Bisi CBE 2009 Transferencia trofica de mercenio total

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sendo adicionado 10 ml de KMnO4 (5%). As amostras retornaram ao banho - maria (60ºC) por mais 15 minutos e resfriadas, repousando por uma noite. No dia seguinte o extrato foi reduzido com a adi¸ca ˜o de 1 mL de cloridrato de hidroxilamina (HONH3 ) 12%. O extrato final foi avolumado com ´ agua Milli - Q at´e 14 mL (Bastos et al., 1998). A leitura das concentra¸co ˜es foi feita em um Espectrofotˆ ometro de Absor¸ca ˜o Atˆ omica com um sistema de inje¸ca ˜o de fluxo para vapor frio de merc´ urio (FIMS 400). A precis˜ ao e exatid˜ ao dos m´etodos empregados foram verificadas atrav´es da an´ alise de material certificado DORM - 3 do National Research Council, do Canad´ a. O limite de detec¸c˜ ao do m´etodo (DL = 0,51 ng.g - 1 ) foi calculado a partir do uso do desvio padr˜ ao dos brancos de todas as baterias de an´ alise (0,052 ng.ml - 1 ), multiplicado por trˆes, e corrigido pela massa m´edia das amostras de m´ usculo analisadas (0,3068 g). A fim de verificar a existˆencia de diferen¸cas nas concentra¸co ˜es de merc´ urio total entre o boto - cinza e as suas presas, foi realizada a an´ alise Kruskal - Wallis (Zar, 1999) e, posteriormente, aplicado um teste a posteori de Tukey HSD aplicado sobre ranks. Foram, ainda, investigadas correla¸co ˜es utilizando o teste de Spearman.

entre as esp´ecies analisadas. Esse resultado est´ a relacionado ao h´ abito alimentar dessas esp´ecies, que consiste principalmente de peixes tele´ osteos e, tamb´em, de cefal´ opodes e crust´ aceos (Castello et al., 2007; Bittar et al., 2008). O merc´ urio ´e um metal - tra¸co que al´em de bioacumular, tamb´em sofre o processo de biomagnifica¸ca ˜o ao longo da cadeia alimentar, apresentando concentra¸co ˜es maiores em animais topo de cadeia. O presente estudo encontrou que n˜ ao s´ o S. guianensis apresentou as maiores concentra¸co ˜es de merc´ urio no m´ usculo em rela¸ca ˜o a `s suas presas, mas tamb´em que as esp´ecies de peixes apresentaram uma tendˆencia ao aumento da concentra¸ca ˜o desse metal em rela¸ca ˜o ao n´ıvel tr´ ofico sugerido a partir da dieta alimentar das esp´ecies. Esse mesmo contexto da rela¸ca ˜o das concentra¸co ˜es de merc´ urio total em S. guianensis e suas presas foi observado em estudos semelhantes na Ba´ıa de Guanabara (Lailson - Brito, 2007; Bisi et al., 2008). N˜ ao houve correla¸ca ˜o entre o tamanho das esp´ecies de presas e a concentra¸ca ˜o de HgT no m´ usculo (Correla¸ca ˜o de Spearman r = 0,038; p = 0,79). Esse resultado refor¸ca a importˆ ancia da dieta na acumula¸ca ˜o do merc´ urio.

