sistema E-learning para estudo. Realizado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em parceria com a Revista K@iros e apoio da Boehringer Ingelheim, durante todo o ano de 2013. Desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP), o curso traz informações atuais e essenciais para os farmacêuticos se conectarem aos últimos acontecimentos em sua área de atuação. Será publicado mensalmente, on-line, o material sobre o tema Atenção Farmacêutica e o Uso Racional de Medicamentos que terá como finalização de cada módulo um questionário em que cada pergunta respondida corretamente contará pontos para que a certificação do Programa seja realizada na conclusão do curso. Além disso, os textos também estarão disponíveis impressos, todos os meses na Revista Farmacêutica K@iros. Participe do E-learning PEC-CFF e mantenha-se atualizado! Acesse: www.peccff.com.br


as informações oriundas das pesquisas científicas e sua aplicação no acompanhamento de pacientes, visando uma farmacoterapia racional para a melhoria da qualidade de vida. A Atenção Farmacêutica deve ter como princípio a prática do conhecimento obtido de evidências científicas resultantes de trabalhos publicados em revistas especializadas, e não somente da intuição e de informações sem comprovação metodológica sistemática. Os resultados de pesquisas científicas são obtidos por meio da Farmacoepidemiologia, que é definida como “o estudo metodológico da distribuição e dos determinantes dos eventos relacionados ao uso de fármacos em grupos populacionais e sua aplicação na farmacoterapia”, ou simplesmente “o estudo do uso e efeito dos fármacos em um grande número de pessoas “. Os estudos epidemiológicos avaliam as ações farmacocinéticas, farmacodinâmicas, efeitos terapêuticos e reações adversas aos medicamentos avaliando a eficácia e segurança do uso de fármacos na população e um dos seus objetivos é estabelecer a relação entre seus riscos e benefícios. A farmacoepidemiologia tornou-se imprescindível a partir de 1938, após a morte por insuficiência renal, de mais de 100 pessoas nos Estados Unidos, tratados com uma solução de sulfanilamida diluida em etilenoglicol. Na época as indústrias farmacêuticas passaram a ser obrigadas a realizar ensaios clínicos antes de disponibilizar seus produtos no mercado.

Ensaios clínicos Ensaio clínicos são estudos, geralmente epidemiológicos, que fornecem as bases científicas para as decisões terapêuticas que deverão ser tomadas a partir dos resultados e conclusões destes ensaios. Eles se constituem na última fase de avaliação no desenvolvimento de um novo fármaco, em que se estabelece o mesmo possui a efetividade necessária para obter o seu registro. Esta efetividade todavia, é somente confirmada após um uso amplo destes fármacos pela população em geral, ou seja após sua entrada no mercado, período este conhecido como pós-mercadológico. Os ensaios clínicos são precedidos por estudos pré-clínicos, realizados em animais de laboratório. Somente após a demonstração de sua segurança e eficácia os fármacos poderão ser testados no ser humano. Embora os testes pré-clínicos tenham seu valor, os resultados são vistos com restrições devido a variações nos efeitos de fármacos dependendo da espécie animal estudada. Na fase inicial dos ensaios clínicos, chamados de fase I, os medicamentos são testados em voluntários sadios e o principal objetivo é a verificação da toxicidade e farmacocinética destas substâncias. Na fase II participam um número pequeno de pacientes com a morbidade para a qual o medicamento esta sendo testado e visa verificar a eficácia , faixa terapêutica e completar os estudos farmacocinéticos. Na fase III um grande número de pacientes é testado por meio de ensaios randomizados, duplo-cego comparados com um grupo controle e geralmente são multicêntricos e visam confirmar a eficácia e segurança do novo fármaco. Com o passar dos anos, observou-se que os ensaios clínicos possuem limitações, e por isso não são totalmente suficientes para estabelecer a

