Revista Simplesmente JUDÔ #18

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EDITORIAL Entregamos a Simplesmente JUDÔ número 18. Essa edição contempla dois super eventos: Mundial Junior na Itália e o Grand Slam de Paris. Todos os créditos dos textos e fotos desta edição são dos correspondentes e fo­ tógrafos da IJF e da Assessoria de Im­ prensa da CBJ, sempre reportando as notícias com propriedade, contribuindo imensamente com o conteúdo dessa revista digital. Nas nas próximas páginas os deta­ lhes das duas competições que inte­

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gram a juventude e promessas mundi­ ais no junior e o jubileu de ouro come­ morado no Grand Slam de Paris. Maria Portela é a nossa homena­ geada na capa desta edição, com seu bonito caminho dentro da modalidade até chegar à seleção brasileira e três olimpíadas. Nossa missão na revista Simples­ mente JUDÔ sempre será trazer infor­ mações sobre a modalidade onde quer que esteja acontecendo e dentro de nossas possibilidades. Simples assim. Boa leitura.


Durante cinco dias os melhores ju­ niores, 495 no total, de 72 países, dis­ putaram no Geopalace o título supremo de Campeão Mundial Júnior, título que conta na carreira de jovens atletas. Após quatro dias de competição in­ dividual, o já conhecido e espetacular evento de equipes mistas aconteceu entre as 15 melhores equipes do mun­ do. Brasil marcou presença na competi­ ção Para essa competição a Confede­ ração Brasileira de Judô convocou 13 jovens judocas para representar o Bra­ sil. Essa foi a principal competição da Federação Internacional de Judô para as categorias de base desde 2019, ano do último Mundial Júnior. As disputas individuais foram nos dias 06, 07, 08 e 09 de outubro. No dia 10, último dia de competição, todos os 04

judocas voltam ao tatame para a com­ petição por equipes mistas. Enquanto o circuito adulto retomou os eventos ao final de 2020 para finali­ zar a corrida olímpica rumo a Tóquio 2020, as etapas Sub­21 ficaram sus­ pensas por mais tempo, retornando apenas em junho de 2021 com compe­ tições na Europa, Ásia e em alguns países sul­americanos. Por restrições de fronteira decor­ rentes da pandemia, as equipes brasi­ leiras enfrentaram dificuldades para viajar ao exterior e a alternativa encon­ trada pela CBJ foi promover treinamen­ tos de campo nacionais para os judocas da classe Sub­21. O Campeo­ nato Pan­Americano Júnior realizado em agosto, em Cali, foi a única compe­ tição internacional que o Brasil conse­ guiu participar neste período e que serviu de parâmetro para definir os convocados para o Mundial. Foram se­


lecionados os campeões continentais com idade acima de 18 anos. “Chegaremos para esse Mundial numa condição totalmente diferente dos Mundiais anteriores. A Europa já tem um ritmo de competição avançado, pois já tiveram condições de fazer em torno de seis eventos júnior, além dos nacionais. Nós tivemos apenas o Pan­ Americano e os treinamentos de cam­ po nacionais. O Brasil também ficou impedido de entrar em alguns países no continente, o que dificultou muito o nosso planejamento”, explicou na oca­ sião Marcelo Theotônio, gerente das equipes de transição da CBJ que com­ preendem os judocas Sub­18 e Sub­ 21. “Nesse cenário, o Mundial Júnior será encarado como uma ação de de­ senvolvimento, de oportunidade e, so­ bretudo, de preparação para os Jogos Pan­Americanos de Cali, que entende­ mos ser a competição mais importante 05

do ano para essa classe.” A importância do Pan de Cali está, principalmente, no que o evento pode trazer de experiência poliesportiva para os jovens atletas e também na possibi­ lidade de chegarem aos Jogos da clas­ se sênior. De acordo com o novo regulamento da competição, os cam­ peões Sub­21 em Cali já garantirão va­ ga nos Jogos Pan­Americanos de Santiago 2023. O Mundial Júnior, por outro lado, contribuirá para o processo de transi­ ção dos juniores para o circuito adulto da Federação Internacional de Judô. O campeão mundial júnior ganha 700 pontos no ranking mundial sênior, mes­ ma pontuação de uma etapa de Grand Prix. No ciclo para Tóquio, quem se beneficiou dessa estratégia foi Daniel Cargnin, campeão mundial júnior em 2017 e medalhista olímpico quatro anos depois.


Alexia Rafaela Matheus Thayane Nauana Gabriel

O judô brasileiro contou com 13 ju­ docas no Campeonato Mundial Júnior de Judô, que aconteceu em Olbia, re­ gião da Sardenha, na Itália. Conheça as novas caras que vêm surgindo com muito potencial nas classes de forma­ ção do judô nacional ALÉXIA NASCIMENTO Aléxia Vitória Vilhalba Souza Nasci­ mento Nascimento: 02/09/2002 ­ 19 anos Naturalidade: Campo Grande/ MS Clube: A.A.Judô Futuro ­ FJMS ­ MS Técnico (a): Alessandro Nascimento Categoria: Ligeiro (­48kg) RAFAELA BATISTA Rafaela Chagas Batista Nascimento: 08/05/2003 ­ 18 anos Naturalidade: Rio de Janeiro Clube: Instituto Sta Cruz de Esportes ­ FJERJ ­ RJ Técnico (a): Rafael Barbosa Categoria: Ligeiro (­48kg) MATHEUS PEREIRA Matheus Roberto Pereira Nascimento: 15/03/2002 ­ 19 anos Naturalidade: Itajaí­SC 06

Clube: SESI­SP ­ FPJUDO ­ SP Técnico (a): Alexandre Lee Categoria: Meio­Leve (­66kg) THAYANE LEMOS Thayane de Oliveira Lemos Nascimento: 14/09/2001 ­ 20 anos Naturalidade: Rio de Janeiro, RJ Clube: Instituto Reação ­ FJERJ ­ RJ Técnico (a): Victor Penalber Categoria: Leve (57kg) NAUANA DORES Nauana Aparecida das Dores Lopes da Silva Nascimento: 27/02/2003 (18 anos) Naturalidade: Votuporanga, SP Clube: E C Pinheiros ­ FPJUDO ­ SP Técnico (a): Leandro Guilheiro e Tiago Camilo Categoria: Meio­Médio (63kg) GABRIEL FALCÃO Gabriel Falcão Lira Nascimento: 05/07/2003 (18 anos) Naturalidade: Cachoeiras de Macacu, Clube: Instituto Reação ­ FJERJ ­ RJ Técnico(a): Daniel Loureiro, Victor Pe­ nalber, André Silva, Márcio Ramalho, Raquel Silva, Geraldo Bernades, Paulo Caruso


Luana Marcos Victor Eliza Beatriz Kayo Daniel

Categoria: Leve (73kg) LUANA CARVALHO Luana Oliveira de Carvalho Nascimento: 27/03/2002 (19 anos) Naturalidade: Rio de Janeiro, RJ Clube: UMBRA ­ C.R. VASCO DA GA­ MA ­ FJERJ ­ RJ Técnico (a): Soraya Amorelli Categoria: Médio 70kg MARCOS SANTOS Marcos Soares dos Santos Nascimento: 14/03/2001 (20 anos) Naturalidade: Bauru ­ SP Clube: SESI­SP ­ FPJUDO ­ SP Técnico (a): Alexandre Lee Categoria: Meio­Médio (81kg) VICTOR HUGO NASCIMENTO Victor Hugo da Silva Nascimento Nascimento: 07/01/2001 (20 anos) Naturalidade: São Paulo, SP Clube: C.A. Paulistano ­ FPJUDO ­ SP Técnico (a): Douglas Vieira Categoria: Médio (90kg) ELIZA RAMOS Eliza Carolina Ribeiro Ramos Nascimento: 21/05/2003 (18 anos) Naturalidade: Rio de Janeiro ­ RJ Clube: C.R. Flamengo ­ FJERJ ­ RJ 07

Técnico (a): Rosicleia Campos Categoria: Meio­Pesado 78kg BEATRIZ FREITAS Beatriz Furtado Petri de Freitas Nascimento: 14/05/2002 (19 anos) Naturalidade: São Paulo/SP Clube: EC Pinheiros ­ FPJUDO ­ SP Técnico (a): Leandro Guilheiro/ Tiago Camilo/ Sérgio Baldijao Categoria: Meio­Pesado 78kg KAYO SANTOS Kayo Fabricio Silva dos Santos Nascimento: 05/01/2002 (19 anos) Naturalidade: Arcoverde­PE Clube: Minas Tênis Clube ­ FMJ ­ MG Técnico (a): Fulvio Miyata Categoria: Meio­Pesado 100kg DANIEL SILVA Daniel Bolezina Lemes da Silva Nascimento: 29/07/2002 (19 anos) Naturalidade: Rio de Janeiro ­ RJ Clube: Pais Alunos e Amigos do Judo ­ Blumenau ­ FCJ ­ SC Técnico (a): Ademir Schultz e Ademir Schultz Júnior Categoria: Pesado +100kg


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­48 kg

Resultados finais: 1º SCUTTO Assunta (ITA), 2º KHUBULOVA Irena (RUS), 3º AVANZATO Ásia (ITA), 3º BATISTA Rafaela (BRA), 5º BALABAN Anastasiia (BUL), 5º BERES Lea (FRA), 7º NASCIMENTO Alexia (BRA), 7º GOMEZ ANTONA Gemma Maria (ESP)

­60 kg

Resultados finais: 1º SARDALASHVILI Giorgi (GEO), 2º BAYRAMOV Turan (AZE), 3º VALA­ DIER PICARD Romain (FRA), 3º DAVLATOV Sherzod (KAZ), 5º WOLCZAK Yam (ISR), 5º BAKHTIYOROV Kamoliddin (UZB), 7º SHATIRISHVILI Shakro (GEO), 7º PARCHIEV Abu­Mus­ lim (RUS) 10


