Revista Simplesmente JUDÔ #14

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EDITORIAL A Simplesmente JUDÔ número 14 vem apresentar tudo o que acon­ teceu no Campeonato Mundial de Budapeste 2021. Graças aos com­ petentes correspondentes da FIJ e da Assessoria de Imprensa da CBJ, conseguimos compilar nesta edição os detalhes de cada categoria de peso, no masculino e feminino. São textos completos e em cada catego­ ria de peso um destaque dos judo­ cas brasileiros. E também as disputas por equipes mistas também tem seu espaço e merecido desta­ que nesta edição. Nossa homenageada foi a Ke­ tleyn Quadros, primeira judoca a co­

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nquistar uma medalha olímpica em 2008 e 13 anos depois mostra que o tempo não passou para essa atleta e conquista mais uma vez a vaga para disputar mais uma medalha olímpica. E falando em Olimpíada, mostra­ mos aqui a seleção olímpica que re­ presentará o Brasil, divulgada pela CBJ. Essa edição está bacana de­ mais! Nossa missão na revista Sim­ plesmente JUDÔ sempre será trazer informações sobre a modalidade on­ de quer que esteja acontecendo e dentro de nossas possibilidades. Simples assim. Boa leitura.


Por: Pedro Lasuen ­ FIJ

Se fosse fácil, todos fariam. Se fos­ se fácil, não teria mérito, nem graça. Ser campeão mundial é outra coisa. Ser campeão mundial é uma recom­ pensa pela perseverança e consistên­ cia e ser campeão mundial em tempos de pandemia e com os Jogos Olímpi­ cos chegando, é um ato de coragem; a reivindicação de um status e uma com­ petição que muitos cobiçam e apenas alguns alcançam. Já Zinédine Zidane o disse quando lhe perguntaram, há alguns anos, so­ bre a dificuldade de ganhar uma Liga dos Campeões em comparação com 04

um campeonato nacional de futebol. Para o gênio francês, o mais difícil é conquistar a competição nacional por­ que é disputada todas as semanas du­ rante dez meses e no final ganha os melhores, prova dos mais perseveran­ tes. O mesmo pode ser dito para o Mundial de Judô. É comemorado todos os anos como o culminar de uma tem­ porada intensa. Alguns dirão que, em última análise, é um dia de competição. Porém, no judô tudo é dia de competi­ ção. O que torna o Mundial um evento realmente difícil é a sua repetição anu­


al, como se fosse qualquer outro tor­ neio e, obviamente, os melhores sem­ pre comparecem a este evento. Além da medalha de ouro e de um belo prêmio em dinheiro, há algo que torna o título algo especial e diferente: o back number vermelho. Um campeão mundial tem o direito de competir por um ano inteiro com o nome pintado de vermelho. É uma distinção, algo como um título nobre, a assinatura daqueles que se destacaram dos demais. É uma assinatura que desaparece durante os Jogos, onde todos os atletas vestem o mesmo judogi, sem distinção e reapa­ rece posteriormente. Em 6 de junho de 1944 ocorreu o maior pouso da história. No dia 6 de ju­ nho de 2021 os melhores atletas de­ sembarcaram em Budapeste, para lutar pelo tão esperado título, em um país que se tornou a última fronteira, o fim de um caminho cheio de obstácu­ los, com um objetivo final do outro lado da planeta. Além de reunir os melho­ res, Budapeste foi a última chance pa­ ra quem ainda sonhava com as

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Olimpíadas. O título mundial também é uma montanha de pontos de qualifica­ ção, pontos que puderam mudar muito. Vencer em Budapeste significou dois mil pontos. Para quem precisava ou queria subir posições no ranking mundial para obter um sorteio olímpico favorável, o Mundial foi um wild card, uma oportunidade única que não se re­ petirá porque em tempos normais não se comemora no ano de jogos Olímpi­ cos. Portanto, tivemos pontos, uma me­ dalha de ouro, dinheiro e a famosa mancha vermelha, tudo em jogo ape­ nas um mês antes de viajar para Tó­ quio. Por isso foi muito mais do que um Campeonato Mundial. Foi um encontro estratégico, um último trem que muitos queriam embarcar. O Mundial de Budapeste, entre 6 e 13 de junho 6 , foi épico, a vitória do judô sobre Covid, o nascimento de uma leva de campeões e o prelúdio dos Jogos de Tóquio. Resta pouco, apenas algumas semanas, antes de pousar na última fronteira.


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Por: Nicolas Messner ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova e Emanuele Di Feliciantonio

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Um Campeonato do Mundo não é uma competição como outra qualquer, embora os ingredientes da receita se­ jam os mesmos de qualquer outro evento do Circuito Mundial de Judô. Nesta competição extraordinária, existe uma boa dose de pressão extra e um desafio único. Ser campeão mundial no final de um dia de competição acirrada não é pouca coisa. Este é o sonho de uma vida para todos os atletas do cir­ cuito. Se o mundo vive há meses uma dimensão espaço­temporal, diferente daquela que conhecíamos antes da ex­ plosão de Covid, o judô há muito en­ controu suas marcas e é isso que este Mundial também representa para toda a família do judô, reuniram os dois pri­ meiros campeões mundiais de judô de 2021, TSUNODA Natsumi (JPN) e Ya­ go ABULADZE (RJF). ­48kg: TSUNODA abriu a campanha para o Japão É comum neste nível de competi­ ção, quando dois atletas japoneses se inscreverem em um torneio, encontrá­ los na final, principalmente nas catego­ rias leves. Foi assim que TSUNODA Natsumi (JPN) e KOGA Wakana (JPN) se juntaram para disputar a medalha de ouro. Depois de apenas alguns segun­ dos, TSUNODA e KOGA estavam em ação, a última colocando muita pres­ são sobre sua oponente, mas foi TSU­ NODA quem marcou primeiro com um brilhante sutemi­waza para waza­ari, antes de ambas serem penalizadas por recusarem para agarrar o judogi. A TSUNODA recebeu a segunda penali­ dade rapidamente, colocando­a em uma situação difícil, mesmo estando na frente. Não são permitidos mais erros! E ela não cometeu mais erros, encade­ ando sequências de tachi­waza e ne­ waza. Foi depois de um longo momen­ to no chão que o árbitro disse 'mate' e pediu o vídeo da arbitragem para julgar uma ação anterior que claramente ofe­ 08

receu um segundo waza­ari a TSUNO­ DA por uma vitória merecida. A campa­ nha está em andamento para o Japão. TSUNODA Natsumi declarou: “Krasniqi era a favorita porque me der­ rotou duas vezes no passado. Então, eu estava um pouco ansiosa antes do concurso. Quanto à final com Koga, nos conhecemos muito bem, então o fundamental foi mostrar no que eu sou boa e bloquear o que ela é boa. Eu sempre quis ser judoca e agora sou campeã mundial e estou muito orgu­ lhosa do meu Back Number vermelho.” A primeira disputa pela medalha de bronze enfrentou Keisy PERAFAN (ARG), 49ª colocada no ranking mundi­ al, contra Julia FIGUEROA (ESP), sex­ ta colocada no ranking. FIGUEROA foi a primeira a entrar em ação com um uchi­mata circulando sem marcar, mas já dando a impressão de ser mais forte que sua oponente. Durante a ação se­ guinte, FIGUEROA empurrou PERA­ FAN em um contra­ataque inteligente para waza­ari e concluiu rapidamente no chão, com uma imobilização para ippon. Ela estava definitivamente em boa forma hoje e esta primeira meda­ lha em um Campeonato Mundial ofere­ ce a ela um ingresso para ir aos Jogos Olímpicos neste verão. Na segunda disputa pela medalha de bronze, encontramos duas atletas que provavelmente tinham outros obje­ tivos para hoje: MUNKHBAT Urantset­ seg (MGL) e Distria KRASNIQI (KOS). A medalha de bronze no Campeonato Mundial continua sendo uma conquista importante, embora KRASNIQI partisse para a ofensiva imediatamente, para mostrar que ela é mais poderosa do que MUNKHBAT, impondo seu kumi­ kata alto e forte, mas o primeiro ataque real e forte veio da Mongol, com uma tentativa de sutemi­waza que não ren­ deu nenhum ponto. Muito oportunista, o MUNKHBAT esteve mais uma vez perto de marcar com um contra­ataque inteligente da instigação de KRASNIQI,


Resultados finais: 1. TSUNODA, Natsumi (JPN) 2. KOGA, Wakana (JPN) 3. FIGUEROA, Julia (ESP) 3. MUNKHBAT, Urantsetseg (MGL) 5. KRASNIQI, Distria (KOS) 5. PERAFAN, Keisy (ARG) 7. BOUKLI, Shirine (FRA) 7. MARTINEZ ABELENDA, Laura (ESP)

que sem dúvida não estava suficiente­ mente preparada. Então MUNKHBAT foi penalizada com um primeiro shido. Era hora do golden score. Nenhum dos dois atletas parecia conseguir quebrar a distância entre eles, o que abriria as possibilidades. KRASNIQI deu seu primeiro shido ao sair do tatame. Aos 2:40 do golden score, a kosovar teve uma primeira oportunidade real de vencer, ao fazer o pin em MUNKHBAT, o que já é uma atuação, conhecendo as habilidades da mongol no chão, mas esta conse­ guiu escapar. Ela ainda recebeu um segundo shido por passividade, mas outro shido foi concedido a KRASNIQI por manter o controle do mesmo lado do judogi por muito tempo. O tempo voava. Às 5:30 da prorrogação, foi o o­ soto­gari de KRASNIQI que chegou bem perto de marcar. Exatamente 6 minutos após o início do período de pontuação de ouro, um terceiro shido foi enviado para KRASNIQI e MUNKH­ 09

BAT Urantsetseg ganhou sua quarta medalha em um campeonato mundial. Que campeã! No início do dia, a número um do mundo e, portanto, a semente número um, Distria Krasniqi (KOS), parecia bem em seu caminho para chegar à primeira final mundial de sua carreira sênior, para somar à medalha de ouro que ganhou em Abu Dhabi no 2015 Campeonato Mundial para Juniores. Sucessivamente, venceu a medalhista olímpica Eva CSERNOVICZKI (HUN), Sabina GILIAZOVA (RJF) e Laura MARTINEZ ABELENDA (ESP), para chegar à semifinal. Lá ela encontrou TSUNODA Natsu­ mi (JPN), vencedora do World Judo Masters em 2018 em Guangzhou, Chi­ na. A judoca japonesa havia ultrapas­ sado os obstáculos de Milica NIKOLIC (SRB), no primeiro round, antes de vencer a francesa Mélanie CLEMENT e depois Keisy PERAFAN (ARG). TSUNODA levou apenas 2:28 para


marcar ippon contra KRASNIQI, cujo poder vem causando estragos no cir­ cuito mundial há meses, um poder que lhe permitiu vencer o Mundial de Judô Masters em janeiro, bem como o cam­ peonato europeu mais disputado re­ centemente. Na segunda metade do sorteio, MUNKHBAT Urantsetseg (MGL) era a favorita para uma vaga na final, especi­ almente depois de vencer o GALBA­ DRAKH Otgontsetseg (KAZ) na terceira rodada, mas a multi medalhista mundial finalmente teve que abandonar os muito jovens KOGA Wakana (JPN), de apenas 19 anos, Campeã Mundial Júnior em 2019 e notável finalista em Paris em 2020. Seu currículo ainda es­ tá longe do MUNKHBAT, mas parece que seu nível não. Com ímpeto, KOGA subiu para a fi­ nal depois de eliminar Julia FIGUEROA (ESP) na semifinal, que teve uma corri­ da quase perfeita até aquele ponto, es­ pecialmente contra a estrela francesa 10

em ascensão Shirin BOUKLI, que mais tarde não conseguiu escapar da arma­ dilha do MUNKHBAT na repescagem. Gabriela Chibana foi a representante do Brasil na categoria A estreia do Brasil no Campeonato Mundial neste domingo, 06, foi com a peso ligeiro Gabriela Chibana (48kg). Ela encarou a israelense Shira Rishony no primeiro combate e não conseguiu se impor. Rishony marcou um waza­ari no início da luta e defendeu bem os ataques da brasileira, que não conse­ guiu desfazer a desvantagem no placar e despediu­se do Mundial na primeira rodada. “Ela tem um estilo bem de fazer força, levar para baixo. Queria dar con­ tinuidade, mas estava muito travada também. Acho que devia ter movimen­ tado mais, ter conduzido mais a luta. Deixei ela conduzir muito a luta”, resu­ miu Chibana, brevemente, após o com­ bate. “Agradeço todo mundo que


acordou de madrugada para assistir, minha família, meus amigos. Agora, é voltar e tentar consertar, melhorar o máximo que eu puder.” O Mundial foi a sexta competição da brasileira em 2021, ano em que pre­ cisou superar­se para voltar às compe­ tições após uma lesão no joelho (ligamento cruzado anterior). “Agradeço às pessoas que estão me dando todo suporte, o fisioterapeu­ ta que me ajudou nessa volta de lesão de LCA, foram nove meses (de recupe­ ração). Dr. Daniel Dell`Aquila e todo mundo que está por trás de tudo isso, Eu não estou aqui sozinha”, disse. 11

A lesão tornou mais difícil o cami­ nho de Chibana rumo à sua primeira Olimpíada, mas não impossível. A ex­ pectativa agora é pela atualização do ranking olímpico e a brasileira tem grandes chances de conseguir uma das últimas vagas diretas do 48kg para Tóquio. “Para mim, é uma coisa de cada vez. Por isso que estou bem chateada. O Mundial era uma oportunidade de eu estar evoluindo, eu queria me sentir bem. Perder assim, na primeira luta, me deixa muito chateada. Mas, eu vou dar a volta por cima”, projeta.


Por: Nicolas Messner ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ

Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova, Emanuele Di Feliciantonio e Jensen Lars Moeller

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Resultados finais: 1. ABULADZE, Yago (RJF) 2. KYRGYZBAYEV, Gusman (KAZ) 3. GARRIGOS, Francisco (ESP) 3. HUSEYNOV, Karamat (AZE) 5. KHYAR, Walide (FRA) 5. SHAMSHADIN, Magzhan (KAZ) 7. GERCHEV, Yanislav (BUL) 7. LKHAGVAJAMTS, Unubold (MGL)

­60kg: ABULADZE conclui um dia perfeito com estilo A última partida e segunda final do dia viu Gusman KYRGYZBAYEV (KAZ), medalhista de bronze em Tel Aviv no início desta temporada e Yago ABULADZE (RJF), medalhista de bron­ ze no mais recente Campeonato Euro­ peu, competindo pelo título de campeão mundial final. Quem quer que fosse o vencedor, seria um azarão se tornar o novo campeão mundial, embo­ ra os dois competidores tenham se ori­ ginado aqui em Budapeste. Talvez na competição matinal, o público e os es­ pecialistas esperassem que outros atletas de ponta chegassem ao cume, ocupando a primeira posição. Após apenas 30 segundos, ABU­ LADZE, que parecia estar sob pressão no solo, reverteu totalmente a situação para imobilizar seu oponente, mas 9 segundos não foram suficientes para pontuar. De qualquer forma, apenas 14

mais alguns segundos foram necessá­ rios para que ABULADZE conseguisse um primeiro waza­ari com um grande movimento de quadril. Ele dobrou o placar e garantiu uma vitória significati­ va um pouco depois, com um o­soto­ otoshi para canhotos. ABULADZE foi obviamente o mais forte hoje e provou isso da melhor maneira possível. Yago ABULADZE declarou: "Estou muito surpreso em saber que meu judô é bom porque muitas pessoas me di­ zem que tenho um estilo estranho. Eu queria quebrar estereótipos executan­ do bons movimentos que também sig­ nificariam vitória. Meu movimento ne­waza foi inspirado por Varlan Lipar­ teliani. Vi muitos vídeos dele fazendo essa técnica e gostei muito, então co­ mecei a trabalhar nisso e parece funci­ onar bem, como vocês viram hoje. Estou feliz com meu número vermelho, mas Espero que logo vire ouro. " Pela primeira luta pela medalha de


bronze, o medalhista de bronze do últi­ mo Campeonato Europeu, Karamat HUSEYNOV (AZE), enfrentou Magzhan SHAMSHADIN (KAZ), 65º no Ranking Mundial. Os primeiros 45 se­ gundos foram mais parecidos com uma rodada de observação, já que HUSEY­ NOV e SHAMSHADIN tinham kumi­ka­ ta no final das mangas e tentavam puxar, para mudar repentinamente de direção e passar por baixo do centro de gravidade do oponente. SHAMSHA­ DIN foi penalizado com um primeiro shido por passividade enquanto a parti­ da se desenrolava para chegar ao final sem qualquer pontuação. Era hora do placar de ouro. A primeira ação veio de SHAMSHADIN com um ko­uchi­gari de longa distância sem pontuação. Um pouco menos de um minuto de tempo extra foi necessário para que o HU­ SEYNOV conseguisse um pequeno, mas significativo waza­ari, para subir ao pódio. No segundo concurso de medalha de bronze o atual Campeão Europeu, Francisco GARRIGOS (ESP), se opôs ao Campeão Europeu de 2016 Walide KHYAR (FRA). O francês foi penaliza­ do primeiro por segurar o cinturão do adversário por muito tempo, ainda que segundo seu técnico na cadeira, esse braço esquerdo fosse a solução. É a solução, desde que você ataque imedi­ atamente. Faltando menos de um mi­ nuto, GARRIGOS mostrou porque está entre os melhores atletas do mundo, com um o­uchi­gari belamente execu­ tado do qual KHYAR tentou escapar, transformando o arremesso em uma espetacular acrobacia. Um último shido recebido por GARRIGOS poucos se­ gundos antes do final não foi suficiente para alterar o resultado final após seu placar dinâmico e o espanhol pôde co­ memorar sua medalha de bronze e pu­ lar nos braços de seu treinador após a luta. No início, durante as preliminares, olhando o recorde de NAGAYAMA 15

Ryuju e sua posição como cabeça­de­ chave na competição, podíamos imagi­ nar que o judoca japonês não teria muita dificuldade em chegar à final. Primeiro em Tashkent no início da tem­ porada, ele se sentiu seguro sobre seu nível. Porém, isso sem contar com Ka­ ramat HUSEYNOV (AZE), que bateu todas as chances do adversário na ter­ ceira rodada das eliminatórias. Na rodada seguinte foi um HUSEY­ NOV cheio de confiança que subiu no tatame para enfrentar o dínamo fran­ cês Walide KHYAR, que havia iniciado seu torneio registrando seu empenho físico e oportunismo, com seu judô ás­ pero e kumi­kata perturbador para seus adversários , feito de alças cruzadas e ataques de contato próximo. Foi final­ mente o francês quem venceu e en­ controu, a caminho da final, Gusman KYRGYZBAYEV (KAZ). Cabeça­de­ chave em seu quarto do sorteio, KYRGYZBAYEV não enfraqueceu con­ tra KHYAR, apesar das penalidades que choveram de ambos os lados. KHYAR pensou que quase havia ven­ cido, enquanto um terceiro shido foi dado ao cazaque, antes de ser retirado e o judoca tricolor então cometeu um pequeno erro que lhe custou a final. O segundo cazaque inscrito na ca­ tegoria, Magzhan SHAMSHADIN (KAZ), também teve uma corrida muito boa nas rodadas preliminares, enquan­ to o filho de KOGA Toshihiko, a lenda do judô, falecido recentemente, KOGA Genki (JPN), era esperado em um ní­ vel superior em Budapeste, mas viu seus sonhos de medalhas voarem no segundo turno. No final do sorteio, Yago ABULAD­ ZE (RJF), já vencedor em Budapeste, durante o Grand Slam de outubro de 2020, saiu sem arranhão e acabou ba­ tendo SHAMSHADIN, para evitar uma final 100% cazaque.