segurança dos produtos. A necessidade de monitorização do medicamento após sua aprovação, ou seja, a detecção de eventos não previstos ou não observados até a fase III do estudo clínico tornou-se fundamental para confirmar a segurança de um medicamento. Alguns dos fatores limitantes dos ensaios clínicos das fases I, II e III, (pré-mercadológica) é o número restrito de pacientes, o tempo restrito do estudo e a não participação de grupos especiais. Assim, nestas fases, comumente ocorre a detecção de reações comuns, todavia as reações raras, as quais a maioria das vezes são graves, somente são detectadas na fase IV (pós-mercadológica). Além disso, a participação de pacientes nos estudos clínicos requer o cumprimento de fatores de inclusão e exclusão, os quais em sua maioria excluem pacientes com múltiplas patologias, ou que apresentem outras condições de risco. O uso em grupos especiais como crianças, mulheres grávidas e idosos também não ocorre. Deste modo o perfil demográfico dos estudos clínicos fase I, II e III se restringem a um subgrupo específico da população e é somente após a comercialização que se pode estimar a real incidência das reações adversas na população em geral. Em resumo as principais limitações dos ensaios clínicos realizados antes do registro dos medicamentos são: 1- curta-duração: os ensaios clínicos são realizados dentro de um período curto, portanto incapazes de identificar efeitos que ocorrem após longa latência e também aqueles efeitos adversos resultantes do uso crônico do medicamento; 2- pequenas amostras: os ensaios clínicos utilizam em média 5.000 indivíduos, gerando dificuldade em identificar efeitos que ocorrem em uma frequência de, por exemplo, 1/1.000 da população; 3- população limitada: os ensaios clínicos não incluem populações especiais, como crianças, gestantes, lactantes e idosos; 4- outras morbidades: os ensaios clínicos não incluem pacientes com outras morbidades além daquela para a qual o medicamento em estudo se destina. Vários importantes medicamentos foram retirados do mercado nos últimos trinta anos, devido ao aparecimento de efeitos adversos graves não observados durante os estudos clínicos pré-mercadológicos. Exemplos de sérios efeitos adversos observados na fase pós-mercadológica foram a hepatotoxicidade com troglitazona; rabdomiólise em pacientes tratados com certos fármacos hipolipidêmicos; e os efeitos cardíacos da cisaprida. Assim, no exercício da Atenção Farmacêutica com base em evidências científicas na farmacovigilância se constitui em um importante instrumento de atuação do farmacêutico, e este tema será abordado em um próximo fascículo.

Métodos utilizados para estudos farmacoepidemiológicos Vários métodos podem ser utilizados para a geração de informações sobre o uso, benefícios e riscos, de fármacos. Quanto ao tipo do estudo farmacoepidemiológico utilizado pode ser classificado em descritivo ou analítico . O método descritivo, descreve as doenças e/ou a exposição de pessoas a elas e utiliza conceitos como incidência e prevalência. Estudos descritivos não utilizam grupo controle e somente geram hipóteses, sem testá-las. Por exemplo, aumento no consumo de psicotrópicos em estudantes universitários no Brasil se constitui em um estudo descritivo.

