Simplesmente JUDÔ #12 - #TBT 2020

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EDITORIAL A Simplesmente JUDÔ número 12 é o resultado de um grande de­ safio. Na mesma pegada da edição 11, desta vez o #TBT será, acredi­ tem, de 2020! Ano que prometia ser intenso, ano de olimpíada, de muitas competições e eventos. E começou forte nos três primeiros meses. De­ pois, um hiato de alguns meses... Tudo parou! Foi a hora do judô se reinventar. De professores e dirigen­ tes usarem da criatividade e da tec­ nologia para dar opções para os judocas. Ninguém poderia ficar para­ do. Hora das competições virtuais e funcionais. Novembro e dezembro, alguns eventos realizados com cui­

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dados e protocolos, alguns em for­ mato bolha, e mais eventos virtuais. Um ano complicado, que não gosta­ ríamos de lembrar. Mas se formos lembrar, que seja com o que aconte­ ceu de bom. E para isso, fomos um pouco além das nossas coberturas e fomos buscar notícias de eventos que aconteceram pelo Brasil e pelo mundo. Assim, guardamos em nos­ sas memórias bons momentos que aconteceram e mostramos que ju­ docas são criativos e se adaptam às circunstâncias. Continuamos toman­ do todos os cuidados necessários para a volta plena das atividades que no momento está sendo gradati­ va. Vamos com paciência e espe­ rança. Saúde pra todos!


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Professor Sebá Alexandre

Professor Sergio Ferrante

Professor Marcos Barbosa

Professor Lairton Mansor

O Shotyugueiko de São Carlos aconteceu entre os dias 24 e 26 de ja­ neiro de 2020, reunindo no ginásio Mil­ ton Olaio Filho cerca de 80 atletas do judô e jiu jitsu para um grande treina­ mento e intercâmbio entre os partici­ pantes das duas modalidades. Os treinamentos de jiu jitsu foram conduzidos pelo professor Marcos Bar­ bosa, da B9, e do judô pelos professo­ res Lairton Mansor e Sérgio Ferrante. A coordenação do evento ficou a cargo do professor Sebá Alexandre da Fábrica de Campeões/SMEC com o apoio da Secretaria Municipal de Es­ portes e Cultura de São Carlos, que cuidou de toda a infra estrutura para atender com conforto todos os partici­ pantes. No sábado, além dos treinamen­ tos, que somaram seis horas por dia, 06

houve a palestra com o professor Gio­ vani Marcon, analista de desempenho do EC Pinheiros e no domingo, após o encerramento dos treinos da manhã os participantes participaram de um en­ contro com a judoca olimpica e cam­ peã mundial Mayra Aguiar no Sesi de São Carlos. O Professor Sebá relatou que foi o terceiro Shotyugueiko realizado em São Carlos, disse que o evento tem crescido tanto em volume de atletas, quanto em qualidade técnica, e que o evento já está consolidado no cenário do Judô Paulista. "Só quem já partici­ pou de um Kangueiko (treinamento de inverno) e Shotyugueiko (treinamento de verão) sabe a 'magia' que tem um treinamento intensivo nesse formato", finalizou o professor Sebá.


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Mesa de Honra na cerimônia de abertura

Presidente da CBJ Silvio Acácio Borges e Daniel Del´Aquilla

E até então, seguia­se todo o pla­ nejamento do boletim OSOTOGARI para a temporada de competições, fos­ sem elas de âmbito regional, estadual ou nacional. E no final de semana dos dias 01 e 02 de fevereiro, o Campeo­ nato Brasileiro Interclubes ­ Meeting Nacional Sub 18 e Sub 21 2020, agitou o ginásio poliesportivo do Clube Pai­ neiras do Morumby na capital paulista. Foi a primeira competição oficial da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), abrindo o calendário esportivo de 2020 e colocando frente à frente os oito melhores judocas do Brasil de ca­ da classe e categoria de 2019 e mais quatro judocas indicados pela CBJ pa­ ra as duas classes. A garotada vinha forte para o início de temporada! O evento distribuiria pontos para o Ranking Nacional da Base, que é clas­ sificatório para torneios internacionais da seleção brasileira. A competição se­ ria um dos seis Campeonatos Brasilei­ ros Interclubes que a CBJ realizaria em 2020, sendo esta uma oportunidade 10

dos judocas da base pontuarem e subi­ rem na classificação. São atletas que abdicaram tudo para se dedicarem aos treinamentos em busca do sonho real de um dia chegarem à seleção nacio­ nal principal. Os demais eventos pro­ gramados não aconteceram em 2020, mas os sonhos dos atletas continuam vivos! O desafio desses jovens atletas é grande e não é nada fácil. Ali no shiai jô, histórias individuais que, se compi­ ladas, daria para editar um livro. E se somarmos as histórias de superação durante o isolamento que ocorreu logo em seguida, esse livro se transformaria em um super livro motivacional. No sábado (01/02), as disputas fo­ ram realizadas na classe Sub 18 e no domingo (02/02) na classe Sub 21. Os atletas participantes deste Mee­ ting Nacional da base tem como foco a participação das Olimpíadas 2024. Quem acompanhar, poderá confirmar isso daqui três anos na França. Esta­ remos na torcida!


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A equipe de judô do Country Club Valinhos reuniu­se em 07 de março, às 06h50 no dojô do clube para iniciar o Shotyugueiko 2020. Começou pontual­ mente às 07h com aquecimento, uke­ mis e randoris. O primeiro treino do dia teve duração de 01h30. Após o treina­ mento, tradicionalmente os kimonos fo­ ram estendidos do lado de fora do dojô para arejar enquanto os judocas foram até a nova lanchonete do clube onde foi oferecido um delicioso café da ma­ nhã. A digestão do café da manhã foi na pista do entorno do lago com uma caminhada de duas voltas em toda a extensão. a outra etapa do treinamento foi no campo de futebol society, onde realizaram exercícios ao ar livre. Terminada a sessão de exercícios, hora do chuveiro e descanso no dojô 15

até a hora do almoço. que foi servido também na nova lanchonete, com car­ dápio balanceado e muito saboroso. Para fazer a digestão do almoço, os judocas tiveram a opção de assistir ao filme "A Grande Vitória", baseado no livro de Max Trombini, Aprendiz de Samurai. Ao término do filme, todos vestiram os judogis e voltaram para mais uma bateria de treinos, desta vez com aquecimento e treinamento de ne­wa­ za. Ao fim do Shotyugueiko, todos re­ ceberam seu cerificado de participação e voltaram para casa com um pouco mais de conhecimento, convivência e responsabilidades. Foi a última ativida­ de de judô realizada no clube em 2020.


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O Judô Clube Mogi das Cruzes jun­ tamente com a Kimonos Budokan reali­ zaram em 08 de março de 2020, domingo, no Ginásio Municipal de Es­ portes Professor Hugo Ramos, em Mo­ gi das Cruzes, o Torneio de Aniversário de 48 anos do Judô Clube de Mogi das Cruzes ­ Trofeu Yokichi Kimura. Os professores Joji Kimura e Yoshio Kimu­ ra, juntamente com o professor Yoshiyuki Shimotsu, foram os anfitriões do evento que recebeu 1700 judocas de todo o estado de São Paulo, baten­ do o recorde de participações nesta competição. A competição é tradicional e marca o início das temporadas de torneios amistosos de São Paulo. No masculino foram disputadas as classes Sub 9 a Veteranos acima de 30 anos e no feminino de Sub 9 ao Adulto (as classes sub 21 e Sênior fo­ ram juntadas numa classe só ­ Adulto). Um evento de alto nível técnico, bas­ tante prestigiado, que teve como cam­ peã geral na contagem geral de pontos a Associação Namie de Judô, de Mogi das Cruzes. Foi a última competição realizada no estado de São Paulo an­ tes das restrições sanitárias que nos colocariam em isolamento social. 18


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TREINAMENTO DE CAMPO DE MITTERSILL

Em ano olímpico, havia muitas expectativas para a seleção brasileira de judô Com informações da Assessoria de Imprensa da CBJ

Ano olímpico com projetos e prepa­ rações para fechar o ciclo de quatro anos e embarcar para Toquio no meio do ano. Expectativas, ansiedade e mui­ to, muito treinamento para os judocas da seleção brasileira em 2020. Veremos como foram os primeiros preparativos do ano que prometia ser muito bom. Treinamento de Campo de Mitter­ sill, na Áustria, aconteceu de 06 a 15 de janeiro de 2020. O treinamento contou com 52 atle­ tas do Brasil em solo europeu. Foi a sétima maior delegação do evento. Os russos lideram a lista com uma equipe de 120 atletas. Nos sete primeiros dias, as equipes feminina e masculina trei­ naram separadamente em dois perío­ dos, com os homens divididos em dois grupos, sendo um com atletas até 73kg e o outro, com os judocas acima de 73kg. Nos dois últimos compromissos 20

em Mittersill, os treinos foram mistos, com o último dia sendo apenas no pe­ ríodo da manhã. O Treinamento de Campo de Mit­ tersill é um dos mais tradicionais e im­ portantes da Europa, e nesta edição reuniu 1.150 atletas de 67 países. Com predominância dos atletas europeus, o OTC serviu de preparação para as pri­ meiras competições que aconteceriam (European Open Odivelas­POR, Grand Slam Paris­FRA, European Open Oberwart­AUT e Grand Slam Düssel­ dorf­GER), onde os atletas brasileiros reencontrariam os “parceiros” de treino. A pré­temporada em solo europeu contou ainda com o treinamento de campo em Roma, na Itália, no período do dia 15 ao dia 20 de janeiro, antes do Grand Prix de Tel Aviv, que foi disputa­ do de 23 a 25 de janeiro de 2020, em Israel.


SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE ARBITRAGEM, ESPORTE E EDUCAÇÃO DA FIJ, EM DOHA Os árbitros Laedson Godoy, Jeferson Vieira, André Mariano e Edison Minakawa representaram o Brasil no evento

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ

Seria a reta final de preparação pa­ ra os Jogos Olímpicos de Tóquio e a Federação Internacional de Judô reali­ zou em 11 e 12 de janeiro de 2020, em Doha, no Catar, o Seminário Internaci­ onal de Arbitragem, Esporte e Educa­ ção. O evento, realizado anualmente, reuniu treinadores, árbitros e atletas de diversos países para discutir as regras do judô, visando à padronização dos critérios de arbitragem. O Brasil foi re­ presentado no Seminário pelos árbitros FIJ A Laedson Godoy, Jeferson Vieira, André Mariano e Edison Minakawa, Coordenador Nacional de Arbitragem. Representantes de 90 países esti­ veram presentes para debater os ru­ mos dos regulamentos esportivos e educacionais do judô para as próximas competições FIJ. Com a ajuda da tecnologia, através da apresentação de vídeos com situa­ ções de lutas dos eventos da FIJ em 2019, uma grande variedade de regras 21

foi ilustrada e analisada, buscando pro­ porcionar aos árbitros uma alta taxa de acerto em suas decisões, para que se atinja o resultado correto. “Nos últimos três dias, estivemos preparando o programa para incluir muita discussão e padronizar ainda mais os critérios para todas as regras. O judô é sempre complicado, mas fare­ mos o nosso melhor. A preparação pa­ ra nossos futuros árbitros olímpicos é muito difícil, mas o nível de arbitragem em Tóquio, nos Jogos Olímpicos, deve ser excelente”, declarou Juan Carlos Barcos, diretor de arbitragem da FIJ. Além da discussão acerca dos mé­ todos de arbitragem, no segundo dia de evento (12), os convidados partici­ param de uma série de palestras da comissão de educação sobre assuntos como ética, antidoping e a regra 50 de Tóquio ­ regra que proíbe os atletas de realizarem manifestações políticas du­ rante a competição.


Informações da Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau ­ FIJ

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Foi o primeiro passo da Seleção Brasileira de Judô na temporada. O Grand Prix de Tel Aviv, foi a primeira competição oficial do calendário da FIJ em 2020. O torneio aconteceu em janeiro, de quinta (23) até sábado (25) e contou com 22 judocas brasileiros em busca da medalha e dos 700 pontos (cam­ peão) valiosos na corrida por uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020... A preparação para Tel Aviv come­ çou três semanas antes, quando a Se­ leção Brasileira de Judô desembarcou na Europa para um período de treina­ mentos. Primeiro, em Mittersill, na Áus­ tria, no treinamento de campo mais tradicional do início de temporada. Em seguida, parte da delegação foi para Roma, na Itália, ajustar os últimos de­ talhes antes de chegar em Israel, para o Grand Prix. Primeiro dia de competição com uma medalha de bronze Daniel Cargnin, atleta da categoria

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Meio­Leve masculina (66kg) faturou o terceiro lugar no Grand Prix de Tel Aviv, após vencer quatro lutas e derro­ tar, na luta pelo bronze, o israelense Baruch Shmailov, número seis do ran­ king mundial. Foi o melhor resultado do Brasil no primeiro dia de competição e abriu o ano olímpico com um pódio. Além de Daniel, outros oito brasilei­ ros lutaram no primeiro dia, em Tel Aviv, mas ficaram nas oitavas ou na primeira rodada. Sarah Menezes (52kg), Ketelyn Nascimento (57kg), Eric Takabatake (60kg), Nathália Brigi­ da (48kg), Eleudis Valentim (52kg), Fe­ lipe Kitadai (60kg), Gabriela Chibana e Willian Lima (66kg). No segundo oito brasileiros entra­ ram em ação O segundo dia do Grand Prix de Tel Aviv reservou mais uma medalha para o judô brasileiro. Eduardo Yudy Santos (81kg) conquistou a medalha de bronze, segunda do país na compe­ tição, e faturou 350 pontos no ranking


internacional da FIJ, essenciais para a corrida olímpica. Em outra disputa do bronze, Alexia Castilhos foi superada pela tcheca Renata Zachova e ficou em quinto lugar. Mais seis brasileiros, além de Ale­ xia e Yudy, estiveram no tatami de Tel Aviv no segundo dia, mas pararam na primeira fase da competição. Maria Portela (70kg), Eduardo Katsuhiro (73kg), João Mace­ do (81kg), Ketleyn Quadros (63kg) e David Lima (73kg). No terceiro e último dia mais três medalhas O melhor desempenho no último dia de competição foi do meio­pesado Leonardo Gonçalves, que enfileirou quatro adversários nas preliminares até chegar à decisão pelo ouro, vencido pelo israelense Peter Paltchik. Na mesma categoria, Rafael Buza­ carini caminhou bem na chave, venceu 25


duas lutas e só parou no alemão Karl­ Richard Frey, nas punições, nas quar­ tas­de­final. O brasileiro recuperou­se na repescagem, batendo o canadense Kyle Reyes para, em seguida, assegu­ rar o bronze ao vencer Daniel Mukete, de Belarus. Seu xará, Rafael Macedo (90kg), teve desempenho semelhante, caindo 26

apenas na semifinal diante do cam­ peão mundial Donghan Gwak, da Co­ reia do Sul. A derrota não abateu Macedo, que entrou para o bronze de­ terminado a vencer Marcus Nyman, da Suécia, e protagonizou um dos golpes mais bonitos da competição para ven­ cer o sueco por ippon e ficar com o bronze.


Técnica da seleção destacou prepa­ ração na Europa e confiança dos atletas Para chegar bem na primeira com­ petição do ano, a comissão técnica da CBJ levou a equipe para uma pré­tem­ porada na Europa, com um período de volume de treinos em Mittersill, Áustria, e de lapidação em Roma, na Itália. A estratégia deu certo e os resultados vi­ eram, segundo a avaliação da técnica da equipe masculina, Yuko Fujii. “Acredito que esse treinamento de campo em Mittersill e a preparação fi­ nal na Itália fizeram uma diferença para o nosso resultado. Fizemos um treino forte em Mittersill e um bom trabalho de ajuste na Itália. Os atletas estão acreditando mais neles mesmos e isso fez a diferença”, comentou Yuko após as cinco medalhas da equipe. 27


Informações da Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: União Europeia de Judô

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Onze judocas da seleção brasileira participaram no início de fevereiro de 2020 dos Campeonatos Abertos Euro­ peus, com vistas para o Grand Slam de Paris 2020. A equipe feminina do Brasil seguiu para Portugal, onde disputou o Aberto de Odivelas, enquanto a masculina foi para a Bulgária disputar o Aberto de Sófia. As competições distribuíram até 100 pontos (campeão) no ranking mun­ dial da FIJ. Em Odivelas, o judô brasileiro foi representado por: Larissa Pimenta (52kg), Sarah Menezes (52kg), Samara Oliveira (63kg), Danielle Karla (70kg) e Beatriz Souza (+78kg). A seleção mas­ culina de judô em Sófia foi representa­ da por: Phelipe Pelim (60kg), Allan Kuwabara (60kg), Willian Lima (66kg), Marcelo Contini (73kg), Michael Marce­ lino (73kg) e Guilherme Schimidt (81kg). 30

Preparação para Paris Após as disputas dos Abertos de Odivelas e Sófia, as delegações brasi­ leiras seguiram o cronograma com o foco no Grand Slam de Paris. A dele­ gação feminina ficou em Odivelas, par­ ticipando de treinamentos em solo português, enquanto os homens saí­ ram de Sófia no dia 3 de fevereiro e fo­ ram para Sainte­Geneviève­des­Bois, na França, para dar prosseguimento à preparação para o Grand Slam fran­ cês, que foi disputado em 8 e 9 de fe­ vereiro de 2020. Paris seria o primeiro Grand Slam do ano e ofereceu aos atletas a oportu­ nidade de somarem mil pontos no Ran­ king Olímpico. Três medalhas foram conquistadas no primeiro dia dos Abertos Euro­ peus. Uma semana após as cinco meda­ lhas no Grand Prix de Tel Aviv, o judô


brasileiro manteve o bom rendimento e voltou a ter atletas no pódio no sábado, 01 de fevereiro, nos Abertos Europeus. Em Sófia, Bulgária, os ligeiros fizeram dobradinha, com Phelipe Pelim cam­ peão e Allan Kuwabara em terceiro. Mesma posição de Larissa Pimenta em Odivelas, Portugal, que garantiu a pri­ meira medalha da seleção feminina do Brasil em 2020. No segundo dia, ouro é conquistado em Portugal A judoca brasileira Beatriz Souza conquistou a medalha de ouro no Aberto de Odivelas, em Portugal, na categoria Pesado feminina (+78kg), ao vencer, neste domingo, a japonesa Maya Akiba, por ippon. O resultado rendeu à brasileira mais 100 pontos no ranking mundial classificatório para Tó­ 31

quio 2020. A Peso pesado brasileira fez quatro lutas e venceu todas por ip­ pon para conquistar sua primeira me­ dalha em 2020. Preparação para o GS de Paris ren­ deu 04 medalhas A seleção brasileira fechou as par­ ticipações nos Abertos Europeus com quatro medalhas. Ouro de Bia e bronze de Larissa Pimenta em Odivelas, ao la­ do do ouro de Phelipe Pelim e do bron­ ze de Allan Kuwabara no Aberto de Sófia. As competições abertas distri­ buíram poucos pontos na corrida olím­ pica, mas serviram como preparação para o evento mais importante do mês, o Grand Slam de Paris, que aconteceu na semana seguinte, na capital france­ sa.