Eric Takabatake aponta aprendidas em Budapeste

lições

O brasileiro Eric Takabatake tirou lições importantes após sua participa­ ção no Campeonato Mundial de Judô, que começou neste domingo, 06, em Budapeste, Hungria. Atual número 13 do mundo e, portanto, dentro da zona de classificação olímpica, o peso ligeiro estreou com vitória sobre Harim Lee, da Coréia do Sul, mas parou nas oita­ vas de final diante do búlgaro Yanislav Gerchev, nas punições. Muito próximo de garantir uma vaga para sua primeira participação olímpica, Takabatake sa­ be que o limite para falhas foi até aqui. 16

“O período que a gente tinha para errar acabou. Essa aqui era a última competição. É um Mundial, uma com­ petição de alto nível, sim. Mas, temos que pensar que nosso foco está nos Jogos Olímpicos. Se fosse para errar, tinha que errar até agora. Vou levar is­ so como aprendizado”, avaliou. Na estreia em Budapeste, Eric re­ encontrou Lee, que havia eliminado o brasileiro no Mundial de 2018, em Ba­ ku, na repescagem. Na Hungria, po­ rém, foi o brasileiro quem levou a melhor, tanto física, quanto tecnica­ mente. “Ele tem um estilo meio chato de lutar, então entrei concentrado. Primei­


ra luta é sempre aquela ansiedade e foi uma luta bem dura, como achei que fosse ser. Ganhei no golden score, no erro dele, ele estava bem esgotado. Foi uma luta que ganhei mais na von­ tade”, pontuou. Em seguida, o duelo pelas oitavas foi contra Yanislav Gerchev, da Bulgá­ ria, que apostou em técnicas de sacrifí­ cio para impor volume de ataque forçar punições por passividade a Eric. A es­ tratégia deu certo e o brasileiro acabou despedindo­se do Mundial com as três punições. “Já lutei com ele umas três vezes e sempre foi para o golden score. E, apesar de eu já conhecer o estilo de jo­ 17

go dele, ele mudou um pouco em rela­ ção a me anular. Ele atacou do jeito que ele sempre ataca, que é botar bas­ tante golpe na frente, golpes de sacrifí­ cio, só que ele me anulou na pegada. Não consegui me achar na pegada, chegar com as duas mãos. Foi uma lu­ ta complicada para mim, porque não consegui impor meu judô”, explicou Ta­ kabatake. Gerchev acabou em sétimo lugar, após perder para Yago Abuladze (Rús­ sia) e Francisco Garrigos (Espanha), nas quartas e repescagem, respectiva­ mente.


Por: Nicolas Messner e Jo Crowley ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova, Emanuele Di Feliciantonio e Jensen Lars Moeller

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Resultados finais: 1. SHISHIME, Ai (JPN) 2. PEREZ BOX, Ana (ESP) 3. KOCHER, Fabienne (SUI) 3. PRIMO, Gefen (ISR) 5. KELDIYOROVA, Diyora (UZB) 5. RAMOS, Joana (POR ) 7. LKHAGVASUREN, Sosorbaram (MGL) 7. RYHEUL, Amber (BEL)

­52kg: Consistência para Espanha e Japão e Segundo Ouro para SHISHI­ ME A primeira final do dia viu, sem qualquer surpresa, SHISHIME Ai (JPN), já detentora de medalhas de to­ dos os metais, enfrentando Ana PE­ REZ BOX (ESP). SHISHIME, no puro estilo japonês, produziu um ne­waza muito bom durante a sessão da ma­ nhã, bem como técnicas de tachi­waza simples, mas bem executadas, en­ quanto Ana PEREZ BOX foi especial­ mente eficiente durante todas as suas partidas. O primeiro pequeno ashi­waza a fazer sua oponente reagir, ofereceu uma primeira oportunidade para SHISHIME concluir no chão, mas PE­ REZ BOX estava vigilante. Após um minuto e a primeira tempestade, PE­ REZ BOX parecia ter uma melhor com­ preensão do que estava acontecendo no tapete e começou a recuperar o controle com melhores padrões de 20

aderência para combinar com SHISHI­ ME. Ambas foram penalizadas com um primeiro shido, seguido por um segun­ do para a finalista espanhola um pouco mais tarde. Com 50 segundos restan­ tes, SHISHIME de repente liberou o ti­ po de uchi­mata que amamos e queremos ver na final de um campeo­ nato mundial. A execução foi quase perfeita, com PEREZ BOX caindo de lado para uma pontuação quase perfei­ ta, mas SHISHIME já estava lá para pegá­la e prendê­la para Ippon. Este é nada menos que um segundo título mundial para ela e a quarta medalha nesse nível de competição. Impressio­ nante. SHISHIME Ai declarou: "Eu sabia que havia muita expectativa para eu ganhar e isso significou muita pressão, mas no final sempre consigo ganhar medalhas. O engraçado é que ganhei minha primeira medalha mundial aqui em Budapeste e agora de novo, então isso torna esta cidade como meu lugar


de sorte." Na primeira disputa pela medalha de bronze, Joana RAMOS (POR), que até então tinha a quinta colocação no Mundial há dois anos em Tóquio, como seu melhor resultado, pisou no tatame contra Fabienne KOCHER (SUI). Em Astana em 2015 conquistou o seu me­ lhor resultado: um sétimo lugar. Quan­ do a partida começou, RAMOS sabia que deveria ter cuidado para não cair também, pois KOCHER mostrou gran­ de habilidade durante a sessão da ma­ nhã. No entanto, a lutadora suíça teve que observar o maki ­komi de RAMOS, que estava particularmente forte no iní­ cio do dia. Com um ko­soto­gake e um contra­ataque sem gols, RAMOS foi imediatamente perigosa, apesar da aparente superioridade de KOCHER, que estava perto de pontuar com a téc­ nica especial de RAMOS, o maki­komi, mas a atleta portuguêsa, sabendo per­ feitamente como aplicá­los, também soube escapar. Não há pontuação! Com apenas um shido em seus no­ mes, RAMOS e KOCHER alcançaram o período de golden score, onde tudo ainda era possível, mas RAMOS foi penalizado cedo com um segundo shi­ do e depois um terceiro, quando blo­ queou o oponente sob a faixa, o que é proibido. Este terceiro shido foi sinôni­ mo de vitória para Fabienne KOCHER, que deu um longo e verdadeiro abraço em RAMOS, antes de sair do tatame para pular nos braços de seu treinador. Terceiro no Campeonato Europeu há apenas algumas semanas, Gefen PRIMO (ISR) é definitivamente um desses jovens competidores, aos 21 anos, elevando seu nível em todas as provas do circuito. Desta vez teve a oportunidade de somar uma medalha a nível mundial, ao enfrentar Diyora KEL­ DIYOROVA (UZB), vencedora do Grand Slam de Antalya nesta tempora­ da. PRIMO, que explorou todas as oportunidades durante as primeiras ro­ dadas, enfrentou uma especialista em 21

técnicas precisas de drop seoi­nage, que pontuou de ambos os lados e com as versões tradicional ou reversa, no início do dia. A partida começou sem qualquer tipo de fase de observação, as duas competidoras imediatamente impondo um ritmo alucinante que só os atletas de ponta conseguem suportar. Depois de um pouco mais de dois mi­ nutos, KELDIYOROVA foi penalizada com um primeiro shido por um ataque falso e com um minuto restante rece­ beu uma segunda penalidade pelo mesmo motivo. KELDIYOROVA pare­ ceu perder um pouco o controle da si­ tuação. Um terceiro shido veio menos de trinta segundos depois, oferecendo uma merecida medalha de bronze ao jovem Gefen PRIMO, que tinha um sorriso imenso no final da disputa pela medalha de bronze. A categoria de ­52kg foi uma das duas categorias desta edição do cam­ peonato mundial, que não teve o seu número 01 mundial presente, mas o número 03 do mundo SHISHIME Ai (JPN) confirmou a sua posição como cabeça­de­chave. No segundo turno ela derrotou Soumiya IRAOUI do Mar­ rocos, que no primeiro turno derrotou a dupla medalha de prata mundial, An­ dreea CHITU (ROU). SHISHIME também arruinou uma primeira boa esperança de medalha para o país anfitrião ao vencer o PUPP Reka (HUN), antes de vencer Joana RAMOS (POR). Mesmo que Ana PEREZ BOX (ESP) estivesse entre as melhores se­ mentadas da categoria, ela não era uma das favoritas, mas sim em décimo segundo lugar no Ranking Mundial e conquistando a medalha de bronze em Kazan há algumas semanas, a espa­ nhola O atleta teve o que se chama de 'um dia perfeito no escritório', com vitó­ rias sobre Katelyn JARRELL (EUA), Anastasia POLIKARPOVA (RJF), LKHAGVASUREN Sosorbaram (MGL) e depois Fabienne KOCHER (SUI) na


semifinal. A fase preliminar do PEREZ BOX foi bem­sucedida, mas, de manei­ ra geral, também foi bom ver que o tra­ balho compensou. O judoca de 25 anos, cuja técnica preferida é o uchi­ mata, terminou ao pé do pódio em abril no Europeu, mas desta vez é a nível mundial e uma final já significa muito. Sua medalha de prata é especial. Larissa Pimenta para nas oitavas­ de­final do Mundial O judô brasileiro teve apenas uma representante no tatame da Laszlo Papp Arena, em Budapeste, nesta se­ gunda­feira, 07, segundo dia de dispu­ tas do Campeonato Mundial. Larissa Pimenta, em seu segundo Mundial adulto, estreou com boa vitória por wa­ 22

za­ari sobre Naomi Van Kreme, da Ho­ landa, e avançou às oitavas da compe­ tição. Em sua segunda luta, Larissa en­ carou uma adversária mais dura, a is­ raelense Gefen Primo, número 15 do mundo, que conseguiu um ippon para finalizar a participação da brasileira no Mundial. Larissa Pimenta é a atual número 11 do mundo e disputou medalhas em todas as três competições que fez em 2021: ouro no Pan e 5º nos Grand Slam de Tashkent e Tbilisi. Neste Mun­ dial, ela buscava, além de uma meda­ lha inédita em sua jovem carreira, os pontos necessários para ser cabeça­ de­chave nos Jogos Olímpicos de Tó­ quio, em julho.


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Por: Nicolas Messner ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova, Emanuele Di Feliciantonio e Jensen Lars Moeller

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Resultados finais: 1. MARUYAMA, Joshiro (JPN) 2. LOMBARDO, Manuel (ITA) 3. SHAMILOV, Yakub (RJF) 3. YONDONPERENLEI, Baskhuu (MGL) 5. SAFAROV, Orkhan (AZE) 5. ZHUMAKANOV, Yeldos (KAZ) 7. LE BLOUCH, Kilian (FRA) 7. MINKOU, Dzmitry (BLR)

­66kg: MARUYAMA Dobra para si e para o Japão no segundo dia É interessante notar que ambos os finalistas passaram bastante tempo no tatame durante as rodadas prelimina­ res, já que cada um teve que competir por mais de 15 minutos, incluindo o tempo normal e períodos de pontuação de ouro, a primeira consequência sen­ do que nenhum poderia tirar vantagem de ser mais fresco do que o outro. Após 30 segundos, os dois cam­ peões já haviam experimentado pelo menos uma de suas técnicas preferi­ das, uchi­mata para MARUYAMA, ka­ ta­guruma para LOMBARDO, para não pontuar. Um primeiro shido foi concedi­ do a MARUYAMA por sair do tatame, e depois um a LOMBARDO por passivi­ dade. É uma oposição total de estilo que presenciamos, o atual campeão mundial japonês tentando o embarque LOMBARDO em seus movimentos am­ plos e este tentando fixar seu oponente para lançar seu tokui­waza ou um 26

drop­seoi­nage. Neste joguinho, o pri­ meiro a marcar foi MARUYAMA com um estiloso yoko­tomoe­nage para wa­ za­ari. Ele então só teve que controlar até os últimos segundos para ganhar seu segundo título mundial consecuti­ vo. Só no final, quando os dois homens se juntaram para se parabenizar, é que começamos a ver um sorriso tímido no rosto de MARUYAMA, MARUYAMA Joshiro refletiu: “ Es­ tou tão feliz com meu segundo título mundial, mas não posso estar feliz com o conteúdo do meu judô hoje. Estava longe de ser o meu melhor. Estou cien­ te de que todos querem me derrotar. meu nível hoje, posso garantir que quando eu voltar a Tóquio, vou traba­ lhar ainda mais duro. " Mais cedo durante o dia. Na primei­ ra rodada, o cabeça­de­chave Manuel LOMBARDO derrotou Sebastian SEI­ DL (GER), antes de lutar e vencer Or­ lando POLANCO (CUB), Yakub SHAMILOV (RJF) e depois Yeldos


ZHUMAKANOV (KAZ) na semifinal. Na segunda metade do sorteio, to­ dos os olhares estavam voltados para MARUYAMA Joshiro (JPN), provavel­ mente um dos judocas mais espetacu­ lares e estilosos do circuito, apesar de não ter sido selecionado para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Durante a primei­ ra rodada, MARUYAMA mostrou mais uma vez que é um daqueles competi­ dores que realmente 'sente' ao invés de 'pensa' quando é o momento certo para atacar. Desta forma, o campeão mundial japonês de 2019 é um dos atletas mais impressionantes do Circui­ to Mundial de Judô. Hoje talvez não te­ nha sido o seu melhor dia em termos de preparação. Se seus ataques fos­ sem lançados com perfeição, faltava um pouco de acabamento e polimento, o que o empurrou para a pontuação de ouro várias vezes. Essa é a marca dos grandes campeões, que quando o dia está difícil, eles ainda têm os recursos para fazer o trabalho, Terceiro em Kazan este ano e se­ gundo aqui em Budapeste para o reiní­ cio da temporada após a pausa da Covid, Yakub SHAMILOV (RJF) lutou contra o duas vezes medalhista mundi­ al Orkhan SAFAROV (AZE) por um lu­ 27

gar no tão prestigioso pódio do campe­ onato mundial. Ambos sendo grandes contra­atacantes, o concurso da meda­ lha de bronze prometia ser animado. Com kumikata e movimentos não orto­ doxos, SAFAROV e SHAMILOV pare­ ciam capazes de lançar a qualquer momento. É muito interessante assisti­ los, pois em meio a esses movimentos e pegadas pouco ortodoxos estão as técnicas tradicionais do judô, como o kata­guruma, o yoko­tomoe­nage, mas totalmente revisitadas. Essa é a magia do judô que se adapta a qualquer tipo de morfologia e atitude. Mas a primeira coisa que apareceu no placar foi um shido para SAFAROV, por uma viola­ ção de kumikata. Finalmente, chegou a hora do placar de ouro. Na segunda disputa pela medalha de bronze, Baskhuu YONDONPEREN­ LEI (MGL), que fez um grande esforço contra MARUYAMA durante a primeira fase da competição, antes de ser der­ rotado, enfrentou Yeldos ZHUMAKA­ NOV (KAZ), medalhista de prata do World Judo Masters. Devido a uma le­ são, Yeldos ZHUMAKANOV não pôde competir e a medalha de bronze foi pa­ ra Baskhuu YONDONPERENLEI (MGL).