É o primeiro campeonato mundial organizado após os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020! O Campeonato Mun­ dial de Juniores, Olbia 2021, entregou judô impressionante ao longo dos cinco dias de competição. Ser cabeça­de­ chave sempre oferece mais chances de estar presente na fase final de um evento internacional. Mesmo assim, nem sempre isso é 100% garantido, principalmente com os juniores que às vezes ainda buscam seu próprio estilo de judô. ­48kg: Bravo Scutto para Itália Para o país anfitrião de um campe­ onato mundial, garantir uma medalha desde o primeiro dia é sempre muito importante. Ao se classificar para a fi­ nal de ­48kg, Assunta Scutto (ITA) con­ seguiu trazer um sorriso aos rostos de toda a delegação italiana. Mas talvez a parte mais difícil tenha ficado, contra a russa Irena Khubulova, que também se classificou para a final. Em menos de um minuto, a Itália já podia dizer que esta edição do Mundial de Juniores foi um sucesso, pois As­ sunta Scutto fez um claro ippon com uma técnica de osae­komi­waza apli­ cada na orla da área de competição. A primeira disputa pela medalha de bronze viu a segunda chance para a Itália subir ao pódio, com Asia Avanza­ to enfrentando Anastasiia Balaban (BUL), vencedora da Copa da Europa Júnior de Praga em julho de 2021. Com as partidas pela medalha de bronze ocorrendo no início do bloco fi­ nal, Asia Avanzato (ITA) ficou muito fe­ liz em oferecer a primeira medalha à sua delegação, após acertar um waza­ ari com um low­o­soto­gari. Foi um bom começo para a Itália. Rafaela Batista (BRA), medalhista de prata no Campeonato Pan­America­ no Júnior 2021 e Léa BERES (FRA), medalha de bronze no último Campeo­ nato Europeu Júnior, se classificaram para o segundo concurso de medalhas 11

de bronze. 38 segundos foram sufici­ entes para a brasileira conquistar o bronze, após aplicar um shime­waza que não deu chance à francesa. ­60 kg: pontuações de Sardalashvili para a Geórgia Romain Valadier Picard era o óbvio favorito e cabeça­de­chave da catego­ ria, tendo vencido o Campeonato Euro­ peu de 2021 com estilo e o francês começou muito bem, mas encontrou um adversário forte e tático, Turan Bayramov (AZE), nas quartas­de­final, que derrotou o judoca francês depois que este foi penalizado pela terceira vez por ter saído do tatame. A regra é clara: quando você está perto do limite, você precisa escapar. Valadier Picard fez isso atacando do lado de fora, quando poderia simplesmente ter evi­ tado a borda do tapete. Assim, Turan Bayramov enfrentou o georgiano Giorgi Sardalashvili, na final. Sardalashvili conquistou o título mundial de juniores após realizar um contra­ataque para waza­ari, inscre­ vendo seu nome na lista de futuros he­ róis georgianos. Decepcionado com a derrota nas quartas­de­final, Romain Valadier Pi­ card encontrou os recursos para ven­ cer sua repescagem para entrar na disputa pela medalha de bronze contra Yam Wolczak de Israel, que ele tam­ bém venceu com um belo waza­ari, marcado com um kata­guruma preciso. A segunda disputa pela medalha de bronze viu Sherzod Davlatov (KAZ) e Kamoliddin Bakhtiyorov Kamoliddin (UZB) competindo por um lugar no pó­ dio. Com um movimento de ombro ex­ celente, Davlatov conquistou a medalha de bronze. ­52 kg: França sobe no topo do pó­ dio da medalha com Devictor Mais uma vez o país­sede qualifi­ cou uma atleta para a final, com Giulia Carna conquistando sua passagem


­52 kg

Resultados finais: 1º DEVICTOR Chloe (FRA), 2º CARNA Giulia (ITA), 3º NDIAYE Binta (SUI), 3º MUMINOVIQ Erza (KOS), 5º ALIYEVA Sabina (AZE), 5º TORO SOLER Ariane (ESP), 7º CASTELLO DIEZ Marina (ESP), 7º ENKHBAATAR Nomintuya (MGL)

­66 kg

Resultados finais: 1º NAGUCHEV Abrek (RUS), 2º SLAMBERGER Lennart (GER), 3º HON­ CHARKO Yevhen (UKR), 3º GOBERT Máximo (FRA), 5º IZVOREANU Radu (MDA), 5º JARA Robin (MEX), 7º ABDUSALIMOV Abdulbosit (UZB), 7º PEREIRA Matheus (BRA) 12


após convincentes vitórias sobre Sheily Lopez (GUA), Teresa Santos (POR), Marina Castello Diez (ESP) e Erza Mu­ minoviq (KOS). Para enfrentá­la na fi­ nal estava Chloe Devictor da França, que teve um caminho sério e consis­ tente para chegar lá, tendo sido seme­ ada a número dois no início do dia. Super motivada pela vitória de seu companheiro de equipe Scutto na cate­ goria inferior, Carna pisou no tatame convencida de que poderia conseguir o mesmo feito, mas Devictor não tinha a mesma opinião. Durante uma partida bastante tática, a francesa pressionou para que fosse penalizada e contra­ atacou por um waza­ari, que ofereceu a primeira medalha de ouro do campe­ onato para a seleção francesa. No primeiro concurso de medalha de bronze, Sabina Aliyeva (AZE) com­ petiu com Binta Ndiaye (SUI), que aca­ bou conquistando a medalha. O segundo concurso de medalha de bronze viu Ariane Toro Soler (ESP) 13

e Erza Muminoviq (KOS) competindo por uma medalha. A medalha foi para Kosovo via Erza Muminoviq, que pode ser uma das próximas estrelas do judô em seu pequeno país. ­66 kg: Rússia ganha sua primeira meda­ lha de ouro com Naguchev

A última final do dia foi contra Abrek Naguchev (RUS) e Lennart Slamberger (GER), depois de terem derrotado, respectivamente, Maxime Gobert (FRA) e Radu Izvoreanu (MDA) na fase semifinal. Slamberger parecia forte e confian­ te em seus ataques, mas Naguchev, menor que seu oponente, estava ape­ nas esperando. Quando o competidor alemão cometeu seu primeiro erro do dia, o campeão russo não desistiu e re­ bateu Slamberger para ippon e con­ quistou a medalha de ouro para a Rússia. O primeiro concurso de medalha de bronze viu Yevhen Honcharko (UKR) e


­57 kg

Resultados finais: 1º GALITSKAIA Kseniia (RUS), 2º PRIMO Kerem (ISR), 3º YILDIZ Ozlem (TUR), 3º MOKDAR Faiza (FRA), 5º TONIOLO Veronica (ITA), 5º ELKINA Natalia (RUS), 7º GERTSCH Olivia (SUI), 7º GRABNER Lisa (AUT)

­73 kg

Resultados finais: 1º SULCA Adrian (ROU), 2º DEMIREL Umalt (TUR), 3º CENTRACCHIO Luigi (ITA), 3º POCHOP Daniel (CZE), 5º GABA Joan­Benjamin (FRA), 5º MECILOSEK Jus (SLO), 7º FALCAO Gabriel (BRA), 7º PELLIGRA Vincenzo (ITA) 14


Radu Izvoreanu (MDA) competindo por uma medalha mundial júnior. O vence­ dor foi decidido rapidamente quando Honcharko rebateu seu oponente para um ippon claro. O segundo concurso de medalha de bronze foi contra o mexicano Robin Jara e o francês Maxime Gobert. Não foi uma vitória fácil para Gobert, que marcou primeiro com um tai­otoshi bem executado, mas o francês voltou passo a passo e impôs sua força antes de encerrar no chão com uma chave de braço para ippon e uma primeira medalha em este nível de competição. Se no segundo dia do Mundial de Juniores, Olbia 2021, se inscrevessem apenas três categorias (­57kg, ­73kg e ­63kg), eram três categorias particular­ mente dinâmicas, das quais o judô cheirava a grandes competições inter­ nacionais seniores. Confira os resulta­ dos finais destas três categorias de peso. No ­57kg, GALITSKAIA Kseniia ( RUS ) venceu PRIMO Kerem ( ISR ), ficando as duas medalhas de bronze com YILDIZ Ozlem ( TUR ) e MOK­ DAR Faiza ( FRA ). No ­73kg, a vitória ficou com SUL­ CA Adrian ( ROU ) sobre DEMIREL Umalt ( TUR ) e as duas de bronze fo­ ram conquistadas por CENTRACCHIO Luigi ( ITA ) e POCHOP Daniel ( CZE ). ­63kg fechou o dia de competição com a vitória de VAN LIESHOUT Joan­ ne ( NED ) sobre VAZQUEZ FERNAN­ DEZ Laura ( ESP ), ficando as medalhas de bronze com VARGA Bri­ gitta (HUN) e KRISTO Katarina (CRO). ­81 kg: Um segundo ouro para a Geórgia com Sherazadishvili

A Geórgia não precisa mais ser apresentada quando se trata de falar sobre judô. Com campeões mundiais e campeões olímpicos vindos do Cáuca­ so, não é surpresa descobrir um novo nome georgiano na final de um campe­ onato mundial, que hoje foi o caso de Giorgi Sherazadishvili. Ele enfrentou 15