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Estudo de caso, é o relato de um evento incomum ocorrido em um único paciente, por exemplo o relato de um paciente que utilizava um fármaco antidepressivo e foi acometido de alucinações. Essas informações são úteis para se formularem hipóteses, que poderão ser testadas com métodos mais rigorosos. Estudo de caso em série, são relatos que envolvem uma série de pacientes expostos a uma mesma medicação, por exemplo alterações cardíacas com o uso de anti-inflamatórios não esteroidais. É muito útil para avaliação de um medicamento recém- lançado no mercado, pois possibilita quantificar a incidência de um efeito adverso em uma população maior. Estudo de caso controle, procura verificar a frequência de um agravo na presença ou ausência de um fator determinante. Neste estudo se investiga e compara a exposição a determinados fatores no passado por pessoas que possuam no presente determinada doença e pessoas saudáveis. Por exemplo, pessoas acometidas ou não por úlcera péptica e a exposição no passado a anti-inflamatórios não esteroidais. Se a exposição estiver associada à doença, espera-se que a incidência entre expostos seja maior do que entre não expostos, além da variação esperada devida ao acaso. Estudo de coorte, parte de um grupo de pessoas homogêneas sem a doença em estudo, em que metade será exposta e outra não exposta, durante um determinado período e acompanhada para verificar posteriormente a ocorrência da doença nestes dois grupos. Este estudo permite comparar a incidência de um ou mais eventos entre aqueles que receberam determinado fármaco comparado aos que não receberam. Por exemplo, a comparação entre o mesmo número de jovens que utilizaram anticoncepcionais durante certo tempo com outros que não utilizaram e o desenvolvimento posterior de doenças cardiovasculares fatais. O termo coorte tem origem no império romano e designava unidades do exército que possuíam equipamentos e uniformes homogêneos. Entende-se como incidência o número de novos casos de uma determinada ocorrência em um tempo definido, que acomete pessoas, enquanto incidência cumulativa ou proporcional é o número de casos novos em um tempo definido dividido pelo tamanho da população submetida ao risco. Prevalência é a medida do número total de casos de uma determinada ocorrência na população. Indica o grau de disseminação da ocorrência, enquanto a incidência indica o risco de contraí-la. Outros conceitos utilizados em epidemiologia descritiva são fator de risco e fator prognóstico, associados a ocorrência de eventos populacionais. O cálculo do fator de risco é feito comparando-se a frequência de eventos em duas populações que apresentam ou não o fator de risco estabelecido; por exemplo, o fator de risco hipertensão para o desenvolvimento de infarto do miocárdio. O fator prognóstico refere-se ao indivíduo já doente e a possibilidade de cura ou complicações clínicas, por exemplo a frequência de ocorrência de retinopatia em diabéticos controlados (com valores normais de glicemia) comparada com pacientes diabéticos sem controle (com valores aumentados de glicemia). O método analítico inclui dois tipos de estudos, observacional e experimental. - Método analítico observacional: é realizado por meio do acompanhamento de casos. Pode ser: estudo de caso, estudo de caso em série, estudo de caso controle e estudo coorte. 4

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- Método analítico experimental que se realiza por meio de ensaios clínicos controlados. Métodos experimentais utilizam grupo controle comparado a um grupo exposto ao fármaco em estudo (experimental), geralmente composto por indivíduos escolhidos ao acaso (randomizados) e depois comparados entre si, para testar hipóteses. Os ensaios clínicos randomizados são estudos nos quais o pesquisador controla o procedimento (fármaco) junto aos pacientes e compara os resultados a um grupo controle. Os sujeitos do estudo são separados aleatoriamente em grupos controle e experimental. Esses estudos podem ser: a) simples cego, quando os pacientes não sabem o que estão recebendo; b) duplo cego, quando paciente e pesquisador desconhecem o que o paciente esta recebendo. Nestes estudos o grupo controle recebe como tratamento ou o fármaco de referência (o primeiro a ter sido registrado com propriedades terapêuticas semelhantes) ou mesmo um placebo embora, neste caso, cada vez mais raro por existirem sérias críticas do ponto de vista ético. Como vimos anteriormente, os resultados obtidos por intermédio destes estudos, devem ser considerados um processo contínuo, mesmo após a aprovação para comercialização do medicamento. Isto deve-se a impossibilidade de detecção de todos riscos e benefícios potenciais relacionados com o medicamento em estudo pré-mercadológico


Os estudos clínicos fornecerão, na medida da metodologia empregada, diferentes graus de confiabilidade que são também chamados de níveis de evidência dos resultados apresentados. Deve-se considerar que frequentemente os resultados de ensaios clínicos de bom nível podem ser controversos, devendo-se portanto quando possível realizar uma revisão sistemática sobre o tema estudado seguida de uma análise estatística, que chamamos de metanálise. Este método permite associarmos todos os casos estudados, como se fizessem parte de um estudo único, obtendo-se uma resultante de grande confiabilidade. A avaliação dos resultados experimentais obtidos são classificados como de maior ou menor grau de evidência (confiabilidade). Desta forma os estudos na ordem crescente de menor para maior evidência de cima para baixo são: nível VII de evidência: opinião de especialista; nível VI de evidência: estudo de série de casos sem grupo controle; nível V de evidência: estudo de caso controle; nível IV de evidência: estudo de coorte; nível III de evidência: ensaio clínico randomizado com número inferior a 1000 pacientes; nível II de evidência: megaensaio clínico em que o número de pacientes estudados deve ser superior a 1.000; nível I de evidência: revisões sistemáticas com metanálise;

