Carta Arqueológica de Mondim de Basto

Page 1


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

1. Introdução

Inserido na região de Basto, território com unidade cultural configurada na medieva “Terra de Basto”, o Município de Mondim de Basto posiciona-se entre o Minho e Trás-os-Montes, facto que lhe confere uma pluralidade de ecossistemas, desde os lameiros bordejados por vinha de enforcado, marginais ao Tâmega e seus afluentes, numa aproximação às paisagens minhotas, até aos espaços improdutivos da cadeia montanhosa Alvão-Marão, esporadicamente visitados pelos rebanhos de cabras, a recordar-nos a rudeza transmontana. Com um percurso histórico marcado por algumas vicissitudes, face aos interesses territoriais dos seus vizinhos, o actual município agrega oito freguesias, resultantes da decomposição, levada a cabo no séc. XIX, dos três antigos concelhos da margem esquerda do Tâmega, Atei, Ermelo e Mondim de Basto. Embora o processo de autonomização destas terras remonte aos primórdios da nacionalidade, com a atribuição, no reinado de D. Sancho I, da carta de aforamento às populações de Bilhó e Ermelo, estatuto confirmado por D. Afonso II em 1218, será no século XVI, durante o reinado de D. Manuel I, que os três concelhos, mais tarde reunidos num só, verão reconhecida a sua importância administrativa e que a actual vila, sede do município, passará a assumir um estatuto de maior centralidade, no contexto da região. O posicionamento estratégico de Mondim de Basto, junto da ponte sobre o rio Tâmega que facilitava o atravessamento das populações de além Marão e Alvão e a drenagem das produções locais para as áreas mais densamente povoadas do litoral, irá jogar a seu favor na definição de um papel principal, facto então assumido pelo reformismo administrativo levado a cabo pelo regime liberal. Extintos os concelhos de Atei e Ermelo que passam a integrar o de Mondim de Basto, esta vila-sede irá consolidar a sua vertente mais urbana, atraindo as populações da periferia que, paulatinamente, irão perdendo a matriz rural, assistindo-se, consequentemente, ao abandono de usos e práticas ancestrais e à fossilização das materialidades que lhes estão associadas, ganhando então sentido a intervenção da arqueologia enquanto meio de descodificação dos “vestígios materiais, de maior ou menor antiguidade, que documentam a actividade humana e a sua relação com o ambiente em épocas passadas”, isto é o Património Arqueológico na definição que lhe é dada pela Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro. É pois a vertente arqueológica do Património Cultural de Mondim de Basto que consignámos nesta obra, síntese de um conjunto de fichas que compilam os dados até agora recolhidos numa centena de sítios, monumentos e achados avulsos, dispersos pelo território do concelho, distribuídos cronologicamente entre a Pré-História e a Época Contemporânea.


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

2. A Carta Arqueológica de Mondim de Basto: critérios e opções metodológicas

Esta obra nasceu da solicitação da Câmara Municipal de Mondim de Basto, em Fevereiro de 2005, para a realização da Carta Arqueológica do concelho, entendida como um inventário de sítios, monumentos e achados avulsos de interesse arqueológico e respectiva carto­grafia, com o objectivo de incorporar o Plano Director Municipal em processo de revisão. O PDM, enquanto instrumento de gestão e ordenamento do território deve identificar o património arqueológico, considerado como um bem de “interesse público de expressão territorial”, contribuindo para a sua preservação, defesa e valorização, cumprindo assim uma das obrigações das Autarquias, em conformidade com o estabelecido na Lei de Bases do Património Cultural Português. Aceite o desafio por se considerar que a Carta Arqueológica constituía um documento informativo e de consulta, fundamental na prossecução de uma verdadeira pedagogia de defesa do património cultural e capaz de influenciar as opções de ordenamento do território, foi apresentada à autarquia uma proposta de execução da tarefa, em duas fases, distintas nas finalidades e no timing da sua concretização, se bem que interligadas. A primeira, directamente relacionada com o processo de revisão do PDM, de execução imediata e formatação estandardizada, já que destinada a um público mais restrito com formação técnica conforme. A segunda, concretizada neste livro, tendo como principal objectivo a divulgação do património municipal numa perspectiva educativa e dirigida a um público-alvo generalista, daí a necessidade dos conteúdos serem simplificados e ajustados a um registo didáctico-informativo e a apresentação

ser melhor ilustrada, de maneira a tornar-se apelativa. A metodologia implementada na concretização da Carta Arqueológica de Mondim de Basto teve em linha de conta todo o trabalho por nós realizado, desde a década de 1980, o que permitiu saltar algumas etapas fundamentais neste tipo de actividade, como a pesquisa documental, bibliográfica e cartográfica que tivemos sempre actualizada. Incluiu-se, ainda, toda a informação recolhida nos questionários lançados em 1983 e 2004, com o propósito de identificar topónimos e lendas, compagináveis com a existência de vestígios arqueológicos, os quais haviam fornecido muitos dados, a maioria dos quais já devidamente despistados. Deste modo, iniciou-se o processo com a revisão critica de todas as referências arqueológicas do concelho, partindo-se de imediato para o trabalho de campo, visitando-se os sítios/monumentos já cartografados e desenvolvendo-se algumas acções de prospecção em áreas anteriormente não contempladas, mas consideradas propícias pelos critérios arqueológicos correntes. As informações obtidas nesta etapa foram transpostas para a Ficha de Sítio/Monumento, ferramenta que adaptou à realidade municipal modelos já testados noutros concelhos, constituindo-se a ficha-tipo como a base de dados do Património Arqueológico de Mondim de Basto. Esta base de dados foi ilustrada com registos fotográficos, com registos gráficos quando existissem e com um excerto da Carta Militar de Portugal, na escala 1:25.000. A Ficha de Sítio/Monumento é composta por 24 campos, genericamente agrupados em dois arquivos,


António Pereira Dinis

um sobre a identificação e localização, com informações relativas ao lugar, à toponímia corrente, à georeferenciação e aos acessos; um segundo, relacionado com a caracterização e tipificação do sítio, que utiliza como referente, para um conjunto de campos,

as nomenclaturas dos descritores Thesaurus, do Sistema de Informação Arqueológica (Endovélico) usadas pelo IGESPAR e pelo IPPAR, agregando também alguma informação suplementar ligada ao regime de classificação/protecção e à bibliografia principal.

FICHA DE SÍTIO/MONUMENTO Designação

Topónimos Concelho

Nº Inv.

Lugar

Freguesia Distrito

Coordenadas Geográficas

C.M.P. 1: 25.000 folha n.º

Altitude

Acessos

Tipo de Sítio/Monumento

Período Cronológico Descrição

Espólio

Proprietários Estado de Conservação

Uso do Solo

Ameaças

Protecção / Vigilância

Bibliografia

Observações

Data:

10

Arqueólogo Responsável:


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

Concluída a primeira fase do trabalho, em 2007, seguiu-se um processo de simplificação da informação constante nas fichas de base de dados, relevando os elementos considerados essenciais e omitindo uma série de itens julgados para esta obra de pouca utilidade, tendo-se comprimido toda a informação nos campos que a seguir se descrevem: N.º Inv.: Número atribuído a cada sítio/monumento ou achado arqueológico, registado na cartografia que ilustra a obra. Quando um sítio possui mais do que uma ocupação, o número é repetido acrescentando-se-lhe um ponto e outro número [exemplo: 18.1 – Crastoeiro 1 (povoado da Idade do Ferro); 18.2 – Crastoeiro 2 (arte rupestre)]. Designação: Identificação do sítio/monumento ou achado, com o nome mais comum pelo qual é conhecido; Topónimos: Reproduz os nomes referidos na cartografia ou resultantes da informação oral; Lugar: Transcreve a designação do lugar mais próximo do sítio, dentro da área da freguesia a que pertence; Tipo de sítio: Identifica a caracterização tipológica, de acordo com a terminologia arqueológica; Latitude; Longitude; Altitude: Copia as coordenadas geográficas (latitude e longitude), relativas à rede geodésica internacional e a respectiva altitude. Em alguns casos não se mencionam as coordenadas porque pertencem ao conjunto de referências com localização exacta desconhecida. Destas situações e das que dizem respeito a sítios conhecidos por referência bibliográfica e entretanto destruídos, não é feita representação cartográfica. Cronologia: Enquadra o sítio/monumento ou achado no respectivo período histórico; Descrição: Descreve o contexto geoambiental, caracteriza genericamente os vestígios visíveis à superfície e o espólio mais relevante proveniente do local; Bibliografia: Regista os trabalhos principais referentes aos sítios ou vestígios assinalados;

A apresentação do inventário nesta obra é feita por freguesias, dispostas por ordem alfabética, sendo cada uma delas introduzida pelo respectivo excerto da Carta Militar de Portugal, à escala 1:25.000, onde cada sítio/monumento ou achado é cartografado. Como é comum em estudos do género o âmbito cronológico estabelecido situou-se entre a Pré-história e o século XVI. No entanto, foram incluídos elementos de arqueologia rural e industrial, assim como pontes e calçadas, considerados no inventário como de cronologia indeterminada, no primeiro caso por estarem documentadas no concelho, desde a Idade Média, as actividades a que se referem ou pelo conservadorismo tipológico, no caso das segundas. Incluíram-se, também, as igrejas paroquiais mencionadas na documentação medieval, pese o facto do actual desenho arquitectónico já não apresentar qualquer vestígio daquela época. Convém, todavia, ter presente que na envolvência destas igrejas deverão existir enterramentos cuja salvaguarda é necessário assegurar. Também se inventariou a capela do Santuário da Senhora da Graça, templo setecentista, por se aceitar uma pré-existência tardo-medieval. Finalmente, admitiram-se todos os sítios/monumentos classificados, independentemente da sua cronologia. No período que mediou entre 2007, data da conclusão do inventário para o PDM e o momento actual foram identificados e incorporados neste livro duas dezenas de novos sítios, facto que comprova que a Carta Arqueológica de Mondim de Basto, como qualquer outra carta arqueológica, tem que ser entendida como um documento aberto, jamais terminado, não se esgotando por conseguinte com esta obra. A multiplicação de trabalhos arqueológicos de prospecção no terreno, quer ligados aos projectos de investigação em desenvolvimento no concelho quer relacionados com Estudos de Impacte Ambiental e os revolvimento dos solos por acção da actividade agrícola ou extractiva e devido a obras de construção de vias de comunicação e outras infra-estruturas trouxeram à luz do dia novos dados que entendemos incorporar, actualizando-se deste modo a informação arqueológica, num processo que associa a Carta Arqueológica a um conceito de contínua actualização, sob pena daquele instrumento estar permanentemente desfasado da realidade.

11


12


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

3. O Território de Mondim de Basto: quadro físico e ambiental

O concelho de Mondim de Basto, composto pelas freguesias de Atei, Bilhó, Campanhó, Ermelo, Mondim de Basto, Paradança, Pardelhas e Vilar de Ferreiros, localiza-se no Norte de Portugal, na extremidade OSO de Trás-os-Montes. De forma quase losângica, com maior extensão para nascente (a extensão máxima do concelho é de 20,9 Km no sentido Norte-Sul e de 16 Km no sentido Este-Oeste), ocupa uma superfície de cerca de 174 Km2, compreendida entre 7° 58’ 51’’ e 7° 47’ 16’’ de longitude Oeste e 41° 18’ 15’’ e 41° 29’ 34’’ de latitude Norte.

Demarcando Trás-os-Montes do Minho e o distrito de Vila Real dos de Braga e Porto, o território é limitado de Nordeste a Sudeste pelas serras do Alvão e Marão, confrontando com os concelhos de Ribeira de Pena e Vila Real, respectivamente, a Norte e Noroeste pelo rio Tâmega, fazendo a separação dos concelhos de Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto, do distrito de Braga e do lado Sudoeste pelo rio Olo e pela ribeira de Beja, sua afluente, e pela serra da Meia Via, limites do concelho de Amarante, do distrito do Porto.

1. Localização do concelho de Mondim de Basto e das suas freguesias

13


António Pereira Dinis

3.1. Relevo O relevo de Mondim de Basto desenvolve-se em anfiteatro do rio Tâmega até às serras do Alvão e Marão, onde deparamos com as maiores altitudes que correspondem aos vértices geodésicos de Vaqueiro, Marco e Salgueiral, com 1315 m, 1288 m e 1284 m, respectivamente. Sensivelmente a meio do território desenvolve-se uma linha de montes, com orientação Este-Oeste, onde pontuam a Serra da Toutuça, os Altos do Corisco e da Lousa, a Praina de São Paulo e o Montão, linha que baliza dois espaços distintos, o do Norte, maioritariamente granítico, marcado pela bacia do rio Cabril e o do Sul, dominado por metassedimentos do Paleozóico, definido pela bacia do rio Olo. De uma forma geral, o relevo é acentuado e a altitude média elevada, podendo segmentar-se o território em três grandes unidades. A primeira, com altitudes que não ultrapassam os 400 m, mais ex-

tensa a Norte que a Sul do concelho, vulgarmente designada de “ribeira”, está materializada nas terras baixas que marginam o Tâmega e parte dos cursos dos seus principais afluentes, o Cabril e o Olo. Com um fácies claramente minhoto, apresenta as condições mais favoráveis para a agricultura assentes na produção de vinho verde e na cultura do milho e da batata. Uma segunda unidade, constituída pelo espaço altimétrico dos 400 m aos 700 m, é uma área de transição onde se mesclam as características do Minho com as de Trás-os-Montes, implantando-se nesta faixa um conjunto de aldeias, concentradas na meia encosta. Salientam-se Carvalhais, Travassos, Vila Chã, Pardelhas e Campanhó, localidades caracterizadas pelo laborioso aproveitamento do espaço cultivável, marcado por um retalho de pequenos lameiros em socalcos, onde se pratica uma agricultura pobre complementada com a criação de gado. Por último,

2. Mapa hipsométrico de Mondim de Basto

14


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

a terceira parcela, situada acima dos 700 m, tipicamente serrana, onde se assinalam alguns dos mais notáveis acidentes da geografia do concelho, nomeadamente o Monte Farinha, o Morro de Pardelhas, o Planalto do Vaqueiro e as Fisgas de Ermelo, local

de particular interesse pela existência das mais portentosas quedas de água da Europa. É no seio desta última unidade que se alberga o Parque Natural do Alvão, criado em 1983, cuja área se estende para o vizinho concelho de Vila Real.

3. Monte de N.ª Sra. da Graça sobre o nevoeiro

4. Mapa altimétrico de Mondim de Basto

15


António Pereira Dinis

3.2. Geologia e Recursos Minerais Sob o ponto de vista geológico, o território de Mondim de Basto integra a fronteira entre os terrenos autóctones e alóctones da Zona Centro-Ibérica, correspondendo aos últimos a Sub-Zona GalizaTrás-os-Montes. As rochas que encontramos fazem parte da grande unidade estrutural denominada Maciço Ibérico ou simplesmente Maciço Antigo, unidade que representa mais de dois terços da superfície do território nacional. A estrutura nesta área do Maciço Antigo é particularmente complexa, ficando a sua originalidade geológica a dever-se à presença de afloramentos de terrenos Ordovícicos e Silúricos, que contactam com o chamado complexo xisto-grauváquico ante-ordovícico e com os granitos, distinguindo-se, consequentemente, as seguintes manchas geológicas fundamentais: – Depósitos de Cobertura Nas margens do rio Tâmega e, sobretudo, nas margens do rio Olo, encontram-se vários terraços fluviais que podem atingir desníveis superiores a 50 m relativamente ao leito actual, constituídos por calhaus subrolados a rolados, mal seleccionados e mal calibrados, compostos, essencialmente, por quartzitos, granitos e liditos, suportados por matriz argiloarenosa. – Granitos Cerca de metade do território é ocupado por rochas graníticas, sobressaindo no conjunto o granito

5. Implantação da povoação de Anta, na serra do Alvão

16

de duas micas, de grão médio a grosseiro com esparsos megacristais. Na parte oriental domina o Maciço Compósito de Vila Real, integrado num maciço maior que se estende desde Freixo de Espada à Cinta até à Serra da Cabreira; na parte Norte encontramos o Granito da Senhora da Graça, num maciço alóctone, circunscrito, de forma elíptica, alvo de intensa exploração industrial; na parte ocidental desenvolve-se um outro maciço alóctone, de contorno subcircular, onde ocorre o Granito de Paradança, com um fácies essencialmente moscovítico e relacionado com numerosos filões aplíticos. – Formações Paleozóicas A outra metade do território é dominada geologicamente pelas formações metassedimentares, cujos materiais vão desde os xistos até aos quartzitos. Uma mancha constituída por Terrenos Parautóctones (Unidade de Canadelo e Unidade de Mouquim, onde predomina a alternância de filitos e xistos com metagrauvaques) e por Terrenos Alóctones (Unidade de Vila Nune, com quartzitos e tufos vulcânicos) desenvolve-se na região, no sentido S-N, envolvendo as formações graníticas de Paradança e da Senhora da Graça e contactando, de leste, com outros afloramentos do Paleozóico, concretamente com uma estreita e comprida mancha do Silúrico (Formação de Campanhó) a qual integra quartzitos cinzentos, calcários cristalinos, liditos e xistos carbonosos, com abundantes níveis ampelitosos. Acompanhando esta formação, pelo lado ocidental, desenvolve-se uma mancha mais larga, atribuída ao Ordovícico, integrada pela Formação de Pardelhas e pela Formação do Quartzito Armoricano. A primeira, é composta por xistos filito-grafitosos e xistos ardosíferos, xistos quiastolíticos e filitos cinzentos com raros níveis metassilticos; a segunda apresenta uma alternância de quartzitos, metassilticos e filitos com níveis de ferro intercalados. Uma última mancha do Paleozóico, se bem que com uma expressão reduzida, aparece na parte Sudoeste do concelho, encostada ao granito de Vila Real. Trata-se da Formação de Desejosa, que se apresenta como um conjunto muito homogéneo e muito monótono pertencendo ao complexo xisto-grauváquico


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

ante-ordovícico do grupo do Douro. É constituída por uma espessa alternância de filitos cinzento-negro e siltitos claros, com metagrés e metagrauvaques com intercalações de filitos cinzento-negros. São particularmente abundantes no concelho os minérios de estanho, em geral associados ao volfrâmio, e de ferro, cuja exploração ficou registada nas décadas de 40 e 50 do século passado, nas freguesias de Vilar de Ferreiros, Ermelo e Pardelhas. Porém, a multiplicação de referências à produção de ferro na documentação medieval e a menção setecentista ao achado de “huma mina de excellente estanho” em Ermelo e à extracção de estanho fino no sítio do Linhar, “aonde chamam Prados” alerta-nos para a antiguidade da mineração no território e para a sua continuada actividade. Aliás, tanto a mina das Mestras, em Vilar de Ferreiros, como as do Linhar ou

Linhares, atrás referidas, e as da Muragalha, do Ciadoiro e do Prado, em Ermelo, ainda laboraram durante o século passado, atestando a particular riqueza mineira naquelas freguesias. Além do estanho e do ferro, extraiu-se cobre e chumbo em Vila Cova (Vila Real), em minas localizadas nas proximidades da fronteira com Mondim de Basto, facto que poderá indiciar que aqueles minérios também poderão ter sido encontrados, no passado, no território municipal, nomeadamente na vizinha freguesia de Pardelhas onde, ainda em 1947, havia uma concessão mineira na Fonte do Salgueiral. Disseminados por todo o concelho são abundantes os recursos petrográficos, destacando-se as pedreiras de granito da Senhora da Graça, em laboração no sopé do Monte Farinha, as explorações de mármore negro e calcário, na zona de Campanhó e algumas louseiras aproveitadas na freguesia de Pardelhas.

6. Utilização de lousa em telhados da povoação de Ermelo

7. Afloramento de mármore negro, junto de Campanhó

17


António Pereira Dinis

3.3. Clima Como consequência da sua localização, a região caracteriza-se por estar sob a influência do Oceano Atlântico, denominada também de Sub-atlântica dado existir alguma distância ao mar e assim uma atenuação da influência marítima. A orientação e a altitude do maciço montanhoso do Alvão/Marão vão condicionar a precipitação já que funciona como uma barreira à progressão dos fluxos de ar marítimo provenientes de Oeste. As camadas de ar húmido vindas da costa ao encontrarem esta cadeia montanhosa são obrigadas a subir, provocando o seu arrefecimento e a posterior condensação, fenómeno que origina nevoeiros e precipitação, deixando aí uma percentagem elevada da humidade que transportavam. Desta forma, as vertentes voltadas para Oeste (litoral) têm uma precipitação superior. De uma forma geral podemos dizer que o clima assume características atlânticas, caracterizado por Verões moderados a quentes (aproximadamente 92 dias com temperaturas máximas superiores a 25°C) e Invernos muito frios (cerca de 20 dias com temperaturas mínimas abaixo dos 0°C), sendo a queda de neve

8. Paisagem nevada na serra do Alvão

18

frequente na parte alta da serra do Alvão e no Marão. Os dados anotados entre 1951 e 1980 mostram que a precipitação total atinge os 1693 mm na serra do Alvão (1100 m) e 1460 mm junto ao Tâmega (175 m). Todos os meses registam precipitação, sendo esta mais intensa em Janeiro, Fevereiro e Dezembro (entre 195 mm e 256 mm). A precipitação mais baixa regista-se em Julho e Agosto (entre 20 mm e 30 mm). Os nevoeiros são frequentes nos andares mais elevados da serra, em especial nos meses pluviosos, ficando o topo imerso num tecto de nuvens, relacionadas com os mecanismos de condensação orográfica. Nos meses de Inverno, durante períodos mais ou menos longos, ocorrem nevoeiros de irradiação nos vales do Tâmega e dos seus afluentes, formando extensos “lagos” de nuvens que deixam a descoberto os níveis mais elevados da montanha. Estas condições meteorológicas peculiares fazem-se sentir sobretudo nos Invernos secos, permanecendo os nevoeiros durante semanas consecutivas sobre os vales, associados a temperaturas muito baixas.


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

3.4. Rede Hidrográfica O território de Mondim de Basto é dominado pelo curso médio-inferior do Tâmega e pelo dos rios Cabril e Olo, seus principais afluentes, os quais são engrossados por uma considerável quantidade de ribeiros e pequenos cursos de água, estrutura fundamental da drenagem da região. A Bacia Hidrográfica do rio Tâmega, ocupando uma superfície total de 3310 Km2, é uma das maiores bacias dos rios secundários de Portugal, ultrapassando as do Ave e do Cávado. Com um comprimento total de 184 km, o Tâmega nasce a Norte de Monterrey (Verin), na província de Orense e desagua no rio Douro, ao largo da localidade de Entreos-Rios. O rio Olo, com cerca de 43 km de comprimento, nasce na Serra do Alvão, em Cabeça de Tamões, a NE da aldeia de Lamas de Olo, entrando no Tâmega perto da localidade de Gatão, já no concelho de Amarante. O seu perfil longitudinal caracteriza-se pela existência dum patamar superior granítico com

maiores pendores e vales abertos e um bloco inferior com um perfil de inclinação mais suave, onde os vales são mais encaixados. No município de Mondim de Basto, o Olo tem como afluentes principais a Ribeira de Fervença, o Ribeiro do Corisco, o Ribeiro do Tapado, a Ribeira das Forcadas, o Ribeiro do Vale Longo e a Ribeira da Fonte Pequena. O rio Cabril, com cerca de 14 km de extensão e 62,4 Km2 de área de bacia, nasce na serra de Ordens, junto do lugar de Macieira (Ribeira de Pena) entrando no Tâmega, no sítio de Soutelo, a Sul da vila de Mondim. Da nascente até ao sítio das Mestras, onde engrossa ao receber as águas do seu afluente, o Cabrão, corre por Travassos, Bilhó e Vila Chã fertilizando os solos agrícolas e movendo as dezenas de rodas de moinhos hoje praticamente abandonados. O rio Cabrão, seu principal afluente da margem esquerda, nasce na mesma serra, no sítio do Pregal, sendo caracterizado pelo caudal moderado no estio e muito arrebatado no período invernal.

10. Rio Olo, nas Fisgas de Ermelo

9. Mapa hidrográfico de Mondim de Basto

19


António Pereira Dinis

3.5. Solos e vegetação A região está ocupada maioritariamente por incultos e floresta, sendo reduzida a área adstrita à agricultura, a qual é praticada, maioritariamente, em espaços dominados por cambissolos húmicos, muito ácidos e de fertilidade natural reduzida, tendo o homem um papel fundamental na adequação destes solos franco-arenosos em solos com grande potencialidade produtiva, basicamente incorporando-lhe matéria orgânica e organizando um processo adequado de distribuição de água. O território está integrado na zona fitoclimática Mediterrâneo-Atlântica, caracterizada por uma silva climácica constituída por Castanheiro (Castanea sativa), Pinheiro bravo (Pinus pinaster ssp atlantica), Pinheiro manso (Pinus pinea), Carvalho alvarinho

(Quercus robur) e Sobreiro (Quercus suber). Uma grande parte da superfície florestal está coberta, sobretudo, de pinheiro bravo formando manchas contínuas, por vezes de grandes dimensões. Na zona do Alvão mantêm-se alguns povoamentos de pinheiro silvestre e de vidoeiro, resultantes das acções de arborização das décadas de 1950-60, no âmbito do “Plano de Povoamento Florestal” do Estado Novo. Em sub-bosque crescem quase exclusivamente fetos e diferentes espécies de tojo (especialmente Ulex europaeus e Ulex minor). Esporadicamente, aparecem outras plantas indicadoras da degeneração do meio natural, particularmente as urzes (Erica arborea, Erica tetralix, Erica cf. umbellata) e a carqueja (Pterospartum tridentatum).

11. Mapa do uso do solo em Mondim de Basto

20


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

Os carvalhais surgem nas imediações das áreas cultivadas, fragmentados e com pequena extensão, formando bosques-ilha ou bosques de bordadura em torno daquelas áreas. Distinguem-se diversos agrupamentos florísticos em função da latitude e da topografia, distribuídos por diversos núcleos. Nos pisos superiores estes bosques são dominados por carvalho alvarinho (Quercus robur) e carvalho negral (Q. pyrenaica), estando neles presente, também, o vidoeiro (Betula alba). A vegetação ribeirinha, formando faixas descontínuas, é constituída a nível arbóreo por amieiro (Alnus glutinosa), vidoeiro (Betula alba), freixo (Fraxinus angustifolia), e várias espécies de carvalho. Ao nível arbustivo são frequentes os salgueiros (Salix atrocinerea a S.salvifolia), a urze branca (Eri-

12. Paisagem agrícola, em Bobal

ca arbórea), o abrunheiro bravo (Prunus spinosa) e o pilriteiro (Crataegus monogyna). As margens são revestidas por uma densa vegetação herbácea constituída por espécies comuns à flora dos prados de lima e por fetos frondosos que vegetam nos locais mais sombrios. Algumas manchas de azevinho (Ilex aquifolium), e de medronheiro (Arbutus unedo), são marcas residuais do coberto vegetal do passado. O primeiro encontra hoje as condições ecológicas mais propícias no sub-bosque dos carvalhais caducifólios, sendo frequente nalguns bosques do Parque do Alvão. O medronheiro, tal como o sobreiro, prefere as vertentes termófilas, encontrando-se nos vales do Olo e do Fervença, sob a influência mediterrânica dos níveis basais da bacia do Tâmega.

13. Resquícios da floresta primitiva, sobre a ribeira de Fervença

14. Conjunto de pilriteiros, junto às silhas de Requeixo, em Pardelhas

21


22


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

4. A investigação arqueológica em Mondim de Basto – nótulas para a sua história Apesar de possuir um património relevante, Mondim de Basto esteve praticamente apartado da investigação arqueológica até à década de 1980, facto que se traduziu na escassa bibliografia produzida, a qual se resume a dois títulos dados à estampa nos finais do século XIX. Trata-se de duas nótulas da autoria de Henrique Botelho, publicadas em 1897 no Archeologo Portugues (n.º 3, p. 69), uma dedicada ao Castro de Vilar de Viando e outra sobre duas sepulturas de tijolos, aparecidas no sopé do Monte Farinha, perto da aldeia de Sobreira de Atei. E, no entanto, desde o século XVIII que alguns sítios arqueológicos eram postos em destaque, particularmente os montes junto do Alto da Senhora da Graça, onde se presumia a existência de uma cidade antiga, de nome Cininia ou Cinânia, residência de romanos ou de mouros, cujas ruínas o povo vasculhava em busca de míticos tesouros, comportamento retratado pelo abade de Vilar de Ferreiros nas respostas ao inquérito que lhe foi solicitado pela Academia Real de História. Com data de Fevereiro de 1758, o Pe. Manuel Paulo da Silva Pereira e Queirós escreveu: “(…) o Oiteiro dos Palhaços, no alto do qual há hum valle espaçozo chamado o Recham dos Mouros, no qual se descobrem vestígios de que houve cazas e algumas covas e tijolos de huma grossura extraordinária. E hé tradição vulgar que ali fora povoação dos Mouros, o que tem dado occazião a muita gente cega às luzes da rezao e ambecioza dos bens da fortuna a persuadir-se que ali há minas e thezouros. E na deligencia de descobri-los tem desenterrado tanta pedra que bem chegara para a formação de huma cidade. E por mais que as justiças cuidem em impedi-los vem de partes distantes duas vezes cegos às luzes da rezao e da experiência.”. Custa-nos a crer que durante a “excursão” que

Henrique Botelho fez a Mondim de Basto não tivesse ido ver as ruínas existentes junto da Senhora da Graça ou pelo menos sido informado das lendas alusivas ao local, tanto mais que em 1896, no número 2 da mesma revista (p. 64), A. Mesquita de Figueiredo tinha transcrito a informação do “Diccionario Geographico de Cardoso”, alusiva ao monte dos Palhaços, a qual referia que “(…) no qual (monte) se achao vestígios de grandes edifícios, que dizem ser dos Mouros, ou Romanos, e nestas ruínas está uma cava estreita na boca, e tapada com pedras, pela qual se entra em huma estrada falsa, que corre pela imminencia do monte a baixo, a qual vay sair ao rio Tamega em hum sitio despenhado, aonde chamao o Furaco, o qual se vê somente quando o rio leva menos agua, e terá de comprimento esta estrada légua e meya; e dizem que deitando-se alguns animaes vivos foram sahir ao rio Tâmega.”. A curiosidade popular sobre o monte dos Palhaços e a mina dos Mouros, ainda hoje bem presente entre os mondinenses, terá sido a mola impulsionadora das escavações levadas a cabo no Alto dos Palhacinhos, nos finais dos anos 60, do século XX, pelo Juíz Desembargador Dr. Joaquim da Graça Ferreira de Matos Pinto Coelho, acção que ficou registada numa inscrição gravada num penedo granítico na área adjacente às sondagens, que diz “EXPLORAÇÃO 1968”. Supomos que o “Relatório feito ao Senhor Director Geral do Ensino Superior e das Belas Artes dos vestígios arqueológicos no Alto dos Palhaços”, documento particular, sem data, transcrito por LOPES (2000, 472-475) terá sido redigido pelo autor daquelas escavações, como registo dos trabalhos então realizados. A alusão ao aparecimento de tegulae, restos de ferro e fragmentos de vidro “um tanto esverdeado” está em sintonia com o espólio depo-

23


António Pereira Dinis

sitado na Câmara Municipal de Mondim de Basto, colocado numa caixinha de madeira, devidamente etiquetada, contendo fragmentos de vidro e de cerâmica, de cronologia tardo-romana e alto-medieval.