Adam Tsechoev, da Rússia, pela me­ dalha de ouro, mostrando o bom mo­ mento da delegação russa, que já conquistou dois títulos em Olbia. Após as duas primeiras lutas pela medalha de bronze, a serem divulga­ das em breve, a final começou com o mesmo ritmo elevado, dando a impres­ são de que mais uma vez a partida não durará quatro minutos. Menos ativo que seu oponente, Adam Tsechoev foi penalizado pela primeira vez. Como is­ so o levou a correr riscos, ele foi con­ testado por Sherazadishvili por waza­ari. O campeão georgiano só te­ ve que controlar o resto da luta para ganhar o título mundial de juniores. Al­ go nos diz que não é a última vez que veremos Giorgi Sherazadishvili. Esta é a segunda medalha de ouro de Giorgia em Olbia. Na primeira disputa pela medalha de bronze, Ayan Baigazy (KAZ) se opôs a Eljan Hajiyev (AZE). Hajiyev ra­ pidamente assumiu a liderança com um claro waza­ari que faltou um pouco de impacto para ser contado como ip­ pon. Alguns segundos depois, todos sentiram que algo estava para aconte­ cer e desta vez foi Ayan Baigazy quem marcou waza­ari com um contra­ata­ que massivo (te­waza) na tentativa de Hajiyev de marcar com um sasae­tsuri­ komi­ashi. Ficou claro que esta partida não chegaria ao fim e foi exatamente o que aconteceu quando Eljan Hajiyev executou uma técnica de koshi­waza aérea, desta vez para ippon. Ontem, Gianni Maddaloni explicou que junto com seu filho conquistariam o título se Bright seguisse, ao pé da le­ tra, o plano traçado em conjunto. Isso quase funcionou, até as quartas­de­fi­ nal, quando Bright Maddaloni Nosa (ITA) perdeu para Eljan Hajiyev (AZE). Para o italiano ainda havia uma chance de subir ao pódio, quando enfrentou Artem Bubyr (UKR) na segunda dispu­ ta pela medalha de bronze. Infelizmen­ te, ele foi rapidamente rebatido em seu


­63 kg

Resultados finais: 1º VAN LIESHOUT Joanne (NED), 2º VAZQUEZ FERNANDEZ Laura (ESP), 3º VARGA Brigitta (HUN), 3º KRISTO Katarina (CRO), 5º TURPIN Melodie (FRA), 5º OZBAS Szofi (HUN), 7º CORRAO Alessia (BEL), 7º. IVANESCU Florentina (ROU)

­81 kg

Resultados finais: 1º SHERAZADISHVILI Giorgi (GEO), 2º TSECHOEV Adam (RUS), 3º HA­ JIYEV Eljan (AZE), 3º BUBYR Artem (UKR), 5º BAIGAZY Ayan (KAZ), 5º MADDALONI NOSA Bright (ITA), 7º JANFAOUI Emir (FRA), 7º ABDUJALILOV Muhammadjon (TJK)

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primeiro ataque e então imobilizado por Artem Bubyr, com a medalha indo para a Ucrânia. ­70 kg: Uma vitória pura e humilde para Tsunoda da Espanha Campeão mundial de cadetes no Ca­

zaquistão em 2019 e medalhista de bronze no último Campeonato Europeu Júnior em Luxemburgo, Ai Tsunoda Roustant (ESP) já é um júnior realiza­ do. Ela também já conquistou a meda­ lha de bronze em um Grande Prêmio do Tour Mundial de Judô. Hoje ela es­ tava pronta para adicionar uma linha importante à sua lista de prêmios, ao entrar na final da categoria ­70kg con­ tra a croata Lara Cvjetko (CRO), que estava pronta para seguir os passos de sua ilustre companheira de equipe Bar­ bara Matic, campeã mundial sênior em junho passado em Budapeste. Sendo menos ativo do que Tsuno­ da Roustant, o competidor croata foi penalizado pela primeira vez com um shido por passividade. Sem sucesso até o último minuto e meio, Tsunoda Roustant lançou sua própria versão de um tsuri­komi­goshi invertido e desta vez acertou um waza­ari. Muito confi­ ante em sua capacidade de controlar o resto da final, Ai Tsunoda Roustant conquistou já o segundo título mundial de sua jovem carreira em estilo puro e humilde. No primeiro concurso de medalhas de bronze Luana Carvalho (BRA) e Fri­ ederike Stolze (GER) disputaram uma medalha. O alerta ficou vermelho quando Luana Carvalho quase apa­ nhou Friederike Stolze no início da par­ tida, mas o alemão escapou mas não a segunda vez e foi assim que Carvalho conseguiu uma viragem perfeita para aplicar um sankaku­jime, transformado em imobilização pelo ippon e pela me­ dalha de bronze. Katarzyna Sobierajska (POL) e Na­ taliia Chystiakova Nataliia (UKR) com­ petiram pela segunda medalha de 17

bronze. Depois de uma longa sequên­ cia de observação sem pontuação, a primeira a adicionar um waza­ari ao seu nome foi Sobierajska. Foi uma pontuação que ela manteve viva até o gongo final, para ganhar o bronze. ­90kg: Hungarian Safrany conclui um lindo dia de judô Após o sucesso de Joanne Van Li­ eshout no segundo dia do Mundial Jú­ nior, a Holanda colocou outro atleta em condições de ganhar o ouro, com Tigo Renes enfrentando Peter Safrany, da Hungria, na final da categoria até 90kg. Peter Safrany já teve oportunidade de mostrar a sua capacidade de con­ tra­ataque e mais uma vez na final marcou duas vezes com o que parecia ser o seu tokui­waza ou técnica preferi­ da, para conquistar o título para a Hun­ gria. É preciso dizer que todo o bloco final foi excepcional, pois apenas uma partida foi para o placar de ouro e toda a sequência não durou mais que uma hora e dez minutos. A Rússia tinha a garantia de ter mais uma medalha com Adam Sanga­ riev (RUS) e Egor Andoni (RUS) sendo qualificados para o concurso de meda­ lha de bronze. Esta foi a primeira e úni­ ca pontuação de ouro do bloco final deste terceiro dia. Com os atletas se conhecendo tão bem, eles não encon­ traram uma oportunidade simples para lançar e, portanto, o vencedor foi deci­ dido por aquele com menos penalida­ des que o outro. Bronze foi para Adam Sangariev. Todos os atletas franceses mostra­ ram um judô muito bom ao longo das rodadas preliminares no terceiro dia, mas no final do dia, apenas um atleta, Maxime­Gael Ngayap Hambou, estava em posição de subir ao pódio, contra Alex Cret (ROU ) Foi uma partida muito agradável assistir os dois atletas ofere­ cendo ao público muita ação e pontua­ ção. Alex Cret marcou primeiro, mas seu waza­ari foi rebaixado. Em segui­


­70 kg

Resultados finais: 1º TSUNODA ROUSTANT Ai (ESP), 2º CVJETKO Lara (CRO), 3º CARVA­ LHO Luana (BRA), 3º SOBIERAJSKA Katarzyna (POL), 5º STOLZE Friederike (GER), 5º CHYSTIAKOVA Nataliia (UKR), 7º CZERLAU Jennifer (HUN), 7º ESPOSITO Martina (ITA)

­90 kg

Resultados finais: 1º SAFRANY Peter (HUN), 2º RENES Tigo (NED), 3º SANGARIEV Adam (RUS), 3º NGAYAP HAMBOU Maxime­Gael (FRA), 5º ANDONI Egor (RUS), 5º CRET Alex (ROU), 7º DAMIER Francis (FRA), 7º AYDIN ​​Omer (TUR)

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da, o competidor francês marcou um primeiro waza­ari com um movimento rolante, seguido logo depois por um baixo sode­tsuri­komi­goshi para ippon e a medalha de bronze para Maxime­ Gael Ngayap Hambou. ­78 kg: Série de Ouro para Anna Monta Olek Anna Monta Olek (GER) e Real Van Heemst (NED) se classificaram para a primeira final do quarto dia de competição do Mundial de Juniores. Para ambas foi um momento potencial­ mente muito especial, já que poderia ser a primeira medalha de ouro da Ale­ manha em Olbia e para Van Heemst seria uma grande confirmação da boa forma da delegação holandesa que já conquistou uma medalha de ouro e uma de prata. Quaisquer que fossem os resultados, as duas atletas domina­ ram as rodadas preliminares com con­ sistência e concentração. Olek e Van Heemst já se conheciam muito bem. Elas se conheceram há algumas se­ manas durante o Campeonato Europeu de Juniores, na final e a judoca alemã venceu. Quais seriam os resultados desta vez? Mais uma vez Anna Monta Olek executou a final perfeita, marcando um primeiro waza­ari com seu uchi­mata destro, seguido imediatamente no chão para ippon. A segunda competidora alemã da categoria, Raffaela Igl, também marcou presença no bloco final. Ela enfrentou Yelyzaveta Lytvynenko (UKR) por uma vaga no pódio e, após um belo trabalho de base, derrubou sua oponente pelo ippon e pela medalha de bronze. Na segunda disputa pela medalha de bronze, Liz Ngelebeya (FRA) se opôs a Eliza Ramos (BRA). A menos de um minuto do final, Ngelebeya fez o waza­ari e parecia em boa posição pa­ ra vencer, mas alguns segundos de­ pois Eliza Ramos também marcou com um o­soto­gari para o waza­ari. Era a vez do golden score, em uma partida 19

mais indecisa do que nunca. Eventual­ mente, foi Ramos quem marcou o se­ gundo e libertador waza­ari para ganhar a medalha de bronze. ­100 kg: Desta vez é ouro para Sula­ manidze O Uzbequistão e a Geórgia são dois grandes jogadores do World Judo Tour, então encontrar competidores vindos desses dois países não foi uma surpresa. A sessão da manhã inteira foi dominada pelos dois judocas, Sukh­ rob Rajabov (UZB) Ilia Sulamanidze (GEO), que moveu muito peso para limpar o patch na frente deles. Tivemos que esperar até o último minuto para ver o primeiro placar da fi­ nal, quando Ilia Sulamanidze executou um okuri­ashi­barai perfeito. Já vence­ dor de várias medalhas do World Judo Tour, da medalha de bronze do cam­ peonato mundial sênior em Budapeste este ano e um ex­medalhista mundial júnior de prata, 2021 é o seu ano para se tornar também o novo campeão mundial júnior. A primeira medalha de bronze foi disputada entre Viktor Adam (SVK) e Matvey Kanikovsiy (RUS) e foi o russo quem marcou o primeiro waza­ari e continuou dominando a partida antes de marcar um ippon soberbo com ashi­ guruma para selar o acordo. Outro competidor uzbeque também esteve presente no bloco final: Utkir­ berk Toroboyev. Ele se classificou para a segunda disputa pela medalha de bronze, para lutar contra o alemão Kili­ an Kappelmeier e durante uma partida difícil marcou dois waza­ari para ga­ nhar o que ainda era a primeira meda­ lha do time uzbeque antes da final. + 78 kg: Coralie mostra maestria pa­ ra ganhar ouro Marit Kamps, da Holanda, não foi uma surpresa, já que chegou como a cabeça­de­chave aqui em Olbia. Ela se juntou a Coralie Hayme da França na final. Na verdade a judoca francesa foi