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Informações da Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Federação Internacional de Judô

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A Seleção Brasileira de Judô teve seu primeiro grande desafio na tempo­ rada olímpica no forte Grand Slam de Paris, disputado na capital francesa nos dias 8 e 9 de fevereiro de 2020. Tradicional no Circuito Mundial da Fe­ deração Internacional de Judô, o tor­ neio distribuiu até mil pontos (campeão) no Ranking Mundial, núme­ ros importantes na corrida por uma va­ ga olímpica, já que o campeonato é o terceiro que mais distribui pontos. Só fica atrás do World Masters, que reser­ va 1800 pontos, e do Campeonato Mundial, que dá 2000 pontos no Ran­ king. Para o primeiro Grand Slam do ano olímpico, o Brasil teve 16 atletas, sen­ do nove homens e sete mulheres, en­ tre novatos e experientes, como os medalhistas olímpicos Sarah Menezes (52kg), Leandro Guilheiro (81kg) e Ra­ 37

fael Silva Baby (+100kg). Larissa Pi­ menta (52kg), Jessica Pereira (57kg), Samara Contarini (63kg), Mariana Silva (63kg), Beatriz Souza (+78kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg) completam o time feminino. Entre os homens, o Bra­ sil teve ainda Allan Kuwabara (60kg), Phelipe Pelim (60kg), Willian Lima (66kg), Marcelo Contini (73kg), Michael Marcelino (73kg), Guilherme Schimidt (81kg), e David Moura (+100kg), que esperava por um reencontro com o francês Teddy Riner após a final de Brasília. Ao todo, a delegação contou com cinco estreantes: Samara, Willian, Mar­ celino e Schimidt, todos da equipe de transição (Base­principal), além de Kuwabara, judoca do Clube Paineiras do Morumby, que havia deixado uma ótima impressão em sua estreia com ouro no Grand Slam de Brasília em


2019. Um dos grandes títulos almejados pelos judocas, o Grand Slam de Paris reúniu os melhores atletas da modali­ dade. Nesta edição, nomes como Teddy Riner (+100kg/FRA), Ryuju Na­ gayama (60kg/JPN), Daria Bilodid (48kg/UKR), Majlinda Kelmendi (52kg/KOS) e Clarisse Agbegnenou (63kg/FRA), por exemplo, estiveram presentes no torneio, além do grande público e a atmosfera que é marca re­ gistrada dos franceses. Medalhas no feminino para o Brasil O Brasil conquistou duas medalhas de bronze na competição com as judo­ cas Larissa Pimenta e Beatriz Souza. A disputa pelo terceiro lugar na catego­ ria até 52kg foi doméstico. Larissa Pi­ menta e Sarah Menezes lutaram pela medalha. Pimenta levou a melhor so­ bre Menezes e garantiu a medalha de bronze no Grand Slam. Ela subiu ao pódio pela primeira vez em Paris, após vencer a adversária no golden score. 38

“Estou muito feliz pela competição. É importante este processo de Grand Slam. Isso serve para nos fortalecer”, declarou Larissa na saída do tatame. “A gente esperava uma de um lado e a outra de outro (na tabela), mas a gente não escolhe, e tivemos que lutar”, dis­ se ao ter que enfrentar a compatriota na briga pela medalha. Beatriz Souza, de 21 anos, da ca­ tegoria +78kg, venceu por ippon a ar­ gelina Sonia Assalah e conquistou sua medalha do judô feminino no torneio. Muito sorridente e feliz por subir pela primeira vez no pódio de Paris, ela atri­ bui o resultado a uma boa fase. "Eu es­ perava ir bem. Estava muito bem preparada. Comecei o ano bem", co­ mentou, em referência à vitória no Open Europeu de Odivelas. Os outros judocas brasileiros esti­ veram no tatame em Paris mas não chegaram à etapa final. Os judocas brasileiros ficam mais três dias em Paris para um treinamento de campo no Instituto Francês de Judô.


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Informações da Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Federação Internacional de Judô

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Após as boas campanhas em Tel Aviv, Odivelas, Sófia e Paris, o judô brasileiro seguiu na estrada e desem­ barcou na Eslováquia e na Áustria para a disputa dos Abertos Europeus. A se­ leção feminina lutou em Bratislava, en­ quanto os homens encararam o torneio de Oberwart. Os confrontos acontece­ ram nos dias 15 e 16 de fevereiro, e va­ leram até 100 pontos (campeão) no Ranking Mundial da Federação Interna­ cional de Judô. Foram 23 atletas em busca do pó­ dio naquele final de semana, sendo 12 mulheres e 11 homens. Na disputa do Aberto da Bratislava, a delegação femi­ nina foi formada por: Gabriela Chibana (48kg), Nathalia Brígida (48kg), Eleudis Valentim (52kg), Sarah Menezes 43

(52kg), Ketelyn Nascimento (57kg), Ale­ xia Castilhos (63kg), Ketleyn Quadros (63kg), Ellen Santana (70kg), Maria Portela (70kg), Mayra Aguiar (78kg), Beatriz Souza (+78kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg). A seleção masculina que competiu o Aberto de Oberwart foi composta por: Eric Takabatake (60kg), Felipe Kitadai (60kg), Daniel Cargnin (66kg), Charles Chibana (73kg), Eduardo Barbosa (73kg), Eduardo Yudy (81kg), Victor Penalber (81kg), Rafael Macedo (90kg), Leonardo Gonçalves (100kg), Rafael Buzacarini (100kg) e Rafael Sil­ va (+100kg). Sete medalhas conquistadas E foi um final de semana de pódios


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no Circuito Mundial, com sete medalhas nos Abertos Europeus. Foram quatro ouros, uma prata e dois bronzes nas disputas em Oberwart e na Bratislava. No sábado, 15, a seleção feminina arrematou cinco pódios no Aberto da Bratislava, na Eslováquia. Destaque pa­ ra os três ouros conquistados por Ke­ telyn Nascimento (57kg), Ketleyn Quadros (63kg) e Maria Suelen Althe­ man (+78kg). Gabriela Chibana (48kg) e Maria Portela (79kg) ficaram em ter­ ceiro lugar. As duas medalhas da equipe mas­ culina no Aberto de Oberwart, na Áus­ tria, vieram neste domingo, 16, com direito a dobradinha no meio­pesado (100kg). Leonardo Gonçalves e Rafael Buzacarini venceram todos os adversá­ rios nas preliminares e se enfrentaram pelo título da competição. Com duas 45

projeções por waza­ari, Léo conseguiu o ippon e o ouro de Oberwart. Os Abertos continentais, na hierar­ quia dos pontos do Ranking Mundial, são as competições que distribuem a menor quantidade de pontos. Mas, no planejamento da seleção, eles funcio­ nam como preparação para etapas mais importantes, como os Grand Slam, que distribuem até mil pontos no Ranking e reúnem os principais atletas do mundo. Assim como Sófia e Odivelas servi­ ram de preparação para o Grand Slam de Paris, onde Larissa Pimenta e Bea­ triz Souza foram bronze, os Abertos de Oberwart e Bratislava serviram como preparação e adaptação ao fuso­horá­ rio da equipe que disputaria o Grand Slam de Düsseldorf, no final de semana seguinte.


