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Curitiba com Assistência à Saúde?

Não para quem tem Transtorno de Espectro Autista (TEA)

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Maria Letícia, Médica-legista, ginecologista e vereadora pelo Partido Verde em Curitiba. Sua luta pela defesa das mulheres e da saúde começou antes de sua entrada na política, já que em 2012, fundou a ONG Mais Marias para ajudar mulheres vítimas de violência

Quem precisa de atendimento em Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou em saúde mental na capital do Paraná está condenado a uma espera angustiante. Em Curitiba, as famílias com filhos com deficiência esperam por anos a fio sem conseguir um diagnóstico na rede municipal de saúde (e quando conseguem, não recebem acompanhamento médico adequado).

Em 2017, o Ambulatório Encantar, dedicado ao tratamento de saúde mental e TEA para crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, atendia 600 curitibinhas, segundo a Prefeitura. Hoje, o Encantar recebe pacientes até 14 anos, diminuindo a linha de corte por idade sem justificativa e sem atualizar informações sobre a população atendida.

O silêncio da Prefeitura esconde uma realidade revoltante, já que Curitiba tem uma fila de espera com mais de 2 mil crianças aguardando diagnóstico TEA na rede pública. Crianças que precisam de um parecer médico, mas que têm seu tratamento impedido porque a gestão não disponibiliza neurologistas. Em agosto de 2022, a própria Prefeitura informava que a espera por um diagnóstico era de 2 anos. Hoje, tenho recebido relatos de uma espera ainda maior, de até 3 anos.

Quando as famílias conseguem o diagnóstico de seus filhos, o perrengue muda de fase. O que chamam de atendimento especializado é na verdade só uma consulta por mês. E uma consulta por mês não oferece apoio adequado. Estamos falando de milhares de famílias sem acesso à saúde. E quando levanto o tema dentro da Câmara Municipal, ouço dos colegas vereadores amigos do prefeito que a saúde vai às mil maravilhas. Imagine você ter um filho sofrendo e ouvir de quem deveria resolver isso que “em Curitiba não acontece”. A saúde está sendo tratada com deboche e mentiras. E isso, como médica, fica difícil de engolir. Tem algum relato? Mande pelo marialeticiafagundes@cmc. pr.gov.br ou (41)99165-0043.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORAM NESTA EDIÇÃO Cláudia Kanoni e Maria Letícia ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Juliana Santos DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

Cassação de Dallagnol mexe com eleição de Curitiba

A decisão do TSE que cassou o ex-procurador da Lava Jato e deputado federal, Deltan Dallagnol, deve ter efeitos na eleição para a Prefeitura de Curitiba. Com quase 345 mil votos, ele foi o parlamentar mais votado no estado e era nome forte para suceder o prefeito Rafael Greca. Porta-voz do lava-jatismo, Deltan ainda contava com apoio do senador Sérgio Moro.

Os possíveis bene ciados pelo impedimento são da direita, que perderiam votos para o movimento conservador, justiceiro e evangélico que Dallagnol representa. Um deles é o atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, visto como sucessor de Greca e em pré-campanha com apoio das empresas de transporte. Outro que pode herdar os votos é Paulo Martins, bolsonarista que cou atrás de Moro na corrida. Ele é um dos que questionam as contas de campanha, que podem levar à cassação de Moro.

Por outro lado, a cassação de Dallagnol ainda pode dar argumentos para a esquerda, acuada por conta da Lava Jato e de Bolsonaro. Sem Dallagnol, a pauta do “combate à corrupção” pode não ser central, fortalecendo o discurso social e uma aliança com o governo federal. Tentam colar em Lula o deputado estadual Goura e a ex-vereadora e deputada federal, Carol Dartora. O ex-prefeito Luciano Ducci, próximo a Beto Richa, também é uma das possibilidades.

Disse em seu Twitter a deputada federal Erika Hilton (Psol) ao comentar fatos que aconteceram na terça (16), após a mudança de preços dos combustíveis na Petrobras e a cassação do deputado Deltan Dallagnol pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por 7 votos a 0.

Dia de cassado

JOGO DO PODER Por

Cercado de bolsonaristas

O ex-procurador da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, teve o mandato de deputado federal cassado por 7 votos a 0 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que incluiu o voto de três ministros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O que limita sua argumentação de que foi tirado da Câmara por corruptos e pessoas ligadas ao presidente Lula. Sua tentativa foi, o tempo todo, dizer ser um mártir e cassado por ter ousado enfrentar o “sistema”. Não usou nenhum argumento jurídico.

Pouco inteligente

A mira de Deltan também foi direcionada ao Supremo Tribunal Federal e ao TSE, principalmente a ministros como Gilmar Mendes, e demais ministros que estão nos dois tribunais. Iniciativa pouco inteligente, já que serão eles que poderão analisar os recursos jurídicos ainda disponíveis para Deltan tentar recuperar o mandato. Parece não acreditar nessa possibilidade e prefere “jogar para a torcida”.

Se nas cortes Deltan Dallagnol não teve apoio de bolsonaristas, no dia seguinte à cassação o ex-deputado fez discurso cercado de parlamentares ligados ao ex-presidente, como o filho Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis e outros da bancada da extrema direita. Ao lado dessas pessoas, algumas acusadas de corrupção, fez discurso contra a corrupção e corruptos, comparando-se a Jesus Cristo e dizendo que foi inventada uma “inelegibilidade imaginária”.

Collor na prisão?

Em julgamento no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin, relator da denúncia contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello, votou pela condenação de Collor a uma pena de 33 anos, 10 meses e dez dias de prisão. Collor é acusado de receber propina de um esquema de corrupção na BR Distribuidora. O julgamento continuava após o fechamento desta edição. Caso haja maioria pela prisão, o ex-presidente que sofreu impeachment pode acabar seus dias na prisão.

Greve em aplicativos

Na segunda-feira (15), milhares de motoristas por aplicativos, de diversas capitais e cidades brasileiras, paralisaram suas corridas em defesa do aumento de seus rendimentos e por melhores condições de trabalho. Foi a primeira greve de dimensão nacional feita por essa categoria neste ano e, ao que tudo indica, não será a última.

Sem reajuste

Com o intuito de ser realizada por 24 horas, a paralisação começou no período da manhã, apresentando como principais reivindicações o aumento do valor mínimo das corridas, de R$ 5,62 para R$ 10,00, e o adicional de R$ 2,00 por quilômetro rodado. Conforme lideranças da categoria, a despeito do aumento dos preços do combustível e da cesta básica, bem como do próprio valor pago pelos clientes após as corridas, os motoristas cadastrados na Uber sofrem com a falta de reajuste na tarifa há aproximadamente oito anos.

Mais transparência

Além das pautas financeiras, os trabalhadores reivindicam mais transparência dos algoritmos quanto ao desligamento e a possibilidade de reinserção nas plataformas, maior rigidez no cadastro – com mudança nos termos de uso – e aumento da segurança durante as jornadas – materializada, em algumas localidades, pela instalação, por parte das empresas, de câmeras nos veículos.