­78 kg

Resultados finais: 1º OLEK Anna Monta (GER), 2º VAN HEEMST Yael (NED), 3º IGL Raffaela (GER), 3º RAMOS Eliza (BRA), 5º LYTVYNENKO Yelyzaveta (UKR), 5º NGELEBEYA Liz (FRA), 7º DOLGILEVICA Una (LAT), 7º PARAGULGOVA Madina (KAZ)

­100 kg

Resultados finais: 1º SULAMANIDZE Ilia (GEO), 2º RAJABOV Sukhrob (UZB), 3º KANIKOVS­ KIY Matvey (RUS), 3º TUROBOYEV Utkirbek (UZB), 5º ADAM Viktor (SVK), 5º KAPPELMEIER Kilian (GER), 7º SAPARBAEV Khamzat (FRA), 7º. JAPARIDZE Mikheil (GEO) 20


semeado em segundo lugar e isso também não foi uma surpresa, em uma categoria onde os atletas estão cada vez mais apresentando uma capacida­ de física e técnica incrível e uma gran­ de habilidade de arremesso. O mínimo que se pode dizer é que Coralie Hayme dominou a final. Nunca realmente em perigo, ela controlou os kumi­kata perfeitamente, empurrando Kamps para serem penalizados duas vezes e no momento certo, a lutadora francesa executou um tai­otoshi baixo para acertar waza­ari, que ela manteve até o gongo final, por um bem mereci­ do título mundial júnior. O domínio de Hayme nesse nível de competição foi bastante impressionante. Nada parecia incomodá­la e ela aplicou as táticas perfeitas. Apesar de muitas dificuldades, a Venezuela é um dos países que coloca atletas em condições de ganhar meda­ lhas com regularidade, aqui com Ama­ rantha Urdaneta, mas também no Circuito Mundial de Judô. Ela enfrentou Hilal Ozturk da Turquia; um país que tem uma forte história recente no peso 21

pesado feminino. Em menos de 45 se­ gundos, o resultado foi conhecido, com Ozturk marcando waza­ari com uma técnica de maki­komi, seguido de uma imobilização para ippon. Lea Fontaine, também da França, esperava uma posição melhor na finali­ zação, mas ela teve que se limitar a disputar o bronze contra Elisabeth Pflugbeil da Alemanha. O mesmo ce­ nário ocorreu aqui como durante a pri­ meira disputa pela medalha de bronze, com um primeiro waza­ari de Fontaine seguido por uma imobilização para ip­ pon e uma nova medalha para a dele­ gação francesa. + 100 kg: Com Inaneishvili, Geórgia ganha seu quarto ouro A última categoria do dia e do tor­ neio individual viu dois países já com pelo menos uma medalha de ouro ca­ da, lutando pelo título final. Na verda­ de, antes do início do dia, a Geórgia, representada por Saba Inaneishvili, apontava para o segundo lugar no ran­ king nacional, já com duas medalhas de ouro, com a Hungria, representada


+ 78 kg

Resultados finais: 1º HAYME Coralie (FRA), 2º KAMPS Marit (NED), 3º OZTURK Hilal (TUR), 3º FONTAINE Lea (FRA), 5º URDANETA Amarantha (VEN), 5º PFLUGBEIL Elisabeth (GER), 7º BULAVINA Ruslana (UKR), 7º ALBOROVA Alana (RUS)

+100 kg

Resultados finais: 1º INANEISHVILI Saba (GEO), 2º SIPOCZ Richard (HUN), 3º DEME­ TRASHVILI Irakli (GEO), 3º WITASSEK Yvo (GER), 5º MAMARASULOV Shokhrukh (UZB), 5º KONE Losseni (GER), 7º NDAO Yves (BEL), 7º LEMES DA SILVA Daniel (BRA) 22


pelo atual Campeão Europeu, Richard Sipocz, sentado com uma , até aqui. A final foi uma partida tática entre os homens mais fortes da época e eles precisavam do período de pontuação de ouro para determinar o vencedor. Durante o tempo normal, apenas shido foi dado e nenhum dos ataques, de qualquer lado, parecia ser perigoso, até que Saba Inaneishvili saltou em um pequeno espaço para marcar um wa­ za­ari e adicionar a quarta medalha de ouro para a Geórgia. A Geórgia termi­ nou em primeiro lugar no ranking de medalhas. Quanto à final dos ­100kg, tanto Geórgia com Irakli Demetrashvili quan­ to Uzbequistão com Shokhrukh Mama­ rasulov se classificaram para a disputa por medalhas, mas desta vez apenas um conseguiu subir ao pódio com o bronze. Mamarasulov assumiu uma 23

forte liderança com um maki­komi para waza­ari, mas depois Demetrashvili produziu um dos arremessos mais po­ derosos da semana. Depois de se en­ volver com o­uchi­gari, ele concluiu com um enorme ko­soto­gari que dei­ xou Mamarasulov de costas para o ip­ pon e uma nova medalha para a Geórgia. A Alemanha garantiu uma meda­ lha, com Yvo Witassek e Losseni Kone qualificados para a segunda disputa pela medalha de bronze. É sempre difí­ cil marcar contra um companheiro de equipe quando você sabe exatamente e perfeitamente o que ele está fazen­ do. Witassek produziu um poderoso o­ soto­gari que Kone tentou desespera­ damente contra­atacar, mas não foi o suficiente e o primeiro waza­ari inicial­ mente dado foi transformado em ippon e a medalha de bronze para Witassek.


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Rafaela Batista

Os novos talentos do judô brasileiro começaram a brilhar no Campeonato Mundial Júnior de Judô, em Olbia, na região da Sardenha, Itália. No primeiro dia de competição, na quarta­feira, 06 de outubro, a novata Rafaela Batista, de apenas 18, estreou na classe júnior conquistando logo uma medalha de bronze no Mundial na categoria Ligeiro (48kg). Demonstrando bastante personali­ dade, Rafaela não se intimidou diante de adversárias europeias e venceu quatro lutas por ippon. O único revés veio nas quartas­de­final, contra a rus­ sa Irena Khubulova, que terminou com a prata. Antes disso, ela havia vencido Monica Reyes, dos Estados Unidos, e Giorgia Hagianu, da Romênia. Na repescagem, Rafaela superou a espanhola Gemma Antona e, na dispu­ ta pelo bronze, encaixou um estrangu­ lamento perfeito que fez a francesa Lea Beres bater para desistir do com­ bate. 26

O Mundial foi apenas a segunda competição internacional de Rafa, que tem como inspiração no judô, sua con­ terrânea e xará, Rafaela Silva. A pri­ meira foi o Pan­Americano Sub­21 de Cali, na Colômbia, onde ela ficou com a prata após perder na final para Aléxia Nascimento, que terminou o Mundial em 7º lugar. Rafaela Batista é atleta do Instituto Santa Cruz de Esportes, no Rio de Ja­ neiro, onde é treinada pelo sensei Ra­ fael Barbosa. Ela conheceu o judô aos 9 anos, na escola, como atividade complementar aos estudos, e seguiu no esporte. Entre os principais resulta­ dos da promissora carreira nos tata­ mes estão o ouro no Meeting Nacional Sub­18 de 2020 e o ouro nos Jogos Escolares da Juventude, de 2019. Matheus e Aléxia param na repesca­ gem Outros dois brasileiros que lutaram no mesmo dia terminaram em sétimo


lugar. No meio­leve masculino (66kg), categoria em que o Brasil teve Daniel Cargnin e Willian Lima campeões mun­ diais em 2017 e 2019, respectivamen­ te, Matheus Pereira, de 19 anos, venceu duas lutas nas preliminares, mas caiu nas quartas e na repesca­ gem. Matheus já tinha um bronze em Mundial Sub­18, mas não conseguiu repetir o feito no Sub­21 ainda. Na mesma categoria de Rafaela, o Brasil teve Aléxia Nascimento, de 19 anos, que também terminou em séti­ mo. Ela estreou com vitória sobre Mari­ na Vorobeva, da Rússia, mas caiu nas quartas e na repescagem. Aléxia foi campeã pan­americana júnior neste ano. Depois de abrir o Mundial Júnior com uma medalha de bronze conquis­ tada por Rafaela Batista (48kg), o judô brasileiro teve um sétimo lugar de Ga­ briel Falcão (73kg) como melhor resul­ tado no segundo dia de competição, na quinta­feira, 07. O peso leve estreou bem, com vitórias sobre Stravos Dou­ mas, da Grécia, e Kyprianos Andreou, do Chipre, mas caiu nas quartas­de­fi­ nal e na repescagem diante de Daniel Pochop (República Tcheca) e Luigi Centracchio (Itália), respectivamente. Nas chaves femininas, o melhor desempenho foi da meio­médio Naua­ na Silva (63kg), que venceu a marro­ quina Nassma Essatouri, na estreia, e, por pouco, não bateu a romena Floren­ tina Ivanescu, em luta equilibrada defi­ nida no golden score, com um waza­ari contra a brasileira. Thayane Lemos (57kg) também lutou na quinta­feira e ficou na primeira luta, caindo para Natalia Elkina, da Rússia. O terceiro dia do Campeonato Mundial Júnior de 2021 em Olbia termi­ nou com uma boa colheita de países europeus que, desde o início do even­ to, demonstraram sua força e sua boa 27

preparação para este primeiro evento de nível mundial da era pós­Jogos Olímpicos de Tóquio. É um fato que os japoneses não estão lá, mas a decisão é deles e em nada prejudica o desempenho dos paí­ ses envolvidos; pelo contrário. Após três dias de competição, já eram nada menos que 20 países medalhistas. O que sem dúvida chama a aten­ ção de todos os observadores destes campeonatos, sejam eles atletas, trei­ nadores ou árbitros, é o nível de judô praticado. Em Olbia, claro que é uma questão de tática, mas é acima de tudo e mais que tudo uma questão de em­ penho e de vontade de jogar o adver­ sário. Luana Carvalho conquista a meda­ lha de bronze no Mundial Júnior, se­ gundo pódio do Brasil na competição O judô brasileiro voltou ao pódio do Campeonato Mundial Júnior (Sub­21), na sexta­feira, 08. Luana Carvalho, de apenas 19 anos, conquistou a medalha de bronze na categoria até 70kg, ven­ cendo a alemã Friederiek Stolze por ip­ pon. Essa foi a segunda medalha de bronze do Brasil na competição. "Estou muito feliz com essa con­ quista, levando essa medalha para ca­ sa e pro Brasil! Obrigado a todos pela torcida”, comemorou a peso médio bra­ sileira após o pódio. “Gostaria de agra­ decer, primeiramente, a Deus, minha equipe Umbra­Vasco, minha sensei Soraya Amorelli, porque sem ela eu não estaria aqui, ela é minha inspira­ ção todos os dias e ao sensei André­ zão, que não está mais entre nós, mas deve estar muito feliz com essa con­ quista. Agradeço também à CBJ pela oportunidade e por confiar em mim.” Luana é a atual campeã pan­ameri­ cana júnior e chegou ao Mundial como