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Informações da Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Federação Internacional de Judô

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O carnaval do judô brasileiro no ano que seria olímpico foi no tatame. Entre os dias 21 e 23 de fevereiro a seleção disputou o Grand Slam de Düsseldorf, na Alemanha, uma das etapas mais concorridas do Circuito Mundial FIJ e que distribuiu importan­ tes mil pontos no ranking mundial classificatório para Tóquio 2020. A seleção brasileira contou com a participação de: SELEÇÃO MASCULINA Eric Takabatake 60kg Felipe Kitadai 60kg Daniel Cargnin 66kg Eduardo Katsuhiro 73kg Charles Chibana 73kg Eduardo Yudy Santos 81kg Victor Penalber 81kg Rafael Macedo 90kg Leonardo Gonçalves 100kg Rafael Buzacarini 100kg Rafael Silva “Baby” David Moura 48

SELEÇÃO FEMININA Gabriela Chibana 48kg Nathália Brígida 48kg Sarah Menezes 52kg Eleudis Valentim 52kg Ketelyn Nascimento 57kg Ketleyn Quadros 63kg Aléxia Castilhos 63kg Maria Portela 70kg Ellen Santana 70kg Mayra Aguiar 78kg Maria Suelen Altheman +78kg

Beatriz Souza +78kg

E o Brasil encerrou sua participa­ ção no Grand Slam de Düsseldorf, com dois judocas no pódio. Mayra Aguiar, que defendia o título de 2019, ficou com a prata, enquanto Rafael Silva Baby (+100kg) conquistou o bronze. Beatriz Souza (+78kg) e Rafael Buza­ carini (100kg) também chegaram às disputas pelos bronzes de suas catego­ rias, mas terminaram em quinto lugar. Era a sétima competição do judô


brasileiro em 2020 com o país che­ gando à vigésima medalha na tempo­ rada. A classificação olímpica iria até 30 de maio e os convocados para Tó­ quio 2020 seriam divulgados nos dias 01 e 02 de junho pela CBJ e pelo COB. A competição marcou a estreia de Mayra Aguiar no Circuito Mundial em 2020 e a bicampeã mundial começou com tudo. O caminho até sua segunda final consecutiva em Düsseldorf come­ çou com vitória por ippon sobre a equatoriana Vanessa Chala, na pri­ meira rodada. Nas oitavas, passou por Alexandra Babintseva, da Rússia, por ippon novamente, e foi às quartas­de­ final, onde derrotou a austríaca Berna­ dette Graff, nas punições. O duelo de semifinal foi tenso e equilibrado, com Mayra mantendo a agressividade e a concentração em confronto aguerrido com a cubana Ka­ liema Antomarchi, a quem já havia su­ perado outras sete vezes, incluindo a final dos Jogos Pan­Americanos de Li­ ma 2019. 49

Depois de forçar duas punições à adversária no tempo normal, Mayra foi decisiva no Golden score e liquidou o duelo com um waza­ari para garantir­se na final do Grand Slam. Na decisão pelo ouro, Mayra foi pa­ ra cima de Shori Hamada, mas a japo­ nesa encaixou uma transição para a luta de solo. Mayra ainda escapou duas vezes, mas a japonesa conseguiu en­ caixar a imobilização para conquistar o ouro e deixar a prata para Mayra. A segunda medalha brasileira na competição alemã veio com o peso­pe­ sado Rafael Silva, o Baby. Desde o Mundial de Tóquio, em 2019, ele vinha batendo na trave, com quintos lugares em Tóquio, Brasília, Paris e um sétimo em Osaka. Isso porquê, na véspera dos Jogos Pan­Americanos e do Mun­ dial, Baby fraturou a mão durante um treinamento no Japão e, desde então vinha buscando retornar aos pódios do Circuito Mundial. A medalha da resiliência chegou para o pesado brasileiro, em Düssel­ dorf, com vitórias sobre Erik Abramov


(GER), Pedro Pineda (VEN) e Aliak­ sandr Vakhaviak, da Bielorrússia, al­ goz do brasileiro David Moura, na primeira rodada. A única derrota foi na semifinal di­ ante do campeão mundial de 2018, Guram Tushishivili (GEO), com uma punição bastante controversa para o brasileiro. Na luta pelo bronze, Rafael impôs maior volume de ataques e der­ 50

rotou Richard Sipocz, da Hungria, nas punições para garantir a medalha. As próximas competições da sele­ ção principal no calendário internacio­ nal seriam o Grand Prix de Rabat, no Marrocos, de 06 a 08 de março, e o Aberto Pan­Americano de Bariloche, na Argentina, de 07 a 08 de março. Mas...


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Informações da Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Confederação Brasileira de Judô

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A última vez que a seleção brasilei­ ra de judô se encontrou no saguão de um aeroporto para uma viagem inter­ nacional foi no dia 09 de março. Na­ quele dia, porém, a FIJ reconhecia os riscos da pandemia de COVID­19 e anunciava a suspensão de todas as competições do Circuito Mundial, in­ cluindo o Grand Slam de Ecaterimbur­ go, na Rússia, destino final daquela viagem que nunca chegou a acontecer. Em 17 de julho de 2020, após quatro meses de confinamento e treinos com restrições, os judocas brasileiros se re­ encontraram no Aeroporto de Viraco­ pos, em Campinas (SP), para embarcar, finalmente, com a Missão Europa, do COB, para treinar em Por­ tugal, com malas abarrotadas de judogi e uma saudade: treinar judô. “É o que eu estou morrendo de vontade de fazer e é essa a minha maior saudade. Botar o quimono e po­ der treinar judô, algo que eu não faço há, pelo menos, cinco meses”, contou, 54

na época, o peso­Ligeiro da seleção, Eric Takabatake (60kg), que mora em São Paulo, uma das cidades mais afe­ tadas então pela pandemina no Brasil. “Nunca fiquei tanto tempo assim sem poder treinar judô, sem fazer a parte fí­ sica numa academia. Essa retomada é muito importante, apesar de não ter ne­ nhuma competição. Eu já estava quase louco de ficar em casa. Então, voltar à rotina vai ser muito importante para a gente.” Para a meio­leve da equipe femini­ na, Larissa Pimenta (52kg), a oportuni­ dade de voltar a conviver com os colegas de seleção foi uma motivação a mais para encarar o retorno aos treinos. “Estamos há muito tempo parados. Acredito que a primeira saudade a ma­ tar vai ser a de estar com a galera, com a equipe. Sentimos muita falta disso. E o mais importante vai ser matar a sau­ dade do tatame depois de quatro me­ ses sem treinar judô”, reconhece a


campeã dos Jogos Pan­Americanos Li­ ma 2019 e na época a número 8 do mundo em sua categoria. Após passarem por todos os proto­ colos sanitários na chegada à Lisboa, incluindo novos testes e isolamento, os atletas treinaram judô na manhã de se­ gunda­feira, 20 de julho, no Complexo Esportivo de Rio Maior, base do Time Brasil em Portugal. Na terça, 21 de ju­ lho, os judocas viajaram para Coimbra, onde ficaram concentrados em treina­ mento de campo com a seleção portu­ guesa de judô até o dia 29 de agosto, data do retorno do Judô ao Brasil. A estratégia de levar atletas para a Europa, onde a pandemia estava mais controlada, foi desenvolvida e financia­ da pelo Comitê Olímpico do Brasil. A CBJ foi uma das 18 Confederações olímpicas brasileiras a aderiram ao programa, levando, tanto a seleção masculina, quanto a feminina para os treinos em Portugal. Na última semana de treinamentos 55

em Portugal, na Missão Europa, a sele­ ção brasileira recebeu, em 21 de se­ tembro, a visita do presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Silvio Acácio Borges. Ele desembarcou em Coimbra para acompanhar os últi­ mos dias de treino do Judô na Missão Europa e para prestigiar a disputa da Taça Internacional Kiyoshi Kobayashi, que seria realizada no dia 26 de outu­ bro, na mesma cidade. Assim como toda a delegação, o diri­ gente da CBJ passou por todas as eta­ pas do protocolo de segurança estabelecido pelo Comitê Olímpico do Brasil e pelas autoridades portuguesas e foi, então, liberado para se juntar à equipe nacional brasileira. Silvio Acácio assistiu aos treinos, onde cumprimentou os atletas e agra­ deceu, pessoalmente, ao presidente da Federação Portuguesa de Judô, Jorge Fernandes, por todo o suporte oferecido à seleção brasileira durante os 70 dias de estadia em Portugal.


"Desde o início estou acompanhan­ do as primeiras dificuldades e movi­ mentações para aqui chegar e todos os dias conversando com o Ney Wilson a respeito do que está acontecendo aqui, de todas as situações. Primeiro, é mui­ to bom estar com vocês e poder ver o trabalho de bem perto. E, segundo, po­ der vir agradecer essa gentileza, essa receptividade e todo esse aparato que a Federação Portuguesa colocou à nossa disposição”, salientou na época o presidente da CBJ. “Eu não me lembro de um período tão grande em que nossa equipe ficou junta. Um período longo de concentra­ ção e de trabalho. É um momento de agradecer esse empenho e dizer que nós estamos sempre juntos. É uma oportunidade que o COB tem proporci­ onado a nós”, complementou Silvio Acácio ressaltando o importante inves­ timento do Comitê Olímpico para ofere­ cer aos atletas brasileiros condições ideais de preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio.