Como utilizar estas informações na prática da Atenção Farmacêutica Na prática da Atenção Farmacêutica, nos processos de decisão do melhor tratamento, além do julgamento competente e honesto das informações científicas, as preferências do paciente e suas características individuais devem ser sempre consideradas. Por exemplo, mesmo que estudos clínicos populacionais tenham demonstrado a efetividade do uso de benzodiazepínicos no tratamento da insônia, se o paciente for idoso, essa nem sempre será a melhor opção. A possibilidade de ocorrência de quedas e prejuízo na memória destes pacientes, pode desaconselhar esta indicação.

Também as comorbidades que acometem os pacientes devem ser consideradas quando da opção por um determinado tratamento. Por exemplo, embora os antimicrobianos aminoglicosídeos possam ter acumulado evidências científicas , que o indiquem como efetivo no tratamento de infecções por bactérias Gram-negativas aeróbicas, é contraindicado, por exemplo, em pacientes infectados e portadores de miastenia grave.

Conclusões A farmacoterapia, se constitui em um grande desafio para o farmacêutico na medida da necessidade de uma avaliação precisa entre os riscos e benefícios no tratamento individual de pacientes, aplicando resultados de ensaios clínicos obtidos em grandes grupos populacionais. O farmacêutico deve ser capaz de avaliar criticamente as evidências científicas produzidas por meio de ensaios clínicos bem conduzidos, e incorpora-las a sua atividade diária. Para a correta interpretação destes resultados, é essencial o conhecimento das propriedades farmacológicas do medicamento e das manifestações fisiopatológicas da doença para a qual o medicamento esta sendo indicado. Este profissional estará capacitado para a prática da Atenção Farmacêutica com base em evidências científicas se for capaz de: 1- identificar os problemas relevantes do paciente; 2- pesquisar as fontes de informação adequadas para resolução destes problemas; 3- avaliar e concluir sobre a qualidade da informação e a força da evidência para esta conduta; 4- aplicar as conclusões dessa avaliação na melhoria dos cuidados a serem prestados ao paciente. Prof. Dr. Moacyr Luiz Aizenstein é Professor Doutor do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo - Campus Capital. Pós-Doc na Universidade da Califórnia (USA) e autor do Livro “Fundamentos para o Uso Racional de Medicamentos” editado em 2010 pela Editora Artmed.

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PUBLIEDITORIAL

Leitura Complementar

A Prática da Atenção Farmacêutica e as Bases de Evidências Científicas


PUBLIEDITORIAL

Leitura Complementar

Por que devemos conhecer os métodos de investigação de problemas em saúde? • Conhecimentos científicos válidos e confiáveis na busca de solução de problemas que afligem a humanidade. • Desenvolvimento marcante nas últimas décadas dos recursos tecnológicos, metodológicos e estatísticos na produção de conhecimentos científicos. • “Era do custo-efetividade”. • Aprofundamento do espírito crítico. • Mudança de paradigma na prática médica: de “eu acho” para “medicina baseada em evidência”.

Em epidemiologia, dizemos que: • O Problema em Estudo refere-se às doenças ou agravos à saúde de qualquer natureza que acometem grupos humanos. • A partir desse ponto, o propósito de resolver o problema torna-se a “questão científica”. • O desdobramento do problema científico em enunciados questionativos é etapa inicial do processo de pesquisa.

CIENTÍFICO Observação do fenômeno Tabulação e comparação Elaboração de hipótese

CIENTÍFICO Definição de hipótese Experimentação da hipótese Informação e formulação da lei

EPIDEMIOLÓGICO Etapa descritiva e exploratória, na qual o objeto de estudo é total ou parcialmente desconhecido e há necessidade de se caracterizar o problema em questão: Quem? Quando? Onde?