Eliza Ramos

a número 3 do ranking mundial Sub­21. Estreou com vitória por ippon, imobili­ zando a sul­coreana Hyeonji Yu, para avançar às oitavas­de­final, onde bateu Mariem Khlifi, da Tunísia, também na técnica de solo. Nas quartas­de­final, a brasileira con­ seguiu projetar Lara Cvjetko, da Croá­ cia, para marcar um waza­ari. A adversária, contudo, conseguiu duas projeções que valeram o ippon e a va­ ga na semifinal, mandando Luana à re­ pescagem. Na penúltima luta do dia, a brasilei­ ra conseguiu vencer Jennifer Czerlau, da Hungria, com um waza­ari, no Gol­ den score, para vencer e dar o último passo rumo ao pódio. Na luta pelo bronze, Luana entrou com tudo e não deu chances à alemã Friederik Stolze, utilizando mais uma vez uma técnica de ne­waza (luta no solo) para imobilizar e assegurar sua primeira medalha em Campeonatos Mundiais. 28

Luana é atleta do clube Umbra­ Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, e começou no judô aos 10 anos, por di­ versão. Ela já vem recebendo investi­ mento da CBJ desde as classes menores, participou dos Jogos Olímpi­ cos de Tóquio como sparring da meda­ lhista olímpica Mayra Aguiar, além de disputar o Grand Slam de Brasília 2019 e o Grand Prix de Zagreb 2021 com a equipe principal. No masculino, o Brasil teve dois re­ presentantes na sexta. Marcos Santos (81kg) e Victor Hugo Nascimento (90kg) venceram suas lutas de estreia, mas pararam nas oitavas­de­final. De virada, Eliza Ramos vence fran­ cesa na luta pelo bronze e conquista terceira medalha do Brasil no Mun­ dial Júnior Um, dois, três bronzes para o judô brasileiro no Campeonato Mundial Jú­ nior, de Olbia, na Itália. No sábado, 09, foi a vez da meio­pesado Eliza Ramos,


Luana Carvalho

de apenas 18 anos, conquistar terceiro bronze do Brasil na competição Sub­ 21. A medalha veio com muita supera­ ção e determinação da judoca brasilei­ ra, que levou um waza­ari faltando 48 segundos para o fim da luta contra a francesa Liz Ngebeleya. Eliza conse­ guiu ainda sair de uma imobilização e buscou um waza­ari para empatar o duelo, levando a decisão ao tempo ex­ tra. Melhor fisicamente, Eliza foi para cima e conseguiu uma bela projeção para vencer Ngebeleya por ippon e ga­ rantir­se no pódio de seu primeiro mun­ dial júnior. A única derrota dela na competição foi para a número um do mundo e campeã europeia, Ana Monta Olek, da Alemanha, que terminou o Mundial em primeiro lugar. Nas preliminares, Eliza venceu a israelense Yuli Alma Mishiner por wa­ za­ari e bateu a alemã Rafaela Igl, também por waza­ari, nas quartas­de­ 29

final. Eliza Ramos é atleta do Clube de Regatas do Flamengo, onde é treinada pela técnica Rosicleia Campos, coor­ denadora da seleção feminina do Bra­ sil. Ela começou no judô aos 11 anos, em um projeto na comunidade da Man­ gueira, no Rio de Janeiro, onde mora. Daniel Silva fica em sétimo lugar Nas chaves masculinas, o Brasil contou com Kayo Santos (100kg), que caiu na primeira rodada, e com Daniel Santos (+100kg), que venceu na es­ treia, mas parou nas quartas e na re­ pescagem, terminando em sétimo lugar. Na mesma categoria de Eliza, o meio­pesado feminino, o Brasil teve Beatriz Freitas, que chegou a ter sua vitória declarada por chave de braço, mas a arbitragem retirou o ponto e desclassificou a brasileira consideran­ do a técnica proibida.


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'Sozinhos vamos mais rápido, mas unidos vamos mais longe', poderia ser o lema de uma competição por equipes mistas como a que teve lugar em Olbia no último dia do Mundial de Juniores. Domingo, 10 de outubro, todos ti­ veram que mudar o hardware. Quando o torneio de equipes mistas chega, não é o mesmo. O conceito não muda, de um tatame, dois adversários e um ven­ cedor, mas aqui há segundas chances, até terceiras. Nas competições indivi­ duais, o judoca depende de si mesmo, para o bem ou para o mal. A competi­ ção por equipes tem uma almofada de segurança; uma derrota não significa eliminação. É para isso que os compa­ nheiros estão aqui: para corrigir um tro­ peço. A diferença é que, ao competir sozinho, os perdedores lambem suas feridas sozinhos. Em equipes, não há medo de perder, mas de decepcionar os companheiros e essa é a beleza, porque todos saem com mais ambição e fúria do que de costume. É a magia das equipes, uma modalidade que veio 32

para ficar porque motiva e todos gos­ tam. Às 10h, pode­se notar imediata­ mente que o nível de som na arena au­ mentou dramaticamente. Havia apenas um motivo para isso: durante cada par­ tida, equipes inteiras, incluindo atletas competidores e não competidores, téc­ nicos e fisioterapeutas, estavam tor­ cendo e apoiando nas arquibancadas. é preciso dizer que dentro de uma equipe atuante estão os indivíduos, a própria equipe e o ambiente gerado por todo o grupo. Este terceiro elemento definitivamente desempenha um papel importante quando se trata de adicio­ nar a energia extra necessária para mover montanhas. Mesmo que a França e a Rússia fossem as cabeças­de­chave e, por­ tanto, as favoritas, e mesmo que tives­ sem chegado à final, nada foi escrito com antecedência e tudo era possível. É quando a incerteza produz beleza. Em cada rodada os dois finalistas en­ frentaram momentos difíceis. Eles não


podiam simplesmente dizer 'oh, vamos vencer com facilidade'. Isso nunca real­ mente acontece nos eventos de equi­ pe. Por serem seleções e não apenas grupos, França e Rússia superaram to­ dos os desafios. Final França x Russia ­ Vitória para a França Concursos de medalha de bronze Ucrânia x Alemanha: com vontade e um pouco de sorte, a Alemanha ganha bronze Hungria x Turquia: Turquia sobe ao pó­ dio em Olbia Brasil fica em sétimo nas disputas de equipes mistas O Brasil encerrou sua participação no Campeonato Mundial Júnior, de Olbia, na Itália, com um sétimo lugar na disputa por equipes mistas. Com uma vitória por 4 a 0 sobre Quênia e derrotas por 4 a 2 para Rússia e 33

Hungria, o time brasileiro ficou fora do pódio no último dia de competição. Com isso, a país fechou o Mundial com as três medalhas de bronze conquistadas por Rafaela Batista (48kg), Luana Carvalho (70kg) e Eliza Ramos (78kg) nas disputas individuais. Além das medalhas, a seleção ainda teve os sétimos lugares de Aléxia Nascimento (48kg), Matheus Pereira (66kg), Gabriel Falcão (73kg) e Daniel Silva (+100kg). Tendo em vista o longo período longe das competições em razão da pandemia, o resultado foi considerado acima das expectativas. Para grande parte dos judocas brasileiros, o Mundial foi apenas a segunda competição desde paralisação dos calendários nacionais e internacionais, em março de 2020. A primeira havia sido o Pan­Americano, no mês passado.


Existem indícios que não enganam. São pistas sólidas que fornecem res­ postas. Paris rima com fevereiro, frio por fora e quente por dentro. Pela pri­ meira vez, Paris é no outono e quando alguns dos grandes nomes viajam para a capital francesa em vez de descan­ sar, isso já diz tudo. É normal, porque no mundo do judô Paris é uma cidade eterna. Sabe­se que depois dos Jogos Olímpicos, os campeões, medalhistas e favoritos se dedicam ao descanso; rompem com uma rotina estabelecida porque precisam recarregar as bateri­ 34

as, se dedicar a outra coisa. Então, quando Paris organiza seu torneio, as coisas mudam. O mundo do judô tam­ bém é uma caixa de ressonância e poucos segredos existem. A grande maioria dos judocas tem Paris como referência absoluta depois dos campe­ onatos mundiais e das Olimpíadas. To­ dos eles querem vencer em Paris. Não há nenhuma novidade este ano, mas há uma festa marcada, porque o tor­ neio de Paris, agora Grand Slam, fez meio século. Os Campeonatos Mundiais de Bu­ dapeste são história e Tóquio já se foi


há muito tempo, mas muitos rebatedo­ res de peso vieram a Paris, por causa da seriuousness da história, por causa da reputação, porque Paris é outra coi­ sa. Tivemos o Grande Prêmio da Croá­ cia e o Campeonato Mundial de Juniores na Itália. Ambas as nomea­ ções foram excepcionais, porque há campeões que nunca descansam, en­ quanto outros procuram redimir­se e há promessas que confirmam o seu talen­ to e outras que enxergam futuro. Existe vida, existe o presente e existem pers­ pectivas encorajadoras. E depois hou­ ve Paris! 35