15. Vaso de cerâmica alto-medieval, do Alto dos Palhacinhos

Depois desta primeira abordagem arqueológica, fundamentada na curiosidade de uma figura relevante da sociedade mondinense, é preciso aguardar pela década de 1980, momento em que arrancam os trabalhos arqueológicos cientificamente programados, em articulação com o plano nacional de inventariação dos bens arqueológicos. Efectivamente, foi em Março de 1983, em resposta a uma solicitação do Dr. Francisco Sande Lemos, Director do SRAZN (Serviço Regional de Arqueologia da Zona Norte),

que o autor desta obra, então docente na Escola Secundária de Mondim de Basto, conjuntamente com Francisco Queiroga deram início ao Levantamento Arqueológico de Mondim de Basto, projecto de inventariação, estudo e salvaguarda do seu património arqueológico. Durante esse ano, a par da selecção e análise da cartografia e da bibliografia alusivas ao concelho, desenvolveram-se os primeiros trabalhos no terreno, nas freguesias de Atei, Mondim de Basto e Vilar de Ferreiros e foi lançado um questionário para recolha da toponímia, lendas e notícias de cariz arqueológico, distribuído por todo o território municipal e dirigido aos párocos, presidentes das juntas de freguesia, professores primários e população em geral, preferencialmente os habitantes mais idosos dos lugares. Como corolário desta acção, recolheram-se 61 questionários preenchidos por residentes dos 37 lugares identificados no Quadro 1, situação que prefigura uma cobertura bastante alargada das 8 freguesias do concelho. Relativamente ao conteúdo, tal como se pode ver no Quadro 2, os questionários elencam 81 topónimos de cariz arqueológico, fazem referência explícita aos mouros em 35% dos casos, quer associando o termo mouros à designação do sítio (16 casos), quer relacionando-os com materialidades “existentes” nos locais apontados (12 casos).

Quadro 1. Distribuição geográfica dos questionários respondidos FREGUESIA

LUGARES

ATEI (15 questionários)

Atei; Bairro Novo; Brumela; Carreira; Cruz; Igreja; Maceira; Parada; Póvoa; Praça; Sobreira; Suidros

BILHÓ (17 questionários)

Anta; Bilhó; Bobal; Cavernelhe; Fojo; Pioledo; Travassos; Vila Chã

CAMPANHÓ (4 questionários)

Campanhó; Tejão

ERMELO (8 questionários)

Barreiro; Ermelo; Fervença; Ponte de Olo; Varzigueto

MONDIM DE BASTO (7 questionários)

Alto da Corda; Mondim de Basto; Pedravedra; Pousadouro; Vilar de Viando

PARADANÇA (2 questionários)

Paradança

PARDELHAS (1 questionário)

Pardelhas

VILAR DE FERREIROS (3 questionários)

Cimo de Vila; Vilar; Vilarinho

24


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

Quadro 2. Conteúdo dos questionários recolhidos na década de 1980 TOPÓNIMO

FREGUESIA

REFERÊNCIA

Aguincheira

Mondim de Basto

Apareceram vasos de cerâmica

Alto da Rebedeira

Bilhó

Muros e gruta dos mouros

Alto da Toutuça

Bilhó

Talha de ouro

Alto de Terreiros

Campanhó

Lenda de mouros

Anta

Paradança

Antas

Bilhó

Buraca da Moura

Pardelhas

Buraquinho das Pedras

Campanhó

Cabaninhas

Vilar de Ferreiros

Calhau da Douva

Mondim de Basto

Pedras ao alto com tampa Muros grandes

Calhau da Raposa

Mondim de Basto

Calhau dos Mouros

Bilhó

Casa dos Mouros

Bilhó

Casicas

Vilar de Ferreiros

Casinha dos Mouros

Vilar de Ferreiros

Castelares

Vilar de Ferreiros

Castelo

Atei; Bilhó; Ermelo

Castralheiras

Bilhó

Castrelos

Ermelo

Castro

Atei; Mondim de Basto

Cebidaia

Atei

Cerca

Atei

Libras de ouro

Cercas dos Mouros

Vilar de Ferreiros

Chão da Vessada

Bilhó

Estiveram lá os mouros

Chão das casas

Pardelhas

Pedras dos mouros

Cidadelha

Vilar de Ferreiros

Costa da Forca

Ermelo

Couto dos Mouros

Bilhó

Cova dos Mouros

Vilar de Ferreiros

Crastelo

Ermelo

Vestígios arqueológicos

Crasto

Bilhó

Curral dos Mouros

Bilhó

Eira dos Mouros

Atei

Eira dos Mouros

Paradança

Os mouros deixaram lá um tesouro

Fonte da Grade

Campanhó

Grade de ouro

Fonte do Bustelo

Mondim de Basto

Fornos dos Mouros

Ermelo

Igreja dos Mouros

Atei

Lapa Longa

Campanhó

Marra

Ermelo

Medorno

Atei; Campanhó

Meija Velha

Paradança

Buraco na fraga

Pedras com desenhos dos mouros

25


António Pereira Dinis

TOPÓNIMO

FREGUESIA

Meroiço

Atei

Merouço

Bilhó; Ermelo

Mesquita

Atei

Vestígios de muros e casas

Mina dos Fortes

Ermelo

Ligada aos mouros

Mina dos Mouros

Vilar de Ferreiros

Muralha destruída

Mogo

Bilhó

Monte Crasto

Ermelo

Viveram lá os mouros

Monte da Pena

Bilhó

Muros de casas

Muradal

Ermelo

Muralha

Mondim de Basto; Vilar de Ferreiros

Muro

Bilhó; Ermelo; Vilar de Ferreiros

Padronelo

Ermelo

Pala

Ermelo

Palhais

Atei

Paredes

Vilar de Ferreiros

Pedra de Arca ou Orca

Vilar de Ferreiros

Pedras Seladas

Atei

Penedo da Moura

Atei

Penedo do Mouro ou do Gato

Bilhó

Penedo do Touro

Ermelo

Penedo dos Pombos

Paradança

Penedo Longo

Bilhó

Poço dos Mouros

Bilhó

REFERÊNCIA

Vestígios de muros e casas

Tem cruzes e desenhos dos mouros Tipo de uma casinha com dois pilares

Praina de Linhar

Ermelo

Muros antigos de casas dos mouros

Praina de S. Paulo

Mondim de Basto

Aparece cerâmica amarelada

Quenchosinhos

Bilhó

Forja e ferramentas dos mouros

Remunhos

Mondim de Basto

Ribeiro do Muro

Campanhó

Ribeiro dos Fornos

Campanhó

Vale dos Geravases

Ermelo

Muros arredondados dos mouros

Veiga Nova

Bilhó

Aparecem pedaços de telha

No ano de 1984, já munidos das respostas de alguns questionários, acentuaram-se as acções de prospecção nas freguesias de Mondim de Basto, Bilhó, Ermelo e Paradança e realizou-se o I Campo de Trabalho do Crastoeiro, importante sítio Proto-histórico entretanto descoberto. Com a participação de 16 jovens e o apoio da Câmara Municipal e do FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis), os trabalhos consistiram na limpeza do mato que cobria a estação arqueológica, reconhecimento das suas muralhas e outras estruturas pétreas, recolha de materiais

26

de superfície e registo fotográfico de um conjunto de penedos gravados com círculos concêntricos associados a covinhas e outros motivos, identificados no decurso da actividade. A partir de 1985 e até 1987 o Crastoeiro passou a centralizar a investigação arqueológica desenvolvida no município, agora integrada num projecto submetido à aprovação do IPPC (Instituto Português do Património Cultural), designado “Contribuição para o conhecimento da Proto-História da Bacia Média do Tâmega”, sob a nossa responsabilidade científi-


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

ca. Escavações arqueológicas passam a realizar-se anualmente e publicam-se pequenas notas com os resultados dos trabalhos na revista daquele Instituto, a “Informação Arqueológica”. Interrompidos os trabalhos no Crastoeiro durante uma década, devido à interdição do proprietário do terreno, só em 1997 é que se realizou a IV campanha de escavações, por solicitação da autarquia, resolvendo-se nessa altura o impasse anterior através da compra do imóvel pela Câmara Municipal. Foi nesse intervalo de tempo que surgiu o I Plano Director Municipal de Mondim de Basto (1992), com um capítulo dedicado à arqueologia formatado com os dados constantes nas fichas de inventário arqueológico que havíamos realizado anteriormente, as quais estavam depositadas nos arquivos da Câmara Municipal, e que se divulgaram os resultados da investigação do Crastoeiro, num fórum científico organizado pela PROBASTO e realizado, em Março de 1993, em Celorico de Basto (I Encontro do Património Cultural de Basto), cujas actas, infelizmente, nunca chegaram a ser publicadas. Com o retomar dos trabalhos em 1997, deu-se inicio à 2.ª fase de investigação arqueológica no concelho, agora enquadrada no projecto denominado “O Castro do Crastoeiro no Contexto do Povoamento Proto-Histórico da Bacia Média do Tâmega”, aprovado e financiado pelo IPA (Instituto Português de Arqueologia), organismo entretanto constituído para tutelar os trabalhos arqueológicos. Com este novo projecto pretendia-se acentuar a problemática da conservação e valorização do Crastoeiro, continuar a estudar este sítio a par do povoamento proto-histórico da região e introduzir uma nova linha de pesquisa sobre a exploração mineira e práticas metalúrgicas no concelho, em conformidade com as referências históricas, particularmente as que se relacionam com as ferrarias. Esta abordagem arqueológica integrou o MetNOR, projecto multidisciplinar de âmbito regional que se propunha estudar a paleometalurgia do Norte de Portugal. Esta parceria permitiu aceder a um programa de análises por espectrometria de fluorescência de raios X, tendo-se efectuado a caracterização química de dois objectos arqueológicos do Crastoeiro e de sete amostras de escórias férricas, provenientes do Crastoeiro, do Alto da Rebedeira e da Fonte do Trigo, sendo estas as únicas análises paleometalúrgicas realizadas no concelho.

Foi ainda nesta fase que se prepararam os processos de classificação do Crastoeiro e da Estação Rupestre de Campelo, medidas de prevenção indispensáveis à protecção e salvaguarda daqueles sítios, perante a ameaça do avanço das pedreiras locais. Entre 1996 e 2000, Mondim de Basto foi tema de três publicações, da autoria de Eduardo Teixeira Lopes, obras que desenvolveram uma vertente de investigação ainda não explorada, apoiada no estudo da documentação manuscrita, dispersa por vários arquivos do país, cujo conteúdo é fulcral ao entendimento da história do município. Em 2001 saiu a lume a obra “O povoado da Idade do Ferro do Crastoeiro (Mondim de Basto, Norte de Portugal), livro que divulga toda a informação acumulada nos projectos arqueológicos até então desenvolvidos e obra de referência pela profundidade e abrangência dos estudos publicados que abarcam para além dos aspectos arquitectónicos e ergológicos os campos da antracologia, da paleocarpologia e da arte rupestre. Com a entrada do novo milénio e particularmente nos últimos anos, multiplicou-se a actividade arqueológica no concelho, pois além das acções plurianuais de investigação programada, desenvolvidas no seguimento dos projectos das décadas de 1980 e 1990, aparecem agora muitos trabalhos de campo motivados por estudos de impacte ambiental e, mais recentemente, aconteceu a primeira acção de avaliação prévia cautelar a anteceder a realização de uma obra de construção situada na área de protecção de um imóvel classificado, no centro histórico de Mondim. Em relação à investigação arqueológica, deu-se início em 2005 ao projecto “Estudo e valorização do Património Arqueológico da vertente oeste do Monte da Senhora da Graça”, aprovado e financiado pelo IPA / IGESPAR, no âmbito do qual se alargaram as escavações às estações Rupestres de Campelo e da Boucinha e à Rechã dos Mouros, no Alto dos Palhacinhos e se incrementaram as prospecções no terreno orientadas especialmente para a detecção de sítios com arte rupestre, em consonância com as necessidades decorrentes da actualização da Carta Arqueológica, no âmbito da revisão do Plano Director Municipal, em processo de execução pela edilidade. Foi neste contexto que se lançou um novo questionário arqueológico em Campanhó, Ermelo, Paradança e Pardelhas, freguesias até então menos prospecta-

27


António Pereira Dinis

16. Observação nocturna das gravuras rupestres de Campelo

17. Visita de Richard Bradley a Mondim de Basto

18. Apresentação de comunicação no VI Congresso Mundial de Arqueologia, em Dublin

28

das e pior conhecidas, num processo que implicou jovens escuteiros do CNE, com o intuito de envolver a comunidade jovem na identificação do património do seu concelho. Associada a este novo projecto acentuou-se, também, a vertente da divulgação, utilizando-se as novas tecnologias de informação e comunicação a par do acompanhamento de visitas aos locais arqueológicos e da participação em eventos quer restritos à localidade quer de âmbito nacional, europeu e mundial. Assim, a investigação arqueológica de Mondim de Basto passou a estar presente na Internet, a ser tema de apresentações locais, a figurar no programa de alguns fóruns científicos e a constar no índice de publicações relevantes no universo da arqueologia. Destaca-se a visita em 2008, do professor Richard Bradley, da Universidade de Reading (Reino Unido), especialista em arte rupestre europeia, aos sítios com arte rupestre de Mondim de Basto, a participação no IV Congresso Nacional de Geomorfologia, realizado em Braga, em 2008, e as apresentações no 12th Annual Meeting da EAA (European Association of Archaeologists), realizado em Cracóvia (Polónia) em 2006 e no WAC – 6 (Sixth World Archaeological Congress), realizado em Dublin (Irlanda), em 2008, assim como a publicação de um artigo no n.º 28 da Gallaecia, revista de “Arqueoloxía e Antiguidade” da Universidade de Santiago de Compostela. Os trabalhos de campo motivados por estudos de impacte ambiental estiveram relacionados com processos de legalização de pedreiras existentes no Município, com a construção do sublanço Basto-Ribeira de Pena da A7, que atravessou o concelho de Mondim de Basto na freguesia de Atei e com a implantação de Parques Eólicos no maciço montanhoso Alvão-Marão. Embora com resultados desiguais, pela especificidade das áreas de incidência dos trabalhos, estas situações configuram uma nova realidade da actividade arqueológica municipal cujo registo não podemos deixar de assinalar. Por último há que referir a realização de escavações em três edifícios pertencentes à Santa Casa da Misericórdia de Mondim de Basto, localizados na área de protecção da Capela do Senhor, operação realizada em contexto de arqueologia comercial mas com grande significado pedagógico no âmbito do estudo e salvaguarda do património, em geral e do arqueológico, em particular.


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

5. As Marcas da ocupação humana

– Os primeiros povoadores A investigação arqueológica desenvolvida na área do concelho de Mondim de Basto, ao longo do último quartel, não forneceu quaisquer achados do período mais antigo da Pré-história, o Paleolítico, período que compreende vários milhares de anos e que é reconhecido pela utensilagem de pedra lascada, genericamente relacionada com as práticas de caça e pelas manifestações de arte rupestre, bem representadas no Norte de Portugal pelos exemplares de Foz Côa. No entanto, a falta de artefactos e de gravuras ou pinturas, compagináveis com o Paleolítico, poderá significar apenas a insuficiência do trabalho de campo, afigurando-se a existência na região de grutas e abrigos como uma vertente a explorar, sabendo-se que este tipo de sítios era procurado para guarida temporária, por grupos de caçadores-recolectores. A este propósito, convém relevar dois sítios com características que indiciam algum potencial, concretamente a Gruta do Coto, integrada num contexto calcário na freguesia de Campanhó, e a Lapa do Urso, na freguesia de Ermelo, localizada em ambiência adequada às práticas venatórias. A sugestiva toponímia e a existência da Silha do Fontão a poucas dezenas de metros, não pode deixar de nos lembrar a primitiva função deste tipo de estruturas, ou seja a defesa dos enxames do seu maior predador, o urso ibérico. Um outro abrigo, existente perto do Ribeiro do Batoco, na freguesia de Bilhó, pelas reduzidas dimensões e pelas evidências arqueológicas da sua envolvente poderá já conectar-se com a fase em que se processa a domesticação da terra e dos animais, isto é com o Neolítico. Efectivamente, é nos planaltos que iremos encontrar as ocupações mais antigas reconhecidas no território municipal, materializadas em alguns monumentos sub tumuli, popularmente

designados por antas, arcas e mamoas, que deverão corresponder a marcas de apropriação de um espaço, em articulação com as primeiras práticas de economia de subsistência assentes na produção agrícola e na criação de gado, ainda que com pervivência da caça e da recolecção de frutos espontâneos da natureza, processo que se situa, para o Norte de Portugal, entre o V e o IV milénio AC. Com excepção da mamoa do Senhor do Monte, nas proximidades de Paradança, implantada à altitude de 384 m, numa relação de maior proximidade aos solos da zona de vale, todos os outros monumentos identificados estão implantados em altiplanos, em zonas mais vocacionadas para a prática da pastorícia. Referimo-nos à mamoa do Vale Grande, à do Outeiro Escaleira, às de Gevancas e à de Bentozelo, todas na freguesia de Bilhó, implantadas respectivamente à altitude de 1255 m, 1272 m, 1150 m e 940 m e às do Campo do Seixo, localizadas na freguesia de Atei, à altitude de 815 m. Embora os trabalhos de campo desenvolvidos nos últimos três anos tenham feito aumentar, consideravelmente, o total de evidências megalíticas no concelho, estamos em crer que no passado o número de monumentos possa ter sido bem maior, considerando a riqueza de alguns núcleos próximos a Mondim de Basto, de que destacámos os da Serra da Lameira (Celorico de Basto – Fafe) e os da zona de Carrazedo e Lixa do Alvão (Vila Pouca de Aguiar). No Norte do país multiplicam-se as situações de destruição de monumentos megalíticos, tanto pela intensificação da agricultura como pelo alargamento da área florestada, ficando como única memória da sua existência um microtopónimo sugestivo. Poderá ser esta a explicação para a presença, na freguesia de Bilhó, do topónimo Anta (aldeia de) e, na freguesia de Pa-

29


António Pereira Dinis

radança, do topónimo Portela das Antas, sabendo-se que tanto num caso como no outro os monumentos mais próximos que se conhecem localizam-se a uma distância considerável.

Quadro 3. Toponímia megalítica identificada em Mondim de Basto FREGUESIA

TOPÓNIMO

Atei

Pedra Alta

Bilhó

Alto das Antas

Bilhó

Anta

Bilhó

Mamoalta

Bilhó

Ribeiro da Portela de Antas

Ermelo

Mamoela

Mondim de Basto

Pedravedra

Paradança

Antas

Paradança

Portela de Anta

Recentemente, identificámos um pequeno abrigo, junto do caminho que desce do Campo do Seixo para a povoação do Bezerral, na freguesia de Vilar de Ferreiros, integrado em ambiência agrícola, com lameiros para pasto do gado regados por um engenho adjacente a uma poça de água. As particularidades tipológicas deste abrigo, merecem-nos uma reflexão, dadas as semelhanças com construções megalíticas que desconhecemos no concelho. Coberto por uma grande laje granítica que é sustentada, frontalmente por um possante esteio, esta estrutura sugere a apropriação de uma pré-existência dolménica, num processo com paralelos noutras regiões do país. Ainda dentro do Neolítico não podemos deixar de referir a Pedra Alta, na freguesia de Atei, monumento localizado a 740 m, na vertente Norte do monte da Senhora da Graça. Esta espécie de menir, verdadeira marca de território orientada ao festo dos montes e à zona de planalto do Campo do Seixo, onde existe a já referida necrópole megalítica, apresenta duas gravuras, em baixo relevo, uma em forma de meia lua, no quarto crescente e outra representando um possível machado encabado, ambas reforçando a cronologia proposta. – A arte rupestre Contemporâneos da fase final do megalitismo, embora discutível a sua eventual correlação, existem

30

na região alguns sítios, provavelmente santuários rupestres e/ou povoados de ar livre, com gravuras de temática abstracta, integráveis no universo da arte atlântica aos quais se poderão associar cerâmicas decoradas, vulgarmente designadas de “tipo Penha”, pela semelhança com as cerâmicas encontradas na estação epónima, do concelho de Guimarães. Estes sítios vêm sendo associados a comunidades calcolíticas, entendidas num sentido amplo, pois tanto podem contemplar populações que conheciam o metal como as que o manuseavam, demonstrando, no entanto, o progressivo desenvolvimento económico de algumas comunidades, atestado pela introdução de uma nova série de artefactos de prestígio. Situados em pequenas plataformas da vertente média/baixa do Monte da Senhora da Graça, entre as cotas 420 m e 445 m, destacamos pela sua monumentalidade os sítios com arte rupestre de Campelo e do Crastoeiro. O primeiro integra três afloramentos de granito, gravados por picotagem e abrasão, com motivos decorativos abstractos, sendo um deles de grandes dimensões mas relativamente ocultado por pequenos outeiros que o rodeiam. Apresenta, como particularidade, uma superfície bastante irregular, marcada por relevos e fendas, estando a face superior preenchida com uma organização compositiva muito complexa, a qual integra as irregularidades da rocha na própria configuração das gravuras. A menos de 100 m para Sul deste sítio, em prospecções recentes, identificaram-se dois novos afloramentos, tendo

19. Motivos gravados na Rocha 1, do Complexo II do Crastoeiro


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

um deles grande profusão de covinhas gravadas, a par de outros motivos abstractos. Embora a área imediata ao sítio arqueológico de Campelo tenha sido prospectada sistematicamente, não foram encontradas marcas arqueológicas para além das gravuras rupestres. Esta situação poderá estar relacionada com a hipotética destruição das evidências arqueológicas, devido à laboração de uma pedreira nas proximidades. Sabemos, por relatos de pedreiros que trabalham no local, que há cerca de 15 anos teriam aparecido, na Pedreira de Campelo, perto das gravuras, três machados, em pedra polida, de reduzidas dimensões, provavelmente de carácter deposicional. Observámos um deles, subrectangular, com secção ovalada e extremidades arredondadas, tendo o gume afiado e aparentemente sem utilização, com 9 cm de comprimento e 3 cm de largura, no gume, propriedade de Agostinho Oliveira, morador em Fermil de Basto. Todavia, pela relativa proximidade a que se encontram, pouco mais de 1 000 metros deste local para Noroeste, poderemos conectar as gravuras de Campelo com o sítio da Sobreira, em Atei, implantado perto do vale, numa zona bem irrigada, à cota de 310 m, numa colina pouco destacada na paisagem mas bem exposta a poente. Aqui, foi recolhido diverso material lítico e cerâmico, cronologicamente inserível no Calcolítico regional, salientando-se uma raspadeira de quartzo, seixos de quartzito afeiçoados numa das extremidades, um percutor e parte de um polidor subrectangular, em quartzito, assim como um conjunto cerâmico que integra um fabrico manual, grosseiro, e um outro com superfícies melhor cuidadas. No primeiro incluímos fragmentos com superfícies rugosas de cor castanha avermelhada, identificando-se algumas bases de fundo plano e decorações incisas, de “Tipo Penha”. O fabrico mais fino, onde se identificaram bordos esvasados com lábios arredondados, possui superfícies alisadas, especialmente a exterior que nalguns casos é polida, sendo a cor mais clara, beije ou castanha. A ocupação de pequenos outeiros, situados em zonas bem irrigadas, já no III-II milénios a.C. está também atestada na vila de Mondim, num local sobranceiro à ribeira do Valinho, de acordo com a evidência arqueológica recolhida na Rua das Lajes. Na escavação da casa n.º 1 daquela rua, identificou-se uma camada arqueológica com materiais cerâmicos pré-históricos, alguns com decoração incisa, que po-

derão ter deslizado da zona mais elevada denominada Outeiro. Relativamente ao Crastoeiro, implantado à altitude de 445 m, num pequeno morro que se destaca na vertente Sudoeste do Monte Farinha, sobranceiro ao vale da ribeira de Campos onde pontuam terrenos de cultivo bem irrigados, a sua ocupação mais antiga, cronologicamente atribuível ao Calcolítico, está materializada por um conjunto notável de afloramentos graníticos com gravuras abstractas realizadas pela técnica da picotagem e abrasão. Até ao momento, foram identificadas cinco dezenas de rochas com gravuras, agrupando-se em diversos conjuntos que delimitam espaços, organizando diferentes recintos. Uma ponta de seta e um pequeno fragmento de cerâmica de “tipo Penha”, encontrado nas proximidades de um dos complexos de arte rupestre aí existentes, conjuntamente com quatro fragmentos, tecnologicamente inseríveis na Idade do Bronze, exumados nas imediações das gravuras poderão constituir indicadores da frequência deste local, durante estes períodos. Ainda insuficientemente estudadas face à sua recente descoberta e não dispondo de elementos que possam afinar a sua cronologia, para além da identificação de um dos motivos mais repetidos nesta arte, as covinhas, que se admite sejam correlacionáveis com a Pré-história, não poderemos deixar de referenciar um conjunto de sítios com gravuras rupestres, a maioria deles a precisar de prospecção cuidada à sua

20. Cerâmica calcolítica do Crastoeiro (reconstituição da forma)

31


António Pereira Dinis

área envolvente, no sentido de contextualizar e precisar o seu âmbito cronológico. Na freguesia de Atei identificámos os sítios de Carvalhos e Campo do Seixo, cada um deles com duas covinhas gravadas num afloramento. Enquanto as gravuras de Carvalhos, pela proximidade, poderão estar relacionadas com o sítio calcolítico de Sobreira, as gravuras de Campo de Seixo estão junto de uma necrópole megalítica, relacionando-se eventualmente com esta. Situação semelhante poderá ser considerada na freguesia de Bilhó, nas Gevancas, onde ocorrem afloramentos de granito com alinhamentos de covinhas, perto das mamoas aí existentes. Ainda nesta freguesia, identificámos o sítio de Penedo das Pias, próximo da aldeia de Bobal, constituído por um afloramento granítico, de dimensões consideráveis, implantado no rebordo de uma área aplanada, voltada ao rio Cabril, tendo no topo quatro covinhas e três motivos, de reduzidas dimensões e pouco perceptíveis, que indiciam um cruciforme, um reticulado e um ziguezague. Na freguesia de Mondim de Basto registam-se seis sítios com gravuras, Pegadinhas, Quinta da Laje, Fraga do Ribeiro do Vale, Chavelha, Laje e Fraguinha. Para além das covinhas assinala-se a possível existência de um antropomorfo, na Quinta das Lajes e um zoomorfo, na Chavelha. É de assinalar que alguns destes sítios associam cruciformes numa provável cristianização dos locais. Finalmente, na freguesia de Paradança, registam-se as gravuras de Boucinha, distribuídas pela superfície de três afloramentos de granito, um com covinhas, outro com dois motivos em fi e o último, de grandes dimensões, concentrando no topo e na metade do lado nascente diversas gravuras, aparentemente formando conjuntos, reconhecendo-se covinhas, motivos rectangulares, circulares e em fi. Também nesta estação de arte rupestre, a presença de alguns cruciformes sugere a cristianização do sítio. Prospecções realizadas, recentemente, na envolvência destes afloramentos fizeram aumentar as ocorrências de arte rupestre na freguesia de Paradança. Efectivamente, contamos agora com mais sete estações, gravadas com covinhas, devendo ser relevada uma rocha atravessada por um filão de granito mais fino, no qual estão representadas mais de 40 covinhas, agrupadas em conjuntos de número variável. Apesar do abstraccionismo dos símbolos presentes nos sítios atrás enumerados, a sua disposição no

32

21. Gravuras rupestres da Rocha 1 da Boucinha, em Paradança

espaço em proximidade com os vales e a orientação das gravuras nos suportes onde foram registadas, parecem sugerir que estes lugares se conectam com cosmologias solares e lunares e com a água, sempre presente nas imediações destes sítios, elementos vitais da natureza, cujos ciclos (sol e lua) são essenciais nos ritmos de fertilidade humana, animal e agrícola, simbologia consonante com o processo de consolidação do sistema agro-silvo-pastoril. – A ocupação do território entre a proto-história e a romanização A um quadro da ocupação pré-histórica bastante acrescentado nestes últimos anos, segue-se o da Proto-história, melhor afinado com as prospecções e escavações entretanto realizadas. Reforçada a prospecção de campo em alguns sítios considerados duvidosos, foram ultrapassadas as reservas colocadas à integração crono-tipológica de alguns sítios cuja toponímia, tradição oral, características topográficas e relação com o meio envolvente eram bastante coerentes com um modelo de ocupação em altura da Idade do Bronze e da Idade do Ferro, mas onde não se identificavam evidências inequívocas de estruturas ou vestígios de cultura material, particularmente de cerâmicas. Neste contexto, assumimos agora uma ocupação proto-histórica para o Monte Crasto, em Ermelo, para o Alto do Crespo, em Atei e para a Eira dos Mouros, em Paradança, mas não para a Garganta dos Palhaços, onde os trabalhos de campo realizados no verão de 2009 não demonstraram tal filiação. Se em relação ao Alto do Crespo ficou provada a