EPIDEMIOLÓGICO Etapa analítica que dá continuidade à investigação do problema. Partindo-se de uma hipótese definida, busca-se responder: • Causalidade (etiologia/fatores de risco) • Medidas de Prevenção, Controle ou Tratamento • Avaliação de Procedimentos Diagnósticos (maior precisão)


Classificação dos estudos segundo o “Cumprimento das Etapas do Método Científico”: Estudos Descritivos Relato de casos Série de casos Transversal ou de Prevalência Ecológico

Estudos Analíticos Coorte Caso-controle Ensaio clínico Ensaio de Comunidade

Classificação dos estudos de acordo com o “Papel do Pesquisador”: Estudos OBSERVACIONAL Estudo Observacional Relato de casos Série de casos Transversal ou de Prevalência Ecológico Coorte Caso-controle

Estudo DE INTERVENÇÃO Ensaio clínico Ensaio de Comunidade

Classificação dos estudos de acordo com o “Desenvolvimento da Pesquisa no Tempo”:

PASSADO

Prospectivo (coorte/intervenção)

FUTURO

Investigação populacional sobre a presença ou não de doença e fatores de risco

TRANSVERSAL

Retrospectivo (caso-controle)

PRESENTE

Busca a exposição (fatores de risco)

Seleciona casos e controles (doentes e não doentes) Seleciona expostos e não expostos

Observação de efeitos (doença)


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Classificação dos estudos de acordo com o “foco de interesse da pesquisa”: FOCO DE INTERESSE

TIPOS DE ESTUDOS

Incidência e Prevalência

Coorte e Transversal

Etiológico Diagnóstico

Transversal, Caso-controle e Coorte

Prognóstico Coorte e Intervenção

Tratamento ou prevenção

De acordo com Strom, 1994, a farmacoepidemiologia é considerada como o resultado da associação entre a farmacologia e a epidemiologia. É definida como o estudo do uso e dos efeitos dos medicamentos no conjunto das pessoas, sendo sua principal preocupação os efeitos adversos identificados após a comercialização dos produtos. Entre as ferramentas utilizadas na farmacoepidemiologia, encontramos os Estudos de Utilização de Medicamentos – EUM (Drug Utilization Research – DUR), o Acompanhamento do Risco/ Benefício dos Medicamentos (Risk/Benefit-

Assessment of Drugs), os Programas de Gerenciamento de Doenças (Disease Management Programs). Os Estudos de Utilização de Medicamentos (EUM) destinam se a: • Mensurar o uso de medicamentos na população; • Analisar os padrões de prescrições dos médicos e dentistas; • Verificar a adesão dos pacientes aos tratamentos prescritos; • Gerenciar a qualidade na utilização de medicamentos.

Quais são os aspectos e consequências a serem explorados com os EUM? Aspectos médicos • Benefícios: eficácia na prevenção, alívio e cura das doenças e de seus sintomas,bem como demais complicações. • Riscos: efeitos adversos a curto e longo prazo; fatores especiais de risco com provável determinação genética. Doença e ambiente, nutrição, idade, sexo, gravidez e amamentação. • Relação benefício/risco: até que ponto a prescrição e uso inapropriados de medicamentos reduzem os benefícios e incrementam os riscos.

Aspectos sociais • Atitudes em relação aos fármacos e à saúde, tendências atuais na “cultura do medicamento” versus a persistência ou ressurgimento da medicina tradicional. • Abuso de fármacos e a dependência química (causas e consequências). • Uso inapropriado dos medicamentos (não observância da prescrição ou uso com propósitos não prescritos ou recomendados). • Discriminação e injustiça social (p. ex.: não disponibilidade de medicamentos para os que dele necessitam). • Efeitos da informação e das medidas regulamentadoras.

Aspectos econômicos • Preços e custos dos medicamentos; produção local versus importação; custos de novos fármacos em comparação com os já existentes e com medicamentos genéricos; custos do tratamento farmacológico. • Relação custo/eficácia/segurança em comparação com os aspectos assinalados. • Destinação atual e futura dos recursos nacionais (capital, pessoal, instalações) no orçamento dos setores de saúde e de medicamentos.