Por: Nicolas Messner ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova, Emanuele Di Feliciantonio e Jensen Lars Moeller

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Resultados finais: 1. KLIMKAIT, Jessica (CAN) 2. TAMAOKI, Momo (JPN) 3. GJAKOVA, Nora (KOS) 3. STOLL, Theresa (GER) 5. DEGUCHI, Christa (CAN) 5. PERISIC, Marica (SRB) 7. KONKINA, Anastasiia (RJF) 7. MONTEIRO, Telma (POR)

­57kg: KLIMKAIT ganha mais do que um título A primeira final do dia talvez não tenha sido exatamente a esperada, mesmo que os dois competidores esti­ vessem entre os favoritos da categoria. TAMAOKI foi penalizada rapidamente com um primeiro shido, enquanto Jes­ sica KLIMKAIT começou cada troca, após o hajime, com uma dança circular dinâmica ao redor de sua oponente, antes de mergulhar nela e em busca do seoi­nage ou o­uchi­gari. O que é impressionante é que todo mundo sabe disso, mas ela ainda faz isso de novo e de novo e funciona. Enquanto TAMAO­ KI Momo foi penalizado pela segunda vez, KLIMKAIT recebeu seu primeiro shido e os dois atletas alcançaram a pontuação de ouro se tudo o que foi possível. Após 1 minuto, Jessika KLIM­ KAIT, que estava obviamente domi­ nando, concluiu com um ko­uchi­gari que parecia vir do outro lado do tata­ me, mas ela conseguiu acertar um wa­ 30

za­ari libertador. Com este primeiro tí­ tulo mundial, Medalha de bronze em Kazan há algumas semanas, Marica PERISIC (SRB) voltou a disputar o bronze, fren­ te a Nora GJAKOVA (KOS), medalhista de bronze no último Campeonato da Europa em Lisboa. GJAKOVA impôs seu poder de controlar o kumi­kata ra­ pidamente e construir seu judô, feito de pequenos ashi­waza para abrir o por­ tão para um amplo uchi­mata. Após apenas metade da partida, GJAKOVA não havia marcado, mas o PERISIC já havia sido penalizada duas vezes. Foi com apenas alguns segundos restan­ tes e com um maciço maki­komi na beira do tatame, que ela havia prepara­ do ao longo da luta, que GJAKOVA as­ sumiu a liderança por um waza­ari, para ganhar sua primeira medalha de bronze naquele nível . Classificada em 12º lugar no ran­ king mundial, a alemã Theresa STOLL, 25 anos, detentora de duas medalhas


de bronze no Circuito Mundial de Judô desde que o circuito foi retomado em outubro passado em Budapeste, en­ frentou a número um do mundo Christa DEGUCHI (CAN) pela segunda vaga no pódio. O primeiro em ação foi DE­ GUCHI, com um o­uchi­gari arriscado, que o STOLL bloqueou e até tentou contra­atacar, mas ninguém marcou. Pelo menos durante o início da partida, esse era o plano de DEGUCHI, já que ela tentou várias vezes se submeter ao forte kumi­kata do STOLL com seu o­ uchi­gari direito. Dominada por STOLL, a campeã canadense foi penalizada com um primeiro shido, mostrando uma versão diferente de si mesma, menos dominante e mais em perigo do que estamos acostumados. Ela foi en­ tão penalizada pela segunda vez, en­ trando no período do placar de ouro com duas penalidades em seu nome. O STOLL levou apenas 8 segundos para marcar um maki­komi maciço que crucificou DEGUCHI, que parecia estar em outro lugar e que em outro lugar, infelizmente, pode não ser Tóquio nes­ te verão. Houve uma medalha de bron­ ze para Theresa STOLL. Essa é a dificuldade do judô. Tudo pode parar e mudar em um segundo, com a perda errada no momento errado. É duro, mas também participa da beleza do es­ porte, onde tudo está por um fio. Todos os atletas sabem disso. Todos os atle­ tas trabalham para agarrar e maximizar todas as suas chances e, no final, é o resultado no tatame que decide. Hoje não foi o dia de DEGUSHI, mas ela continua sendo uma campeã e judoca incrível. Houve uma medalha de bron­ ze para Theresa STOLL. Essa é a difi­ culdade do judô. Tudo pode parar e mudar em um segundo, com a perda errada no momento errado. É duro, mas também participa da beleza do es­ porte, onde tudo está por um fio. Todos os atletas sabem disso. Todos os atle­ tas trabalham para agarrar e maximizar todas as suas chances e, no final, é o 31

resultado no tatame que decide. Hoje não foi o dia de DEGUSHI, mas ela continua sendo uma campeã e judoca incrível. Houve uma medalha de bron­ ze para Theresa STOLL. Essa é a difi­ culdade do judô. Tudo pode parar e mudar em um segundo, com a perda errada no momento errado. É duro, mas também participa da beleza do es­ porte, onde tudo está por um fio. Todos os atletas sabem disso. Todos os atle­ tas trabalham para agarrar e maximizar todas as suas chances e, no final, é o resultado no tatame que decide. Hoje não foi o dia de DEGUSHI, mas ela continua sendo uma campeã e judoca incrível. é o resultado no tatame que decide. Hoje não foi o dia de DE­ GUSHI, mas ela continua sendo uma campeã e judoca incrível. é o resultado no tatame que decide. Hoje não foi o dia de DEGUSHI, mas ela continua sendo uma campeã e judoca incrível. No início da competição, todos os olhares estavam voltados para a categoria de ­57kg já que todos queriam ver a partida decisiva entre Jessica KLIMKAIT (CAN) e a atual cam­ peã mundial Christa DEGUCHI (CAN), para a seleção olímpica final da atleta canadense. No entanto, esta partida não aconteceu por­ que o KLIMKAIT chegou à final após uma sessão matinal impecável, enquanto a DE­ GUCHI foi derrotada, após uma longa disputa de ouro, por TAMAOKI Momo (JPN) na semi­ final. A decisão de qual atleta irá aos Jogos está agora nas mãos da Federação Canaden­ se de Judô. É preciso dizer que Jessica KLIMKAIT te­ ve um início brilhante na competição. Se às vezes a jovem canadense caminha à beira de ataques falsos, ela ainda é muito eficaz e seu seoi­nage pode marcar ippon a qualquer mo­ mento. No primeiro round ela derrotou Miryam ROPER (PAN), depois Arnaes ODE­ LIN GARCIA (CUB) e Theresa STOLL (GER) antes de dar chances para Nora GJAKOVA (KOS) na semifinal. Com essa demonstração brilhante, ela tem uma chance realmente boa de ser a representante canadense nos Jogos Olímpicos. O que é certo é que esta é prova­


velmente uma das decisões mais difíceis para Mike Tamura, o presidente do Judo Canadá, Nicolas Gill e sua equipe técnica. TAMAOKI Momo, após vitórias consisten­ tes contra Zouleiha Abzetta DABONNE (CIV), Eteri LIPARTELIANI (GEO) e Telma MON­ TEIRO (POR) nas primeiras rodadas, enfren­ tou o atual campeão mundial e número um do mundo na semifinal. As apostas eram altas para ambos os competidores, mas talvez um pouco mais para DEGUCHI, que precisava desesperadamente daquela vitória para en­ contrar seu companheiro na final, mas foi TA­ MAOKI que, após 9 minutos e 15 segundos de uma partida tensa, encontrou a única oportunidade que abriu as portas da final. Estreante em Mundial, Ketelyn Nascimento leva campeã europeia a golden score de 11 minutos Novata brasileira não se intimidou diante da torcida local e travou uma das maiores ba­ 32

talhas desse Mundial contra a húngara Hed­ vig Karakas

Nas súmulas constarão que Ke­ telyn Nascimento, judoca brasileira do peso Leve (57kg), fez apenas duas lu­ tas em seu primeiro Mundial Sênior, nesta terça­feira, 08, em Budapeste, Hungria, onde acontece a competição. Mas, a história contará que a novata brasileira travou uma das maiores ba­ talhas da Laszlo Papp Arena, levando a campeã europeia e dona da casa, Hedvig Karakas, a um golden score de infinitos onze minutos. Somando­se o tempo normal de quatro minutos, pode­ se considerar, portanto, que a brasilei­ ra fez, aproximadamente, quatro lutas em uma. A vitória no placar não veio por muito pouco. Ketelyn chegou a imobili­ zar Karakas por oito segundos, mas a húngara escapou e sobreviveu ao que


seria um waza­ari para a brasileira no tempo extra. Antes disso, Ketelyn já havia defendido uma chave de braço e, no fim do combate, a húngara encaixou outra chave, dessa vez, indefensável. “Eu já tinha sentido meu braço es­ talar na primeira chave, ficou um pouco dormente. Ela percebeu e fez ataques mais efetivos no meu lado esquerdo. Na segunda chave não consegui resis­ tir, bati. Mas, tenho que manter a cabe­ ça em pé. Não acabou a competição por aqui. Ainda temos a competição por equipes e pode ser que a Hungria venha com ela também na equipe”, ex­ plicou a brasileira, já projetando uma possível revanche na competição por equipes mistas, no dia 13. Ketelyn foi a única representante do Brasil no peso leve feminino. Atual 33

número 32 do mundo, ela estava fora da zona de ranqueamento direto e por cotas dos Jogos Olímpicos. Agora, a brasileira aguarda a atualização do ranking ao final do Mundial para saber se conseguirá ou não a sonhada vaga em sua primeira olimpíada. “Eu cheguei aqui muito focada e estava bem confiante, porque a sequência de treinamentos que a gente fez foi toda voltada para trazer um bom resultado aqui. Não foi o que eu conse­ gui. Mas, não saio daqui achando que eu fiz tudo o que eu podia, mas fiz tudo o que estava ao meu alcance no mo­ mento. Faltou pouco. Foram detalhes que acarretaram na minha derrota, mas foram mais pontos positivos do que negativos”, avaliou.


Por: Nicolas Messner ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova, Emanuele Di Feliciantonio e Jensen Lars Moeller

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Resultados finais: 1. SHAVDATUASHVILI, Lasha (GEO) 2. MACIAS, Tommy (SWE) 3. CILOGLU, Bilal (TUR) 3. HASHIMOTO, Soichi (JPN) 5. HEYDAROV, Hidayat (AZE) 5. TURAEV, Khikmatillokh (UZB) 7. CASOS ROCA, Salvador (ESP) 7. UNGVARI, Miklos (HUN)

­73kg: SHAVDATUASHVILI Adiciona Ouro Mundial à Sua Coleção Qualquer que fosse o resultado da final, seria um novo campeão mundial inesperado, já que a final trouxe Tommy MACIAS (SWE) e Lasha SHAVDATUASHVILI (GEO) juntos no tatame. Após pouco menos de um mi­ nuto, MACIAS foi penalizado com um primeiro shido por falso ataque, pois SHAVDATUASHVILI parecia uma for­ taleza inexpugnável. Antes de entrar no último minuto, MACIAS recebeu um segundo shido, colocando SHAVDA­ TUASHVILI em boa posição, conhe­ cendo suas habilidades táticas. Era hora do placar de ouro! Após 50 segundos e uma última sequência em que MACIAS saiu do ta­ tame e foi penalizado pela terceira vez, a vitória foi para Lasha SHAVDATU­ ASHVILI, que se posiciona em meio ao grupo de campeões que conquistaram as Olimpíadas, os campeonatos conti­ nentais e agora os campeonatos mun­ 36

diais. Bravo! Lasha SHAVDATUASHVILI disse: "O judô lhe dá momentos especiais se você trabalhar muito. Estou perseguin­ do esse título há tantos anos. A razão de eu ter sucesso hoje é porque penso no judô 24 horas por dia. Agora que te­ nho os três principais títulos no mundo do judô, espero que a geração jovem da Geórgia se inspire na minha carreira e entenda que sem muito trabalho não se pode vencer. ” A primeira disputa de medalha de bronze viu o medalhista de bronze do Doha World Judo Masters, Khikmatil­ lokh TURAEV (UZB), competir contra Bilal CILOGLU (TUR), que até agora não tinha recorde em 2021. Com um waza­ari marcado nos últimos segun­ dos da partida com um sumi­gaeshi Bi­ lal CILOGLU conquistou a medalha de bronze para subir ao pódio. Provavelmente desapontado com a derrota na semifinal, o japonês HASHI­ MOTO Soichi enfrentou Hidayat HEY­


DAROV (AZE) pelo segundo bronze. Depois de dez competições sem resul­ tado algum, esta foi a ocasião para a HEYDAROV provar novamente o metal de uma medalha mundial, já que pos­ sui quatro medalhas mundiais, de juni­ ores e seniores somados. A partida começou com um falso ritmo pontuado por penalidades por falsos ataques, aceleração malsucedida de HASHIMO­ TO e tentativas de quebrar o forte ku­ mi­kata de HASHIMOTO por HEYDAROV. Com dois shidos para ca­ da um de seus nomes, os dois compe­ tidores entraram no período de pontuação de ouro e foi após 13 se­ gundos que HASHIMOTO marcou ip­ pon para se juntar aos outros medalhistas no pódio. Nesta categoria, muitos especialis­ tas diriam pela manhã que veriam HASHIMOTO Soichi (JPN) pelo menos na final, senão campeão mundial, mas isso sem contar com a determinação de Tommy MACIAS (SWE). O atleta sueco não é novato no circuito. Já ten­ do conquistado 2 medalhas de Grand Slam e 2 Grand Prix entre sua coleção de 11 medalhas no Circuito Mundial de Judô, o competidor sueco mostrou uma consistência incrível ao longo do dia, o que nem sempre é o caso. Em 2021, MACIAS participou de seis provas e nunca subiu ao pódio, mas hoje foi o seu dia e não o largou, principalmente na semifinal, onde derrotou HASHIMO­ TO Soichi, mostrando prodigiosa força mental quando pensava que tinha ven­ cido, mas os árbitros tiraram o placar e ele teve que continuar lutando. Além da vitória significativa contra HASHIMOTO, MACIAS chegou à final ao vencer consecutivamente Nurlan OSMANOV (AZE), Victor SCVORTOV (Emirados Árabes Unidos), Adrian SULCA (ROM) e Khikmatillokh TURA­ EV (UZB). Na outra metade do sorteio, todo o público seguia seu herói local, UNG­ VARI Miklos (HUN) e, partida após par­ 37

tida, crescia a esperança de um novo feito do medalhista olímpico e mundial. Aos 40 anos, o UNGVARI parecia ter 20 hoje, colocando toda a sua energia lá no tatame. Ele foi heróico, principalmente contra o campeão olímpico Lasha SHAVDATUASHVI­ LI (GEO), nas quartas­de­final, onde apenas um pequeno shido fez a diferença a favor de SHAVDATUASHVILI, que então seguiu ven­ cendo para chegar à final. Na repescagem, o UNGVARI voltou a perder depois de uma incrível partida contra o Hidayat HEYDAROV (AZE). Pela soma de sua carreira e dedicação, mesmo que não tenha se marcado com uma medalha em Budapeste, UNGVARI Miklos pode se orgulhar. Tiremos o chapéu, cam­ peão.

Eduardo Katsuhiro cai para o cam­ peão mundial O objetivo do peso leve do Brasil, Eduardo Katsuhiro Barbosa, no Cam­ peonato Mundial de Judô que está sendo disputado em Budapeste, Hun­ gria, nesta semana, era buscar um bom resultado para assegurar uma va­ ga direta nos Jogos Olímpicos de Tó­ quio. Os planos, contudo, foram abreviados no segundo combate do judoca brasi­ leiro contra ninguém menos do que o georgiano Lasha Shavdatuashvili, que fechou o dia com o título mundial. Ele já tinha um ouro olímpico no 66kg e um bronze no 73kg, de Londres e Rio, res­ pectivamente. Com isso, Eduardo terá que aguardar o fechamento do ranking olímpico para saber se ficará com uma das cotas continentais, que hoje está com Eduardo Yudy Santos (81kg), que luta nesta quarta em busca de uma va­ ga direta. “Pensando na classificação para as Olimpíadas, agora ficou meio compli­ cado. Não sei como vão ficar as pontu­ ações ainda. O que posso fazer agora é contribuir para a equipe na competi­ ção por equipes. Vou me empenhar


para vencer todas as lutas e trazer es­ sa medalha para o Brasil”, projetou. A disputa por equipes mistas é a grande novidade do Judô neste ciclo olímpico e estará em Tóquio também. O Brasil tem uma prata e um bronze em Mundiais e é o número dois do mundo no ranking das equipes atual­ mente. Ao todo, seis pesos integram a equipe: 57kg, 70kg, +70kg, 73kg, 90kg e +90kg. A competição fecha o Mundial no dia 13 de junho. Vitória “na regra” na estreia Em sua primeira luta em Budapes­ te, Eduardo conseguiu uma vitória inu­ sitada contra o argelino Fethi Nourine. Com um sangramento na boca, Nouri­ ne precisou sair do combate para rece­ ber atendimento médico e não teve condições de continuar a luta. “Venci em cima da regra. Quando a pessoa é atendida pelo médico três ve­ zes ela é desclassificada. Ele estava 38

com a boca sangrando e precisou ser atendido. Assim, venci minha primeira luta”, explica. Em seguida, ele precisaria passar por Shavdatuashvili para se manter “vi­ vo” na disputa por um lugar no bloco fi­ nal. O combate desenvolveu­se de forma equilibrada e o placar permane­ ceu zerado no tempo regulamentar. No Golden score, porém, o Georgiano conseguiu projetar Katsuhiro e marcar o ippon para sair vitorioso. “O Lasha é um adversário forte. Já tinha lutado e treinado com ele. Então, era um adversário que eu já conhecia bastante, estava confiante. Hoje eu es­ tava num dia bom, estava me sentindo bem. Mas, infelizmente, o resultado não veio”, concluiu.