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

existência de um pronunciado talude e derrube de pedra de um hipotético muro defensivo, bem como de um recinto aplanado, onde se dispersam blocos de pedra, de dimensões variáveis, sugerindo terem integrado muros de construções, na Eira dos Mouros e no Monte Crasto recolheram-se cerâmicas, de pastas micáceas, reforçando-se, assim, a sua integração proto-histórica. Todavia, face aos resultados infrutíferos das batidas de campo que sistematicamente têm sido desenvolvidas nas áreas onde são apontados outros sítios, continuámos a manter muitas reservas em relação ao Alto da Toutuça, em Ermelo e ao Alto de Linhares, em Pardelhas, consideradas “estações castrejas” no inventário de SILVA (1986, 94), assim como em relação ao Castro de Vilar de Viando, em Mondim de Basto, apontado por Henrique Botelho nos finais do séc. XIX (BOTELHO 1897, 69), cuja localização continua problemática admitindo-se que possa até ter sido arrasado, pela florestação da zona e ao Castro de Carvalhais, em Atei, apenas referenciado por MEALHA et al. (1992, 40-41), no PDM de Mondim de Basto, de 1992. O achado de dois fragmentos de cerâmica, atribuíveis à Idade do Bronze Final, nas encostas dos Altos da Senhora da Piedade e da Senhora da Graça levanta a hipótese destes dois sítios, com características topográficas peculiares, terem sido também ocupados na Proto-história, facto que a comprovarse torna ainda mais densa a rede de ocupação do território municipal naquele período. Para além dos povoados já referidos haverá que considerar, ainda, o Alto da Cebidaia, em Atei, o Premurado I e, talvez, o Premurado II, em Vilar de Ferreiros, para além do Crastoeiro, na freguesia de Mondim de Basto, o único povoado onde se realizaram escavações sistemáticas desde a década de 1980. O Alto da Cebidaia, muito destruído pelas construções e pela agricultura, ocupa uma colina de baixa altitude e revela uma ocupação que se desenvolve até tardiamente, com moedas, tegulae e vidro a par de cerâmica de fabrico micáceo, mós circulares e fusaiolas de xisto. O Premurado I, ou Castro do Bezerral e o Premurado II, ambos na freguesia de Vilar de Ferreiros, ocupam outeiros pedregosos, com vertentes bastante íngremes dispondo de boas condições naturais de defesa. No primeiro identifica-se uma acrópole, com

cerca de 30 x 20 m, protegida por muro ciclópico, de aparelho irregular, e no lado voltado a E, sobranceiro à ribeira das Lajes, três plataformas, sustentadas por muros de contenção construídos com pedra, que servem igualmente de estrutura defensiva. Além dos troços de muralha identificaram-se estruturas de planta circular, que deverão corresponder a habitações, e recolheram-se mós circulares e fragmentos de cerâmica micácea, com superfícies alisadas. No segundo observaram-se derrubes de pedra, talvez de uma muralha e alinhamentos de estruturas, tendo sido recolhidos fragmentos de cerâmica grosseira, manual, de cor escura, com abundantes grãos de quartzo utilizados como desengordurante, características que poderão enquadrar o sítio na Época medieval, parecendo-nos pelas últimas observações haver algumas semelhanças deste sítio com os do Alto da Rebedeira, em Bilhó, onde encontrámos abundantes evidências de práticas metalúrgicas do ferro. Relativamente ao Crastoeiro, haverá que referir que só a partir do séc. IV a.C. (segundo datações radiométricas) o sítio passou a ser ocupado permanentemente. Numa primeira fase foram construídas cabanas em materiais perecíveis de que ficaram os restos de argila que consolidavam as paredes e os pavimentos em saibro muito compactado e abriramse fossas no saibro, eventualmente para conservação dos alimentos. Mais tarde, levanta-se uma muralha pétrea e as habitações evoluem para soluções em pedra, mais duradouras, se bem que a construção primitiva ainda se mantenha. O sítio deverá ter sido abandonado cerca do séc. I d.C., durante a Romanização, parecendo ter sido ainda reocupado na Idade Média. Os últimos trabalhos de escavação realizados, focalizados para as áreas onde ocorrem os complexos de arte rupestre mais espectaculares, mostraram uma clara articulação da vida do povoado da Idade do Ferro com estas materialidades mais antigas, numa clara apropriação ideológica do sítio, podendo ter sido conferidos novos sentidos, através da adição de outros motivos, nas rochas que circundam as principais. A ocupação romana da área concelhia é atestada não só pelos indicadores recolhidos em alguns dos povoados da Idade do Ferro atrás enumerados, com destaque para o Alto da Cebidaia mas, especialmente,

33


António Pereira Dinis

22. Estruturas cortadas na rocha e no saibro, no Crastoeiro

pelo conjunto de referências e achados de superfície que nos remetem para a exploração mais intensiva dos recursos naturais do território, concretamente os agrícolas, pela utilização das terras baixas marginais ao rio Tâmega e ao seu afluente, o Cabril e os mineiros, centrados na zona de montanha. A primeira estratégia reconhecida na ocupação de férteis solos aluviais, onde poderão ter sido implantadas villae ou casais, é atestada pela existência de um conjunto de sítios, identificados a partir da descoberta de lagares escavados na rocha e da recolha de materiais de construção, tegulae e imbrex dispersos pelos campos. Três destas estruturas escavadas nos afloramentos graníticos, identificadas nos sítios da Aguincheira, da Escusa e da Poça do Vale, nas imediações de Vilar de Viando (Mondim de Basto), chamam-nos a atenção para o conhecimento destas populações sobre as características edafo-climáticas da exploração vinícola. Implantadas na meia encosta, integram-se em áreas com excelente potencial para o cultivo da vinha, aliás em conformidade com a paisagem actual. Os lagares, imprescindíveis

34

no processo de transformação do vinho, apresentam uma tipologia muito comum constituída pelo lagar propriamente dito, de forma subrectangular, pouco profundo e com os rebordos pouco pronunciados, ligeiramente inclinado no sentido da lagareta, que possui dimensões mais reduzidas, profundidade variável e rebordo melhor definido, recebendo o líquido através de uma bica proeminente. As estruturas integram vários entalhes, de contorno rectangular e circular, relacionados com o sistema de prensagem, podendo alguns deles estar ligados a uma possível cobertura. Integrámos também neste período, talvez num momento mais tardio, a ocupação de quatro sítios, sobranceiros ao Tâmega na freguesia de Atei, onde foram recolhidos materiais cerâmicos, dispersos pelos campos, em áreas nem sempre fáceis de circunscrever. Trata-se dos sítios de Pombal, na Casa da Quinta, Medorno, em Brumela, Carvalhos, na Sobreira e, por último, Bouças, no Requeixo, onde poderá ter ocorrido o achado de duas sepulturas, subrectangulares, uma de adulto e outra de mulher ou criança, estruturadas com tijolos e tegulae, donde foram retirados além de ossos reduzidos a pó, duas lucernas, quatro vasos de cerâmica de pequenas dimensões e a ponta de uma espada e da sua bainha (BOTELHO 1897, 69). Informações orais recolhidas nos últimos trabalhos de campo puseram em evidência o aparecimen-

23. Lagar de vinho da Poça do Vale, em Vilar de Viando


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

to de um forno de cerâmica, no sopé do Alto da Cebidaia, reforçando a cronologia tardia apontada para a ocupação daquela área. – A relevância da mineração e da metalurgia, em Mondim de Basto A segunda estratégia, de exploração dos recursos mineiros, poderá explicar a ocupação da Garganta dos Palhaços, implantada a uma altitude superior aos 900 m, na divisão das freguesias de Atei e Vilar de Ferreiros. Aqui se vislumbra um enorme povoado, muito perturbado pela acção do homem, desde tempos imemoriais, com dois possantes muros defensivos, um do lado Norte e outro do lado Sul, e alinhamentos de pedra, circulares e rectangulares. Restos de escórias e fragmentos de tegulae e imbrex, juntamente com fragmentos de cerâmica comum romana e vidro são materiais importantes para atribuir a esta estação arqueológica uma filiação tardia, durante a Romanização, com pervivência na Alta Idade Média. A intervenção onde aqueles materiais foram exumados consta do Relatório feito ao Senhor Director Geral do Ensino Superior e das Belas Artes dos vestígios arqueológicos no Alto dos Palhaços (transcrito por LOPES 2000, 472-475). A descrição refere a certo ponto (…) Aí veem-se também ruínas de construções. Numa delas voltada a norte, feita escavação superficial foi posto a descoberto o que terá sido o lageado do seu chão. (…) dentro do perímetro da construção, peneirada terra da escavação a que procedemos, além de carvão foram encontrados fragmentos de ferro forjado e também de vidro um tanto esverdeado pertencentes a um pequeno vaso de que no mesmo local apareceu uma asa. A ocupação em época romana está também atestada nos altos da freguesia de Ermelo, registando-se

no Alto das Fontes o achado de dezassete pequenos bronzes e uma lucerna, de metal, objectos pertencentes ao Senhor Eng. Alfredo Augusto Ferreira Pinto Coelho de Mendonça, da Casa do Seixinal. Evidências de mineração, que poderão corresponder ao último ciclo de exploração de estanho e volfrâmio da primeira metade do séc. XX, são visíveis nas Fontes, na Muragalha e no Alto de Santa Cruz, sítios envolventes ao local de onde provêm os achados romanos citados, mas a laboração destas minas poderá já acontecer desde épocas muito recuadas. É necessário recordar que a importância das jazidas de Ermelo, particularmente as de estanho, foi bem acentuada pelos memorialistas setecentistas, nomeadamente pelo Pe. António Carvalho da Costa que, em 1706, se refere a “Hermello, aonde se achou huma mina de excellente estanho” e pelo Pe. Paulino de Leão Cabral, abade de Ermelo em 1758, que nas Memórias Paroquiais aponta que “no sítio do Linhar aonde chamam Prados se tirava estanho fino”. Também os inquéritos industriais da década de 1840 enfatizam a actividade mineira em Ermelo, concretamente nas minas de cobre e estanho dos sítios de Ferreiros e Prados. A ausência de fósseis directores, como as cerâmicas, nestas explorações e em muitos outros locais onde têm sido identificadas evidências de práticas de metalurgia, dificulta a inserção cronológica dos sítios, assim como o estabelecimento de um quadro alicerçado em dados minimamente seguros. Independentemente deste facto, registe-se que desde que na década de 1990 filiámos a investigação arqueológica realizada no município no projecto MetNOR, que se propunha estudar as práticas de mineração e metalurgia no Norte de Portugal, referenciámos ocorrências destas práticas em mais quatro sítios: Fonte do Trigo, em Ermelo, São Gonçalo e Batoco, em Mondim

Quadro 4. Composição química de amostras de escórias relizadas no âmbito do projecto MetNOR Amostra

Fe2O3

SiO2

Al2O3

P

Mgo

K2O

CaO

TiO2

Mn

V

Cu

Bi

FT2

64

22

4,1

1,0

0,1

1,3

0,1

0,04

5,8

0,9

0,22

FT4

95

2,1

1,7

0,04

0,6

0,3

0,1

0,1

0,04

FT5

86

6,4

4,8

0,2

0,7

0,3

0,5

0,4

0,05

0,1

FT6

87

7,0

4,9

0,3

0,2

0,5

0,04

0,1

RB1

78

12

6,8

1,1

0,1

0,4

0,8

0,2

0,1

0,1

(FT – Fonte do Trigo; RB – Alto da Rebedeira I)

35


António Pereira Dinis

de Basto, e São Sebastião, em Vilar de Ferreiros. A estes dados, haverá que acrescentar os achados seiscentistas e setecentistas, registados na Rua das Lajes, a dispersão de escórias e metal observada na Costeira, ambos na freguesia de Mondim de Basto e a hipotética ocupação do Premurado II, na freguesia de Vilar de Ferreiros e do Alto da Rebedeira I e II, no Bilhó, se bem que neste último caso saibamos estar perante práticas da metalurgia do ferro e, graças à descoberta de cerâmicas em associação com derrubes de pedra que indiciam uma estrutura defensiva e restos de escórias, possamos enquadrá-las na Época medieval. Este facto é consonante com a existência de ferrarias medievais no território do actual município, tal como nos provam alguns documentos, nomeadamente a Carta de Aforamento concedida por D. Sancho I, em 1196, aos povoados de Ermelo e Bilhó e as Inquirições de D. Afonso II, de 1220 e de D. Afonso III, de 1258, que impõem aos moradores de Ermelo, Bilhó, Mondim e “Sancto Petro das Ferrarias” a obrigação de dar de foro lingotes ou outras peças em ferro, nomeadamente enxadas e sertãs, referência que atesta uma prática continuada e uma Quadro 5. Lugares referenciados em documentação medieval

36

PARÓQUIAS

LUGARES REFERENCIADOS

POVOAÇÕES ACTUAIS

S. Pedro de Atei

Atey

Atei

S. Salvador de Bilhó

Vila de Oveloo

Bilhó

Vila de Travasos

Travassos

Vila de Andorinas

?

Vila de Anta

Anta

Vila de Piurledo

Pioledo

Vila de Cabarnilj

Cavernelhe

Vilar Chão

Vila Chã

Vila de Bouaal

Bobal

S. Vicente de Ermelo

Vila de Chafan

Tejão

Vila de Campanoo

Campanhó

Vila de Paazoo

Paço

Vila de Pardelas

Pardelhas

Vila de Bazas

?

Vila de Barreiros

Barreiro

Vila de Busto Mediano

?

Vila de Toutosa

?

S. Cristóvão de Mondim

Vila de Mondim

Mondim de Basto

Vila de Veando

Vilar de Viando

Vila de Parada Anela

?

Vila de Souto Meão

?

S Jorge de Paradança

Vila de Parada de Ansar

Paradança

S. Pedro de Vilar de Ferreiros

Vila de Ferrreiros

Vilar de Ferreiros

Vila de Cuquasa

Cucaça

Vila de Vilarinho

Vilarinho


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

ocupação territorial alargada, em consonância com a informação de outras fontes manuscritas. – Estratégias de sobrevivência entre as populações serranas Tanto quanto a documentação nos permite alcançar, além da metalurgia existiram outras actividades produtivas com bastante significado económico na região devendo ser relevadas, de entre elas, pela sua longevidade, a apicultura, a produção de cal e a pastorícia. Estas três actividades, documentadas em Mondim de Basto desde a Idade Média, ocuparam importantes sectores da população ao longo de séculos, sendo ainda residuais na actualidade, com excepção da extracção e produção de cal. Tal como referimos para a metalurgia, também para estas actividades se torna difícil a inserção cronológica dos vestígios detectados, tanto mais que é sabido que as populações usam as mesmas estruturas ao longo de séculos reparando os estragos que o tempo impõe. Sobre a apicultura haverá, desde já, que fazer uma alusão especial ao brasão de Mondim de Basto, onde estão representadas oito abelhas, tantas quantas as freguesias que integram o concelho. Esta iconografia novecentista é bem elucidativa do valor que o mel e a cera ainda representavam no século passado, no âmbito da economia do município, aliás em consonância com referências seiscentistas e setecentistas, particularmente para o termo do antigo concelho de Ermelo. Refira-se, a título de exemplo, a afirmação feita em 1695 na Población General de España, de que “la villa de Ermelo tomò sitio en una sierra fertil de fruta, miel, ganados, algun pan” e as citações existentes no Livro de Usos e Costumes da Igreja de Ermelo, de 1707, sobre a obrigação dos fregueses pagarem dízimo da cera, dos enxames e das colmeias. Perante estes factos, não surpreende o número de exemplares de silhas, apiários ou colmeais referenciadas nas freguesias de Campanhó, Pardelhas e Ermelo, antigamente integradas no concelho referido. Estas estruturas, construídas em alvenaria de xisto para impedir a aproximação dos animais que pudessem fazer perigar os enxames, particularmente os ursos (Ursus arctus), dispõem-se nas vertentes orientadas a SSO, normalmente em locais de difícil acesso. De planta subcircular e com um vão de acesso, estruturam no seu interior várias plataformas horizontalizadas, pavimentadas com lajes

de xisto que os habitantes denominam “estradoilas”, que serviam de suporte aos cortiços das abelhas. Desconhecendo-se a sua introdução na paisagem rural de Mondim, mas admitindo-se a sua existência na Época Medieval – face à obrigação referida nas inquirições de 1258, dos moradores darem a mão do urso, imposição que parece indiciar a batida àquele animal –, as silhas deverão ter começado a perder a sua principal função, no séc. XVIII, com a extinção do maior predador das colmeias. Desde então e até meados do séc. XX, a utilização das silhas foi regredindo, acabando por se manterem algumas estruturas, provavelmente num contexto de reprodução de práticas ancestrais e de aproveitamento do potencial ecológico dos locais onde se implantaram, abrigados dos ventos dominantes, com farto coberto vegetal e próximas dos cursos de água. O declínio progressivo da apicultura e a falta de manutenção dos muros ditará o abandono e o esquecimento das silhas, sendo hoje praticamente residual a memória de uma actividade que teve tão grande peso sócio-económico nas comunidades de montanha. É curioso verificar que já há mais de um século que em algumas regiões de Basto se perdeu a memória sobre a funcionalidade destas construções. Com efeito, nos finais do século XIX, numa visita ao Outeiro da Cilha, na freguesia de Pedraça (Cabeceiras de Basto), Francisco Martins Sarmento interrogava-se sobre a serventia de um muro com altura

24. Silhas do Requeixo, em Pardelhas

37


António Pereira Dinis

de três palmos que circuitava o topo do outeiro e que segundo ele, atendendo às dimensões, não podia ser uma fortificação (SARMENTO 1999, 146-147). Até ao momento, cartografamos doze exemplares de silhas, a maior parte delas já abandonadas e em processo de ruína, a saber: na freguesia de Pardelhas as silhas de Toutiço, Pinchadouro e Requeixo; na freguesia de Ermelo as silhas de Fontão, Lampassa, Sobral Pequeno e Várzea; na freguesia de Campanhó as silhas de Longarinho. Sobre a produção de cal no concelho existem diversas fontes documentais que mostram a importância de tal actividade desde a Época Medieval até meados do séc. XX. As Inquirições de D. Afonso III, de 1258, já se lhe referem pois impõem aos habitantes da vila de Mondim de ir “uma vez no ano britar pedra e rachar lenha com que fizessem uma fornada de cal”. Para o século XVIII existe a citação do Pe. António Carvalho da Costa, de 1706, que cita Mondim como sendo um “concelho rico, aonde se faz muita cal” e a do Pe. José Peixoto, vigário de Campanhó, de 1758 que aponta o Alto de Ferreiros onde “ha pedreira donde se faz munta cal”. Os inquéritos industriais de 1840-1860 registam seis fábricas de cal, no concelho de Ermelo, situando-se quatro delas na freguesia de Campanhó. Em 1907, Gabriel Ribeiro Peixoto, de Campanhó, pede licença para proceder a melhorias no caminho de acesso às fábricas de cal do Coto, o qual se encontrava muito danificado e intransitável e alguns dos nossos informadores recordaram o duro trabalho a que se sujeitaram na infância, para ajudarem os pais, que sobreviviam graças àquela actividade.

Estamos em crer que as fábricas de Campanhó citadas na documentação mais antiga se distribuíriam pelo sítio do Coto, junto das formações calcárias onde a matéria-prima era extraída e, provavelmente, pela aldeia de Tejão onde também há concentração destas estruturas, tendo-se cartografado três exemplares no sítio da Portela da Grade e um outro, a meio caminho entre aquela aldeia e este lugar. Um último exemplar, identificado já na freguesia de Pardelhas, situa-se num sítio com a sugestiva denominação de Lameiro do Forno. A terceira actividade a que fazemos referência é a pastorícia, particularmente a criação de gado ovino e caprino, actividade relacionada com as particularidades ecológicas do concelho, pujante ao longo de vários séculos mas hoje claramente em decadência. Os itinerários utilizados pelos pastores, minuciosamente determinados no passado, para preservar os interesses dos lavradores, tal como nos é dado perceber pelas Posturas Municipais setecentistas, e a ocupação de áreas de pastagem nos planaltos deixaram marcas no território, intemporais, que fazem parte do património cultural da região. Neste sentido, há que referir dois tipos de evidências destas práticas registados no concelho: os abrigos de pastores e os malhões ou mariolas. Os primeiros são pequenas estruturas com paredes de pedra, por vezes aproveitando os afloramentos rochosos, de planta irregular, tendencialmente subcircular, que deveriam ser cobertas por ramagens de giesta ou outras espécies vegetais. Estas estruturas permitiriam aos pastores abrigar-se, temporariamente, quando surpreendidos na montanha por intempéries. Identificámos abrigos em diversos planaltos do concelho, concretamente na freguesia

25. Pastor com croça de palha e rebanho junto ao Campo do Seixo

38


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

de Bilhó – Bentozelos, Ribeiro do Batoco, Praina de Filgueiras, Alto das Antas, Outeiro Escaleira e Vale de Gevancas e na freguesia de Ermelo – Vaqueiro, Lapa do Urso e Bouça Rechã. Os malhões ou mariolas são um género de marcos, de forma prismática ou troncopiramidal, constituídos por um encastelado de pedras, atingindo até cerca de 2 m de altura. Um dos exemplares registado possui a coroar o topo uma pedra, colocada verticalmente, sugerindo um relógio de sol. Estas estruturas, construídas por pastores, sugerem marcas territoriais e abrigos contra o sol, atendendo à sua colocação em locais descampados, desprovidos de quaisquer espécies arbóreas. Cartografámos seis malhões, todos na freguesia de Bilhó, dois no Ribeiro do Batoco, dois na Bouça da Ribeira de Anta e outros dois em Outeiro Escaleira. Ainda conectado com a pastorícia não podemos deixar de fazer alusão às estratégias usadas pelas populações para afastar os lobos dos locais onde os rebanhos sazonalmente eram apascentados. Os fojos eram estruturas que se enquadravam dentro daquelas práticas, conhecendo-se para o Norte do país dois tipos: um, comum na serra da Cabreira, composto por alinhamentos de muros que se vão estreitando, acabando por encurralar o lobo num género de poço onde era aniquilado; o outro, identificado na Samardã (Vila Real) e referenciado por Camilo Castelo Branco numa das suas obras, designado de fojo da cabrita que é uma estrutura cerrada, subcircular, com muros de pedra capeados no topo, onde era colocada

uma cabrita para atrair o lobo acabando este por ficar encurralado e morrer à fome. A identificação de um grande cercado, longitudinal de tendência ovalada, implantado sobre uma linha de água, numa vertente sobranceira ao rio Olo, parece enquadrar-se na tipologia dos “fojos da cabrita” ganhando assim sentido o topónimo Fojo, sítio localizado perto das Fisgas de Ermelo, a curta distância da estrutura assinalada. Também em Pena Suar, no limite da freguesia de Aboadela (Amarante), se encontra um fojo desta tipologia. A proximidade a que se encontra a povoação de Campanhó faz-nos supor que esta estrutura seria usada pelas suas populações no combate ao lobo que, no passado, visitavam assiduamente estas paragens desbastando os rebanhos que frequentavam a serra. – Mondim de Basto e a comunicação entre Trás-os-Montes e o Minho Embora o conhecimento de Mondim de Basto, na época medieval, seja ainda incipiente, é de realçar o meritório trabalho de Eduardo Teixeira Lopes na transcrição e divulgação de muitos documentos dispersos por muitos arquivos, sem os quais seria impossível fixar o quadro político-administrativo, sócio-económico, religioso e artístico-cultural do município durante aquele período. No tocante às vias de comunicação e respectivos meios de passagem sobre os principais rios que se relacionam com Mondim de Basto é importante referir um testamento de 1282 onde se doa certa importância para a ponte de Mon-

26. Ponte sobre o rio Cabril, em Vilar de Viando

39


António Pereira Dinis

dim (LOPES 2000, 90-91). Não estando provada a existência de uma ponte medieval sobre o Tâmega perguntámo-nos se esta indicação não se relacionará com a construção da ponte de Vilar de Viando, sobre o Cabril. Esta ponte fazia parte do trajecto entre Ermelo a Mondim, a qual integrava, também, a ponte da Várzea, sobre o rio Olo, exemplar que deverá datar do séc. XIII, considerando as dezenas de siglas gravadas no intradorso do seu único arco. Desta antiga via ainda se vislumbram muitos fragmentos do seu primitivo traçado, alguns deles lajeados e com marcas da sua secular utilização. A partir de Mondim de Basto, tinha que ser feita a ligação aos concelhos vizinhos situados a Norte (Atei e Cerva) e a poente (Celorico de Basto). Para os primeiros, o traçado não oferecia grandes dificuldades, não tendo que atravessar nenhum rio impetuoso ou relevo considerável. Encontrámos ainda muitos troços desta via e alguns melhoramentos com que foi dotada, ao longo dos séculos, nomeadamente as pontes da Laje e de Pardelhas, sobre o ribeiro de Grelhos e a ponte de Vale da Ponte, sobre o ribeiro de Fragoso. É importante frisar que a passagem em Brumela, do concelho de Atei para o concelho de Cerva, sobre o rio Poio ou Louredo seria feita através de poldras, pois a ponte que aí existe, classificada como romana, foi construída nos finais do séc. XVIII como bem demonstrou LOPES (2000, 129-130). Até ao séc. XVI, a ligação a Celorico de Basto, que obrigava a cruzar o Tâmega, deveria fazer-se por barcas, uma vez que não há provas da existência de uma ponte anterior a 1530. Com efeito, data daquele ano a primeira referência clara à “pomte de Mondim”, sobre o rio Tâmega, expressa na “Demarquaçam da comar-

ca de Trallos Motes”. Para o séculos XVII e XVIII multiplicam-se as referências àquela ponte, sabendose pela Memória paroquial de Veade, de 1758, que tinha sete arcos e era “toda de pedra de cantaria labrada com sua goardas”. Esta ponte, destruída pela acção do impetuoso rio, seria substituída pela actual, erguida mais a jusante, já no século XIX. Aproveitando velhos traçados medievais que obrigatoriamente existiram na ligação dos diversos lugares enumerados na documentação dos séculos XII, XIII e XIV, encontramos espalhados pelo concelho muitos caminhos, com troços lajeados, em relação aos quais não podemos precisar a sua cronologia. Muitos deles integram pontes no curso dos rio estas relativamente mais fáceis de datar, graças a uma das questões presentes no questionário que deu corpo às memorias paroquiais. É curioso verificar que as tipologias formais e técnicas dessas estruturas estão marcadas por um grande conservadorismo, talvez ligado ao isolamento desta região e à autarcia das suas populações. – Marcas da religiosidade de um povo Uma fonte documental, particularmente importante para o conhecimento da ocupação do território na época medieval e da sua organização religiosa é o “Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos reinos de Portugal e Algarves, pelos anos de 1320 e 1321” (ALMEIDA 1910). Através desta via, sabemos quais as igrejas existentes e o rendimento taxado, avaliando da sua importância relativa por comparação entre os diferentes dados. Porém, já as inquirições de D. Afonso II e de seu filho Afonso III nos fornecem dados sobre aquela

Quadro 6. Párocos identificados nas Inquirições do séc. XIII

40

PARÓQUIA

NOME

TÍTULO

DATA

S. Pedro de Atei

Miguel Eanes

Capelão

1258

S. Salvador de Bilhó

Petrus Menendiz

Abade

1220

Martinho Pires

Prelado

1258

S. Vicente de Ermelo

Martinus Petri

Abade

1220

Martinho Pedro

Prelado

1258

S. Cristóvão de Mondim

Petrus Pelagii

Abade

1220

Domingos Garcia

Comendador

1258

S. Pedro de Vilar de Ferreiros

Johannes Johannis

Abade

1220

Rodrigo Martins

Prelado

1258


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

realidade, fornecendo-nos, inclusivé, os nomes das dignidades eclesiásticas locais. Do conjunto de igrejas enumeradas naquelas fontes, destacámos as paroquiais de São Pedro de Atei e São Cristóvão de Mondim de Basto, as únicas que ainda conservam inequívocas marcas medievais. A igreja de Atei, ampliada e remodelada nos séculos XVI e XIX, conserva a estrutura românica com cachorros lisos, restos de friso decorado com círculos, diversas pedras sigladas e três pórticos com motivos geométricos e antropomórficos. Perto desta igreja encontra-se a Casa da Seara, com sete siglas gravadas num dos seus paramentos e uma figura humana, bastante rude, em relevo, numa pedra moldurada, ladeando uma janela. Este edifício poderá ser o que restou de uma residência senhorial da Idade Média, posteriormente modificada, hipótese consentânea com a importância de Atei no passado. A igreja paroquial de Mondim de Basto, ampliada e remodelada nos séculos XVIII e XIX, apenas conserva do período medieval algumas evidências na parede lateral Norte, nomeadamente o portal, em arco quebrado, com três arquivoltas e decoração fitomórfica, uma fresta e diversas siglas gravadas. Sabemos que em 1324 era abade desta igreja Martim Martins, personagem que aparece como testemunha na carta de composição entre o conde de Barcelos e sua mulher e os moradores de Mondim e percebemos, desde as Inquirições de D. Afonso II, que a Igreja Paroquial de São Cristóvão se assumiu como um espaço de importância religiosa, económica e social. Porém, não obstante o seu estatuto, não ancorou a estruturação do núcleo urbano na sua envolvente mais próxima já que vila de Mondim desenvolverse-á a alguma distância da sua Igreja Matriz, numa encosta situada mais para Nordeste, tendo a separálas a planície aluvial fertilizada pela ribeira do Valinho, um mosaico de leiras de semeadura rodeadas de vinha de enforcado, cuja paisagem perdurará quase inalterada até ao último quartel do séc. XX. Tanto quanto as fontes escritas nos permitem concluir, a povoação de Mondim de Basto, entendida como um aglomerado de edificações articuladas entre si por ruas e terreiros com alguma coerência urbanística e ligada a outras povoações por vias de comunicação devidamente estruturadas, já estaria definida na centúria de quinhentos, assumindo um estatuto especial como edificação religiosa a capela do Santíssimo

Sacramento, construída em 1587. Esta capela, classificada como IIP, desde 1958, conserva no subsolo duas dezenas de sepulturas, rectangulares, com molduras em granito e apresenta, no seu interior, grande valor artístico patente na azulejaria, talhas e pinturas, balizadas entre os séculos XVI e XVIII, sendo de realçar uma pintura a fresco representando São Francisco das Chagas e São Cristóvão, ostentando a data de 1588, da sua realização. No contexto das marcas de religiosidade existentes no território municipal, haverá finalmente que aludir ao Monte Farinha, imponente relevo de configuração cónica, em cujo topo se ergue o santuário de Nossa Senhora da Graça, reconstruído em 1775, local para onde confluem três monumentais caminhos ancestrais, ainda hoje usados por romeiros que experimentam o sacrifício da subida, num misto de desafio aos seus próprios limites e de preparação espiritual para a impressionante visão do horizonte, que do topo do monte se consegue alcançar. Não sabemos quando se iniciou o culto neste local, mas aceitámos que isso possa ter acontecido durante a Idade Média, altura em que se cristianizaram muitos locais primitivamente conectados com cultos à natureza. Por um documento datado de 1549 sabemos que nesta data, no “pico do Outeiro do Monte Farinha”, existiam ermidas da invocação de Santo Aleixo e Santo Apolinário. A existência de cruciformes gravados na Pedra Alta e noutros afloramentos implantados na envolvência mais próxima do seu cume, podem relacionar-se com a cristianização deste monte, hipótese alicerçada noutros paralelos, nomeadamente num sítio, recentemente descoberto, sobranceiro à Quinta da Laje, em Vilar de Viando, local onde se identificaram oito cruzes gravadas em penedos contíguos, a pouca distancia de marcas de ocupação mais antiga. Embora saibamos que muitas das cruzes gravadas em penedos dispersos pelo território possam ter outras finalidades que não a religiosa, nomeadamente a função de marca de delimitação territorial, seja de uma propriedade ou de uma unidade administrativa, estamos em crer que tanto para o sítio de Laje como para o alto da Senhora da Graça, pela evidência material encontrada, no primeiro caso e pela aura ancestral do monte, no segundo, o objectivo religioso deverá ser marcante. Já para os outros sítios identificados, Crespo e Carvalhos, em Atei, Campelo,

41


António Pereira Dinis

Paradela, Chavelha e Outeiro, em Mondim de Basto e Rocheira, em Campanhó, a finalidade de marco poderá ser preponderante. Sabendo, pela documentação novecentista compulsada, que a delimitação das matas municipais era feita por cruzes gravadas em penedo, estamos em crer que alguns dos locais acima assinalados poderão enquadrar-se neste âmbito. No entanto, não será de excluir que muitos destes cruciformes possam ter tido várias funcionalidades,

a exemplo do que constatamos para a Cruz do Jugal. Este penedo está referenciado nas Inquirições de D. Afonso III, de 1258, como marco de divisão do termo da paróquia de Bilhó com a de Cerva. No entanto, a quantidade de gravuras que possui, dezanove cruzes, quatro covinhas e dois sinais alfabetiformes e o posicionamento que ocupa, numa encruzilhada, remetem-nos para o domínio do simbólico, dimensão sempre difícil de apreender.