Classificação dos estudos de utilização de medicamentos: 1. Estudos de consumo: Descrevem quais medicamentos são empregados e em que quantidades; 2. Estudos de prescrição-indicação: Descrevem as indicações de utilização de um determinado fármaco ou grupo de fármacos; 3. Estudos indicação-prescrição: Descrevem os fármacos utilizados em uma determinada indicação ou grupo de indicações; 4. Estudos sobre o esquema terapêutico: Descrevem características da utilização prática dos medicamentos (doses, acompanhamento dos níveis plasmáticos, duração do tratamento, aderência ao tratamento); 5. Estudos dos fatores que condicionam os hábitos de prescrição e dispensação: Descrevem características dos prescritores, dos dispensadores, dos pacientes e de outros elementos pertinentes aos medicamentos e sua relação com os hábitos de prescrição e dispensação; 6. Estudos das consequências práticas da utilização dos medicamentos: Descrevem benefícios, efeitos indesejáveis e custos reais do tratamento farmacológico. Podem expor sua ligação com as características da utilização dos medicamentos; 7. Estudos de intervenção: Descrevem as características da utilização dos medicamentos vinculados a um programa de intervenção concreta sobre seu uso.

Como utilizar estas informações na prática da atenção farmacêutica? O processo de decisão terapêutica envolve vários atores, desde a escolha do prescritor, considerando um diagnóstico preciso e específico para as necessidades do paciente, passando pela dispensação orientada, até o uso adequado pelo consumidor.

O Programa FDA-MedWatch é uma iniciativa da Agência Americana para Controle de Medicamentos e Alimentos (FDA) desenvolvida para educar os profissionais de saúde sobre a importância de monitorar o uso de medicamentos e, especialmente, seus efeitos adversos.

Mesmo que estudos clínicos populacionais tenham demonstrado efetividade de uso em uma determinada população, a escolha terapêutica muitas vezes repercute em respostas inadequadas quanto à eficácia e segurança, principalmente quando observamos o uso em grande escala na população em geral.

A finalidade do programa é descrever e solucionar problemas relacionados ao uso inadequado, de produção e manufatura, fornecendo informações confiáveis e rápidas a toda a comunidade técnica quando necessário, melhorando os indicadores de saúde da população americana.

A Atenção Farmacêutica se apresenta como uma filosofia de prática em que a ética e o conhecimento técnico permeiam as condutas, com o intuito de lograr resultados sólidos, que levem à melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

O propósito do programa MedWatch é aumentar a efetividade da vigilância pós-marketing dos produtos médicos (medicamentos, correlatos, materiais odontológicos e veterinários), e observar como são utilizados na prática clínica, identificando rapidamente os riscos à saúde associados com estes produtos.


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Os quatro principais objetivos do programa MedWatch são: 1. Aumentar a segurança no uso de medicamentos e evitar doenças induzidas por fármacos; 2. Esclarecer o que deve (e o que não deve) ser reportado para a agência; 3. Facilitar as notificações, tornando-as parte de um sistema único de reporte de reações adversas de medicamentos e demais problemas a agencia; 4. Providenciar retorno à comunidade por meio de comunicados e alertas de segurança envolvendom produtos médicos.

Os interessados nesse tipo de informação são:

• Políticos; • Autoridades Reguladoras de medicamentos; • Indústria Farmacêutica; • Seguradoras de Saúde e Empresas de Medicina de Grupo; • Profissionais de saúde; • Consumidores.