GABRIELA SHINOBU CHIBANA GUILHERME CESAR SCHIMIDT JÉSSICA PEREIRA JOÃO PEDRO GODOY DE MACEDO KETLEYN LIMA QUADROS LARISSA CINCINATO PIMENTA LEONARDO RIBEIRO GONCALVES MARIA DE LOURDES M. PORTELA MAYRA AGUIAR DA SILVA NATHÁLIA CASTELAN BRÍGIDA PHELIPE ANDRÉ PELIM RAFAEL AUGUSTO BUZACARINI RAFAEL CARLOS DA SILVA SAMANTA DE ALMEIDA BATISTA SOARES SARAH GABRIELLE CABRAL DE MENEZES TIAGO SILVA PALMINI SOUZA VICTOR R. PENALBER DE OLIVEIRA WILLIAN DE SOUSA E LIMA

Delegação do Judô em Portugal

MÉDICO: RAFAEL LINDI SUGINO

ALÉXIA TAIS WILLRICH CASTILHOS ALLAN EIJI KUWABARA BEATRIZ RODRIGUES DE SOUZA DANIEL BORGES CARGNIN DAVID DIAS LIMA EDUARDO KATSUHIRO BARBOSA ELEUDIS DE SOUZA VALENTIM ELLEN FRONER SANTANA ERIC GOMES TAKABATAKE

CHEFES DE EQUIPE: KATHERINE S. CAMPOS DE MORAES NEY WILSON PEREIRA DA SILVA FISIOTERAPEUTAS: LUANA ASSIS DE CARVALHO MARCO ANTONIO G. DE M. FILHO

PREPARADOR FÍSICO: WAGNER ANDRADE ZACCANI TREINADORES: MARIO TSUTSUI YUKO FUJII

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Rafael Carlos da Silva, o Baby, é um dos maiores judocas da história do judô nacional. Dono de duas medalhas olímpicas e outras oito em mundiais, o peso pesado brasileiro tem um longo histórico de conquistas vestindo os qui­ monos da seleção, mas se engana quem pensa que sua relação com o judô vem desde a infância. Nascido em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e criado em Rolândia, interior do Paraná,

Por: Olimpíada Todo Dia www.olimpiadatododia.com.br 58


Rafael conheceu o judô apenas aos 15 anos, idade bem avançada para atletas de ponta. As dificuldades trazidas pelo começo tardio no esporte, como a au­ sência de técnica e os fundamentos bá­ sicos do judô, foram superadas com muito treinamento. A ascensão de Rafael foi rápida. Em 2005 Rafael já representava o Bra­ sil internacionalmente, mesmo tendo apenas 3 anos no esporte, e em 2006 Rafael disputava o Campeonato Mundi­ al Júnior de Santo Domingo. Mas foi mesmo em 2010 que os resultados de Rafael começaram a aparecer de forma mais destacada. Rafael foi campeão dos Jogos Sul­Americano de Medelín, na Colômbia, além de ter conquistado diversas medalhas no Circuito Mundial, como o ouro na Copa do Mundo de Madrid e o bronze no Grand Prix de Qingdao, na China. Foi também em 2010 que Baby disputou seu primeiro mundial adulto, quando terminou em quinto lugar. Em 2011, Rafael disputou pela primeira vez uma edição dos Jo­ gos Pan­Americanos, em Guadalajara, ficando em segundo lugar ao perder a final para o cubano Oscar Bryson. Ao longo de 2011 e 2012 o brasileiro se consolidou como um dos judocas mais promissores da categoria, conquistan­ do mais de 11 medalhas no Circuito Mundial, entre elas a prata no tradicio­ nal Grand Slam de Tóquio e a medalha de prata no mundial por equipes mas­ culino, em Salvador, Bahia. Foi também em 2012 que Rafael entrou definitivamente para a galeria dos grandes nomes de nosso judô, quando conquistou a medalha de bron­ ze nos Jogos Olímpicos de Londres, a única do judô masculino naquela edi­ ção e a primeira medalha da história dos pesados. Rafael manteve sua óti­ ma fase ao longo do ciclo olímpico de 2016 e chegou a liderar o ranking mun­ dial, ficando a frente do francês Teddy Riner, um dos maiores nomes da histó­ ria do judô mundial. 59

No Mundial do Rio de Janeiro, em 2013, Rafael chegou na final de sua ca­ tegoria, parando justamente no astro francês, conquistando a medalha de prata. Em 2014, Rafael voltou a subir no pódio do Mundial, dessa vez ficando com o bronze em Chelyabinsk, na Rús­ sia. No mesmo mundial o Brasil também foi bronze por equipes, com o judoca fa­ zendo parte da equipe. Dentre as várias conquistas no período se destacam ain­ da o ouro no Masters de Almaty e o ou­ ro no Grand Slam de Tyumen, na Turquia. Na Rio 2016, Rafael Silva voltou a subir no pódio olímpico. Diante de mi­ lhares de brasileiros que acompanha­ vam sua luta na Arena Carioca 2, Baby derrotou o uzbeque Abdullo Tangriev e conquistou sua segunda medalha olím­ pica. O histórico de vitórias do judoca seguiu por 2017, tendo novamente subi­ do ao pódio de um Mundial, e assim co­ mo em 2014, por duas vezes. Além do bronze em sua categoria, Baby também brilhou na disputa por equipes mista e conquistou a medalha de prata em Bu­ dapeste, Hungria. Em 2019 o Brasil voltou a conquistar uma medalha na disputa por equipes mistas no Mundial de Tóquio, dessa vez um bronze, e novamente com Rafael fa­ zendo parte da equipe. Ao longo de seus 17 anos nos tatames, além das medalhas olímpicas e mundiais, o atleta do Pinheiros possui mais de 20 meda­ lhas no Circuito Mundial, cinco títulos continentais, um ouro e um bronze nos Jogos Mundiais Militares. E para quem se pergunta como um atleta de 2,03 metros de altura, 155 qui­ los e ainda terceiro sargento do Exército Brasileiro pode ter o apelido de Baby, a resposta é simples: Rafael Silva tem fa­ ma de ser bonzinho, às vezes tímido e retraído, além de ser bem tranquilo. Em 2021, Baby vai atrás de sua terceira me­ dalha olímpica, feito ainda não alcança­ do por nenhum judoca brasileiro.


Informações da Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Federação Internacional de Judô

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O Grand Slam de Budapeste mar­ cou o retorno dos torneios oficiais da FIJ. Foi o primeiro torneio do circuito internacional desde março de 2020 e contou com um rígido protocolo sanitá­ rio que previu até eliminação de toda equipe que tiver um membro 'furando' isolamento. Os judocas brasileiros que brigam por vaga na Olimpíada de Tóquio pu­ deram retornar a caminhada dentro do ranking internacional. Foram 400 atle­ tas de 69 países que participaram do Grand Slam de Budapeste. Do Brasil foram 18 atletas que participaram da competição. Foi o primeiro grande teste depois da paralisação do circuito em virtude da pandemia de coronavírus. O Brasil se preparou para a competição com o período de treinos em Portugal e no CT de Pindamonhangaba (SP). A expectativa de quem foi escolhi­ do foi a melhor possível para ter um bom resultado logo neste recomeço e ganhar tempo na briga por Tóquio. Protocolo rigoroso Para diminuir as chances de conta­ minação de qualquer membro, a orga­ 62

nização do evento exigiu que todos os países passassem por um rígido pro­ cesso de controle. Testes foram feitos antes e depois da viagem até o local do torneio. Se um membro da delegação 'furasse' o isolamento, toda a equipe seria desclassificada do torneio imedia­ tamente. O saldo do Brasil no Grand Slam de Budapeste, na Hungria, foi positivo com um total de três medalhas, todas de bronze. Willian Lima (66kg), Suelen Althe­ man e Beatriz Souza, ambas na cate­ goria +78kg foram os medalhistas na competição. “Essa medalha eu dedico às pesso­ as da Itália que, por motivos de saúde, não puderam competir. Mas, também dedico a cada pessoa responsável pela Missão Europa: COB, CBJ e a Federa­ ção Portuguesa de Judô, pois, se não fosse a ajuda de vocês nesse tempo di­ fícil de pandemia, não teria conseguido treinar de forma que atingisse minha melhor forma para voltar a competir. Muito obrigado a todos que torcem e estão comigo nessa caminhada”, co­ memorou William.


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Informações da Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Federação Internacional de Judô

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A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) lançou a Copa Brasil Interclubes de Judô, uma novidade no calendário nacional de 2020. Com protocolo de isolamento, competição por equipes mistas reuniu seis clubes e principais judocas brasileiros em Santana de Parnaíba (SP) nos dias 25, 26, 27, 28 e 29 de novembro. Paralisado desde março pela pan­ demia do novo coronavírus. Este foi o principal evento nacional de judô orga­ nizado pela CBJ neste ano e contou com a presença de grandes nomes da modalidade. Todos os quatro dias de competição foram transmitidos ao vivo pelo canal SporTV. A competição, que foi por equipes mistas no formato da nova prova olím­ pica do judô para Tóquio, reuniu seis grandes clubes do Brasil em estrutura “bolha”, seguindo rígidos protocolos de segurança, no centro de treinamento do Futebol Clube Ska Brasil, em San­ 67

tana de Parnaíba, São Paulo. O Instituto Reação (RJ), a Sogipa (RS), o Minas Tênis Clube (MG), o Es­ porte Clube Pinheiros (SP), o Clube Paineiras do Morumby (SP) e o Sesi (SP) foram os clubes que disputaram o título inédito da Copa Brasil em 2020. Todos eles são formados, em sua mai­ oria, por judocas que integram a sele­ ção brasileira principal, fortalecendo ainda mais a preparação desses atletas rumo a Tóquio 2020. Formato de disputa Os seis clubes foram divididos em dois grupos de três. Todos se enfren­ tam dentro dos seus respectivos grupos e os dois melhores classificados de ca­ da lado avançaram às semifinais. Os vencedores das semifinais se enfrenta­ ram pelo título, enquanto os perdedores decidiram o terceiro lugar. Cada equipe foi formada por até seis atletas, sendo três categorias mas­