27. Levantamento das gravuras do penedo do Jugal, no Bilhó

42


Carta Arqueolรณgica de Mondim de Basto

6. Inventรกrio

Atei

Ermelo

Bilhรณ

Campanhรณ

Mondim de Basto

Paradanรงa

Pardelhas

Vilar de Ferreiros

43


44


Freguesia de Atei

45


António Pereira Dinis

N.º Inv. 1 Designação: Medorno

Latitude: 41° 28’ 54’’

Topónimos: Medorno

Longitude: 07° 54’ 28’’

Lugar: Brumela

Altitude: 260 m

Tipo de sítio: Mancha de ocupação

Cronologia: Época romana

Descrição: Área aplanada, na encosta voltada à confluência do rio Louredo com o Tâmega. Não são visíveis estruturas mas quando o terreno é lavrado aparecem fragmentos de cerâmica. Na década de 1980, aquando da descoberta do sítio, num campo

semeado de batatas observámos muitos fragmentos de tegula. O arroteamento de novas vinhas e a construção da A7 que passa perto do local alteraram significativamente a área. Bibliografia: dinis 2001, 14.

N.º Inv. 2.1 Designação: Calçada de Brumela

Latitude: 41° 29’ 17’’

Topónimos: Caminho velho

Longitude: 07° 54’ 21’’

Lugar: Brumela

Altitude: 200 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Caminho de perfil irregular, com alguns troços lajeados, que desce de Brumela para o rio Louredo continuando para a povoação de Agunchos, depois de passar o rio na ponte de Cabrestos. Na área do concelho, apresenta-se, actualmente, bastante assoreado devido à instalação de condutas para abastecimento de água, mas imediatamente a seguir à ponte, já no concelho de Ribeira de Pena, o traçado ainda mostra lajeados bem conservados. Embora se desconheça a cronologia precisa, o traçado deste caminho deverá ser muito antigo, pois ligava o Norte do concelho a Agunchos e Formoselos, podendo servir, igualmente, para a ligação a Cavez. Antes da construção da ponte o rio poderia ser atravessado a vau, ou através de poldras. Bibliografia: lopes 2000, 129. 28. Lajeado no caminho junto à ponte sobre o rio Louredo

46


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 2.2 Designação: Ponte de Cabrestos

Latitude: 41° 29’ 22’’

Topónimos: Ponte romana

Longitude: 07° 54’ 13’’

Lugar: Brumela

Altitude: 200 m

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Época contemporânea

Descrição: Ponte sobre o rio Poio ou Louredo, junto da confluência com o rio Tâmega, integrada no caminho que liga as povoações de Brumela e Agúnchos. Tabuleiro plano com cerca de 35 m de comprimento e 3,20 m de largura suportado por oito pilares de cantaria de granito, de remate semicircular e entalhe para assentamento do pavimento, constituído por lajes de granito de grandes dimensões. No topo de um dos pilares, do lado jusante, está a inscrição: REN 1954 / DHD, talvez alusiva a uma reconstrução. Um

documento datado de 9 de Outubro de 1799 refere que em cumprimento da deliberação da Câmara de Atei, o Juiz e Vereadores decidiram situar a ponte sobre o rio de Cabrestos, no sítio do Moinho do Brasileiro, do lugar de Brumela. Protecção: Classificada como construção romana – M.N., Decreto N.º 29 604 de 16-5-1939. Bibliografia: ippar 1993, 19; lopes 1998, 64; 2000, 129-130.

29. Ponte de Cabrestos, sobre o rio Louredo, vista de jusante

47


António Pereira Dinis

N.º Inv. 3 Designação: Igreja Paroquial de Atei

Latitude: 41° 27’ 59’’

Topónimos: Igreja de S. Pedro

Longitude: 07° 55’ 33’’

Lugar: Igreja

Altitude: 275 m

Tipo de sítio: Igreja

Cronologia: Época medieval

Descrição: Igreja de estrutura românica, ampliada e remodelada nos séculos XVI e XIX, com orientação E-O, conservando três pórticos medievais, o principal com duas arquivoltas e os laterais com apenas uma, decorados com motivos geométricos e antropomórficos, registando-se círculos, dentes de serra, meandros, ornamentação em espinha e figurações humanas toscas. Da primitiva construção conserva 23 cachorros lisos, em cada uma das fachadas laterais da nave, uma fresta, duas mísulas e um fragmento de friso decorado com círculos, na fachada principal e diversas pedras sigladas, especialmente concentradas no lado Sul, identificando-se as letras S, L, I e P entre outros sinais. No séc. XVI foi acrescentada a capela dos Condes, pela Casa de Cantanhede, para veneração de uma imagem de pedra de N.ª Sra. da Conceição que foi encontrada nas ruínas do Paço que aqueles nobres tiveram em Atei. Bibliografia: almeida, f. 1910; almeida, c. 1978, 192; lopes 1998; 2000.

30. Decoração do portal lateral Norte da Igreja Paroquial de Atei

N.º Inv. 4 Designação: Pombal

Latitude: 41° 27’ 57’’

Topónimos: Pombal

Longitude: 07° 55’ 41’’

Lugar: Casa da Quinta

Altitude: 270 m

Tipo de sítio: Mancha de ocupação

Cronologia: Época romana

Descrição: Área aplanada transformada em vinha, na encosta suave voltada ao rio Tâmega. Não são visíveis estruturas mas quando o terreno é lavrado aparecem fragmentos de cerâmica, particularmente tegula. Na década de 1980, aquando da identificação do sítio,

fomos informados por um trabalhador da quinta que há alguns anos atrás, durante a plantação de vides, a cerca de 1 metro de profundidade, tinham sido encontrados fragmentos de cerâmica avermelhada e negra. Bibliografia: dinis 2001, 14.

48


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 5 Designação: Seara

Latitude: 41° 27’ 57’’

Topónimos: Casa da Seara

Longitude: 07° 55’ 30’’

Lugar: Casa da Seara

Altitude: 280 m

Tipo de sítio: Paramento siglado

Cronologia: Época medieval

Descrição: Edifício integrado em casa agrícola, com fachada voltado à rua pública, de aspecto maciço, rasgada por uma única janela cuja padieira tem gravada uma data de difícil leitura. O paramento, em aparelho muito cuidado constituído por blocos de granito de médio e pequeno calibre, possui gravadas sete siglas, reconhecendo-se as letras S, P e T para além de outros dois sinais. A ladear a janela existe uma pedra, com moldura talhada, decorada com uma figura humana bastante rude, em relevo. Este edifício poderá ser o que restou de uma residência senhorial (talvez o Paço que os Condes de Cantanhede tiveram em Atei), posteriormente modificada se bem que não se possa descartar a hipótese das pedras sigladas serem

provenientes da vizinha igreja paroquial, remodelada e ampliada nos sécs. XVI e XIX, restando ainda nas suas paredes algumas siglas alfabéticas semelhantes. Bibliografia: Inédito.

31. Pedra siglada, no alçado da Casa da Seara, em Atei

N.º Inv. 6.1 Designação: Alto do Crespo

Latitude: 41° 27’ 25’’

Topónimos: Alto do Crespo

Longitude: 07° 54’ 24’’

Lugar: Crespo

Altitude: 590 m

Tipo de sítio: Povoado

Cronologia: Proto-história

Descrição: Elevação em remate de esporão com excepcionais condições naturais de defesa em mais de metade do seu perímetro, devido às vertentes bem pronunciadas, com excepção do lado Este, o mais vulnerável, onde se detecta um pronunciado talude e derrube de pedra de um hipotético muro defensivo. No topo, do lado nascente, apresenta um recinto aplanado onde se dispersam blocos de pedra, de dimensões variáveis, sugerindo terem integrado muros de construções. A tradição oral atribui a este sítio uma ocupação antiga. Bibliografia: dinis 2001, 12.

32. Alto do Crespo

49


António Pereira Dinis

N.º Inv. 6.2 Designação: Cruz do Crespo

Latitude: 41° 27’ 25’’

Topónimos: Crespo

Longitude: 07° 54’ 24’’

Lugar: Crespo

Altitude: 585 m

Tipo de sítio: Gravura rupestre

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Afloramento granítico, de pequenas dimensões, implantado na vertente Este do monte. Numa superfície aplanada, oblíqua, exposta a nascente, aparece um motivo cruciforme, gravado pela

técnica de picotado e abrasão. Aparentemente, esta gravura parece situar-se fora da área do povoado do Alto do Crespo. Bibliografia: dinis 2007, 3.

N.º Inv. 7.1 Designação: Alto da Cebidaia

Latitude: 41° 27’ 27’’

Topónimos: Cebidaia; Cividaia; Cividade;

Longitude: 07° 55’ 06’’

Altitude: 380 m

Cevidelha; Alto dos Mouros

Lugar: Cebidaia

Cronologia: Proto-história / Época romana

Tipo de sítio: Povoado

Descrição: Outeiro com as vertentes N e O bem pronunciadas, com uma plataforma na acrópole e diversos socalcos, sustentados por muros, aproveitados para agricultura. O sítio encontra-se muito perturbado, no topo pela exploração de pedra e nas vertentes pela utilização agrícola e pelas construções edificadas. Entre o espólio encontrado registam-se fragmentos de cerâmica micácea e de tegula, moedas, uma fusaiola em xisto, um pequeno fragmento de vidro romano e um fragmento de mó, circular. Segundo informação de Maria de Jesus Machado Carvalho, viúva, residente no local, nos finais da década de 1970, quando fez a sua casa, foram recolhidas meia dúzia de moedas, algumas incompletas, de cor esverdeada, cujo paradeiro se perdeu. Apareceram, também, cacos e uma fusaiola, em xisto, que ainda conserva. Bibliografia: dinis 2001, 13.

50

33. Alto da Cebidaia


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 7.2 Designação: Forno da Cebidaia

Latitude: 41° 27’ 20’’

Topónimos: Cebidaia; Cividaia; Cividade;

Longitude: 07° 55’ 06’’

Altitude: 360 m

Cevidelha; Alto dos Mouros

Lugar: Cebidaia

Cronologia: Época romana

Tipo de sítio: Forno

Descrição: Segundo informação de Maria de Jesus Machado Carvalho, viúva, residente no Alto da Cebidaia, na década de 1960, quando o seu pai arroteou

um terreno na vertente N, apareceu um forno de cerâmica e uma talha de barro. Bibliografia: Inédito

N.º Inv. 8 Designação: Calçada de Sobreira

Latitude: 41° 27’ 01’’

Topónimos: Caminho velho

Longitude: 07° 54’ 56’’

Lugar: Sobreira

Altitude: 380 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Caminho de perfil irregular que de Atei seguia para a Senhora da Graça. Parte do trajecto está intransitável, com troços cobertos de mato, mas apresenta ainda tramos com lajeado, enquadrados por muros, nalgumas partes com escoamento lateral.

Contornando a Cividaia a via atravessava a ribeira de Grelhos na ponte das Lajes, subindo até encontrar terreno plano já perto de Sobreira. Bibliografia: lopes 2000, 130.

N.º Inv. 9 Designação: Necrópole megalítica do

Lugar: Campo do Seixo

Tipo de sítio: Necrópole

Campo do Seixo

Topónimos: Campo do Seixo

Cronologia: Pré-história

Descrição: Conjunto de quatro mamoas implantadas em terreno plano, três do lado esquerdo do caminho de

pé posto que atravessa a chã e uma do lado direito. Bibliografia: dinis 2007, 6-7.

51


António Pereira Dinis

N.º Inv. 9.1 Designação: Mamoa 1 do Campo do Seixo

Latitude: 41° 26’ 34’’

Longitude: 07° 53’ 24’’

Altitude: 815 m

Descrição: Mamoa razoavelmente destacada na paisagem, à margem esquerda do caminho, de contorno subcircular, com depressão central, três hipotéticos esteios e pedras dispersas, possíveis resquícios da sua couraça.

34. Hipotéticos esteios da mamoa 1 do Campo do Seixo

N.º Inv. 9.2 Designação: Mamoa 2 do Campo do Seixo

Latitude: 41° 26’ 37’’

Longitude: 07° 53’ 25’’

Altitude: 812 m

Descrição: Mamoa bem perceptível na paisagem, à margem esquerda do caminho, de contorno subcircular e grandes dimensões, com depressão central.

35. Mamoa 2 do Campo do Seixo

52


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 9.3 Designação: Mamoa 3 do Campo do Seixo

Latitude: 41° 26’ 42’’

Longitude: 07° 53’ 25’’

Altitude: 812 m

Descrição: Mamoa pouco perceptível na paisagem, à margem esquerda do caminho, a cerca de 200 m para Norte da mamoa 2. Apresenta contorno circular, com pedras dispersas da sua hipotética couraça.

36. Mamoa 2 do Campo do Seixo

N.º Inv. 9.4 Designação: Mamoa 4 do Campo do Seixo

Latitude: 41° 26’ 33’’

Longitude: 07° 53’ 23’’

Altitude: 810 m

Descrição: Mamoa pouco perceptível na paisagem, parcialmente cortada pelo caminho, do lado direito, a cerca de 50 m para SSE da mamoa 1. Apresenta contorno circular, com cerca de 14,0 m de diâmetro e ligeira depressão central.

37. Planalto do Campo do Seixo onde se implanta a necrópole megalítica

53


António Pereira Dinis

N.º Inv. 9.5 Designação: Campo do Seixo 5

Latitude: 41° 26’ 32’’

Tipo de sítio: Arte rupestre

Longitude: 07° 53’ 24’’

Altitude: 810 m

Cronologia: Pré-história

Descrição: Implantação a cerca de 100 m para NNO da mamoa 1, à mão direita do caminho. Afloramento de xisto, ao nível do solo, com duas fossettes, na superfície. Bibliografia: dinis 2007, 5-6.

38. Covinhas gravadas num afloramento de xisto, junto da mamoa 4 do Campo do Seixo

N.º Inv. 10.1 Designação: Forno do Requeixo

Latitude: 41° 26’ 45’’

Topónimos: Requeixo

Longitude: 07° 55’ 54’’

Lugar: Bouças

Altitude: 250 m

Tipo de sítio: Forno de telha

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Construção em cova, muito assoreada, com cerca de 3 m de profundidade e 1,5 m de largura, vão de entrada com padieira de granito, bem afeiçoada e cobertura abobadada de pedra e algumas partes com revestimento de barro. Observaram-se fragmentos de telha, de meia-cana, do tipo antiga portuguesa. A matéria-prima era extraída num barrei-

ro, a cerca de 25 m, onde ficou um grande buraco. O local foi-nos mostrado, na década de 1980, pelo Sr. Joa­quim, caseiro no Requeixo. Recentemente (2006) visitamos o local mas a densa vegetação não permitiu rever a estrutura que poderá já estar totalmente soterrada. Bibliografia: Inédito.

54


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 10.2 Designação: Calçada do Requeixo

Latitude: 41° 26’ 30’’

Topónimos: Requeixo

Longitude: 07° 56’ 00’’

Lugar: Bouças

Altitude: 240 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Caminho de perfil irregular que de Parada segue para o rio Tâmega, passando na Quinta do Requeixo. Parte do trajecto está intransitável, com sulcos profundos na arena granítica. Apresenta ainda um tramo, com pendente pronunciada, com lajeado bem conservado. Bibliografia: Inédita

39. Calçada no Requeixo, em Atei

N.º Inv. 11.1 Designação: Ponte de Vale da Ponte

Latitude: 41° 26’ 32’’

Topónimos: Ponte de Fragoso

Longitude: 07° 55’ 30’’

Lugar: Vale da Ponte

Altitude: 290 m

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Época moderna

Descrição: Ponte com circulação pedonal, sobre o ribeiro de Fragoso, implantada na estrada velha de ligação de Mondim de Basto a Atei, com tabuleiro plano sobre arco abatido suportado por dois muros de granito, de aparelho em fiadas irregulares, constituído por grandes lajes sobrepostas, horizontalmente, com topo em quarto de circulo convexo e avançamento progressivo. Pavimento constituído por lajes de granito de grandes dimensões, colocadas longitudinalmente e guardas laterais, em cantaria, com uma única fiada. É provável que a sua construção seja posterior a 1758 atendendo a que as Memórias Paroquiais não referem a existência de qualquer ponte de pedra na freguesia de Atei. Bibliografia: lopes 2000, 130.

40. Tabuleiro e guardas da ponte sobre o ribeiro de Fragoso, em Vale da Ponte

55


António Pereira Dinis

N.º Inv. 11.2 Designação: Calçada de Vale da Ponte

Latitude: 41° 26’ 32’’

Topónimos: Vale da Ponte

Longitude: 07° 55’ 30’’

Lugar: Vale da Ponte

Altitude: 290 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Caminho de perfil irregular no trajecto de Mondim de Basto para Atei. Parte do trajecto já é irreconhecível, mas ainda conserva alguns tramos lajeados, particularmente em zonas de declive, no geral enquadrados por muros e integrando os afloramentos graníticos que abundam na região, onde são bem visíveis as marcas dos rodados de carros de bois a mostrar uma utilização prolongada no tempo. A via cruza a ribeira de Fragoso na ponte do Vale da

Ponte, local onde o lajeado se conserva em bom estado. Esta via foi utilizada até ao séc. XX, perdendo importância quando foi construída a E.N. 312 para Atei e Cerva. É provável que a sua génese remonte à Época Medieval ganhando importância no séc. XVI quando D. Manuel I atribuiu foral a Mondim de Basto, Atei e Cerva, precisamente o eixo desta via de comunicação. Bibliografia: lopes 2000, 130.

N.º Inv. 12.1 Designação: Sobreira 1

Latitude: 41° 25’ 42’’

Topónimos: Sobreira

Longitude: 07° 55’ 40’’

Lugar: Carvalhos

Altitude: 312 m

Tipo de sítio: Povoado

Cronologia: Calcolítico

Descrição: Pequeno outeiro sobranceiro ao rio Tâmega destacado numa área aplanada da encosta NO do monte Farinha. Local muito perturbado, no quadrante Norte e poente pela edificação de casas e construção de socalcos para agricultura e no restante espaço pela laboração, no passado, de uma pedreira que deixou marcas profundas nos afloramentos graníticos da envolvente. O morro está coberto por densa vegetação havendo muitos inertes de granito e acumulação de saibros. Quando ocorrem chuvadas é possível observar na base do morro e na envolvente líticos e cerâmicas. Entre os artefactos líticos salientam-se uma raspadeira de quartzo, seixos do rio afeiçoados numa das extremidades, um percutor e parte de um polidor subrectangular, em quartzito. A cerâmica é maioritariamente de fabrico grosseiro,

41. Povoado calcolítico da Sobreira

56


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

com pastas onde abundam grãos de quartzo como desengordurante, superfícies rugosas e cor castanha avermelhada. Identificaram-se bases de fundo plano e fragmentos com decoração incisa, destacando-se três exemplares “tipo Penha”, um com organização de linhas oblíquas, divergentes, formando espinha, entre três linhas horizontais paralelas e outro com reticulado. Aparece, também, um fabrico mais fino, com superfícies alisadas, especialmente a exterior que nalguns casos é polida, de cor mais clara. Identificaram-se alguns bordos, esvasados, com lábios arredondados. Bibliografia: dinis 2001, 11.

42. Fragmento de cerâmica calcolítica de Sobreira

N.º Inv. 12.2 Designação: Sobreira 2

Latitude: 41° 25’ 42’’

Topónimos: Sobreira

Longitude: 07° 55’ 40’’

Lugar: Carvalhos

Altitude: 312 m

Tipo de sítio: Casal?

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Nos mesmos sítios onde se recolheram materiais atribuíveis ao Calcolítico (Sobreira 1) ocorrem fragmentos de cerâmica feitos à roda, com mar-

cas do oleiro puxar a peça, com superficies rugosas ou alisadas e cor castanha escura, cinzenta ou negra. Bibliografia: dinis 2001, 11.

N.º Inv. 13.1 Designação: Carvalhos 1

Latitude: 41° 25’ 51’’

Topónimos: Carvalhos

Longitude: 07° 55’ 38’’

Lugar: Carvalhos

Altitude: 306 m

Tipo de sítio: Mancha de ocupação

Cronologia: Época romana

Descrição: Área aberta, delimitada de Norte e Este por muro de propriedade, com ligeira inclinação para poente, na encosta NO do monte Farinha, contígua ao sítio arqueológico denominado Sobreira 1 e 2. Local perturbado pela plantação de vinha. Na década de

1990, entre o solo revolvido de uma vinha recolhemos fragmentos de tegula e imbrex. Revisitámos o local em 2006 mas não observamos quaisquer materiais, se bem que o solo estivesse endurecido e coberto com erva. Bibliografia: dinis 2001, 14.

57


António Pereira Dinis

N.º Inv. 13.2 Designação: Cruz de Carvalhos (Carvalhos 2)

Latitude: 41° 25’ 53’’

Topónimos: Carvalhos

Longitude: 07° 55’ 39’’

Lugar: Carvalhos

Altitude: 300 m

Tipo de sítio: Gravura rupestre

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Plataforma aplanada, limitada a N pelo ribeiro de Suseiros, na encosta NO do monte Farinha, contígua aos sítios arqueológicos denominados Sobreira 1 e 2 e Carvalhos 1. Zona com afloramentos de granito, alguns com dimensões consideráveis. Na superfície arredondada de um dos afloramentos observa-se um cruciforme gravado com sulco profundo. De recordar que no sítio arqueológico denominado Sobreira 2, localizado na envolvência próxima, recolhemos fragmentos de cerâmica atribuível à Idade Média. Bibliografia: dinis 2008, 3. 43. Cruciforme gravado num afloramento, no sítio dos Carvalhos, em Sobreira

N.º Inv. 13.3 Designação: Carvalhos 3

Latitude: 41° 25’ 53’’

Topónimos: Carvalhos

Longitude: 07° 55’ 39’’

Lugar: Carvalhos

Altitude: 300 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Na mesma plataforma onde se implanta o penedo com cruciforme (Carvalhos 2), a cerca de 30 m para NE, identificámos duas fossettes gravadas na superfície aplanada de um pequeno afloramento. De recordar que no sítio arqueológico denominado Sobreira 1, localizado na envolvência próxima, recolhemos fragmentos de cerâmica atribuível ao Calcolítico. Bibliografia: dinis 2008, 3.

Falta, a que enviou é igual à de cima

44. ??????????

58


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 14.1 Designação: Pedra Alta

Latitude: 41° 25’ 28’’

Topónimos: Pedra Alta; Pedralta; Fraga Branca

Longitude: 07° 54’ 31’’

Lugar: Pedralta

Altitude: 740 m

Tipo de sítio: Menir

Cronologia: Pré-história

Descrição: Grande batólito granítico, caiado, implantado em posição vertical na encosta Norte do Monte da Senhora da Graça, com domínio visual sobre o vale do Tâmega e o festo dos montes que comunicam com o planalto do Campo do Seixo. De forma subcilíndrica e seccionado longitudinalmente tem de altura cerca de 6,5 metros. Bibliografia: pelayo 1968; dinis 2007, 6.

45. Implantação da Pedra Alta na encosta do Monte Farinha

46. Pedra Alta

N.º Inv. 14.2 Designação: Gravuras Rupestres da Pedra Alta Tipo de sítio: Arte rupestre Cronologia: Pré-história

Descrição: A superfície do menir, voltada a poente, apresenta duas gravuras, em baixo relevo, pouco perceptíveis devido à tinta que cobre o granito,

indiciando uma meia lua em quarto crescente e um possível machado encabado. Bibliografia: dinis 2007, 6.

59


António Pereira Dinis

N.º Inv. 14.3 Designação: Cruzes da Pedra Alta Tipo de sítio: Gravura rupestre Cronologia: Época medieval

Descrição: A superfície do menir, voltada a Norte, apresenta duas gravuras, pouco perceptíveis devido à

tinta que cobre o granito, indiciando cruciformes. Bibliografia: dinis 2007, 6.

N.º Inv. 14.4 Designação: Calçada da Pedra Alta

Latitude: 41° 25’ 28’’

Topónimos: Caminho velho

Longitude: 07° 54’ 31’’

Lugar: Pedralta

Altitude: 740 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Caminho com início em Atei, passando em Sobreira e terminando no Alto da Senhora da Graça, pavimentado com lajes de granito, de dimensões variáveis, com alguns tramos bem conservados, particularmente junto da Pedra Alta. Bibliografia: lopes 2000, 130.

47. Calçada lajeada, junto da Pedra Alta

60


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 75 Designação: Pedreira Meirinhos

Latitude: 41° 26’ 09’’

Topónimos: Olhos Meirinhos

Longitude: 07° 55’ 04’’

Lugar: Olhos Meirinhos

Altitude: 420 m

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Idade do Bronze

Descrição: Vertente NNO do monte da Senhora da Graça, numa área revolvida na parte NE da pedreira Meirinhos, junto de um outeiro onde se observa um perfil vertical cortado na arena granítica apareceu um fragmento de cerâmica manual, lisa, com pasta arenosa e boa cozedura, redutora, de cor castanha

escura e acabamento alisado e um seixo do rio, fracturado, com aresta cortante. Este local acumula inertes, constituídos por pedras e terras provenientes de partes da pedreira, já desmanteladas, provavelmente da zona poente do referido outeiro. Bibliografia: dinis 2006b.

N.º Inv. 76 Designação: Castro de Carvalhais

Latitude: ?

Topónimos: Igreja dos Mouros

Longitude: ?

Lugar: Carvalhais / Madrigal

Altitude: ?

Tipo de sítio: Povoado?

Cronologia: Proto-história?

Descrição: Sítio arqueológico ainda não posicionado, referenciado em 1992, como “um povoado de altura, a uma cota quase imediatamente abaixo da cumieira que da Serra do Alvão se estende à Senhora da Graça” onde “são detectáveis estruturas de casas redondas”. Embora tivéssemos prospectado durante três anos consecutivos uma ampla área, não

confirmámos a existência deste povoado, não obstante alguns dos morros que circundam a zona de Carvalhais/Madrigal apresentarem condições favoráveis à implantação de um pequeno habitat protohistórico. Bibliografia: mealha & ribau 1992, 40-41; dinis 2001, 13.

61


António Pereira Dinis

N.º Inv. 94 Designação: Sepulturas de Parada de Atei

Latitude: ?

Topónimos: Parada de Atei

Longitude: ?

Lugar: Parada de Atei

Altitude: ?

Tipo de sítio: Sepulturas

Cronologia: Época romana

Descrição: O sítio é referenciado a partir do achado “no sopé do pico da Sra. da Graça, perto de Parada de Atei” de duas sepulturas de inumação, subrectangulares, uma de adulto e outra de mulher ou criança, estruturadas com tijolos e tegulae, de onde foram re-

tirados ossos e espólio cerâmico e metálico. Segundo o relato, apareceram duas lucernas, quatro vasos de cerâmica de pequenas dimensões e a ponta de uma espada e da sua bainha, de metal. Bibliografia: botelho 1897, 69; dinis 2001, 14.

N.º Inv. 96 Designação: Ponte da Laje

Latitude: 41° 27’ 20’’

Topónimos: Ponte da Laje

Longitude: 07° 55’ 10’’

Lugar: Ponte da Laje

Altitude: 290

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Ponte de granito, sobre a ribeira de Grelhos, integrada na via de ligação de Atei a Sobreira e à Senhora da Graça. Possui tabuleiro plano, sem guardas, com lajes de grande comprimento assentes

sobre um pilar com quebra-mar semi-circular, rudemente trabalhado. Bibliografia: lopes 2000, 130.

N.º Inv. 97 Designação: Ponte de Pardelhas

Latitude: 41° 27’ 11’’

Topónimos: Ponte de Pardelhas

Longitude: 07° 55’ 36’’

Lugar: Pardelhas

Altitude: 225

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Ponte de granito, sobre a ribeira de Grelhos, integrada na via antiga de ligação de Atei a Mondim de Basto. Possui tabuleiro plano, sem guardas, com lajes de grande comprimento assentes so-

bre um pilar, ligeiramente anguloso para quebrar o ímpeto das águas no Inverno. Bibliografia: lopes 2000, 130.

62


Freguesia de Bilh贸

63


António Pereira Dinis

N.º Inv. 39.1 Designação: Mamoa de Bentozelos

Latitude: 41° 26’ 42’’

Topónimos: Bentozelos

Longitude: 07° 51’ 18’’

Lugar: Planalto de Bentozelos

Altitude: 940 m

Tipo de sítio: Mamoa

Cronologia: Pré-história

Descrição: Mamoa de contorno circular, com 11,30 m no eixo N-S e 12,30 m no E-O, implantada em área aplanada e pouco perceptível na paisagem, sendo visíveis quatro hipotéticos esteios definindo a câmara e grande dispersão de pedra da sua couraça. Bibliografia: dinis 2007, 7-8.

48. Mamoa de Bentozelos

N.º Inv. 39.2 Designação: Abrigo de Bentozelos

Latitude: 41° 26’ 36’’

Topónimos: Bentozelos

Longitude: 07° 51’ 22’’

Lugar: Planalto de Bentozelos

Altitude: 935 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Abrigo desmantelado, com implantação junto a caminho que atravessa o planalto. Estrutura de planta subrectangular, com vão de entrada voltado a Sul, construída com blocos de granito, de pequeno e médio calibre, assentes a seco. Bibliografia: Inédito

49. Derrube dos muros do abrigo de Bentozelos

64


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 40 Designação: Cruz do Jugal

Latitude: 41° 26’ 13’’

Topónimos: Penedo do Jugal

Longitude: 07° 50’ 10’’

Lugar: Portela do Jugal

Altitude: 770 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Época medieval

Descrição: Afloramento de granito integrado num muro de divisão de propriedade, gravado na face voltada a Oeste, com 19 cruciformes, de tipologia e dimensões variáveis, tendo na parte central uma cruz envolvida por rectângulo, com 2,8 x 1,7 cm, disposto verticalmente. Tem dois sinais em I e U invertido e no topo, ao centro, apresenta um vão, subrectangular, para assentamento da base de uma cruz. No lado Sul, no topo, tem sete covinhas de diferentes dimensões. O muro de divisão de propriedade assenta, a Sul, num outro afloramento que apresenta uma covinha. O penedo delimita os concelhos de Mondim de Basto e Ribeira de Pena. Nas Inquirições de D. Afonso III, de 1258, refere-se que “o termo da paróquia de S. Salvador de Oveloo dividia com Cerva pela cruz que se chama Jugal”. Bibliografia: Inédito

50. Pedra do Jugal

51. Cruciforme gravado na Pedra do Jugal

N.º Inv. 41 Designação: Necrópole megalítica das Gevancas

Tipo de sítio: Necrópole

Topónimos: Gevancas

Cronologia: Pré-história

Lugar: Planalto das Gevancas

Descrição: Conjunto de três mamoas, implantadas na vertente poente do Vale de Gevancas, junto de linha de água tributário do Ribeiro do Batoco.

Bibliografia: dinis 2001, 11; caninas et al. 2001, 5.