˜ CONCLUSAO RESULTADOS

As concentra¸co ˜es de merc´ urio total variaram significativamente entre S. guianensis e suas presas (Teste de Kruskal - Wallis H6,73 = 57,62; p < 0,00001). S. guianensis e P. pagrus apresentaram os maiores concentra¸co ˜es m´edias, 192,53 ng.g - 1 (min - max = 23,3 - 769,1 ng.g - 1 ) e 160,78 ng.g - 1 (min - max = 34,9 - 284,2 ng.g - 1 ), respectivamente. As menores concentra¸c˜ oes de HgT foram verificadas em Cetengraulis edentulus (m´edia = 9,43 ng.g - 1 , min - max = 3,9 - 17,2 ng.g - 1 ), Micropogonias furnieri (m´edia = 13,01 ng.g - 1 , min - max = 1,6 - 27,9 ng.g - 1 ) e Mugil curema (m´edia = 1,80 ng.g - 1 , min - max = <DL - 3,6 ng.g - 1 ). M. furnieri ´e uma esp´ecie carn´ıvora, apresentando uma dieta bastante diversificada na fase adulta, alimentando - se de organismo bentˆ onicos (Vazzoler, 1991). Entretanto, nas primeiras fases do ciclo de vida, a alimenta¸ca ˜o ´e basicamente de organismos planctˆ onicos (Vazzoler, 1991), sendo que na Ba´ıa de Sepetiba, cyclopoida foi o principal item alimentar encontrado em indiv´ıduos com comprimento total menor que 30 cm (Pessanha, 2006). O tamanho dos indiv´ıduos de M. furnieri analisados no presente estudo variou entre 17,8 e 24 cm, faixa de tamanho que S. guianensis exerce preda¸c˜ ao na esp´ecie. Em Cetengraulis edentulus, fitoplancton ´e o item alimentar predominante (Gay et al., 2002), enquanto que M. curema alimenta - se de diatom´ aceas, cop´epodos, polychaeta e detritos orgˆ anicos (Ramanathan, 1980; Deus et al., 2007). Uma vez que essas trˆes esp´ecies se alimentam de organismos da base da cadeia alimentar ou de n´ıveis tr´ oficos inferiores pelo menos na faixa de tamanho utilizada no estudo, eram esperadas concentra¸co ˜es menores em rela¸ca ˜o a `s demais esp´ecies analisadas. As concentra¸co ˜es de merc´ urio total do Cynoscion guatucupa (m´edia = 45,34 ng.g - 1 ; min - max = 25,4 - 56,8 ng.g - 1 ) e Trichiurus lepturus (m´edia = 33,91 ng.g - 1 ; min - max = 16,4 - 43,8 ng.g - 1 ) apresentaram valores intermedi´ arios

As concentra¸co ˜es de merc´ urio total encontrados no estudo apontam para a biomagnifica¸ca ˜o desse metal ao longo da cadeia alimentar que envolve o boto - cinza na Ba´ıa de Sepetiba. Al´em disso, comparando as concentra¸co ˜es de merc´ urio encontradas nas presas com seus respectivos h´ abitos alimentares, sugere - se que o merc´ urio possa ser usado como um indicativo do n´ıvel tr´ ofico das esp´ecies. (Agradecimento: Este estudo ´e desenvolvido com o aux´ılio financeiro do Programa Pensa Rio/Faperj Proc. E 26/110.371/2007. T.L. Bisi ´e bolsista de doutorado da CAPES; V.A. Moreira ´e bolsita de inicia¸ca ˜o cient´ıfica da Faperj; A.F. Azevedo ´e bolsista de produtividade do CNPq e J.Jr. Lailson - Brito ´e bolsista do Programa Prociˆencia FAPERJ/UERJ).

ˆ REFERENCIAS

ABES. Cat´ alogo brasileiro de engenharia sanit´ aria. Associa¸ca ˜o Brasileira de Engenharia Sanit´ aria e Ambiental, Rio de Janeiro, 1983, 452 p. Bastos, W.R., Malm, O., Pfeiffer, W.C., Cleary, D. Establishment and analytical quality control of laboratories for Hg determination in biological and geological samples in the Amazon - Brazil. Ciˆencia e Cultura, 50(4): 255 - 260, 1998. Bisi, T.L., Dorneles, P.R., Lailson - Brito, J., Vidal, L.G., Lepoint, G., Andrade - Costa, E.S., Azevedo, A.F., Azevedo - Silva, C., Malm, O., Das, K. Mercury in Guanabara Bay: link between exposure levels and stable isotope in Sotalia guianensis and its prey species. Anais da XIII Reuni´ on de Trabajo de Especialistas em Mam´ıferos Acu´ aticos de Am´erica Del Sur, 70 Congreso SOLAMAC, Montevid´eu, Uruguai. 2008.

Anais do III Congresso Latino Americano de Ecologia, 10 a 13 de Setembro de 2009, S˜ ao Louren¸ co - MG

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