culinas (73kg, 90kg e +90kg) e três fe­ mininas (57kg, 70kg e +70kg). Cada clube foi composto por, no máximo, dez integrantes entre atletas e comis­ são técnica. Interatividade, torcida virtual e for­ mato inédito no judô A Copa Brasil Interclubes de Judô trouxe muitas inovações para o tata­ me. A começar pela torcida virtual que pôde assistir e interagir com a trans­ missão oficial do evento por meio de uma sala de videoconferência de for­ ma gratuita. Além disso, o evento foi transmitido na íntegra pelo Canal Brasil Judô, o canal oficial da CBJ no Youtube. Na parte técnica da competição, a novidade ficou por conta do Tempo Técnico, uma pausa de 30 segundos nas lutas no momento exato em que o cronômetro batesse dois minutos. O momento aconteceu nas lutas de semi­ 68

finais, final e disputa por bronze. Duran­ te a pausa, os atletas puderam ir até o técnico para ouvir orientações e traçar a melhor estratégia para o combate. O tempo técnico, contudo, não é uma no­ va regra da Federação Internacional de Judô. Foi apenas um novo dispositivo para levar o fã do judô cada vez mais para "dentro" do tatame, vendo de perto seus ídolos e ouvindo claramente as orientações técnicas. O formato "bolha", que manteve to­ dos os integrantes das delegações e equipe de trabalho confinados e isola­ dos em um centro de treinamento du­ rante cinco dias para a competição também foi inédito no judô. O objetivo foi oferecer o maior nível de controle e segurança no ambiente para os partici­ pantes minimizando os riscos de contá­ gio pelo novo coronavírus. Todos foram testados antes de viajar e na chegada à bolha. Apenas aqueles que apresenta­ ram resultados negativos nos dois tes­


tes (PCR) foram liberados para a com­ petição. Um atleta teve resultado posi­ tivo na entrada e foi isolado. Nenhum outro caso de COVID­19 foi registrado durante o torneio, comprovando a efi­ cácia dos protocolos estabelecidos pe­ la organização. De virada, Pinheiros bate Minas por 4 a 3 e leva o título da competição. A primeira edição da Copa Brasil Interclubes de Judô consagrou o Es­ porte Clube Pinheiros como grande campeão. A equipe paulista conseguiu uma virada emocionante sobre o Mi­ nas Tênis Clube e venceu o duelo na luta extra, por 4 a 3. O ponto de ouro foi marcado pela peso médio Ellen Santana, que pontuou um waza­ari no golden score contra Sarah Nascimen­ to. A medalha de bronze ficou para o time do Clube Paineiras do Morumby, que superou a jovem equipe do SESI no primeiro confronto do dia. 69

As duas equipes finalistas foram as que fizeram também melhor campanha na fase de grupos. O Pinheiros passou em primeiro no Grupo A, com uma vitó­ ria sobre a Sogipa (4 a 0) e uma derro­ ta para o Paineiras (4 a 3). Na semifinal, a equipe do técnico Douglas Vieira passou pelo SESI chegou à deci­ são. Já o Minas, estava invicto na com­ petição até chegar à final. Na fase de grupos, os comandados de Fulvio Miya­ ta venceram Instituto Reação e SESI para passar em primeiro lugar do Gru­ po B. O cruzamento na semifinal foi contra o Paineiras do Morumby e, mais uma vez, os mineiros foram superiores, vencendo o confronto por 4 a 2. No combate pelo título, o Minas abriu dois pontos de vantagem, com as vitórias de Juscelino Nascimento Jr (+90kg) e Maria Taba (57kg) sobre Jo­ nas Inocêncio (+90kg) e Ketelyn Nasci­ mento (57kg). O Pinheiros reagiu, com


vitórias de Marcelo Contini (73kg) so­ bre Julio Koda Filho (73kg) e de Ellen Santana (70kg) sobre Sarah Nasci­ mento (70kg). Dois a dois e o equilíbrio persistia no duelo. Eduardo Bettoni (90kg) deu novo fôlego ao Minas com um ipponzaço so­ bre Giovanni Ferreira (90kg), mas Bea­ triz Souza (+70kg) se impôs e superou Millena Silva (+70kg) para levar a deci­ são para a luta extra. Três a três no placar e, quando isso acontece, sor­ teia­se uma categoria para repetir a lu­ ta, mas em ponto de ouro. Quem marcar primeiro, vence. Neste momento, Ellen Santana e Sarah Nascimento foram as sorteadas e retornaram ao tatame para o tudo ou nada. Em combate acirrado, Ellen achou um waza­ari salvador e sacra­ mentou a vitória do Pinheiros. Paineiras bate SESI por 4 a 0 e fica com o bronze da Copa Brasil Inter­ clubes de Judô Depois de surpreenderem na fase de grupos e eliminarem equipes fortes, como Sogipa e Reação, Paineiras do Morumby e SESI se encontraram no tatame no domingo para definir quem ficaria com o terceiro lugar. Mais experiente, a equipe do trei­ 70

nador Alexandre Lee dominou os jo­ vens promissores da equipe de Bauru, liderada pelo sensei Marco Dantas, e fi­ cou com o bronze da Copa Brasil Inter­ clubes de Judô. Eleito melhor atleta da competição entre os homens, Rafael Buzacarini (+90kg) marcou um waza­ari no golden score diante de Guilherme Cabral (+90kg) para abrir a contagem para o Paineiras. O judoca paineirense e da seleção brasileira, fechou a competição invicto, com cinco vitórias em cinco lu­ tas, mesmo lutando uma categoria aci­ ma da sua. Em seguida, Kamilla Silva (57kg) imobilizou Catarina Bárbara (57kg); Eduardo Katsuhiro (73kg) forçou três punições em Michael Marcelino (73kg) e Maria Eduarda Diniz (70kg) venceu Gabriela Fontes (70kg) por ippon para fazer o quatro a zero. Os atletas “Revelação” da competi­ ção também saíram dessas duas equi­ pes. Wilgner Mendes, peso médio do SESI, foi o eleito entre os homens, en­ quanto Maria Eduarda Diniz levou o prêmio de revelação entre as mulheres. Wilgner tem 19 anos e Diniz apenas 18. Ela é judoca do Clube de Regatas do Flamengo e foi emprestada ao Painei­ ras exclusivamente na Copa Brasil.


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Por: Assessoria de Imprensa da CBJ

Em 2020, o Judô feminino celebra su­ as pioneiras. Há 40 anos acontecia no Rio de Janeiro o primeiro Campeonato Brasi­ leiro de Judô para mulheres e, em Nova Iorque, o primeiro Campeonato Mundial, no qual o Brasil foi representado por sete guerreiras que abriram as portas do shiai­ jo para as gerações futuras. Para contar um pouquinho dessa his­ tória, a CBJ convidou a Drª Gabriela Con­ ceição de Souza, professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro e autora de di­ versos trabalhos acadêmicos sobre o judô feminino brasileiro, entre os quais o livro Mulheres no tatame: o judô feminino no Brasil. Confira abaixo: As pioneiras do judô brasileiro de alto rendimento Drª. Gabriela Conceição de Souza Instituto Federal do Rio de Janeiro – IFRJ

A história das mulheres no judô brasi­ leiro foi marcada por muita resistência, com proibições e rupturas e, finalmente, com a superação e vitórias. A participação nos primeiros eventos competitivos de judô, demonstraram a determinação que elas teriam que ter para dar início a cami­ 72

nhada que, 32 anos depois, trouxe um dos melhores resultados de todos os tem­ pos para as brasileiras, neste esporte. A trajetória das pioneiras do judô de alto rendimento brasileiro começa ao final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, embora muitas anônimas tenham começado a prática do judô já nos anos 1950, mas sem visar competições. O que muitas delas não sabiam era que desde 1930, médicos eugenistas ori­ entavam que as mulheres deveriam se exercitar apenas através de esportes que valorizavam a beleza, plasticidade e con­ tribuíssem para a “boa maternidade”. En­ tretanto, as filhas dos professores de judô e mulheres curiosas por praticar uma arte marcial, acabaram aderindo ao judô sem nem mesmo saberem destas orientações, ignorando a cultura vigente. Foi o caso de Eiko Suzuki, em São Paulo, primeira faixa preta da América Latina, em 1963, e Léa Linhares, gaúcha, primeira faixa preta do Sul do Brasil, em 1969, ambas não tive­ ram suas faixas reconhecidas pela Confe­ deração da época. O que antes era orientação dos médi­ cos eugenistas, se tornou um decreto­lei em 1941, onde dizia que esportes como