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Resultados finais: 1. AGBEGNENOU, Clarisse (FRA) 2. LESKI, Andreja (SLO) 3. OBRADOVIC, Anja (SRB) 3. VERMEER, Sanne (NED) 5. BARRIOS, Anriquelis (VEN) 5. QUADROS, Ketleyn (BRA) 7. DEL TORO CARVAJAL, Maylin (CUB) 7. OZBAS, Szofi (HUN)

­63kg: Clarisse AGBEGNENOU, o que mais? Se a categoria masculina do dia não é previsível, a competição feminina até 63kg é, com Clarisse AGBEGNE­ NOU (FRA) sendo tão dominante. Ain­ da assim, é sempre um grande prazer ver a jovem francesa pisar no tatame, mostrando determinação e relaxamen­ to. Antes de cada uma de suas parti­ das, ela estava realmente dançando no túnel, com os fones de ouvido, total­ mente relaxada e pronta para iniciar sua jornada para conquistar um novo título mundial. Com quatro títulos mundiais já em seu nome, estar novamente no topo do pódio pode não ser a principal priorida­ de de AGBEGNENOU. Este evento é claramente um passo para ser a rainha dos Jogos Olímpicos. Sem produzir seu judô mais bonito, a heroína france­ sa enfrentou luta após luta e impôs seu estilo e força. Em tese, ninguém pare­ ce conseguir abalá­la, pois ela de­ 42

monstrou tanta confiança hoje, como muitas de suas competições anterio­ res. Para ela, o julgamento final será definitivamente em Tóquio neste verão, mas mais uma vez Clarissse AGBEG­ NENOU entrou na final do Campeona­ to Mundial, onde enfrentou Andreja LESKI (SLO) pela primeira vez neste nível de competição. É interessante sublinhar que An­ dreja LESKI é o maior rival da atual campeã olímpica Tina Trstenjak (SLO), que foi e ainda é um dos maiores rivais do AGBEGNENOU. Obviamente, essa rivalidade nacional compensa para LESKI, que produziu um judô realmen­ te bom ao longo do dia. Um primeiro shido foi dado rapida­ mente a LESKI por bloquear seu opo­ nente, antes que a atleta eslovena desequilibrasse a francesa em uma si­ tuação de ação­reação, mas nada real­ mente perigoso para a tetracampeã mundial. Mais uma vez, LESKI provou ser mais ativo com um ataque koshi­


waza sem pontuar. Como LESKI esta­ va atacando novamente de joelhos, Clarisse AGBEGNENOU controlou seu oponente para lançar um poderoso maki­komi para marcar um waza­ari, seguido imediatamente por uma imobi­ lização, que ela teve que repetir duas vezes para ganhar seu quinto título mundial. Clarisse AGBEGNENOU explicou: " Há três meses pensei que não iria a este evento. Então disse a mim mes­ ma, 'se não for a Budapeste e falhar em Tóquio, no próximo ano não terei tí­ tulos para defender e Budapeste signi­ fica um 5º título.' Então aqui estou eu! " O que pode impedir a francesa de se tornar uma das judocas mais premi­ adas da história? É interessante notar que ao longo do dia o campeão francês marcou várias vezes no chão, compro­ vando o benefício de desenvolver essa vertente do judô, mesmo quando já no topo do mundo, para manter o controle quando as técnicas de tachi­waza não são eficientes suficiente. A primeira disputa de medalhas de bronze da categoria contou com Anja OBRADOVIC (SRB) e Anriquelis BAR­ 43

RIOS (VEN), finalista em Antalya há al­ gumas semanas, que nas primeiras ro­ dadas derrotou o número dois, cabeça­de­chave Nami (JPN). Confor­ me a partida estava se desenrolando, OBRADOVIC estava tentando aplicar o que a ajudou a ganhar algumas de su­ as rodadas preliminares, um tani­ otoshi, mas sem sucesso desta vez. Ela tentou variar suas técnicas, mas, mesmo que fosse penalizada uma vez, foi BARRIOS quem teve a oportunida­ de mais forte durante o tempo normal. Quando eles entraram no período de pontuação de ouro, mais uma vez Anja OBRADOVIC lançou seu tokui­waza caseiro para um waza­ari e sua primei­ ra medalha neste nível. Ketleyn QUADROS (BRA) é uma daquelas atletas que está há muitos anos no circuito. A judoca brasileira foi medalhista olímpica em Pequim em 2008. Treze anos depois, ainda luta pela medalha mundial. Isso é impressi­ onante. Sanne VERMEER (NED), der­ rotado por Clarisse AGBEGNENOU na semifinal, não quis ceder a medalha e a disputa pelo bronze foi acirrada. VERMEER foi o primeiro em ação,


mantendo distância de QUADROS com um braço esquerdo forte e procurando a reação da ação. No entanto, a brasi­ leira foi a primeira a marcar com um sumi­gaeshi na entrada da área de competição. Não foi nada para pertur­ bar VERMEER, que imediatamente voltou com um waza­ari próprio. Esta partida fácil de assistir continuou com ataques de ambos os lados, Ketleyn Quadros reescreve sua his­ tória A medalha não veio por pouco. Ainda assim, Ketleyn Quadros (63kg) fez o que é até aqui a melhor participa­ ção de um judoca brasileiro no Mundial de Budapeste, que teve seu quarto dia de lutas concluído nesta quarta­feira. A judoca da Sogipa terminou sua partici­ pação na quinta colocação, garantindo 720 pontos no ranking mundial, o que deverá ser suficiente para que ela seja uma das cabeças de chave nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que iniciam no 44

mês que vem. Ketleyn foi para o tatame em cinco oportunidades. Avançou até as quartas de final, onde foi derrotada por Andreja Leski, que em seguida foi vice­campeã da competição. Na repescagem, pas­ sou pela atleta da casa Szofi Ozbas, mas acabou superada por Sanne Ver­ meer, da Holanda. “Realmente saí muito feliz na parti­ cipação neste Campeonato Mundial, apesar da medalha não vir”, comentou Ketleyn, emocionada. Primeira judoca brasileira a conquistar ume medalha olímpica, ela voltará a disputar uma edição dos Jogos 13 anos após o bron­ ze em Pequim. “Como atleta veterana, me senti evoluindo e crescendo.” Pela mesma categoria, a gaúcha Aléxia Castilhos venceu dois comba­ tes, mas foi superada nas oitavas de fi­ nal, ficando de fora da disputa de medalhas. Pela participação, Aléxia so­ mou 320 pontos.


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Por: Nicolas Messner, Jo Crowley e Pedro Lasuen ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova, Emanuele Di Feliciantonio e Jensen Lars Moeller

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Resultados finais: 1. CASSE, Matthias (BEL) 2. GRIGALASHVILI, Tato (GEO) 3. DE WIT, Frank (NED) 3. EGUTIDZE, Anri (POR) 5. BOLTABOEV, Sharofiddin (UZB) 5. FUJIWARA, Sotaro (JPN ) 7. CHOUCHI, Sami (BEL) 7. MOLLAEI, Saeid (MGL)

­81kg: Golden Come Back do CAS­ SE Existem categorias como esta, on­ de nada é previsível. Mesmo que todos os atletas presentes no bloco final se­ jam judocas de ponta, ainda existe um grande nível de incerteza que impede qualquer pessoa de fazer previsões claras. No World Judo Tour, ­81kg é um exemplo perfeito disso. Quanto mais a competição se desenrolava, mais os grandes nomes da categoria permaneciam, mas ninguém sabia em que ordem eles se acomodariam. A fi­ nal do dia acabou reunindo Matthias CASSE (BEL), já finalista há dois anos em Tóquio, e Tato GRIGALASHVILI (GEO), vencedor do último Mundial de Judô Masters em Doha, em janeiro. Durante a primeira metade da final GRIGALASHVILI parecia estar um pouco à frente, procurando o momento instantâneo em que poderia matar a partida com um movimento mágico, 48

mas CASSE resistiu e passo a passo também impôs seu poder, então os dois homens chegaram ao final do tempo normal com apenas um shido para GRIGALASHVILI. Durante o pe­ ríodo de pontuação dourada, tudo pode acontecer. GRIGALASHVILI procurava o momento perfeito, CASSE também, mas talvez com um pouco mais de cla­ reza em sua mente, quando o georgia­ no começou a lançar um ataque inacabado. De repente, com um enor­ me utsuri­goshi, CASSE, que há dois anos não conseguia ganhar o ouro, desta vez jogou seu oponente para o ippon. Depois de uma medalha de pra­ ta mundial, poder voltar e vencer é im­ pressionante. CASSE fez e fez com estilo. Matthias CASSE disse: "Como dis­ se alguns dias antes, tinha um plano para cada adversário. Hoje cumpri o plano em todas as competições. Agora preciso manter a calma por mais um


mês." No primeiro concurso de medalha de bronze encontramos FUJIWARA Sotaro (JPN), medalhista de bronze no Grand Slam de Paris no início do ano passado e Frank DE WIT (NED), finalista da última edição do World Ju­ do Masters em Doha, onde ele perdeu para GRIGALASHVILI. Após dois mi­ nutos, Frank DE WIT parecia mais di­ nâmico que o adversário, trazendo mais ritmo e criando oportunidades. FUJIWARA foi penalizado com um pri­ meiro shido por um ataque falso. Fal­ tando um minuto, ele foi novamente penalizado, por passividade. Eles entraram no período de pon­ tuação de ouro, que começou com um forte ataque de FUJIWARA, mas DE WIT girou na hora de cair de estôma­ go. Outra combinação de ataque­con­ tra­ataque estava perto de marcar. Um último ataque falso de FUJIWARA pri­ vou­o da medalha de bronze, que foi para a Holanda e para Franck DE 49

WIT. Ele é um regular no nível superior; este resultado é totalmente merecido. Bastante discreto no primeiro turno, se comparado aos grandes nomes da categoria, Anri EGUTIDZE (POR) che­ gou à disputa pela medalha de bronze, contra o protegido de Ilias Iliadis, Sha­ rofiddin BOLTABOEV (UZB). Um pri­ meiro shido foi concedido rapidamente a cada competidor por evitar o contato. Um segundo shido foi então dado aos dois por passividade, obrigando­os a correr mais riscos para marcar. Na ver­ dade, não é que eles estivessem inati­ vos, mas eles se neutralizaram até que BOLTABOEV pontuou o que ele acredi­ tava ser um waza­ari com um ura­nage aéreo, mas a pontuação foi cancelada. É hora do placar de ouro! Foi então que Anri EGUTIDZE decidiu lançar um últi­ mo ataque com um maki­komi canhoto que marcou ippon. Medalha de bronze pela primeira vez a nível mundial, o português deixou explodir a alegria. No início do dia, para chegar à final,


Matthias CASSE teve vitórias sucessi­ vas contra Hievorh MANUKIAN (UKR), Benedek TOTH (HUN) e Eduardo Yudy SANTOS (BRA), sem grandes dificuldades, enquanto nas quartas­ de­final teve que produzir um esforço real para superar um obstáculo japo­ nês em nome de Sotaro FUJIWARA. Na semifinal ele enfrentou Sharofiddin BOLTABOEV (UZB), vencedor em Tel Aviv e segundo em Tashkent, que acabava de arruinar o sonho de Saeid Mollaei de se tornar campeão mundial novamente, mas isso não atrapalhou CASSE em nada e ele não deu chan­ ce ao Uzbeque vai entrar em sua se­ gunda final de campeonato mundial consecutiva. Como o belga disse há alguns dias, ele tem um plano para to­ dos e tem funcionado muito bem, mas a questão é: funcionaria também con­ tra Tato GRIGALASHVILI (GEO)? O georgiano pode definitivamente ser chamado de artista da maneira co­ 50

mo produz um judô aéreo espetacular. Na semifinal, Frank DE WIT (NED), particularmente conhecido por sua re­ sistência, nada pôde fazer, quando GRIGALASHVILI, talvez um dos mais imprevisíveis judocas de sua geração, produziu um tai­otoshi destro, que ele nunca antes, para marcar um ippon in­ crível. Antes disso, GRIGALASHVILI mandou LEE Moon Jin (KOR), Robin PACEK (SWE), Alexios NTANATSIDIS (GRE) e o belga Sami CHOUCHI de volta para casa. Infelizmente Chouchi se machucou e não pôde competir na repescagem. Eduardo Yudi parou no Campeão do Mundo O representante do Brasil no dia foi Eduardo Yudy, que parou nas oitavas de final, quando foi superado por Matthias Casse, que foi o campeão mundial na sequência.


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Resultados finais: 1. MATIC, Barbara (CRO) 2. ONO, Yoko (JPN) 3. POLLERES, Michaela (AUT) 3. VAN DIJKE, Sanne (NED) 5. BUTKEREIT, Miriam (GER) 5. FLETCHER, Megan (IRL ) 7. COUGHLAN, Aoife (AUS) 7. PORTELA, Maria (BRA)

­70kg: MATIC, Primeira Campeã Mundial Croata A primeira final do dia viu Barbara MATIC (CRO) enfrentando Yoko ONO (JPN). Como esta última foi a terceira melhor cabeça­de­chave da competi­ ção, não foi surpresa vê­la na final. A história foi um pouco diferente com Barbara MATIC. 15º no ranking mundial, já vence­ dora do Grand Slam da Hungria no ano passado e duas vezes medalhista de prata neste ano, em Antalya e Tash­ kent, a jovem lutadora não é desco­ nhecida no circuito. Aqui em Budapeste ela não foi semeada porque havia pelo menos 8 atletas à sua fren­ te, mais notavelmente a número um do mundo e atual campeã mundial, Marie­ Eve GAHIE (FRA). Quando a campeã francesa perdeu no primeiro turno para a holandesa nú­ mero três, Hilde JAGER (NED), de re­ pente abriu­se a primeira metade do sorteio. Essa foi a chance do MATIC, 54

que não largou e na rodada seguinte derrotou a holandesa. Depois de parar Miriam BUTKEREIT (GER), MATIC te­ ve que passar Michaela POLLERES (AUT) na semifinal, o que ela fez, após um longo período de ouro. Quando a final começou, MATIC partiu imediatamente para o ataque e parecia mais perigosa do que sua opo­ nente japonesa. Esta estava claramen­ te procurando o ne­waza, onde a equipe japonesa é bem conhecida por suas habilidades. MATIC permaneceu focada e cuidadosa. Como o final da partida se aproximava com apenas al­ guns shido para ver, a competidora croata marcou um waza­ari de boas­ vindas, mas não acabou. Até o último segundo, ONO tentou desesperada­ mente estrangular sua oponente, mas MATIC resistiu e quando o gongo final ecoou na arena, ela pôde se ajoelhar com os braços abertos em sinal de vi­ tória. Ela foi a campeã mundial, a pri­ meira campeã mundial da Croácia.