65


António Pereira Dinis

N.º Inv. 41.1 Designação: Mamoa 1 das Gevancas (Gevancas 1)

Latitude: 41° 24’ 32’’

Longitude: 07° 48’ 29’’

Altitude: 1141 m

Descrição: Mamoa destacada na paisagem, de contorno subcircular, com 10,7 m no eixo N-S e 11,4 m no E-O, com depressão central bem marcada. Possui vestígios de couraça pétrea com alguns quartzos, três esteios, aparentemente “in situ”, e do lado Este uma laje tombada. A Sul tem um afloramento com covinha, talvez natural, com perfil em U e 11 cm de diâmetro e 3,5 cm de profundidade.

52. Mamoa 1 de Gevancas

N.º Inv. 41.2 Designação: Mamoa 2 de Gevancas

Latitude: 41° 24’ 31’’

Longitude: 07° 48’ 28’’

Altitude: 1150 m

Descrição: Hipotética mamoa constituída por pequeno amontoado de lajes, pequenas e finas, algumas em posição oblíqua.

N.º Inv. 41.3 Designação: Mamoa 3 de Gevancas

Latitude: 41° 24’ 30’’

Longitude: 07° 48’ 29’’

Altitude: 1130 m

Descrição: Mamoa praticamente invisível na paisagem devido ao assoreamento acentuado, apresen-

tando um pequeno montículo, com dois hipotéticos esteios fincados no solo e um terceiro, tombado.

66


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 42.1 Designação: Abrigo 1 do Ribeiro do Batoco

Latitude: 41° 24’ 32’’

Topónimos: Gevancas

Longitude: 07° 48’ 13’’

Lugar: Vale de Gevancas

Altitude: 1115 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Abrigo com entrada voltada a Norte, constituído por três monólitos, dois colocados paralelos, estruturando as paredes laterais e um outro, com a face exterior arredondada, servindo de cobertura, assente sobre os primeiros. O conjunto ergue-se sobre um afloramento granítico aplanado e encosta num outro, mais salientado, que forma a parede posterior. Implantação na vertente Norte, pouco pronunciada, voltada ao Ribeiro do Batoco. O abrigo localiza-se na envolvência das mamoas de Gevancas. Bibliografia: dinis 2007, 8. 53. Abrigo 1 do Ribeiro do Batoco

N.º Inv. 42.2 Designação: Abrigo 2 do Ribeiro do Batoco

Latitude: 41° 24’ 22’’

Topónimos: Gevancas

Longitude: 07° 48’ 21’’

Lugar: Vale de Gevancas

Altitude: 1153 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Abrigo parcialmente desmantelado, encostado a um grande afloramento granítico, junto ao caminho que atravessa o planalto. Estrutura constituída por blocos de granito, assentes a seco, de forma subrectangular, com cerca de 2,40 x 2,60 m e vão de entrada, com cerca de 0,60 m, orientado a poente. Implantação na vertente Norte, pouco pronunciada, voltada ao Ribeiro do Batoco. O abrigo localiza-se na envolvência de uma mariola. Bibliografia: caninas et al. 2001, 5. 54. Abrigo 2 do Ribeiro do Batoco

67


António Pereira Dinis

N.º Inv. 42.3 Designação: Mariola 1 do Ribeiro do Batoco

Latitude: 41° 24’ 23’’

Topónimos: Gevancas

Longitude: 07° 48’ 28’’

Lugar: Vale de Gevancas

Altitude: 1152 m

Tipo de sítio: Mariola

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Sobre afloramento de granito, dispersão de blocos de médio e grande calibre, não afeiçoados,

alguns amontoados, resultantes do desmoronamento de uma mariola. Bibliografia: Inédito

N.º Inv. 42.4 Designação: Mariola 2 do Ribeiro do Batoco

Latitude: 41° 24’ 22’’

Topónimos: Gevancas

Longitude: 07° 48’ 24’’

Lugar: Vale de Gevancas

Altitude: 1165 m

Tipo de sítio: Mariola

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Encastelado irregular, de blocos de granito de pequeno e médio calibre, sobre afloramento rochoso, à margem do caminho. Os blocos, não afeiçoados, estão colocados a seco, atingindo a altura de 2,15 m e um perímetro de cerca de 3,65 m. Possui, no topo, pedra fincada verticalmente, com orientação N-S, servindo de relógio de sol. Bibliografia: Inédito

55. Mariola 2 do Ribeiro do Batoco

68


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 43 Designação: Mamoa do Vale Grande

Latitude: 41° 24’ 26’’

Topónimos: Vale Grande

Longitude: 07° 47’ 32’’

Lugar: Vale Grande

Altitude: 1255 m

Tipo de sítio: Mamoa

Cronologia: Pré-história

Descrição: Mamoa de contorno circular, com 18,0 m no eixo N-S e 22,8 m no E-O, com depressão central e hipotéticos esteios, implantada em terreno plano, bem perceptível na paisagem, junto de linha de água que passa a nascente e vai alimentar outra que corre no sentido E-O. Não são visíveis vestígios de couraça e, no quadrante E, o tumulus parece estar mais perturbado devido à plantação de 4 vidoeiros. Bibliografia: dinis 2007, 7.

56. Hipotéticos esteiros da mamoa do Vale Grande

N.º Inv. 44 Designação: Alto da Rebedeira 1

Latitude: 41° 24’ 30’’

Topónimos: Alto da Rebedeira

Longitude: 07° 51’ 56’’

Lugar: Vale de Chelas

Altitude: 540 m

Tipo de sítio: Povoado com metalurgia

Cronologia: Época medieval

Descrição: Outeiro de forma subcircular, com aplanamento central, com boas condições naturais de defesa em metade do seu perímetro, estando nos lados mais vulneráveis parcialmente circuitado por derrubes de pedras, de pequeno e médio calibre, pertencentes, eventualmente, a uma estrutura defensiva. Numa zona contígua ao outeiro, existem dois afloramentos graníticos preenchidos com cavidades circulares, provavelmente relacionadas com as práticas metalúrgicas. À superfície recolheram-se fragmentos de cerâmica e restos de fundição de metal. Foi feita a análise química por espectrometria de fluorescência de raios X, de uma amostra de escória procedente deste sítio. Bibliografia: dinis 2001, 12.

57. Derrubes no Alto da Rebedeira 1

69


António Pereira Dinis

N.º Inv. 45 Designação: Alto da Rebedeira 2

Latitude: 41° 24’ 38’’

Topónimos: Alto da Rebedeira

Longitude: 07° 51’ 49’’

Lugar: Vale de Chelas

Altitude: 581 m

Tipo de sítio: Povoado com metalurgia

Cronologia: Época medieval

Descrição: Colina de topo arredondado, com domínio visual de 360°, sobranceira ao rio Cabrão que corre de Este, onde a vertente é mais íngreme. Zona granítica, com abundância de afloramentos, alguns com covinhas aparentemente naturais. Grande concentração de derrubes na acrópole, sendo perceptível um alinhamento de muro que parece definir uma estrutura de planta rectangular, com 6 x 7,80 m, atendendo ao cunhal do ângulo NW. No interior deste rectângulo encontra-se um derrube circular, eventualmente de outra estrutura. Envolvendo a acrópole, a cerca de 10 m, desenvolvese um muro ciclópico que integra grandes afloramentos graníticos. Do lado Este é mais perceptível o alinhamento pela utilização de pedra de menores dimensões, parecendo definir uma forma rectangular, com as seguintes medidas: 13 m, no lado Este, 8 m nos lados Norte e Oeste e 9 m no lado Sul, onde o declive é mais

suave. Na vertente aparece muita escória e fragmentos de cerâmica, aparentemente de época medieval. Bibliografia: dinis 2007, 10.

58. Derrubes de muros, alinhados, no Alto da Rebedeira 2

N.º Inv. 46.1 Designação: Ponte Nova

Latitude: 41° 24’ 58’’

Topónimos: Ponte Nova; Ponte da Várzea

Longitude: 07° 51’ 04’’

Lugar: Ponte

Altitude: 580 m

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Época moderna?

Descrição: Ponte sobre o rio Cabril, implantada no caminho velho de ligação a Vilarinho e à sede do concelho. Paramentos em alvenaria de granito, com fiadas irregulares, revelando sucessivos arranjos, possui um único arco de volta perfeita, com linha de intradorso regular apresentando pegões cegos, salientes. Tabuleiro plano resguardado lateralmente por parapeitos de lajes irregulares colocadas de cutelo e pavimento em saibro. Bibliografia: lopes 2000, 179.

59. Ponte Nova, vista de jusante

70


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 46.2 Designação: Calçada da Ponte Nova

Latitude: 41° 24’ 58’’

Topónimos: Caminho velho

Longitude: 07° 51’ 04’’

Lugar: Ponte

Altitude: 580 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Caminho de perfil irregular ligando Bilhó e Vilarinho. Parte do trajecto já é irreconhecível, mas ainda conserva alguns tramos lajeados, particularmente em zonas de declive, no geral enquadrados por muros e integrando os afloramentos graníticos que abundam na região, onde são bem visíveis as marcas dos rodados de carros de bois a mostrar uma utilização prolongada no tempo. A via cruza o rio Cabril na ponte Nova, local onde ainda se observam lajeados razoavelmente conservados. Bibliografia: lopes 2000, 179. 60. Caminho para Bilhó, junto à Ponte Nova

N.º Inv. 47 Designação: Penedo das Pias

Latitude: 41° 24’ 19’’

Topónimos: Calhau do Penedo das Pias

Longitude: 07° 49’ 47’’

Lugar: Bobal

Altitude: 890 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-História?

Descrição: Afloramento granítico, de dimensões consideráveis, implantado no rebordo de uma área aplanada, voltada ao rio Cabril. No topo, conjuntamente com seis pias naturais, de dimensões variáveis, existem quatro covinhas e três motivos, de reduzidas dimensões e pouco perceptíveis, que indiciam um cruciforme, um reticulado e um ziguezague. A prospecção na envolvente próxima não forneceu qualquer indício arqueológico. Bibliografia: dinis 2007, 5.

61. Penedo das Pias, em Bobal

71


António Pereira Dinis

N.º Inv. 48 Designação: Ponte de Vila Chã

Latitude: 41° 23’ 47’’

Topónimos: Ponte

Longitude: 07° 51’ 43’’

Lugar: Vila Chã

Altitude: 500 m

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Época moderna?

Descrição: Ponte desactivada, sobre o rio Cabrão, implantada no caminho de ligação de Vila Chã a Cavernelhe. Paramentos em alvenaria de granito, com fiadas irregulares, possui um único arco de volta perfeita, de

aduelas largas e compridas, em diferentes tamanhos. Tabuleiro inclinado com largura média de 2,40 m e pavimento em lajes irregulares. Bibliografia: lopes 2000, 179.

N.º Inv. 64.1 Designação: Mariola 1 da Bouça da Ribeira de Anta

Latitude: 41° 24’ 05’’

Topónimos: Gevancas

Longitude: 07° 49’ 08’’

Lugar: Vale de Gevancas

Altitude: 1053 m

Tipo de sítio: Mariola

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Encastelado irregular, de blocos de granito de pequeno e médio calibre, sobre afloramento rochoso. Os blocos, não afeiçoados, estão colocados a seco, apresentando um estrangulamento na parte central. Bibliografia: Inédito

62. Mariola 1 da Bouça da Ribeira de Anta

72


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 64.2 Designação: Mariola 2 da Bouça da Ribeira de Anta

Latitude: 41° 24’ 08’’

Topónimos: Gevancas

Longitude: 07° 49’ 07’’

Lugar: Vale de Gevancas

Altitude: 1055 m

Tipo de sítio: Mariola

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Encastelado em forma de tronco de pirâmide, de blocos de granito de pequeno e médio calibre, não afeiçoados, colocados a seco. Bibliografia: Inédito

63. Mariola 2 da Bouça da Ribeira de Anta

N.º Inv. 65 Designação: Abrigo da Praina de Filgueiras

Latitude: 41° 23’ 53’’

Topónimos: Filgueiras

Longitude: 07° 48’ 32’’

Lugar: Vale de Gevancas

Altitude: 1180 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Abrigo parcialmente desmantelado, com implantação junto a linha de água. Estrutura constituída por blocos de granito, mal afeiçoados, assentes a seco, de forma subcircular, com cerca de 1,60 m de diâmetro e vão de entrada bem estruturado, voltado a SSW, com cerca de 0,75 m. Bibliografia: Inédito

64. Abrigo da Praina de Filgueiras

73


António Pereira Dinis

N.º Inv. 66.1 Designação: Ponte de Travassos

Latitude: 41° 25’’ 24’’

Topónimos: Ponte

Longitude: 07° 49’ 41’’

Lugar: Travassos

Altitude: 610 m

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Época moderna

Descrição: Ponte sobre o rio Cabril, implantada no caminho de ligação da aldeia à sede da freguesia. Paramentos em alvenaria de granito, com fiadas irregulares, possui um único arco de volta perfeita, de aduelas estreitas e compridas. Tabuleiro em cavalete com largura média de 3,00 m e pavimento em lajes irregulares, com guardas laterais em cantaria, com uma única fiada. Foi reabilitada em 2004. É provável que a ponte tenha sido construída na segunda metade do século XVIII, segundo uma tipologia arcaizante, atendendo a que as Memórias Paroquiais de 1758 não lhe fazem referência. Bibliografia: Inédito 65. Ponte sobre o Cabril, em Travassos

N.º Inv. 66.2 Designação: Calçada de Travassos

Latitude: 41° 25’’ 24’’

Topónimos: Caminho velho

Longitude: 07° 49’ 41’’

Lugar: Travassos

Altitude: 720 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Caminho de perfil irregular ligando Bilhó e Travassos. Parte do trajecto já é irreconhecível, mas ainda conserva alguns tramos lajeados, particularmente em zonas de declive, no geral enquadrados por muros e integrando os afloramentos graníticos que abundam na região, onde são bem visíveis as marcas dos rodados de carros de bois a mostrar uma utilização prolongada no tempo. A via cruza o rio Cabril na ponte de Travassos, local onde se podem observar lajeados razoavelmente conservados. Bibliografia: Inédito

66. Calçada junto à Ponte de Travassos

74


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 85 Designação: Abrigo do Vale de Gevancas

Latitude: 41° 24’ 25’’

Topónimos: Vale de Gevancas

Longitude: 07° 47’ 40’’

Lugar: Planalto de Gevancas

Altitude: 1258 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de planta semi-circular, construída com blocos de granito, em aparelho ciclópico, contra um afloramento, desprovida de cobertura.

Está implantada em zona de encosta suave. Bibliografia: caninas et al. 2001, 6.

N.º Inv. 86 Designação: Abrigo do Alto das Antas

Latitude: 41° 24’ 10’’

Topónimos: Alto das Antas

Longitude: 07° 47’ 30’’

Lugar: Planalto de Gevancas

Altitude: 1244 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Pequena estrutura, de planta rectangular, construída com blocos e lajes de granito. O abrigo tem a configuração de um corredor estreito e baixo sendo ladeado por um afloramento. A cobertura é constituída por lajes de granito. Bibliografia: caninas et al. 2001, 7.

67. Abrigo do Alto das Antas

75


António Pereira Dinis

N.º Inv. 87.1 Designação: Mamoa 1 do Outeiro Escaleira

Latitude: 41° 24’ 03’’

Topónimos: Outeiro Escaleira

Longitude: 07° 47’ 37’’

Lugar: Planalto de Gevancas

Altitude: 1272 m

Tipo de sítio: Mamoa?

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Montículo muito baixo, com cerca de 9 m de diâmetro, constituído por pequenas lajes de granito quase assentes sobre o afloramento, dispersas em torno do que aparenta ser uma cratera, que poderá corresponder à cavidade sepulcral. Em torno

da mesma distinguem-se algumas lajes de dimensões consideráveis, que poderão corresponder a esteios. A avaliar pelas dimensões, pode tratar-se de restos de uma sepultura sob montículo, de cronologia tardia. Bibliografia: caninas et al. 2001, 7.

N.º Inv. 87.2 Designação: Mariola1 do Outeiro Escaleira

Latitude: 41° 24’ 03’’

Topónimos: Outeiro Escaleira

Longitude: 07° 47’ 37’’

Lugar: Planalto de Gevancas

Altitude: 1273 m

Tipo de sítio: Mariola

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura cilíndrica construída em pedra seca, de granito, com cerca de 1 m de altura, com reforço de construção pela base, mediante colocação de lajes em círculo. Bibliografia: Inédito.

68. Mariola 1 do Outeiro Escaleira

76


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 87.3 Designação: Mariola 2 do Outeiro Escaleira

Latitude: 41° 24’ 03’’

Topónimos: Outeiro Escaleira

Longitude: 07° 47’ 37’’

Lugar: Planalto de Gevancas

Altitude: 1272 m

Tipo de sítio: Mariola

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Aglomerado de pedra resultante do desmoronamento de uma estrutura, ao lado de um abrigo.

Bibliografia: caninas et al. 2001, 7.

N.º Inv. 87.4 Designação: Abrigo do Outeiro Escaleira

Latitude: 41° 24’ 03’’

Topónimos: Outeiro Escaleira

Longitude: 07° 47’ 37’’

Lugar: Planalto de Gevancas

Altitude: 1272 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Pequena estrutura construída através do aproveitamento de uma cavidade no afloramento rochoso, à qual foram adicionadas lajes, colocadas ao

alto, de forma a criar uma parede de resguardo do espaço interior. Bibliografia: caninas et al. 2001, 7.

N.º Inv. 91 Designação: Igreja Paroquial de Bilhó

Latitude: 41° 24’ 23’’

Topónimos: Igreja do Divino Salvador

Longitude: 07° 51’ 09’’

Lugar: Igreja

Altitude: 643 m

Tipo de sítio: Igreja

Cronologia: Época Moderna

Descrição: Igreja barroca, implantada no centro da aldeia, reedificada em 1771. Possui planta longitudinal com uma só nave e capela-mor, mais baixa e estreita, com sacristia adossada em eixo e torre sineira. Fachada principal rematada por empena, com portal de verga arqueada ladeado por cartelas inscritas e encimado por nicho rematado por cornija, contracurvada de inspiração borromínica. Interior com portas

travessas ladeadas por pias de água benta gomeada. Retábulo-mor rococó, de planta côncava e três eixos e retábulos laterais, tardo-barrocos, de planta recta e um só eixo. Em 1220 já há referência à freguesia, sendo pároco Pedro Mendes e em 1258 a paroquia de “Ouello”tem como pároco Martinho Pires. Em 1444 Gil Vasques é abade de “Sã saluador dabello” Bibliografia: lopes 2000, 179-188.

77


António Pereira Dinis

N.º Inv. 95.1 Designação: Gravuras de Gevancas 1

Latitude: 41° 24’ 30’’

Topónimos: Gevancas

Longitude: 07° 48’ 11’’

Lugar: Planalto de Gevancas

Altitude: 1227 m

Tipo de sítio: Arte rupestre?

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Afloramentos de granito situados na encosta sobranceira ao Vale de Goldres, com alinhamentos de covinhas, tendo um deles espaçamento regular.

Não está afastada a possibilidade de tratar-se de fenómeno natural, de meteorização do afloramento. Bibliografia: caninas et al. 2001, 6.

N.º Inv. 95.2 Designação: Gravuras de Gevancas 2

Latitude: 41° 24’ 30’’

Topónimos: Gevancas

Longitude: 07° 48’ 09’’

Lugar: Planalto de Gevancas

Altitude: 1230 m

Tipo de sítio: Arte rupestre?

Cronologia: Pré-história?

Descrição: A curta distância do sítio denominado Gravuras das Gevancas 1, para Oeste, aparecem mais

afloramentos de granito gravados com covinhas. Bibliografia: caninas et al. 2001, 6.

N.º Inv. 98 Designação: Ponte da Cucaça

Latitude: 41° 25’ 23’’

Topónimos: Ponte da Cucaça

Longitude: 07° 51’ 45’’

Lugar: Ponte da Cucaça

Altitude: 590 m

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Ponte de granito, sobre o ribeiro da Cucaça, com tabuleiro plano, sem guardas, com lajeado constituído por pedras de tamanho médio, assente sobre dois pilares, de forma semi-circular no lado voltado a montante, para quebrar o ímpeto das águas no Inverno. A ponte integrava o caminho de perfil

irregular ligando Mondim de Basto a Bilhó, o qual conserva alguns tramos lajeados, particularmente em zonas de declive. A carta dos S.C.E. de 1948 apenas assinala esta via antiga já que a estrada actual para Bilhó terá sido construída na década de 1960. Bibliografia: lopes 2000, 179.

78


Freguesia de Campanh贸

79


António Pereira Dinis

N.º Inv. 57 Designação: Cruz da Rocheira

Latitude: 41° 20’ 32’’

Topónimos: Alto da Rocheira; Rossairo

Longitude: 07° 55’ 00’’

Lugar: Campanhó

Altitude: 790 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Pedra de xisto, espetada no chão, com cerca de 0,40 m de altura e 0,33 m de largura, implantada na encosta Noroeste do Alto da Rocheira, junto do asseiro. Apresenta na face voltada a Sul uma cruz latina, de contorno bem definido, com 35 x 18 cm, tendo no centro uma pequena covinha com cerca de 3 cm de diâmetro. Bibliografia: silva 2005, 11.

69. Cruz da Rocheira, em Campanhó

N.º Inv. 67 Designação: Forno de Campanhó

Latitude: 41° 19’ 36’’

Topónimos: Campanhó

Longitude: 07° 55’ 49’’

Lugar: Campanhó

Altitude: 640 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Época contemporânea

Descrição: Estrutura de pedra de xisto de planta circular, implantada na encosta, sobranceira ao ribeiro do Porto Velho, junto de linha de água sua tributária, à face da estrada para Campanhó. A estrutura, ainda intacta, tem paredes com espessura de 2,15 m, cobertura em cúpula, com uma altura de 5 m e chaminé com abertura de 1,80 m. A entrada, voltada a poente, utiliza pedra de granito e estreita para o interior. Exteriormente, tem verga recta com largura de 1,50 m e pelo interior forma arco de volta perfeita, com largura de 0,80 m. Interiormente tem um poço, cilíndrico,

70. Vão da chaminé do forno de cal de Campanhó

80


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

com 2,05 m de diâmetro e cerca de 1,10 m de profundidade, com o topo a um nível inferior ao da soleira da entrada. Na envolvência registam-se fragmentos de restos de utilização designados por “rojão”. Segundo a informação recolhida na aldeia, este forno foi construído há menos de 100 anos, não se sabendo se utilizou uma pré-existência. Bibliografia: Inédito

71. Vão de entrada do Forno de Campanhó

N.º Inv. 68.1 Designação: Forno 1 do Coto

Latitude: 41° 19’ 14’’ N

Topónimos: Coto

Longitude: 07° 55’ 05’’

Lugar: Campanhó

Altitude: 788 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de pedra de xisto de planta subcircular, implantada numa elevação suave que separa o ribeiro do Brunhedo da ribeira do Porto Velho, à face da estrada asfaltada para o Alto do Velão. A estrutura, em parte desmantelada e com a parte frontal coberta de silvas, mostra a abertura a NE, restos dos paramentos e a abertura da chaminé. Na envolvência registam-se fragmentos de restos de utilização designados por “rojão”. Há cerca de 50 anos, este forno ainda funcionava. Bibliografia: Inédito

72. Ruínas do Forno 1 do sítio do Coto, em Campanhó

81


António Pereira Dinis

N.º Inv. 68.2 Designação: Forno 2 do Coto

Latitude: 41° 19’ 13’’

Topónimos: Coto

Longitude: 07° 55’ 04’’

Lugar: Campanhó

Altitude: 790 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de pedra de xisto de planta subcircular, a cerca de 50 m para SE do forno denominado Coto 1. A estrutura, parcialmente desmantelada, tem abertura a N, sendo visíveis os restos dos

paramentos e a chaminé. Há cerca de 50 anos, este forno ainda funcionava. Bibliografia: Inédito.

N.º Inv. 68.3 Designação: Forno 3 do Coto

Latitude: 41° 19’ 12’’

Topónimos: Coto

Longitude: 07° 55’ 05’’

Lugar: Campanhó

Altitude: 786 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de pedra de xisto de planta subcircular, a cerca de 50 m para O do forno denominado Coto 2. A estrutura, em parte desmantelada, mostra a abertura a N, restos dos paramentos e a chaminé. Junto do forno existem os restos de duas estruturas de planta rectangular que serviam para guardar as ferramentas e a cal que era produzida no forno. Bibliografia: Inédito.

73. Ruínas do Forno 3 do sítio do Coto, em Campanhó

82


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 68.4 Designação: Gruta do Coto

Latitude: 41° 19’ 22’’

Topónimos: Coto

Longitude: 07° 55’ 13’’

Lugar: Campanhó

Altitude: 780 m

Tipo de sítio: Gruta

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Entrada de grandes dimensões, voltada a nascente, através da qual se desemboca num amplo “salão”. A partir daqui desenvolve-se, em profundidade, uma larga galeria, que parece orientar-se no sentido Norte. Do lado Este, num plano inferior, numa área coberta por vegetação, existe uma ou-

tra entrada que, segundo relato do nosso informador, comunica com a anterior. Aparecem lascas de quartzo, aparentemente sem marcas de talhe. Desta gruta retirava-se a matéria-prima para os fornos de cal. Bibliografia: Inédito

N.º Inv. 69 Designação: Forno de Tejão

Latitude: 41° 21’ 05’’

Topónimos: Tejão

Longitude: 07° 56’ 08’’

Lugar: Tejão

Altitude: 440 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de pedra de xisto, desmantelada, notando-se a abertura orientada a S, implantada na encosta voltada ao rio Olo, junto de linha de água sua tributária, a poente da estrada de Tejão para a ponte de Olo. Bibliografia: Inédito.

74. Entrada para a Gruta do Coto

83


António Pereira Dinis

N.º Inv. 70.1 Designação: Forno 1 da Portela da Grade

Latitude: 41° 21’ 09’’

Topónimos: Portela da Grade

Longitude: 07° 55’ 53’’

Lugar: Tejão

Altitude: 470 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de pedra de xisto de planta subcircular, com abertura a N, desmantelada, implantada na encosta sobranceira à ribeira de Sobreira, afluente do rio Olo, à face de um caminho de pé posto que segue para o Alto da Estrada Nova. Há cerca de 10

anos, o caminho foi alargado, tendo sido amputada a parte traseira da estrutura. Por entre as silvas que cobrem o local são ainda visíveis restos dos alçados e parte da sua chaminé. Bibliografia: Inédito

N.º Inv. 70.2 Designação: Forno 2 da Portela da Grade

Latitude: 41° 21’ 09’’

Topónimos: Portela da Grade

Longitude: 07° 55’ 53’’

Lugar: Tejão

Altitude: 470 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de pedra de xisto de planta subcircular, com abertura a N, desmantelada e amputada na parte traseira devido ao alargamento do caminho, situada a 10 m para poente do Forno 1 da Portela da Grade. Por entre as silvas que cobrem o local são ainda visíveis restos dos seus alçados. Segundo informação de José da Silva Beleza, de Tejão, o seu pai, actualmente com 86 anos de idade, deixou de cozer cal neste forno há cerca de 60 anos. Bibliografia: Inédito

75. Ruínas do Forno 2 do sítio da Portela da Grade, em Tejão

84


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 70.3 Designação: Forno 3 da Portela da Grade

Latitude: 41° 21’ 09’’

Topónimos: Portela da Grade

Longitude: 07° 55’ 40’’

Lugar: Tejão

Altitude: 450 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de pedra de xisto de planta subcircular, implantada na encosta E sobre o rio Olo, junto de linha de água sua tributária. A estrutura, desmantelada e coberta de silvas, ainda revela parte

dos seus paramentos e o vão de acesso ao interior, voltado a SE. Bibliografia: Inédito

N.º Inv. 71 Designação: Muros do Longarinho

Latitude: 41° 20’ 37’’

Topónimos: Longarinho

Longitude: 07° 56’ 30’’

Lugar: Tejão

Altitude: 450 m

Tipo de sítio: Silha

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Conjunto de dois cercados, subcirculares, com muros de xisto e interior disposto em socalcos, implantados na vertente SE do rio Olo, junto do ribeiro da Longarinha. Uma das silhas ainda é utilizada, actualmente. Bibliografia: dinis 2009, 8; dinis et al. 2009.

76. Silha 1 do Longarinho, em Tejão

85


António Pereira Dinis

N.º Inv. 107 Designação: Igreja Paroquial de Campanhó

Latitude: 41° 19’ 29’’

Topónimos: Igreja de Santa Bárbara

Longitude: 07° 55’ 45’’

Lugar: Igreja

Altitude: 580 m

Tipo de sítio: Igreja

Cronologia: Época moderna

Descrição: Igreja implantada na encosta voltada ao ribeiro da Beja, junto do cemitério paroquial. Possui planta longitudinal com nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, em eixo e sacristia adossada a Este. Fachada principal terminada em empena de cornija coroada por cruz latina, tendo no enfiamento do cunhal esquerdo, sobre o telhado, torre sineira em betão. Portal principal de verga arqueada, moldurado, decorado com cálix e hóstia no fecho, encimado por janela de verga arqueada, com vidros polícromos. Interior com retábulos barrocos, de talha dourada e policroma. Em 1530, a paróquia de Campanhó está integrada no concelho de Ermelo. Bibliografia: lopes 2000, 207-216. 77. Vista da povoação de Campanhó

86


Freguesia de Ermelo

87


António Pereira Dinis

N.º Inv. 49.1 Designação: Ponte da Várzea

Latitude: 41° 21’ 12’’

Topónimos: Ponte da Várzea; Ponte dos

Longitude: 07° 54’ 41’’

Altitude: 280 m

Presuntos; Ponte romana

Lugar: Várzea

Cronologia: Época medieval

Tipo de sítio: Ponte

Descrição: Ponte com trânsito automóvel, sobre o rio Olo, implantada na estrada de ligação do antigo concelho de Ermelo a Mondim de Basto. Paramentos em alvenaria de granito, em fiadas irregulares, possui um único e amplo arco de volta perfeita, de aduelas largas e muito regulares, estando o intradorso gravado com 118 siglas agrupadas em dez tipos de motivos. Tabuleiro em cavalete desenvolvendose em segmento de arco nos encontros, com largura entre 3,20 e 3,60 m e pavimento em lajes irregulares. Construída integralmente em granito apresenta algumas pedras das guardas gravadas com motivos cruciformes e a data de 1806, sendo esta alusiva à sua reconstrução na sequência de uma grande cheia que as terá danificado. Reabilitada em 2005. Protecção: I.I.P., por Decreto n.º 29/90, DR 163 de 17 de Julho de 1990. Bibliografia: ippar 1993, 19; lopes 1996, 12; dinis 2005.