Ao final, o profissional habilitado para a prática da Atenção Farmacêutica será capaz de identificar os problemas de saúde relevantes do paciente,avaliar a idoneidade e a qualidade das fontes de informação sobre os medicamentos e aplicar esses cuidados na melhoria da qualidade de vida dos seus pacientes. A farmacoterapia apoia-se nos princípios do uso racional dos medicamentos e, para isso, as seguintes etapas fazem-se necessárias: 1. Identificar o problema de saúde 2. Rever a fisiopatologia envolvida no problema 3. Definir os objetivos terapêuticos 4. Selecionar as estratégias terapêuticas (farmacológicas e não farmacológicas) 5. Selecionar os grupos de fármacos efetivos e seus respectivos medicamentos 6. Iniciar o tratamento (prescrição/indicação/dispensação) 7. Realizar o monitoramento


Caso Clínico Sr. José Pereira, 38 anos, executivo, procurou o serviço de saúde para realização de “check-up” anual. Refere jogar futebol com os amigos uma vez por semana. Ex-tabagista de um maço de cigarros/dia. Nega consumo de bebidas alcoólicas. Ao exame físico apresentou medida de pressão arterial de 140 /95 mmHg, peso = 82 kg, altura = 1,69 m, Índice de Massa Corpórea (IMC) = 28,7 Kg/m². Sem outras alterações.

1. Definir o problema de saúde Homem adulto-jovem, com hipertensão arterial (HAS) estágio 1, sem complicações cardiovasculares, sedentário, ex-tabagista, com sobrepeso e com recurso financeiro.

2. Rever a fisiopatologia envolvida na Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)


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3. Definir os objetivos terapêuticos • Diminuir a morbimortalidade cardiovascular • Adequar os níveis pressóricos • Reduzir peso • Praticar atividade física regular

4. Selecionar as estratégias terapêuticas (farmacológicas e não farmacológicas) Não farmacológicas • Conhecimento sobre a gravidade da doença • Controle do peso • Redução do consumo de sódio • Prática de atividade física regular

Farmacológicas


5. Selecionar os grupos eficazes e, dentro do escolhido, selecionar o fármaco de melhor perfil para o paciente em questão. Para início do tratamento da hipertensão, optar preferencialmente pela monoterapia, considerando critérios de perfil do medicamento para alcançar os objetivos terapêuticos, a eficácia em monoterapia, a segurança para o paciente e a conveniência no uso.

Grupo 3

Diuréticos

2 ß Bloqueadores

Perfil

Eficácia

Segurança

Conveniência

Vol/TFG RVP Na Total

++++ Monoterapia

+++ K+Diabetes Disf. Sex

++++

Débito Cardíaco FC

++++ Monoterapia

++ Asma / DPOC BAV e D.Sex

++++

Aldost. AngiotII RVP

++++ Monoterapia

++++ Gestante Teratogênico

+++

4

IECA

1

Bloqueador de Canal de Ca²

RVP [Ca² ]

+++

++

+++

6

Bloqueador de receptores ATI

Aldost. AngiotII

++++

+++

++++

Legenda:Vol. = volume; TFG = taxa de filtração glomerular; RVP =resistência vascular periférica; Na = sódio; FC = frequência cardíaca; Aldost = aldosterona; AngiotII = angiotensina II; [Ca2+] = concentração de cálcio; K = potássio; D. sex = disfunção sexual; DPOC = doença pulmonar obstrutiva crônica; BAV = bloqueio atrioventricular

O tratamento deve ser individualizado e a escolha inicial do medicamento como monoterapia deve se nos seguintes aspectos:

• Capacidade de o agente escolhido reduzir morbimortalidade cardiovasculares • Perfil de segurança do medicamento • Mecanismo fisiopatogênico predominante no paciente • Características individuais do paciente • Doenças associadas • Condições socioeconômicas


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6. Iniciar o tratamento: (Não farmacológico e Farmacológico) Não farmacológico • Diminuir o sal (sódio) na comida: (tirar o saleiro da mesa e não usar temperos comerciais) • Evitar frituras (diminuir o óleo e demais gorduras) • Caminhar pelo menos 30 minutos por dia (por ex: ida ou volta ao trabalho) Farmacológico

Telmisartana 40mg

uso contínuo.