Nem todos os lugares podem dis­ ponibilizar ao judoca um estádio com capacidade para cerca de 20 mil pes­ soas, um público em tempos de pande­ mia, quatro tatames, uma gigantesca área de aquecimento e mil pontos de recompensa. Paris é um grand slam di­ ferente, um torneio especial. Quem foi o o fez com respeito e ansiedade e quem não foi, sempre acaba se arre­ pendendo. Tem 50 anos que o Grand Slam de Paris é um mundo à parte. Por: Pedro Lasuen ­ Federação Inter­ nacional de Judô


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RESULTADOS FINAIS: 1º KOGA Wakana (JPN), 2º LEGOUX CLEMENT Melanie (FRA), 3º PONT Blandine (FRA), 3º BOUKLI Shirine (FRA), 5º COSTA Catarina (POR), 5º NIKOLIC Milica (SRB), 7º STOJADINOV Andrea (SRB), 7º SCUTTO Assunta (ITA)

­48 kg: Japão domina, França marca pontos A categoria foi amplamente domi­ nada por atletas franceses, já que ape­ nas Mélanie Vieu foi bloqueada nas rodadas preliminares, enquanto as ou­ tras três subiram ao pódio. O dia teria sido perfeito se a judoca japonesa Wa­ kana Koga não tivesse escorregado no meio para arrebatar o título da França. Esta última rapidamente impôs seu po­ der contra Mélanie Legoux Clément e a imobilizou para fazer o hino japonês ressoar na Accor Arena. As duas medalhas de bronze foram para Shirine Boukli em seu retorno às competições, após sua derrota nas pri­ meiras rodadas dos Jogos de Tóquio, e para Blandine Pont, vencedor do Gran­ de Prêmio de Zagreb há algumas se­ manas. Wakana Koga declarou: "As pesso­ as aqui são incríveis. Adoro a atmosfe­ ra. Aproveitei muito o dia de hoje." 38

Após a entrega da medalha de ­48kg, o presidente Marius Vizer subiu ao palco para entregar a estátua de Ji­ goro Kano desenhada pela empresa Herend Porcelain, a Kate Howey, cam­ peã mundial e dupla medalhista olímpi­ ca, que neste final de semana se aposenta como Treinadora Nacional Britânica.


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RESULTADOS FINAIS: 1º AGHAYEV Balabay (AZE), 2º ABDULAEV Ramazan (RUS), 3º ENKHTAIVAN Ariunbold (MGL), 3º VALADIER PICARD Romain (FRA), 5º KOGA Genki (JPN), 5º ENKHTAIVAN Sumiyabazar (MGL), 7º VERGNES Richard (FRA), 7º MERLIN Máximo (FRA)

­60 kg: O estranho Aghayev perturba o melhor Entre as cabeças­de­chave da ca­ tegoria, apenas Ramazan Abdulaev conseguiu chegar à final, mas o judoca russo foi derrotado pelo forasteiro Ba­ labay Aghayev, do Azerbaijão, que se revelou de longe o mais forte. É inte­ ressante destacar o desempenho de Romain Valadier Picard, que na sema­ na passada conquistou a medalha de bronze no Mundial de Juniores de Ol­ bia, na Itália, e que novamente subiu ao pódio após um ótimo dia em Paris. Uma primeira medalha nesse nível, ainda júnior, é um bom sinal para Vala­ dier Picard e para a seleção francesa. A segunda medalha de bronze foi para 42

Genki Koga, filho do lendário judoca Toshihiko Koga. Balabay Aghayev disse: " Não pre­ parámos uma estratégia especial antes da final. O plano era apenas atacar. Funcionou, por isso estávamos certos".


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RESULTADOS FINAIS: 1º PRIMO Gefen (ISR), 2º GNETO Astride (FRA), 3º BALLHAUS Mascha (GER), 3º BISHRELT Khorloodoi (MGL), 5º KUZNETSOVA Alesya (RUS), 5º DEVICTOR Chloe (FRA), 7º POLIKARPOVA Anastasia (RUS), 7º DEGUCHI Kelly (CAN)

­52kg: Gefen Primo confirma seu po­ tencial As irmãs Primo (ISR) são pepitas que, embora ainda precisem de ser la­ pidadas para dar todo o seu brilho, já estão entre as melhores do mundo. Na semana passada, a irmã mais nova, Kerem, ganhou a medalha de prata no Campeonato Mundial de Juniores. Hoje Gefen confirmou que será uma das lí­ deres da categoria nos próximos anos. Já uma medalhista mundial de bronze, ela é agora uma vencedora do Grand Slam de Paris. Ela derrotou Astride Gneto na final após um longo período de gols de ouro, com um contra­ataque oportunista. As duas medalhas de bronze foram para Khorloodoi Bishrelt (MGL) e Mas­ cha Ballhaus (GER). 46


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RESULTADOS FINAIS: 1º TANAKA Ryoma (JPN), 2º FUJISAKA Taikoh (JPN), 3º CAZORLA Orlando (FRA), 3º KHYAR Walide (FRA), 5º BATTOGTOKH Erkhembayar (MGL), 5º VIERU Denis (MDA), 7º NIETO CHINARRO Adrian (ESP), 7º BAYANMUNKH Narmandakh (MGL)

­66 kg: Japão e França mais uma vez Com peso de ­66kg, a categoria foi mais uma vez dominada por dois paí­ ses: Japão e França. Ryoma Tanaka e Taikoh Fujisaka disputaram o ouro na final. Depois de uma luta muito dispu­ tada, Ryoma Tanaka, membro da Uni­ versidade de Tsukuba, fez uma jogada de estilo puramente japonês com utsu­ ri­goshi, para vencer com um ippon es­ petacular. Orlando Cazorla (FRA) produziu um massivo o­goshi contra o mongol Narmandakh Bayanmunkh para ganhar o bronze, enquanto Walide Khyar com­ pletou o pódio para a seleção francesa depois de levar Denis Vieru (MDL) ao limite em um longo e estressante pla­ car de ouro. O competidor moldavo foi 50

desclassificado depois de mergulhar de cabeça, uma lição a aprender para o futuro. As regras são realmente rígidas quando se trata de mergulhar na cabe­ ça; é tudo uma questão de segurança.


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RESULTADOS FINAIS: 1º FUNAKUBO Haruka (JPN), 2º FRITZE Caroline (GER), 3º LIPARTELIANI Eteri (GEO), 3º LIBEER Mina (BEL), 5º KAJZER Kaja (SLO), 5º MOKDAR Faiza (FRA), 7º FAWAZ Martha (FRA), 7º GNETO Priscilla (FRA)

­57 kg: Funakubo Ganha Terceira Medalha de Ouro para o Japão Haruka Funakubo demonstrou mais uma vez as habilidades dos atletas ja­ poneses, principalmente das mulheres, no chão. Todo mundo sabe que entrar em ne­waza com concorrentes japone­ ses é sempre arriscado. Na final, Funa­ kubo concluiu rapidamente no chão contra Caroline Fritze (GER), conquis­ tando sua primeira medalha de ouro neste nível. Eteri Liparteliani (GEO) confirmou que será uma das fortes competidoras da categoria nos próximos anos. Após derrota para a judoca francesa Faiza Mokdar, ela conseguiu se concentrar novamente para buscar o bronze, en­ quanto as francesas perderam do outro lado do empate. A segunda medalha 54

de bronze foi conquistada por outro es­ treante neste nível, com Mina Libeer, da Bélgica. O nível desta edição do Grand Slam de Paris pode não ser tão alto quanto pode ser quando estamos no meio da qualificação olímpica, mas continua muito interessante. Em pri­ meiro lugar, competir em Paris é sem­ pre complicado e ganhar uma medalha aqui continua a ser um bom desempe­ nho, mas também estamos descobrin­ do muitos novos nomes neste fim de semana na capital francesa. Em breve, esses novos nomes farão parte do Cir­ cuito Mundial de Judô. Portanto, deve­ mos nos lembrar de Funakubo, Fritze, Liparteliani e Libeer.


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RESULTADOS FINAIS: 1º HARADA Kenshi (JPN), 2º RIQUIN Theo (FRA), 3º HEYDAROV Hidayat (AZE), 3º RAICU Alexandru (ROU), 5º CHAINE Guillaume (FRA), 5º MAKHMADBEKOV Somon (TJK), 7º IARTCEV Denis (RUS), 7º PROKOPCHUK Evgenii (RUS)

­73: Quarta medalha de ouro para o Japão Desde a manhã, Theo Riquin ofe­ receu muita esperança ao público fran­ cês, adicionando uma exibição após a outra, principalmente contra o russo Iartcev e o Tadjik Makhmadbekov. Ele poderia atingir o mesmo nível que o ja­ ponês Kenshi Harada? Todos acreditaram nessa possibili­ dade durante o tempo normal da final e durante a maior parte do período de pontuação de ouro, até que Harada en­ controu a oportunidade, novamente no chão, de executar um lançamento de perna deslumbrante, para então imobi­ lizar com kata­gatame, trazendo­lhe o título. As duas medalhas de bronze foram para o ex­campeão europeu Hidayat Heydarov (AZE) após uma obra­prima 58

de kata­guruma para o ippon e para Alexandru Raicu (ROU).


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RESULTADOS FINAIS: 1º TIMO Barbara (POR), 2º RENSHALL Lucy (GBR), 3º DEKETER Manon (FRA), 3º SZYMANSKA Angelika (POL), 5º COBAN Safo (GER), 5º VALKOVA Ekaterina (RUS), 7º CABANA PEREZ Cristina (ESP), 7º ZACHOVA Renata (CZE)

­63 kg: Timo conclui o dia 1 com ou­ ro A última categoria do dia foi venci­ da por Bárbara Timo para Portugal, re­ sultado que, se esperado no início do dia, não era óbvio, já que a judoca por­ tuguesa não estava entre as favoritas ao título. Há dias como este, porém, em que tudo funciona. É preciso dizer que Timo não é estranha a este nível, já que foi medalhista mundial de prata em 2019 e terceira no Europeu, mas foi na categoria de peso superior. Agora com ­63kg, já é um grande título, o que é um bom presságio para o seu futuro. A medalha de prata foi para Lucy Renshall (GBR). Manon Deketer (FRA) leva o nono lugar do pódio do dia para o país anfi­ 62

trião, desta vez com o bronze, enquan­ to Angelika Szymanska (POL) leva a segunda medalha de bronze.


