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Após morte de jovem em Curitiba, PM testará uso de câmeras corporais

Deputado apresenta projeto para obrigatoriedade do uso das câmeras em policiais

Gabriel Carriconde

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ASecretaria de Segurança do Paraná (Sesp) anunciou na segunda-feira (10) que irá alugar cerca de 300 câmeras corporais para uso da PM. As chamadas “bodycams” serão utilizadas nas fardas por um ano como teste. O anúncio ocorre em meio a críticas às forças de segurança pública após a morte do jovem Caio José Ferreira de Souza Lemes, estudante de 17 anos baleado pela Guarda Municipal de Curitiba (GM) no mês passado.

Caio morreu e, num primeiro momento, policiais diziam que portava uma faca de 25 centímetros num boné. Depois as versões foram mudando, e um dos policiais envolvidos chegou a dar depoimento de que o jovem apenas tinha se assustado e corrido, que estava desarmado e a faca foi plantada no local.

Por causa dessa ocorrência, no sábado (8), ato organizado pela família com apoio do deputado estadual Renato Freitas (PT) promoveu uma caminhada na Boca Maldita, no centro de Curitiba, em defesa da vida e marcando o lançamento de abaixo-assinado para que o Congresso Nacional aprove o uso

Sesp Testar C Meras

obrigatório de câmeras nas polícias militares estaduais. Freitas ainda apresentou na Assembleia Legislativa do Paraná projeto de lei parecido, chamado de Lei Caio José.

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, disse que, no estado, as câmaras serão avaliadas. “Serão feitos testes para ver a viabilidade da aplicação no policiamento ostensivo, como aconteceu em outros estados. Isso vai colaborar para verificarmos a efetividade deste equipamento ou não”, afirmou.

Vítima de racismo no Atacadão, professora tira a roupa para poder fazer compras

Ana Carolina Caldas

“Fui tratada como se eu fosse um marginal, fui sendo seguida por um segurança por mais de meia hora dentro do Atacadão. Isso não pode ser normal, eu perguntei para ele se eu estava oferecendo algum risco”, desabafou em um vídeo no instagram a professora curitibana Isabel Oliveira. Ela relata que ao entrar no Supermercado Atacadão (que pertence à rede Carrefour), no bairro Portão, em Curitiba, percebeu estar sendo seguida pelo segurança. Isabel chegou a sair sem fazer as compras, mas retornou com o marido, tirou as roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã como forma de protesto e, segundo ela, também para mostrar que não oferecia perigo.

Em seu vídeo, bastante entristecida, disse que estava apenas tentando fazer compras para a família. “Entrei para fazer as minhas compras. Isso não dá para admitir. Hoje eu fui a bola da vez, mas não dá pra gente sempre ser visto como uma ameaça,” falou. Ela disse ainda que ligou para uma delegacia, porém disseram que “o segurança andar pelo mercado” não configura racismo.

Presidente Lula Numa reunião ministerial, antes de viajar à China, o presidente Lula declarou sobre o caso: “O Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra que ia fazer compras achando que ela ia roubar. Ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que não ia roubar. É a segunda vez que o Carrefour faz isso. A gente tem que dizer para a direção do Carrefour se eles quiserem fazer isso no seu país de origem que faça. Mas nesse país aqui não vamos admitir o racismo que essa gente tenta impor ao Brasil”, disse Lula.

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o uso das bodycams ajudou na produtividade das forças de segurança, com o crescimento de prisões em agrante, apreensões de drogas, atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica.

Só no estado de São Paulo, no último ano, a letalidade policial caiu cerca de 40%, de acordo com dados do próprio governo paulista. No Paraná cerca de 488 pessoas foram mortas em confrontos com as polícias militar, civil e Guarda Municipal, crescimento de 26,2% nos últimos dois anos. Os dados são do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná.

Para o deputado Renato Freitas, o caso Caio José demonstra a necessidade das câmeras. “O assassinato de Caio demonstra a urgência da instalação de câmeras corporais em todas as polícias e guardas como medida de política pública permanente, e não a critério do governante de plantão”. O parlamentar ainda complementa que “a câmera corporal contribui com a apuração da verdade no julgamento de con itos ligados às abordagens, assegurando os direitos tanto do cidadão abordado quanto do próprio agente de segurança, que terá a chance de demonstrar que os protocolos de operação policial foram seguidos”, sustenta.

IMPACTO

O Brasil de Fato Paraná entrou em contato com o Supermercado Atacadão, que enviou a seguinte resposta: “A empresa informa que apurou o caso, ouvindo os funcionários e analisando as imagens de câmeras de segurança, e não identificou indícios de abordagem indevida. Leia a nota na íntegra em brasildefatopr.com.br