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O LIVRO DOS MĂDIUNS
AtĂ© certo ponto, poder-se-ia compreender a existĂȘncia do traje, por ser possĂvel considerĂĄ-lo como, de alguma sorte, fazendo parte do indivĂduo. O mesmo, porĂ©m, nĂŁo se dĂĄ com os objetos acessĂłrios, qual, por exemplo, a caixa de rapĂ© do visitante da senhora doente, de quem falamos no no 116. Notemos, a este propĂłsito, que ali nĂŁo se tratava de um morto, mas de um vivo, e que tal senhor, quando voltou em pessoa, trazia na mĂŁo uma caixa de rapĂ© semelhante em tudo Ă da aparição. Onde encontrara seu EspĂrito a que tinha consigo, quando sentado junto ao leito da doente? PoderĂamos citar grande nĂșmero de casos em que EspĂritos, de mortos ou de vivos, apareceram com diversos objetos, tais como bengalas, armas, cachimbos, lanternas, livros, etc. Veio-nos entĂŁo uma idĂ©ia: a de que, possivelmente, aos corpos inertes da terra correspondem outros, anĂĄlogos, porĂ©m etĂ©reos, no mundo invisĂvel; de que a matĂ©ria condensada, que forma os objetos, pode ter uma parte quintessenciada, que nos escapa aos sentidos. NĂŁo era destituĂda de verossimilhança esta teoria, mas se mostrava impotente para explicar todos os fatos. Um hĂĄ, sobretudo, que parecia destinado a frustrar todas as interpretaçÔes. AtĂ© entĂŁo, nĂŁo se tratara senĂŁo de imagens, ou aparĂȘncias. Vimos perfeitamente bem que o perispĂrito pode adquirir as propriedades da matĂ©ria e tornar-se tangĂvel, mas essa tangibilidade Ă© apenas momentĂąnea e o corpo sĂłlido se desvanece qual sombra. JĂĄ Ă© um fenĂŽmeno muito extraordinĂĄrio; porĂ©m, o que o Ă© ainda mais Ă© produzir-se matĂ©ria sĂłlida persistente, conforme o provam numerosos fatos autĂȘnticos, notadamente o da escrita direta, de que
Sem tĂtulo-1
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