futebol, levantamento de peso, lutas, den­ tre outros não eram compatíveis com a fe­ minilidade esperada da mulher. O fim do decreto­lei veio com a partici­ pação de uma equipe de quatro mulheres judocas no campeonato Sul­americano de Montevideo, em outubro de 1979, de for­ ma escondida do governo brasileiro, uma vez que não seria permitida a saída do país para esta participação. Ao retorna­ rem do evento com as medalhas, somado a uma série de acontecimentos políticos em defesa dos direitos das mulheres, o decreto­lei foi revogado, em dezembro do mesmo ano. Esta subversão dos dirigen­ tes da época deu início a tortuosa cami­ nhada do judô feminino no alto rendimento. Para o primeiro campeonato brasileiro em 1980, os Estados brasileiros deveriam selecionar as atletas que os representari­ am. Em muitas destas competições esta­ duais o número de atletas surpreendeu, deixando de fora muitas mulheres que de­ pois, ano após ano, foram disputando va­ gas na seleção brasileira para sul­americanos, pan­americanos e mundi­ ais. As judocas não faziam ideia da quan­ tidade de mulheres que já praticavam o judô por todo território nacional e muitas delas não sabiam que, menos de um ano antes, este evento seria proibido por de­ creto­lei. A primeira equipe feminina que dispu­ tou o primeiro campeonato mundial de judô nos Estado Unidos, na cidade de No­ va Iorque, foi composta pelas primeiras campeãs brasileiras de judô: Gislene Apa­ recida Lamano (SP), Iara Cunha (RS), So­ lange Almeida Pessoa (SP), Heliana do Carmo (SP), Ângela Cruz (BA), Helena Cristina Guimarães (BA), Soraia André (SP). Neste mundial, participaram 153 mulheres, de 28 países dos 5 continentes. Aos poucos as brasileiras começaram a participar de eventos internacionais e, para isso, as lutas começaram a aconte­ cer fora dos tatames também. Além dos problemas já enfrentados por todos os atletas, como falta de infraestrutura e de patrocínios, as mulheres judocas enfren­ 73

taram lutas contra preconceitos, estereóti­ pos e silenciamentos. Elas foram impedi­ das de competir em outras edições de campeonatos mundiais, tiveram o direito de competir em eventos internacionais cerceados pela própria gestão brasileira, mas nada foi suficiente para diminuir a de­ terminação destas judocas. Na virada do século, de 2001 em dian­ te, a mudança da gestão da Confedera­ ção Brasileira de Judo, as Leis de Incentivo, Bolsa atleta e outras ações go­ vernamentais em favor do esporte deram às novas gerações de judô um cenário ini­ maginável para as pioneiras, com equipes multidisciplinares, investimento separado para o judô feminino, dentre outros que alavancaram a qualidade do judô feminino de alto rendimento. O caminho que começou com as pio­ neiras, levou 28 anos até que as mulheres pudessem subir ao pódio olímpico, com o terceiro lugar de Ketleyn Quadros, em Pe­ quim/2008, e quatro anos depois ao ouro olímpico, com Sarah Menezes em Lon­ dres/2012. Fica marcado nesta trajetória que as pioneiras do judô feminino brasileiro que­ braram paradigmas e foram as responsá­ veis pela sua legitimação no cenário do judô brasileiro. Elas pavimentaram uma estrada de sucesso para que a atual gera­ ção pudesse usufruir de uma estrutura que desse condições para a conquista de resultados significativos em todos os ní­ veis de competição. Referências do texto: SOUZA, Gabriela Conceição de; MOU­ RÃO, Ludmila. Mulheres no tatame: o judô feminino no Brasil. Rio de Janeiro: MAU­ AD X/ FAPERJ, 2011. SOUZA, Gabriela Conceição de; VOTRE, Sebastião; PINHEIRO, Claudia; DEVIDE, Fabiano. Rosicleia Campos no judô femi­ nino brasileiro. Revista de Estudos Femi­ nistas, Florianópolis, v. 23, n. 2, p. 352, maio/ago. 2015. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/in­ dex.php/ref/article/view/38865>


Por: Assessoria de Imprensa da CBJ

Cinco judocas brasileiros medalhistas olímpicos que marcaram seus nomes na história do esporte receberam uma home­ nagem especial da Confederação Brasilei­ ra de Judô, nesta terça­feira, 15, em Pindamonhangaba, onde acontece o trei­ namento de campo da seleção brasileira. Sarah Menezes (ouro em Londres 2012), Tiago Camilo (prata em Sydney e bronze em Pequim 2008), Flavio Canto (bronze em Atenas 2004), Leandro Guilheiro (bronze em Atenas 20014 e Pequim 2008) e Carlos Honorato (prata em Sydney 2000) foram promovidos à Faixa Verme­ lha e Branca 6º Dan, ostentando, a partir de agora, o título de Kôdansha. Ao lado deles, esteve também o presidente da Fe­ deração de Judô do Rio Grande do Norte, Tibério Maribondo, que também recebeu sua promoção ao 6º Dan. Em cerimônia reservada e restrita apenas aos homenageados, seguindo os cuidados de prevenção à Covid­19, os no­ vos Kôdansha receberam das mãos do presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges, do gestor de Alto Rendimento, Ney Wilson Pereira, e do gestor das Equipes de Base, Marcelo Theotônio, suas faixas e certifica­ dos. A honraria é um reconhecimento iné­ 74

dito da CBJ a ex­atletas que dedicaram grande parte de suas vidas ao judô e tive­ ram relevante contribuição para o desen­ volvimento e evolução da modalidade no Brasil. Os cinco atletas homenageados desta terça se encaixam nos novos critéri­ os de graduação estabelecidos pela CBJ em portaria publicada no dia 04 de no­ vembro de 2020, que valoriza ainda mais os atletas e medalhistas olímpicos brasi­ leiros. “Para reformular os critérios, busca­ mos referências de outros países que já adotam esse critério de promoção e apro­ veitamos para fazer essa outorga nesta semana em que realizaremos também o Encontro Nacional de Kôdanshas a partir da próxima sexta­feira. Hoje são esses cinco atletas homenageados mais o presi­ dente Tibério, que já tinha carência e eu trouxe para esse momento para valorizar ainda mais todos os seguimentos. Esta­ mos atentos a todos: árbitros, atletas, téc­ nicos, veteranos, kôdanshas, com um olhar muito especial. Essa ação continua­ rá e vai a todos os atletas que se encaixa­ rem nos novos critérios”, explicou o presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges durante a cerimônia. Kôdansha é um título de alta graduação,


específico do Judô criado pelo Instituto Kodokan, e que deve ser outorgado àque­ les que se empenharam no aprendizado, na prática contínua, na demonstração da sua eficiência técnica, e à devida dedica­ ção no ensino, no estudo e na pesquisa do Judô. Portanto, é depositário e respon­ sável pela difusão dos princípios filosófi­ cos e educacionais do Judô, preconizados pelo Prof. Jigoro Kano. Sarah Menezes: “Para mim, essa promo­ ção é uma honra. Fico muito feliz e consi­ go relembrar do meu início no judô com 9 anos de idade, uma carreira brilhante, al­ tos e baixos também e, agora, essa con­ quista inédita. Só tenho que agradecer, pelos feitos que tive, pela minha carreira e a todos que estiveram comigo”, resumiu a campeã olímpica Sarah Menezes. Leandro Guilheiro: “É um pouco surpre­ endente. Nunca imaginei que aconteceria tão rápido assim. E acaba vindo num mo­ mento bem oportuno para mim, porque, de certa forma, simboliza muito a minha aposentadoria dos tatames, que é uma coisa que muita gente ainda não tinha en­ tendido o que tinha acontecido, não sabia. E, para mim, representa, simbolicamente, realmente o meu adeus ao judô competiti­ vo. É um momento que eu olho minha carreira, esses 32 anos de dedicação ao judô e que, de certa forma, acaba sendo coroada por essa promoção.” Flavio Canto: “É um dia super especial. Para mim é uma baita honra receber essa graduação ao lado de pessoas que eu ad­ miro tanto, que sonharam comigo durante tantos anos, lutaram juntos, alguns, como o eu e o Tiago, fomos adversários durante tantos anos das nossas vidas e hoje aqui nesse momento dividindo esse dia especi­ al. Acho que é uma cultura muito positiva pensando em Confederação Brasileira de Judô. Outros países já fazem isso e é uma maneira de reconhecimento, de pres­ tígio de pessoas que dedicaram a vida ao judô e que agora fazem parte de um gru­ po seleto. Eu sei da responsabilidade que é, tantos kodanshas que passaram tam­ bém uma vida inteira dedicada ao judô. A gente também se dedicou, mas de uma forma um pouco diferente, mas fazemos parte de uma família só. Pretendo honrar 75