78. Ponte sobre o rio Olo, no lugar da Várzea

88


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 49.2 Designação: Gravuras da ponte da Várzea

Cronologia: Época medieval / Época moderna? /

Tipo de sítio: Arte rupestre

/ Época contemporânea

Descrição: Ponte com os seguintes motivos gravados: no intradorso do arco, 118 siglas, agrupadas em 10 tipos de motivos; as datas de 1806 e 2005 no topo de duas pedras das guardas, a primeira colocada a jusante e a segunda a montante; diversos cruciformes em duas pedras das guardas jusante. A data de 1806 relaciona-se com a reconstrução da ponte ocorrida após uma grande cheia; a data de 2005 refere-se aos últimos trabalhos de reabilitação. Bibliografia: ippar 1993, 19; lopes 1996, 12; dinis 2006a. 79. Cruciforme gravado numa das guardas da Ponte da Várzea

80. Motivos das siglas gravadas na ponte

N.º Inv. 49.3 Designação: Calçada da Várzea

Tipo de sítio: Calçada

Topónimos: Caminho velho

Cronologia: Época medieval?

Lugar: Várzea

Descrição: Caminho de perfil irregular no trajecto de Mondim de Basto para Ermelo, passando por Vilar de Viando e Paradança. Nas freguesias de Paradança e Ermelo parte do trajecto já é irreconhecível, especialmente nesta última freguesia, onde a via se desenvolve em contexto geológico diferente (xisto), no entanto ainda se descobrem alguns tramos lajeados, por vezes enquadrados por muros e integrando afloramentos de xisto que cristalizaram sulcos profundos das marcas dos rodados de carros de bois a mostrar uma utilização prolongada no tempo. A via cruza o

rio Olo na ponte da Várzea, local onde se bifurcava dando acesso à aldeia de Paço. Esta via foi utilizada até ao séc. XX, perdendo importância quando foi construída a E.M. de Mondim para Ermelo e Alto do Velão, estrada que segue mais ou menos o seu traçado, apenas a uma cota superior. É provável que a sua génese remonte à Época medieval ganhando maior importância no séc. XVI quando D. Manuel I atribuiu foral a Mondim de Basto e Ermelo, precisamente o eixo desta via de comunicação. Bibliografia: lopes 1996, 12.

89


António Pereira Dinis

N.º Inv. 50 Designação: Pelourinho de Ermelo

Latitude: 41° 21’ 45’’

Topónimos: Ermelo

Longitude: 07° 53’ 12’’

Lugar: Ermelo

Altitude: 410 m

Tipo de sítio: Pelourinho

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Implantado no centro da aldeia, à face da rua principal, encostado a edifício da antiga Câmara Municipal, actual Junta de Freguesia. Sobre soco quadrado com dois degraus, ergue-se base quadrada chanfrada. Fuste não decorado, cilíndrico e liso, capitel com coxim troncocónico e ábaco circular. Remate piramidal. Em Abril de 1196 D. Sancho I passou carta de aforamento aos moradores de Ermelo. Este documento foi confirmado em Março de 1218 por D. Afonso II. Em 3 de Junho de 1514 D. Manuel I concedeu novo foral a Ermelo e seu termo. Protecção: I.I.P., por Decreto n.º 23 122, DG 231 de 11 de Outubro de 1933. Bibliografia: ippar 1993, 19; alvellos 1967; aze­ vedo 1967, 36; lopes 1996; malafaia 1997.

81. Pelourinho de Ermelo 82. Casas tradicionais numa rua de Ermelo

90


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 51 Designação: Monte Crasto

Latitude: 41° 22’ 06’’

Topónimos: Crasto de S. João

Longitude: 07° 51’ 43’’

Lugar: S. João do Ermo

Altitude: 499 m

Tipo de sítio: Povoado

Cronologia: Proto-história

Descrição: Cabeço bem destacado, com boas condições naturais de defesa em mais de dois terços do seu perímetro, sendo mais vulnerável do lado nascente, na ligação ao relevo. Implantação na vertente, sobranceiro à ribeira da Fervença, afluente do rio Olo, junto da capela setecentista de São João Baptista. Do lado Sul nota-se um talude e duas pequenas plataformas. Recolheu-se um pequeno fragmento de cerâmica, de pasta areno-micácea, coloração beije, superfície alisada e decorado com uma canelura, integrável na Idade do Ferro. Bibliografia: dinis 2001, 12. 83. Monte Crasto

N.º Inv. 52 Designação: Muragalha

Latitude: 41° 21’ 36’’

Topónimos: Muragalha

Longitude: 07° 52’ 03’’

Lugar: Muragalha

Altitude: 700 m

Tipo de sítio: Vestígios diversos (mineração)

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Vertente voltada a Norte, sobre a ribeira de Fervença, junto de linha de água, zona inculta aproveitada para pastagem. Numa área bem definida, observam-se restos de muros, em xisto, formando um género de socalcos e dispersão de grandes montes de inertes, restos de práticas de mineração. Bibliografia: dinis 2008, 8.

84. Ruínas de muros, na Muragalha

91


António Pereira Dinis

N.º Inv. 53 Designação: Alto de Santa Cruz

Latitude: 41° 21’ 30’’

Topónimos: Alto de Santa Cruz

Longitude: 07° 52’ 20’’

Lugar: Alto de Santa Cruz

Altitude: 798 m

Tipo de sítio: Vestígios diversos (mineração)

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Topo arredondado de um outeiro com excelente controle visual e uma vista privilegiado para as Fisgas de Ermelo e o Alto da Senhora da Graça. Num espaço bem definido, observam-se restos de muros, em xisto, de uma construção de planta rectangular. Na envolvência próxima existem pequenos montículos que deverão corresponder a práticas de

mineração. Aparecem, igualmente, alguns fragmentos do que vulgarmente se designa como “escórias”. Há a referência à existência no local de uma capela setecentista da invocação de Santa Cruz. O povo relaciona os restos de muros existentes neste local com a capela. Bibliografia: lopes 2000; dinis 2008, 8-9.

N.º Inv. 54.1 Designação: Mina das Fontes 1

Latitude: ?

Topónimos: Mina das Fontes

Longitude: ?

Lugar: Alto das Fontes

Altitude: ?

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Época romana

Descrição: Zona de encosta voltada à ribeira de Fervença, com excelente controle visual. Num espaço alargado observam-se grandes montes de inertes das práticas de mineração aqui realizadas. Neste local apareceu, em data desconhecida, um conjunto de dezassete pequenos bronzes, em mau estado de conservação. Segundo informação do Sr. Eng.º Alfredo Augusto Ferreira Pinto Coelho de Mendonça, da Casa do Seixinal, proprietário das moedas, também teria aparecido neste local uma lucerna, em metal. As moedas encontram-se depositadas na Câmara Municipal. Bibliografia: dinis 2001, 13. 85. Moedas romanas da Mina das Fontes

92


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 54.2 Designação: Mina das Fontes 2

Latitude: 41° 21’ 15’’

Topónimos: Mina das Fontes

Longitude: 07° 51’ 37’’

Lugar: Alto das Fontes

Altitude: 1000 m

Tipo de sítio: Vestígios diversos (Mineração)

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Zona de encosta voltada à ribeira de Fervença, com excelente controle visual. Num espaço alargado observam-se entradas para galerias, grandes depressões com entradas de minas e grandes montes de inertes das práticas de mineração realizadas no local. Dispersos pelo solo aparecem pequenos fragmentos do que vulgarmente se designa como “escórias”. Da envolvência provêm dezassete pequenos bronzes, romanos, em mau estado de conservação. Bibliografia: dinis 2008, 9.

86. Entradas para as galerias da Mina das Fontes

N.º Inv. 55 Designação: Fonte do Trigo

Latitude: 41° 20’ 22’’

Topónimos: Fonte do Trigo

Longitude: 07° 51’ 38’’

Lugar: Fonte do Trigo

Altitude: 730 m

Tipo de sítio: Vestígios diversos (metalurgia)

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Vertente sobranceira à Fonte do Trigo, com pequenas plataformas ligeiramente aplanadas, dispostas no sentido das curvas de nível, observandose alguns alinhamentos de pedra dos muros de sustentação. Quando o terreno esteve coberto de neve identificaram-se alinhamentos circulares de possíveis estruturas. Pequenos fragmentos de metal, vulgarmente designados como “escórias”, dispersam-se pelo terreno. Existe uma lenda que narra a deslocação para este local da população da aldeia de Ermelo, pelo espaço que durou um grande surto de peste. Foi feita a análise química por espectrometria de fluorescência de raios X em 4 amostras de escórias recolhidas neste local. Bibliografia: dinis 2008, 9.

87. Derrubes de muros, na Fonte do Trigo

93


António Pereira Dinis

N.º Inv. 56 Designação: Paço

Latitude: 41° 20’ 17’’

Topónimos: Paço

Longitude: 07° 54’ 34’’

Lugar: Paço

Altitude: 470 m

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Encosta NO sobre o rio Olo, zona de socalcos, agricultados, no fundo da povoação. Num dos socalcos encontramos dois fragmentos de cerâmica que conotamos com a Época Medieval. Os fragmentos de cerâmica têm paredes espessas, es-

trias da roda na superfície interior, textura grosseira e acabamento alisado, de cor castanha escura. De notar que a “vila de Paazoo” aparece mencionada na documentação medieval Bibliografia: dinis 2008, 8.

N.º Inv. 72.1 Designação: Abrigo 1 do Vaqueiro

Latitude: 41° 20’ 25’’

Topónimos: Vaqueiro

Longitude: 07° 50’ 23’’

Lugar: Planalto do Vaqueiro

Altitude: 1293 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Abrigo desmantelado, com implantação em zona plana. Estrutura com muro de granito, com pedras assentes a seco, de forma ovalada, com vão de entrada voltado a Nordeste, encostada a uma grande laje aplanada na face. Bibliografia: Inédito.

88. Abrigo 1 do Vaqueiro

94


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 72.2 Designação: Abrigo 2 do Vaqueiro

Latitude: 41° 20’ 38’’

Topónimos: Vaqueiro

Longitude: 07° 50’ 17’’

Lugar: Planalto do Vaqueiro

Altitude: 1287 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Abrigo desmantelado, com implantação em zona plana. Blocos de granito de pequeno e mé-

dio calibre dispersos de forma caótica. Bibliografia: Inédito.

N.º Inv. 73 Designação: Fojo

Latitude: 41° 22’ 44’’

Topónimos: Fojo

Longitude: 07° 52’ 33’’

Lugar: Fojo

Altitude: 500 m

Tipo de sítio: Fojo de lobos?

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Encosta sobranceira ao rio Olo, cruzando linha de água, sua tributária, que desce do Fojo. Grande cercado de perfil longitudinal, arredondado, em declive, construído em pedra de xisto, com fiadas dispostas a seco. Bibliografia: Inédito.

89. Cercado no Fojo

95


António Pereira Dinis

N.º Inv. 78 Designação: Lapa do Urso

Latitude: 41° 22’ 12’’

Topónimos: Lapa do Urso

Longitude: 07° 50’ 40’’

Lugar: Fontão

Altitude: 590 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Implantação na encosta, na vertente S do monte, sobranceiro à Ribeira da Fervença, afluente do rio Olo. Abrigo composto por duas cavidades abertas no afloramento rochoso, a da direita mais profunda e a da esquerda mais comprida, com um espaço subcircular, aplanado, com cerca de 3 m de diâmetro, definido por um alinhamento de pedras de pequeno e médio calibre. Os “tectos” e “paredes” dos abrigos estão escurecidos devido a fogueiras que aí terão sido acesas. No chão observam-se excrementos de cabras, prova da sua utilização actual. Bibliografia: dinis 2008, 7. 90. Abrigo da Lapa do Urso

N.º Inv. 79 Designação: Silha do Fontão

Latitude: 41° 22’ 04’’

Topónimos: Fontão

Longitude: 07° 51’46’’

Lugar: Fontão

Altitude: 450 m

Tipo de sítio: Silha

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Implantação no sopé da encosta, na vertente Sul do monte, junto à ribeira da Fervença, afluente do rio Olo, em terreno particular, de apetência florestal (integrado na área do Parque Natural do Alvão), actualmente despido de vegetação. Na mesma encosta, à cota de 590 m, fica um abrigo composto por duas cavidades abertas no afloramento rochoso, denominado a Lapa do Urso, topónimo que relaciona as silhas e os ursos. Construção de planta subcircular, com cerca de 7 m de diâmetro e vão de entrada voltado a poente, com perímetro definido por muro de alvenaria de xisto, integrando os afloramentos rochosos do local. Do lado nascente é

protegida pela ravina criada por uma linha de água que corre para a ribeira. No interior estruturam-se quatro patamares horizontais, com “estradoilas” para assentamento das colmeias. A silha foi abandonada há cerca de nove anos, na sequência de um grande incêndio florestal, encontrando-se parte dos muros já caídos. No interior observam-se, ainda, restos dos antigos cortiços e pudemos constatar que um enxame regressou ao local e ocupou uma colmeia velha. Segundo informação de Manuel Marinho da Costa, o seu pai, proprietário de Ermelo, há cerca de 40 anos ainda colocava abelhas neste cercado. Bibliografia: dinis 2009, 9-10; dinis et al. 2009.

96


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 81 Designação: Muro de Lampassa

Latitude: 41° 21’ 07’’

Topónimos: Arjuiz

Longitude: 07° 52’ 34’’

Lugar: Arjuiz

Altitude: 540 m

Tipo de sítio: Silha

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Implantação no sopé da encosta, na vertente Oeste do monte, junto ao ribeiro do Moiro, em terreno baldio, de apetência florestal, actualmente despido por incêndio recente. Construção de planta subcircular, com perímetro totalmente definido por muro de alvenaria de xisto, conservando cerca de 2 m de altura e algumas lajes do antigo capeamento. Do lado NO é protegida pela ravina criada pelo ribeiro. No interior, com acesso por porta rasgada de poente, estruturam-se quatro patamares horizontalizados, com “estradoilas” para assentamento das colmeias. Alguns paramentos da silha foram reconstruídos recentemente, tendo sido repovoada com colmeias pertencentes a Avelino Henrique, de Ermelo.

Bibliografia: dinis 2009, 9; dinis et al. 2009.

91. Silha da Lampassa, em Arjuiz

N.º Inv. 82 Designação: Muro do Sobral Pequeno

Latitude: 41° 20’ 22’’

Topónimos: Rio de Sião

Longitude: 07° 51’ 53’’

Lugar: Rio de Sião

Altitude: 620 m

Tipo de sítio: Silha

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Implantação no sopé da encosta, na vertente Sul do monte, junto da confluência do ribeiro do Bouço com o rio de Sião, em terreno baldio de apetência florestal. Construção de planta subrectangular, com cerca de 14 m de largura e perímetro definido por muro de alvenaria de xisto, com espessura variável entre 0,50 e 0,60 m, no geral derrubados. No interior estruturam-se três patamares com muros de xisto a segurar os socalcos, sendo os pavimentos lajeados com “estradoilas”, de xisto. O que resta dos muros e das plataformas foi recentemente limpo da vegetação que os ocultava, tendo

sido colocados alguns cortiços pertencentes a Avelino Henrique, de Ermelo. Segundo este informador, cabem nesta silha entre 50 e 60 cortiços. Bibliografia: dinis 2009, 10; dinis et al. 2009. 92. Silha do Sobral Pequeno

97


António Pereira Dinis

N.º Inv. 83.1 Designação: Gravuras de Bouça Rechã

Latitude: 41° 20’ 23’’

Topónimos: Bouça Rechã

Longitude: 07° 51’ 23’’

Lugar: Bouça Rechã

Altitude: 820 m

Tipo de sítio: Gravuras rupestres

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Afloramento granítico, de dimensões medianas, fracturado, implantado no rebordo de uma chã onde ocorrem amontoados de pedras e indícios de alinhamentos de muros. No topo do afloramento, existem duas covinhas de perfil ovalado e secção em U, com 16 x 12 cm e 13 x 9 cm, respectivamente, tendo 6,5 cm de profundidade. Na Fonte do Trigo, a uma cota um pouco mais baixa, aparecem fragmentos de metal, restos de práticas de metalurgia. Bibliografia: dinis 2008, 7. 93. Covinhas, em Bouça Rechã

N.º Inv. 83.2 Designação: Abrigo de Bouça Rechã

Latitude: 41° 20’ 25’’

Topónimos: Bouça Rechã

Longitude: 07° 51’ 24’’

Lugar: Bouça Rechã

Altitude: 800 m

Tipo de sítio: Abrigo

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Abrigo parcialmente desmantelado, encostado a um afloramento granítico, implantado no rebordo N de uma chã, sobranceiro ao ribeiro do Bouço. Estrutura constituída por blocos de granito, assentes a seco, de forma subcircular, com cerca de 2,70 m de diâmetro e vão de entrada voltado a S. As paredes conservam ainda cerca de 1 m de altura. Bibliografia: Inédito

94. Abrigo de Bouça Rechã

98


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 84 Designação: Linhar

Latitude: 41° 20’ 55’’

Topónimos: Linhar

Longitude: 07° 50’ 45’’

Lugar: Linhar

Altitude: 1160 m

Tipo de sítio: Derrubes de pedra

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Vertente voltada a poente, sobre o ribeiro do Bouço. Numa área ampla da encosta, observa-se muita pedra derrubada. Junto de um outeiro, que a oralidade relaciona com muros de casas, observamse derrubes e alinhamentos de muros. O povo relaciona os derrubes e alinhamentos de muros com os restos de uma cidade que teria existido no Linhar. É de registar que nas Memórias Paroquiais de 1758 o sítio do Linhar é evidenciado pelo facto de aí se extrair estanho fino. Bibliografia: Inédito.

95. Derrubes de muros, no Linhar

N.º Inv. 92 Designação: Igreja Paroquial de Ermelo

Latitude: 41° 21’ 41’’

Topónimos: Igreja de São Vicente

Longitude: 07° 53’ 14’’

Lugar: Igreja

Altitude: 415 m

Tipo de sítio: Igreja

Cronologia: Época moderna

Descrição: Igreja de planta longitudinal de uma só nave, profunda, com capela-mor, mais baixa e estreita. Fachada principal terminada em empena de friso e cornija, rasgada por porta e janela de verga abatida. Torre sineira a flanquear a fachada principal, de

estrutura possante e características maneiristas, ainda rematada por gárgulas de canhão nos vértices, com data de construção de 1696 e nome do encomendante. Esta paroquial já é referida nas inquirições de 1258. Bibliografia: lopes 1996, 13-14.

99


António Pereira Dinis

N.º Inv. 99 Designação: Silha da Várzea

Latitude: 41° 21’ 17’’

Topónimos: Muro da Várzea

Longitude: 07° 54’ 12’’

Lugar: Várzea

Altitude: 299 m

Tipo de sítio: Silha

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Implantação na vertente sobranceira ao rio Olo, à margem do antigo caminho que ligava Ermelo a Mondim de Basto. Planta subcircular, com vão de entrada, cerrado por porta de madeira, voltado a Sul. Perímetro definido por muro de xisto, con-

servando ainda uma altura considerável. No interior, não obstante o denso mato que o cobre, vislumbramse os patamares horizontais para assentamento das colmeias. Bibliografia: Inédita

N.º Inv. 100 Designação: Calçada do Chão da Ponte

Latitude: 41° 21’ 57’’

Topónimos: Caminho velho

Longitude: 07° 50’ 12’’

Lugar: Fervença

Altitude: 690 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Caminho de traçado sinuoso, com lajeado constituído por pequenas pedras, dispostas de forma irregular, integrado na antiga via de ligação de Ermelo a Vila Real, o qual cruzava a ribeira de Fervença na ponte do Rio. A ponte primitiva, actual-

mente desfigurada, possuía um arco de volta perfeita e tabuleiro plano constituído por pequenas pedras, dispostas irregularmente e sem guardas. Bibliografia: lopes 1996, 12.

100


Freguesia de Mondim de Basto

101


António Pereira Dinis

N.º Inv. 17 Designação: Estação Rupestre de Campelo

Latitude: 41° 25’ 12’’

Topónimos: Campelo

Longitude: 07° 55’ 44’’

Lugar: Campelo

Altitude: 420 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-história

Descrição: Sítio composto por três afloramentos de granito, na encosta do Monte Farinha. O primeiro, destacado na envolvente devido às suas grandes dimensões, possui uma superfície bastante irregular, marcada por relevos, fendas e ângulos, gravado por picotagem e abrasão, com uma organização compositiva muito complexa, integrando círculos concêntricos, reticulados e paletes, entre outros, estendendo-se, praticamente, por toda a face superior e integrando as irregularidades da rocha na própria configuração das gravuras. O afloramento conserva dois furos, feitos há duas décadas, com broca mecânica, com o intuito de o fender e aproveitar os blocos daí resultantes. O objectivo não foi alcançado pela oposição do proprietário do terreno, alertado pelos operários que se aperceberam da existência das gravura. O segundo, actualmente desaparecido, distava do primeiro cerca de 20 metros para NNO. De pequenas dimensões e pouco saliente no terreno, tinha um único motivo gravado constituído por várias circunferências concêntricas, com “fossette” central e haste ondeada. O terceiro, junto do primeiro, possui gravadas diversas paletes quadrangulares e covinhas. Nas escavações realizadas na envolvência dos penedos recolheu-se um dormente de mó de vaivém, um fragmento de ponta de seta e algumas cerâmicas, de feitura manual, de partes grosseiras, aparentemente enquadráveis na Idade do Bronze. Protecção: Em vias de classificação. Bibliografia: dinis 2001, 11-12; dinis 2009.

102

96. Rocha 1 de Campelo e pormenor das gravuras


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 18.1 Designação: Crastoeiro

Latitude: 41° 24’ 58’’

Topónimos: Crastoeiro; Castrueiro

Longitude: 07° 55’ 41’’

Lugar: Campos

Altitude: 453 m

Tipo de sítio: Povoado

Cronologia: Idade do Ferro

Descrição: Cabeço, de contorno ovalado, destacado na vertente SO do monte Farinha, sobranceiro ao vale de Campos. Na parte superior possui uma plataforma, circuitada por muralha pétrea em 2/3 do seu perímetro, com cerca de 120 m no eixo maior e 65 m no menor, que estrutura diversos recintos, desnivelados e delimitados por afloramentos graníticos, alguns com gravuras abstractas. As escavações realizadas revelaram a ocupação permanente do local pelo menos a partir da Idade do Ferro Antigo, com cabanas feitas com materiais perecíveis e fossas abertas no saibro, relacionadas com a conservação de cereais, revelando uma população ligada às práticas agro-silvo-pastoris e ao trabalho da metalurgia do ferro. Cerca do séc II a.C. o povoado foi fortificado com uma muralha de pedra e, um pouco mais tarde, construíram-se as primeiras casas em pedra, de planta circular ou subrectangular. Da romanização conservam-se algumas estruturas quadrangulares e rectangulares, com os vértices bem definidos, algumas delas utilizando muros comuns e divisórias. O local deverá ter sido abandonado no séc. I d.C. sendo possível uma curta reocupação na Idade Média. A maior percentagem do espólio recolhido corresponde a fragmentos de cerâmica, distribuída pelas diferentes épocas de vida do povoado. Maioritariamente lisa, de feitura manual e reduzida, até ao séc II a.C., a 2 formas (potes e púcaros), a louça evolui técnica e morfologicamente, passando a usar a roda do oleiro e introduzindo novas formas como os tachos de asa interior, as panelas de asa em orelha e as talhas. Da época romana assinala-se a presença de algum material de importação, se bem que escasso, destacandose a ânfora e a cerâmica de paredes finas. A metalurgia do bronze e do ferro estão presentes. Fíbulas, alfinetes de cabelo e pregos são alguns dos artefactos recolhidos. Os líticos foram realizados com pedra local (granito) e com outras matérias-primas, destacando-se a utilização de seixos do rio. Mós, percutores,

alisadores e fusaiolas são alguns dos objectos identificados. Material de excepção, mostrando a existência de contactos supra-regionais, foi também identificado. Neste grupo salientamos diversas contas de vidro, algumas com fina película dourada no interior e três denários romanos, um da República, cunhado em Roma e dois do reinado de Octávio César Augusto, cunhados em Lugdunum (Lyon). Protecção: Em vias de classificação. Bibliografia: dinis 1986a, 74-75; dinis 1986b, 93-96; dinis 1987, 97-99; dinis 1993-1994, 261278; dinis 1994, 33-34; dinis 2001; dinis 2005a, 75-87.

97. Estruturas pétreas do Crastoeiro

103


António Pereira Dinis

N.º Inv. 18.2 Designação: Crastoeiro

Cronologia: Pré-história

Tipo de sítio: Santuário rupestre

Descrição: As cerca 50 rochas com gravuras, descobertas até ao momento no Crastoeiro, distribuem-se por cinco complexos ou núcleos, cada um deles parecendo organizar diferentes recintos. Os principais, pelo número de exemplares e variedade dos motivos gravados, são o 1 e o 2, aliás os únicos conjuntos que foram alvo de escavações recentes. O n.º 1 possui 21 rochas com gravuras, efectuadas por picotagem e abrasão, 15 delas unicamente com covinhas. Nas restantes, conjugam-se covinhas, semi-círculos, círculos simples e concêntricos, sulcos, uma espiral, um motivo ovalado, segmentado, com nuvens de pontos no seu interior, etc. No conjunto, evidencia-se um dos afloramentos que, pelo tamanho, composição decorativa e posicionamento, parece constituir o epicentro do recinto. Trata-se de uma rocha, aplanada e com ligeira pendente para Oeste, cujas gravuras se iluminam de forma intensa quando o sol nasce, por detrás do Monte Farinha. As escavações puseram a descoberto uma pia cavada na rocha e um pavimento que encostava a esta rocha indiciando uma área de circulação, onde se distribuíam duas lareiras. Nas imediações existem diversas construções em pedra e fossas abertas no saibro e nos sedimentos, num nível inferior ao das construções pétreas, estruturas que datam de entre o séc. IV e o séc. II/ I a.C.. O n.º 2, com 9 penedos gravados, fica a 30 m para Norte do 1. Aqui evidencia-se uma rocha de superfície boleada, onde se gravou a composição mais complexa do grupo. Durante as escavações, sob uma ocupação medieval, apareceram duas rochas com gravuras, uma com duas covinhas isoladas e dois conjuntos de semi-círculos concêntricos que abarcaram duas protuberâncias cónicas do suporte, separadas por uma fissura e outra, encostada à anterior, apenas gravada com covinhas. As escavações desta

104

área revelaram uma última utilização das gravuras durante os Finais da Idade do Ferro (séc. I a.C.), através de resquícios de pavimentos com o negativo de uma lareira, co-relacionável com uma pia cortada num bloco de granito, aqui encontrada. Sob estas materialidades ocorre um palimpsesto de fossas, em negativo, e uma estrutura circular semi-subterrânea o que coloca a primeira reutilização das gravuras nos séculos IV/III a.C., segundo datas radiométricas. Não se detectaram níveis estratigráficos mais antigos na área, no entanto a presença de uma ponta de seta, de escassas cerâmicas dos finais do IV aos meados do III milénio AC e de outras da Idade do Bronze, no enchimento de algumas fossas da Idade do Ferro, permite presumir ocupações destes períodos ou utilizações frustres deste lugar, completamente destruídas pelas ocupações posteriores da Idade do Ferro. Bibliografia: dinis 1993-1994, 261-278; dinis 2001; dinis 2005, 75-87; castanheira et al. 2001, 159-200; dinis et al. 2009, 41-47.

98. Gravuras do Crastoeiro


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 19 Designação: Pegadinhas

Latitude: 41° 24’’ 49’’

Topónimos: Pegadinhas

Longitude: 07° 55’ 43’’

Lugar: Campos

Altitude: 440 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Grande superfície aplanada, de granito, na encosta voltada a Campos. Encontra-se parcialmente soterrada devido a movimentações de terra no local. Segundo informações orais possui diversas gravuras que o povo interpreta como sendo as pegadas de Nossa Senhora e da sua burrinha aquando da fuga para o Egipto. O local assinalado resulta da consulta a diversas pessoas, nomeadamente ao Sr. Manuel Ferreira, octogenário, conhecedor da área por aí ter laborado durante muitos anos. Junto deste sítio passa um caminho velho de perfil irregular, de ligação de Mondim de Basto à Senhora da Graça com passagem em Campos. A maior parte deste trajecto ainda é reconhecível e utilizável, conservando muitos tramos lajeados. Bibliografia: dinis 2008, 4.

99. Calçada lajeada junto do sítio das Pegadinhas, em Campos

N.º Inv. 20 Designação: São Gonçalo

Latitude: 41° 24’ 47’’

Topónimos: São Gonçalo

Longitude: 07° 55’ 49’’

Lugar: Campos

Altitude: 340 m

Tipo de sítio: Dispersão de restos de metalurgia

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Junto da capela de São Gonçalo, no fundo da aldeia de Campos, no caminho que dá acesso aos socalcos, observam-se dezenas de pequenos fragmentos de metal, vulgarmente designados como “rojões”, restos de práticas metalúrgicas, indiciando

que foram arrastados pelas vertentes que o marginam. A lexiviação, provocada pela água de rega, permite detectá-los com certa facilidade nos regos dos lameiros que se situam para poente daquela capela. Bibliografia: Inédito.

105


António Pereira Dinis

N.º Inv. 21 Designação: Igreja Paroquial de Mondim de Basto

Latitude: 41° 24’ 36’’

Topónimos: Igreja; Igreja de São Cristóvão

Longitude: 07° 57’ 19’’

Lugar: Igreja

Altitude: 195 m

Tipo de sítio: Igreja

Cronologia: Época medieval

Descrição: Igreja de raiz medieval, com orientação E-O, conservando o portal lateral Norte, em arco quebrado, de três arquivoltas, duas em toro e a terceira composta por dois frisos com decoração fitomórfica distinta, assentes em impostas salientes e com pés direitos de ângulo chanfrado e uma fresta. O templo foi ampliado e reformado nos séculos XVIII e XIX, como é notório num vão entaipado, no alteamento da cornija e nos aparelhos distintos observáveis na fachada Norte. Em 1324 Martim Martins aparece referenciado como abade de Mondim. Bibliografia: almeida 1910, Vol. iv, 107; lopes 2000.

100. Portal lateral Norte da igreja paroquial de Mondim de Basto

N.º Inv. 22 Designação: Senhora da Piedade

Latitude: 41° 24’ 30’’

Topónimos: Nossa Sra. da Piedade; Monte Ladário

Longitude: 07° 57’ 36’’

Lugar: Senhora da Piedade

Altitude: 250 m

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Idade do Bronze Final

Descrição: Elevação cónica, coroada pela capela setecentista de Nossa Senhora da Piedade. Vertentes bem pronunciadas, particularmente as voltadas ao rio Tâmega, demonstrando boas condições naturais de defesa e um controle excelente sobre um troço do curso deste rio e sobre a foz do rio Cabril e do ribeiro de Veade. O monte sofreu grandes perturbações pela parcial urbanização. Não se encontram estruturas pétreas mas, na vertente poente, a meia encosta,

recolheu-se um fragmento de cerâmica, de fabrico manual, pasta arenosa, cor castanha, com alisamento fruste das suas superfícies, características que permitem integrá-lo na Idade do Bronze Final. Este facto aliado às características topográficas do sítio reforçam a hipótese de estarmos perante um sítio com ocupação proto-histórica. Bibliografia: dinis 2007, 8-9.