Barbara MATIC disse: "Fiquei cal­ ma durante a final até os últimos 40 se­ gundos no chão. Foram os 40 segundos mais longos da minha vida. Meu treinador estava gritando" não ba­ ta, não bata! Quando o árbitro disse 'mate', soou como ouro." Para a delegação francesa foi um dia de banho frio. Sendo a número um do mundo e atual campeã mundial, es­ pecialmente após sua demonstração em Tóquio há dois anos, GAHIE acre­ ditava que seria o seu dia novamente, mas as coisas não têm corrido como deveriam nos últimos meses. É a pres­ são do backnumber vermelho, o es­ tresse de estar por cima, a tensão da qualificação olímpica, que ela não con­ seguiu, depois que a Federação Fran­ cesa de Judô preferiu mandar Margaux PINOT, que tem tido melhores resulta­ dos nos últimos tempos? O fato é que GAHIE tem estado longe de seu me­ lhor e isso foi confirmado hoje. O primeiro concurso de medalha de bronze opôs a finalista do último Grand Slam de Tel Aviv, Miriam BUTKEREIT (GER) e o atual campeã européia, Sanne VAN DIJKE (NED). Em menos de trinta segundos, VAN DIJKE assu­ miu uma clara vantagem de waza­ari com uma técnica de maki­komi. Ela imediatamente a seguiu no chão, mas BUTKEREIT parecia estar em posição de imobilizá­la. Ela ainda precisava de uma perna livre para pegar o osai­ko­ mi. É aí que as coisas podem dar erra­ do, especialmente se você perder uma pequena parte do controle necessário e VAN DIJKE virar a alemã para pegá­ la por mais alguns segundos para um segundo waza­ari. Com várias participações em cam­ peonatos mundiais, mas nenhum resul­ tado, foi um dia muito bom no escritório para Megan FLETCHER (IRL), que se classificou para a disputa de medalha de bronze contra Michaela POLLERES (AUT), medalha de bronze no Grand Slam 2020 da Hungria. Os dois candi­ 55

datos à medalha de bronze se neutrali­ zaram durante grande parte da partida, com apenas um shido dado a FLET­ CHER, mas quando entraram no último minuto, POLLERES rebateu FLET­ CHER por um waza­ari e concluiu no chão com uma imobilização para ip­ pon. Com essa primeira medalha de bronze, a Áustria entra no quadro de medalhas. Um belo presente de boas­ vindas para a ex­campeã olímpica e nova treinadora­chefe da equipe aus­ tríaca, Yvonne BÖNISCH. Maria Portela fica em sétimo e vê evolução emocional para Jogos Olímpicos Um Campeonato Mundial a apenas um mês dos Jogos Olímpicos é um fato inédito na vida dos atletas, até mesmo daqueles mais experientes, como a pe­ so médio Maria Portela, que lutou nes­ ta quinta­feira, 10, em Budapeste, e terminou a disputa em 7º lugar. Além da proximidade com o evento mais im­ portante do ciclo, a competição define também a classificação olímpica ou não de muitos judocas, o que traz uma carga emocional gigantesca para os combates na Laszlo Papp Arena. Em sua primeira luta na competi­ ção, Portela sentiu com uma espécie de termômetro, o que está por vir em Tóquio. Atual número 9 do mundo no peso médio feminino, a brasileira che­ gou como cabeça de chave e estreou na segunda rodada, contra a italiana Alice Bellandi, que ainda precisava de pontos para se garantir nos Jogos. E Portela buscando sua primeira meda­ lha em Mundial. Resultado: quatro mi­ nutos de tensão a cada hajime. Uma derrota nesta fase poderia significar o fim do sonho olímpico de um lado, e de um sonho mundial do outro. Neste caso, os quase dez anos a mais de experiência pesaram a favor de Portela, que conseguiu controlar os nervos e projetou a italiana por waza­ ari nos primeiros segundos do Golden


score. Agora, sim, o Mundial começava para ela. “A competição toda me traz muitos aprendizados. Mas, com certeza, essa primeira luta muito mais. Porque a gen­ te sabe que nos Jogos Olímpicos vai um grupo pequeno e que todo mundo ali é capaz de te vencer. É uma com­ petição muito emocional. Eu aprendi muito hoje nessa luta com a italiana, porque eu respeito muito ela como ad­ versária, ela é uma atleta bem forte, a gente já fez lutas bem disputadas e chegou um determinado ponto da luta que eu pensei `sou eu, eu que vou te vencer, eu vou te jogar`, ficava repetin­ do isso o tempo e, consegui. Tinha dois movimentos para surpreende­la e foi num desses que consegui, venci a luta e depois ficou mais leve”, descre­ veu ao final dos combates. “A primeira luta é bem emocional, tu tens que re­ solver todo o nervosismo de ser uma primeira luta, com uma adversária su­ per forte e colocar para fora o teu me­ lhor ali. Espero que nos Jogos Olímpicos a minha primeira luta não seja tão tensa, que eu consiga entrar realmente na competição e que saia 56

um pouco mais feliz do que eu saio da­ qui hoje.” A felicidade não foi completa por­ que o tão esperado pódio não veio. Depois de vencer Bellandi, Portela su­ perou Nihel Lindolsi, da Tunísia, por ip­ pon, mas parou em Yoko Ono, do Japão, nas quartas, e não conseguiu se recuperar na repescagem pelo bronze diante da irlandesa Megan Flet­ cher. Com o sétimo lugar, ela repete seu melhor desempenho em Mundiais, o segundo melhor do Brasil nesta edição, e deve garantir­se como um das cabe­ ças­de­chave para Tóquio. “Jogos Olímpicos é totalmente dife­ rente de todas as outras. Tenho que lu­ tar com todo meu coração, toda minha entrega. E eu acredito muito na vitória. Muito mesmo, de verdade. Hoje, tive a certeza que eu sou capaz de chegar, de estar naquele pódio. Foram peque­ nos detalhes que me tiraram desse pó­ dio do Mundial, mas não vou deixar de jeito nenhum, a minha medalha olímpi­ ca, nesses Jogos, ninguém vai me ti­ rar”, projetou.


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Resultados finais: 1. SHERAZADISHVILI, Nikoloz (ESP) 2. BOBONOV, Davlat (UZB) 3. NYMAN, Marcus (SWE) 3. TOTH, Krisztian (HUN) 5. GANTULGA, Altanbagana (MGL) 5. NAGASAWA, Kenta (JPN) 7. BOZBAYEV, Islam (KAZ) 7. FEUILLET, Remi (MRI)

­90kg: SHERAZADISHVILI Duplas em Budapeste Quando Nikoloz SHERAZADISHVI­ LI (ESP) chegou a Budapeste, anunci­ ou que estava pronto e a sentir­se bem e hoje provou isso ao chegar à segun­ da final do campeonato mundial sénior da sua carreira, sabendo que venceu o último. Sede da categoria, o campeão mundial de 2018 de 25 anos teve uma largada perfeita, com vitórias sobre Fa­ ruch BULEKULOV (KAZ), Piotr KUC­ ZERA (POL), Altanbagana GANTULGA (MGL) e Kenta NAGASAWA (JPN) na semifinal. Mas não é só que ele venceu todas as suas eliminatórias, ele venceu todas por ippon sem ter que ir usar um período de ouro. O tusri­goshi que ele aplicou a NAGASAWA era uma obra de arte. É sempre impressionante quando um atleta sabe exatamente do que é capaz e o faz com estilo e preci­ são. Esta é a marca dos grandes cam­ peões, dos quais SHERAZADISHVILI é 60

definitivamente um. Para enfrentá­lo na final estava Da­ vlat BOBONOV (UZB), segundo em Tashkent e terceiro em Tbilisi este ano. O protegido uzbeque de Ilias Iliadis te­ ve uma primeira rodada preliminar difí­ cil contra MURANO Sanshiro e teve sorte, após ter sido derrubado, ao ver seu oponente desclassificado por uma técnica perigosa. Ele então teve duas rodadas 'mais fáceis' contra Li KOCH­ MAN (ISR) e Islam BOZBAYEV, ambas as partidas vencidas por ippon, antes de enfrentar o herói local, Krisztian TOTH, na semifinal. Os dois homens foram separados por um único waza­ ari após quatro intensos minutos de judô, mas isso foi o suficiente para BOZBAYEV se juntar a SHERAZA­ DISHVILI naquela que foi sua primeira final de campeonato mundial. Um primeiro shido foi dado a BO­ BONOV por uma pegada errada, en­ quanto SHERAZADISHVILI recebeu o próximo por passividade. Após uma


ação confusa, ambos caíram no chão e SHERAZADISHVILI imediatamente imobilizou BOBONOV, mas o atleta uz­ beque escapou após 8 segundos. Após a próxima sequência, SHERAZADISH­ VILI foi penalizado pela segunda vez. Pontuação de ouro! A tensão aumen­ tou já que BOBONOV estava sempre atacando antes de SHERAZADISHVILI para impedir o espanhol de lançar seus movimentos espetaculares. Eventual­ mente, SHERAZADISHVILI enfrentou um o­uchi­gari que ficou suspenso no ar por um segundo, antes que ele pu­ desse finalmente colocar toda a sua força para lançar BOBONOV. Limpe o ippon para um segundo título mundial brilhante. Nikoloz SHERAZADISHVILI decla­ rou: " Bobonov tem um dos ataques de seoi­nage mais rápidos com ­90 kg. O plano era usar minha força para detê­lo nos primeiros 2 minutos e depois ir pa­ ra ele e terminar o trabalho. Estes são os melhores do mundo campeonatos da história para a Espanha. " 61

Sétimo no Mundial de Judô em ja­ neiro passado e terceiro em Tbilisi em 26 de março de 2021, Altanbagana GANTULGA (MGL), qualificou­se para a primeira disputa de medalha de bron­ ze contra Krisztian TOTH (HUN), que estava em posição de ganhar a primei­ ra medalha para o país anfitrião e que foi maciçamente apoiado por um públi­ co alegre. Após um minuto, os dois atletas foram penalizados com um pri­ meiro shido. Por ser uma cabeça mais curto que seu oponente, TOTH tentava passar por baixo do centro de gravida­ de de GANTULGA enquanto o Mongol esperava pelo ataque, que na verdade não veio. Ele foi penalizado duas vezes por passividade, enquanto TOTH rece­ beu apenas um shido. Quando a parti­ tura de ouro começou, o nível de som na arena aumentou dramaticamente. TOTH empurrava e atacava para dar um terceiro shido a GANTULGA, que continuava procurando o arremesso de quadril. Cada ação parecia estar no li­ mite de marcar, mas os dois atletas es­


tavam fugindo como gatos até a última sequência que pôs fim a esta batalha de gladiadores. GANTULGA recebeu um terceiro shido, TOTH conquistou a primeira medalha para a Hungria. O campeão saiu do tatame em câmera lenta. Ele tinha dado tudo e estava feliz e exausto. Esta é a medalha número dois para TOTH Krisztian em um cam­ peonato mundial. Após sua expressiva atuação nos Grand Slams de Antalya e Tbilisi, que venceu um após o outro, Marcus NY­ MAN (SWE), quinto nos Jogos Olímpi­ cos e no Campeonato Mundial no início de sua carreira, conheceu o segundo competidor japonês da categoria, NA­ GASAWA Kenta (JPN), vencedor do Grand Slam de Tashkent em março. A partida foi encerrada com um excelente sumi­gaeshi realizado por Marcus NY­ MAN, após vinte segundos no período de pontuação de ouro, enquanto ape­ nas shido havia sido distribuído no tempo regulamentar. Esta é a primeira medalha do campeonato mundial para 62

o atleta sueco. Rafael Macedo faz boa competição mas fica nas oitavas Nas chaves masculinas, Rafael Macedo também venceu duas lutas du­ ras nas preliminares, mas não conse­ guiu ir além das oitavas­de­final. Na estreia, ele superou o sul­coreano Kyu­ joon Mun por waza­ari. Em seguida, pegou o alemão Eduard Trippel, abriu um waza­ari de vantagem e viu o ad­ versário ser desclassificado da luta por executar uma técnica irregular que co­ locou em riso a integridade física de Macedo, forçando seu cotovelo. Para chegar às quartas, ele teria que passar pelo mongol Altanbagana Gantulga, que venceu na estratégia forçando três punições ao brasileiro. Número 18 do mundo, Macedo ga­ nha alguns pontos com as duas vitórias no Mundial e deve confirmar sua clas­ sificação para sua primeira participa­ ção olímpica.


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Resultados finais:1. WAGNER, Anna Maria (GER) 2. MALONGA, Madeleine (FRA) 3. STEENHUIS, Guusje (NED) 3. UMEKI, Mami (JPN) 5. TURCHYN, Anastasiya (UKR) 5. VERKERK, Marhinde (NED) ) 7. LANIR, Inbar (ISR) 7. MALZAHN, Luise (GER)

­78kg: Back Number Vermelho vai para Anna Maria WAGNER para a Alemanha Sua lista de prêmios fala por si; Madeleine MALONGA faz parte desse grupo de atletas que conquistam mui­ tas medalhas no Circuito Mundial de Judô. Já campeã mundial há dois anos em Tóquio, medalhista de ouro do World Judo Masters, detentora de duas coroas continentais e 6 vitórias em Grand Prix e Grand Slam, não é segre­ do que a francesa é a número um do mundo em sua categoria. Por ser tão forte, ela também é observada e estu­ dada por todos os seus adversários, que tentam encontrar a solução para derrotá­la. Digamos que hoje, até a final, ape­ nas uma atleta, Karla PRODAN (CRO), causou alguns problemas para o MA­ LONGA, no primeiro round, mas os rounds seguintes foram bem mais fá­ ceis. Isso também se deve ao fato de que ser favorita coloca um pouco mais 66

de pressão sobre seus ombros e levou uma partida para que Malonga real­ mente ligasse o motor. Nas quartas­de­ final impôs seu estilo a Anastasiya TURCHYN (UKR) e na semifinal o mesmo a Guusje STEENHUIS (NED); dois lançamentos maciços de ippon. Na outra metade do sorteio, Anna Maria WAGNER fez o trabalho e fez bem, principalmente na semifinal con­ tra a campeã mundial de 2015, Mami UMEKI do Japão, que parecia um pou­ co machucada. Nesse nível, quando você não está no seu melhor, é difícil, senão impossível, ter sucesso. Todas as estrelas têm que estar alinhadas pa­ ra ganhar o título mundial. Estar perto do evento principal da temporada não é exceção. Conquistar o título mundial é algo que todos os atletas presentes em Budapeste desejam. Nem um pouco impressionada com o pedigree de seu prestigioso oponen­ te, WAGNER foi a primeira a agir com amplos ataques o­uchi­gari, que sem­


pre vinham antes que MALONGA pu­ desse fazer qualquer coisa. O judoca francês foi penalizado pela primeira vez por passividade. Na sequência se­ guinte, ela impôs seu kumi­kata e foi a vez de WAGNER ser penalizada. A tá­ tica do atleta alemão começou a ficar bem clara: um braço direito forte na ca­ beça para bloquear os ataques e em­ purrar para o­uchi­gari. MALONGA foi penalizado pela segunda vez. Nos últi­ mos segundos do tempo normal, o campeão mundial parecia recuperar al­ gum controle, mas não o suficiente pa­ ra marcar. Pontuação de ouro! Depois de alguns ataques malsucedidos, foi eventualmente WAGNER quem mar­ cou com um uchi­mata aéreo. O pri­ meiro jogo de MALONGA foi um sinal. Ela não estava exatamente no topo de sua forma. Nesse frescor final, preci­ são e determinação estavam do lado alemão. Esta é a primeira medalha de ouro do campeonato mundial para An­ na Maria WAGNER, que a partir de agora usará o número vermelho nas costas. Este não é o resultado que se esperava de manhã, mas sim um belo resultado. Em lágrimas, Anna Maria WAG­ NER disse: "Para mim foi apenas um torneio de preparação para os Jogos, mas agora percebi que sou campeã mundial, por isso não é qualquer even­ to. E ganhei mostrando o meu melhor judô." Anastasiya TURCHYN (UKR), que teve uma derrota severa contra o MA­ LONGA no início do dia, manteve o fo­ co e se classificou para a disputa pela medalha de bronze contra o UMEKI Mami (JPN). Impondo seu forte contro­ le sobre a cabeça de UMEKI, TUR­ CHYN rapidamente forçou sua oponente a ser penalizada. Totalmente dominada, a atleta japonesa parecia um pouco perdida, incapaz de assumir o controle. Talvez TURCHYN estivesse muito confiante e, além disso, a UMEKI encontrou apenas uma oportunidade, 67

uma única, mas foi o suficiente para lançar a sua adversária para waza­ari com soto­maki­komi e concluiu com uma imobilização para ippon. Esta é a terceira medalha mundial da ex­cam­ peã mundial japonesa. A segunda disputa pela medalha de bronze viu Marhinde VERKERK (NED) competir no Mundial pela última vez de sua carreira e seu companheiro de equipe Guusje STEENHUIS (NED), medalhista de prata no último Campeo­ nato Europeu. Mostrando oportunismo, STEENHUIS conseguiu um primeiro waza­ari com um pequeno, mas tão eficaz, o­uchi­gari. Ela poderia então controlar a pontuação até o gongo fi­ nal. Além do resultado e da merecida medalha de bronze para Guusje STEE­ NHUIS, a emoção foi imensa quando Marhinde VERKERK, campeã mundial em 2009, em Rotterdam, deixou a área de competição pela última vez na car­ reira. Ela teria adorado fazer isso com a medalha, mas foi sua amiga e com­ panheira de equipe que a ganhou. Com certeza, no momento em que bei­ jou o tatame que tanto lhe oferecia, sua cabeça devia estar cheia de pensa­ mentos. Nós podíamos sentir, podería­ mos ver e só por isso. Mayra Aguiar para nas oitavas A Holanda foi a pedra no sapato do Brasil nesta sexta­feira, 11, sexto dia de disputas do Campeonato Mundial de Budapeste. Depois de estrear com vitória, Mayra Aguiar caiu nas oitavas­ de­final para Marhinde Verkerk, ficando sem representar o Brasil no bloco final da competição. A competição, última antes dos Jo­ gos Olímpicos, marcou o retorno de Mayra aos tatames após oito meses de cirurgia no joelho. Maior medalhista do Brasil na história dos Mundiais, com dois títulos no currículo, Mayra busca­ va, nesta edição, do ponto de vista téc­ nico, recuperar o ritmo de competição e ganhar confiança antes de entrar pa­


ra a disputa olímpica daqui a um mês. Além disso, experimentou pela primeira vez também os novos protocolos pré­ competitivos no contexto da pandemia, como a quarentena no quarto e os inú­ meros testes pré­luta. No tatame, ela demonstrou estar inteira fisicamente e com o joelho bem recuperado. Na primeira luta, entrou golpes de perna com segurança e con­ trolou o combate para vencer Sophie Berger, da Bélgica, com duas quedas (waza­ari­awazete­ippon). O desafio maior ficou para a se­ gunda luta, contra a experiente holan­ desa Marhinde Verkerk, dona de quatro medalhas mundiais e adversária de Mayra na disputa de bronze em Londres 2012. A luta começou com 68

muita disputa pela melhor pegada e sem muitos ataques de ambas atletas, o que resultou em punições às duas por falta de combatividade. Com mais uma punição para cada no placar o combate ficou aberto e a holandesa buscou maior movimentação, o que obrigou Mayra a se arriscar em ata­ ques para não levar o terceiro shido. Em uma tentativa falha de buscar o golpe, a brasileira acabou sendo puni­ da por falso ataque e se despediu do Mundial. Esse foi o décimo Mundial da car­ reira de Mayra Aguiar. Ao todo, ela tem dois ouros, uma prata e três bronzes. Ficou fora do pódio em apenas quatro edições (2009, 2015, 2018 e 2021).