Tomar 1 (um) comprimido, por via oral, pela manhã, com água. SP, fevereiro de 2013 CRM:XXXXXXXXXXX

Discussão: A decisão terapêutica deve ser baseada nos fatores de risco que o paciente hipertenso apresenta e não apenas no nível da pressão arterial aferida. Outro aspecto importante na decisão terapêutica está nas características do anti-hipertensivo:

1. Ser eficaz por via oral e permitir a administração em menor número de tomadas diárias, preferencialmente dose única, por um período mínimo de quatro semanas, podendo ser aumentado antes de adicionar outro fármaco. 2. Ser bem tolerado e seguro em relação aos efeitos secundários, de acordo com o perfil do paciente em questão. 3. Ter demonstrado em ensaios clínicos a capacidade de reduzir morbimortalidade cardiovasculares associadas à hipertensão arterial.

7. Realizar o monitoramento • Retorno com o médico conforme previamente agendado. • Retorno à Atenção Farmacêutica em 30 dias: – Reavaliar valores de pressão arterial (PA) e peso – Checar demais orientações sobre a adesão global ao tratamento

Referências Bibliográficas: Almeida Filho N, Rouquayrol MZ. Bases do Método Epidemiológico. In: Introdução à Epidemiologia. MEDSI, Rio de Janeiro, 2a. Ed., 2002. Gomes MM, Kale PL. Qualidade das evidências: desenhos de pesquisa. In: Medicina baseada em evidências: princípios e práticas. Rio de Janeiro: Editora Reichmann & Affonso, 2001: 15-35. Gomes MM, Soares JAS. Principais questões em pesquisa clínica: o projeto. In: Gomes MM, editora. Fundamentos para a pesquisa e melhores decisões clínicas. Rio de Janeiro: Cadernos Didáticos da UFRJ. Sub-Reitoria de Ensino de Graduação e Corpo Discente / SR-1, 1994: 43-48.


facebook.com/ajudareomelhorremedio

Mudar o mundo. Podemos começar com algo simples Algo simples como pessoas ajudando pessoas Pessoas que têm o poder de mudar o mundo.

Assista ao nosso vĂ­deo e inspire-se. Em 2013, ajude.

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6. Iniciar o tratamento: (Não farmacológico e Farmacológico) Não farmacológico • Diminuir o sal (sódio) na comida: (tirar o saleiro da mesa e não usar temperos comerciais) • Evitar frituras (diminuir o óleo e demais gorduras) • Caminhar pelo menos 30 minutos por dia (por ex: ida ou volta ao trabalho) Farmacológico

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uso contínuo.

Tomar 1 (um) comprimido, por via oral, pela manhã, com água. SP, fevereiro de 2013 CRM:XXXXXXXXXXX

Discussão: A decisão terapêutica deve ser baseada nos fatores de risco que o paciente hipertenso apresenta e não apenas no nível da pressão arterial aferida. Outro aspecto importante na decisão terapêutica está nas características do anti-hipertensivo:

1. Ser eficaz por via oral e permitir a administração em menor número de tomadas diárias, preferencialmente dose única, por um período mínimo de quatro semanas, podendo ser aumentado antes de adicionar outro fármaco. 2. Ser bem tolerado e seguro em relação aos efeitos secundários, de acordo com o perfil do paciente em questão. 3. Ter demonstrado em ensaios clínicos a capacidade de reduzir morbimortalidade cardiovasculares associadas à hipertensão arterial.

7. Realizar o monitoramento • Retorno com o médico conforme previamente agendado. • Retorno à Atenção Farmacêutica em 30 dias: – Reavaliar valores de pressão arterial (PA) e peso – Checar demais orientações sobre a adesão global ao tratamento

Referências Bibliográficas: Almeida Filho N, Rouquayrol MZ. Bases do Método Epidemiológico. In: Introdução à Epidemiologia. MEDSI, Rio de Janeiro, 2a. Ed., 2002. Gomes MM, Kale PL. Qualidade das evidências: desenhos de pesquisa. In: Medicina baseada em evidências: princípios e práticas. Rio de Janeiro: Editora Reichmann & Affonso, 2001: 15-35. Gomes MM, Soares JAS. Principais questões em pesquisa clínica: o projeto. In: Gomes MM, editora. Fundamentos para a pesquisa e melhores decisões clínicas. Rio de Janeiro: Cadernos Didáticos da UFRJ. Sub-Reitoria de Ensino de Graduação e Corpo Discente / SR-1, 1994: 43-48.


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