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RESULTADOS FINAIS: 1º SASAKI Takeshi (JPN), 2º GRIGALASHVILI Tato (GEO), 3º GERELTUYA Bolor­Ochir (MGL), 3º FUJIWARA Sotaro (JPN), 5º GNAMIEN Tizie (FRA), 5º CASSE Matthias (BEL), 7º GRAMKOW Tim (GER), 7º HEIJMAN Jim (NED)

­81 kg: Sasaki demonstra seu talen­ to Era de se esperar uma final explo­ siva entre o prodígio Tato Grigalashvili (GEO) e o vencedor do Guangzhou Masters em 2018, Takeshi Sasaki (JPN). O georgiano continua a ser aos olhos de muitos especialistas um gran­ de campeão em formação, capaz de atacar em todas as direções e com movimentos espetaculares. Por enquanto, os resultados inter­ nacionais do número um mundial ainda estão um pouco abaixo do que se po­ deria esperar dele. Aos 21, ele ainda é jovem e tem vários anos para expandir seu histórico. Hoje ele encontrou al­ guém mais forte do que ele com Sasa­ ki, que não deu chance a Grigalashvili ao arremessá­lo duas vezes, a primeira 66

vez com um movimento reverso do ombro e a segunda vez com uma téc­ nica espetacular de quadril. Grigalash­ vili pode esfregar um pouco a cabeça no final da final se perguntando o que aconteceu. O atual campeão mundial, Matthias Casse voltou às competições em Paris e, sem dúvida, esperava melhor do que um quinto lugar. Os dois japoneses da categoria decidiram o contrário. Pela medalha de bronze foi Sotaro Fujiwara quem venceu Casse. Na segunda luta pela medalha de bronze, foi Bolor­ Ochir Gereltuya (MGL) quem venceu Tizie Gnamien (FRA) depois de ser li­ derado por um waza­ari, mas depois marcando um ippon claro.


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RESULTADOS FINAIS: 1º NIIZOE Saki (JPN), 2º MATIC Barbara (CRO), 3º JAGER Hilde (NED), 3º ONO Yoko (JPN), 5º SANTANA Ellen (BRA ), 5. PETERSEN POLLARD Kelly ( GBR ), 7. YEATS­BROWN Katie­Jemima (GBR), 7º TSERENDULAM Enkhchimeg (MGL)

­70 kg: Japão ataca novamente Para Barbara Matic, o Grand Slam de Paris foi um teste interessante e, acima de tudo, importante. Campeã mundial em Budapeste em junho, a croata evitou o Grande Prêmio de Za­ greb, em seu próprio país, para se pre­ parar melhor para o encontro de Paris. Vestida pela primeira vez no circuito in­ ternacional com seu lindo babador ver­ melho, ela encarou a competição com seriedade e concentração, para chegar à final contra a japonesa Saki Niizoe. Barbara Matic disse: “Eu estava me sentindo ótima, mas no final algo estra­ nho aconteceu. Entramos em ne­waza, ela me estrangulou e comecei a ficar tonto. Está tudo bem agora, porém, ela estava mais forte hoje. ” 70

Depois de um início bastante equili­ brado para a final, mesmo que Matic mostrasse alguns pequenos sinais de desequilíbrio, foi finalmente no chão, mais uma vez que Niioze encontrou a solução ao imobilizar Matic já travado por um potencial shime­waza do judo­ ca japonês. E isso já dá seis medalhas de ouro para o Japão! Depois de um longo golden score e uma luta disputada, Yoko Ono ganhou a medalha de bronze. Ao mesmo tem­ po, Hilde Jager, quinta em Zagreb há algumas semanas, concluiu seu fim de semana com a medalha de bronze após ter derrotado Ellen Santana (BRA).


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RESULTADOS FINAIS: 1º NAGASAWA Kenta (JPN), 2º KHALMURZAEV Khusen (RUS), 3º EGUTIDZE Anri (POR), 3º MAISURADZE Luka (GEO), 5º MURAO Sanshiro (JPN), 5º MATHIEU Alexis (FRA), 7º BORCHASHVILI Wachid (AUT), 7º DIAO Abderahmane (SEN)

­90kg: Nagasawa muito forte para os outros Khusen Khalmurzaev (RUS) não tem a mesma lista de prêmios de seu ilustre irmão gêmeo Khasan, que foi campeão olímpico no Rio em 2016, mas ainda assim o russo é regular no circuito internacional. Desta vez, che­ gou à final contra o japonês Kenta Na­ gasawa, que mais uma vez conquistou a medalha de ouro. Com já sete meda­ lhas de ouro sob a bandeira japonesa, Keiji Suzuki, que recentemente substi­ tuiu Kosei Inoue como treinador princi­ pal dos homens, pode estar satisfeito. A pátria do judô já está preparando o novo ciclo olímpico e, mesmo que não tenha vindo a Paris com o número um, está se mostrando no topo. Vitaly Makarov, treinador de Khal­ murzaev, disse: “Sabíamos que o ad­ 74

versário japonês iria esperar e contra­ atacar e isso aconteceu. Khalmurzaev iniciou seu ataque; foi bom, mas Naga­ sawa parou bem e conseguiu devolver a situação. ” As duas medalhas de bronze foram para Luka Maisuradze (GEO) e Anri Egutidze (POR).


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RESULTADOS FINAIS: 1º BABINTSEVA Aleksandra (RUS), 2º TAKAYAMA Rika (JPN), 3º LANIR Inbar (ISR), 3º MALZAHN Luise (GER), 5º STEVENSON Karen (NED), 5º BOEHM Alina (GER), 7º POWELL Natalie (GBR), 7º CAMARA Sama Hawa (FRA)

­78 kg: Babintseva contra todas as probabilidades Lembraremos que após uma im­ pressionante colheita de medalhas de ouro pela seleção japonesa, Aleksandra Babintseva (RUS) con­ quistou o título contra Rika Takaya­ ma (JPN). Isso não diminui em nada o desempenho da equipe Nippon, mas destaca o de Babintseva que teve um dia perfeito hoje em Paris. Babintseva disse: “Foi uma com­ petição tática. A chave era o kumi­ kata, mas eu estava bem preparado para isso. Vencer em Paris contra um oponente japonês, com um ip­ pon massivo, é até agora a melhor conquista da minha carreira. ” Pela medalha de bronze, Luise Malzahn da Alemanha conquistou 78

sua décima segunda medalha em um Grand Slam, à qual devem ser adicionadas 22 medalhas em Grand Prix e uma medalha mundial. É uma coleção impressionante. A segunda medalha de bronze foi para Inbar Lanir, de Israel.


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RESULTADOS FINAIS: 1º ADAMIAN Arman (RUS), 2º GONZALEZ Asley (ROU), 3º SANEBLIDZE Onise (GEO), 3º CATHARINA Simeon (NED), 5º KUMRIC Zlatko (CRO), 5º OLIVAR Cedric (FRA), 7º DELVERT Clement (FRA), 7º LIMA Lucas (BRA)

­100 kg: Depois de Zagreb, Adamian vence em Paris Asley Gonzales é um velho conhe­ cido da cena internacional do judô. Me­ dalha de prata olímpica em Londres em 2012 e campeã mundial em 2013 no Rio, o cubano mudou recentemente de nacionalidade para competir sob a bandeira romena. Quinto em Zagreb há algumas semanas, Gonzales subiu dois degraus desta vez ao chegar à fi­ nal contra Arman Adamian (RUS), que em Zagreb liderou o pódio de meda­ lhas. O russo continuou a ser o homem mais forte do momento, derrotando o adversário romeno com uma excelente mudança de direção e um ippon claro. Adamian disse: "Tive de vencer aqui porque é o torneio de maior pres­ tígio do mundo. Todo judoca sonha em 82

vencer aqui. Além disso, os Jogos Olímpicos serão realizados aqui em 3 anos, então este é o lugar para estar e vencer." As duas medalhas de bronze foram para Simeon Catharina (NED) e Onise Saneblidze (GEO).


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RESULTADOS FINAIS: 1º HERSHKO Raz (ISR), 2º FONTAINE Lea (FRA), 3º TOLOFUA Julia (FRA), 5º M BAIRO Anne Fatoumata (FRA), 7º KORO Essohanam Noeline (TOG), 7º AMARSAIKHAN Adiyasuren (MGL)

+ 78kg: Hershko ultrapassa os fran­ ceses Raz Hershko (ISR) teve uma gran­ de atuação ao derrotar Lea Fontaine, muito mais alta e pesada que ela, na fi­ nal do peso pesado feminino. Em uma partida realmente tática, Hershko se­ guiu o conselho de seu treinador e fi­ nalmente levou a medalha de ouro depois que Fontaine foi penalizado pe­ la terceira vez. O segundo motivo de Raz Hershko estar feliz era que todos os outros me­ dalhistas eram franceses. Sob tal do­ mínio de um país, os resultados do competidor israelense são ainda mais significativos. Raz Hershko disse: “Ela era muito mais alta e pesada do que eu, mas vo­ cê sabe que escolhi esta categoria sa­ bendo que muitos judocas serão 86

assim. Eu luto com minhas habilidades e nunca desisto. ” Coralie Hayme (FRA), que conquis­ tou o título mundial de juniores há uma semana em Olbia, Itália, desta vez su­ biu ao pódio com a medalha de bronze, enquanto a segunda medalha de bron­ ze foi para Julia Tolofua (FRA).