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Por: Nicolas Messner, Jo Crowley e Pedro Lasuen ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova, Emanuele Di Feliciantonio e Jensen Lars Moeller

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Resultados finais: 1. FONSECA, Jorge (POR) 2. KUKOLJ, Aleksandar (SRB) 3. LIPARTELIANI, Varlam (GEO) 3. SULAMANIDZE, Ilia (GEO) 5. ELNAHAS, Shady (CAN) 5. KORREL, Michael (NED) 7. ADAMIAN, Arman (RJF) 7. IDDIR, Alexandre (FRA)

­100kg: FONSECA Dança pela Se­ gunda Vez A lista de largada da categoria foi bastante rica em judocas e medalhas a nível internacional, como em todas as outras categorias, mas no final só ha­ verá um campeão mundial. Muitas per­ guntas precisavam de respostas e não tivemos que esperar muito por elas. Varlam LIPARTELIANI (GEO) seria campeão mundial? Não, já que ele foi derrotado nas quartas de final pelo fu­ turo finalista Aleksandar KUKOLJ (SRB). O Japão entraria no bloco final e acrescentaria mais medalhas a seus nomes? Não, pois IIDA Kentaro (JPN) foi eliminado no início das primeiras ro­ dadas. Entre as primeiras saídas tam­ bém estiveram Toma NIKIFOROV (BEL), Cyrille MARET (FRA) em sua última competição de sua carreira nes­ ta categoria, Arman ADAMIAN (RJF) e Elmar GASIMOV (AZE), só para citar alguns. Uma das principais questões era: 72

Jorge FONSECA (POR) conseguiria repetir o feito japonês de dois anos atrás? Pouco antes da final, podería­ mos responder facilmente, sim. O atual campeão mundial português tem de­ monstrado o seu melhor judô. O ho­ mem que pode vencer pelo ippon a qualquer momento, mas que também pode perder repentinamente pelo ip­ pon, produziu alguns dos judô mais es­ petaculares da competição. É impressionante vê­lo, com sua estatura musculosa, movendo­se como se fosse 20kg mais leve, com cada um de seus ataques explodindo na cara do adver­ sário. Após 4 rodadas preliminares, o FONSECA passou pouco mais de 5 minutos no tatame e ofereceu uma masterclass em explosividade. Na final, o FONSECA, que estava em uma posição muito boa para adicio­ nar um segundo título mundial ao seu nome, enfrentou Aleksandar KUKOLJ da Sérvia, que se concentrou como nunca antes e eliminou Shady EL­


NAHAS (CAN) e o novo membro do comissão de atletas, Varlam LIPARTE­ LIANI, só para citar dois principais ad­ versários do dia. Um primeiro shido foi concedido a KUKOLJ por passividade, enquanto FONSECA recebeu sua penalidade por um ataque falso. O seguinte ataque não foi falso e marcou um excelente waza­ari com um sode­tsuri­komi­ goshi. Alguns segundos depois, pare­ cendo dominado pelo kumi­kata agudo de seu oponente, FONSECA executou o ko­uchi­gari perfeito de ação­reação que lançou KUKOLJ de costas. Com este segundo título mundial em bruto, FONSECA pode dançar e será um dos favoritos para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Se no Japão ele tiver a mesma capacidade de arremesso, será difícil derrotar. Sendo o número um do mundo, Varlam LIPARTELIANI (GEO) espera­ va que este campeonato mundial fosse 73

seu. Já tricampeão mundial de prata e medalhista olímpica de prata, esse ti­ nha que ser seu campeonato, mas der­ rotado nas quartas­de­final, o campeão teve que ir para a luta contra Michael KORREL (NED) pela medalha de bron­ ze. Após uma forte batalha de kumi­ka­ ta, mas sem ataque, os dois atletas foram penalizados. Após uma tentativa fracassada de seoi­nage de KORREL, que estava de joelhos, LIPARTELIANI o virou com um contra­ataque para marcar um primeiro waza­ari que foi imediatamente seguido por uma imobi­ lização para ippon. Esta é a sexta me­ dalha do campeonato mundial para o campeão georgiano, que reforçou sua imagem de modelo entre a comunida­ de do judô. A segunda disputa de medalha de bronze foi para Ilia SULAMANIDZE (GEO), que poderia se tornar o 'próxi­ mo Liparteliani' ou um dos competido­ res canadenses mais espetaculares,


Shady ELNAHAS (CAN). Os dois atle­ tas deram um show lindo, com muitos ataques dos dois lados. Com o apoio do vídeo, dois waza­ari foram cancela­ dos sucessivamente, um de cada lado. É raro sublinhar que o tempo normal acabou sem qualquer penalidade no placar. No período do placar de ouro, após um ataque confuso de ELNAHAS, SULAMANIDZE, perfeitamente em po­ sição, contra­atacou para marcar um ippon devastador e se juntar ao seu companheiro de equipe LIPARTELIANI no pódio. Buzacarini estreia bem, mas para em número 3 do mundo nas oitavas em Budapeste Depois de estrear com vitória Rafa­ el Buzacarini, caiu nas oitavas­de­final para Michael Korrel. Com isso, o Brasil ficou sem representantes nas disputas 74

do bloco final no penúltimo dia de com­ petição individual. Na chave masculina do meio­pesa­ do o melhor resultado foi de Rafael Bu­ zacarini. Ele estreou contra o judoca da Estônia, Grigori Minaskin, e anotou um dos ippon mais bonitos do dia na Lasz­ lo Papp Arena. O bom desempenho na primeira luta motivou o judoca brasilei­ ro e ele foi com bastante agressividade para cima do holandês Michael Korrel, bronze no último Mundial, em Tóquio 2019. No entanto, em um lance de muita agilidade, Korrel encaixou a téc­ nica perfeita e frustrou os planos do brasileiro de avançar às quartas­de­fi­ nal. No mesmo peso, Leonardo Gonçal­ ves estreou contra outro atleta da Estô­ nia, Otto Imala, e não conseguiu impor seu melhor judô, caindo de ippon para o adversário.


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Por: Nicolas Messner, Jo Crowley e Pedro Lasuen ­ FIJ / Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova, Emanuele Di Feliciantonio e Jensen Lars Moeller

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Resultados finais: 1. ASAHINA, Sarah (JPN) 2. TOMITA, Wakaba (JPN) 3. ALTHEMAN, Maria Suelen (BRA) 3. SOUZA, Beatriz (BRA) 5. ORTIZ, Idalys (CUB) 5. TOLOFUA, Julia (FRA ) 7. CHEIKH ROUHOU, Nihel (TUN) 7. MOJICA, Melissa (PUR)

78kg: Bondade de Ouro para ASAHI­ NA Aqueles que suspeitam dos pesos pesados ​têm a chance de mudar de ideia. As preliminares da categoria + 78kg foram um modelo de velocidade, eficiência e judô ofensivo. A competi­ ção estreou às 10h00. Uma hora e meia depois e já tínhamos os quatro semifinalistas. Quase todas as partidas termina­ ram com ippon ou, na pior das hipóte­ ses, waza­ari. A mensagem é muito simples: ninguém leva o campeonato mundial levianamente, pelo menos en­ tre as mulheres mais pesadas. Desde a primeira partida todos trabalharam com rigor, todos se empenharam para vencer com classe e estilo. A primeira final do dia foi cem por cento japonesa, com ­48kg. O Japão dominou o primeiro dia e queria fechar o campeonato mundial com seu selo de primeira potência mundial. As primeiras penalidades vieram 78

depois de 45 segundos para os dois atletas por passividade e a primeira ação realmente perigosa veio de ASAHINA com um forte sasae­tsuri­ko­ mi­ashi que estava realmente perto de marcar. Era hora do período de pontu­ ação de ouro. A 2:26 da prorrogação, ASAHINA recebeu seu segundo shido por passividade, uma recompensa lógi­ ca para TOMITA, que se mostrou mais ativa, mas após um último ataque fal­ so, TOMITA recebeu um terceiro pê­ nalti que deu a vitória a Sarah ASAHINA. Como TOMITA se machu­ cou levemente na última ação, vimos a nova campeã mundial se aproximando de sua adversária, também sua amiga, e a carregamos nas costas para sair do tatame. Somente o esporte e somente o judô podem oferecer tais imagens de fair play. É importante notar que Asahi­ na, mesmo com sua carga preciosa, voltou para o tapete para fazer uma re­ verência antes de sair. Sarah ASAHINA disse: " A disputa


mais difícil de hoje foi a final. Eu estava prestes a perder e ela se machucou. Estou muito triste por ela e é por isso que a ajudei a deixar o tatame o máxi­ mo que pude. " No início do dia, prestamos aten­ ção a muitas partidas enquanto o tor­ neio se desenrolava. Idalys Ortíz (CUB) é a judoca mais premiada da América Latina. Ela ganhou absoluta­ mente tudo, em alguns casos várias vezes, mas não teve um ano fácil devi­ do a Covid. O número um do mundo não reclama, porém, "Competidor uma vez, competidor sempre", disse ela, en­ tre as competições. Desde a primeira partida, Asahina mostrou grande parte de seu repertó­ rio, uma mistura de qualidade técnica e experiência. Foi uma pena para Velen­ sek (SLO), medalhista olímpica de bronze, ter que enfrentar Asahina (JPN) nas eliminatórias. Ambas são capazes de ganhar grandes medalhas, mas o judô é assim! Velensek foi elimi­ nada na 3ª rodada e a jovem estrela ja­ ponesa passou para as 8ª de finais. Ortiz chegou à semifinal contra uma velha conhecida, Asahina Sarah (JPN). Em nenhum momento do dia Ortiz ficou nervosa ou impaciente, sempre executando o movimento certo na hora certa. No entanto, contra Asahina ela teve que fazer outra coisa porque elas se conhecem de cor e a japonesa, que também viajou a Buda­ peste para conquistar seu terceiro título mundial, estava muito motivada e es­ pecialmente ofensiva em sua primeira luta. Elas alcançaram a pontuação de ouro, cada uma com o peso de dois shido. Um terceiro estava perto de ser chamado porque nenhum das duas atacou. Ortíz então tentou surpreender Asahina, que rebateu para waza­ari, com o sabor de uma grande final. A segunda semifinal enfrentou Be­ atriz Souza (BRA) e a segunda atleta japonesa da corrida, Tomita Wakaba. 79

Souza é uma jovem promissora de 23 anos e ocupa o terceiro lugar no ran­ king mundial. Está em constante pro­ gressão e já conquistou medalha em seis dos últimos sete torneios em que participou. Tomita é um ano mais velha e foi campeã mundial junior em 2015. Ela é menos alta, mas mais rápida e com uma técnica apurada, foi uma luta en­ tre estilos opostos. Ao longo da manhã, Tomita se dedicou a demolir todos os seus rivais; quatro lutas, quatro ippon. Souza teve o mérito de esticar a luta para o golden score, mas não escapou de um livro didático ippon executado por Tomita. Na primeira disputa pela medalha de bronze, Julia TOLOFUA (FRA) esta­ va pronta para conquistar sua primeira medalha neste nível, na ausência de quem começa a assustar todos os seus adversários: sua companheira de equipe Romane DICKO. TOLOFUA en­ frentou Beatriz SOUZA (BRA) por uma vaga no pódio. TOLOFUA parecia es­ tar no controle da partida. Isso não era óbvio, mas ainda visível. No entanto, como ela perdeu seu contra­ataque após uma tentativa de o­soto­gari de SOUZA, TOLOFUA foi arremessada para um waza­ari e presa por 10 se­ gundos para ippon. Esta é a primeira medalha mundial para Beatriz SOUZA neste nível. A segunda competidora brasileira Maria Suelen ALTHEMAN (BRA) se opôs à lenda do judô Idalys ORTIZ (CUB). Após 45 segundos, o primeiro shido foi distribuído para passividade as duas candidatas à medalha. A parti­ da passou a ser um pouco mais anima­ da, com grandes contra­ataques, como o ura­nage e o yoko­guruma, da OR­ TIZ, e combinações mais discretas da ALTHEMAN. Depois de uma tentativa fracassada da cubana, esta se viu sob sua oponente para uma imobilização, mas ALTHEMAN não conseguiu segu­ rar ORTIZ por mais de 10 segundos.


Golden score! ALTHEMAN foi rapida­ mente penalizada uma segunda vez por passividade, mas durante a sequência seguinte, ela controlou sua oponente perfeitamente para contra­ atacar e com apenas um pequeno mo­ vimento do pé que estava no lugar cer­ to no momento certo, IPPON! Beatriz Souza e Maria Suelen Althe­ man faturam bronze para o Brasil O Brasil conquistou duas medalhas de bronze neste sábado, 12, último dia de competição individual do Mundial que acontece em Budapeste e fecha o ranqueamento olímpico para Tóquio. A dobradinha veio com as pesos pesa­ dos Maria Suelen Altheman e Beatriz Souza, que perderam apenas uma luta e garantiram as medalhas brasileiras no evento. Rafael Silva "Baby" também lutou pelo bronze, mas terminou em quinto lugar. Eles e o restante da equi­ pe retorna ao tatame neste domingo para a competição por equipes mistas. A conquista de Maria Suelen foi um dos momentos de grande emoção nes­ te Mundial. Pela primeira vez na carrei­ 80

ra, ela conseguiu desbancar sua gran­ de rival, Idalys Ortiz, de Cuba, e que­ brou um tabu histórico no judô. Antes disso, Sussu bateu Yelizaveta Kalanina (Ucrânia), Mercedes Szigetvari (Hun­ gria) e caiu para Wakaba Tomita (Ja­ pão), nas quartas. Em seguida, a brasileira se recuperou na repesca­ gem, vencendo Nihel Cheikh Rouhou (Tunísia), que se lesionou durante o combate, e foi para o bronze com Ortiz. Mais agressiva, Suelen chegou a projetar a cubana duas vezes e só no golden score conseguiu a pontuação decisiva. Já Beatriz, caminhou até a semifi­ nal, batendo Lea Fontaine (França), Ivana Maranic (Croácia) e Nihel Cheikh Rouhou (Tunísia). O único revés foi contra a mesma japonesa que derrotou Suelen, Tomita, em combate apertado vencido pela japonesa por ippon nos últimos segundos. Na luta pelo bronze, Bia imobilizou Jula Tolofua (França) e conquistou sua primeira medalha em Campeonatos Mundiais Sênior. Essa foi sua segunda participação em Mun­ diais.