essa faixa todos os dias, especialmente, por todos aqueles que vieram antes de mim.” Carlos Honorato: “Fico muito agradecido à CBJ, às Federações que aprovaram es­ sa portaria. Isso aqui é a dedicação de uma vida nossa dentro do judô. Não é porque nós, medalhistas olímpicos, pas­ samos a ser Kôdanshas através dessa portaria que a gente não continue estu­ dando, trabalhando pelo judô brasileiro. É mais uma etapa que a gente está cres­ cendo na nossa vida. E, para mim, aqui é resultado de toda minha dedicação ao judô brasileiro.” Tiago Camilo: “Me sinto muito feliz e honrado com essa graduação. Nós, atle­ tas, tivemos momentos de conquistas du­ rante toda nossa vida, nossa carreira e, de forma muito merecida, estamos felizes, porque é um reconhecimento por toda nossa dedicação ao esporte e por todo o impacto que extrapolam nossas conquis­ tas. É uma marca que ficará para todos os atletas que trilharam esse caminho que nós trilhamos. Eles verão que existe um reconhecimento pós­carreira. A Confede­ ração está dando esse suporte para que eles continuem trilhando esse caminho dentro do esporte. Agradeço à CBJ, ao professor Ney Wilson, a todos os presi­ dentes de Federação que apoiaram essa iniciativa, ao presidente Silvio. De forma merecida os atletas foram condecorados com o 6º grau. Muito obrigado.” Tibério Maribondo: “São 38 anos vestin­ do o quimono. 27 anos como faixa­preta. E, sem dúvida, o meu melhor sonho não seria como hoje, da forma como está sen­ do, estando ao lado dos nossos ídolos do judô, medalhistas olímpicos e receber a mesma graduação que eles, no mesmo dia, na frente da seleção brasileira, do presidente de CBJ, do professor Ney Wil­ son, de grandes amigos que a gente construiu ao longo dessa caminhada no judô brasileiro. Gostaria de parabenizar a CBJ pela ação de valorização dos atletas olímpicos e agradecer a Comissão Nacio­ nal de Graus pela homologação da minha graduação. Vou me esforçar muito para honrar a faixa que agora está na cintura.”


Por: Assessoria de Imprensa da CBJ

A pandemia do novo coronavírus transfor­ mou a forma como enxergamos o mundo e nos apresentou novas possibilidades para fa­ zermos o que sempre fizemos, só que de um jeito diferente. E é nesse novo contexto, com seus desafios e oportunidades, que a Confe­ deração Brasileira de Judô promoveu, nos di­ as 18, 19 e 20 de dezembro, a 4ª edição do Encontro Nacional de Kôdanshas do Judô brasileiro, de forma totalmente virtual, unindo tradição e inovação. Todas as palestras fo­ ram transmitidas ao vivo pelo Canal Brasil Judô, no Youtube, e os participantes puderam acompanhar as apresentações de forma re­ mota e em segurança. “Desde 2017, o encontro reúne os judo­ cas mais graduados do país com o objetivo de reconhecer e enaltecer aqueles que são os responsáveis pela difusão dos valores educacionais e filosóficos do Judô”, ressalta o presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges. “Convidamos todos os judocas do Brasil a acompanhar as palestras e prestigiar esse evento que já ficou consolidado no calendário do Judô Brasileiro.” A programação oficial começou com o ce­ rimonial de abertura, na sexta­feira, 18, às 19h (horário de Brasília). Duas palestras fo­ ram realizadas para esse dia: “O histórico da criação do grupo e encontro de kôdanshas” ­ por Irisomar Fernandes Silva, Kôdansha 6º Dan; e “O que é ser kôdansha” ­ por Oswal­ do Cupertino Simões Filho, Kôdansha 7º Dan. 76

No final de semana, a programação foi sempre pela manhã, das 9h às 11h30. No sábado, 19, o professor Kodansha 9º Dan, Ney de Lucca Mecking, abriu o dia fa­ lando sobre “Os caminhos do Judô”. Em se­ guida, Alexandre Velly Nunes, Kôdansha 6º Dan, apresentou o tema “Tradição e Evolu­ ção” e o professor Rodrigo Motta Guimarães (6º Dan) falou sobre a “Qualidade total aplica­ da ao Judô”. Fechando o dia, o coordenador nacional de Kata, Rioiti Uchida (Kôdansha, 7º Dan) apresentou o KOCHIKI­NO­KATA. O último dia também foi recheado de atra­ ções especiais. Presidente da Federação de Judô do Espírito Santo, o médico Marcio Al­ meida, apresentou o tema “Retomada pós­ pandemia”; e o dr. Ítalo Rachid falou sobre “Longevidade saudável”. Para fechar, aconte­ ceu uma super mesa redonda com os profes­ sores Solange Pessoa (7º Dan), Tadao Nagai (9º Dan) e Josmar Amaral (7º Dan), presiden­ te da FEGOJU. No primeiro dia do encontro, participação do presidente do Instituto Kodokan do Ja­ pão O primeiro dia do IV Encontro Nacional de Kodanshas do Judô Brasileiro foi prestigiado por diversas autoridades do judô nacional e mundial, entre elas, Haruki Uemura, presiden­ te do Instituto Kodokan, do Japão, berço do Judô de Jigoro Kano. O campeão olímpico e mundial enviou, gentilmente, um depoimento


em vídeo que foi exibido na abertura do En­ contro na noite de abertura do evento. Uemura iniciou sua fala relembrando as dificuldades enfrentadas pelos judocas no contexto da pandemia do novo coronavírus e como os treinamentos no Kodokan foram im­ pactados, assim como os Jogos Olímpicos de Tóquio que, pela primeira vez na história, fo­ ram adiados em um ano. Em seguida, ele ressaltou o importante papel do Kôdansha nesse contexto. “Ainda temos uma luta contra o coronaví­ rus. Portanto, neste momento, gostaria que os Kôdanshas fizessem o seu melhor: ensi­ nando o que foi aprendido nessa experiência e orientando o que foi cultivado até agora”, disse. “Depois de se tornar um Kôdansha vo­ cê deve dar o exemplo para a geração mais jovem. Aprenda o raciocínio das técnicas com o Kata; planeje aplicações com Randori; ad­ quira conhecimento com Palestra; e cultive a capacidade de pensar com Perguntas e Res­ postas. Mostre essa prática para a geração mais jovem. Essa é uma lição do mestre Ka­ no.” Paulo Wanderley Teixeira e Geraldo Ber­ nardes são homenageados Mantendo a tradição de homenagear e reunir grandes mestres do judô brasileiro, a abertura foi marcada por momento de grande emoção com a homenagem surpresa da Con­ federação Brasileira de Judô aos professores Kôdanshas, Paulo Wanderley Teixeira (8º Dan), presidente do Comitê Olímpico do Bra­ sil, e Geraldo Bernardes (9º Dan), técnico do Instituto Reação e ex­técnico da seleção bra­ sileira. Ambos foram agraciados com a co­ menda da Ordem do Mérito CBJ 2020, honraria destinada a pessoas e instituições com reconhecidos serviços prestados ao judô brasileiro. “É com muita emoção que eu recebo essa comenda. Ao longo dos meus anos e anos no judô, talvez eu não seja o maior merecedor, outros também merecem. Mas, eu fico hoje duplamente satisfeito, junto ao meu atleta que começou comigo aos 14 anos, que fez um so­ nho meu tornar­se realidade, ver o Flavio ser medalhista olímpico. Muito obrigado, eu me sinto muito honrado e não vou guardar. Vou mostrar para todos com muito carinho essa comenda. Eu divido isso com as pessoas que 77

me alavancaram e fizeram chegar onde che­ guei”, agradeceu o Sensei Geraldo Bernar­ des, que recebeu a medalha das mãos de seu pupilo Flavio Canto junto aos seus alunos no dojô do Instituto Reação. Em seguida, em mais uma surpresa, foi a vez de Paulo Wanderley receber sua comen­ da, igualmente das mãos de um de seus atle­ tas, o campeão olímpico e diretor geral do COB, Rogério Sampaio. Lisonjeado, ele dedi­ cou a honraria a todos que fizeram parte dos seus 60 anos de judô, citando duas pessoas especiais nessa caminhada. “Me sinto triplamente honrado por receber essa comenda. O Geraldo foi um companhei­ ro no período que estive na seleção e foi uma grata surpresa estar ao lado dele nessa ho­ menagem. Também por receber do Rogério Sampaio. Com certeza, é mais do que eu es­ perava. Estou bastante orgulhoso de receber essa comenda da CBJ”, agradeceu Paulo Wanderley. “São centenas de pessoas que eu teria que agradecer, atletas, professores, árbitros. São 60 anos envolvidos com o judô, 48 anos na militância do esporte. Mas, tem uma pessoa que merece a nossa reverência, em se tratando de Kôdansha, que é o profes­ sor José Pereira Silva que, aos 92 anos de idade, continua passando seus conhecimen­ tos. E, em referência aos atletas, gostaria de citar uma atleta que foi uma referência nos primórdios do judô brasileiro, enfrentando to­ das as dificuldades dos anos 70, 80 e é uma mulher, que é a Soraia André”, completou. “Fico muito orgulhos de poder homena­ geá­los. O objetivo era trazer para esse En­ contro um momento de valorização. Os três homenageados com a comenda nesses dois anos de existência são Kôdanshas com uma grande contribuição à nossa modalidade no nosso território e em qualquer parte do nosso planeta”, concluiu o presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges. A Comenda da Ordem do Mérito CBJ foi instituída em 2019 como parte das celebra­ ções pelos 50 anos de fundação da Confede­ ração. O primeiro a recebê­la foi Chiaki Ishii, primeiro medalhista olímpico do judô brasilei­ ro, bronze em Munique 1972. A partir de ago­ ra, ele será acompanhado por mais dois baluartes do judô nacional no seletíssimo gru­ po da Ordem do Mérito CBJ.



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