106


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 23.1 Designação: Ponte de Vilar de Viando

Latitude: 41° 23’ 57’’

Topónimos: Ponte romana

Longitude: 07° 57’ 16’’

Lugar: Ponte

Altitude: 170 m

Tipo de sítio: Ponte

Cronologia: Época medieval

Descrição: Ponte pedonal, sobre o rio Cabril, implantada na estrada de ligação do antigo concelho de Ermelo a Mondim de Basto e à província do Minho. Paramentos em alvenaria de granito, com fiadas baixas e regulares, possui um único e amplo arco de volta perfeita, de aduelas estreitas e compridas, em diferentes tamanhos, de intradorso irregular. Tabuleiro em cavalete com largura média de 3,20 m e pavimento em lajes irregulares. Reabilitada em 2003. Protecção: I.I.P., por Decreto n.º 29/90, DR 163 de 17 de Julho de 1990. Bibliografia: ippar 1993, 19; lopes 2000, 275276; dinis 2005b, 229-248.

101. Ponte sobre o rio Cabril, em Vilar de Viando, vista de jusante

N.º Inv. 23.2 Designação: Calçada de Vilar de Viando

Latitude: 41° 23’ 57’’

Topónimos: Caminho velho

Longitude: 07° 57’ 16’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 170 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Caminho de perfil irregular no trajecto de Mondim de Basto para Ermelo, passando por Vilar de Viando e Paradança. Parte do traçado já é irreconhecível, mas conserva ainda alguns tramos lajeados, no geral enquadrados por muros e, por vezes, integrando afloramentos graníticos que cristalizaram sulcos profundos das marcas dos rodados de carros de bois a mostrar uma utilização prolongada no tempo. A via cruza o rio Cabril na ponte de Vilar de Viando, local onde o lajeado se conserva em bom estado. Esta estrada foi utilizada até ao séc. XX, perdendo importância quando foi construída a E.M. para Ermelo. É provável que a sua génese remonte à Época Medieval ganhando maior importância no séc. XVI quando

D. Manuel I atribuiu foral a Mondim de Basto e Ermelo, precisamente o eixo desta via de comunicação. Bibliografia: lopes 2000. 102. Calçada lajeada junto à ponte de Vilar de Viando

107


António Pereira Dinis

N.º Inv. 24 Designação: Batoco

Latitude: 41° 23’ 23’’

Topónimos: Batoco

Longitude: 07° 56’ 22’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 290 m

Tipo de sítio: Dispersão de restos de metalurgia

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Pequena elevação, na periferia da Quinta da Laje, coberta por densa vegetação de urze e tojos, delimitada de Norte por rego de água que abastece a quinta. No perfil do outeiro e no rego de água re-

colheram-se pequenos fragmentos de restos de metalurgia, vulgarmente designados como escórias, indíciando a prática desta actividade no local. Bibliografia: silva 2005; dinis 2007, 10.

N.º Inv. 25 Designação: Lagar da Escusa

Latitude: 41° 23’ 37’’

Topónimos: Escusa

Longitude: 07° 56’ 27’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 228 m

Tipo de sítio: Lagar

Cronologia: Época romana

Descrição: Grande monólito de granito de grão grosseiro, com orientação E-O e ligeira inclinação, implantado na meia-encosta, suave, sobre a ribeira afluente do Cabril. Lagareta de forma subrectangular, com 1,84 x 1,21 m e 0,10 m de profundidade, com os lados bem marcados, tendo na parte frontal um sulco que comunica com a bica. Esta, bem saliente, vaza para o pio, de contorno subrectangular com 1,04 x 0,65 m e 0,43 m de profundidade. Ladeiam a lagareta dois pares de cavidades, de contorno rectangular, confrontantes. As de N têm 0,21 x 0,13 x 0,10 m e 0,21 x 0,13 x 0,13 m, respectivamente e distam entre si 0,25 m e do tampo cerca de 0,31 e 0,28 m; as de S, inclinadas para o interior, parecem estar associadas a uma estrutura, desmantelada, com pedras de pequeno calibre. Têm de largura 0,20 e 0,16 m e distam do tampo 0,25 e 0,30 m e entre si 0,25 m. Entre a periferia dos buracos situados a N e o pio existe um sulco de escoamento; ao lado do buraco do lado N, chegado a O, existe uma depressão circular; mais para o pio dois pequenos sulcos; no vértice NO do pio existe um sulco para escoamento e outro na vertente SE. Junto das cavidades situadas a S, numa

terra limosa de cor castanha, recolheu-se um fragmento de cerâmica, aparentemente de época romana. Na limpeza do pio recolheram-se moedas de 2$50 da década de 1960. Esta lagareta está associada à lenda de uma cobra e muito dinheiro. Ainda há poucos anos atrás, ao nascer do sol do dia de S. João, as raparigas de Vilar de Viando iam à lagareta par ver se encontravam a cobra. Bibliografia: lopes 2000, 31; dinis 2001, 14; silva 2005; dinis, m. 2009.

108

103. Lagar da Escusa, em Vilar de Viando


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 26 Designação: Lagar da Poça do Vale

Latitude: 41° 23’ 17’’

Topónimos: Poça do Vale

Longitude: 07° 56’ 40’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 258 m

Tipo de sítio: Lagar

Cronologia: Época romana

Descrição: Monólito granítico, com ligeira inclinação para NNO, implantado junto de um caos de blocos graníticos, na meia vertente sobre um ribeiro afluente do rio Cabril. A lagareta e a prensa situam-se no topo aplanado do monólito e o pio no rebordo do afloramento, desnivelado cerca de 0,50 m daquela, estando a bica no extremo do aplanado. Lagareta de contorno irregular na parte mais elevada e rectangular no limite inferior, com 1,61 x 1,45 m, pouco profunda e com o topo pouco definido. Bica saliente, na parte inferior da lagareta, comunicando com o pio, subrectangular, com arestas arredondadas e 0,07 m de profundidade, com 1,13 x 0,58 m, tendo o canal de escoamento ao centro do topo N. O topo, bem marcado nos lados N, S e O, encontra-se ao nível do afloramento a E. Do lado Oeste tem uma tina subrectangular com 0,58 m de comprimento por 0,28 m de largura e profundidade de 0,18 m. A base está inclinada para N-NO e para O, distando da lagareta cerca de 0,35 m. No lado oposto, confrontante, existem dois pares de buracos sendo dois rectangulares, mais a N, um oval e outro subrectangular. Na limpeza da lagareta encon-

traram-se restos de metais fundidos, cor de chumbo sem aspecto de oxidação e um fragmento de cerâmica, aparentemente de época romana. Bibliografia: lopes 2000, 31; dinis 2001, 14; silva 2005; dinis, m. 2009.

104. Lagar da Poça do Vale, em Vilar de Viando

N.º Inv. 27 Designação: Lagar da Aguincheira

Latitude: 41° 23’ 20’’

Topónimos: Aguincheira; Rolão

Longitude: 07° 57’ 05’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 274 m

Tipo de sítio: Lagar

Cronologia: Época romana

Descrição: Afloramento granítico, de grão grosseiro, longitudinal e com ligeira inclinação para Norte, implantado numa zona aplanada, de pequenas dimensões, na vertente Nordeste dos montes de

Paradela sobre um pequeno ribeiro afluente do rio Cabril. Lagareta com orientação S-N, de contorno rectangular com 1,75 m x 1,33 m, pouco profunda e com bica central, saliente, na extremidade Norte,

109


António Pereira Dinis

descarregando par o pio. O pio, de contorno idêntico, com 0,90 m x 1,5 m e 0,18 m de profundidade, apresenta um canal de saída no vértice Norte. Ladeiam a lagareta, mais ou menos ao centro, do lado O, quatro pequenos buracos de contorno subrectangular, organizados dois a dois e orientados no sentido O-E, distando entre si cerca de 0,23 m, os pares, e 0,16 m as filas, tendo cerca de 10 cm de profundidade. Do lado E existem duas pequenas tinas paralelas, de contorno subrectangular, uma mais profunda, com 0,42 m x 0,20 m e a outra, pouco profunda, com 0,46 m x 0,28 m, tendo esta um canal no vértice Nordeste. Bibliografia: lopes 2000, 31; dinis 2001, 14; silva 2005; dinis, m. 2009.

105. Lagar da Aguincheira, em Vilar de Viando

N.º Inv. 28 Designação: Quinta da Laje

Latitude: 41° 23’ 22’’

Topónimos: Quinta da Laje

Longitude: 07° 56’ 22’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 270 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Afloramento granítico, de pequenas dimensões, implantado no interior de quinta agrícola, numa plataforma, junto de lago artificial. No topo

apresenta gravura, muito erodida, de forma irregular sugerindo uma mão. Bibliografia: silva 2005; dinis 2007, 4.

N.º Inv. 29 Designação: Fraga do Ribeiro do Vale

Latitude: 41° 23’ 22’’

Topónimos: Quinta da Laje

Longitude: 07° 56’ 22’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 290 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Grande batólito, implantado na vertente voltada a nascente, sobranceira a regato afluente do Cabril. Superfície aplanada onde se distribuem diversas gravuras, identificando-se covinhas de di-

mensões variáveis, assim como pequenas depressões subrectangulares. Bibliografia: silva 2005; dinis 2007, 4.

110


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 31 Designação: Cruz de Paradela

Latitude: 41° 23’ 05’’

Topónimos: Paradela

Longitude: 07° 57’ 04’’

Lugar: Monte de Paradela

Altitude: 365 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Afloramento granítico, de grão muito fino, com contorno subrectangular e pequenas dimensões, implantado na meia-vertente voltada ao rio Cabril. Na superfície aplanada, oblíqua, exposta a nascente, identifica-se um motivo cruciforme, irregular, associado a covinhas de perfil subcircular, de dimensões variáveis. Zona de contacto de granitos e xistos, com ocorrência de afloramentos, alguns de grandes dimensões. A qualidade deste granito, de grão muito fino, motivou a sua utilização em obras de escultura funerária. Bibliografia: dinis 2007, 4.

106. Cruciforme gravado, na encosta do monte de Paradela

N.º Inv. 63 Designação: Gravuras da Chavelha

Latitude: 41° 23’ 59’’

Topónimos: Chavelha

Longitude: 07° 57’ 06’’

Lugar: Chavelha

Altitude: 160 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Afloramento de granito de grandes dimensões, seccionado, implantado sobre o rio Cabril, junto das escadas do moinho da Chavelha. Na face voltada a Poente existem, em baixo relevo, duas cabeças humanas e, gravados, diversos cruciformes. No acesso ao moinho, numa laje de granito, ao nível do solo e parcialmente coberta por terra, identifica-se a gravura de um hipotético zoomorfo, pouco perceptível devido à erosão. Perto das escadas, noutra laje que aflora ao nível do solo, parcialmente ocultada por cimento, identifica-se uma covinha e sulcos gravados, sugerindo motivo cruciforme. A pouca distancia para NE, existe outro afloramento de granito, de grandes dimensões, com duas covinhas. Finalmente, um pouco mais para Norte, no topo de um penedo

de grandes dimensões, de contorno ovalado, existe gravado um A do alfabeto latino. Bibliografia: dinis 2008, 4-5. 107. Antropomorfo esculpido num afloramento, junto do moinho da Chavelha

111


António Pereira Dinis

N.º Inv. 74 Designação: Capela do Santíssimo Sacramento

Latitude: 41° 24’ 48’’

Topónimos: Capela do Senhor; Capela do Souto

Longitude: 07° 57’ 01’’

Lugar: Largo Comendador José Augusto Álvares

Altitude: 200 m

Cronologia: Época moderna

de Carvalho / Largo do Souto

Tipo de sítio: Capela

Descrição: Planta longitudinal com nave única e capela-mor, em eixo e sacristia adossada de Oeste. Fachada principal com pilastras nos cunhais coroadas por pináculos e rematada na empena por cruz sobre acrotério, rasgada por portal de verga recta encimado por janela, rectangular. Vestígios de um arco pleno e do encosto da cobertura de um alpendre são aí visíveis. Na fachada E, ao nível do beiral, eleva-se a sineira de uma ventana, em arco pleno. Interior com coro-alto com balaustrada e escadas de madeira, dois retábulos de talha policroma rocaille colocados de ângulo a ladear o arco triunfal, pavimento em taburnos, com tampas de madeira e tecto em caixotões de madeira com molduras douradas e pinturas alusivas ao Antigo Testamento. Capela-mor forrada com azulejos estampilhados de cor azul, amarela e branca, com retábulo de talha policroma, maneirista e pintura a fresco na parede testeira, representando São Francisco das Chagas e São Cristóvão, com a data de 1588, alusiva à sua realização. Nas obras de recuperação do interior, realizadas em 2003, foram postas a descoberto cerca de 20 sepulturas, rectangulares, com molduras em granito e albergando ossadas. Até ao século XIX, a capela possuiu alpendre sustentado por colunas. Em 1853 há referência a obras de recuperação deste alpendre do qual restam vestígios do encosto na fachada principal. Protecção: IIP, Dec. N.º 42 007, DG 265 de 6/12/ /1958 Bibliografia: castro 1970, 27-28; Vv. Aa. 1976, 401; ippar 1993, 18; lopes 2000, 293-294. 108. Fachada principal e pintura mural, com data de 1588, na parede testeira da Capela do Senhor

112


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 77 Designação: Castro de Vilar de Viando

Latitude: 41° 23’ 55’’

Topónimos: Alto da Pesqueira

Longitude: 07° 58’ 05’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 260 m

Tipo de sítio: Povoado?

Cronologia: Proto-história?

Descrição: Segundo Henrique Botelho (1897) o sítio era composto por “duas ordens de casas, situadas uma na parte mais elevada e plana, e outra na vertente voltada para sudoeste”. Deduz-se do relato que as casas – que se contavam no grupo da planície entre 4 a 6 exemplares –, seriam de planta rectangular com os ângulos arredondados e as mais compridas teriam entre 3 a 4 metros de comprimento. No local onde é suposto localizar-se o Castro de Vilar de Viando,

embora se vislumbrem condições adequadas à implantação de um povoado proto-histórico e existam alinhamentos de muros, em xisto, que poderiam corresponder a uma estrutura defensiva, não se descobrem restos de alicerces das casas anotadas no relato antigo, nem se observa qualquer fragmento de cerâmica ou outro material arqueológico. Bibliografia: botelho 1897, 69; dinis 2001, 14.

N.º Inv. 80.1 Designação: Cruz 1 da Laje

Latitude: 41° 23’ 13’’

Topónimos: Laje

Longitude: 07° 56’ 24’’

Lugar: Vilar de Viando

Altitude: 310 m

Tipo de sítio: Gravura rupestre

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Afloramento granítico, de grandes dimensões, na encosta poente de uma pequena elevação, sobranceira a linha de água profunda e apertada, que corre para o ribeiro da Abessada. No rebordo do afloramento está gravada uma cruz latina, com orientação NO-SE, com 40 x 22 cm, com sulco regular de secção em U e cerca de 3 cm de largura. Bibliografia: dinis 2008, 5-6.

109. Cruciforme gravado num afloramento, no sítio da Laje, em Vilar de Viando

113


António Pereira Dinis

N.º Inv. 80.2 Designação: Cruz 2 da Laje

Latitude: 41° 23’ 01’’

Tipo de sítio: Gravura rupestre

Longitude: 07° 56’ 24’’

Cronologia: Época medieval?

Altitude: 315 m

Descrição: Afloramento granítico, de grandes dimensões, a cerca de 50 m da estação Cruz da Laje 1, sobranceiro a uma linha de água, profunda e apertada, que corre para o ribeiro da Abessada. No rebordo do afloramento está gravada uma cruz latina, com orientação N-S, com 25 x 20 cm, com sulco em

U, bem pronunciado, com cerca de 3 cm de largura. Os terminais das hastes da cruz apresentam forma subcircular. O afloramento apresenta, do lado E, um género de escada, com 2 degraus. Bibliografia: dinis 2008, 6.

N.º Inv. 80.3 Designação: Outeiro da Laje

Latitude: 41° 23’ 12’’

Tipo de sítio: Gravuras rupestres

Longitude: 07° 56’ 25’’

Cronologia: Época medieval?

Altitude: 330 m

Descrição: Outeiro de caos de blocos graníticos, localizado a cerca de 200 m para NO da estação designada Cruz 2 da Laje, onde se distribuem 7 cruciformes, gravados, com as seguintes características: 1 – Localiza-se num afloramento, de dimensões medianas, no rebordo E do outeiro. Cruz latina, orientada a Norte, com 17 x 19 cm sendo o braço direito mais alongado. O sulco é irregular com secção em U, com cerca de 2 cm de largura;

2 – Localiza-se num afloramento, de dimensões medianas, alongado no sentido S-N. Na superfície central está gravada uma cruz latina, orientada a ONO, com 22 x 18 cm e sulco pouco pronunciado, com secção em U e 3 cm de largura. 3 – Localiza-se num afloramento, de grandes dimensões, inclinado para N, com fracturas transversais, situado no rebordo E do outeiro, junto das duas cruzes anteriores. No topo do afloramento

110. Cruciformes gravados no Outeiro da Laje, em Vilar de Viando

114


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

está gravada uma cruz latina, orientada ao monte da Sra. da Graça que fica para NE, com 23 x 16 cm e sulco profundo, com secção em U e 3 cm de largura. 4 – Localiza-se num afloramento, de dimensões medianas, com a face ligeiramente vertical, na vertente Oeste do outeiro. No topo da face do afloramento está gravada uma cruz latina com 21 x 17 cm e sulco profundo, com secção em U e 2 cm de largura. 5 – Localiza-se num afloramento, de grandes dimensões, verticalizado, na base do outeiro, do lado Norte. Na face N do afloramento está gravada uma cruz latina, com 20 x 17 cm e sulco muito

profundo, irregular, com secção em U e em V, com 3 cm de largura. 6 – Localiza-se num afloramento, de grandes dimensões, na meia encosta do outeiro, sobranceiro ao penedo onde se localiza a cruz anterior. Na face N do afloramento, orientada a N, está gravada uma cruz latina com 22 x 20 cm e sulco profundo, com secção em U, com 3 cm de largura. 7 – Localiza-se num afloramento, de grandes dimensões, no topo do outeiro. Orientada à Sra. da Graça, a Este, está gravada uma linha com 16 cm de comprimento, com sulco profundo, secção em V, com 2 cm de largura. Bibliografia: dinis 2008, 6.

N.º Inv. 80.4 Designação: Gravura da Laje

Latitude: 41° 23’ 12’’

Tipo de sítio: Arte rupestre

Longitude: 07° 56’ 25’’

Cronologia: Pré-história?

Altitude: 325 m

Descrição: Afloramento granítico, de dimensões medianas, orientado à Sra. da Graça, a Este, a cerca de 20 m a nascente do Outeiro da Laje, onde se localizam 7 cruciformes, sobranceiro a uma depressão por onde corre linha de água tributária da ribeira sobre a qual se implanta a estação Cruz 1 da Laje. No topo do afloramento, está gravada uma fossette circular, de secção em U, com 6 cm de diâmetro e 3,5 cm de profundidade. Bibliografia: dinis 2008, 6-7.

111. Covinha gravada num afloramento na Laje

115


António Pereira Dinis

N.º Inv. 90 Designação: Pedreira de Campelo

Latitude: 41° 25’ 12’’

Topónimos: Campelo

Longitude: 07° 55’ 53’’

Lugar: Campelo

Altitude: 400 m

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Pré-história

Descrição: Machado de pedra polida, subrectangular, com secção ovalada e extremidades arredondadas, tendo o gume afiado e aparentemente sem utilização, com 9 cm de comprimento e 3 cm de largura, no gume. Este objecto, propriedade de Agostinho Oliveira, morador em Fermil de Basto, terá aparecido com mais dois exemplares, cujo paradeiro se desconhece, há cerca de 15 anos, numa zona da encosta voltada a Pedravedra, na pedreira de Campelo, quando as máquinas revolveram o solo. Bibliografia: dinis 2009, 5.

112. Machado de pedra polida proveniente da pedreira de Campelo

N.º Inv. 101 Designação: Costeira

Latitude: 41° 24’ 51’’

Topónimos: Costeira

Longitude: 07° 57’ 02’’

Lugar: Costeira

Altitude: 210 m

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Época moderna?

Descrição: Na envolvência do edifício das Câmara Municipal de Mondim de Basto, na zona histórica da vila, entre a Travessa da Vinha e a Costeira, junto da viela que vai para o Outeiro, durante os trabalhos de remodelação dos pavimentos observámos pingos de

metal e restos de escórias no subsolo, materialidades indicativas de práticas metalúrgicas no local ou na envolvente próxima. Bibliografia: dinis 2009, 7.

116


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 102.1 Designação: Rua das Lajes 1

Latitude: 41° 24’ 44’’

Topónimos: Rua das Lajes

Longitude: 07° 57’ 16’’

Lugar: Rua das Lajes

Altitude: 199 m

Tipo de sítio: Dispersão de cerâmica

Cronologia: Pré-história

Descrição: Nas escavações arqueológicas realizadas no interior da casa n.º 1 da Rua das Lajes, edifício setecentista propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Mondim de Basto, foi identificada uma camada arqueológica com dispersão de materiais cerâmicos, alguns com decoração incisa, inseriveis no Calcolítico Regional / Idade do Bronze. Trata-se de 28 fragmentos de pança, de pastas grosseiras com desengordurante constituído por grãos de quartzo, por vezes de médio calibre, com superfícies alisadas e cor alaranjada. Estas cerâmicas poderão resultar da escorrência da zona mais elevada de Mondim de Basto, situada a NE do local, no sítio do Outeiro. Bibliografia: dinis 2009, 5-6.

113. Escavação da casa 1 da Rua das Lajes

114. Cerâmica pré-histórica das escavações da Rua das Lajes

117


António Pereira Dinis

N.º Inv. 102.2 Designação: Rua das Lajes 2

Cronologia: Época moderna

Tipo de sítio: Dispersão de restos de metalurgia

Descrição: Na mesma escavação, em contextos datados dos séculos XVII e XVIII foram identificados pingos de metal e restos de escórias, juntamente com áreas de concentração de carvões, materialidades que indiciam uma oficina de ferreiro. Bibliografia: dinis 2009, 6-7.

115. Restos de oficina de ferreiro das escavações da Rua das Lajes

N.º Inv. 103 Designação: Outeiro

Latitude: 41° 24’ 49’’

Topónimos: Outeiro

Longitude: 07° 57’ 04’’

Lugar: Mondim de Basto

Altitude: 217 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Logradouro situado na parte mais elevada da urbe, ocupando um lugar privilegiado de domínio tanto da veiga agrícola do Valinho como da veiga da ribeira da Serra. Na envolvência próxima, para Nordeste, existe uma área, em socalcos, agricultada ao longo de séculos. No topo, formando um largo, delimitado de Nascente, Sul e Poente por edificações e seus logradouros, apresenta na parte central um grande afloramento de granito, com vestígios de entalhe e gravuras, identificando-se um cruciforme. Este local poderá ter servido como eira e local de armazenamento de milho. O lado Norte apresenta uma vertente mais íngreme que acompanha a antiga estrada para Atei, ligando a rua das Lajes ao Atalho, onde são ainda visíveis marcas de rodados de carro de bois na calçada de lajes de granito. As características deste sítio altaneiro sugerem que aí possa ter

existido uma ocupação antiga. A existência de entalhes no afloramento granítico pode estar relacionada com a implantação de um qualquer edifício antigo. Bibliografia: dinis 2008, 5.

118

116. Gravuras do Outeiro, em Mondim de Basto


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 104 Designação: Solar dos Azevedos

Tipo de sítio: Solar

Topónimos: Casa do Escourido; Casa dos

Latitude: 41° 24’ 41’’

Longitude: 07° 57’ 11’’

Borges Azevedos

Lugar: Rua de José Vitorino da Costa Liberal;

Altitude: 200 m

Cronologia: Época moderna

Rua Velha

Descrição: Solar de planta rectangular, originalmente com dois pisos. Fachada principal voltada a Este, rasgada por cinco portas, de verga recta, no piso térreo e corrida por varanda de granito com gradeamento de ferro, com acesso por quatro portas, no piso superior. No cunhal do lado direito apresenta cartela decorativa com volutas, com pedra de armas dos Borges Azevedo. Fachada lateral Norte, com escada de pedra para acesso ao andar superior. Nos finais do séc. XIX ou inícios do XX foram acrescentados dois andares, ao edifício, sendo o último recuado em re-

lação à fachada principal. Em 1765 era proprietário Bernardo José de Azevedo Borges Mourão, Capitão de Milícias de Mondim, Atei, Ermelo e Cerva. Em frente à primitiva fachada principal da casa (lado Norte) situava-se uma capela, da invocação de São Faustino, referida em 1784. Este templo e o terraço fronteiro à fachada, teriam sido destruídos. Protecção: VC, Dec. n.º 95/78, DR 210 de 12/9/ /1978 Bibliografia: castro 1970, 29, 32; ippar 1993, 19; lopes 2000, 298-299.

N.º Inv. 110 Designação: Cruz de Campelo

Latitude: 41° 25’ 09’’

Topónimos: Fraguinha

Longitude: 07° 55’ 45’’

Lugar: Campelo

Altitude: 410 m

Tipo de sítio: Gravura rupestre

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Afloramento situado a cerca de 100 metros para Oeste da Estação Rupestre de Campelo, de dimensões médias e bem saliente no terreno, localizado à face do caminho velho que conduz à aldeia de Campos. Apresenta na superfície um motivo cruciforme, gravado profundamente e uma covinha. Bibliografia: Inédito

117. Cruciforme gravado junto do sítio da Fraguinha, em Campelo

119


António Pereira Dinis

N.º Inv. 111 Designação: Fraguinha

Latitude: 41° 25’ 05’’

Topónimos: Fraguinha

Longitude: 7° 55’ 51’’

Lugar: Campelo

Altitude: 409 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Conjunto de dois afloramentos graníticos, implantados numa pequena plataforma, no sopé do Crastoeiro, junto de uma linha de água. Local pouco visível, mas com bom alcance visual para Sul, no sentido da linha de água, mantendo contacto visual, igualmente, com a estação rupestre de Campelo. Na superfície aplanada do afloramento 1, bastante marcada por estalamentos, estão gravadas cerca de sete dezenas de covinhas, de diferentes tamanhos, agrupadas e alinhadas. Numa área mais aplanada, do lado Norte, são visíveis alguns motivos de cariz esquemático. O afloramento 2, fica contíguo, a Norte. Possui um sulco, largo mas pouco profundo, de feitura irregular, bastante comprido, sugerindo um serpentiforme. Bibliografia: Inédito

118. Gravuras do sítio da Fraguinha, em Campelo

120


Freguesia de Paradanรงa

121


António Pereira Dinis

N.º Inv. 32 Designação: Eira dos Mouros

Latitude: 41° 22’ 56’’

Topónimos: Eira dos Mouros; Alto da Travessa;

Longitude: 07° 56’ 48’’

Altitude: 395 m

Trás do Boco

Lugar: Paradança

Cronologia: Proto-história

Tipo de sítio: Povoado

Descrição: Monte de topo arredondado, com encostas íngremes, apresentando boas condições naturais de defesa. Na parte superior, plataforma alongada com orientação nascente-poente, protegida a SO por

talude. À superfície recolheram-se alguns pequenos fragmentos de cerâmica, micácea. O povo relaciona este sítio com a existência de um tesouro encantado. Bibliografia: dinis 2001, 12; 2007, 8; silva 2005.

N.º Inv. 33 Designação: Cruz da Meija Velha

Latitude: 41° 22’ 31’’

Topónimos: Quinta da Meija Velha

Longitude: 07° 57’ 08’’

Lugar: Paradança

Altitude: 290 m

Tipo de sítio: Gravura rupestre

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Pequeno batólito de granito, de grão grosseiro, implantado em socalco. Na superfície está gravada uma cruz latina, com cerca de 20 cm de comprimento e 10 cm nos braços. Fragmentos de cerâmica, de época medieval ou moderna, aparecem nos campos agricultados da envolvente próxima. Uma arriosta de suporte a um poste está espetada no batólito. Bibliografia: silva 2005; dinis 2007, 5.

119. Cruciforme gravado no sítio da Meija Velha, em Paradança

122


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 34.1 Designação: Estação Rupestre da Boucinha

Latitude: 41° 22’ 27’’

Topónimos: Boucinha

Longitude: 07° 56’ 32’’

Lugar: Quinta da Boucinha

Altitude: 320 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-história

Descrição: Conjunto de afloramentos de granito, implantados numa zona plana à face do caminho que conduz aos lameiros da Quinta da Boucinha, sobranceiro a uma linha de água. O afloramento principal, de grandes dimensões, tem contorno ovalado. Concentrados no topo e na metade do lado nascente distribuem-se diversas gravuras, aparentemente formando conjuntos identificando-se covinhas, motivos rectangulares, circulares e em fi. Alguns cruciformes sugerem a cristianização do sítio. Contíguo a este afloramento existe um outro, de pequenas dimensões, tendo na face voltada a nascente duas gravuras em fi. Um terceiro afloramento, localizado a poente, possui duas covinhas. Junto desta estação recolheu-se um lítico, subrectangular, com sulco na parte central, como se fosse um molde. As sondagens arqueológicas realizadas no Verão de 2009, na envolvência dos aflora-

mentos 1 e 2 foram completamente infrutíferas. Bibliografia: silva 2005; dinis 2007, 3-4.

120. Gravuras da Estação Rupestre da Boucinha, em Paradança

N.º Inv. 34.2 Designação: Boucinha 2

Latitude: 41° 22’ 30’’

Topónimos: Boucinha

Longitude: 07° 56’ 38’’

Lugar: Quinta da Boucinha

Altitude: 319 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Pré-história?

Descrição: As prospecções de campo levadas a cabo na área envolvente da Estação Rupestre da Boucinha, no mês de Julho de 2009, permitiram identificar mais 7 sítios com arte rupestre. Excepto um dos afloramentos, localizado no meio de um caminho de terra batida, onde se observam alguns sulcos de difícil identificação, todos os outros suportes têm gravadas apenas covinhas, de diferentes tamanhos e em número variável, quer com um único exemplar (em 2 casos) quer

em grupos de 3, 4, 7 e 47 covinhas, concentradas ou dispersas na superfície granítica. Neste conjunto destaca-se a Rocha 5 (coordenadas geográficas indicadas), um afloramento granítico de grão grosseiro, com cerca de 4 m de comprido e 2 de largo, atravessado por um filão de granito de grão fino, com menos de 0,5 m de largura, servindo de suporte a 47 covinhas, de pequenas dimensões, algumas quase sobrepostas. Bibliografia: Inédita.

123


António Pereira Dinis

N.º Inv. 35 Designação: Mamoa do Senhor do Monte

Latitude: 41° 22’ 18’’

Topónimos: Senhor do Monte

Longitude: 07° 56’ 08’’

Lugar: Senhor do Monte

Altitude: 384 m

Tipo de sítio: Mamoa

Cronologia: Pré-história

Descrição: Situa-se junto à capela do Senhor do Monte, razoavelmente destacada na paisagem, com boa visibilidade para Sul. Possui contorno subcircular, com 12 m de diâmetro e depressão central onde é visível o topo de um possível esteio. Algumas pedras dispersas, entre as quais quartzos, sugerem resquícios de couraça pétrea. Bibliografia: silva 2005; dinis 2007, 6.