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Resultados finais: 1. KAGEURA, Kokoro (JPN) 2. BASHAEV, Tamerlan (RJF) 3. KHAMMO, Yakiv (UKR) 3. MEYER, Roy (NED) 5. SILVA, Rafael (BRA) 5. ZAALISHVILI, Gela (GEO) 7. PUUMALAINEN, Martti (FIN 7. RAKHIMOV, Temur (TJK)

+100: KAGEURA Concluiu um Dia Japonês A última final da competição indivi­ dual contra Tamerlan BASHAEV (RJF) e Kokoro KAGEURA (JPN). A final co­ meçou bem devagar, os dois atletas demoraram a analisar a situação para tentar encontrar uma solução. O pri­ meiro em ação foi BASHAEV, mas o primeiro a marcar com menos de um minuto restante foi KAGEURA, com um seoi­nage reverso para um waza­ari. Com apenas alguns segundos restan­ tes, BASHAEV deu tudo e pegou KA­ GEURA para osae­komi, mas ele colocou todo o seu poder para não fi­ car preso e finalmente ganhou seu pri­ meiro título mundial sênior. Kokoro KAGEURA declarou: " As pessoas estão apenas me perguntando sobre minha vitória contra Riner, mas agora tenho títulos importantes: sou campeão asiático e agora campeão mundial. O próximo passo deve ser as Olimpíadas e também espero que as 84

pessoas comecem a falar sobre meus títulos mais do que minha competição contra Riner. " Na primeira disputa pela medalha de bronze, um velho conhecido do Cir­ cuito Mundial de Judô, Roy MEYER (NED), medalhista de bronze em Tó­ quio há dois anos, enfrentou a verda­ deira lenda do judô que é Rafael SILVA (BRA), multi­olímpico e medalhista mundial. Antes mesmo dos dois atletas entrarem na arena, o plano tático de cada um deles estava claro. Roy MEYER tentaria impor um ritmo rápido e forte à partida com seus ataques in­ cessantes, enquanto SILVA tentaria desacelerar MEYER para lançar de vez em quando um grande movimento de quadril. Isso é exatamente o que acon­ teceu. Somente na entrada do último minuto, é que o primeiro shido de pas­ sividade foi dado aos dois competido­ res. Após 1 minuto e 13 segundos do placar de ouro, a estratégia de MEYER começou a dar frutos, quando SILVA


foi penalizada pela segunda vez e defi­ nitivamente compensou quando o cam­ peão brasileiro recebeu sua terceira penalidade, A segunda e última medalha de bronze foi disputada entre Yakiv KHAMMO (UKR) e Gela ZAALISHVILI (GEO). Ter esses dois atletas no tata­ me é quase garantia de um judô espe­ tacular, como provaram nas rodadas preliminares. Se um primeiro par de shido foi distribuído após um minuto, o primeiro ataque maciço e acrobático foi de KHAMMO, acertando um waza­ari com um lançamento de ombro. Penali­ zado pela segunda vez, KHAMMO es­ tava em perigo. Sob uma pressão incrível, o atleta ucraniano aplicou uma técnica que parecia vir do nada, mas ZAALISHVILI foi impulsionado pelo ar para encerrar uma luta intensa e a me­ dalha de bronze foi para Yakiv KHAM­ MO. Durante as rodadas preliminares, havia muitos jogos a seguir. No primei­ ro round, o primeiro colocado mostrou seu calibre e sua intenção, praticando casualmente uma série de suas técni­ cas favoritas, sem nunca ter se coloca­ do em risco. Bashaev (RJF), campeão europeu de 2020, gosta de judô e essa não é uma afirmação boba. Ele está aqui para vencer e para provar coisas, mas também adora competir e está claramente confortável no tatame, não importa quem esteja enfrentando. Ele permitiu que a primeira partida entras­ se no placar de ouro e quase sem res­ pirar tirou seu oponente alemão de uma tentativa de uchi­mata com o que parecia ser um contra­ataque fácil. Enquanto isso, Sipocz, do país na­ tal, começou bem e parecia animado com o barulho da multidão. O dia co­ meçou com grandes lançamentos, exa­ tamente o que todos nós queremos ver no final da competição individual esta noite, em preparação para o confronto de times mistos de amanhã. Quando Sipocz e Bashaev se encontraram na terceira rodada, veio com algum drama 85

e muitos quase­acidentes, mas o con­ trole da manga de Bashaev provou ser demais para o judoca húngaro maior e ele evitou cada ataque, eventualmente se transferindo para um forte shime­ waza para chegar às quartas de final e um encontro com Rakhimov (TJK). Rakhimov parecia forte desde o iní­ cio, com um uchi­mata decisivo e um judô geral ereto. Seu encontro com Bashaev nas quartas de final definitiva­ mente não foi unilateral, com Rakhimov chegando com perigosos ataques de uchi­mata e ashi­guruma do lado es­ querdo, mas o ura­nage de seu opo­ nente foi muito forte. O veterano membro da equipe aus­ tríaca, Allerstorfer, também ofereceu um começo muito forte, com um koshi­ guruma e um sorriso de sua treinadora Yvonne Boenisch, antes de deixar o ta­ tame para dar lugar a um dos verda­ deiros personagens do circuito, Roy Meyer (NED) . Ele parecia determinado e trouxe um saco cheio de técnicas de alta qualidade e habilidades de preen­ são e claramente não veio para brin­ car. Ele foi estrangulado nas quartas­de­final pelo grande homem da Geórgia, Zaalishvili, mas ambos fize­ ram aparições no bloco final. Kageura (JPN) começou na sessão da manhã com uma boa mistura de ta­ chi­waza e fases de transição, mas olhando para o risco o tempo todo. Um bloqueio final sem Kageura sempre foi improvável, mas ele trabalhou duro pa­ ra isso! Spijkers (NED) deu­lhe uma boa corrida para o seu dinheiro, mas não foi o suficiente. O ne­waza de Ka­ geura veio à tona e ele foi para o bloco final depois de aplicar um juji­gatame reverso no placar de ouro. Ele então só conseguiu uma vitória nos pênaltis na semifinal contra o experiente gigante brasileiro, Rafael Silva e deu a si mes­ mo a chance de um ouro, apesar de não ser tão afiado como vimos no pas­ sado. Khammo (UKR) trouxe todos os seus grandes lances hoje também e foi


para o bloco final após um massivo se­ oi­nage no terceiro round. Ele não che­ gou a ir até o fim, mas na final de repescagem ele lançou com uma das vitórias mais rápidas do torneio para garantir sua vaga na disputa pela me­ dalha de bronze. Rafael Silva fica em quinto Na chave masculina, Rafael Silva também teve um bom desempenho, vencendo todas as suas lutas prelimi­ nares até as quartas de final. Ele bateu Andy Granda (Cuba), Sungmin Kim (Coreia do Sul) e Yakiv Kammo (Ucrâ­ nia) até parar no japonês Kokoro Ka­ geura, na semifinal. Na luta pelo bronze, Baby recebeu três punições e a medalha foi para Roy Meyer (Holan­ da). O Brasil ainda teve David Moura em ação no sábado, na chave masculi­ na. Ele estreou com boa vitória por wa­ za­ari, dominando a luta contra Cemal 86

Erdogan, da Turquia, e avançou às oi­ tavas. Nessa fase, Moura não conse­ guiu encaixar seu jogo no duelo com o finalndês Martti Puumalainen, e acabou caindo duas vezes para o adversário, o que decretou o fim do Mundial para o brasileiro. Nas redes sociais, David agrade­ ceu o apoio dos torcedores e deixou uma mensagem também ao seu com­ patriota e concorrente pela vaga olím­ pica, Rafael Silva. “É galera. Momento difícil. Não deu. Só quero agradecer demais a tor­ cida e o carinho de todos. Parabéns pela vaga, Rafael Silva, você é um monstro”. Os quatro pesos pesados brasilei­ ros lutaram esse Mundial buscando a classificação para Tóquio. Além do ranking olímpico, para disputas equili­ bradas como no caso dessas categori­ as, a CBJ utilizaria outros critérios para definir quem levaria a vaga.


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Depois de um último dia intenso de judô, belos movimentos e batalhas de­ terminadas, pontuadas por voltas e re­ viravoltas, o Japão mais uma vez inscreve seu nome no topo do mundo do evento de equipes mistas. Não podemos repetir: o judô é um esporte individual que se pratica em equipe. É impossível ser campeão mundial individual sem ter a oportuni­ dade de treinar com uma equipe de parceiros e o espírito de equipe é um dos elementos essenciais que todas as delegações mantêm e procuram de­ senvolver. Isso provavelmente explica por que as competições de equipe sempre têm aquele pequeno algo extra que as tor­ na incrivelmente emocionantes. En­ quanto nos últimos sete dias do mundial a concentração foi na jornada dos atletas que chegaram a conquistar o título mundial em suas respectivas categorias de peso, neste último dia do Campeonato Mundial de 2021, todos os olhos estavam voltados para as 90

equipes mistas, compostas por grupos de homens e mulheres cujo único obje­ tivo era atender aos interesses da equipe. Em poucas semanas, em Tóquio, pela primeira vez na história do judô e dos Jogos Olímpicos, o judô terá um torneio de equipes mistas. Alguns atle­ tas que serão coroados na prova indivi­ dual terão que se concentrar em uma nova competição. O certo é que a vontade de vencer será imensa. Foi o que aconteceu hoje no Laszlo Papp Budapest Sports Are­ na. Quando, repentinamente, a cada rodada, toda uma delegação passa a apoiar seus representantes no tatame, o nível de ruído sobe um pouco. Quando entendemos também que a soma dos indivíduos de uma equipe não corresponde necessariamente à capacidade de vitória da equipe, pode­ mos facilmente imaginar a energia que emerge. Isso explica porque vimos, várias vezes, nas rodadas preliminares, mu­


danças improváveis ​​na dinâmica de to­ da a partida entre as duas nações. O exemplo mais marcante, mesmo que houvesse outros, foram as quartas­de­ final entre França e Geórgia. Ao final da partida, as duas equipes estavam empatadas com três vitórias cada. Um concurso para decidir entre eles, por­ tanto, foi elaborado. Francis Damier (FRA) foi chamado de volta ao tatame contra Avtandili Tchirikishvili (GEO). A seleção georgia­ na ficou exultante porque na primeira partida entre os dois atletas, foi o cam­ peão mundial de 2014 Avtandili Tchri­ kishvili quem venceu sem dificuldade. Tudo parecia dobrado, mas foi sem contar com este famoso espírito de equipe e com esta adição de talentos, cujo resultado pode ser diferente do que esperávamos. Tchirikishvili se apresentou com confiança, provavel­ mente um pouco demais e Francis Da­ mier soube aproveitar da melhor forma, levando seu time à semifinal após um belo contra­ataque. 91

É ainda mais impressionante quan­ do você vê que o francês está apenas em um distante 356º lugar no mundo e tem apenas 19 anos. Na meia­final foi novamente ele quem deu o ponto deci­ sivo à sua equipe ao vencer Sher­ mukhammad Jandreev (UZB), permitindo à França continuar a sonhar com a medalha de ouro. Na outra parte do sorteio, o Japão era favorito e não desiludiu, ao vencer a Ucrânia e depois à frente da delega­ ção representativa da Federação Rus­ sa de Judô. A final França­Japão é um clássico dos torneios por equipes e não há dú­ vida que durante os Jogos de Tóquio as duas seleções já se imaginam na fi­ nal. Muito ainda pode acontecer até então. A composição das equipes não será a mesma e as apostas serão dife­ rentes, mas essa é outra história, que em breve teremos o prazer de contar. Também será lembrado que em Budapeste, durante a primeira fase, a Equipe de Refugiados da IJF enfrentou


a equipe ucraniana com coragem e de­ terminação. Os atletas refugiados tam­ bém estarão presentes em Tóquio neste verão. Quando sabemos o que esses atletas vivenciaram, o fato de se encontrarem unidos em torno de um objetivo comum assume um significado muito especial que vai além do quadro puramente esportivo. Parabéns a Oula, Adnan, Sanda, Ahmad, Muna e Tareq por nos lembrar com sua presença que quando falamos sobre a família do judô realmente significa algo. Que melhor do que um evento de equipe mista pa­ ra ilustrar isso? Final JAPÃO (JPN) X FRANÇA (FRA) ­73kg: Soichi HASHIMOTO 1 / Joan­ Benjamin GABA 0 ­70kg: Saki NIIZOE 1 / Marie Eve GAHIE 0 ­90kg: Kenta NAGASAWA 1 / Francis DAMIER 0 + 70kg: Maya AKIBA 1 / Lea FONTAINE 0 + 90kg: Kokoro KAGEURA / Cedric OLIVAR ­57kg: Haruka FUNAKUBO / Gaetane DEBERDT Demorou quase 2 minutos de ouro para Soichi HASHIMOTO marcar o pri­ meiro ponto para a equipe do Japão após uma resistência heróica de Joan­ Benjamin GABA, que terminou total­ mente exausto com três penalidades em seu nome, mas que realmente se esforçou ao máximo para encontrar uma oportunidade contra a parede que HASHIMOTO construiu. 1­0. Apesar de Marie­Eve GAHIE parecer dominar no início da partida e de Saki NIIZOE ter sido penalizada duas vezes, no perío­ do do placar de ouro, a atleta nipônica marcou com um estiloso uchi­mata pa­ ra ippon dando um segundo ponto para o time , quando a campeã mundial francesa de 2019 deixou o tatame com o que parecia ser uma leve lesão na costela, o que poderia explicar que ela não estava em sua capacidade total. 2­ 0. Com a vitória de Kenta NAGASAWA sobre Francis DAMIER por waza­ari, o 92

Japão marcou seu terceiro ponto. Maya AKIBA marcou o último ponto para o Japão contra Lea FONTAINE. Os novos campeões mundiais de equi­ pes mistas são o Japão. Soichi HASHIMOTO disse: " Nos­ sos treinadores são verdadeiros líde­ res. Eles nos tornaram melhores e nos motivaram. Somos mais fortes porque nos sentimos unidos " . Concursos para Medalha de Bronze COREIA (KOR) X UZBEKISTAN (UZB) ­73kg: Joonsung AHN 0 / Obidkhon NOMONOV 1 ­70kg: Heeju HAN 0 / Gulnoza MATNIYAZOVA 1 ­90kg: Juyeop HAN 0 / Shermukhammad JANDREEV 1 + 70kg: Hayun KIM Iriskhon KURBANBAEVA 0 + 90kg: Jonghoon WON 0 / Muzaffarbek TU­ ROBOYEV 1 ­57kg: Jandi KIM / Shu­ kurjon AMINOVA A primeira partida foi vencida por Obidkhon NOMONOV com um waza­ ari após dominar toda a competição. 0­ 1. Com um ippon massivo de uma téc­ nica koshi­waza, Gulnoza MATNIYA­ ZOVA acrescentou um segundo ponto para sua equipe. 0­2. A equipe do Uz­ bequistão continuou a somar pontos com a vitória da técnica seoi­nage de Shermukhammad JANDREEV para waza­ari. 0­3. Depois de uma disputa muito corajosa contra Hayun KIM, Iriskhon KURBANBAEVA foi derrotado por ippon, dando um primeiro ponto para a Coreia. 1­3. Com o quarto ponto de Muzaffarbek TUROBOYEV, o Uzbe­ quistão conquistou a medalha de bron­ ze e pode deixar sua alegria explodir. A jovem equipa, liderada por Ilias Iliadis, colocou um sorriso genuíno na cara e festejou a sua vitória à tradicional for­ ma farandole. BRASIL (BRA) X FED. RUSSA (RJF) ­73kg: Eduardo BARBOSA 0 / Denis IARTCEV 1 ­70kg: Maria PORTELA 1 / Dali LILUASHVILI 0 ­90kg: Rafael MA­


CEDO 0 / Khusen KHALMURZAEV 1 + 70kg: Beatriz SOUZA 1 / Daria VLADI­ MIROVA 0 + 90kg: David MOURA 1 / Alen TSKHOVREBOV 0 ­57kg: Ketelyn NASCIMENTO 1 / Anastasiia KONKI­ NA 0 Com um ippon marcado em ouro na chave de braço, Denis IARTCEV conquistou o primeiro ponto para a equipe RJF, para assumir a liderança. 0­1. Depois do segundo ouro, desta vez o ponto foi para o Brasil, depois que Maria PORTELA fez waza­ari com um clássico o­goshi. 1­1. O RJF voltou a assumir a liderança após a vitória de Khusen KHALMURZAEV por pênaltis sobre Rafael MACEDO. 1­2. As equi­ pes voltaram a igualar o placar com a 93

nítida vitória ippon de Beatriz SOUZA. 2­2. Pela primeira vez, o Brasil saiu na frente com o ponto marcado por David MOURA contra Alen TSKHOVREBOV. 3­2. Com Ketelyn NASCIMENTO der­ rotando Anastasiia KONKINA na última partida, o Brasil somou o último ponto para conquistar a merecida medalha de bronze. Antes do time Brasil sair do tatame, David MOURA, que é um dos pilares do time há muitos anos, fez um sinal discreto para significar que pode­ ria ser uma de suas últimas aparições no circuito mundial. Rafael Silva está indo para os Jogos Olímpicos e David deu os parabéns nas redes sociais e lhe desejou boa sorte. Bom trabalho David e até breve.