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RESULTADOS FINAIS: 1º TASOEV Inal (RUS), 2º MARET Cyrille (FRA), 3º SPIJKERS Jur (NED), 3º TERHEC Joseph (FRA), 5º KOKAURI Ushangi (AZE), 5º ODKHUU Tsetsentsengel (MGL), 7º KONOVAL Christian (EUA), 7º NDIAYE Mbagnick (SEN)

+ 100kg: Quase Maret, mas no final é Tasoev O público francês esperava, até o último minuto do Grand Slam de Paris 2021, ganhar uma medalha de ouro. Com treze medalhas, o anfitrião do evento é o número um em termos de medalhas, mas no que diz respeito às medalhas de ouro, a França está ape­ nas na 6ª posição, sem ouro. Cyrille Maret, que estava voltando à competição depois de subir uma ca­ tegoria para competir agora com os pe­ sos pesados, marcou o primeiro waza­ari com um soberbo sutemi­wa­ za, bastante incomum para pesos pe­ sados, mas então Inal Tasoev (RUS), que ficou obivsouly surpreso já no pri­ meiro ataque, começou a ligar a força e esse foi o fim do sonho de Maret de conquistar uma nova medalha de ouro 90

em Paris. O francês já ganhou três vezes aqui e no total tem seis medalhas pari­ sienses. Portanto, este é o sétimo, um desempenho incrível, considerando to­ das as coisas. Tasoev ofereceu a ter­ ceira medalha de ouro do dia para a Rússia, que subiu para o segundo lu­ gar no ranking geral de medalhas. Cyrille Maret disse: "Para mim, Ta­ soev é um dos melhores judocas nesta categoria porque é forte, mas também muito habilidoso. Queria propor uma grande luta em sinal de respeito por ele. Consegui marcar e acho que foi um bom final. " Joseph Terhec (FRA) conquistou sua primeira medalha de bronze em um grand slam, enquanto Jur Spijkers conquistou a segunda medalha de bronze da categoria.


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Maria de Lourdes Mazzoleni Porte­ la, gaúcha nascida em Castilho em 14 de janeiro de 1988, é uma judoca da seleção feminina de judô que fez e faz da sua história na modalidade uma marca. Luta na categoria ­70kg e já de­ fendeu o Brasil em três olimpíadas: Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Portela tem uma bonita história dentro da modalidade e sua força e de­ terminação é destacada na matéria que vamos apresentar. Na sua infância, morava com a fa­ mília em Santa Maria, cidade onde tu­ do começou. Sua professora do primário, Aglaia Pavani, que foi sua pri­ meira 'sensei', montou um projeto para ocupar os alunos no contra turno das aulas,com uma turma de 80 atletas pa­ ra praticar esportes, e ela estava entre eles. E ali, começou sua trajetória no judô. Participou de um projeto social na cidade por 10 anos, tendo como pro­ fessor Luiz Pavani e com seu desem­ penho superior nos treinos, Portela se

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federou e ainda na adolescência, saiu de casa para representar pequenas ci­ dades de Santa Catarina até chegar a São Paulo para treinar no Centro Olím­ pico de Treinamento e Pesquisa, quan­ do estava na classe sub 20, para treinar com Henrique Guimarães (bron­ ze em Atlanta 1996) técnico responsá­ vel pela entidade na época. Oito meses depois entrou para a seleção brasileira junior. Mesmo com a baixa estatura, mostrou para os treinadores da sele­ ção que tinha condições. Em 2010 retornou para o Rio Gran­ de do Sul, transferindo­se para o Sogi­ pa, tendo como treinador Antônio Carlos Pereira, o sensei Kiko. Ele tra­ duz em apenas uma palavra o que é Portela: determinação. Para ele, ela se adequa a tudo facilmente, principal­ mente à questão tática. Por seus qua­ dris fortes e movimentos rápidos, Maria logo ganhou um apelido: 'A raçudinha dos pampas', codinome dado pelo sen­ sei. "Ela treina demais", ressaltou. Portela tem como objetivo ser me­


dalhista olímpica. Este ano na olimpía­ da do Japão a meta quase foi atingida, mas Maria Portela levou uma punição no golden score que durava 15 minutos e foi eliminada da Olimpíada em luta polêmica. No combate mais longo do judô dos Jogos Olímpicos de Tóquio, brasileira perdeu para russa Madina Taimazova nas oitavas de final. No tempo regulamentar Portela teve um wazari não computado. Confira as conquistas de Maria Por­ tela: ­ Ouro no Grand Slam de Tbilisi 2021 ­ Ouro no Campeonato Pan­Americano 2021 ­ Ouro no Grand Slam de Ecaterimbur­ go 2018 ­ Ouro no World Masters St Petersbur­ go 2017 ­ Prata Mundial Por Equipes Mistas Bu­ 95

dapeste 2017 ­ Prata no Grand Slam de Ecaterim­ burgo 2019 ­ Prata no Grand Slam Baku 2016 ­ Bronze no Grand Slam de Brasília 2019 ­ Bronze no Grand Slam Tóquio 2015 ­ Ouro no Grand Slam de Moscou 2012 ­ Bronze nos Jogos Pan­Americanos Toronto 2015 e Guadalajara 2011 ­ Ouro no Campeonato Pan­Americano 2012 ­ Prata no Campeonato Pan­Americano 2019 ­ Ouro (individual e equipe) nos Jogos Mundiais Militares 2011 ­ Ouro (individual e equipe) no Mundial Militar 2013 A sua sonhada e merecida medalha olímpica poderá vir daqui três anos na olimpíada Paris 2024.


Para essa matéria da Maria Porte­ la, conversamos com a sua primeira professora, Aglaia Pavani, que nos concedeu um depoimento muito bonito. "A Maria sempre foi uma pessoa muito determinada. Mesmo quando cri­ ança, ela sempre soube o que queria. Era diferente dos outros, com certeza era. Abnegada, treinava muito, focada, sempre trazia bons resultados. Uma menina diferente sabia o que queria desde pequena. Por isso, chegou aonde chegou. Uma grande pessoa, um coração enorme, uma amiga muito querida que eu fiz. Uma criança que eu criei e aju­ dei a ser a grande judoca que é hoje, a grande pessoa que é hoje. A Maria é um diferencial, vocês podem ver quan­ do ela auxilia na torcida (das disputas) por equipe a determinação e a força que ela passa para os companheiros. Essa é a Maria. Eu fiquei muito triste com o que aconteceu nesta última olimpíada, com essa mudança das re­ gras que... sei lá, foram muito mal in­ terpretadas, eu acho, que acabou em prejuízo da certeza de uma medalha para Maria Portela. A Maria ficou comigo durante 10 anos da vida dela. Entrou criança e saiu uma moça paa o projeto em São Paulo, com o Henrique Guimarães, on­ de nós a levamos. E dali foi um passo para a seleção brasileira e para a pro­ fissionalização na Sogipa. A Maria nunca se esqueceu do pro­ jeto onde ela nasceu. A Maria nunca se esqueceu da velha sensei dela, da pri­ meira sensei, da mulher que carregou ela pela mão. Nunca vou me esquecer da primeira vez que a Maria viu o mar, agarradinha na minha mão, no Rio de Janeiro. Hoje ela é uma cidadã do mundo, ela conhece lugares e países que nun­ ca vou conhecer. Isso é uma satisfa­ ção. Eu sempre digo: A Maria foi um 96

diamante que Deus me deu para lapi­ dar. Eu dava aula na escola da Maria e ela veio fazer judô comigo. Subia uma escadaria enorme, aquela menina pe­ quenina, com o irmão pela mão, menor que ela. E lá vinha o Bruno e a Maria Portela pro judô. Assim começou tudo. 28 quilos. Um amor de pessoa, uma excelente aluna na escola. Em seguida, ela me cativou. Trou­ xe a Maria para minha casa, porque eu tenho uma filha do coração da mesma idade dela e elas passaram a conviver juntas aqui para a Maria treinar mais e ter uma qualidade melhor de vida. E nos apaixonamos uma pela outra como praticamente mãe e filha. A mãe dela é uma pessoa boníssima, maravilhosa, uma guerreira, uma batalhadora e en­ tregou a Maria com todo carinho por­ que sabia que eu ia cuidar e zelar pela Maria. A Maria fez 15 anos dentro da mi­ nha casa, se tornou uma grande com­ petidora em cima do meu dojô. Viajamos por esse Brasil afora con­ quistando muitas medalhas, muitos amigos, muitas coisas boas. A Maria sempre foi um diferencial na equipe e todos queriam muito bem ela. O meu filho, Luiz, que acompanhou a trajetória dela, um pouco mais velho, também sempre admirou muito a Maria. E a Maria que só tinha a mãe, ado­ tou o meu sensei, o meu marido, Pedro Cáceres, a quem ela chama até hoje de Papito. Era ovo de Pascoa, era ces­ ta básica, era presente de aniversario, foi o anel de 15 anos que compartilha­ mos com ela e a festa. Tudo de bom. Mas em seguida, foi necessário desa­ pegar, e graças à Deus eu tive o dis­ cernimento na hora certa e não alimentando nenhuma vaidade colo­ quei a Maria no meu carro e a levei pa­ ra São Paulo, onde entreguei para o medalhista olímpico Henrique Guima­


rães e ali começar sua trajetória para a seleção brasileira, em seguida vindo para a Sogipa no Rio Grande do Sul, e se tornando uma atleta olímpica, o mais alto que um atleta pode chegar. O maior prestígio que um atleta pode ter é ser olímpico. E a Maria chegou lá. Eu tive o privilégio de adentrar na arena olímpica do Rio tendo uma atleta em cima do shiai Jô. Tu não podes imagi­ nar a emoção que eu senti. A gratidão que eu senti por poder estar ali com aquela menina, aquela menina de 28 quilos com quimono sim­ ples, branquinho, surrado, agora com aquela armadura que chegava a bri­ lhar naquele shiai Jô olímpico. Meu Deus, só tenho a agradecer a tudo e a todos por essa trajetória maravilhosa que a Maria fez dentro do Santa Maria Judô e do Projeto Mãos Dadas, pela minha mão, na companhia do meu filho Luiz Pavani e do sensei Cáceres, o Pa­ pito de Maria Portela."

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