121. Mamoa do Senhor do Monte, em Paradança

N.º Inv. 108 Designação: Igreja Paroquial de Paradança

Latitude: 41° 22’ 46’’

Topónimos: Igreja de S. Jorge

Longitude: 07° 57’ 02’’

Lugar: Igreja

Altitude: 318 m

Tipo de sítio: Igreja

Cronologia: Época moderna

Descrição: Igreja reedificada em 1776, implantada no largo principal da povoação, rodeada por adro térreo, circuitado por muro em alvenaria de granito. Edifício de planta longitudinal com nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, em eixo e sacristia, adossada a Este. A fachada principal, em cantaria de granito, é terminada em empena de friso e cornija, truncada por sineira. O portal principal de verga recta é encimado por óculo, circular, sobrepujado por

cartela, ovalada e com moldura decorada, tendo inscrita a data de 1776. A pilastra Este é coroada por relógio de sol. No interior existem retábulos de talha policroma, revivalista. Em 1258 esta paróquia é sufragânea ao mosteiro de Arnóia; Em 1672, a requerimento do procurador do mosteiro, Fr. António de Santa Maria foi feita uma inquirição à igreja de Paradança. Bibliografia: lopes 2000, 389-418.

124


Freguesia de Pardelhas

125


António Pereira Dinis

N.º Inv. 58 Designação: Chão das Casas

Latitude: 41° 19’ 30’’

Topónimos: Chão das Casas

Longitude: 07° 53’ 07’’

Lugar: Alto da Saladinha

Altitude: 780 m

Tipo de sítio: Derrubes de pedra

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Na vertente voltada a Noroeste, sobre o ribeiro do Chão do Rosso, numa área bem definida da encosta, observa-se muita pedra de xisto que a oralidade relaciona com muros de casas dos mouros. O povo relaciona este local com lendas dos mouros, referindo que aqui já apareceu uma “tanha” de ouro e uma “cobra com cabelo”. Bibliografia: Inédito

122. Derrubes do sítio do Chão das Casas, em Pardelhas

N.º Inv. 59 Designação: Lameira do Forno

Latitude: 41° 19’ 43’’

Topónimos: Lameira do Forno

Longitude: 07° 54’ 20’’

Lugar: Lameira do Forno

Altitude: 600 m

Tipo de sítio: Forno de cal

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Estrutura de pedra de xisto, de planta subcircular, desmantelada, implantada na encosta, sobranceira ao ribeiro do Chão do Rosso, junto de linha de água sua tributária, à face de um caminho de pé posto onde se observam, no afloramento xistoso, sulcos dos rodados dos carros de bois. A estrutura, com abertura a SE, tem de diâmetro cerca de 5 m e as paredes uma grossura cerca de 1,80 m. Na envolvência registam-se fragmentos de restos de utilização designados por “rojão”. Há cerca de 50 anos, este forno ainda funcionava. Bibliografia: Inédito 123. Ruínas de forno de cal, do sítio do Lameiro do Forno, em Pardelhas

126


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 60 Designação: Muros de Requeixo

Tipo de sítio: Silhas

Topónimos: Requeixo

Cronologia: Indeterminada

Lugar: Requeixo

Descrição: Conjunto de quatro monumentos, construídos em alvenaria de xisto, implantados na encosta voltada a poente, sobre o ribeiro da Moura, afluente do rio Freixieiro, em terreno baldio, pedregoso, onde cresce alguma vegetação rasteira constituída por urze e carqueja. Enquanto as Silhas 1 a 3 formam um conjunto alinhado, encosta abaixo, paralelamente a um regato que drena para o ribeiro da Moura, a Silha 4 está isolada, separada daquelas pela linha de água, ao longo da qual, entre castanheiros, carvalhos, amieiros, salgueiros e medronheiro, crescem muitos pirliteiros, escalheiros ou escambroeiros (numa visita realizada no mês de Setembro 2008 estavam em fruto proporcionando uma visão de invulgar beleza), espécie de interesse florístico pela sua raridade. Na envolvente Norte existe denso pinhal e na outra margem do ribeiro, nos socalcos do lado de Pardelhas, cultiva-se milho e erva onde pasta o gado bovino. Bibliografia: dinis et al. 2009.

124. Silhas do Requeixo, em Pardelhas

127


António Pereira Dinis

N.º Inv. 60.1 Designação: Muro 1

Latitude: 41° 20’ 19’’

Longitude: 07° 52’ 58’’

Altitude: 530 m

Descrição: Construção de planta tendencialmente circular, sendo a mais pequena e a melhor conservada do conjunto. Os muros de Norte ainda mantêm uma altura considerável e possuem capeamento no topo, constituído por lajes colocadas obliquamente. O interior organizado em vários patamares revela,

ainda, alguns lajeados com “estradoilas” onde assentam três cortiços e duas caixas com abelhas. O lado voltado ao regato apenas tem o muro de contenção da plataforma, criado para vencer o desnível existente.

N.º Inv. 60.2 Designação: Muro 2

Latitude: 41° 20’ 17’’

Longitude: 07° 53’ 01’’

Altitude: 490 m

Descrição: É a maior construção do conjunto, com cerca de 25 m de diâmetro, situando-se entre as silhas 1 e 3. Tem planta em forma de ferradura, estando o segmento de muro, em semicírculo, já bastante destruído e a parte recta voltada ao regato, funcio-

nando como sapata de contenção. O interior é muito rochoso e já não se distinguem os patamares. É visível, do lado voltado a Sul, uma entrada com uma ombreira bem definida.

N.º Inv. 60.3 Designação: Muro 3

Latitude: 41° 20’ 16’’

Longitude: 07° 53’ 05’’

Altitude: 460 m

Descrição: Construção de planta, subquadrangular, com cantos arredondados, de pequenas dimensões, integrando, do lado Sul, grande penedia que torna mais difícil o acesso. Possui muros em alvenaria de xisto, com altura ainda considerável e capeamento

bem conservado, o que lhe confere o aspecto de “fortaleza”. No interior, distribuídos por vários patamares, assentam cortiços, cobertos com lousas. No lado junto ao regato o muro é relativamente baixo, assumindo-se como sapata de contenção do talude.

128


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 60.4 Designação: Muro 4

Latitude: 41° 20’ 15’’

Longitude: 07° 53’ 00’’

Altitude: 500 m

Descrição: Construção de planta semi-circular, implantada sobre um morro com escarpa impressionante, que cerra parcialmente o cercado. É a mais pequena e a mais degrada das quatro silhas do conjunto. Possui muros em alvenaria de xisto, com pedras dispostas a seco.

125. Implantação da Silha 4 do Requeixo, em Pardelhas

N.º Inv. 61 Designação: Silha do Pinchadouro

Latitude: 41° 19’ 46’’

Topónimos: Pinchadouro

Longitude: 07° 54’ 15’’

Lugar: Chão do Rosso

Altitude: 530 m

Tipo de sítio: Silha

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Implantação na encosta voltada a SE, sobranceira ao ribeiro do Chão do Rosso, afluente do rio Freixieiro, em terreno baldio, muito pedregoso, onde cresce apenas alguma vegetação rastei-

ra. Construção de planta subcircular, com muros de alvenaria de xisto, parte deles já arruinados, a curta distância da silha de Toutiço. Bibliografia: dinis et al. 2009.

129


António Pereira Dinis

N.º Inv. 62 Designação: Silha do Toutiço

Latitude: 41° 19’ 41’’

Topónimos: Toutiço

Longitude: 07° 54’ 03’’

Lugar: Chão do Rosso

Altitude: 496 m

Tipo de sítio: Silha

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Implantação na vertente SE de um morro pedregoso que se ergue num meandro do ribeiro do Chão do Rosso, em terreno baldio coberto com alguma vegetação rasteira. Construção de planta subcircular, com muros de alvenaria de xisto, a curta distância da silha de Pinchadouro. Há cerca de 50 anos, ainda eram colocadas dezenas de cortiços de abelhas nesta silha. Bibliografia: dinis et al. 2009.

126. Silha do Toutiço, no Chão do Rosso

N.º Inv. 106 Designação: Igreja Paroquial de Pardelhas

Latitude: 41° 20’ 13’’

Topónimos: Igreja de S. João Baptista

Longitude: 07° 53’ 25’’

Lugar: Igreja

Altitude: 540 m

Tipo de sítio: Igreja

Cronologia: Época moderna

Descrição: Igreja implantada na encosta, numa plataforma sustentada por possante embasamento, sobranceira à estrada principal da aldeia, junto do antigo caminho que conduzia à Serra do Marão. Trata-se de um edifício maneirista, remodelada em 1775, de planta longitudinal com capela-mor mais estreita e sacristia adossada de Sul, com a fachada principal revestida a azulejo industrial, rematada por empena truncada por sineira e portal de verga recta, datado

no lintel, encimada por cornija recta e óculo quadrangular. O interior possui retábulos barrocos, de talha dourada e policroma. A rodear a igreja existe um adro pavimentado com cimento e lajes de xisto, cerrado por muro de xisto e grade de ferro, com acesso frontal por escadaria. Em 1530 a freguesia com cerca de 80 habitantes está integrada no concelho de Ermelo. Bibliografia: lopes 2000, 421-428.

130


Freguesia de Vilar de Ferreiros

131


António Pereira Dinis

N.º Inv. 15 Designação: Garganta dos Palhaços

Latitude: 41° 25’ 20’’

Topónimos: Rechã dos Mouros

Longitude: 07° 54’ 27’’

Lugar: Alto dos Palhaços; Alto dos Palhacinhos

Altitude: 850 m

Tipo de sítio: Povoado

Cronologia: Época romana / Época medieval

Descrição: Na chã denominada Garganta ou Rechã dos Mouros, existente entre o Alto dos Palhaços e o dos Palhacinhos identificaram-se alguns alinhamentos de muros arredondados assim como dois possantes muros, que a isolam e protegem, situados um do lado Norte e outro do lado Sul. Localizou-se, igualmente, no Alto dos Palhacinhos, um circuito de muro muito derrubado, composto por pedras mal afeiçoadas. Na sua parte central detectou-se uma área marcada por depressões e zonas de entulho que identificámos como o local onde se procedeu a uma escavação clandestina, realizada em 1968, de acordo com inscrição gravada num dos afloramentos graníticos do sítio. Aparecem à superfície fragmentos de tegula, imbrex e cerâmica feita à roda, conectáveis com a romanização. Aparecem, também, “escórias”. Na Câmara Municipal existem alguns materiais catalogados como provenientes da “Exploração de 1968”, entre os quais fragmentos de recipientes de vidro e de cerâmica, de cronologia romana. As Memórias Paroquiais de 1758 referem que «No alto do qual (Outeiro dos Palhaços) há um vale espaçoso chamado a Rechã dos Mouros, no qual se descobrem vestígios de que houve casas e algumas covas e tijolos de uma grossura extraordinária e é tradição vulgar que ali fora povoação dos mouros…». Nas sondagens arqueológicas realizadas no Verão de 2009, no Alto dos Palhacinhos, pôs-se a descoberto um pequeno muro com alinhamento recto e

recolheram-se fragmentos de vidro, de tegula e de cerâmica comum, feita à roda, de cor escura, talvez de cronologia medieval. Bibliografia: dinis 2001.

132

127. Evidência de construção de planta circular na Garganta dos Palhaços

128. Altos da Senhora da Graça, dos Palhaços e dos Palhacinhos


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 16.1 Designação: Senhora da Graça 1

Latitude: 41° 25’ 04’’

Topónimos: Monte Farinha

Longitude: 07° 54’ 51’’

Lugar: Senhora da Graça

Altitude: 910 m

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Idade do Bronze Final

Descrição: Elevação cónica, coroada pelo santuário de Nossa Senhora da Graça, com vertentes bem pronunciadas e um controle excelente de 360° sobre os cursos do Tâmega e do Cabril e a ligação ao planalto do Campo do Seixo. Grandes perturbações pela urbanização do local. Não se encontram estruturas pétreas, mas na encosta poente, perto do topo, recolheu-se um pequeno fragmento de cerâmica, lisa, de fabrico manual, pasta arenosa e cor castanha escura,

com alisamento fruste das suas superfícies, características que permitem integrá-lo na Idade do Bronze Final. Este facto aliado à singular topografia colocam a hipótese de estarmos perante um sítio com ocupação proto-histórica. Próximo do local onde se recolheu a cerâmica existe um afloramento granítico, com um cruciforme gravado. Bibliografia: dinis 2007, 9-10.

N.º Inv. 16.2 Designação: Cruz da Senhora da Graça

Latitude: 41° 25’ 04’’

Topónimos: Monte Farinha

Longitude: 07° 54’ 51’’

Lugar: Senhora da Graça

Altitude: 910 m

Tipo de sítio: Gravura rupestre

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Afloramento granítico, de médias dimensões, implantado na vertente Sul, voltada ao rio Cabril. Na superfície aplanada, orientada a nascente, identifica-se um motivo cruciforme, irregular. Bibliografia: dinis 2007, 5.

129. Cruciforme gravado na encosta do monte da Senhora da Graça

133


António Pereira Dinis

N.º Inv. 16.3 Designação: Capela do Santuário de Nossa

Latitude: 41° 25’ 04’’

Longitude: 07° 54’ 50’’

Senhora da Graça

Topónimos: Senhora da Graça

Altitude: 941 m

Lugar: Alto do Monte Farinha

Cronologia: Época moderna

Tipo de sítio: Capela

Descrição: Capela reedificada em 1775, implantada no cume de um alto monte, de configuração cónica, sobre uma plataforma, escalonada em 3 patamares, sendo o superior murado e empedrado. Possui planta centrada, com torre sineira, frontal e cruzeiro, octogonal. As fachadas são em alvenaria de granito, em fiadas de aparelho isódomo, percorridas por cornija saliente integrando gárgulas de canhão, com pilastras estruturando os cunhais. O portal principal é de

verga arqueada com frontão interrompido, com terminais formando volutas. O interior com coberturas em cúpulas e abóbadas de berço, em granito, possui retábulos de talha, neoclássica. Em 1549 já é referida a existência das ermidas de Santo Aleixo e Santo Apolinário no “pico do Outeiro do Monte Farinha” e em 1651, Frei Leão de S. Tomás refere-se à ermida existente no cume do Monte Farinha. Bibliografia: pelayo 1969; lopes 2000, 441-446.

130. Capela do santuário de N.ª Sra. da Graça, no alto do Monte Farinha

134


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 30 Designação: Levada de Piscaredo

Latitude: 41° 24’ 21’’

Topónimos: Piscaredo

Longitude: 07° 56’ 25’’

Lugar: Mestras / Mondim de Basto

Altitude: 310 / 265 m

Tipo de sítio: Levada de água

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Conduta de água do rio Cabril, com início no lugar das Mestras e término em Mondim de Basto, transportando água para regar os campos agrícolas. De secção rectangular, base e lados constituídos com lajes de granito, apresenta de largura entre 0,60 e 0,80 m e 0,40 m de profundidade. No cruzamento de linhas de água com caudais torrenciais, é coberta por amplas condutas de granito; na vertente do monte Coto, numa zona de caos de granito, apresenta um tramo subterrâneo. Bibliografia: Inédito.

131. Troço da levada de Piscaredo

N.º Inv. 36 Designação: Premurado I / Castro do Bezerral

Latitude: 41° 25’ 33’’

Topónimos: Premurado; Estor da Laje

Longitude: 07° 53’ 09’’

Lugar: Bezerral / Outeiro do Moinho

Altitude: 650 m

Tipo de sítio: Povoado

Cronologia: Proto-história

Descrição: Outeiro muito pedregoso, destacado na vertente nascente dos montes que ligam o Campo do Seixo à Senhora da Graça, com vertentes bastante íngremes o que dá ao sítio excelentes condições naturais de defesa. A zona da acrópole, com cerca de 30 x 20 m, é protegida por muro ciclópico, de aparelho irregular. No lado voltado a E, sobranceiro à ribeira das Lajes, onde ocorrem solos com potencial agrícola, estruturam-se três plataformas, sustentadas por muros de contenção construídos com pedra de médio e pequeno calibre, que servem igualmente

132. Castro do Bezerral

135


António Pereira Dinis

de estrutura defensiva. Além dos troços de muralha observaram-se estruturas de planta circular que deverão corresponder a habitações, registando-se um diâmetro de 3,5 m numa delas. Recolha à superfície de fragmentos de cerâmica micácea, com superfícies

alisadas. Na década de 1980 observámos em Vilarinho, em casa de Luís Alfredo Morais Pires, duas peças de mó circular (movente e dormente) encontradas no Premurado. Bibliografia: dinis 2001, 13.

N.º Inv. 37 Designação: Premurado II

Latitude: 41° 24’ 32’’ N

Topónimos: Premurado

Longitude: 07° 54’ 23’’

Lugar: Vilar de Ferreiros

Altitude: 450 m

Tipo de sítio: Povoado

Cronologia: Proto-história? / Época medieval?

Descrição: Outeiro pedregoso, destacado na vertente sudeste do Monte Farinha, sobranceiro ao ribeiro da Ribeira Velha, afluente do rio Cabril. Observam-se derrubes de pedra, talvez de uma muralha e alinhamentos de estruturas. Recolha à superfície de

fragmentos de cerâmica grosseira, manual, de cor escura, com abundantes grãos de quartzo utilizados como desengordurante. Bibliografia: dinis 2001, 13

N.º Inv. 38 Designação: São Sebastião

Latitude: 41° 24’ 28’’

Topónimos: São Sebastião

Longitude: 07° 54’ 12’’

Lugar: Vilar de Ferreiros

Altitude: 410 m

Tipo de sítio: Dispersão de restos de metalurgia

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Para Sudoeste da capela seiscentista de São Sebastião, no fundo da aldeia de Vilar, recolheram-se indícios de práticas metalúrgicas. A lixiviação, provocada pela água de rega, permite detectá-los com maior facilidade nos regos dos lameiros que se desenvolvem em socalco. Encontram-se,

igualmente, no caminho que dá acesso àqueles lameiros, provando que foram arrastados de alguma área situada a Sul da aldeia. Dezenas de pequenos fragmentos de metal, vulgarmente designados como escórias. Bibliografia: Inédito.

136


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 88 Designação: Vilarinho

Latitude: ?

Topónimos: Vilarinho

Longitude: ?

Lugar: Vilarinho

Altitude: ?

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Época romana

Descrição: Moeda romana, do reinado de Adriano, aparecida na zona de Vilarinho e doada à família de Luís Jales de Oliveira que a entregou à Câmara Municipal, para integrar o espólio do Núcleo Museológico. Bibliografia: dinis 2009, 6.

133. Moeda romana proveniente de Vilarinho

N.º Inv. 89 Designação: Estação rupestre de Recheiras

Latitude: 41° 24’ 49’’

Topónimos: Recheiras

Longitude: 07° 54’ 15’’

Lugar: Vilar de Ferreiros

Altitude: 550-590 m

Tipo de sítio: Arte rupestre

Cronologia: Indeterminada

Descrição: Implantação na vertente SSE do Monte da Senhora da Graça, na encosta compreendida entre as cotas de 530-650 m, entre duas linhas de água subsidiárias do rio Cabril, com domínio visual sobre o vale deste rio e os montes da Serra do Alvão. É composta por 4 penedos, integrados em pequenas colinas constituídas por blocos graníticos, alguns deles com formas naturais curiosas, dispostas ao longo de um carreiro que liga ao topo do monte. Recheiras 1 e 2 ocupam um outeiro pedregoso, na cota mais elevada, a rocha 1, disposta na vertente Norte, apresenta duas covinhas, de perfil em U, orientadas a NNO e a rocha 2, na vertente Sul, tem

gravados diversos sulcos, dois deles paralelos e outros três, num dos rebordos, dispostos como se fossem dedos. Recheiras 3, num morro a uma cota mais baixa, é um grande afloramento com uma forma curiosa e diversas pias naturais, com um género de dois degraus, aparentemente naturais, que permitem o acesso ao topo. Recheiras 4, num pequeno outeiro a uma cota ainda mais baixa, é um afloramento, com o topo plano, onde estão gravados três sinais, indeterminados, aparentemente letras do alfabeto latino, com sulcos de perfil em U. Bibliografia: dinis 2009, 4-5.

137


António Pereira Dinis

N.º Inv. 93 Designação: Igreja Paroquial de Vilar de Ferreiros

Latitude: 41° 24’ 23’’

Topónimos: Igreja de S. Pedro

Longitude: 07° 54’ 19’’

Lugar: Igreja

Altitude: 404 m

Tipo de sítio: Igreja

Cronologia: Época moderna

Descrição: Igreja maneirista, reedificada em 1689 e 1799, implantada no limite da aldeia, envolta por adro empedrado a cubo granítico, cerrado por muro de pedra. Possui planta longitudinal com uma só nave, capela-mor, mais baixa e estreita e sacristia, em eixo. Fachada principal terminada em empena de cornija coroada por cruz sobre acrotério, flanqueada por sineira sobre arco de volta perfeita. Portal principal de verga recta encimado por janelão, rectangular, de capialço. No interior púlpito de pedra, de base

circular sobre coluna de pedra e retábulos revivalistas de talha dourada e policroma. Em 1220, a paróquia é referenciada como S. Pedro das Ferrarias e tem por abade João Eanes; em 1258 aparece a testemunhar o pároco, Rodrigo Martins; Em 1546, foi feito o tombo e inventário de todos os bens da igreja, sendo seu pároco o Pe. Fernão de Magalhães. Bibliografia: pereira 1983, 30-31; lopes 2000, 431-475.

N.º Inv. 105 Designação: Abrigo do ribeiro das Heradeiras

Latitude: 41° 25’ 41’’

Topónimos: Outeiro do Moinho

Longitude: 07° 53’ 15’’

Lugar: Bezerral

Altitude: 684 m

Tipo de sítio: Anta? / Abrigo

Cronologia: Pré-história? / Época moderna

Descrição: Pequeno abrigo implantado num socalco agricultado, cerrado por muro de pedra, à margem do caminho que desce do Campo do Seixo para a aldeia do Bezerral. Encontra-se parcialmente soterrado, com cerca de 3 m2 de área interior e vão voltado a Sul, com 1,20 m de altura e 1,10 m de largura, definido do lado direito por um possante esteio, arredondado e do lado esquerdo por murete de pedra, com blocos pequenos e médios, assentes a seco. A cobertura é uma grande laje, com duas fossettes, parcialmente tapada com terra no sentido da largura e com mais de 3 m de profundidade. Aparentemente a parte posterior do abrigo é o afloramento de granito. Bibliografia: Inédito

134. Abrigo do ribeiro das Heradeiras, no Bezerral

138


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

N.º Inv. 112 Designação: Calçada da Senhora da Graça

Latitude: 41° 25’ 04’’

Topónimos: Monte Farinha

Longitude: 07° 54’ 41’’

Lugar: Senhora da Graça

Altitude: 790 m

Tipo de sítio: Calçada

Cronologia: Época medieval?

Descrição: Caminho de ligação de Vilar de Ferreiros ao Alto da Senhora da Graça, de perfil irregular e por vezes sinuoso, pavimentado com lajes de granito, de dimensões variáveis, com alguns tramos bem conservados, nomeadamente na vertente Sul do monte dos Palhaços. Bibliografia: dinis 2007.

135. Calçada lajeada na encosta nascente da Senhora da Graça

N.º Inv. 113 Designação: Senhora da Graça 4

Latitude: 41° 24’ 51’’

Topónimos: Monte Farinha

Longitude: 07° 55’ 26’’

Lugar: Cainha

Altitude: 500 m

Tipo de sítio: Achado isolado

Cronologia: Pré-história?

Descrição: Na vertente poente do Monte Farinha, meia encosta, sobranceira à aldeia de Cainha, junto de um carreiro que atravessa transversalmente o monte, entroncando no caminho lajeado que sobe para o santuário, apareceu um utensílio lítico, em

quartzito, com negativos de levantamento e não muito rolado. Não foram detectadas quaisquer estruturas arqueológicas ou outros materiais. Bibliografia: Inédito.

139


140


Carta Arqueológica de Mondim de Basto

Bibliografia

ALARCÃO, J. de (1988). Roman Portugal, vol. II, Warminster. ALMEIDA, Fortunato (1910). História da Igreja em Portugal, 4 vols., Coimbra. ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de (1978). Arquitectura Românica de Entre-Douro-e-Minho, 2 vols., Porto. BARROCA, Mário (1988). Ferrarias Medievais do Norte de Portugal, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, 28 (3-4), Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, Porto, 211-241. BOTELHO, Henrique (1897). Antiguidades de Trás-os-Montes, Archeologo Português, 3, Lisboa, 69-72. CANINAS, João Carlos; HENRIQUES, Francisco; DIAS, Carla; CANHA, Alexandre (2001). Estudo de Impacte Ambiental de dois Parques Eólicos na Serra do Alvão (Mondim de Basto, Vila Real). Relatório sobre a Avaliação da Componente Património Construído, Arqueológico, Arquitectónico e Etnográfico, IPA (policopiado) CAPELA, José Viriato; BORRALHEIRO, Rogério; MATOS, Henrique (2006). As Freguesias do distrito de Vila Real nas Memorias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga. CASTIÑEIRA, Josefa Rey; SOTO-BARREIRO, Maria José (2001). El arte rupestre de Crastoeiro (Mondim de Basto – Portugal) y la problemática de los petroglifos en castros, in DINIS, António Pereira (2001). O povoado do Crastoeiro (Mondim de Basto, Norte de Portugal), Cadernos de Arqueologia – Monografias, 13, Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, Braga, 159-200. COSTA, António Carvalho da (1868). Corografia Portugueza e Descripçam Topografica do Famoso Reyno de Portugal, I, 2.ª ed., Braga. DAVEAU, Suzanne (1977). Répartition et Rythme dês Précipitations au Portugal, Memórias do Centro de Estudos Geográficos, 3, Lisboa. DINIS, A. Mário S.P. (2009). Os Lagares escavados na rocha de Vilar de Viando, Mondim de Basto (Norte de Portugal), Estudos Transmontanos e Durienses, 14, Vila Real (no prelo). DINIS, António Pereira (1986a). Castro do Crastoeiro – Mondim de Basto (Vila Real) – 1984, Informação Arqueológica 6, IPPC, Lisboa, 74-75. DINIS, António Pereira (1986b). Castro do Crastoeiro – Mondim de Basto (Vila Real) – 1985, Informação Arqueológica 7, IPPC, Lisboa, 93-96. DINIS, António Pereira (1987). Castro do Crastoeiro – Mondim de Basto (Vila Real) – 1986, Informação Arqueológica 8, IPPC, Lisboa, 97-99. DINIS, António Pereira (1993-94). Contribuição para o estudo da Idade do Ferro em Basto: O Castro do Crastoeiro, Cadernos de Arqueologia, série II, n.º 10-11, Braga, 261-278. DINIS, António Pereira (1994). Castro do Crastoeiro – Mondim de Basto (Vila Real) – 1987, Informação Arqueológica 9, IPPC, Lisboa, 33-34. DINIS, António Pereira (2001). O Povoado da Idade do Ferro do Crastoeiro (Mondim de Basto, Norte de Portugal), Cadernos de Arqueologia – Monografias, 13, Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, Braga.

141


António Pereira Dinis

DINIS, António Pereira (2005a). A ocupação do Crastoeiro (Mondim de Basto, Norte de Portugal) no Ferro Inicial, Cadernos do Museu, 11, Penafiel, 75-87. DINIS, António Pereira (2005b). Memória dos trabalhos de reabilitação da ponte de Vilar de Viando, Mondim de Basto (Norte de Portugal), Estudos Transmontanos e Durienses, 12, Arquivo Distrital de Vila Real, pp. 229-248. DINIS, António Pereira (2006a). Reabilitação da Ponte da Várzea (Mondim de Basto), Memória dos trabalhos de 2005, IPPAR (policopiado); DINIS, António Pereira (2006b). Relatório do EIA (Património Arquitectónico e Arqueológico) da Pedreira Meirinhos, IPA (policopiado). DINIS, António Pereira (2007). Estudo e valorização do património arqueológico da vertente Oeste do monte da Senhora da Graça, Mondim de Basto (Norte de Portugal), Relatório de Progresso 2006, IPA (policopiado). DINIS, António Pereira (2008). Estudo e valorização do património arqueológico da vertente Oeste do monte da Senhora da Graça, Mondim de Basto (Norte de Portugal), Relatório de Progresso 2007, IGESPAR (policopiado). DINIS, António Pereira (2009). Estudo e valorização do património arqueológico da vertente Oeste do monte da Senhora da Graça, Mondim de Basto (Norte de Portugal), Relatório de Progresso 2008, IGESPAR (policopiado). DINIS, António Pereira; BETTENCOURT, Ana M.S. (2009). A Arte Atlântica do Crastoeiro (Norte de Portugal): Contextos e Significados, Gallaecia, 28, Universidade de Santiago de Compostela, 41-47. DINIS, António Pereira; BASTOS, Rui; DINIS, A. Mário (2009). Silhas do antigo concelho de Ermelo: um projecto de estudo e valorização do património de Mondim de Basto, Actas do Congresso Transfronteiriço de Arqueologia: um património sem fronteiras, Montalegre 2008 (no prelo). FIGUEIRAL, Isabel (2001). Recursos vegetais do Crastoeiro: os resultados da Antracologia, in DINIS, António Pereira (2001). O povoado do Crastoeiro (Mondiom de Basto, Norte de Portugal), Cadernos de Arqueologia – Monografias, 13, Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, Braga, 135-144. IPPAR (1993). Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, vol. 3, Distrito de Vila Real, Lisboa. LOPES, Eduardo Teixeira (1996). Ermelo. História há 800 anos, Mondim de Basto. LOPES, Eduardo Teixeira (1998). Atei. Memórias até à sua extinção como concelho, Mondim de Basto. LOPES, Eduardo Teixeira (2000). Mondim de Basto. Memórias Históricas, Mondim de Basto. MEALHA, Rui P.; RIBAU, Manuel (1992). Plano Director Municipal de Mondim de Basto, Elementos Anexos – vol. 5 – Património e Turismo, Câmara Municipal de Mondim de Basto, Mondim de Basto. PELAYO, Primo Casal (1968). A Ermida do Monte Farinha, Mondim de Basto, Ed. do autor. PEREIRA, Eurico (1989). Carta Geológica de Portugal na escala 1/50 000. Notícia Explicativa da Folha 10-A Celorico de Basto, Lisboa. SARMENTO, Francisco Martins (1999). Antiqua, Apontamentos de Arqueologia, Sociedade Martins Sarmento, Guimarães. SILVA, Armando Coelho Ferreira da (1986). A Cultura Castreja no Norte de Portugal, Paços de Ferreira. SILVA, Isabel Maria Martins de Sousa e (2005). Estudo e valorização do Património Arqueológico e Ambiental de Mondim de Basto: Levantamento Arqueológico de Mondim de Basto (Paradança, Campanhó e Pardelhas). Relatório, Câmara Municipal de Mondim de Basto (policopiado). Vv. Aa. (1976). Tesouros Artísticos de Portugal, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

142


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.