Por: Pedro Lasuen ­ FIJ Foto: Marina Mayorova

A matemática não engana. Sete di­ as de competição, 661 atletas, 14 cate­ gorias, 118 países, 5 continentes, 383 homens e 278 mulheres. Isso é cha­ mado de esporte global. Por trás des­ sas figuras estão muitas histórias com nomes e sobrenomes, feitos que já fa­ zem parte da história do judô. A natu­ reza também não engana e abomina o vazio. Quando o chefe está fora, al­ guém toma seu lugar. O Japão realizou um campeonato mundial de ida e volta, estrelando a pri­ meira final do evento com dois judocas japoneses de ­48kg e outros dois no úl­ timo dia de + 78kg. O Japão terminou 94

na primeira posição do quadro de me­ dalhas com 11 medalhas, sendo cinco de ouro, o que para muitos não é novi­ dade, mas na verdade é porque confir­ ma a consistência de um país acostumado a olhar o mundo de cima. No entanto, o saldo da primeira po­ tência mundial contém claro­escuro porque perdeu medalhas de ouro que, logicamente, deveriam ter conquistado, segundo a maioria das previsões. Os deslizes mais notórios ocorreram nas categorias de –60kg e –73kg. Nagaya­ ma Ryuju é o número um do mundo na categoria mais leve e não sai do pódio desde 2017. Em Budapeste, ele caiu


na terceira rodada. Não tão alto, mas ainda assim surpreendente foi a derro­ ta de seu compatriota Hashimoto Soi­ chi, também líder em sua categoria, também campeão mundial e também perdedor na Hungria. Pelo menos ele saiu com o bronze. Do lado positivo, o mundo testemu­ nhou o retorno de Asahina Sarah, cam­ peã mundial pela terceira vez com apenas 24 anos e uma modelo de tem­ peramento exemplar. A saída do tata­ me na final dos + 78kg, carregando nos ombros a adversária, Tomita Wa­ kaba, derrotada e machucada, explica a personalidade de uma mulher cari­ nhosa. Por fim, Kageura Kokoro recon­ quistou o título dos pesos pesados ​​pa­ ra o Japão para engordar o quadro de medalhas e mostrar que sua carreira não se limitou a ter sido o primeiro a derrotar Teddy Riner, após dez anos de domínio francês. Outra decepção, e esta é enorme, foi o desempenho da seleção francesa. Pela primeira vez desde 1973, os ho­ mens voltaram para a França vestidos de branco. Sem medalha, sem final. Durante quatro anos, a França equili­ brou seus balanços graças ao formidá­ vel time feminino. Três atuais campeões mundiais e líderes de suas categorias desembarcaram em Buda­ peste, nesta ordem: Clarisse Agbegne­ nou (­63kg), Marie­Eve Gahié (­70kg) e Madeleine Malonga (­78kg). A primeira conquistou seu quinto título mundial, o que não surpreendeu ninguém. O pro­ blema é que, depois de ganhar tanto, o excepcional se torna normal. Gahié perdeu no primeiro turno, marcando um ano inesquecível em que perdeu o remendo vermelho nas costas e as chances de participar das Olimpíadas. A terceira na disputa, Madeleine Ma­ longa, acabou com um gosto agridoce na boca. Perdeu a final e consequente­ mente o título, para Anna Maria Wag­ ner (GER), no que talvez tenha sido 95

um aperitivo de um duelo que tem grandes probabilidades de se reprodu­ zir nos próximos anos. Para ela, foi uma decepção, a parte amarga. No en­ tanto, também há um lado doce porque Malonga não competia desde janeiro, apesar disso, ela se classificou para a final depois de derrotar todos os seus adversários claramente. Desta vez, as francesas não con­ seguiram cobrir o desastroso equilíbrio dos homens porque o desempenho das próprias mulheres estava abaixo de seu imenso potencial. A França ter­ minou em quinto lugar no quadro de medalhas, o que deve fazer refletir os líderes da federação. A natureza não gosta do vazio e o fracasso de alguns sempre gera o su­ cesso de outros. Nesse caso, dois paí­ ses aproveitaram a oportunidade para entrar no carro da frente; dois países com problemas diferentes. A Geórgia é uma potência mundial no judô, mas isso se deve à seleção masculina. Até recentemente, a Geór­ gia sofria com a ausência de mulheres competitivas que pudessem aspirar a ganhar medalhas. A federação corrigiu seu objetivo e começa a mostrar resul­ tados promissores. Além disso, isso permite que o país participe das com­ petições de equipes mistas. No momento as conquistas depen­ dem quase que exclusivamente da equipe masculina, e esta é uma equipe com enorme poder de fogo. Metade dos que vão participar dos jogos veio a Budapeste e muitas promessas os acompanharam. Como a Geórgia nun­ ca faz as coisas pela metade, Lasha Shavduashishvili (­73kg) conquistou o ouro e se tornou o melhor georgiano da história por já ter vencido as três com­ petições mais importantes (Campeona­ to Europeu, Campeonato Mundial e Jogos Olímpicos). Foram mais meda­ lhas, uma de prata e duas de bronze, mas a mais marcante e inesperada foi a de Varlam Liparteliani (­100kg), eter­


no número um, eterno candidato ao ouro, simplesmente eterno porque to­ dos admiram o atleta e adoram o ho­ mem. Geórgia ficou em segundo lugar no quadro de medalhas. Dissemos que havia dois países com trajetórias e obstáculos diferentes. Se a Geórgia precisa fortalecer sua se­ leção feminina, o problema da Espa­ nha é mais prosaico, até vulgar, mas decisivo. O que acontece com a Espa­ nha é que seus recursos são muito li­ mitados em comparação com outros países. Em vez disso, o que tem são duas boas equipes. Em Budapeste, a Espanha o demonstrou com quatro medalhas, sendo duas mulheres e dois homens. Nikoloz Sherazadishvili con­ quistou o segundo título mundial (­ 90kg) e pela primeira vez na história do judô um terceiro lugar no quadro de medalhas. Já que estamos falando de regis­ tros históricos, é a vez da Croácia. Pe­ la primeira vez em sua história, tem um título mundial, graças a Barbara Matic (­70kg), que venceu Ono Yoko do Ja­ pão na final, na final mais estressante e espetacular, com seu adversário ten­ tando estranhá­la e Matic segurando seu tachi­waza waza­ari pelos 40 se­ gundos restantes. Não há vitórias sem sacrifícios, diz o ditado. A intra­história do Canadá é conhe­ cida mundialmente. Christa Deguchi e Jessica Kimklait (0,57 kg) estiveram em Budapeste para lutar pelo ouro mundial e uma passagem de avião pa­ ra Tóquio. O líder do ranking e cam­ peão mundial contra o aspirante. Deguchi perdeu nas semifinais para Tamaoki Momo (JPN), que por sua vez foi derrotado por Kimklait na final. Foi um título para o Canadá e um destino olímpico para Kimklait. Resta saber co­ mo Deguchi vai superar o fracasso do campeonato mundial e a decepção de não ir para o Japão. Todos esperavam impacientemente pela categoria ­81kg. Com exceção de 96

Sagi Muki (ISR) e Vedat Albayrak (TUR), todos os favoritos estavam lá. A final enfrentou os dois judocas mais bem preparados do momento, o núme­ ro um do mundo, Matthias Casse (BEL) e o novo prodígio da escola georgiana, Tato Grigalashvili. Casse havia perdido a final do Campeonato Mundial de 2019 contra Muki. Grigalashvili era o favorito das previsões. Casse venceu com a autoridade de um líder de peso, contra candidatos lotados para o su­ cesso. Havia também dois efeitos de bor­ boleta e, além disso, na tonalidade de um disco. Aleksandar Kukolj (SRB) atualizou há seis meses, o que é como dizer ontem. Não se esperava muito de seu tempo em Budapeste porque o pe­ ríodo de adaptação foi muito curto. No entanto, foi o suficiente para ele! Ga­ nhou a prata com ­100kg, evitando o ouro nas mãos de Fonseca (POR), que subiu na elite mundial ao conquistar o segundo ouro consecutivo; um feito não alcançado por muitos. Mas foi a medalha de Kukolj, assim como o bater filosófico das asas de uma borboleta, qualificada no último segundo para os Jogos Olímpicos, tirou a classificação e deixou três atletas de fora da prova olímpica. O mesmo aconteceu em –90kg com Rémi Feuillet. Além de fincar a bandeira da Maurícia nas quartas de fi­ nal, algo inédito, o judoca conseguiu seu passe olímpico, em detrimento de outros quatro atletas, graças aos pon­ tos conquistados em Budapeste. 27 países tocaram medalhas. É muita diversidade, um nível mais equili­ brado entre os países, o que significa menos diferenças, mais histórias épi­ cas, mais surpresas e mais trabalho para tentar estar sempre um passo à frente. Havia muitas borboletas esvoa­ çantes e um monte de vazio imediata­ mente preenchido. E mais uma coisa: ninguém falava do Covid, só judô.


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Fotos: Gabriela Sabau ­ FIJ

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O judô sempre esteve no sangue de Ketleyn. Aos 8 anos, em Ceilândia, a menina já falava para sua mãe, Ro­ semary, o que queria ser quando cres­ cesse. "Vou ser atleta olímpica de judô." Matriculada pela mãe na nata­ ção, Ketleyn Quadros faltava às aulas para assistir aos treinos de judô. Foi dessa forma que ingressou na modali­ dade. E seu talento logo foi reconheci­ do. Para se classificar para os Jogos Olímpicos Pequim 2008, viu sua princi­ pal concorrente à vaga, a santista Da­ nielle Zangrando, se machucar e não deixou a oportunidade passar. Mesmo sem ser uma das favoritas ao pódio, Ketleyn, aos 20 anos, surpreendeu e se tornou a primeira judoca brasileira a conquistar uma medalha olímpica.

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Trajetória de Ketleyn Quadros Para se transferir de Brasília para Minas Gerais, onde defenderia o Minas Tênis Clube, teve uma importante aju­ da da mãe de Érika Miranda, também atleta da seleção e grande amiga de Katleyn. "Não tínhamos dinheiro para pagar a transferência de federação pa­ ra Belo Horizonte", lembra a mãe. “A mãe da Érika arrumou uma bicicleta e rifou para conseguirmos o dinheiro pa­ ra pagar a transferência de federação". O Bronze em Pequim O caminho de Ketleyn em Pequim começou com uma vitória sobre a sul­ coreana Kang Sin Young, seguida de uma derrota para a holandesa Deborah


Gravenstijn ­ que terminaria com a me­ dalha de prata, derrotada na decisão pela italiana Giulia Quintavalle. Na re­ pescagem, Ketleyn derrotou a espa­ nhola Isabel Fernandez, campeã olímpica em Sydney/2000, e a japone­ sa Aiko Sato, antes de bater a australi­ ana Maria Pekli na disputa da medalha. Pelo Minas Tênis Clube, Ketleyn conquistou o ouro nos Jogos Sul­Ame­ ricanos em 2010, na cidade de Medel­ lín e ouro na Universíada em 2013, em Cazan.

Olimpíada

Em 2018 passa a defender um novo clube Ketleyn permaneceu no Minas Tê­ nis Clube até o final de 2017, quando passou a integrar a equipe do SOGIPA de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, buscando mais um ciclo olímpico.

5ª colocada no Mundial de Budapes­ te 2021, reescreve sua história Ela entrou para a história como a primeira mulher brasileira medalhista olímpica em modalidades individuais ao conquistar o bronze em Pequim, com apenas 20 anos de idade. Treze anos e três ciclos olímpicos depois, a chama olímpica segue mais acesa do que nunca no coração de Ketleyn Qua­

Em 2021, duas importantes competi­ ções garantem ketleyn em mais uma

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Prata no Grand Slam do Kazan Ketleyn Quadros (63kg), conquis­ tou a medalha de prata no Grand Slam de Kazan, na Rússia. Lutando em 06 de maio, quinta­feira, ela perdeu a luta da final, em uma decisão polêmica da arbitragem, para a polonesa Agatha Ozdoba­Black. Antes, havia vencido, na sequência, Mokhee Cho, da Córeia do Sul, Cristina Cabana Perez, da Es­ panha, e Andreja Leski, da Eslovênia.


dros. Nesta quarta­feira, 09, ela voltou a reescrever sua própria história con­ quistando um honroso quinto lugar no Campeonato Mundial, que acontece em Budapeste, Hungria. A medalha inédita de bronze esca­ pou por pouco e foi para o pescoço da holandesa Sanne Vermeer, dez anos mais jovem do que Ketleyn. Mas, a ve­ terana brasileira mostrou para o mundo que na sua história olímpica ainda tem espaço para mais um capítulo: Tóquio 2020. “Estar lutando durante todos esses anos é muito amor à modalidade. Eu saio muito feliz desse Campeonato Mundial. Apesar da medalha não vir, eu saio feliz. Inclusive, me emocionei em todas as lutas, porque é uma con­ quista muito grande. (Ser) uma atleta veterana, me sentir evoluindo, crescen­ do, tendo meus principais resultados da minha carreira é muito importante, 101

porque, antes de qualquer pessoa acreditar, eu acreditei muito”, desaba­ fou a judoca que, neste ciclo, conquis­ tou seu primeiro ouro em Grand Slam, em Brasília 2019, e seu primeiro título pan­americano, em Guadalajara 2021, chegando ao Top 10 do mundo, o que lhe garantiu uma posição de cabeça­ de­chave em Tóquio. Fontes: https://www.gazetadopovo.com.br/es­ portes/olimpiadas/2008/trajetoria­de­ ketleyn­quadros­e­licao­de­vida­para­ os­brasileiros­ b4g8y4p5632p3zpifvjgd3mtq/ https://www.cob.org.br/pt/cob/time­bra­ sil/atletas/ketleyn­lima­quadros/ https://cbj.com.br/noticias/7555/MUN­ DIAL+2021+­+Ketleyn+Quadros+rees­ creve+sua+hist%F3ria+.html


A Confederação Brasileira de Judô anunciou, nesta quarta­feira, 16, os no­ mes dos judocas que representarão o Brasil nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. O anúncio foi feito de forma vir­ tual, ao vivo, pelo Canal Brasil Judô, no Youtube, com a presença do presiden­ te da CBJ, Silvio Acácio Borges, e da comissão técnica da seleção brasileira formada por Ney Wilson Pereira, gestor de Alto Rendimento, Rosicleia Cam­ pos, coordenadora da seleção femini­ na, Luiz Shinohara, coordenador da seleção masculina, Mario Tsutsui, téc­ nico da seleção feminina, Yuko Fujii, técnica da seleção masculina e Marce­ lo Theotônio, gestor das equipes de base do Brasil. 102

“Finalmente rumo a Tóquio. É uma responsabilidade muito grande irmos aos Jogos Olímpicos nesse país onde nasceu a modalidade pela qual nos apaixonamos e, principalmente, com a responsabilidade que levamos conosco de buscar um bom resultado, visto que há nove ciclos olímpicos consecutivo o Brasil faz uso de um espaço no pódio do Judô. Acredito muito na nossa equi­ pe, nos nossos atletas. Faço uma men­ ção especial ao Comitê Olímpico do Brasil responsável por essa grande ação mundial e agradeço também o suporte fundamental do nosso patroci­ nador master Bradesco e aos nossos apoiadores Cielo e Mizuno. Que tenha­


Por: Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: CBJ

mos lá em Tóquio uma bela campanha, afinal, esses últimos quatro anos foram muito intensos para a CBJ com foco to­ tal na preparação para essa Olimpíada. Agora é hora de cumprir toda a expec­ tativa que geramos na nossa comuni­ dade esportiva , disse o presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges. Para Tóquio, foram convocados 13 judocas, sete homens e seis mulheres. Desses, sete atletas são estreantes, o que mostra o sucesso na renovação constante do judô brasileiro. Para o Rio 2016, a equipe tinha quatro estreantes. Em Tóquio, portanto, a equipe masculina do Brasil será formada por sete atletas: Eric Takabatake (60kg), 103

Daniel Cargnin (66kg), Eduardo Kat­ suhiro Barbosa (73kg), Eduardo Yudy Santos (81kg), Rafael Macedo (90kg), Rafael Buzacarini (100kg) e Rafael Sil­ va “Baby” (+100kg). A maior parte da equipe é estrean­ te em Jogos Olímpicos. Apenas Buza­ carini (Rio 2016) e Baby (Londres 2012 e Rio 2016) têm participações olímpi­ cas em suas carreiras. Rafael Silva su­ biu ao pódio tanto em Londres, quanto no Rio, conquistando duas medalhas de bronze para o Brasil e tentará fazer história em Tóquio buscando sua ter­ ceira medalha. Nas chaves femininas, o Brasil terá Gabriela Chibana (48kg), Larissa Pi­ menta (52kg), Ketleyn Quadros (63kg),


Maria Portela (70kg), Mayra Aguiar (78kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg) . Mais experiente, o time femi­ nino tem apenas duas estreantes ­ Chi­ bana e Pimenta ­ e duas medalhistas olímpicas: Mayra e Ketleyn, que foi a primeira mulher medalhista do Brasil em esportes individuais com bronze em Pequim 2008. Treze anos depois, ela retorna aos Jogos em nova catego­ ria e buscando reescrever sua própria história. “Eu vejo uma evolução nessa equi­ pe, que vem crescendo a cada resulta­ do. Vejo, sim, a possibilidade de fazermos uma boa competição olímpi­ ca. Temos categorias nas quais nossos atletas apresentaram grandes resulta­ 104

dos nesse ciclo olímpico, portanto se candidatam a brigar pela medalha. Em Jogos Olímpicos sempre acontecem algumas surpresas agradáveis no Judô. Não só no brasileiro, como no mundial também. Então, acredito que os 13 judocas brasileiros que estarão nos representando lá têm chances, sim, de trazer uma medalha. Alguns têm um caminho menos difícil, pois são cabeças de chave. A nossa meta prin­ cipal é manter a continuidade de me­ dalhas em Jogos Olímpicos que gente tem desde 1984. Tenho certeza que a equipe tem potencial para chegar bem longe em Tóquio”, considera Ney Wil­ son Pereira, gestor de Alto Rendimento da CBJ.


Da equipe convocada, cinco atletas serão cabeças de chave em Tóquio: Rafael Silva Baby, Maria Suelen, Maria Portela, Mayra Aguiar e Ketleyn Qua­ dros. Eles estão no Top 8 de suas ca­ tegorias e, portanto, terão a vantagem de só enfrentar os demais Top 8 a par­ tir das quartas­de­final. Embarque e Aclimatação A delegação brasileira viajará para o Japão em dois grupos diferentes. O primeiro, formado pelos judocas mais leves, sairá do Brasil no dia 08 de ju­ lho. O segundo, com os atletas mais pesados que lutarão nos últimos dias, viajarão para o Japão no dia 13 de ju­ 105

lho. Além dos atletas convocados para a competição, a CBJ e o COB levarão outros 20 judocas para apoiar os trei­ namentos, entre eles, a peso Leve Ke­ telyn Nascimento, (57kg), que buscava a vaga dessa categoria e se destacou no Mundial de Budapeste ajudando a equipe a conquistar a medalha de bronze nesse Mundial. A competição do judô nos Jogos Olímpicos será nos dias 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30 e 31 de julho. No período pré­competição, a seleção ficará acli­ matando na base do Comitê Olímpico do Brasil na cidade de Hamamatsu. Muito sucesso para a seleção brasileira!



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